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GERIATRIA X GERONTOLOGIA

Geriatria: É a especialidade médica que trata de doenças de idosos ou de doentes idosos, mas
também se preocupa em prolongar a vida com saúde. O estudo da velhice que inclui a fisiologia,
patologia, diagnóstico e controle dos distúrbios e doenças dos idosos.
Gerontologia: É a ciência que estuda o processo do envelhecimento. Cuida da personalidade e
da conduta do idoso, levando em conta todos os aspectos ambientais e culturais do envelhecer. É
uma ciência médico-social; inclui problemas complexos de Medicina e de Sociologia. A
Gerontologia trata do processo biológico do envelhecimento, enquanto a Geriatria se
limita ao estudo das doenças da velhice e de seu tratamento.

O ENVELHECIMENTO

Definir envelhecimento é algo muito complexo, biologicamente é considerado um


processo que ocorre durante toda a vida. Existem vários conceitos de envelhecimento, variando
de acordo com a visão social, econômica e principalmente com a independência e qualidade de
vida do idoso. A população de baixo poder aquisitivo envelhece mais cedo, resultado de uma
diversidade de fatores biopsicossociais. O envelhecimento acontece logo após as fases de
desenvolvimento e de estabilização, sendo pouco perceptível por um longo período, até que as
alterações estruturais e funcionais se tornem evidentes. No ser humano, a fase de desenvolvimento
alcança sua plenitude no final da segunda década, seguida por um período de certa estabilidade,
sendo que as primeiras alterações do envelhecimento são detectadas no final da terceira década
de vida.
O envelhecimento não é uniforme, portanto não é possível escolher um indicador único,
pode-se dizer que é o conjunto das alterações estruturais e funcionais do organismo que se
acumulam progressiva e especificamente com a idade.

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O ENVELHECIMENTO NO BRASIL
O envelhecimento, antes considerado um fenômeno, hoje, faz parte da realidade da
maioria das sociedades. O mundo está envelhecendo. Tanto isso é verdade que estima-se para o
ano de 2050 que existam cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta anos e mais no mundo, a
maioria delas vivendo em países em desenvolvimento.
Somado ao aumento do número de idosos, acrescente-se o aumento da expectativa de
vida, que passou de 62,6 anos em 2000 para 73,5 anos em 2010, segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No Brasil, estima-se que existam, atualmente, cerca de 17,6 milhões de idosos. O retrato
e o crescimento da população idosa brasileira em um período de 50 anos podem ser observados
na figura 1:

O envelhecimento populacional é uma resposta à mudança de alguns indicadores de


saúde, especialmente a queda da fecundidade e da mortalidade e o aumento da esperança de vida.
Não é homogêneo para todos os seres humanos, sofrendo influência dos processos de
discriminação e exclusão associados ao gênero, à etnia,ao racismo, às condições sociais e
econômicas, à região geográfica de origem e à localização de moradia.O envelhecimento pode ser
compreendido como um processo natural, de diminuição progressiva da reserva funcional dos
indivíduos – senescência - o que, em condições normais, não costuma provocar qualquer
problema. No entanto, em condições de sobrecarga como, por exemplo, doenças, acidentes e
estresse emocional, pode ocasionar uma condição patológica que requeira assistência - senilidade.

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CONCEITO DE SAÚDE DO IDOSO
SAÚDE
A Organização Mundial de saúde (OMS) define saúde como “o estado de completo bem-estar
físico, psíquico e social, e não somente a ausência de doenças.” O estado de completo bem-estar
físico, mental e social depende de fatores médicos e sociais. Dessa forma, o estado de saúde das
pessoas depende de forma significativa da alocação de recursos em setores como a educação,
alimentação, infra-estrutura sanitária e habitacional, incentivos ao trabalho, promoções ao estilo
de vida saudável com atividades de lazer e cuidados com o meio ambiente.

IDOSO
O conceito de idoso é variável. Cronologicamente, idoso é todo indivíduo com 65 anos ou mais,
nos países desenvolvidos, ou 60 anos ou mais, nos países em desenvolvimento, como o Brasil,
segundo a Organização Mundial da Saúde.O conceito de saúde nessa faixa populacional é
abrangente e não se restringe à presença ou ausência de doença ou agravo e é estimada pelo nível
de independência e autonomia. A avaliação deve ser multidimensional, levando-se em conta o
bem-estar biopsicossocial e a necessidade de ações integradas da equipe multidisciplinar. Todo
cidadão tem direito ao acesso a serviços adequados às necessidades de saúde individuais e
coletivas. É nesse contexto que um novo olhar volta-se para a Saúde do Idoso como uma das
atuais prioridades das Políticas Públicas de Saúde. A utilização de novos instrumentos,
ferramentas e tecnologias surgem como uma nova perspectiva para essa abordagem. Daí a
necessidade de melhorar a qualidade das prestações de serviços ofertadas pelo sistema público,
repensar o modo como as ações são ofertadas e o papel de cada profissional dentro do novo
contexto, organizar fluxos e diretrizes e renovar o papel da assistência em atenção ao idoso na
condição de um processo de assistência integrado. Dessa forma e considerando a necessidade de
dispor de uma política devidamente expressa relacionada à saúde do Idoso, bem como a conclusão
do processo de elaboração da referida política, após consultas a diferentes segmentos e aprovação
pelos órgãos competentes, o Ministério da Saúde resolveu aprovar a Política Nacional de Saúde
do Idoso, Portaria GM/MS Nº. 1395/9.

POLÍTICAS PÚBLICAS DE RELEVÂNCIA PARA A SAÚDE DA PESSOA IDOSANO


SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
Políticas públicas são ações realizadas pelo governo a fim de atender aos interesses e
necessidades dos cidadãos. Estas políticas tem como objetivo promover melhores condições de
vida para população em todos os aspectos: saúde, educação, cultura, esporte, lazer, dentre outros.
No final da década de 90, a Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a utilizar o
conceito de “envelhecimento ativo” buscando incluir, além dos cuidados com a saúde, outros
fatores que afetam o envelhecimento. Pode ser compreendido como o processo de otimização das
oportunidades de saúde, participação e segurança, como objetivo de melhorar a qualidade de vida
à medida que as pessoas ficam mais velhas. Envolve políticas públicas que promovam modos de
viver mais saudáveis e seguro sem todas as etapas da vida, favorecendo a prática de atividades
físicas no cotidiano e no lazer, a prevenção às situações de violência familiar e urbana, o acesso
a alimentos saudáveis e à redução do consumo de tabaco, entre outros. Tais medidas contribuirão
para o alcance de um envelhecimento que signifique também um ganho substancial em qualidade
de vida e saúde. Sua implementação envolve uma mudança de paradigma que deixa de ter o
enfoque baseado em necessidades e que, normalmente, coloca as pessoas idosas como alvos
passivos, e passa a ter uma abordagem que reconhece o direito dos idosos à igualdade de

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oportunidades e de tratamento em todos os aspectos da vida à medida que envelhecem. Essa
abordagem apoia a responsabilidade dos mais velhos no exercício de sua participação nos
processos políticos e em outros aspectos da vida em comunidade.
O Ministério da Saúde, em setembro de 2005, definiu a Agenda de Compromisso pela
Saúde que agrega três eixos: o Pacto em Defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), o Pacto em
Defesa da Vida e o Pacto de Gestão. Destaca-se aqui o Pacto em Defesa da Vida que constitui um
conjunto de compromissos que deverão tornar-se prioridades inequívocas dos três entes
federativos, com definição das responsabilidades de cada um. Foram pactuadas seis prioridades,
sendo que três delas têm especial relevância com relação ao planejamento de saúde para a pessoa
idosa. São elas: a saúde do idoso, a promoção da saúde e o fortalecimento da Atenção Básica. Em
relação à promoção da saúde da população idosa as implementações de ações locais deverão ser
norteadas pelas estratégias de implementação, contempladas na Política Nacional de Promoção
da Saúde – Portaria 687/GM, de 30 de março de 2006, tendo como prioridades as seguintes ações
específicas:
a) Divulgação e implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS);
b) Alimentação saudável;
c) Prática corporal/atividade física;
d) Prevenção e controle do tabagismo;
e) Redução da morbidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras
drogas;

f) Redução da morbi-mortalidade por acidentes de


trânsito;

g) Prevenção da violência e estímulo à cultura de


paz;

h) Promoção do desenvolvimento sustentável.

BASES LEGAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS POLÍTICAS EM


ATENÇÃO AO IDOSO

Lei nº. 8.842 de 04/01/1994 – Política Nacional do Idoso.

Portaria nº 1.395 de 09/12/1999 – Política Nacional de Saúde do Idoso.

Portaria nº. 249 de12/04/2002 – Normas para cadastramento de centros de referência em


assistência à saúde do Idoso.

Portaria nº. 702 de 12/04/2002 – Organização e implantação de redes estaduais de assistência à


saúde do idoso.

Portaria nº. 703 de 12/04/2002 – Assistência aos portadores da Doença de Alzheimer.


Portaria nº. 738 de 12/04/2002 – Assistência domiciliar geriátrica.
Resolução SES nº. 1.141 de 26/08/2002 – Cria a Coordenadoria de Atenção ao Idoso.

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RDC n°. 283 de 26/09/2005 – Regulamento Técnico que define Normas de funcionamento para
as Instituições de Longa Permanência para Idosos _ ILPI, de caráter residencial.

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SENESCÊNCIA X SENILIDADE
É de suma importância para os profissionais de saúde que lidam com pacientes idosos
conhecer e distinguir as alterações fisiológicas do envelhecimento, denominadas senescência,
daquelas do envelhecimento patológico ou senilidade. O processo de envelhecimento envolve
mudanças físicas, psicológicas e sociais decorrentes da perda ou redução gradual de funções do
organismo, as quais não acarretam em problemas de saúde.Conhecer o considerado normal e o
patológico e fazer a distinção entre eles pode ser difícil, pois muitas vezes essas condições se
superpõem e, portanto, não se deve atribuir à velhice, sinais e sintomas de doenças muitas vezes
passíveis de tratamento e cura. O processo natural de envelhecimento é conhecido como
SENESCÊNCIA. Quando estas alterações estão associadas a alguma sobrecarga como doença,
estresse ou acidentes que requeiram cuidados especializados denomina-se SENILIDADE.

ATENÇÃO À SAÚDE DO IDOSO

A velhice deve ser encarada como uma fase natural de desenvolvimento humano e não
uma doença ou um castigo. A avaliação do idoso tem por objetivo básico melhorar a qualidade
de vida e não apenas acrescentar anos a sua vida.
A atenção à pessoa idosa deve basear–se na melhoria da qualidade da assistência e no
aumento de sua resolutividade com envolvimento de todos os profissionais da rede. Deve estar
baseada na realidade assistencial caracterizada por carência de médicos especialistas em idosos,
ou seja, o profissional a ser utilizado prioritariamente não deverá ser o geriatra.
A assistência deverá ser exercida pelo médico clínico e equipe, tendo como objetivo a
avaliação funcional visando à independência e a autonomia, reservando apenas para casos bem
definidos e criteriosamente selecionados o atendimento do geriatra e da equipe especializada
através do referenciamento para os Núcleos ou Centros de Referência.

O ACOLHIMENTO DO IDOSO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA


O acolhimento requer um atendimento a todos com atenção, postura eficaz, segurança e

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ética, reorganizando o processo de trabalho e melhorando o vínculo entre equipe e usuário.

O Idoso deverá ter um espaço onde suas dores, alegrias, aflições e todas suas queixas
morais, sociais e psíquicas serão ouvidas e deverão dispor da mais completa atenção por parte dos
profissionais da equipe. Todos os profissionais da unidade deverão estar integrados neste
contexto, visando estabelecer um vínculo de respeito, solidariedade com segurança e
responsabilidade.

As particularidades do acolhimento ao idoso

Considerando-se as particularidades do Idoso como consequência do próprio


envelhecimento e seus mitos, devemos tratá-los como pessoas que necessitam da atenção
individual que esta fase da vida exige.

O conceito de Leonardo Boff sobre cuidado: “Ao pensar em saúde e acolhimento o


cuidado significa uma relação amorosa para com a realidade, importa um investimento de zelo,
desvelo, solicitude, atenção e proteção com aquilo que tem valor e interesse para nós. De tudo
que amamos, também cuidamos e vice-versa. Pelo fato de sentirmo-nos envolvidos e
comprometidos com o que cuidamos, o cuidado comporta também preocupação e inquietação. O
cuidado e a cura devem andar de mãos dadas, pois representam dois momentos simultâneos de
um mesmo processo”.

Ao acolher o Idoso, os profissionais de saúde devem fazer uma profunda avaliação. A vida do
Idoso sofre o efeito de numerosos fatores, entre eles, os preconceitos dos profissionais e dos
próprios idosos em relação à velhice.

O dono da vida, o idoso, deve ter participação ativa na avaliação do que é melhor e mais
significativo para ele, pois o padrão de qualidade de vida é um fenômeno altamente pessoal.

Sabemos que o consenso sobre a qualidade de vida envolve as dimensões físicas, sociais,
psicológicas e espirituais. Esta é uma questão não apenas ética, mas metodológica. Outros
imperativos éticos devem ser atendidos pelo profissional que cuida de idosos, entre eles o direito
à autonomia e à dignidade.

Há que se enfatizar que o acolhimento deve ser um ato facilitador do acesso, que permita
a continuidade do cuidado garantindo atenção integral e monitoramento além das fronteiras da
atenção primária e o seu retorno à unidade de origem.

Os objetivos do acolhimento

● Facilitar o acesso aos serviços por meio de mecanismos ágeis e mais confortáveis de
agendamento e garantir oferta adequada e suficiente em atenção primária, como porta de
entrada dos demais serviços.

● Humanizar as relações entre profissionais de saúde e usuários na forma de receber este


usuário e de escutar seus problemas e/ou demandas.

● Humanizar o atendimento garantindo o acesso.

● Exigir mudanças no cotidiano dos serviços de saúde.

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HUMANIZAÇÃO E ACOLHIMENTO À PESSOA IDOSA NA ATENÇÃO BÁSICA
A Humanização na saúde caracteriza-se como um movimento no sentido da concretização
dos princípios do SUS no dia-a-dia dos serviços. Com a Política Nacional de Humanização
(PNH), o Ministério da Saúde propõe estimular esse movimento, incentivando a valorização de
todos os atores e sujeitos que participam na produção da saúde.
Nesse humanizar abre-se espaço para as diversas expressões relativas ao gênero, à
geração/ idade, à origem, à etnia, à raça/cor, à situação econômica, à orientação sexual, ao
pertencimento a povos, populações e segmentos culturalmente diferenciados ou vivendo situações
especiais.
A operacionalização da Política Nacional de Humanização dá-se pela oferta de
dispositivos - tecnologias, ferramentas e modos de operar. Dentre esses dispositivos, destaca-se o
“Acolhimento”, que tem a característica de um modo de operar os processos de trabalho em saúde
de forma a dar atenção à todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo suas necessidades e
assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e pactuar respostas mais adequadas
junto aos usuários.
A PNH propõe que o Acolhimento esteja presente em todos os momentos do processo de
atenção e de gestão e que atinja todos aqueles que participam na produção da saúde, voltando seu
olhar atencioso para os usuários e para os trabalhadores da saúde. O Acolhimento não é um espaço
ou um local específico, não pressupõe hora ou um profissional determinado para fazê-lo. É uma
ação que pressupõe a mudança da relação profissional/usuário e sua rede social. Implica o
compartilhamento de saberes, necessidades, possibilidades, angústias constantemente renovados.
O processo de trabalho das equipes de saúde da família deve caracterizar-se pelo
desenvolvimento de ações pró-ativas. O planejamento torna-se fundamental para a efetivação do
acolhimento, levando-se em conta o "acolher na família/comunidade".
Para a efetivação do Acolhimento da pessoa idosa, os profissionais de saúde devem
compreender as especificidades dessa população e a própria legislação brasileira vigente. Para
isso, deve-se:
● Estar preparados para lidar com as questões do processo de envelhecimento;

● Reconhecer que a abordagem interdisciplinar é mais eficaz que somente o tratamento


médico
● Facilitar o acesso dos idosos aos diversos níveis de complexidade da atenção;

● Investir na qualificação dos trabalhadores;

● Estabelecimento de uma relação respeitosa, considerando que, com a experiência de


toda uma vida, as pessoas se tornam em geral mais sábias;
● Chamar a pessoa idosa por seu nome e manter contato visual;
● A utilização de uma linguagem clara, evitando-se a adoção de termos técnicos que
podem não ser compreendidos.
Comunicação com a Pessoa Idosa
A comunicação é considerada uma necessidade fundamental, cuja satisfação envolve um
conjunto de condições biopsicossociais. É mais do que uma troca de palavras, trata-se de um
processo dinâmico que permite que as pessoas se tornem acessíveis umas às outras por meio do
compartilhamento de sentimentos, opiniões, experiências e informações.
Facilitadores da comunicação com a pessoa idosa:

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● Use frases curtas e objetivas.

● Chame-o pelo próprio nome ou da forma como ele preferir.


● Evite infantilizá-lo utilizando termos inapropriados como “vovô”, “querido”, ou ainda,
utilizando termos diminutivos desnecessários (“bonitinho”, “lindinho”, etc)
● Pergunte se entendeu bem a explicação, se houve alguma dúvida.

● Repita a informação, quando essa for erroneamente interpretada, utilizando palavras


diferentes e, de preferência, uma linguagem mais apropriada à sua compreensão.
● Fale de frente, sem cobrir sua boca e, não se vire ou se afaste enquanto fala.

● Aguarde a resposta da primeira pergunta antes de elaborar a segunda, pois, a pessoa


idosa pode necessitar de um tempo maior para responder.
● Não interrompa a pessoa idosa no meio de sua fala, demonstrando pressa ou
impaciência.
Comunicação não-verbal:
Acomunicação não-verbal é tudo aquilo que a pessoa sente, pensa e expressa por meio de sua
movimentação corporal, gestos e postura.
O ATENDIMENTO AO IDOSO NA REDE PÚBLICA ASSISTENCIAL
O idoso requer dos profissionais de atenção primária um enfoque que englobe a prevenção
e a detecção precoce dos agravos à saúde. O atendimento a essa parcela da população já existe de
forma desordenada e fracionada com abordagem centrada na doença. A proposta tem como
objetivo a mudança do olhar para a busca da manutenção da capacidade funcional e a autonomia
do indivíduo idoso, preferencialmente junto à família e à comunidade em que vivem.
Propõe-se uma forma de organização das ações em saúde do Idoso com a descentralização
do atendimento e o fortalecimento das ações em Atenção Primária, onde se solucionam 85% dos
problemas de saúde dessa população. A utilização racional da rede de serviços já existentes com
a implantação da Rede de atendimento e a criação dos Núcleos Regionais em Atenção ao Idoso,
localizados nas microrregiões, podendo também estar localizados em cada município e dos
Centros de referências em atenção ao Idoso na macro regiões do Estado.

Os Núcleos Regionais contarão com equipe formada por médico e enfermeiro, capacitados pelo
Centro de Referência, para atendimento à população idosa. A equipe poderá ser ampliada
conforme demanda regional e integrará os programas implementados pelo Centro de Referência,
atuando como suporte técnico para os profissionais da Rede de Atenção Primária à Saúde.

O usuário será inicialmente atendido pela equipe de Saúde da Família ou Unidade Básica
de Saúde / UBS que estarão capacitados para o atendimento da população de sua área de
adscrição. Após a atendimento pela equipe e realização da propedêutica, o paciente poderá,
segundo critérios predeterminados (falha terapêutica, complicações ou dúvida diagnóstica), ser
encaminhado para avaliação pelos profissionais do Núcleo de Referência. Quando houver
necessidade e seguindo os mesmos critérios, o usuário poderá ser encaminhado para atendimento
pela equipe do Centro de Referência.

A avaliação multidimensional será aplicada em todos os usuários atendidos no núcleo de


Referência e Centro de Referência em Atenção ao Idoso pela equipe multidisciplinar.

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ATRIBUIÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA NO
ATENDIMENTO À SAÚDE DA PESSOA IDOSA
1. Atribuições Comuns a todos os Profissionais da Equipe
a) Planejar, programar e realizar as ações que envolvem a atenção à saúde da pessoa idosa.
b) Identificar e acompanhar pessoas idosas frágeis ou em processo de fragilização.
c) Conhecer os hábitos de vida, valores culturais, éticos e religiosos das pessoas idosas, de suas
famílias e da comunidade.

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d) Acolher a pessoas idosas de forma humanizada, na perspectiva de uma abordagem integral e
resolutiva.
e) Realizar e participar das atividades de educação permanente relativas à saúde da pessoa idosa.
f) Desenvolver ações educativas relativas à saúde da pessoa idosa, de acordo com o planejamento
da equipe.
2. Atribuições do Auxiliar/Técnico de Enfermagem
a) Realizar atenção integral às pessoas idosas.
b) Orientar ao idoso, aos familiares e/ou cuidador sobre a correta utilização dos medicamentos.
c) Participar das atividades de assistência básica, no domicílio e/ou nos demais espaços
comunitários.
ALTERAÇÕES NO ORGANISMO DO IDOSO
PELE
Pele mais fina, diminuição das fibras elásticas, diminuição do tecido adiposo nos membros e
aumento na região de tórax e abdômen, diminuição dos vasos sanguíneos da pele, perda da
coloração dos pelos, queda dos pelos axilares, da região íntima e pernas e surgimento de pelos
longos e grossos na face, queda e diminuição do volume dos cabelos, surgimento de manchas
senis e sardas, processo de cicatrização diminuído, redução da sensibilidade e do controle da
temperatura corporal.

SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO
O envelhecimento modifica a atividade celular na medula óssea, ocasionando
desequilíbrio no processo de recomposição e formação óssea, resultando em perda óssea.

Ossos mais frágeis pela redução da quantidade de cálcio, aumento da curvatura da coluna,
diminuição da estatura em torno de 1 centímetro ao ano, aumento do diâmetro do tórax e cabeça,
desgaste das cartilagens das articulações, crescimento das cartilagens do nariz e orelha,
diminuição do tamanha e perda de força dos músculos, redução da resistência e da flexibilidade.
Estas alterações comprometem o equilíbrio e a movimentação dos idosos.
SISTEMA CARDIOVASCULAR
Válvulas cardíacas mais rígidas, músculo cardíaco perde força, diminuição da
elasticidade dos vasos e acúmulo de gordura e cálcio dentro das artérias, aumento da pressão
arterial, queda da pressão ao mudar da posição deitada ou sentada para posição em pé e veias cada
vez mais tortuosas. No sangue há redução da quantidade de água, aumento das gorduras como
colesterol e triglicerídeos e diminuição das defesas contra invasores.

SISTEMA RESPIRATÓRIO
Redução da eficiência da tosse em limpar a via aérea, diâmetro aumentado do tórax,
redução do movimento das costelas, enfraquecimento dos músculos respiratórios e troca gasosa
diminuída, podendo levar a quadros de pneumonia com maior frequência.

SISTEMA GASTRINTESTINAL
O sistema digestório, assim como os demais sistemas, sofre modificações estruturais e
funcionais com o envelhecimento. As alterações ocorrem em todo trato gastrintestinal da boca ao
reto.
Redução da produção de saliva, deterioração e perda dos dentes, redução do paladar,
dificuldade para engolir os alimentos, dificuldade para digerir e absorver os alimentos e vitaminas,
aumento da absorção de água, levando a constipação e perda de força do músculo anal,

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predispondo à incontinência fecal.

Boca: A perda de dentes não é uma consequência inevitável do envelhecimento. Não são
observadas alterações na função mastigatória com o envelhecimento.

Esôfago: Com o envelhecimento, a musculatura do esôfago pouco se altera, porém, há uma


redução de sua inervação. Essa alteração é a maior responsável pelas modificações da motilidade
observadas no idoso.

Estômago: Estudos mostram sinais de gastrite, com aumento da incidência com o progredir da
idade. Tem-se notado também um declínio na produção da secreção ácida do estômago.

Pâncreas: Há redução da capacidade de secreção de lípase (destruidora de lipídios) e de


bicarbonato e também redução de secreção de insulina.

Intestino delgado: É descrita redução da superfície mucosa, das vilosidades intestinais e do


fluxo sanguíneo.

Alguns estudos mostram que outros nutrientes podem ter sua absorção reduzida com o
envelhecimento como: vitamina D, ácido fólico, vitamina B12, cálcio, cobre, zinco, ácidos graxos
e colesterol.

Cólon
Nota-se, na senescência, um aumento de constipação.

Reto e ânus
As alterações do envelhecimento dessa região predispõem a incontinência fecal. Na
musculatura do esfíncter exterior, são observadas alterações como redução de força muscular, que
diminuem a capacidade de retenção fecal.

SISTEMA URINÁRIO

O rim
O rim sofre modificações no seu peso, a partir da quarta década, inicia-se o processo do
envelhecimento renal, com diminuição do seu peso, que pode atingir cerca de 180g, reduzindo a
área de filtração e, consequentemente, das suas funções fisiológicas.
Redução da filtração do sangue por redução da massa do rim, maior dificuldade em
manter a quantidade adequada de água e sais no corpo. Nas mulheres é comum o relaxamento dos
músculos da pelve, levando a incontinência urinária. Nos homens o aumento do tamanho da
próstata, causando retenção de urina na bexiga.

Bexiga e uretra
O envelhecimento da bexiga e da uretra pode resultar no desarranjo da capacidade de
armazenamento de urina, contração da bexiga e expulsão da urina.

SISTEMA REPRODUTOR

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Feminino
As alterações decorrentes do processo de envelhecimento do gênero feminino estão
ligadas a alterações hormonais e iniciam-se após a menopausa.

No sistema genital as mais importantes alterações são:

● atrofia de útero, trompas e ovários;

● infecções genito-urinárias,

● atrofia da uretra;

● redução da libido.

Nas mulheres os ovários param de produzir hormônios na menopausa, o útero reduz de


tamanho, a vagina torna-se mais estreita, perde elasticidade e reduz a produção de muco,
resultando em ressecamento e coceira. Desejo sexual preservado, entretanto a relação sexual é
mais dolorosa, podendo apresentar sangramento e a resposta sexual mais lenta. Nas mamas há
substituição do tecido mamário por gordura, bem como aumento da flacidez.

Masculino
As alterações do envelhecimento nos órgãos genitais masculinos são menos evidentes do
que no gênero feminino. Os testículos, embora mantenham seu peso e tamanho, apresentam
redução na função, o número de espermatozoides caem pela metade, no entanto, a fertilidade,
frequentemente, perdura até o extremo da vida.
Observa-se um aumento de peso e tamanho prostático com o envelhecimento, que se deve
à expansão da região da próstata em torno da uretra. Esse aumento pode tornar difícil a micção.
O pênis tem seu tecido erétil alterado, com perda de elasticidade e alteração da circulação,
resultando em dificuldades no mecanismo de ereção.
Nos homens há redução do tamanho do pênis e testículos, dificuldade de ereção, redução
da produção de espermatozoides e da produção de hormônio.

SISTEMA NERVOSO
Redução do número de neurônios, com resposta mais lenta aos estímulos, redução da
capacidade de aprendizagem de novas informações a partir dos 70 anos, perda da memória
recente, estresse físico e mental alteram a função mental com maior facilidade, redução da
inteligência, porém capacidade de decisão encontra-se preservada, aumento dos períodos de
confusão.

As perdas sensoriais podem ser devastadoras para o idoso impedindo-o de enxergar para
ler ou ver televisão, de ouvir bem a conversação para se comunicar, ou de discriminar
suficientemente bem o paladar para apreciar a comida.

Visão
Em geral, a capacidade visual na pessoa idosa diminui. O idoso leva mais tempo para
entrar e sair de ambientes iluminados e escuros e precisa de luz mais intensa para a visão mais
próxima. Embora os distúrbios visuais patológicos não façam parte do envelhecimento normal,
existe uma incidência aumentada de doença ocular no idoso, mais amiúde a catarata, o glaucoma,
a degeneração macular senil e a retinopatia diabética.

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Audição
A perda da capacidade de ouvir os tons de alta frequência ocorre na meia idade. A perda
auditiva associada à idade, denominada Presbiacusia, é atribuída a alterações irreversíveis no
ouvido interno. A perda auditiva pode fazer com o idoso responda de forma imprópria,
compreenda erroneamente a conversação e evite a interação social. Um aparelho auditivo pode
ser útil na redução dos déficits auditivo

Paladar e Olfato
O paladar doce fica particularmente comprometido no idoso. A diminuição do paladar
pode contribuir para a preferência por alimentos salgados, fortemente condimentados. Ervas,
cebolas, alho e limão são encorajados com substitutos para o sal para dar sabor ao alimento.

SAÚDE NA TERCEIRA IDADE


PROMOÇÃO DE HÁBITOS SAUDÁVEIS
As estratégias de prevenção de doenças e de promoção de hábitos saudáveis são
fundamentais para um envelhecimento ativo e com qualidade, com autonomia e independência.

ATIVIDADE FÍSICA

A atividade física está associada a prevenção de uma série de doenças crônicas, bem como a
melhoria da mobilidade, do vigor e do bem estar da pessoa idosa.

Como estimular a atividade física no idoso?

• Incentivo de amigos e familiares


• Incentivo dos profissionais de saúde
• Presença de uma companhia
• Programa de exercícios específicos de acordo com as preferências do idoso

Qual o exercício mais adequado?

Não há um consenso quanto ao melhor exercício para pessoa idosa, a atividade física deve
ser escolhida de acordo com a preferência de cada um. Entretanto, exercícios que estimulem a
flexibilidade, equilíbrio e força muscular são mais recomendados, como hidroginástica,
caminhada, ciclismo, yoga, dentre outros.

OBS: A atividade física


deve ser de baixo
A atividade física traz algum benefício psicológico e social ao idoso?
impacto e em
Sim, melhora a auto-estima e auto-imagem corporal, alivia o estresse e reduz a depressão,
intensidade moderada,
oferece sensação de bem-estar, reduz o isolamento social e melhora o entrosamento familiar.
comQuais
duração de 30
os benefícios da atividade física para saúde do idoso?
minutosContribui
pelos menos
para manutenção e/ou aumento da densidade óssea, diminuindo a velocidade
da osteoporose; Aumenta o controle do diabetes, da artrite, das doenças cardíacas e dos problemas
três vezes na semana.
com colesterol alto, obesidade e hipertensão.

Melhora a absorção e eliminação dos alimentos, Diminui a depressão, Reduz a ocorrência


de acidentes, pois os reflexos e a velocidade ao andar ficam melhores, Mantém o peso corporal e

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melhora a mobilidade do idoso.

Quais cuidados o idoso deve tomar ao iniciar uma atividade física?

● Realizar exercícios somente quando houver bem-estar físico;


● Evitar extremos de temperatura e umidade;
● Tomar água moderadamente antes, durante e após a atividade física;
● Usar roupas leves, claras e ventiladas;
● Usar sapatos confortáveis e macios;
● Evitar fumo e uso de sedativos;
● Respeitar os limites pessoais;
● Interromper se houver dor ou desconforto;

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● Iniciar a atividade lenta e gradativamente para permitir adaptação.

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Os distúrbios nutricionais são comuns entre os idosos e o estado nutricional representa
tanto um fator de risco como um marcador de doenças. A avaliação do estado nutricional dos
idosos é fundamental na avaliação geriátrica, sendo descrita como um dos sinais vitais em
geriatria.
A alimentação é uma atividade básica para a sobrevivência, sendo influenciada por inúmeros
fatores: aspectos socioculturais, idade, estado físico e mental, situação econômica e estado geral
de saúde.
As funções social, psicológica e fisiológica da alimentação influenciam os hábitos de dieta do
idoso. A atividade física diminuída e uma velocidade metabólica mais lenta reduzem a quantidade
de calorias necessárias para manter o peso ideal no idoso. Apatia, imobilidade, depressão, solidão,
pobreza, conhecimento inadequado, saúde oral deficiente e falta de sensibilidade do paladar
contribuem para uma ingestão nutricional abaixo do ideal.

Os profissionais da Atenção Básica/Saúde da família devem dar orientações gerais


relacionadas à alimentação da pessoa idosa, em especial nas situações de doenças crônicas como
diabetes, hipertensão, obesidade e hipercolesterolemia.
Para promover a saúde nutricional, deve-se incentivar um dieta pobre em sódio e lipídios
saturados e rica em vegetais, frutas e peixes. A ingestão proteica deve permanecer a mesma na
fase mais tardia da vida adulta. Os carboidratos, uma importante fonte de energia, deve suprir 55
a 60 % das calorias diárias da dieta. Batatas, cereais integrais, arroz integral e frutas suprem o
indivíduo com minerais, vitaminas e fibras, devendo ser encorajados. Recomenda-se a ingestão
de 8 a 10 copos de água por dia, exceto quando contra-indicado por um distúrbio clínico.

É recomendável que toda refeição seja bonita, cheirosa, gostosa, variada, que contenha todos
os grupos de alimentos, de fácil digestão e em quantidades suficientes;
A alimentação é um cuidado importantíssimo que garante saúde e bem- estar aos idosos.

A seguir apresentam-se os dez passos para a alimentação saudável em pessoas idosas:

1. Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis
por dia. Não pule as refeições;

2. Inclua diariamente seis porções do grupo de cereais (arroz, milho, trigo, pães e massas),
tubérculos (batata), raízes (aipim) nas refeições. Dê preferência aos grãos integrais e aos
alimentos na sua forma mais natural;

3. Coma diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das
refeições e três porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches;

4. Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, cinco vezes por semana. Esse prato
brasileiro é uma combinação completa de proteínas e bom para a saúde;

5. Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carnes, aves,
peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação
torna esses alimentos mais saudáveis;

16
6. Consuma, no máximo, uma porção por dia de óleos vegetais, azeite, manteiga ou
margarina;

7. Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e recheados,


sobremesas doces e outras guloseimas como regra da alimentação. Coma-os, no máximo,
duas vezes por semana;

8. Diminuía a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa;

9. Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água por dia. Dê preferência ao consumo
nos intervalos das refeições;

10. Torne sua vida mais saudável. Pratique pelo menos 30 minutos de atividade física todos
os dias e evite as bebidas alcoólicas e o fumo.
ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA E ATIVIDADES BÁSICAS DE CUIDADO

As tarefas do cotidiano necessárias para que o individuo cuide de si e de sua própria vida
são denominadas atividades de vida diária (AVD). Podem ser classificadas, conforme o grau de
complexidade, em básicas, instrumentais e avançadas.
As atividades de vida diária e básicas de cuidado podem ser divididas conforme o esquema
que segue:
As atividades de vida diária básicas (AVD’S), são fundamentais para a autopreservação

e sobrevivência do individuo e referem-se as tarefas do cotidiano necessárias para o cuidado com


corpo, como tomar banho, vestir-se, higiene pessoal (uso do banheiro), transferência, continência
esfincteriana e alimentar-se sozinho. As atividades banhar-se, vestir-se e uso do banheiro são
funções influenciadas pela cultura e aprendizado, portanto, mais complexas. Atividades como
transferência, continência e alimentar-se são funções vegetativas simples, portanto, mais difíceis
de serem perdidas. Esse caráter hierárquico das tarefas e extremamente útil, capaz de traduzir a
gravidade do processo de fragilização do individuo. Assim, o declínio funcional inicia-se por
tarefas mais complexas, como o banhar-se, e progride hierarquicamente ate chegar ao nível de
dependência completa, quando o paciente necessita de ajuda ate para alimentar- se. O
comprometimento do controle esfincteriano, isoladamente, pode não refletir maior grau de
dependência, por ser uma função e não uma tarefa.
As atividades de vida diária instrumentais (AIVD’S) são mais complexas que as básicas
e são indicadoras da capacidade do idoso de viver sozinho na comunidade. Incluem as atividades
relacionados ao cuidado intradomiciliar ou domestico, como preparo de alimentos, fazer compras,

17
controle do dinheiro, uso do telefone, trabalhos domésticos, lavar e passar roupa, uso correto dos
medicamentos e sair de casa sozinho. Essas tarefas são significativamente influenciadas pelo
gênero e pela cultura, limitando a sua universalização para todos os indivíduos. Em homens, por
exemplo, pode-se não valorizar tarefas como preparo de alimentos, lavar e passar roupa e
trabalhos domésticos.
As atividades de vida diária avançadas referem-se as atividades relacionadas a integração social,
englobando as atividades produtivas, recreativas e sociais, como trabalho formal ou não, gestão
financeira, direção veicular, participação em atividades religiosas, serviço voluntario, organização
de eventos, uso de tecnologias (uso da internet, hobbies, etc.), dentre outros. São atividades
extremamente individualizadas e de difícil generalização. Dai a importância do conhecimento da
funcionalidade prévia, única forma de comparar o indivíduo com ele mesmo e reconhecer a
presença de declínio funcional.
A funcionalidade global e o ponto de partida para a avaliação da saúde do idoso e deve
ser realizada de forma minuciosa, utilizando-se todos os informantes, familiares ou não, desde
que convivam com o paciente e sejam capazes de detalhar o seu desempenho em todas as
atividades de vida diária. A presença de declínio funcional não pode ser atribuída ao
envelhecimento normal e sim às incapacidades mais frequentes no idoso.
O comprometimento dos principais sistemas funcionais gera as incapacidades e, por
conseguinte, as grandes síndromes geriátricas: a Incapacidade cognitiva, a Instabilidade postural,
a Imobilidade, a Incontinência e a Incapacidade comunicativa. Além disso, o desconhecimento
das particularidades do processo de envelhecimento pode gerar intervenções capazes de piorar a
saúde do idoso, conhecidas como Iatrogenia. A iatrogenia traduz os malefícios causados pelos
profissionais da área de saúde e pelo sistema de saúde despreparado para dar uma resposta
adequada aos problemas de saúde do idoso. A família, por sua vez, é outro elemento fundamental
para o bem-estar biopsicossocial e a sua ausência é capaz de desencadear ou perpetuar a perda de
autonomia e independência do idoso (Insuficiência familiar). As grandes síndromes geriátricas
foram descritas por John Bernard Isaacs, em 1965. No início, foram incluídas somente a
incapacidade cognitiva, a instabilidade postural, a imobilidade e a incontinência.
A família é uma instituição de apoio capaz de modular o funcionamento do indivíduo
reduzindo ou exacerbando suas incapacidades. Sugere-se, portanto, a incorporação da
incapacidade comunicativa e da insuficiência familiar nas grandes síndromes geriátricas.
CONVIVER COM DIFICULDADE, DEFICIÊNCIA E INCAPACIDADE
Frequentemente, a pessoa idosa apresenta dificuldades ou incapacidades relacionados a
movimentação, a memória, ao entendimento, a capacidade de alimentar- se sozinho, dentre outras.
Estas limitações interferem na vida do idoso e precisam ser trabalhadas, a fim de promover sua
autonomia e independência frente as funções que encontram-se preservadas.

O que é capacidade funcional?


Define-se como a manutenção plena das habilidades físicas e mentais desenvolvidas ao
longo da vida, necessárias e suficientes para uma vida com independência e autonomia.
É o grau de preservação da capacidade de realizar as AVD’S ou autocuidado e o grau de
capacidade para desempenhar Atividades Instrumentais de Vida Diária – AIVDs.
Indica como uma atividade é executada no cotidiano, o que uma pessoa faz no seu
ambiente habitual incluindo assim o aspecto do seu envolvimento nas situações da vida.

O que é incapacidade funcional?


Presença de dificuldade no desempenho de certos gestos e de certas atividades da vida
cotidiana ou mesmo pela impossibilidade de desempenhá-las.

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O que é independência?
É poder sobreviver sem ajuda para as atividades instrumentais de vida diária e de
autocuidado. O indivíduo realiza todas as atividades básicas de vida diária de forma independente.

O que é dependência?
Incapacidade de a pessoa funcionar satisfatoriamente sem ajuda, quer devido a limitações
físico-funcionais, quer devido a limitações cognitivas, quer à combinação entre essas duas
condições.

O que é autonomia?
Capacidade e direito do indivíduo de poder eleger, por si próprio, as regras de conduta, a
orientação de seus atos e os riscos que está disposto a correr durante sua vida. Conceito amplo:
inclui poder decisório (integridade cognitiva).
É o exercício do autogoverno. Inclui também os seguintes elementos: liberdade
individual, privacidade, livre-escolha, liberdade para a tomada de decisões.

ENVELHECIMENTO E MEDICAMENTOS EM IDOSOS


A doença e os medicamentos estão presentes no cotidiano das pessoas idosas. As
alternativas para gerenciar essa situação são muito particulares. A utilização criteriosa e cautelosa
dos medicamentos, sua correta utilização - dose, tipo e intervalos - e a orientação adequada das
pessoas idosas e seus familiares, são alguns dos elementos essenciais na manutenção da qualidade
de vida do idoso.
O uso de medicamentos pelas pessoas idosas e a prática clínica
A administração de medicamentos em qualquer faixa etária pode gerar reações
indesejadas (não intencionais), entretanto, a incidência dessas aumenta proporcionalmente com a
idade.
A complexidade do regime terapêutico, o excesso de medicamentos prescritos, a duração
do tratamento, o déficit de informações (doença e medicamentos), os distúrbios (cardiovasculares,
hepáticos e renais), são alguns dos fatores que contribuem para a ocorrência de eventos adversos.
As interações medicamentosas são causas especiais de reações adversas em que os efeitos
farmacológicos de um medicamento podem ser alterados por outro(s), quando administrados
concomitantemente.
A co-administração de um agente farmacológico pode interferir no perfil farmacocinético
do outro e alterar a absorção, competir por sítios de ligação nas proteínas plasmáticas, modificar
o metabolismo pela indução ou inibição enzimática ou ainda alterar a taxa de eliminação.
A interação medicamentosa é um fator que afeta o resultado terapêutico, e que muitas
vezes pode ser prevenida com reajuste de dose, intervalo de 1-2h entre as administrações dos
medicamentos e a monitorização cuidadosa da pessoa idosa.
É bastante frequente a prescrição de medicamentos com a finalidade de corrigir efeitos
colaterais provenientes de outros agentes administrados anteriormente, que podem levar a uma
cadeia de reações indesejáveis, a chamada cascata iatrogênica. O diagnóstico das complicações
medicamentosas é bastante difícil, pois, os sintomas são, às vezes, inespecíficos. Na dúvida, a
melhor conduta é a suspensão do medicamento.
A tarefa dos profissionais que assistem ao/à idoso/a é “aprender” a lidar com as limitações
decorrentes da senescência, educar e orientar os cuidadores para o estabelecimento de uma
parceria, adotar esquemas terapêuticos simples (o mais frequentemente possível) e, finalmente,
maximizar a eficiência terapêutica do medicamento, minimizando o surgimento de eventos

19
adversos.

OBS:
Evento adverso é considerado
uma injúria sofrida pelo
paciente resultante de erros no
uso de medicamentos e que
resultam em falha terapêutica. O
evento pode ser devido a vários
fatores relacionados com o
tratamento: dose do
medicamento incorreta, dose
omitida, via de administração
não especificada, horário de
administração incorreto e
outros.
Reação adversa: “A
Organização Mundial de Saúde
(OMS) tem definido reação
adversa a medicamentos
(RAM), como: “qualquer efeito
prejudicial ou indesejável, não
intencional, que aparece após a
administração de um
medicamento em doses
normalmente utilizadas no
homem para a profilaxia, o
diagnóstico e o tratamento de
uma enfermidade”.
Efeitos colaterais: “São os
inerentes à própria ação
farmacológica do medicamento,
porém, o aparecimento é
indesejável num momento
determinado de sua aplicação. É
considerado um prolongamento
da ação farmacológica principal
do medicamento e expressam
um efeito farmacológico menos
intenso em relação à ação
principal de uma determinada
substância. 20
AS GRANDES SÍNDROMES GERIÁTRICAS/ GIGANTES DA GERIATRIA

O horizonte da geriatria vai além da avaliação de sistemas, órgãos ou doenças isoladamente,


não se atendo ao tratamento de doenças somente, mas buscando a manutenção da autonomia e
independência funcional, priorizando ações de promoção e prevenção à saúde como alternativa mais
eficiente em relação à atenção baseada em cuidados curativos.

O maior desafio da Geriatria é o enfrentamento dos problemas mais típicos das pessoas
de idade avançada, prevenindo, tratando e cuidando desta parcela da população, identificando e
tratando as grandes Síndromes Geriátricas ou Gigantes da Geriatria também chamados “IS”, que
são: a Imobilidade, a Instabilidade a Incontinência, a Insuficiência cerebral e posteriormente
incorporada a Iatrogenia.

Essas grandes síndromes têm como atributos a complexidade terapêutica, múltipla


etiologia, não constituir risco de morte iminente e comprometer severamente a qualidade de vida
dos portadores e, muitas vezes, os familiares. Essas síndromes podem aparecer isoladas em ou
associação e implica em grande dano funcional para o indivíduo, impedindo o desenvolvimento
das atividades de vida diária.

O envelhecimento populacional vem acompanhado do aumento de doenças crônico-


degenerativas com incapacidades e deficiências, tornando-se necessária a avaliação do
comprometimento da capacidade funcional do paciente idoso, já que esta é essencial para o
diagnóstico, prognóstico e julgamento clínico adequados.

A avaliação funcional incide sobre a capacidade funcional. Esta foi definida como a
habilidade do paciente em desempenhar trabalho e é medida comparando-se o pico de capacidade
de exercício do paciente com o pico esperado para sua idade e gênero.

Nesse contexto, a avaliação multidimensional do idoso se torna um importante


instrumento, cuja execução simples é realizada através da revisão dos sistemas fisiológicos
principais, divididos em: avaliação das AVDs básicas e instrumentais, mobilidade, cognição e
humor e comunicação.

OS GIGANTES DA GERIATRIA

21
1. INSTABILIDADE
Instabilidade postural e quedas são importantes marcadores de diminuição de capacidade
funcional e fragilidade em pessoas idosas. Por essa razão, a referência da ocorrência de queda
sempre deve ser valorizada.

A avaliação da queda visa:

a) Identificar a causa que levou a queda e tratá-la.


b) Reconhecer fatores de risco para prevenir futuros eventos, implementando intervenções
adequadas.
QUEDAS

A queda representa um grande problema para as pessoas idosas dadas as suas


consequências (injúria, incapacidade, institucionalização e morte) que são resultado da
combinação de alta incidência com alta suscetibilidade às lesões.
Cerca de 30% das pessoas idosas caem a cada ano. Essa taxa aumenta para 40% entre os
idosos com mais de 80 anos. As mulheres tendem a cair mais que os homens até os 75 anos de
idade, a partir dessa idade as frequências se igualam. Dos que caem, cerca de 2,5% requerem
hospitalização e desses, apenas metade sobreviverá após um ano.
Causas

• Relacionadas ao ambiente.
• Fraqueza/distúrbios de equilíbrio e marcha.
• Tontura/vertigem.
• Alteração postural/hipotensão ortostática.
• Lesão no SNC.
• Síncope.
• Redução da visão.

Os fatores de risco
Fatores intrínsecos: decorrem das alterações fisiológicas relacionadas ao avançar da idade, da
presença de doenças, de fatores psicológicos e de reações adversas de medicações em uso. Podem
ser citados:
• idosos com mais de 80 anos;
• sexo feminino;

• imobilidade;

• quedas precedentes;

• equilíbrio diminuído;

• marcha lenta e com passos curtos;

• fraqueza muscular de MMII e MMSS;

22
• alterações cognitivas;

• polifarmácia;

• uso de sedativos, hipnóticos e ansiolíticos.


Fatores extrínsecos: relacionados aos comportamentos e atividades das pessoas idosas e ao
meio ambiente. Ambientes inseguros e mal iluminados, mal planejados e mal construídos, com
barreiras arquitetônicas representam os principais fatores de risco para quedas.
Os riscos domésticos mais comuns que devem ser objeto de atenção das equipes de
Atenção Básica são:

23
• Ausência de reflexos de proteção;
• Densidade mineral óssea reduzida – osteoporose;
• Desnutrição;
• Idade avançada;
• Resistência e rigidez da superfície sobre a qual se cai;
• Dificuldade para levantar após a queda.
Como avaliar:

• Equilíbrio sentado

• Levantar

• Tentativas para levantar

• Assim que levanta (primeiros 5 segundos)

• Equilíbrio em pé

• Olhos fechados (pessoa idosa em pé, com os pés juntos)

• Girando 360

2. IMOBILIDADE
Incapacidade de se deslocar sem o auxílio de outra pessoa, com finalidade de atender às
necessidades da vida diária. Pode o paciente estar restrito a uma poltrona ou ao leito.
Fatores Predisponentes:

● Osteoartrose

● Doenças reumáticas

● Sequelas de fraturas

● DPOC, ICC, AVC e Infecções

● Desnutrição e Desidratação

● Parkinson, Demência e Depressão.

● LONGOS PERÍODOS ACAMADOS

Consequências:

● Depressão

● Confusão mental

● Hipotensão e constipação intestinal


● Incontinência e Infecção Urinária

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● Trombose Venosa e embolia pulmonar 20% das mortes em acamados.
● Pneumonia e broncoaspiração

● Úlcera de pressão- escaras

● Atrofia muscular- sarcopenia


Conduta:

● Mudança de decúbito a cada 2h

● Colchão de água e casca de ovo

● Óleos e hidratantes

● Curativos apropriados.
● Aporte hídrico, metabólico e protéico.
3. INCONTINÊNCIA URINÁRIA
A Incontinência Urinária pode ser definida como “a perda de urina em quantidade e
frequência suficientes para causar um problema social ou higiênico”. Pode variar desde um escape
ocasional até uma incapacidade total para segurar qualquer quantidade de urina. Ela se deve, com
frequência, a alterações específicas do corpo em decorrência de doenças, uso de medicamentos
ou pode representar o início de uma doença.
Estima-se que entre as pessoas idosas, a prevalência de IU é de aproximadamente 10 a
15% entre os homens e de 20 a 35% entre as mulheres. Idosos institucionalizados e os providos
de internação hospitalar recente, apresentem incontinência urinária de 25 a 30%.
Ao menos que sejam investigados, as pessoas não relatam Incontinência Urinária. A
ocorrência de Incontinência Urinária tende a aumentar à medida que aumentam o número de
medicamentos em uso e as comorbidades.

Consequências: predispõe à infecções, do trato urinário e genital; provoca maceração e ruptura


da pele; facilita a formação de úlceras por pressão, celulites; contribui para disfunção sexual e
para perda da função renal; afeta a qualidade do sono (normalmente interrompendo-o) e predispõe
à ocorrência de quedas.

Causas:
Entre as mulheres - danos secundários à partos, cirurgias, radiação, tabagismo, obesidade,
distúrbios neurológicos, da redução da vascularização e hipotrofia dos tecidos que revestem
e envolvem a uretra, a bexiga e a vagina e outros.
Entre os homens - o aumento da próstata, alterações da mobilidade, da destreza manual
(dificultando a retirada rápida das vestes), da motivação e a tendência a excretar maiores volumes
após deitar-se (em consequência da maior filtração renal) também predispõem a pessoa idosa à
incontinência.
Outras causas: medicamentos, depressão, excesso urinário, distúrbios mentais.

Pesquisar:

● Como ocorre a perda urinária (descreva o problema)?

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● Há quanto tempo ocorre?

● Quantas vezes ela ocorre ao dia?


● Há consciência da necessidade de urinar antes do escape?

● Usa fraldas ou outros absorventes para evitar acidentes?

● Evita situações sociais por causa dessa problema?

● Há uma infecção do trato urinário agora?

● É mais difícil controlar a urina ao tossir, se esforçar, espirrar ou rir?

● É mais difícil controlar a urina quando se está correndo, pulando ou caminhando?


● Que cirurgias já realizou? Que lesões teve?

● Que medicamentos usa?

● Costuma tomar café? Quanto?

● Ingere bebidas alcoólicas? Quanto? Com que frequência?

Medidas gerais devem fazer parte da orientação de todas as pessoas com incontinência e incluem:
• Evitar ingestão de grandes quantidades de líquidos quando não houver
disponibilidade de banheiros acessíveis.
• Evitar alimentos como cafeína e bebidas alcoólicas.
• Tratar adequadamente quadros de constipação intestinal crônica.

4. INSUFICIÊNCIA CEREBRAL
Demência
A demência é uma síndrome clínica decorrente de doença ou disfunção cerebral, de
natureza crônica e progressiva, na qual ocorre perturbação de múltiplas funções cognitivas,
incluindo memória, atenção e aprendizado, pensamento, orientação, compreensão, cálculo,
linguagem e julgamento.
A demência produz um declínio apreciável no funcionamento intelectual que interfere
com as atividades diárias, como higiene pessoal, vestimenta, alimentação, atividades fisiológicas
e de toalete. Entre as pessoas idosas, a demência faz parte do grupo das mais importantes doenças
que acarretam declínio funcional progressivo e perda gradual da autonomia e da independência.
São causas reversíveis de demência:
• Uso de medicamentos (psicotrópicos e analgésicos narcóticos).
• Metabólica (distúrbio hidroeletrolítico, desidratação, insuficiência renal ou hepática e
hipoxemia).
• Neurológica (hidrocefalia de pressão normal, tumor e hematoma subdural crônico).
• Infecciosas (Meningite crônica, AIDS, neurossífilis).
• Endócrinas (doença tireoidiana, doença paratireoidiana, doença da adrenal e doença da
pituitária).

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• Nutricionais (deficiência de vitamina B12, ácido fólico, tiamina e niacina).
• Alcoolismo crônico.
• Outras (DPOC, insuficiência cardíaca congestiva e apnéia do sono).
Diagnóstico
O diagnóstico diferencial entre demência vascular e doença de Alzheimer pode ser difícil,
sendo comum a coexistência das duas afecções. Geralmente, as pessoas com problemas vasculares
apresentam déficits mais intensos em testes de movimentos repetitivos e dependentes de
velocidade motora e de mecanismos corticais e subcorticais, enquanto as pessoas com Alzheimer
têm pior desempenho em teste de memória verbal e repetição de linguagem.

5. IATROGENIA -

Conceito: patologia provocada por Tratamento Médico. O uso indiscriminado e excessivo de


medicamentos em idosos, podem levar a efeitos colaterais e interações perigosas. Com o
envelhecimento, aumenta a probabilidade de ocorrência de doenças crônicas e os idosos tomam
mais medicamentos que adultos jovens. Em média uma pessoa idosa toma de quatro a cinco
medicamentos de receita e mais dois de venda livre.
Alterações fisiológicas do envelhecimento, seja no sistema cardiocirculatório,
respiratório, renal ou no próprio sistema nervoso central, são as responsáveis pela maior
predisposição dos idosos às complicações durante a hospitalização. Essas complicações se dão
tanto nos tratamentos clínicos, quanto durante e após cirurgias, inclusive determinando maior
mortalidade.
À medida que as pessoas envelhecem, a quantidade de água no organismo diminui, como
certas drogas se dissolvem na água, com essa diminuição essas drogas ficam mais concentradas;
com a alteração dos rins e da função do fígado, as drogas ficam mais tempo no organismo,
aumentando com isso sua concentração, toxicidade e efeitos colaterais.
O importante é ter consciência médica ao realizar prescrição, diminuir a quantidade de
medicamentos, melhorar a qualidade, explicar tanto para o idosos quanto para o cuidador as
dosagens, os efeitos a observar e com isso melhorar a qualidade de vida, evitando a Iatrogenia

ÚLCERAS DE PRESSÃO

Definição

Área de lesão de pele, tecidos subjacentes ou ambos, decorrente de pressão extrínseca


aplicada sobre a superfície corpórea. A lesão persiste após remoção da pressão sobre o local.
Maior ocorrência em locais de proeminências ósseas e de redução do tecido adiposo, mas podem
acometer qualquer área.

Importância

● Alta prevalência em idosos com imobilidade, sobretudo institucionalizados: pacientes


hospitalizados: 3% a 14% e institucionalizados: acima de 25%.
● Aumenta a morbimortalidade,

27
● Risco de infecções.

● Dores, redução da qualidade e dignidade de viver.

● Aumento dos gastos com saúde.

● É essencial instituir medidas preventivas.

Fatores de risco

● Imobilidade.

● Idade avançada.

● Alterações fisiológicas da pele do idoso.

● Desnutrição.

● Incontinência urinária ou fecal.

● Déficit cognitivo.

● Alterações da sensibilidade (diabetes, lesões neurológicas).

● Fatores sociais: financeiros, cuidador incapacitado.

Fatores associados

Fricção da pele: roupas de cama, fraldas de plástico, colchões inadequados.

Cisalhamento: ocorre quando o contato da pele com a superfície a detém no lugar, enquanto a
gravidade ou outra força desloca o corpo para outra direção, ex.: paciente assentado no leito ou
cadeira vai “escorregando” ⇒ ruptura da epiderme ou de vasos da circulação dérmica.

Classificação

Grau I: Eritema em pele íntegra.

Grau II: Perda tecidual em epiderme, derme ou ambas: exulcerações, úlceras, bolhas.

Grau III: A lesão compromete o tecido subcutâneo ou até a fáscia muscular.

Grau IV: A lesão atravessa a fáscia muscular levando a: dano muscular, ósseo e de tecidos
adjacentes.

Complicações

● Infecções: locais, regionais ou sistêmicas.

● Osteomielite: difícil tratamento.

● Miíases.

28
● Carcinoma sobre úlceras crônicas.

● Hipersensibilidade ao tratamento tópico.


Prevenção

● Educação e orientações à família e cuidadores.

● Treinamento adequado dos profissionais da saúde.

● Combate à imobilidade.

● Higiene adequada, evitar fricção durante higiene, retirar excrementos irritantes e


hidratar adequadamente.
● Melhoria do estado nutricional.

● Reposicionamento no leito de 2/2 horas.

● Materiais para proteção das proeminências ósseas

● Evitar elevação da cabeceira.

● Vestimentas confortáveis, de algodão, sem fechos, botões ou costuras.

● Roupas de cama limpas, de algodão.

● Não é recomendado o uso de infláveis com abertura central: isquemias da pele do


centro.
● Alinhamento da postura com distribuição do peso.

● Coberturas para colchões e cadeiras reduzem a pressão sobre a superfície.

● Colchões de espuma texturizada, em formato de caixa de ovos.

● Colchões ou coberturas que proporcionam pressão reduzida constante: espuma, gel,


água, esferas de isopor, partículas de silicone.
● Colchões ou coberturas que permitem pressão alternante: compartimentos interligados,
preenchidos por ar, com insuflação intermitente.

Tratame
nto
Objetivo:

● Promover a formação de tecido são sobre base limpa da ferida, para reepitelização;
● Melhor controle possível das afecções concomitantes e das doenças de base;

● Adequação da terapia medicamentosa;

● Abordagem global do paciente com atenção multidisciplinar.


Limpeza da úlcera

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Remoção de material desvitalizado, exsudatos, restos metabólicos e microorganismos.

Limpeza a cada troca de curativo. Solução salina é o ideal para a limpeza. Evitar agentes
antissépticos tais como polvidine, peróxido de hidrogênio, já que podem ser citotóxicos.

Curativos e coberturas

Tem como vantagens: proteger, preservar e favorecer a cicatrização. Mantém o leito da úlcera úmido
e a pele sadia na periferia da lesão seca.

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um importante problema de saúde pública no


Brasil e no mundo, sendo ainda um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento
de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renal crônica. É responsável por pelo menos
40% das mortes por acidente vascular cerebral e por 25% das mortes por doença arterial
coronariana. Em combinação com o diabetes, representa 62,1% do diagnostico primário de
pessoas submetidos à diálise.
Entre as pessoas idosas, a hipertensão é uma doença altamente prevalente, acometendo
cerca de 50% a 70% das pessoas nessa faixa etária. É um fator determinante de morbidade e
mortalidade, mas, quando adequadamente controlada, reduz significativamente as limitações
funcionais e a incapacidade nos idosos. A hipertensão não deve ser considerada uma consequência
normal do envelhecimento.
Hipertensão Arterial é definida como pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg
e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em indivíduos que não estão fazendo
uso de medicação anti-hipertensiva. Deve-se considerar no diagnóstico da HAS, além dos níveis
tensionais, o risco cardiovascular global, estimado pela presença dos fatores de risco, a presença
de lesões nos órgãos-alvo e as comorbidades associadas.
As doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morbimortalidade na
população brasileira. Não há uma causa única para essas doenças, mas, vários fatores de risco que
aumentam a probabilidade de sua ocorrência. A Hipertensão Arterial e o Diabetes mellitus
representam dois dos principais fatores de risco, contribuindo decisivamente para o agravamento
desse cenário.
A prevalência da hipertensão se correlaciona diretamente com a idade, sendo mais
presente entre as mulheres e nas pessoas com sobrepeso ou obesidade. Por ser um problema
silencioso deve ser investigado sistematicamente, mesmo em face de resultados iniciais normais.
A medida da Pressão Arterial deve ser realizada com técnica adequada e com
esfignomanômetros confiáveis; sendo considerado o ideal é o de coluna de mercúrio.
Há basicamente, duas abordagens terapêuticas para a hipertensão arterial: o tratamento
baseado em modificações do estilo de vida (perda de peso, incentivo às atividades físicas,
alimentação saudável etc) e o tratamento medicamentoso.
A adoção de hábitos de vida saudáveis é parte fundamental da prevenção e do tratamento
de hipertensão.
O tratamento da hipertensão e a prevenção das complicações crônicas exigem uma
abordagem multiprofissional. Assim como todas as doenças crônicas, a hipertensão arterial
necessita de um processo contínuo de motivação para que a pessoa não abandone o tratamento.

Tratamento não-farmacológico

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As principais estratégias para o tratamento não-farmacológico da HAS incluem as
seguintes:
Controle do excesso de peso
O excesso de peso é um fator predisponente para a hipertensão. Todos os hipertensos com
excesso de peso devem ser incluídos em programas de redução de peso.
Independentemente do valor do IMC, a distribuição de gordura, com localização
predominantemente no abdome, está frequentemente associada com resistência à insulina e
elevação da pressão arterial. Assim, a obesidade central abdominal é um fator preditivo de doença
cardiovascular.
Adoção de hábitos alimentares saudáveis
A alimentação desempenha um papel importante no controle da Hipertensão Arterial.
Uma alimentação com conteúdo reduzido de sódio, baseada em frutas, verduras, derivados de
leite desnatado, quantidade reduzida de gorduras saturadas e colesterol mostrou ser capaz de
reduzir a pressão arterial em indivíduos hipertensos.
Redução do consumo de bebidas alcoólicas
O uso excessivo de álcool está relacionado com o aumento da pressão arterial.
Recomenda-se limitar a ingestão de bebida alcoólica a 30 ml/dia de etanol para homens e a metade
dessa quantidade para mulheres, preferencialmente, com as refeições. Isso corresponde, para o
homem, a ingestão diária aproximada de uma garrafa (720 ml) de cerveja; duas taças (240 ml) de
vinho ou duas doses (60 ml) de bebida destilada. As pessoas que não conseguem se enquadrar
nesses limites de consumo ou que possuam situações clínicas específicas, como história de
dependência alcoólica, hepatopatias e deficiências imunológicas, sugere-se o abandono do
consumo de bebidas alcoólicas.

Abandono do tabagismo
O risco associado ao tabagismo é proporcional ao número de cigarros fumados e à
profundidade da inalação. Os hipertensos que fumam devem ser repetidamente estimulados a
abandonar esse hábito por meio de aconselhamento e medidas terapêuticas de suporte específicas.
Realizar uma Prática Corporal / Atividade Física regular
Pessoas hipertensas devem iniciar uma Prática Corporal/Atividade Física regular, pois,
além de diminuir a pressão arterial, o exercício pode reduzir consideravelmente o risco de doença
arterial coronária, acidentes vasculares cerebrais e mortalidade geral, facilitando o controle do
peso.
Cuidados especiais no tratamento da HAS no idoso:
Em algumas pessoas muito idosas é difícil reduzir a pressão abaixo de 140 mmHg, mesmo
com boa adesão e múltiplos agentes. Nesses casos, afastada causas secundárias, pode-se aceitar
reduções menos acentuadas de pressão arterial sistólica. Os estudos mostram que o tratamento da
hipertensão no idoso reduz a incidência de déficit cognitivo.
Acompanhamento e cuidado continuado:
Logo que o tratamento seja instituído, a equipe deve acompanhar o idoso de forma mais
frequente devido à necessidade de verificar a resposta ao tratamento e presença de efeitos
colaterais.
A qualidade de vida da pessoa idosa deve ser avaliada antes e durante o tratamento.
É importante considerar ainda:

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• Participação em grupos de auto-ajuda para a conhecer a natureza do problema e seu
monitoramento.
• As intervenções educativas que favorecem a adesão ao tratamento.
• A educação da família, especialmente, tratando-se de idosos frágeis e dependentes, nos quais a
probabilidade de efeitos secundários é enorme e a necessidade de supervisão é imperativo.
• O impacto financeiro do tratamento, que é determinante para a adesão terapêutica.

A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa possui um espaço para o registro do controle da


Pressão Arterial com o objetivo de facilitar o acompanhamento e controle da HAS.
Critérios de Encaminhamentos para Referência e Contrarreferência
O acompanhamento da pessoa com hipertensão é realizado na Unidade Básica de Saúde.
Em algumas situações, haverá necessidade de uma consulta especializada, respeitando-se os
fluxos de referência e contrarreferência locais e mantendo sua responsabilização pelo
acompanhamento.

DIABETES MELLITUS
O cuidado integral com Diabetes Mellitus e suas complicações é um desafio para a equipe
de saúde, especialmente no sentido de ajudar a pessoa a conviver com essa doença crônica, que
requer mudanças de modo de viver, envolvendo a vida de seus familiares e amigos, na casa e no
ambiente de trabalho. Aos poucos, essa pessoa deverá aprender a gerenciar sua vida com diabetes
em um processo contínuo, que vise qualidade de vida e autonomia.
Etiologia, conceito e classificação do Diabetes Mellitus:
O Diabetes Mellitus é uma doença comum e de incidência crescente que aumenta com a
idade. O diabetes apresenta alta morbi-mortalidade, com perda importante na qualidade de vida.
É uma das principais causas de mortalidade, insuficiência renal, amputação de membros
inferiores, cegueira e doença cardiovascular. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou
em 1997 que, após 15 anos de doença, 2% dos indivíduos acometidos estarão cegos e 30 a 45%
terão algum grau deretinopatia, 10 a 20%, terão nefropatia, 20 a 35%, neuropatia e 10 a 25% terão
desenvolvido doença cardiovascular.
O Diabetes Mellitus é uma doença metabólica caracterizada por hiperglicemia associada
a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente: olhos, rins, nervos,
cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina,
envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do
pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da
insulina, entre outros.
Tipos de diabetes
Os tipos de diabetes mais frequentes são o diabetes tipo 1, antes conhecido como diabetes
juvenil, ocorre em cerca de 10% do total de casos, e o diabetes tipo 2, antes conhecido como
diabetes do adulto, ocorre em cerca de 90% do total de casos. Outro tipo de diabetes encontrado
com maior frequência e cuja etiologia ainda não está esclarecida é o diabetes gestacional que, em
geral, é um estágio pré-clínico de diabetes, detectado no rastreamento pré-natal. Na pessoa idosa,
a forma clínica mais frequente é o tipo 2.

Diabetes tipo 2
O termo tipo 2 é usado para designar uma deficiência relativa de insulina. As pessoas

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afetadas apresentam tipicamente hiperglicemia sem tendência habitual a cetoacidose que algumas
vezes ocorre devido à presença de infecções ou de outras comorbidades. Cerca de 80% dos casos
de diabetes tipos 2, podem ser atendidos predominantemente na atenção básica, enquanto que os
casos de diabetes tipo 1 requerem maior colaboração com especialistas em função da
complexidade de seu acompanhamento. A coordenação do cuidado dentro e fora do sistema de
saúde é responsabilidade da equipe de Atenção Básica.
Rastreamento e diagnóstico do diabetes tipo 2:
Cerca de 50% da população com diabetes não sabe que são portadores da doença, algumas
vezes permanecendo não diagnosticados até que se manifestem sinais de complicações. Por isso,
testes de rastreamento são indicados em indivíduos assintomáticos que apresentem maior risco da
doença.
São fatores indicativos de maior risco:

Indivíduos de alto risco requerem investigação diagnóstica laboratorial com glicemia de


jejum e/ou teste de tolerância à glicose.
Os sintomas clássicos de diabetes são os “4 Ps”:

● Poliúria

● Polidipsia
● Polifagia

● Perda involuntária de peso.


Outros sintomas que levantam a suspeita clínica são: fadiga, fraqueza, letargia, prurido
cutâneo e vulvar, balanopostite e infecções de repetição. Algumas vezes, o diagnóstico é feito a
partir de complicações crônicas como neuropatia, retinopatia ou doença cardiovascular
aterosclerótica.
Na pessoa idosa, a forma mais frequente de apresentação do DM é um achado casual devido a
uma doença intercorrente (habitualmente infecções), uma manifestação de complicação típica do
diabetes a longo prazo (doença cerebrovascular, infarto do miocárdio), um exame de saúde ou um
exame de glicemia não diretamente relacionado com a suspeita de diabetes.
Outras formas de apresentação são aumento da sede - polidipsia, aumento da micção -

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poliúria, aumento do apetite, fadiga, visão turva, infecções que curam lentamente, impotência em
homens.
O idoso apresenta particularidades que o profissional de saúde deve levar em conta para
proporcionar-lhe a melhor assistência possível. A historia clínica convencional não é o bastante,
é necessário indagar sobre o que a pessoa sabe, seus hábitos de vida e seu ambiente familiar e
social.
A família do idoso diabético, especialmente, se ele for funcionalmente dependente, deve
ser instruída acerca das medidas de tratamento, a forma de supervisioná-lo e os sinais e sintomas
de alarme, em particular os relativos à hipoglicemia e desidratação.
A organização de grupos de apoio e auto-ajuda para pacientes com diabetes nos centros
de saúde facilita a aprendizagem e a adesão às recomendações de tratamento. É recomendável
que toda pessoa com DM traga consigo um identificação, como a Caderneta do Idoso, que tem
um espaço para controle da glicemia.

PNEUMONIA

A pneumonia é uma doença que afeta cerca de 2,1 milhões de brasileiros todos os anos,
segundo dados do DATASUS. Esta doença é a principal causa de internação hospitalar (mais de
960 mil casos por ano) e a quinta causa de morte no Brasil.

Dos 24.756 óbitos por pneumonia registrados no último levantamento do SUS (2005), 70%
eram de pacientes com mais de 65 anos.

Conceito: a pneumonia é uma doença infecciosa que provoca inflamação dos pulmões. Causas:
microorganismos (bactérias, vírus, fungos e protozoários); aspiração de alimentos líquidos ou
vômitos; inalação de substâncias tóxicas ou cáusticas, fumaças, poeiras ou gases. Sendo a
pneumonia bacteriana a mais comum.

Trata-se de uma doença que afeta mais os idosos, pessoas com doenças crônicas ou que tenham
imunidade baixa. Mas pode afetar também crianças, jovens e adultos saudáveis. Nas crianças, a
pneumonia é a principal causa de morte em todo o mundo.

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Causas e classificações da pneumonia:
A pneumonia pode ser causada pela infecção de bactérias, vírus, fungos, e outros parasitas que
geralmente são transmitidos por via respiratória. Estes microorganismos ultrapassam as defesas
naturais do corpo e invadem o pulmão, causando infecção e inflamação desse órgão.
Classificações da pneumonia:

● Pneumonia adquirida na comunidade: é a pneumonia adquirida no ambiente de


convívio social, seja em casa, no trabalho, academias de ginástica, creches, escolas ou outros
locais comunitários.
● Pneumonia hospitalar: trata-se de uma pneumonia adquirida diante de uma internação
hospitalar. Muitas vezes é uma doença mais grave do que a pneumonia adquirida na comunidade,
já que os germes hospitalares são mais perigosos e resistentes aos antibióticos.
● Pneumonia aspirativa: esse tipo de pneumonia ocorre quando algum material estranho
é inalado ou aspirado para dentro dos pulmões. Ocorre mais freqüentemente quando alimentos
presentes no estômago são aspirados para o pulmão após os vômitos.
● Pneumonia causada por microorganismos (germes) oportunistas: é uma pneumonia
que afeta pessoas com baixa imunidade (ou baixa defesa do organismo).

Germes que seriam inofensivos para pessoas saudáveis, tornam-se perigosos para indivíduos com
baixa imunidade, como é o caso de pessoas portadoras da AIDS ou portadores de órgãos
transplantados.
Sintomas da pneumonia
Os sintomas da pneumonia geralmente aparecem de forma aguda ou rápida, mas podem se
desenvolver também lentamente. No início dos sintomas, a pneumonia pode ser confundida com
uma gripe ou resfriado forte.
Os sintomas mais comuns da pneumonia são:
● Febre, suor intenso ou calafrios.

● Tosse com catarro amarelado ou esverdeado (em alguns tipos de pneumonia, a tosse
pode ser seca ou sem catarro).
● Dor no peito ou dor no tórax que pode piorar com a respiração.
● Respiração rápida e curta.

Nos casos mais graves pode haver ainda:

● Falta de ar e maior dificuldade respiratória.


● Cianose (coloração azulada ou arroxeada) de extremidades (dedos, nariz, lábios) por
causa de baixa oxigenação sanguínea.
● Confusão mental ou desorientação (observado principalmente em idosos).

● Queda da pressão arterial.


● Aceleração do pulso ou da frequência cardíaca.

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Fatores de risco:
Idosos acima dos 65 anos e crianças muito novas têm maior risco de ter pneumonia. O
risco de ter pneumonia também aumenta nas seguintes situações:
● Portadores de doenças crônicas como diabetes, câncer, enfisema pulmonar ou doenças
cardiovasculares (infarto do coração ou derrame cerebral).
● Pessoas cuja imunidade esteja baixa (baixa defesa do organismo), como portadores da
AIDS e pessoas que utilizam medicamentos para quimioterapia ou drogas imunossupressoras (no
caso de câncer, transplante de órgão ou doenças auto-imunes).
● Fumantes ou alcoólatras.

● Indivíduos internados em unidades de terapia intensiva (UTI).


● Pessoas expostas a certos tipos de produtos químicos (agrotóxicos, químicas industriais)
ou à poluição atmosférica.

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● Politraumatizados ou que tenham sofrido alguma cirurgia ou lesão cerebral importante.
Diagnóstico da pneumonia

O diagnóstico da pneumonia é baseado na história clínica e avaliação do exame físico do paciente.


Para auxiliar no diagnóstico, o médico geralmente pede uma radiografia de tórax (ou raio-X de
tórax) para confirmar a presença da pneumonia, bem como sua localização e extensão.
Tratamento da pneumonia
O tratamento da pneumonia depende do tipo de microorganismo (germe) causador da inflamação
e infecção dos pulmões, da gravidade dos sintomas, da presença de outras doenças associadas,
local de contaminação (comunidade ou hospital) e grau de comprometimento dos pulmões.
As pneumonias mais frequentes são as bacterianas. Nestes casos é necessário o uso de antibióticos
para combater a infecção. Após o início do tratamento, espera-se uma melhora dos sintomas
dentro de 48 a 72 horas.
Na maioria das vezes, as recomendações de tratamento são relacionadas ao repouso, dieta
adequada e a ingestão de líquidos para melhor recuperação.
Prevenção da pneumonia
● Vacina contra gripe: muitas vezes uma gripe ou resfriado podem acabar levando a um
quadro de pneumonia. Desse modo, a vacinação contra gripe, principalmente em idosos, é uma
boa maneira de se prevenir a pneumonia.
● Vacina contra o pneumococo: o pneumococo é a principal bactéria causadora de
pneumonia. Esta vacina também está disponível para aplicação, visando prevenir a pneumonia
pneumocócica. É recomendada para maiores de 65 anos ou pessoas que tenham algum tipo de
fator de risco para adquirir pneumonia: como doenças pulmonares crônicas, doenças
cardiovasculares, doenças renais, diabetes, anemia falciforme, alcoolismo, cirrose hepática,
pessoas que tiveram o baço retirado por algum motivo ou caso haja alguma doença que cause
queda da imunidade corporal (como a AIDS, linfomas, leucemias, alguns tipos de câncer, uso
crônico de esteróides, quimioterapia ou radioterapia, transplante de órgão ou transplante de
medula óssea).
● Lavagem das mãos: as mãos quase sempre estão em contato com os microorganismos
(germes) que podem causar pneumonia. Estes microorganismos

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penetram no corpo através do toque dos olhos, boca ou nariz. Desse modo, lavar bem as mãos com
água e sabão ajuda a prevenir a pneumonia.
● Não fumar: o cigarro causa lesões ao pulmão, reduzindo as defesas naturais do
organismo contra infecções respiratórias.
● Ter uma boa qualidade de vida: ter uma vida tranqüila, fazer uma dieta adequada e
praticar atividades físicas regularmente ajudam a aumentar as defesas do organismo, fortalecendo
o sistema imune e prevenindo infecções.
ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
O acidente vascular cerebral ou acidente vascular encefálico, também chamado de
derrame cerebral, é caracterizado pela perda rápida de função neurológica, decorrente do
entupimento ou rompimento de vasos sanguíneos cerebrais. É uma doença de início súbito, que
pode ocorrer por dois motivos: isquemia ou hemorragia.
Encéfalo: bulbo (respiração), hipotálamo (vísceras), corpo caloso (conexão entre os hemisférios),
cérebro, tálamo (integração), cerebelo (equilíbrio).
Fatores de risco para AVC
Existem diversos fatores considerados de risco para a chance de ter um AVC, sendo o
principal a hipertensão arterial sistêmica não controlada e, além dela, também aumentam a
possibilidade o diabete mellitus, trombose, uma arritmia cardíaca chamada fibrilação atrial.
Principais fatores de risco:
● Hipertensão arterial

● Doença cardíaca

● Colesterol

● Tabagismo

● Diabetes

● Idade

● Sexo

● Obesidade
Tipos de AVE
● Isquêmico: ocorre devido à falta de irrigação sanguínea num determinado território cerebral,
causando morte de tecido cerebral - é o AVC isquêmico. Pode ocorrer um acúmulo gordura ou
coágulo sanguíneo em uma artéria cerebral, reduzindo o seu fluxo sanguíneo ao mínimo e
causando morte do cérebro.
● Hemorrágico: é menos comum, mas não menos grave, e ocorre pela ruptura de um vaso
sanguíneo intracraniano, levando à formação de um coágulo que afeta várias funções cerebrais
e até a morte do indivíduo cerebral.

Sinais que precedem um derrame:


● Cefaleia intensa e súbita sem causa aparente

● Dormência nos braços e nas pernas

● Dificuldade de falar e perda de equilíbrio

● Diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna do lado esquerdo ou direito do

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corpo
● Perda súbita de visão em um olho ou nos dois

● Alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular e expressar palavras ou para
compreender a linguagem
● Instabilidade, vertigem súbita e intensa e desequilíbrio associado a náuseas ou vômitos.
Como identificar o acidente vascular cerebral:
● Pedir em primeiro lugar para que a pessoa sorria. Se ela mover sua face só para um dos lados,
pode estar tendo um AVC.
● Pedir para que levante os braços. Caso haja dificuldades para levantar um deles ou, após
levantar os dois, um deles caia, procurar socorro médico.
● Dê uma ordem ou peça que a pessoa repita alguma frase. Se ela não responder ao pedido, pode
estar sofrendo um derrame cerebral.
Diagnóstico
O diagnóstico do AVC é obtido através de exames de imagem, tomografia computadorizada e
ressonância magnética, que permitem ao médico identificar a área do cérebro afetada e o tipo de AVC.
Prevenção
Como todas as doenças vasculares, o melhor tratamento para o AVC é a prevenção, identificar
e tratar os fatores de risco, como a hipertensão, aterosclerose, o diabetes mellitus, o colesterol elevado,
cessar o tabagismo e o etilismo, além de reconhecer e tratar problemas cardíacos.
Consequências/complicações
As consequências do AVC podem afetar diversos aspectos do paciente, tais como paralisia e
fraqueza, habilidades de comunicação, fala, capacidade de compreensão, sentidos, além de raciocínio,
emoções e memória.
Tratamento
O AVC é uma emergência médica e possui tratamento se o paciente for rapidamente
encaminhado para um hospital adequado. O tratamento do AVC isquêmico já utilizado em todo o
mundo há pelo menos 10 anos é realizado com medicamentos trombolíticos, que possuem a propriedade
de dissolver o coágulo sanguíneo que está entupindo a artéria cerebral, causando a isquemia.
Reabilitação
O processo de reabilitação pode ser longo, dependendo das características do próprio AVC, da
região afetada, da rapidez de atuação para minimizar os riscos e do apoio que o doente tiver. A
reabilitação consiste principalmente em sessões de fisioterapia e fonoaudiologia.
SÍNDROME DOS MAUS-TRATOS

1- DEFINIÇÃO: “Aquelas situações que resultam em danos físicos, psíquicos ou econômicos, seja
por comissão ou omissão, comprometendo a qualidade de vida do paciente.”
2- FREQUÊNCIA: 2% a 4% da população idosa.
3- CLASSIFICAÇÃO:
■ 3.1- FÍSICOS: Atos realizados com a intenção de causar dor física ou ferimentos.
■ 3.2- PSICOLÓGICOS: Atos realizados com a intenção de causar danos emocionais ou físicos.
■ 3.3- ECONÔMICOS: Apropriação indevida de dinheiro, bens ou propriedades dos idosos.
■ 3.4- NEGLIGÊNCIA OU ABANDONO DO IDOSO: Incapacidade de um designado cuidador
de fornecer cuidados necessários a uma pessoa idosa dependente.
■ 3.5- ABUSO SOCIAL: Violação dos direitos legais e inalienáveis dos idosos.

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■ 3.6- ABUSO SEXUAL: Realização de atos sexuais com uma pessoa idosa, sem o seu
consentimento, seja pelo emprego de força, ameaça ou deterioração cognitiva.
4- FATORES DE RISCO:
4.1- Por parte do idoso:
■ Grandes incapacidades;
■ Deterioração Cognitiva;
■ Isolamento Social;
4.2- Cuidador:
■ Doença mental;
■ Consumo de álcool e outras drogas;
■ Dependência do cuidador em relação à vítima;
■ Fatores estressantes externos;
■ Violência.

5- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
Contusões; fraturas, contraturas, deformidades; má nutrição e desidratação; falta de higiene; mau uso da
medicação; sangramento ou exudato vaginal; transtornos afetivos.
6- DIAGNÓSTICO:

● disparidade nas explicações ;


● explicações vagas;

● demora no pedido de assistência médica;

● visitas frequentes a um serviço de emergência;

● existência de múltiplas maneiras de ter evitado o acidente;

● resistência do cuidador à intervenção externa.


7 - PREVENÇÃO:
■ Estimular uma boa relação;
■ Educação a cerca dos cuidados;
■ Aconselhamento acerca dos recursos sociais;
■ Apoio ao cuidador;
■ Grupo de apoio local;
■ Evitar o isolamento social;

8- ONDE PODEM OCORRER OS MAUS TRATOS?

▪ • Na casa do próprio idoso


▪ • Na casa do cuidador

▪ • Na comunidade em que reside

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▪ • Nas instituições de longa permanência

▪ • Nos hospitais

9- INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL:
■ Comunicar o fato às instituições competentes;
■ Descrever com exatidão tudo que se relaciona ao caso;
■ Avaliar a atitude do idoso frente à situação de maus-tratos.

PREVENÇÃO DE ACIDENTES DOMÉSTICOS

Quando se pensa em acidentes domésticos, a preocupação mais frequente é com as crianças,


esquecendo-nos que os idosos também correm riscos dentro de casa. Quanto mais avançada for a idade,
maior é a propensão de estar envolvido em acidentes desse tipo. A explicação é simples: o processo de
envelhecimento impõe algumas limitações de caráter físico e com o passar dos anos, os músculos
perdem a elasticidade, os ossos ficam mais frágeis e a calcificação destes fica prejudicada.

A maior parte dos acidentes com idosos acontece em casa – no interior da casa, nas escadas, no
jardim ou pátio. Esses acidentes, mesmo os menos graves, podem debilitar a saúde do idoso, pois o
organismo já não está preparado para recuperações tão rápidas como as de pessoas de menor idade.
Uma queda pode provocar, por exemplo, uma fratura de fêmur ou do quadril, que pode exigir até que o
idoso fique imobilizado na cama por um longo período.
Causas mais frequentes:

● Uso incorreto de facas de cozinha, causando ferimentos;

● Uso incorreto de produtos inflamáveis, causando queimaduras;

● Quedas de bancos ou cadeiras;

● Andar sobre pavimentos molhados, úmidos ou com cera;

● Andar sobre tapetes, sem superfície antiderrapante;


● Andar somente de meias;

● Usar chinelos ou sapatos muito soltos;

● Mobília instável;
● Gavetas abertas;

● Objetos deixados no caminho, principalmente entre o quarto e o banheiro;

● Má iluminação;

● Escadas com degraus de tamanhos diferentes;

● Fios elétricos ou de telefone deixados no chão;

● Banheira ou chuveiro sem barras de apoio ou tapete antiderrapante.

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Recomendações

● Usar sapatos de saltos largos e que tenham calcanhares reforçados, fazendo com que os pés
não possam movimentar-se dentro dos sapatos;
● Colocar os móveis de modo a que possa movimentar-se pela casa sem esbarrar em nada;
● Não andar sobre locais escorregadios, molhados ou encerados;
Colocar em casa apenas tapetes com forro antiderrapante;
● Evitar comprar móveis que tenham rodas;

● As cadeiras devem ficar a uma altura nem muito elevada, nem muito próxima do chão;
● Colocar barras de apoio na banheira ou chuveiro;

● Usar tapetes em borracha, antiderrapante, no chuveiro e na banheira;

● A casa deve estar bem iluminada, principalmente nas vias de acesso entre cada uma das
divisões;
● As escadas devem ter um corrimão seguro, degraus antiderrapantes e estarem bem
iluminadas;
● Usar óculos sempre que não conseguir ver um local de maneira nítida;
Não deixar gavetas abertas;
● Não deixar no chão fios elétricos ou de telefone;

● Manter os locais e passagens livres de buracos, fendas e outras irregularidades que o possam
fazer tropeçar;
● Prestar atenção aos movimentos inesperados de animais, crianças e bicicletas;

● Colocar interruptores de luz próximos da cama, evitando ter que caminhar no escuro.

Importância da alimentação e da prática de exercício físico

A prática de exercício físico é recomendada em qualquer idade, mas sobretudo em idades mais
avançadas. Para fortalecer os ossos e músculos, fazer caminhadas e outros exercícios físicos de baixo
impacto auxiliam na destreza e condicionamento físico.A alimentação também merece atenção. Ela
deve conter uma grande quantidade de alimentos que sejam fontes de cálcio, pois desse modo o idoso
previne a osteoporose.

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