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CINZA
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do
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sã or op
ara aC
rev
i são R V
do
a uto
r
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
Claudia Cleomar Ximenes
Danúbia Zanotelli Soares
Paulo César Barros Pereira
Maria Liziane Souza Silva
Willimis Alves Pereira
(Organizadores)
r
V
uto
R
a
do
aC
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
CONQUISTA DO ESPAÇO NA
AMAZÔNIA: apropriações da
i
Editora CRV
Curitiba – Brasil
2019
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Editora CRV
Revisão: Os Autores
r
V
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
uto
CATALOGAÇÃO NA FONTE
C743
R
Conquista do espaço na Amazônia: apropriações da natureza e representações sociais /
a
Claudia Cleomar Ximenes, Danúbia Zanotelli Soares, Paulo César Barros Pereira, Maria Liziane
Souza Silva, Willimis Alves Pereira (organizadores) – Curitiba : CRV, 2019.
244 p.
do
Bibliografia
aC
ISBN 978-85-444-3175-7
DOI 10.24824/978854443175.7
2019
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418 - E-mail: sac@editoracrv.com.br
Conheça os nossos lançamentos: www.editoracrv.com.br
Conselho Editorial: Comitê Científico:
Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB) Adriane Piovezan (Faculdades Integradas Espírita)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN) Alexandre Pierezan (UFMS)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ) Andre Eduardo Ribeiro da Silva (IFSP)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO/PT) Antonio Jose Teixeira Guerra (UFRJ)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro) Antonio Nivaldo Hespanhol (UNESP)
Carmen Tereza Velanga (UNIR) Carlos de Castro Neves Neto (UNESP)
r
V
Celso Conti (UFSCar) Edilson Soares de Souza (FABAPAR)
Cesar Gerónimo Tello (Univer. Nacional Eduardo Pimentel Menezes (UERJ)
uto
Três de Febrero/Argentina) Euripedes Falcao Vieira (IHGRRGS)
Eduardo Fernandes Barbosa (UFMG) Fabio Eduardo Cressoni (UNILAB)
Elione Maria Nogueira Diogenes (UFAL) Gilmara Yoshihara Franco (UNIR)
Élsio José Corá (UFFS) Jussara Fraga Portugal (UNEB)
R
a
Elizeu Clementino (UNEB) Karla Rosário Brumes (UNICENTRO)
Fernando Antônio Gonçalves Alcoforado (IPB) Luciana Rosar Fornazari Klanovicz (UNICENTRO)
Francisco Carlos Duarte (PUC/PR) Luiz Guilherme de Oliveira (UnB)
do
Gloria Fariñas León (Universidade
de La Havana/Cuba)
Marcel Mendes (Mackenzie)
Marcio Jose Ornat (UEPG)
aC
Guillermo Arias Beatón (Universidade Marcio Luiz Carreri (UENP)
de La Havana/Cuba) Maurilio Rompatto (UNESPAR)
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
Jailson Alves dos Santos (UFRJ) Mauro Henrique de Barros Amoroso (FEBF/UERJ)
João Adalberto Campato Junior (UNESP) Michel Kobelinski (UNESPAR)
Josania Portela (UFPI) Rosangela Aparecida de Medeiros Hespanhol (UNESP)
Leonel Severo Rocha (UNISINOS) Sergio Murilo Santos de Araújo (UFCG)
Lídia de Oliveira Xavier (UNIEURO) Simone Rocha (UnC)
i
APRESENTAÇÃO
CONVITE PARA AS VEREDAS DA
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA......................................................11
Claudia Cleomar Ximenes
r
V
Danúbia Zanotelli Soares
Paulo César Barros Pereira
uto
Maria Liziane Souza Silva
Willimis Alves Pereira
PREFÁCIO
R
a
A AMAZÔNIA BRASILEIRA ............................................................................13
Maria de Jesus Morais
CAPÍTULO I do
aC
OCUPAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL NA
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
CAPÍTULO II
FORMAÇÃO DE ASSENTAMENTOS RURAIS NA AMAZÔNIA:
i
Rondônia – Brasil.............................................................................................33
Tânia Olinda Lima
or
CAPÍTULO III
QUESTÃO AGRÁRIA E COLONIZAÇÃO NA PAN-AMAZÔNIA: Rondônia.....47
ver dit
CAPÍTULO IV
SISTEMAS AGROFLORESTAIS NA PAN AMAZÔNIA: a floresta
plantada como alternativa de desenvolvimento sustentável............................61
Willimis Alves Pereira
E
sã
CAPÍTULO V
SISTEMAS AGROFLORESTAIS NA PAN-AMAZÔNIA: um estudo
de caso no “Projeto Casulo” em Pimenta Bueno, Rondônia, Brasil.................71
Claudia Cleomar Ximenes
CAPÍTULO VI
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA AMAZÔNIA LEGAL:
olhar geo-historiográfico sobre o estado de Rondônia, Brasil.........................89
Laise Santos Azevedo
CAPÍTULO VII
APROPRIAÇÃO DAS MARGENS DO RIO BARÃO DO MELGAÇO:
um estudo de caso em Pimenta Bueno – Rondônia – Brasil.........................105
r
V
Benedito de Matos Souza Junior
uto
Claudia Cleomar Ximenes
Carla Silveira de Arruda
Núbia Caramello
R
CAPÍTULO VIII
a
RECURSOS HÍDRICOS URBANOS NA PAN-AMAZÔNIA:
um estudo de caso do município de Rio Branco – AC...................................117
do
Ednilson Gomes da Silva
Caio Ismael de Jesus Lasmar
aC
Jaqueline Souza de Araújo
Joselânio Ferreira de Morais
CAPÍTULO IX
são
ICTIOFAUNA DE PRAIAS DA AMAZÔNIA ORIENTAL, PARÁ, BRASIL.......131
Wesley Souza Brasil
i
Tiago Magalhães da Silva Freitas
rev
CAPÍTULO X
or
O ESPAÇO COLETIVO:
as sombras da paisagem nos parques e praças portovelhense....................143
Sônia Maria Teixeira Machado
ara
CAPÍTULO XI
EU CHOREI, NUNCA TINHA CHORADO NA MINHA VIDA:
relatos de um seringueiro cearense no Acre.................................................155
E
CAPÍTULO XII
CULTURA, NATUREZA E GÊNERO NA AMAZÔNIA:
um estudo na festa do Çairé, Alter-do-Chão, Santarém, Pará.......................169
Moisés Daniel de Sousa dos Santos
CAPÍTULO XIII
UMA GESTÃO PAITER SURUI / PAITEREY KARAH
ESTABELECENDO O BEM VIVER................................................................181
Paulo César Barros Pereira
Agna Maria de Souza Coelho
José Luiz Gondim dos Santos
Bárbara Elis Nascimento Silva
Gasodá Suruí
r
V
CAPÍTULO XIV
uto
PRESERVAÇÃO DOS TERRITÓRIOS INDÍGENAS NA AMAZÔNIA:
o enfrentamento contra as ameaças das tradições do povo Paiter
suruí em Cacoal Rondônia ...........................................................................195
Paulo César Barros Pereira
R
a
CAPÍTULO XV
do
AS TRANSFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS NO ESPAÇO E NO TEMPO:
apropriação da natureza e as representações sociais...................................207
aC
Charlot Jn Charles
Sônia Maria Teixeira Machado
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são
Neusa Maria Lazzaretti dos Santos
Francisco Ribeiro Nogueira
Josué da Costa Silva
CAPÍTULO XVI
i
SOBRE OS AUTORES...................................................................................234
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ver dit
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sã
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ver dit
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i são R V
do
a uto
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Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
APRESENTAÇÃO
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Danúbia Zanotelli Soares
uto
Paulo César Barros Pereira
Maria Liziane Souza Silva
Willimis Alves Pereira
R
a
Na contemporaneidade a geografia brasileira tem trazido à luz das
do
ciências contribuições significativas de interdisciplinaridades além de
novos olhares científicos para o mundo globalizado. Consequentemente
aC
para a Amazônia, essas peculiaridades ajudam a pensar melhor um país tão
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grande como o Brasil. As discussões aqui trazidas são feitas de pelo amor à
são
pesquisa, da vontade de descobrir a ciência, e do agir do ser humano, essa
obra presenteia os amazônicos, os brasileiros, e toda a humanidade estes que
produzem histórias fascinantes, ultrapassam fronteiras do conhecimento.
i
de graciosidade.
Então, parabéns aos pesquisadores que inovaram e trouxeram à luz
op
da ciência suas pesquisas e abrilhantaram esta obra com capítulos que tem
como objetivo apresentar ao mundo a conquista do espaço na Amazônia
através da apropriação da Natureza e as Representações Sociais. Pessoas
E
sã
que com termos menos técnico, mais prazeroso de ler, menos rígido presen-
teiam o leitor com a geo-historiografia do norte brasileiro que favorecem
o firmamento da história e da geografia, assim como estudos de casos com
ricas informações locais.
Quando resolvemos nos juntar para organizarmos um livro e convidar
os colegas do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Fundação
12
r
V
surgir. Revisões, idas e voltas durante 6 (seis) meses, até que o produto final
uto
tivesse concluído com a chegada e inclusão de mais dois parceiros vindos
com estudo realizado na Universidade Federal do Pará – UFPA é a única
pesquisa feita sem ter nenhum membro da PPGG-UNIR, e estamos felizes
R
a
com esta parceria e com a grandiosidade do estudo que nos presenteiam.
Por todo o vínculo que temos a Instituições de Ensino Superior, aos
do
Grupos de Pesquisa, aos professores que nos auxiliam na busca de com-
preender os fenômenos da natureza, compreendemos que a parceria dos 15
aC
mestrandos, 12 mestres (destes 05 (cinco) estão doutorandos), 02 (dois)
É ser uma pessoa diferente e ao mesmo tempo “normal”, que sente fome,
medo, frio e calor... medo! Ah! Como sentimos medo! E se não acertar-
mos!!!!!????? Se o artigo não for aceito pela revista “X”? Será que meu
ara
orientador ou orientadora já leu? Ai! Está demorando tanto para dar retorno!
São tantas as dúvidas que temos! Ora temos medo, ora coragem. Mas
ver dit
A AMAZÔNIA BRASILEIRA
Maria de Jesus Morais1
r
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O livro Conquista do Espaço na Amazônia: apropriações da natureza
uto
e representações sociais é uma coletânea de capítulos que versam sobre a
produção espacial da Amazônia, principalmente dos estados do Pará, Acre
e Rondônia. Todos os capítulos têm como marco temporal do processo
R
a
que desencadeia os assuntos a partir da segunda metade do século XX.
A Amazônia brasileira a partir dos anos de 1960 foi alvo das políticas
do
públicas dos governos militares, bem como das iniciativas de grandes
grupos econômicos que viam nesta região um dos maiores celeiros de
aC
possibilidades de exploração econômica.
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são
O modelo desenvolvimentista implantado a partir da década de 1960
pelo governo dos militares (1964-1985) é caracterizado pela implantação
de uma malha técnica composta de rodovias, redes de telecomunicações,
subsídios ao fluxo de capital via incentivos fiscais e crédito a juros baixos
i
r
V
ser assentados ao longo das rodovias.
uto
Já no final dos anos de 1990 é introduzido o “vetor tecno-ecológico”,
ou questões referentes ao “desenvolvimento sustentável” na Amazônia.
Esse como resultado de quatro processos: da resistência das comunidades
R
a
tradicionais à expropriação de seus territórios; do esgotamento do nacional-
-desenvolvimentismo e da retração econômica do Estado brasileiro; da
do
pressão ambientalista nacional e internacional, contra o uso predatório
da natureza e por um novo padrão de desenvolvimento; e da resposta do
aC
governo brasileiro a essas pressões por meio da aceitação de projetos e
OCUPAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
TERRITORIAL NA PAN-AMAZÔNICA:
assentamentos rurais no estado de Rondônia
r
V
Danúbia Zanotelli Soares
uto
Introdução
R
a
A construção territorial de vários estados e cidades do Brasil foram ba-
seadas em demarcações e transformação do espaço natural pelo ser humano,
do
a fim de introduzir a agricultura e/ou pecuária como atividades econômicas.
aC
Situações como essa, ocorrem no Brasil desde o período colonial, quando os
portugueses, no século XVI, realizaram as primeiras atividades econômicas
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são
em solo brasileiro baseado no extrativismo a partir da extração do pau Brasil
e na agropecuária com o plantio de lavouras de cana de açúcar e pecuária
bovina. A territorialidade era marcada pela transformação do espaço natural,
bem como pelo sentimento de posse que as pessoas tinham ao se sentirem
i
r
V
que pertencem ao estado de Rondônia são conhecidas pelos portugueses
uto
desde o século XVII, quando ainda pertenciam ao domínio espanhol, nessa
época, os bandeirantes que estavam à procura de riquezas, como as drogas
do sertão e metais preciosos, passaram pelo local, entretanto não houve
R
a
interesse de imediato em efetivar a colonização do espaço, o que veio a
acontecer somente três séculos mais tarde (RIOTERRA, 2018).
do
A economia em Rondônia enquanto unidade federada esteve sempre
ligada a importantes ciclos econômicos, tanto quando este se denominava
aC
Território Federal do Guaporé, instituído pela lei n° 5.812 de 13 de setembro
r
V
dida que esses migrantes adentravam no espaço rondoniense, iam fixando
uto
moradia às margens da BR-34, e aos poucos foram surgindo às vilas que
anos mais tarde transformaram-se em cidades, a exemplo Ariquemes,
Ji-Paraná, Cacoal e Vilhena, que na contemporaneidade constituem im-
R
a
portantes cidades do estado de Rondônia, bem como são áreas de apoio a
população residente em municípios vizinhos, que procuram por serviços
do
não encontrados em seu local de residência.
A dinâmica adotada pelos Governos Militares com o lema “integrar
aC
para não entregar” e a “ocupação dos vazios demográficos”, levou a cons-
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V
outras regiões do país. Até a década de 1970 a ocupação territorial de
uto
Rondônia ocorreu através das migrações inter-regional e intra-regional
motivados pela procura de recursos naturais, sendo mais numerosos os
migrantes seringueiros, mineradores ou trabalhadores da construção da
R
a
BR-364, a partir daí, os fluxos migratórios passaram a ocorrer devido à
procura por terras.
do
Para atrair pessoas para o Estado de Rondônia o marketing que o Go-
verno realizava era a facilidade em adquirir áreas de terras muito maiores
aC
do que as que eram ofertadas em outros estados brasileiros. Outro fator
colonização, além dos que já existiam nesse período. Tal atitude foi ne-
cessária, levando em consideração os conflitos que poderiam surgir devido
op
Ariquemes
r
V
N
uto
O L
ná
S
ara
Guajará-Mirim Cacoal
Ji-P
LEGENDA
R
a
PIC – Ouro Preto – 1970
a
PIC – Sidney Girão – 1971
hen
do
PIC – Gy-Paraná – 1972
Vil
PIC – Paulo de Assis Ribeiro – 1973
aC
PIC – Burareiro/PAD Marechal Dutra – 1974
PIC – Padre Adolpho Rhol – 1975
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são
Fonte: Oliveira, 2005, p. 66.
r
Colorado D’Oeste e Alvorada D’Oeste.
V
A microrregião de Alvorada D’Oeste conta com oito projetos de assenta-
uto
mentos e um número total aproximado de 504 famílias assentadas. O primeiro
projeto implantado no local ocorreu em 1987, e o mais recente data de 2016.
Nessa microrregião, existem apenas 08 projetos de assentamento distribuídos
R
entre dois municípios. Percebe-se que os assentamentos ocorridos oficialmente
a
na microrregião de Alvorada D’Oeste começaram em 1987, no período do
Programa de Desenvolvimento Integrado para o Noroeste do Brasil (Polono-
do
roeste). Onze anos depois, no período do Planafloro, ocorreram o segundo e
aC
o terceiro projetos de assentamento, estendendo ao século XXI.
Nome do Projeto de
Código PA Data/Criação Município
Assentamento
i
RO0022000 PA Zerefiro 19/01/1987
rev
tamentos, (quadro 2) sendo que a maior parte destes são classificados como
PA, com exceção ao município de Ouro Preto do Oeste, em que há um PCA
e um PIC. O projeto mais antigo foi implantado em 1970 e o mais recente no
ano de 2011. O total de famílias assentadas aproxima a 6.705. Notório que
há usuários destas terras que não constam no censo oficial, mas que ocupam
áreas que foram repassadas por parentes, ou mesmo adquiridas por compra.
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 21
r
RO0020000 PA Djaru Uaru 28/08/1986
V
RO0023000 PA Pyrineos 19/01/1987
uto
Ji-Paraná
RO0025000 PA Itapirema 09/07/1987
RO0127000 PA Padre Ezequiel 09/04/2001 Mirante da Serra
RO0061000 PA Palmares 09/12/1996
R Nova União
a
RO0067000 PA Margarida Alves 28/11/1997
RO0006000 PIC Ouro Preto 30/12/1970
RO0064000
RO0215000 do PA Zumbi
PCA Luzinei Barreto
06/11/1996
07/11/2011
Ouro Preto
D’Oeste
aC
RO0065000 PA Chico Mendes 30/05/1997
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são
RO0068000 PA Chico Mendes II 09/12/1997 Presidente Médici
RO0080000 PA Chico Mendes III 03/07/1998
RO0050000 PA Santa Catarina 26/12/1995
RO0051000 PA Rio Branco 26/12/1995
i
r
V
RO0106000 PA Roncauto 21/07/1999
Corumbiara
uto
RO0226000 PA Renato Natan 26/10/2012
RO0232000 PA Alberico Carvalho 23/10/2013
RO0233000 PA Maranata II 23/10/2013
RO0234000 PA Alzira A. Monteiro 23/10/2013
R
Fonte: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA.
a
Os municípios que fazem parte da microrregião de Vilhena possuem 19
do
projetos de assentamentos, realizados entre 1986 e 2013 (quadro 4). Dentre
aC
os quais, apenas um PCA e dezoito PA. Tais áreas dividem-se entre seis
municípios, onde o número de famílias assentadas gira em torno de 2,498,
r
V
Quadro 5 – Projetos de Assentamento na Microrregião de Cacoal
uto
Nome do Projeto de
Código PA Data/Criação Município
Assentamento
RO0096000
R PA Filadelfia 30/09/1998
a
RO0098000 PA Aguinel Divino 30/09/1998
RO0108000
do
PA Rio Consuelo 01/09/1999 Alta Floresta D’este
aC
RO0164000 PDS Rolim De M. Do Guaporé 21/12/2006
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são
RO0188000 PA Santa Bárbara 18/12/2009
Nome do Projeto de
Código PA Data/Criação Município
Assentamento
r
RO0191000 PA Bom Jesus 02/06/2010
V
uto
RO0199000 Resex Rio Cautário Estado 04/11/2010
R
RO0219000 PA Santa Izabel 26/12/2011
a
RO0221000 PA Rio Azul 14/08/2012
do
RO0222000 PA Rio Azul II 14/08/2012
aC
RO0223000 PA Rio Azul III 14/08/2012
RO0144000
são
Resex Barreiro Das Antas 04/11/2002
São Francisco
RO0141000 PA Cautarinho 30/08/2002
do Guaporé
op
r
V
RO0087000 PA São Pedro 19/10/1999
uto
RO0088000 PA Reviver 19/11/1999
RO0109000 PA Santa Helena 16/09/1999
Buritis
RO0121000 PA São José Do Buritis 27/10/2000
R
a
RO0122000 PA São Paulo 27/10/2000
RO0125000 PA Oriente 20/11/2000
RO0131000
RO0176000
do PA Jatobá
PA Norte Sul I
22/06/2001
23/06/2008
aC
RO0180000 PA Rabo do Tamanduá 22/12/2008
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Campo Novo
RO0124000 PA São Carlos 20/11/2000
De Rondônia
RO0158000 PA Altamira 27/04/2004
or
continua...
26
continuação
Nome do Projeto de
Código PA Data/Criação Município
Assentamento
RO0016000 PA Cujubim 03/07/1984
RO0047000 PA Cujubim II 11/12/1995
RO0049000 PA Américo Ventura 26/12/1995
Cujubim
RO0078000 PA Renascer 17/08/1999
RO0079000 PA Agostinho Becker 17/08/1999
r
V
RO0231000 PA Dois De Julho 20/08/2013
uto
RO0009000 Pic Sidney Girão 13/08/1971
RO0116000 PA Francisco João 31/07/2000
RO0117000 PA Floriano Magno 31/07/2000
R
RO0118000 PA Esmosina Pinho 24/08/2000
a
Nova Mamoré
RO0119000 PA Ivo Inácio 31/07/2000
RO0147000 PA Marechal Rondon 05/12/2002
do
RO0148000 PA Igarapé Azul 05/12/2002
RO0149000 PA Rosana Lecy 28/11/2001
aC
RO0048000 PA São Francisco 06/12/1995
r
V
RO0012000 PAD Burareiro 21/01/1974
uto
RO0026000 PA Jatuarana 26/02/1988
RO0094000
do PA Joséodon 27/07/1998
aC
RO0112000 PA Jandaira 31/07/2000
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
RO0157000 PA Migrantes 18/04/2004 Ariquemes
r
V
RO0200000 Resex Jatoba 05/11/2010
uto
RO0201000 Resex Massaranduba 05/11/2010
R
RO0203000 Resex Angelim 05/11/2010
a
RO0204000 Resex Freijo 05/11/2010
do
RO0206000 Resex Castanheira 05/11/2010
aC
RO0207000 Resex Maracatiara 05/11/2010
RO0209000
Resex Itauba
Resex Aquariquara
são 05/11/2010
05/11/2010
5.164 famílias”. A partir daí o espaço natural foi dando lugar à implantação
de outros projetos de colonização.
Os assentamentos foram uma tentativa de resolver conflitos agrários
decorrentes da ocupação das terras, bem como regularizar as áreas ocupadas
e propiciar aos assentados segurança em relação à posse da terra. Ao longo
dessas quatro décadas o número de assentamentos a que se teve acesso no
site oficial do INCRA foram de 184 que proporcionaram a aproximadamente
r
42,139 famílias o acesso a terra.
V
É difícil analisar o número de habitantes, bem como a porcentagem que
uto
tais projetos representam em relação à população total do estado e até por
município, devido o fato de que nem todos os assentados estão devidamente
cadastrados no site do órgão federal, mas sabe-se da importância dos mesmos
R
que possibilitaram a construção do espaço geográfico e desenvolvimento eco-
a
nômico do estado de Rondônia. Na tabela 1 é possível analisar o crescimento
em número de habitantes após a implantação de tais projetos de assentamento
no estado de Rondônia.
do
aC
Tabela 1 – Evolução do crescimento populacional de Rondônia 1950 -2000
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
EVOLUÇÃO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL DE RONDÔNIA
DISTRIBUIÇÃO E DENSIDADE DEMOGRÁFICA – 1950 / 2000
População População
Densidade
i
demográfica
rev
Considerações finais
r
V
ainda para a criação de vários municípios, a exemplo de, Ariquemes,
uto
Ji-paraná e Vilhena, entre outros. Sendo ainda área de referência para
municípios adjacentes.
É imprescindível citar os esforços dos bravos migrantes, que mesmo
R
sem condições de infraestrutura adequada, enfrentando dias de sol, chuva
a
e muita poeira para chegar às terras rondonienses através de uma rodovia
sem pavimentação não desistiram, desafiando a floresta fechada, as doenças
do
endêmicas e seus próprios limites. De longe, percebe-se que o controle
aC
sobre a ocupação dessas terras fugiu do poder dos órgãos governamentais,
REFERÊNCIAS
r
V
CUNHA, Eliaquim Timotéo da; MOSER, Lilian Maria. Os projetos de colo-
uto
nização em Rondônia. Revista Labirinto, Ano X, n. 14, dez. 2010.
a
Federal de Rondonia. Tese de mestrado. Porto Velho, 2008.
do
OLIVEIRA, Ovídio Amélio de. Geografia de Rondônia: espaço e produ-
aC
ção. 3. ed. Porto Velho, 2005.
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
RIOTERRA. Contexto prévio: Rondônia. Disponível em: <http://rioterra.
org.br/pt/wp-content/uploads/2011/07/analise_socioeconomica_do_entorno_
da_area_de_concessao_publica_parte_ii.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2018.
i
FORMAÇÃO DE ASSENTAMENTOS
RURAIS NA AMAZÔNIA: análise
crítica na execução de projetos de
r
colonização em Rondônia – Brasil
V
uto
Tânia Olinda Lima
Rogério Nogueira de Mesquita
Denes Luís Reis Pedrosa
R
a
Introdução
do
aC
Ao adentrarmos a história, não é difícil perceber que todos os países con-
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
manobra tem recebido o nome de “Reforma Agrária” até o presente. E por que
não chamá-la categoricamente de reforma agrária? Ao analisarmos o cenário,
ver dit
podemos facilmente perceber que, o que existe de fato não é um plano estrutu-
rado e consciente que compreenda que essa atitude diminuiria as desigualdades
op
fundiárias, conflitos e mortes no campo, mas que se trata de uma ação que existe
por motivo de lutas inclusa na pauta de reivindicação dos movimentos sociais.
Para Junior (2011, p. 6) “[...] são as ações de reivindicação e luta pela terra,
E
desapropriação de fazendas e áreas rurais que não cumprem função social exigida
pela Constituição Federal de 1988”. Nesse contexto, os estudos de assentamentos
rurais provenientes de “Reforma Agrária” são muito recentes na história nacional.
No entanto, nos últimos tempos tem sido um tópico muito presente na agenda
dos encontros, simpósios, colóquios, seminários e Programas de Pós-Graduação
Stricto Sensu em diferentes escalas.
34
r
massas camponesas. Este fato agravou o processo de marginalização daqueles que
V
ocupavam o espaço rural rondoniense. A agricultura foi inicialmente praticada nas
uto
pequenas propriedades rurais, porém foi substituída pela agropecuária implantada
nas grandes fazendas que se formaram com a venda das parcelas dos colonos.
Porém, os que realmente se beneficiaram dos projetos de colonização foram
R
os fazendeiros e as empresas do agronegócio, o que resultou na desigualdade
a
social, aceleração da urbanização e o agravamento de conflitos agrários. Desta
forma, constata-se que a política de colonização agrícola não garantiu a estabi-
do
lidade econômica dos camponeses, pois são meros executores da derrubada da
aC
floresta. Estes sem acesso aos meios de produção não conseguiam rentabilidade
econômica, o que favoreceu a venda das parcelas que já estavam valorizadas
melhorias aos mesmos. Esta fase, segundo Becker (2004), foi ainda marcada por
intensos conflitos sociais e impactos negativos: conflitos de terra entre fazendeiros,
or
r
V
agrícola e a prática do extrativismo, os quais asseguram sua sobrevivência; os
uto
avanços da pecuária, inclusive em áreas têm surgido no sentido de concretizar
uma Política Fundiária para a Amazônia. Porém, nota-se que estes surgem
mais em decorrência de pressões institucionais em níveis internacionais, na-
R
cionais e regionais para que os governos pensem em políticas públicas que
a
possibilitem o desenvolvimento com equilíbrio da Região.
Todavia, tais governos comentem equívocos neste sentido, em virtude
do
do desconhecimento das realidades geográficas locais, aliado ao fato das
ações nesta direção serem pensadas por técnicos que além de desconhecerem
aC
estas realidades, desconsideram a complexidade da dinâmica do Sistema
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r
nais de diferentes culturas substanciando o acesso ao novo e ao desconhecido.
V
Todavia, por trás da decisão de migrar se esconde sempre, um conjunto de
uto
condições concretas de vida que tornam tal opção uma consequência inevitável
(BECKER, 1982). Muitos camponeses tiveram acesso a terra através dos projetos
e programas de colonização, outros optaram para ir colonizar as áreas urbanas
R
que estava se constituindo. No entanto, estas vilas não tinham capacidade para
a
absorver todos os trabalhadores, gerando o aumento da pobreza e desemprego,
para aqueles que optaram em permanecer nos assentamentos rurais, também
do
encontraram dificuldades, principalmente, de adaptação pelas condições do
aC
solo ou clima de Rondônia.
Muitos acostumados com a agricultura desenvolvida no Sul e Sudeste do
analisados por eles no Pará corresponde a 25% do total regional, levando a pensar
que os assentamentos têm um papel importante na manutenção e na expansão
op
r
A contemporaneidade dos projetos de assentamento rural
V
em Rondônia
uto
Segundo o Incra, foram criados 9.374 assentamentos no Brasil que são
áreas já desapropriadas e destinadas oficialmente para a reforma agrária. Ainda
R
a
assim há uma grande quantidade de acampamentos, ou seja, áreas ocupadas,
mas que não são de posse dos camponeses. Segundo o Incra, em 2017 não
do
foram assentadas famílias, foram criados apenas 25 novos projetos de assen-
tamentos “com área total de 41.088 hectares e capacidade de assentamento
aC
de 1.608 famílias”.
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Este feito foi conseguido devido a Lei nº 6.383/76, que veio substituir
a de nº 9.760/46, até então em vigor, possibilitando, através de uma ação
conjugada dos Projetos Fundiários em Rondônia, acelerar o processo de
discriminação de terras e arrecadando para a União, em 1977, um total de
5. 630. 700 ha, em todo o Território. Esse resultado só pôde ser obtido por-
que a nova Lei, através do seu artigo 28, permite reduzir muito os custos do
processo discriminatório, e ao mesmo tempo estabelece procedimentos que
r
lhe imprimem maior rapidez.
V
As populações beneficiárias destas terras foram assentadas por meio dos
uto
Projetos de Assentamento do Incra, esses eram camponeses sem-terra prove-
nientes, em sua maioria, do fluxo migratório que demandava Rondônia, além
de fazerem parte de uma faixa social que se fazia necessário maiores oportu-
R
nidades de emprego, pois este contingente contava apenas com um recurso:
a
sua força de trabalho. Ademais estes dispunham de experiência agrícola e
inicia a produção de novas culturas em determinadas áreas, como foi o caso
do
do café, com camponeses provenientes sobretudo do Paraná e Espírito Santo.
aC
A ação do Incra em Rondônia, no sentido de proceder a uma ordenação
do espaço e da ocupação, vem comprovando a existência de terras públicas
r
V
uto
R
a
do
aC
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são i
rev
or
ara
ver dit
op
E
sã
r
Ariquemes, criada para substituir a “Velha Ariquemes”; os Projetos Marechal
V
Dutra e Burareiro; Vila Rondônia, cujo crescimento apresenta ritmo acelerado,
uto
embora também desordenado, desde a implantação do Projeto Ouro Preto, em
1970, situado 40 km ao sul. De acordo com Cunha e Moser (2010, p. 128),
“apenas nos coletivos denominados Pau de Arara, entraram no território cerca
R
de 3.150 (três mil cento e cinquenta) famílias no período de 1975 a 1977. Esta
a
corrente migratória tornou-se cada vez mais crescente originando uma verdadeira
explosão demográfica”.
do
A procura cada vez maior por terras fez com que o INCRA desenvolvesse
aC
novos tipos de Projetos de Assentamento, tendo agora o principal objetivo de
assentar as famílias que dia após dia adentravam o espaço territorial rondoniense.
Projeto de
de produção de responsabilidade da União;
Assentamento Federal PA
Infraestrutura básica (estradas de acesso, água e energia
elétrica) de responsabilidade da União; Titulação (Concessão
op
continua...
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 41
continuação
r
V
414, de 11/07/2017, Infraestrutura básica (estradas de acesso, água e energia
uto
publicada no Diário elétrica) de responsabilidade do Governo Federal e Municipal;
Oficial da União). Diferencia-se pela proximidade à centros urbanos e pelas
atividades agrícolas geralmente intensivas e tecnificadas;
Titulação de responsabilidade do município.
R
a
Reconhecimento pelo INCRA de áreas de Reservas Extrati-
vistas – RESEX como Projetos de Assentamento viabilizando
Reservas Extrativistas
doRESEX
o acesso das comunidades que ali vivem aos direitos básicos
estabelecidos para o Programa de Reforma Agrária; A obtenção
de terras não é feita pelo INCRA, mas pelos órgãos ambiental
aC
federal ou estadual quando da criação das RESEX.
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são
De competência do IBAMA; São unidades de conservação de
uso sustentável reconhecidas o pelo INCRA como beneficiárias
do Programa Nacional de Reforma Agrária – PNRA, viabilizando
Reserva de
RDS o acesso das comunidades que ali vivem aos direitos básicos
Desenvolvimento
i
Observação: Além das modalidades acima, o Incra já criou e tem cadastrado em seu
Sistema de Informações de Projetos da Reforma Agrária (SIPRA) os Projetos de Coloni-
ara
des deixaram de ser criadas a partir da década de 1990, quando entraram em desuso.
Eram previstas ainda outras modalidades que, no entanto, nunca foram criadas.
op
r
V
Ao entrar no contexto geopolítico da estrutura fundiária em Rondônia,
uto
é verificado até os dias atuais conflitos no campo que gerou diversas mortes
e poucas prisões por parte dos assassinos. A Comissão Pastoral da Terra
desde 1985 realiza uma pesquisa em âmbito nacional sobre os conflitos e
R
violência no campo, em sua última edição (2016) aponta que Rondônia foi
a
responsável 34,4% das mortes por conflitos agrários no Brasil, portanto o
problema de terras em Rondônia é grave e antigo.
do
Segundo o Incra (2016), Rondônia tem 106 áreas em situação de dis-
aC
puta, em 23 municípios, ao todo são 8.759 famílias acampadas, sendo 25%
r
V
de relacionar produção e aproveitamento de recursos naturais.
uto
Diferentemente da propriedade fundiária capitalista, Wanderley (2009)
traz em seu livro “O mundo Rural um espaço de vida” uma reflexão sobre a
propriedade da terra na agricultura familiar e na ruralidade, destacando que
R
a propriedade fundiária capitalista explora, até o esgotamento, a fertilidade
a
natural do solo, geralmente em grandes extensões de terras sob a forma de
equipamentos e insumos agrícolas, portanto, a propriedade fundiária nestes
do
moldes é, assim, o elemento central, através do qual se efetua a dominação
aC
indireta do capital na agricultura. No caso da agricultura familiar estas
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Considerações finais
r
V
principalmente para a diminuição do êxodo rural.
uto
No entanto, torna-se difícil acreditar em um discurso de Reforma
Agrária consciente e planejada, quando o próprio governo foi o principal
responsável por estimular as grandes ocupações de terra, sem levar em
R
consideração os moradores que já existiam na localidade. Esta fase foi e
a
ainda continua sendo marcada por intensos conflitos sociais e impactos
entre fazendeiros, posseiros, seringueiros e indígenas, desflorestamento
do
desenfreado pela abertura de estradas, exploração da madeira seguida da
aC
expansão agropecuária e intensa mobilidade espacial da população.
por parte do poder público uma política agrária efetiva que vise combater a
sobreposição de territórios, a precariedade de política fundiária, que bene-
ver dit
presentes no campo.
sã
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 45
REFERÊNCIAS
AMARAL, José Januário de Oliveira. Mata Virgem: Terra Prostituta. São Paulo:
Terceira Margem, 2004. 127 p.
BECKER, Bertha Koifmann. Geopolítica na Amazônia: a nova fronteira de
r
recursos. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
V
uto
BERTOLINI, Valéria Andrade; CARNEIRO, Fernanda Ferreira. Considerações
sobre o planejamento espacial e a organização da moradia dos assentamentos de
reforma agrária no DF e entorno. Rev. Libertas, Juiz de Fora, edição especial,
p. 202-226, fev. 2007. R
a
CONCEIÇÃO, Junia Cristina Peres Rodrigues; CONCEIÇÃO, Pedro Henrique
do
Zuchi da. A necessidade de uma nova política de comercialização agrícola. In:
Anais... Congresso da SOBER, 47. Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009.
aC
Porto Alegre: [s.n.], 2009.
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
COY, Martin. Desenvolvimento Regional na Periferia Amazônica: Organi-
zação do espaço, conflitos de interesses e programas de planejamento dentro de
uma região de “ponteira”. O caso de Rondônia. 1989. 175 f. Tese (Doutorado em
Geografia). Universidade Federal do Pará. Belém.
i
rev
derações sobre a materialização dos assentamentos rurais. Agrária, São Paulo. 2011.
LIMA, Tânia Olinda; LOCATELLI, Marília. O sangue que escorre nas mãos da
op
r
V
uto
Introdução
R
Consideramos importante tratar como as ações estatais na tentativa de
a
resolver a questão agrária, foram fundamentais para o processo que ficou
conhecido como “ocupação da Amazônia”, gerou a produção do espaço de
do
Rondônia em especial com a participação camponesa. A construção e dis-
seminação desse discurso foram bastante utilizadas como justificativa para
aC
integração desta nova fronteira ao restante do país.
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são
Neste processo, é dada maior ênfase a colonização de Rondônia, área de
interesse deste estudo. Buscamos neste recorte histórico demonstrar como o
processo migratório, incentivado pela forte propaganda estatal, levou a uma
elevada atração, entre outros, de camponeses para o “Eldorado”, justificando
i
Rondônia.
or
negar que há grupos de estudos que buscam por desenvolver pesquisas na área,
como o Grupo de Pesquisa em Gestão do Território e Geografia Agrária da
Amazônia (GTGA/UNIR), coordenado pelo professor geógrafo Dr. Ricardo
E
sã
r
V
morador do estado, estando em outra parte do país, ao citar ser de Rondônia,
uto
recebeu olhares de estranhamento, por não ser indígena, se for o caso. Desta
informação, normalmente muitos questionamentos surgiram, quando em um
diálogo com alguém que nunca visitou esta unidade federativa.
R
Numa capa da revista “Veja” do ano de 1982, retrata uma família traba-
a
lhando numa plantação. O sorriso nos rostos certamente procura demonstrar a
felicidade daqueles que vieram para o Eldorado e conseguiram a tão sonhada
do
terra que permitia a sobrevivência da família por meio da agricultura. Esta
aC
edição foi divulgada já nos últimos anos do regime militar, mas representa
ciais que já povoavam a região antes mesmo das políticas que viriam a ser
implantadas pelo Estado. Mesmo assim, o termo “ocupação”, era fortemente
utilizado a partir dos anos de 1960, relacionado à ideia da Amazônia como
grande vazio demográfico. Tal processo foi analisado por Amaral (2004)
que expõe o,
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 49
r
V
Desta citação queremos evidenciar a parte grifada que nos faz ques-
uto
tionar, quem eram esses homens sem-terra que deveriam migrar? Uma
primeira resposta a essa pergunta seria que tais homens, em grande parte,
eram familiares que já sofriam com os efeitos da forte inserção do Capital
R
no espaço agrário e a formação dos complexos agroindustriais que já es-
a
tavam amplamente disseminados no sudeste e sul do país, levando a uma
intensa concentração das terras e dispensando a mão de obra de várias
famílias camponesas.
do
aC
Esse contexto também é descrito por Costa Silva (2017) que destaca
que o Governo Militar (1964-1985) redesenhou uma nova geografia regional,
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
ao buscar por resolver os problemas que estava aflorando por todo o país:
“os conflitos agrários” que por conta da expansão das fronteiras internas
entre outras políticas de colonização. Todo este movimento já era uma con-
sequência da tecnologia chegando ao campo, levando milhares de famílias
i
rev
O Governo Militar não poderia resolver a questão agrária sem pensar nos
interesses dos investidores das grandes empresas internacionais, a expansão
da agropecuária, por exemplo. “O governo procurou ajustar o problema da
terra aos objetivos do desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo,
E
sã
r
V
esse período. Um primeiro passo foi a Lei de 1.806, de 6 de janeiro de
uto
1953 que normatizou o Plano de Valorização da Amazônia já era previsto
na constituição de 1946 criada no mandato de Eurico Gaspar Dutra. Esta
lei estabeleceu os interesses nacionais para a Amazônia.
R
Seus objetivos foram: a) Assegurar a ocupação da Amazônia em um
a
sentido brasileiro; b) Constituir na Amazônia uma sociedade economica-
do
mente estável e progressista, capaz de, com seus próprios recursos, prover
a execução de suas tarefas sociais; c) Desenvolver a Amazônia num sentido
aC
paralelo e complementar ao da economia brasileira. Tais objetivos ficaram
histórico foi marcado pela Guerra Fria, em que a disputa ideológica entre
Socialismo de Capitalismo polarizava o mundo entre os que se aliavam ou a
União Soviética ou aos Estados Unidos da América. Nesse período o Brasil
representado pelos militares manteve alianças com os EUA, de modo que
esses tiveram grande influência nas ações políticas e econômicas brasileiras.
O cenário na época era marcado por uma forte inserção do Capital na
indústria, e por consequência na agricultura, ao passo que se consolidavam
r
V
com maior força as lutas dos movimentos sociais e agrários no campo, com
uto
o surgimento de organizações e ligas camponesas, apoiadas pelos Sindicatos
Rurais e Instituições como a Igreja Católica por intermédio da Comissão
Pastoral da Terra – CPT.
R
Para acalmar os ânimos dessa época turbulenta da história do país, ainda
a
no primeiro ano Castelo Branco, primeiro presidente do Regime Militar,
do
promulgou Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, que dispõe sobre o
Estatuto da Terra. A propriedade privada das terras do país já havia sido
aC
garantida pela Lei de Terras 1850. O Estatuto da Terra vem no ensejo de
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as fontes dos recursos que seriam destinados para realização dos projetos.
As ações era parte das estratégias Geopolíticas do Governo Militar para
manter a soberania sobre as terras, especificamente as terras devolutas, ou
E
sã
r
V
e capital da inciativa privada para a região. Tais recursos foram implemen-
uto
tados também por contrapartida pública intermediada pelo BCA que foi
fundamental. Segundo Becker (1991, p. 27), entre 1966 e 1985, 590 projetos
agropecuários foram aprovados pela SUDAM, para implantação em 134
R
a
municípios. Assim, este processo leva a apropriação de terras por grandes
fazendeiros e expulsão dos posseiros.
do
Outra importante política se deu no Governo de Emílio Médici, em 1970,
ao lançar o Programa de Integração Nacional – PIN instituído pelo Decreto-
aC
-Lei nº 1.106, de 16 de junho de 1970. Tal programa tem uma direta ligação
pação, e vão de certa forma definir o traçado das áreas que serão ocupadas
em primeiro e segundo plano, o que está diretamente ligado à forma como
o território foi sendo povoado por diferentes grupos sociais. Este último
autor nos oferece uma classificação baseada na tipologia, direção e principais
eixos que foram constituídos na época.
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 53
Tipologia
Das Direção Principais eixos
Rodovias
r
V
uto
BR – 174 (Cáceres – Boa Vista)
Longitu-
Direção Norte-Sul
dinais
BR – 101 (Sul – Nordeste)
Transversais
R
Rodovias disposta na direção leste- oeste BR – 230 (Transamazônica)
a
BR – 364 (São
Rodovias disposta na direção noroeste- Paulo-Rondônia-Acre)
Diagonais
do
sudeste e nordeste – sudoeste
BR – 319 (Porto Velho – Manaus)
aC
BR – 421 (Ariquemes,
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Fonte: Costa Silva (2010) extraído originalmente do Ministério dos Transportes, 2008.
rev
or
r
V
de entraves, o que incluía, inclusive, audiência com o Ministro da Agricultura,
uto
porém por diversas estratégias típicas dos militares jamais viria a acontecer.
Direto do auge da implantação dos Projetos de Assentamentos rurais
Martins (1984) discursa que,
R
a
A reforma agrária ficou, portanto, circunscrita aos casos de tensão social
grave, em áreas prioritárias, quando então pode haver a desapropriação
do
por interesse social, e aos casos de reassentamento de mini fundiários, ou
vítimas de conflitos, em outras regiões. As regiões de reassentamento e
aC
colonização seriam as regiões pioneiras, o que já naquele momento queria
dizer fundamentalmente o que viria a ser em pouco a Amazônia Legal.
r
Temos então, um modelo que não deu solução ao problema dos que es-
V
tavam sem terras, mas apenas a sua conveniente transferência para a fronteira
uto
Amazônica. A intenção de o Governo Militar como fica evidente no texto de
Perdigão e Bassegio (1992) é de escamotear as pressões em torno da reforma
agrária. Muitos aceitaram as propostas governamentais, outros preferiram
R
permanecer lutando no mesmo local em várias partes do país.
a
Essa oportunidade não foi dada igualmente a qualquer interessado, al-
guns chegavam a passar por um processo seletivo, por meio de entrevistas
do
realizadas pelo INCRA, que iria qualificar se os migrantes tinham ou não o
aC
perfil desejado para receberem a terra e os incentivos governamentais. Neste
processo, muitos foram mais uma vez espoliados da oportunidade do acesso
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
a terra, em especial os que não detinham capital de contrapartida.
Perdigão e Bassegio (1992) pontuam que não houve uma reforma agrária,
o que de fato ocorreu foi colonização e regularização fundiária. Trouxemos Per-
digão e Bassegio justamente por terem pontuado esta questão nos idos dos anos
i
reforma seria em Estados que estavam com problemas como o Paraná e outros
que os agricultores não tinham onde trabalhar. Mas com as falsas promessas o
or
Governo criou o “Eldorado Rondônia” que para muitos acabou sendo a perdição.
Tal realidade só viria a ser constatada mais tarde, em alguns casos, quando
ara
na chegada ao novo território. O que ocorreu foi que por muito tempo os
migrantes foram iludidos por todas aquelas propagandas. Além da busca da
ver dit
terra, outro fator que com certeza contribuiu muito para motivar a vinda de
muitos eram as condições de desemprego no Sul e Sudeste, gerado pela crise
op
r
V
melhor distribuir os migrantes que viriam a ser assentados.
uto
Efetivação da colonização
R
A ideia da colonização dirigida se efetivou em Rondônia, mediante os
a
Projetos Integrados de Colonização – PIC, Projetos de Assentamentos Diri-
gidos – PAD, Projetos de Assentamentos – PA e Projetos de Assentamento
do
Rápido – PAR. Foram aplicados em diferentes espaços e épocas no Estado.
Previa uma ampla e distribuída estrutura prevendo também de como se daria
aC
a organização social, tendo como fator central um ordenamento no qual o
com suas próprias mãos de acordo com o modelo oficial, tendo depois sua
situação regularizada. Mas em contrapartida, o fluxo populacional excedeu
em muito a capacidade de controle do INCRA – a população cresceu de
op
r
V
num momento Político de desestímulo à migração, numa reportagem da Re-
uto
vista Veja de 27 de agosto de 1980 os termos das notícias sofrem drásticas
mudanças em relação às referências anteriores, o “Eldorado” passa a ser
tratado de “Faroeste Brasileiro”. A realidade enfrentada por muitos daqueles
R
que vieram passa a ser noticiada como forma de conter o aumento do fluxo
a
de colonos que sempre se manteve crescente apesar das dificuldades.
Tendo em vista as dificuldades encontradas pelo próprio INCRA em
do
acompanhar e assentar todos os colonos migrantes que chegavam sem parar
aC
em grande volume. Neste contexto, a partir de 1980 o INCRA passa a executar
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a partir dos Projetos de Assentamentos – PA, previstos para áreas mais afasta-
das dos projetos anteriores, e representam um modelo de descentralização da
op
r
V
inevitável (BECKER, 1991, p. 40-42).
uto
Verificamos que a esses conflitos não foi prestada a devida atenção,
nem tão pouco, o deslocamento dos envolvidos para a fronteira Amazô-
nica foi capaz de resolver a questão agrária. Afinal, a realidade encontrada
R
a
nas novas terras, apenas repetia o que já era vivenciado na origem. Como
resultado, destaca Martins (1982, p. 86) “[...] a Amazônia tornou-se uma
do
das regiões mais tensas do país, exatamente porque nela estão acumuladas
tensões geradas em outras áreas o que faz dela uma região de desespero”.
aC
Assim, por vezes, a frustração e revolta era ainda maior atenuando as rein-
fundiária em 1982 e que não receberam terra. Além destas famílias haviam
or
Considerações complementares
r
V
fato cadastradas. Outras tantas nem sequer chegaram a ser somadas à
uto
estatística e iam por conta própria, procurando alguma propriedade para
oferecer sua força de trabalho.
Até 1985 houve aumento da quantidade e extensão das grandes pro-
R
priedades rurais do estado. Esse fato deve-se a redução das políticas de
a
incentivos voltadas à pequena produção, o que nos leva a perceber como
os camponeses são deixados de lado em relação às ações de apoio a sua
do
produção, ou seja, vemos assim a influência do paradigma do capitalismo
aC
agrário diretamente nas ações governamentais e repercutindo diretamente
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desigual deste modelo econômico rural, ainda podemos afirmar, a luz dos
dados levantados, que a presença da pequena propriedade ainda é predo-
or
minante. Por outro lado, caso não sejam criados mecanismos políticos e
sociais que atendam ao modo de vida no campo, observaremos nos próxi-
ara
não dão conta de sanar os principais problemas vivenciados por esta parcela
sã
REFERÊNCIAS
AMARAL, José Januário de Oliveira. Mata Virgem: Terra Prostituta. São Paulo:
Terceira Margem, 2004. 127 p.
BECKER, Koifmann Bertha. Amazônia. São Paulo: Ática, 1991.
r
V
BRESCIANI Dério Garcia. Questão Agrária e Espaços Camponeses em
uto
Rondônia. 2018. 157 f. Orientador: Dr. Ricardo Gilson da Costa Silva. Disser-
tação (Mestrado em Geografia) – Fundação Universidade Federal de Rondônia,
Departamento de Geografia, Porto Velho, Rondônia, 2018.
R
a
COSTA SILVA, Ricardo Gilson da. Da apropriação da terra ao domínio do territó-
rio: as estratégias do agronegócio na Amazônia brasileira. International Journal
do
Of Development Research, v. 7, p. 17699-17707, 2017.
aC
______. Dinâmicas Territoriais em Rondônia: conflitos na produção e uso do
Vozes, 1981.
op
Hucitec, 1982.
PERDIGÃO, Francinete; BASSÉGIO, Luiz. Migrantes Amazônicos: Rondônia
a Trajetória da Ilusão. São Paulo, Loyola, 1992.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino. Modo de Produção Capitalista, Agricultura
e Reforma Agrária. São Paulo: Labur Edições, 2007.
CAPÍTULO IV
r
V
Willimis Alves Pereira
uto
Juander Antonio de Oliveira Souza
Mauro José Ferreira Cury
R
a
Introdução
do
Este capítulo tem como objetivo analisar algumas das transformações
aC
recentes que vem acontecendo nas propriedades brasileiras, principalmente
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O reflorestamento tem sido uma das soluções para que a flora e a fauna
sejam preservadas, pois o uso dos bens naturais mostra-se em processo de
degradação e a sustentabilidade é o que realmente poderá salvar o Planeta
Terra de uma situação irreversível, o que poderá levar ao extermínio da vida
neste planeta. Uma das causas do desmatamento é a expansão das áreas para
o plantio de pasto para a criação de gado, ou monocultura.
Considerando que o Estado de Rondônia possui uma grande área des-
r
V
matada e possui quatro municípios (Machadinho do Oeste, Rolim de Moura,
uto
Porto Velho e Nova Mamoré) apontados nas Operações Arco de Fogo e
Arco Verde, ou seja, Rondônia está no Arco de Fogo da Amazônia Legal.
O constante desmatamento passa a ser preocupação não só do Governo
R
como de toda a sociedade organizada. Assim, a contabilidade, socialmente
a
responsável, passa a ter papel predominante na estruturação dos custos do
desmatamento e restituição da natureza.
do
O desmatamento no Brasil é assunto notório e de constantes discussões.
aC
Impõem-se leis que obrigam pequenas e grandes propriedades a preservar
Os sistemas agroflorestais
r
V
que viesse a demarcar território numa região geograficamente pouco habitada.
uto
Com o surgimento de novas técnicas de conservação da natureza aliadas
ao aumento da produção do campo surgiu os Sistemas agroflorestais SAF’s,
que nada mais é o uso do solo, onde são associados plantio de árvores com
R
cultivos agrícolas e/ou pastagens com animais, onde a produção do campo é
a
otimizada ao mesmo no tempo e no mesmo espaço. Esse modelo de plantio
vem alterando o espaço rural de maneira muito positiva, pois fortalece a
do
agricultura familiar na Amazônia gerando renda e melhorando a qualidade
ambiental. Nos últimos anos estudos têm sido feito para caracterizar e propor
aC
novos arranjos de sistemas agroflorestais, boa parte tem sido feita no modelo
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são
agroecológico, já que os pequenos agricultores familiares na maioria não
possuem recursos econômicos para investir em insumos de alto custo.
Os SAF’s são considerados como alternativa apropriada para os trópicos
úmidos por se assemelharem à floresta primária, aliado a presença de grande
i
XX, por Smith et al. (1996). São reconhecidos como mais sustentáveis e
or
proporciona entre as diferentes espécies, usadas nos SAF’s, uma boa relação
de matéria orgânica, assim como ajuda na fixação de nitrogênio, assim como
na conservação/preservação do solo. Ou seja, trazem inúmeras melhorias nos
sistemas produtivos das pequenas propriedades. Onde as áreas produtivas são
otimizadas, o solo apresenta melhoras significativas quanto à quantidade de
matéria orgânica visível, principalmente quando confrontado a forma anterior
à implantação do sistema.
64
r
V
ficá-los, entretanto a de uso mais difundido é a apresentada por Daniel et al.
uto
(1999), em que envolvem tanto a retenção, quanto a introdução de árvores
frutíferas ou lenhosas junto a produção agrícola ou de animal, com o objetivo
de se ter benefícios econômicos, ecológicos e sociais, simultaneamente. Por
R
conta da interação e econômica entre as variações de componentes, os SAF’s
a
são classificados como sistema estrutural, eficiente e eficaz, com funções mais
complexas do que as monoculturas.
do
Desta forma, os SAF’s constituem-se em modalidade viável de uso da
aC
terra, sob o princípio do rendimento sustentado, que permite aumentar a
chowski (1994), Castro et al. (1996), Smith et al. (1996) e Daniel et al. (1999),
aqui copiladas consideradas como atuais, apresentam diversos fatores que
or
r
lução quanto à maturidade da percepção da importância e uso dos sistemas,
V
pouco se tem diferenciado na região norte brasileira. Contudo, percebe-se um
uto
crescente estudo sobre a temática, a exemplo de estudos da pesquisadora da
Embrapa Marília Locatelli com centenas de pesquisas realizadas e publicadas
ao longo de sua vida profissional.
R
a
Agropastoril e o reflorestamento
do
O agropastoril apresenta-se como uma alternativa, contudo, o desmata-
aC
mento para esta atividade continua sendo a forma mais utilizada nas empresas
rurais, sendo o reflorestamento, uma ideia normalmente deixada para segundo
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são
plano, sem que haja um estudo adequado nesta área. Neste sentido, Oliveira,
Scolforo e Silveira (2000, p. 16), desenvolveram estudo que mostra a viabilidade
econômica de implantação de sistemas de Agrossilvipastoris com o eucalipto
em região de cerrado, “[...] desde que, pelo menos, 5% da madeira produzida
i
sejam usadas para serraria e a madeira restante seja usada para energia ou para
rev
outro fim que alcance valor igual ou mais alto no mercado”, assim todo o pro-
or
Neste contexto, “[...] uma das formas conhecidas mais eficientes, atual-
mente, para sequestrar este excesso CO2 é o desenvolvimento de plantações
florestais de crescimento rápido” (FBDS, 2017, p. 4), que funcionem de forma
eficiente e alcance resultados eficazes. Este posicionamento vai de encontro às
necessidades do produtor, mas contribui ainda mais com toda a sociedade. Por
outro lado, é necessário compreender que a humanidade precisa do ar tanto
quanto do alimento produzido no campo.
r
O cenário do início do século XXI relacionado ao reflorestamento leva
V
Tedine (2007, p. 1) a chamar atenção para que o reflorestamento não seja ape-
uto
nas o “[...] reflorestamento do capital financeiro”, onde as pessoas pensem no
quanto irão aumentar suas contas bancárias, sem darem-se conta de que estão
salvando vidas, e permitindo a continuidade da raça humana neste Planeta. Esta
R
preocupação de Tedine, leva a reflexão de que tudo em excesso pode ser perigoso.
a
Sistemas Silvipastoris e Agrossilvipastoris
do
aC
Importante destacar que foi na segunda metade do século XX que surge
os conceitos relativos a sistemas produção que envolve árvores ou arbustos
r
ponsável por minimizar os passivos ambientais e, em alguns casos restaurar
V
a fauna e flora local, o que contribui com o bioma da região.
uto
Quanto ao Sistema Silvipastoris é a combinação de árvores de grande
porte com animais e pastos, simultâneos ou escalonados na mesma área. Assim
como são sistemas nos quais forrageiras e/ou animais e árvores são cultivados,
R
simultânea ou sequencialmente, na mesma unidade de área. Semelhante aos
a
SAF’s com a diferença que os animais neste sistema são de grande porte e
não há plantio de hortaliças e de leguminosas.
do
Por conseguinte, o uso de Sistema Silvipastoris, contribui para a melho-
aC
ria da qualidade de vida do próprio produtor rural. Com a diversificação de
outras culturas, que podem ser perenes, semiperenes e permanentes. O que
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são
irá diferenciar é a criação de gados (para corte ou leiteiro) meio ao cultivo e
árvores lenhosas de grande porte. Outro fator que é importante destacar é que
o plantio destas árvores poderá contribuir com uma futura renda ao produtor.
Os Sistemas Silvapastoril diminuem os impactos ambientais negativos
i
Árvores são ativos ambientais que devem ser preservadas, conservadas. Pois,
na situação ambiental atual, quem planta árvore, planta oxigênio, planta água.
Árvores podem ser comercializadas, desde que trabalhadas em forma de rodízio.
Por conseguinte, vale considerar o posicionamento da professora Dra.
E
sã
Considerações finais
r
V
e comunidade em geral, em longo prazo, afetando assim a continuidade da
uto
vida. Os impactos ambientais conduzem a efeitos degradáveis que têm suas
soluções e benefícios sensíveis em longo prazo.
As transformações ambientais recentes remetem à reflexão: Até quando
R
o planeta suportará as intensas degradações antrópicas, em busca da cons-
a
trução de um império? Até quando a Legislação Ambiental vai se calar
diante do desrespeito explícito do homem pelas leis e com o compromisso
do
de preservar as gerações futuras, os bens que usufruem hoje?
aC
São perguntas que não se calam, que não encontram respostas satisfa-
REFERÊNCIAS
r
V
uto
ENGEL, Vera Lex. Introdução aos Sistemas Agroflorestais. Botucatu:
FEPAF, 1999.
R
FBDS. O sequestro de CO2 e o custo de reflorestamento com Eucalyptus
a
Spp e Pinus Spp no Brasil. (Artigo). Disponível em: <http://www.fbds.org.
br/IMG/doc-11.rtf>. Acesso em: 07 jan. 2019.
do
aC
LOCATELLI, Marilia et al. Sistemas agroflorestais agroecológicos em Rondô-
nia – classes de solos e crescimento de espécies florestais. In: Anais... I Sim-
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
pósio de Ciência do Solo da Amazônia Ocidental, 11 a 15 de junho de 2013.
SISTEMAS AGROFLORESTAIS NA
PAN-AMAZÔNIA: um estudo de
caso no “Projeto Casulo” em Pimenta
r
Bueno, Rondônia, Brasil
V
uto
Claudia Cleomar Ximenes
R
a
Introdução
do
A busca por maximizar a produção em áreas de pequeno porte é estu-
dada desde meado do século XX3 e os Sistemas Agroflorestais (SAF’s) são
aC
apontados como alternativas para este fim, bem como para a recuperação de
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são
áreas degradadas. Nesta perspectiva o objetivo deste capítulo é apresentar a
pesquisa de campo realizado durante o mestrado4 e apresentado ao Programa
de Pós-Graduação em Geografia Stricto Senso da Fundação Universidade
Federal de Rondônia, sob a orientação da Dra. Marília Locatelli.
i
foi tomado por árvores não lenhosas e frutíferas em plantio isolado, tendo
muito mais áreas abertas.
ver dit
3 Como aponta o estudo de Pereira, Souza e Cury no capítulo IV, desta obra.
4 Cerqueira (2018). Nome completo da autora: Claudia Cleomar Araujo Ximenes Cerqueira.
72
r
V
gera trabalho e renda o ano todo. Também, considera-se que a agricultura
uto
neste modelo consiste em uma estrutura mais adequada a recuperação de
áreas que sofreram agressões com queimadas.
R
SAF’s e propriedade de pequeno porte
a
Os Sistemas Agroflorestais (SAF’s) são consórcios que combinam
do
espécies arbóreas (frutíferas e/ou madeireiras) com o cultivo agrícolas e/
aC
ou de criação de animais, ou mesmo ambos, ou sequencial temporal o que
promove benefícios econômicos e ecológicos. A maturidade deste tipo de
r
V
Locatelli et al. (2010, 2013, 2015) apresentam estudos que mostram a
uto
viabilidade do implemento de Sistemas Agroflorestais (SAF’s), pois é com-
provado o índice de retorno econômico aos empreendedores, mesmo aqueles
com crescimento reduzido. Além da viabilidade financeiro-econômica, os
SAF’s, têm a função de revitalizar as áreas degradadas, bem como evitam
R
a
o avanço da queimada na limpeza de áreas para cultivo.
Uma das preocupações com a produção agrícola é com o espaço em
do
que o pequeno agricultor tem destinado para este fim, pois, a legislação
vigente orienta e determina que seja destinada uma parte para unidades de
aC
conservação. Mas, o que chama atenção é o que de fato sobra para se plantar
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Volume
v=g*h*f
g = área basal em m²
r
V
h = altura em m
uto
f = fator de forma (sem unidade)
Área basal
R
g = π.d²
ou g = c²
a
4 4.π
do
Onde:
g = área de secção transversal em m²;
aC
d = diâmetro ao nível do DAP em metro;
Onde:
Rj = receitas no período j
ara
n Cj = custos no período j
Σ Rj - Cj i = taxa de desconto (juros)
ver dit
VPL =
j=1 -I n = duração do projeto (em anos), ou em
(1 + i)j
números de períodos de tempo
op
I = investimento inicial
Rj (1 + i)-1 Onde:
RB / C = Rj = receitas no período j
Rj (1 + i)-1 Cj = custos no período j
i = taxa de desconto (juros)
j = período de ocorrência de Rje Cj
n = duração do projeto, em anos, ou
em números de períodos de tempo
r
V
uto
Embora existam outros indicadores financeiros os utilizados foram os
apresentados. Tendo, inclusive, planilhas de cálculos a partir de softwares.
R
A elaboração dos mesmos pode ser realizada por softwares simples, tanto
a
quanto por outros mais complexos. Para fins deste estudo se utilizou de
cálculos simplificados e manuais voltados para a gestão financeira dos re-
do
cursos naturais e, sob os pilares da sustentabilidade, amplamente discutida
aC
e defendida desde meados do Século XX.
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são
Caracterização da Chácara Bela Vista
metros, sendo 60,60m de fundo, com uma lateral de 241m e, outra lateral
213m e, à frente medindo 50m, perímetro 856,60m. Possui uma casa de
madeira coberta com eternit, medindo 10x6, um barracão medindo 8x2.
ara
r
V
uto
R
a
do
Fonte: SEMAGRI (2014).
aC
Em 19 de junho de 2015, é revendida a parcela do lote 47 em que é
Nome científico
Nº exempla-res
Nome comum*
Altura total(m)
árvore(m3)
comercial/
Altura (m)
comercial
comercial
total (m3)
Volume
Volume
DAP
(cm)
r
V
Amburana
uto
Cerejeira cearensis 1 6 2,5 13,36 0,0246 0,0246
(Allemão) A.C.Sm.
Hymenaea
Jatobá 2 17,75 7 33,74 0,4381 0,8762
R
courbaril
a
Schizolobium
parahyba var.
Bandarra
do
amazonicum
(Huber ex Ducke)
1 16 3,2 75,75 1,0097 1,0097
aC
Barneby
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Swietenia
são
Mogno 36 14 4,5 24,35 0,1467 5,2812
macrophylla
Tabebuia
Ipê
chrysotricha (Mart. 3 12 5 31,2 0,2675 0,8025
Amarelo
i
Ex DC.) Standl
rev
* Todas as espécies foram plantadas no ano de 2002 e as medidas foram realizadas em janeiro de 2016.
Fonte: Cerqueira, 2016.
op
r
V
uto
R
a
do
aC
êxito por isto, o plantio do mogno entre outras, por meio de mudas.
Não houve de imediato, o isolamento da área. Contudo, o terceiro
op
r
V
tomadas por cupim (figura A – 3) e formigueiros espalhados por toda a área
uto
estudada, bem como casas de cupim (figura B – 3).
são i
rev
or
ara
ver dit
r
V
Na chácara, além do SAF com espécies madeireiras nobres de valor
uto
econômico alto, há um robusto quintal agroflorestal (Figura 4), o qual
abastece a família com frutas e com criação de galinha em pequena escala
para consumo doméstico (Dados referentes a janeiro de 2016 e permanece
R
em 2018). Além do uso dos que residem na chácara, distribuem para os
a
familiares que frequentam esporadicamente o local.
do
Figura 4 – Quintal Agroflorestal (A – entrada; B – lateral)
aC
r
Morus sp.
V
uto
Biriba Rollinia deliciosa 4 30k 3,78 113,40
Cajá-Manga Spondias dulcis 1 1k 4,00 4,00
Coco
carambola
do
Cocos nucifera
4
12
60k
216un
2,00
1,00
120,00
216,00
aC
Theobroma
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Vermelha
Ingá Inga edulis 6 4k 1,50 6,00
or
Citrus bigaradia
Limão Rosa 5 400k 1,00 400,00
Loisel.
Mamão Carica papaya 3 15k 0,80 12,00
op
r
V
mesmo como nutrientes para as árvores.
uto
O quantitativo da tabela 5 proporciona o equivalente a uma renda extra
bruta de R$ 345,08 (trezentos e quarenta e cinco reais e oito centavos) ao
mês e, o custo existente nesta produção é a diária de R$ 50,00 (cinquenta
R
reais) para a limpeza, ficando ao total anual de R$ 300,00 (trezentos reais)
a
de custos, com a mão de obra. O que retornaria aos proprietários, sobrando
para os mesmos R$ 3.840,98 (três mil e oitocentos e quarenta reais e no-
do
venta e oito centavos) de renda anual líquida conforme observável no DRE
aC
(Tabela 3). Isso, relacionado ao quintal agroflorestal.
r
V
demonstra o valor atribuído a cada uma delas, para venda conforme média
uto
da tabela da SEFIN (2016) e preço de venda nas madeireiras, conforme
pesquisa realizada no comércio local.
R
Tabela 4 – Média do valor total de venda in natura da madeira Chácara Bela Vista
a
Volume comer-
N° de Valor de venda Valor total
Nome
comum
Nome
científico
do Indiví-
duos
cial total (m3)
(Chácara
Bela Vista)
in natura (tora)
M³ (R$)
venda
(R$)
aC
Amburana
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amazonicum
Swietenia
or
TOTAL 1.052,60
ver dit
r
V
Schizolobium
uto
Bandarra parahyba var. 1 1,0097 920,00 928,92
amazonicum
Swietenia
Mogno 36 5,2812 2.250,00 11.882,70
macrophylla
R
Ipê Tabebuia 3 0,8025 2.250,00 1.805,63
a
amarelo chrysotricha
TOTAL 15.726,27
do
Fonte: a partir da pesquisa de campo, 2016.
aC
As atividades agrícolas podem ser divididas em dois grandes grupos: as
(R$)
Cofeea
Café Conilon 112 240k 6,22 1.492,08
ver dit
canephora
Ingá Ingá Edulis 8 4k 1,50 6,00
op
Morinda
Noni 15 150k 3,00 450,00
citrifolia
Eugenia
Pitanga 2 3k 5,00 15,00
uniflora
E
sã
Citrus
Ponkan 8 260k 8,00 2.080,00
reticulata
Urucum Bixa orellana 22 22k 8,50 187,00
r
V
de pensarem o mercado a forma de comercializar. Mesmo que na ocasião da
uto
pesquisa em 2016, foram orientados a buscar por ajuda no SEBRAE, para que
tivessem orinetações quanto a trabalhar com a comercialização de seus produtos.
As espécies madeireiras apresentam desenvolvimento em altura e DAP
R
(diâmetro da altura do peito – 1,30 m de altura do solo). O diâmetro da altura do
a
peito (DAP) identificado no SAF é condizente com o que se espera pela idade.
Pondera-se que, com exceção da cerejeira as demais ficaram acima do apresen-
do
tado por Souza et al. (2003), Barbosa; Marmontel e Nunes (2010) e Locatelli et
al. (2010) em suas pesquisas nos anos 2003 e 2010, a ser observada na tabela 7.
aC
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são
Tabela 7 – Comparativo do DAP do SAF da chácara Bela
Vista a média de outros SAF’s com 14 anos
Nome comum
rev
literatura (cm)
BARBOSA, Marmontel
Mogno 24,35 20 e Nunes (2010)
ver dit
LOCATELLI et
Ipê 31,2 23,4 al. (2010)
LOCATELLI et
Cerejeira 13,36 23,4
op
al. (2010)
Fonte: Cerqueira, 2016.
sente no SAF da chácara Bela Vista, apresentou uma média em seu diâmetro
superior a outros SAF’s. Das espécies informadas na tabela 10, madeireiras
comparadas apenas à cerejeira ficou 42,9% abaixo da média dos dados consi-
derados. A bandarra se destacou por constar o melhor resultado das espécies
presente com 41,59% acima da comparada. O mogno obteve um crescimento
de 21.75% a mais, já o ipê conseguiu 33,33%.
86
Considerações finais
r
V
são sustentáveis e viáveis, consequentemente, importante instrumento de
uto
revitalização de áreas degradadas que sofrem perturbações antrópicas. Por
conseguinte, a possibilidade de implantação de SAF’s em outras propriedades
do PCA Formiguinha, numa extensão, provável a Arranjos Produtivos, para
R
melhor desenvolvimento econômico local.
a
O PCA Formiguinha tem potencial para desenvolver agricultura fami-
liar em forma de Arranjos Produtivos Locais (APL’s) com a implantação de
do
SAF’s. Este estudo foi apresentado em forma de dissertação e posteriormente
aC
em reunião na gestão da prefeita Juliana Roque, na Prefeitura de Pimenta
amiga-orientadora!
a DEUS por sentir saudade de ti. Pois, FELIZ é aquele que tem por quem
sentir saudade, é sinal que foi abençoado.
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 87
REFERÊNCIAS
r
V
CERQUEIRA, Claudia Cleomar Araújo Ximenes. Uso e ocupação do solo
uto
no PCA formiguinha, Pimenta Bueno, Rondônia: análise e proposta de
arranjos produtivos. 2016. 124 f. il. Orientadora: PhD. Marília Locatelli.
Dissertação (Mestrado em Geografia) – Fundação Universidade Federal de
R
Rondônia, Departamento de Geografia, Porto Velho, Rondônia, 2016.
a
FINGER, César Augusto Guimarães. Biometria florestal. Universidade
do
Federal de Santa Maria. [2006]. [on-line]. 314 p.
aC
LOCATELLI, Marilia et al. Avaliação do Crescimento da Castanha-Do-Brasil
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
(Bertholletia excelsa Bonpl.) em um Plantio no Município de Machadinho do
Oeste – Rondônia. In: Enciclopédia Biosfera. De 1 de dezembro de 2015.
DOI: http://dx.doi.org/10.18677/Enciclopedia_Biosfera_2015_099. [on-line].
i
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
NA AMAZÔNIA LEGAL:
olhar geo-historiográfico sobre o
r
estado de Rondônia, Brasil
V
uto
Laise Santos Azevedo
R
a
Introdução
do
Uma das preocupações herdadas do século XX é a questão da conser-
vação da Natureza. Logo que ouve uma grande demanda para a região norte,
aC
devido ao marketing realizado pelo Governo Federal, através do Instituto
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) – Autarquia Federal
criada pelo Decreto nº 1.110, de 9 de julho de 1970 –, com as colonizações
dirigidas. Devido ao aumento populacional e ser uma das condições de
permanecer nas áreas cedidas pelo Estado, era torná-la produtiva, e para
i
se recuperasse, por mais que tenha resiliência. Desta forma, um passo que
vem sendo adotado por países com porções de seus territórios cobertos pela
floresta amazônica tem sido a separação de áreas que não sofram a ação
ara
r
V
A estrutura econômica erigida com o Plano de Metas alcançou grande
uto
consistência e integração. Desde então, as estruturas de financiamento, de
investimentos e de distribuição amadureceram seus instrumentos, tornando-
-se, a um só tempo, mais ágeis e mais consistentes. Em poucos anos, a co-
R
a
lonização dirigida pôde ser impulsionada e o que se viu foi a proliferação
das experiências de colonização por toda a área da Amazônia Legal.
do
Com o avanço da colonização, novos conceitos nas relações entre os
moradores da região – índios, seringueiros, colonos não inseridos social-
aC
mente pelos primeiros ocupantes associados, passam a existir e a noção
Neste contexto, este capítulo tem como objetivo trazer ao leitor uma
parcela da pesquisa bibliográfica da dissertação de mestrado apresentada
ver dit
8 Deixo aqui o meu convite para ler na integra a dissertação disponível no site oficial do PPGG/UNIR, assim
como outras pesquisas relevantes, disponíveis em: <http://www.posgeografia.unir.br/pagina/exibir/817>.
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 91
r
V
rodovia federal em Rondônia.
uto
Com a aprovação do empréstimo solicitado pelo Governo Federal para
pavimentação da BR-364, que objetivava interligar as cidades de Cuiabá
e Porto Velho, foi implementado o programa de desenvolvimento regional
R
a
chamado Programa Integrado de Desenvolvimento do Noroeste do Brasil
(POLONOROESTE). Este programa foi apontado como um dos que mais
do
provocou destruição ambiental.
Ainda que a maior parte dos recursos deste programa estivesse desti-
aC
nada à construção de estradas, o programa também incluía recursos para a
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r
V
terísticas naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público,
uto
com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial
de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”.
As UCs são classificadas em dois grupos: de Proteção Integral e de
R
a
Uso Sustentável, e reclassificadas em diferentes categorias, de acordo com
o grau e o tipo de restrição de uso: Área de Proteção Ambiental, Área de
do
Relevante Interesse Ecológico, Estações Ecológicas, Florestas Nacionais,
Monumentos Naturais, Parques Nacionais, Reserva de Desenvolvimento
aC
Sustentável, Reserva de Fauna, Refúgio de Vida Silvestre, Reserva Ex-
Conservação do Brasil.
Este Plano, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal (IBDF) e publicado em 1979, como uma II Etapa publicada em
E
sã
Art. 10 da Lei
Áreas representativas dos ecossiste- 6.902/81;
CATEGORIA I Estação mas naturais, destinadas à realização Art. 28 do
RESERVA Ecológica de pesquisas básicas ou aplicadas à Decreto Federal
CIENTÍFICA (ESEC) proteção do ambiente natural e ao de- 88.351/83 e Art.
senvolvimento da educação ambiental.
9º do SNUC
r
V
uto
Áreas que compreendem extensão va-
riável e apresentam ecossistemas ou Art. 5º da Lei
comunidades frágeis de importância 771/65
biológica, em terras de domínio público, (Código Florestal);
Reserva fechadas à visitação pública. Têm a Art. 5º da Lei
R
Biológica finalidade de resguardar atributos ex- 5.197/67
a
(REBIO) cepcionais da natureza, conciliando (Proteção à Fauna
a proteção integral da flora, da fauna Silvestre) e Art.
e das belezas naturais, com sua uti-
CATEGORIA I 10º do SNUC
lização para objetivos educacionais,
RESERVA
CIENTÍFICA
do recreativos e científicos.
aC
Áreas que apresentam florestas e de-
mais formas de vegetação natural de Art. 2º da Lei
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
Parques Art. 1º do
CATEGORIA II Tais áreas deverão perpetuar, em um
Nacional / Decreto
PARQUE estado natural, mostras representativas 84.017/79
Estadual E Art.
de regiões fisiográficas, comunidades 11º do SNUC
bióticas, recursos genéticos e espécies
ara
continuação
Unidades de Unidades de Caracterização Legislação
Proteção Integral Conservação
Áreas que devem ser preservadas e va-
lorizadas no sentido cultural, para reali-
zação de projetos de desenvolvimento
turístico. Essas áreas apresentam bens
de valor cultural e natural, em especial
os bens de valor histórico, artístico, ar-
Área Especial queológico ou pré-histórico; as
De Interesse Art. 1º e 2º da Lei
reservas e estações ecológicas; as áreas 6.513/77; Decreto
Turístico E
r
destinadas à proteção dos recursos na-
V
Local de turais renováveis; as manifestações cul- 86.176/81.
Interesse
uto
turais ou etnológicas e os locais onde
ocorram paisagens notáveis; as localida-
des dos acidentes naturais adequados,
as fontes hidrominerais aproveitáveis e
as localidades em condições climáticas
especiais.
R
a
Cavidade natural subterrânea em qual-
quer espaço subterrâneo penetrável
pelo homem, com ou sem abertura
identificável, incluindo seu ambiente,
do
conteúdo mineral hídrico, a fauna e a
flora ali encontradas e o corpo rochoso
onde os mesmos se inserem, desde Art. 10 do Decreto
aC
Caverna que a sua formação haja ocorrido por 99.556/90.
processos naturais, independentemente
r
V
proteção integral é a manutenção dos ecossistemas livres de alterações
uto
causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus
atributos naturais (BRASIL, 2000).
Subdividido também em categorias, estas Unidades de Conservações
R
(UCs) são classificadas em: Estação Ecológica (Esec), Reserva Biológica
a
(Rebio), Parque Nacional/Estadual (PARNA/PES), Monumento Natural
(Monat) e Refúgio de Vida Silvestre (RVS).
do
Até 2010, só as Unidades de Conservação federais na Amazônia Le-
aC
gal somavam 610.510 km², enquanto as estaduais ocupavam 563.748 km².
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
estaduais (175).
sã
UC de UC de
Área da % sobre % sobre Terra % sobre Área da UF % sobre
UF proteção uso
UF a UF a UF indígena a UF sob TI/UC a UF
integral sustentável
Acre 16.491.871 1.589.678 9,64% 3.564.027 21,61% 2.459.834 14,92% 7.613.539 46,17%
Amapá 14.78.700 4.772.531 32,29% 4.184.181 28,31% 1.191.343 8,06% 10.148.055 68,65%
E
Amazonas 158.478.203 11.222.149 7,08% 23.766.772 15% 45.232.159 28,54% 80.221.080 50,62%
Maranhão** 26.468.894 1.307.289 4,94% 112.035 0,42% 2.285.329 8,63% 3.704.653 14%
ver dit
Mato Grosso 90.677.065 1.948.575 2,15% 130.312 0,14% 15.022.842 16,57% 17.101.728 18,86%
sã or op
Pará 125.328.651 12.711.116
ara 10,14% 18.821.871 15,02% 28.687.362 22,89% 60.220.349 48,05%
Rondônia 23.855.693 2.160.768 9,06% 2.726.646 11,43% 5.022.789 21,05% 9.910.203 41,54%
aC
rev
Roraima 22.445.068 1.052.459 4,69% i428.873 1,91% 10.370.676 46,20% 11.852.088 52,80%
Fonte: Instituto Socioambiental/Programa Monitoramento de Áreas Protegidas – SisArp (Sistema de Áreas Protegidas) – 18/10/2016. De acordo com a
base cartográfica de Unidades de Conservação produzida pelo ISA e base de unidades da federação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
uto
(IBGE) – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (Escala 1:5.000.000)
r
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 97
r
V
uto
Tabela 2 – Unidades de Conservação Estaduais por UF
na Amazônia Legal por grau de proteção
Qtd UCs Total Área Uso Qtd UCs
Total Área Proteção
UF Uso
R Sustentável Proteção
a
Integral (ha)
Sustentável (ha) Integral
Acre 5 558.383 1 695.303
Amapá
do
2 3.175.584 1 111
aC
Amazonas 28 13.784.965 8 3.482.637
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
Maranhão 0 0 4 547.992
são
Mato Grosso 1 164.224 29 1.671.323
Pará 8 7.935.448 9 5.503.469
Rondônia 33 2.308.075 8 866.760
i
rev
Roraima 0 0 0 0
Tocantins
or
0 0 4 290.986
Fonte: Instituto Socioambiental/Programa Monitoramento de Áreas Protegidas – SisArp (Sistema de
Áreas Protegidas) – 18/10/2016. De acordo com a base cartográfica de Unidades de Conservação
ara
grande maioria por queimadas e retirada ilegal de madeira. Este fato não é
tratado como prioridade apenas nos dias atuais.
Mesmo sendo de grande importância para o estado, as unidades de proteção
integral, como é o caso do Parque Estadual de Corumbiara, estão cada vez mais
ameaçadas, principalmente após as reduções territoriais das UCs estaduais, que
foram concedidos atendendo a interesses de posseiros, grileiros e fazendeiros,
que se aproveitando do respaldo político obtido junto aos representantes dos
r
V
poderes executivos e legislativos, passaram a desmatar áreas muito extensas
uto
para usá-las na pecuária extensiva, presente até hoje no entorno do parque.
Segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desflorestamento da
Amazônia Legal (PRODES) que realiza o monitoramento por satélite do
R
desmatamento na região amazônica ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas
a
Espaciais (INPE), em 2006 aproximadamente 9% da extensão territorial do
estado de Rondônia foi desmatado, sendo este o ano com maior índice de
do
desmatamento já registrado e em 2007 cerca de 11,5 mil km² da Amazônia
Legal brasileira. No período de agosto de 2014 a julho de 2015, a taxa de
aC
desmatamento na região rondoniense apresentou uma variação de 1.030 km²/
r
V
oficinas de discussão foi aprovado pela Comissão Estadual do Zoneamento,
uto
apresentado à apreciação da Assembleia Legislativa do estado e transformado
na Lei Complementar n° 233 de 06 de julho de 2000. Esta segunda aproximação
corrige deficiências e falhas da 1ª, realizada doze anos antes. Além do Zoneamento
R
ecológico econômico, Rondônia ainda participa de outros programas que promo-
a
vem o desenvolvimento sustentável através da gestão sócio ambiental visando a
melhoria da qualidade de vida e a minimização dos impactos ambientais.
do
O ZSEE-RO apoia-se no reconhecimento da ocupação territorial, na
identificação da alteração da cobertura florestal e na evidência dos condicio-
aC
namentos geofitoecológicos e edafoclimáticos dos “Sistemas Ambientais” de
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são
ocupação (SEDAM, 2009). Segundo o Zoneamento sócioecológico-econômico
do estado (ZSEE/RO) as áreas de abrangência das unidades de conservação
e terras indígenas integram a zona 3 ou como também é conhecida Zona de
área institucional, constituídas pelas áreas de uso restrito e controlado.
i
r
V
ainda muito comprometida porque muitas unidades não são respeitadas pelas
uto
comunidades que as permeiam. A falta de instrumentos de planejamento, e
carência de infraestrutura básica e a pequena disponibilidade de recursos
humanos constituem as principais deficiências na gestão de tais.
R
a
Considerações parciais: importância da gestão ambiental em UCs
do
A conservação da natureza é gestão racional dos recursos naturais. Visa
assegurar a produção contínua dos recursos renováveis (fauna e flora) e um
aC
rendimento otimizado dos não renováveis (minerais). Abrange a preservação,
r
V
para a conservação da biodiversidade e fator determinante para a delimitação de
uto
áreas a serem manejadas, é importante considerar as mudanças das características
naturais de cada ambiente quanto as suas fragilidades. Concordamos com Santos
(1998) para o qual à medida que se adquire mais informações, mais depressa,
R
que a economia ou que a sociedade, sem dúvida, tudo se informatiza, mas no
a
território esses fenômenos são ainda mais marcantes na medida em que o trato
do território supõe o uso da informação, que está presente também nos objetos
do
O processo de ocupação da Amazônia Legal tem sido marcado pelo des-
matamento, pela degradação dos recursos naturais e por conflitos sociais. Em
aC
pouco mais de três décadas de ocupação, o desmatamento atingiu cerca de
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são
18% do território (IBGE, 2010). Além disso, extensas áreas de florestas ainda
sofrem degradação devido a extração madeireira e incêndios florestais e como
qualquer ecossistema, a Amazônia tem um ponto limite além do qual não será
possível recuperá-la.
i
É importante salientar que para que haja gestão ambiental efetiva em unidades
rev
r
V
ambiental vem sendo definida como uma atividade voltada para a formulação
uto
de princípios e diretrizes, estruturação de sistemas gerenciais e tomada de
decisões. O objetivo final é promover, de forma coordenada, o uso, proteção,
conservação e monitoramento dos recursos naturais e socioeconômicos em um
R
determinado espaço geográfico, com vistas ao desenvolvimento sustentável.
a
Em busca do aprimoramento da gestão ambiental nas unidades de con-
servação do estado, programas de incentivo ao desenvolvimento e proteção
do
ambiental foram implantados. Rondônia foi um dos primeiros estados do Brasil
a apresentar o zoneamento socioeconômico-ecológico, este transformado em
aC
lei estadual realizado através de base técnica e científica.
REFERÊNCIAS
r
BRASIL. Grupo Permanente de Trabalho Interministerial. Plano de Ação para a
V
Prevenção e o Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM).
uto
Brasília: Casa Civil, 2004/2009.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Cadastro Nacional de Unidades de
R
Conservação, Brasília, DF. 2018. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
a
areas-protegidas/cadastro-nacional-de-ucs> Acessado em 16/04/
do
FITZ, Paulo Roberto. Geoprocessamento sem complicação. São Paulo: Oficina
de Textos. 2008. 160 p.
aC
ISA, Instituto Socioambiental. Caracterização Socioambiental das Unidades
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
de Conservação. Rondônia, 2007.
INPE, Instituto Nacional De Pesquisas Espaciais. Monitoramento da Floresta,
São José dos Campos 2004.
i
r
V
Benedito de Matos Souza Junior
uto
Claudia Cleomar Ximenes
Carla Silveira de Arruda
Núbia Caramello
R
a
Introdução
do
aC
O século XXI apresenta desafios ambientais com a ocupação predató-
ria das margens dos rios na zona urbana das cidades brasileiras. Na região
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
Amazônica os desafios e perspectivas são imensos. No município de Pimenta
Bueno o rio Barão do Melgaço encontra-se grande extensão desmatada, com
trechos degradados e ocupados por casebres. O Rio Barão do Melgaço serve
de sustento de muitas famílias que moram as suas margens, pois o peixe
i
rev
faz parte da dieta alimentar diária, alguns chegam a ter em suas refeições
apenas o que retira do rio.
or
r
V
siderados como moradores de áreas de riscos.
uto
A paisagem mundial, diante de acontecimentos e desastres que causam
desequilíbrio do meio ambiente, representa O uso desordenado e sem pla-
nejamento do meio ambiente e seus elementos naturais pelo ser humano.
R
Destaca-se que os recursos hídricos que se pontua neste estudo é a água
a
utilizável, ou seja, aquela que de alguma forma é útil para o ambiente e os
seres que o habitam, conhecida como “água doce”. O fomento do adequado
do
uso dos recursos naturais, parte do princípio de que as pessoas precisam
aC
usar a água com ponderação, pois além de ter valor econômico, é esgotável.
vida das pessoas que moram as margens do rio, bem como daqueles que
dependem do mesmo para sobreviver.
or
perda das matas ciliares a precipitação das chuvas aumentou de tal forma
que as enchentes tornaram-se constantes e, a proliferação de doenças com
a alagação, principalmente, por conta dos despejos de esgoto doméstico
no período de chuva intensa necessita de políticas públicas adequadas a
E
sã
r
V
o polo cerâmico, noveleiro, pscigranjas, água mineral envasada, fábrica de
uto
bicicleta e outras indústrias em ramos diversos.
Utilizando-se de fontes taxonômicas localizada em literaturas técnicas
e científicas, está investigação tem como norteador o método hipotético-
R
-dedutivo, pelas hipóteses levantadas e consentindo num estudo aberto e
a
coeso dos passivos ambientais. Segundo Sposito (2004, p. 31) “[...] esse
método foi consagrado pela filosofia e pela ciência ocidental e cristalizou-se
do
na prática cotidiana de uma infinidade de pessoas que se dedicam à produção
e à análise do conhecimento científico”.
aC
O discurso provê da experiência dos pesquisadores, bem como o co-
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são
nhecimento da área abordada: margens do rio Barão do Melgaço no perí-
metro urbano do município de Pimenta Bueno, com foco na região em que
há construções de moradias, bem como é utilizado para associações, estas
últimas por fazerem parte da cidade no contexto urbano. Portanto, a análise
i
das enchentes.
or
mero de pessoas em sua extensão, bem como pela BR 364 cortá-lo, sendo
possível à locomoção por meio de uma ponte de concreto que aponta uma
op
Resultados e discussões
r
V
clima tropical. Eventos climáticos extremos foram identificados no período
uto
de 2007 a 2010.
Estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
relativo aos Desastres naturais, em 2011, aponta Pimenta Bueno, com um
R
registro de inundação considerado como catástrofe no ano de 2010. No ano
a
de 2010, houve o primeiro desastre estudado, o que não pode ser descartado
de anos anteriores, devido a se ter testemunhas.
do
Ponderar sobre os eventos que ocasionaram inundações ao longo do
tempo não é a intencionalidade desta pesquisa, no entanto, é necessário
aC
destacar que tal estudo, por parte de profissionais competentes na área, é
r
V
como lixos deixados nos quintais, fezes de fossas, entre outros causam danos
uto
à saúde. Doenças como, por exemplo: leptospirose, hepatite A, hepatite E,
doenças diarreicas, febre tifoide e cólera, também podem ocorrer quando
há contato direto das pessoas com a água e a lama das enchentes no caso
R
leptospirose. Uma série de problemas pode ocorrer com as pessoas que se
a
encontra em áreas de risco, chegando ao óbito.
Visível a importância em se desenvolver políticas públicas mais
do
arrojadas, com estudos de viabilidade social e econômica pelo município,
aC
uma vez que o Governo Federal tem feito sua parte quanto ao desenvolvimento
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Neste sentido a questão que surge é: O que está sendo feito para se
mudar a situação em que encontra o meio ambiente? Em que ponto as polí-
ticas públicas ambientais desenvolvidas pelo município de Pimenta Bueno
ara
quais estão fazendo a parte que lhes cabe, os municípios faz a parte rela-
cionada à sua contribuição a estas ações.
Casas populares, construídas com recursos compartilhados e distribuídas
E
Necessário deixar claro que esta pesquisa está voltada para a zona
urbana e que o PRAD deve ser bem orientado especificando os atos a se-
rem realizados “[...] que devem ser planejadas de forma a recuperar a mata
destruída restituindo o uso original ou favorecer novas alternativas de uso,
medida esta que proporciona melhoria ao bioma e conserva a fauna e flora
local” (CERQUEIRA et al., 2015).
Nestes termos, importante destacar que a proposta realizada por Cer-
r
V
queira et al. (2015) de implementação de PRAD, que contemple as áreas
uto
ciliares no município de Pimenta Bueno é viável desde que seja realizado
um estudo atualizado de zoneamento e análise social e econômico, pois,
com os fenômenos ocorridos após os estudos citados a paisagem mudou e
R
novos espaços geográficos se formaram, bem como, frisa-se que,
a
do
Torna-se elemento chave essencial que o processo de capacitação da se-
cretaria de Meio Ambiente e Agricultura, juntamente com representantes
aC
da sociedade civil organizada, seja implantado, para que os conhecimentos
empíricos juntamente com o conhecimento cientificam possibilite novas
água para os munícipes. Cerqueira et al. (2014, p. 49) expõem que “[...] os
problemas causados pelo mau uso dos recursos naturais e, no que tange aos
recursos hídricos proclama-se que as reservas naturais estão extinguindo-
ara
-se”. Independente de ser ou não tratada a água que vai para as residências,
é salutar destacar a importância com o cuidado com o que descartamos
ver dit
na natureza.
Segundo Araújo et al. (2014, p. 75) “O ciclo hidrológico é de funda-
op
r
V
dados oficiais, não se podem ignorar as informações daqueles que vivenciaram
uto
as crises socioambientais e econômicos.
Um dos desastres ambientais que mais assustou os brasileiros foi do Rio
Doce, localizado no distrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana,
R
Minas Gerais. Em 5 de novembro de 2015 os moradores da região foram
a
surpreendidos por toneladas de lama e rejeitos de minério, inundando as
propriedades e tirando vidas, destruindo o ambiente e sonhos.
do
Caramello et al. (2016) realizou estudo sobre os desastres ambientais
ocorridos em rios de vários pontos do Globo Terrestre, principalmente sobre o
aC
Rio Doce no Brasil, segundo os pesquisadores, era uma tragédia já anunciada
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
Mais uma vez depara-se com a onda de medo de uma barragem a se des-
fazer, a ser aberta, a ser rompida e a burocracia, bem como a má distribuição
ver dit
mas das pessoas que estavam às margens dos rios foram construídas casas
e distribuídas para 100 famílias, beneficiadas com o Programa que atendeu
moradores de áreas de riscos. O Conjunto Residencial Bela Vista, é um pro-
grama do Governo Federal, através do Ministério das Cidades, com parceria
E
sã
r
V
magnífico. Entrar na água e ajudar é uma maneira de vivenciar a dor do outro.
uto
Um senhor relatou que no domingo, por mais que tentasse entender que
não eram a eles direcionados, os fogos do dia 15 de fevereiro de 2015, pare-
ciam ser pelo infortúnio que estavam passando. Que não viu nenhuma faixa,
ou placa de manifestação, pedindo agilidade, fiscalização na construção das
R
a
casas populares, ou de outras ações públicas que os tirassem da miséria, do
espaço de risco. O que só foi ocorrer dois anos após, em 2017, na troca de
do
Governo Municipal.
Absorvidos em observar a miséria humana, de repente se sai da melan-
aC
cólica nostálgica dos anos de 1978 – quando as pessoas chegavam aos montes
ritualmente. – “Me sinto como se tivesse a venda numa loja que as pessoas
passam, ficam olhando e ninguém quer comprar”, conta dona “Maria”. Outra
or
senhorinha diz: “Ah vizinha! Pelo menos a rua fica mais animada, vem gente
de todos os lugares, pelo menos nesta época do ano, pra vê a nossa situação.
ara
r
V
goria de análise que não existiria sem o Homem. A vida alheia não pode ser
uto
considerada ao acaso. A miséria não é consequência da existência humana,
mas de suas ações. Entretanto, são eleitas pessoas para cargos de extrema
importância, para elaborarem leis, executá-las e fiscalizar o seu implemento.
R
a
Reflexões – fortes chuvas em janeiro de 20199
do
aC
Foram poucos dias em janeiro de 2019, três dias para ser mais exato,
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
mas a água tomou conta de várias casas que visitamos em janeiro de 2015.
são
Vimos pessoas carregando nos braços, crianças pequenas, colchões, berços,
panelas, pacote de arroz, entre outros pertences. De posse de uma prancheta.
A mesma de 2015. Caminhei entre as pessoas que estavam nas margens da
BR 364 em busca de um rosto conhecido e me deparei com uma senhora
i
rev
Ela me contou que não estava passando por aquele problema de novo
porque estava nas casas doadas pela prefeitura, mas que tinha pessoas da
ver dit
família que perdeu tudo de novo. Além de amigos que não se preveniram.
Ela coloca a culpa no município que não cumpriu com o que prometeu.
op
Disse que iria tirar todos do lugar e derrubar as casas e reflorestar o local
e desde 2015, deram as casas no Bairro Bela Vista, mas não derrubou casa
alguma e menos ainda reflorestaram.
E
principal para que as coisas não aconteçam, mas percebemos pelos notici-
ários que o que realmente impede o progresso é a desonestidade do agente
público de uma grande parcela da população Brasileira.
9 Esta parte da entrevista foi realizada somente pelo pesquisador e também autor deste capítulo Benedito
de Matos Souza Junior e revisada pelas demais pesquisadoras.
114
Considerações parciais
r
V
calcular prejuízos, monitorar e controlar o patrimônio ambiental gerando
uto
informações para a melhor avaliação dos recursos naturais.
Os recursos hídricos são essenciais para a vida do planeta, estando
em destaque à sobrevivência do homem, pois a disponibilidade da água
R
está cada vez mais escassa e com o aumento humanidade, o uso exces-
a
sivo de agrotóxicos e adubos muitas vezes desnecessários, aumentaram a
poluição deixando assim ainda mais custoso o fornecimento da mesma.
do
A água é indispensável para a vida dos seres vivos, no entanto a maioria
aC
da população não tem dado o devido valor, há uma falta de cuidado com
que ainda não atingiu a alguns, se houvesse uma visão futura com o uso
consciente poderia prevenir situações críticas como a que ocorreu na cidade
or
for compromisso não só dos Governos mais sim de todos, um agindo com
desenvolvimentos renováveis e a população com mais economia e respeito.
ver dit
Vale ressaltar que por causa do uso indevido desse bem, está colocando em
risco uma cadeia de benefícios primordiais, como agricultura, transporte,
op
çada, sem consideração a falta dela, e o que isso pode causar há milhares
de pessoas. Em algumas regiões já é possível notar a falta da água potável
e a dificuldade para a distribuição da mesma. A conscientização é um dos
meios que está sendo usado para que esse número venha a diminuir, mas
é um processo muitas vezes sem muitos resultados.
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 115
r
V
Os reflexos dos passivos ambientais no rio Barão do Melgaço no perí-
uto
metro urbano do município de Pimenta Bueno/RO, se mostra com a perda
das matas ciliares a qual ocorreu com a ação antrópica, contribui para a
expansão da precipitação das chuvas, alagando residências e comércios.
R
Outro fator importante a ser destacado é a proliferação de doenças por
a
conta do despejo de esgoto doméstico na mesma é outro passivo que ne-
cessita de atenção redobrada da Gestão Pública. As consequências atingem
do
a econômica do município em um todo, contudo, destaca-se aqui que os
aC
custos do descaso são maiores do que o investimento em infraestrutura
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e moradia.
são i
rev
or
ara
ver dit
op
E
sã
116
REFERÊNCIAS
r
V
ARRUDA, Carla Silveira de; CARAMELLO, Núbia; SILVA, Tatiana Regina
uto
Araujo Ximenes da. Desafios na gestão de recursos hídricos: Diálogo teórico
no Âmbito do Espaço Urbano, na Amazônia Brasileira. In: CERQUEIRA,
Claudia Cleomar Ximenes et al. (Orgs.). Transformação Espacial: apropriação
R
dos recursos naturais. Curitiba: CRV, 2018. 154 p. p. 107-115.
a
CARAMELLO, Núbia et al. Lecciones ambientales de los ríos Miramichi.
do
Rhin y Doce: del contexto del impacto ambiental industrial a la parcipación
de la opinión publica. In: CERQUEIRA, Claudia Cleomar Ximenes; Locatelli;
aC
Marília (Orgs.). Transformação Espacial: uma leitura integrada. Curitiba:
fogo e arco verde. In: SEABRA, Giovanni de Farias (Org.). Terra – Saúde
ver dit
______. Atlas brasileiro de desastres naturais 1991 a 2012. 2. ed. rev. ampl.
Florianópolis: CEPED UFSC, 2013. 77 p.
CAPÍTULO VIII
r
V
Ednilson Gomes da Silva
uto
Caio Ismael de Jesus Lasmar
Jaqueline Souza de Araújo
Joselânio Ferreira de Morais
R Ráica Esteves Xavier Meante
a
Introdução
do
aC
Na contemporaneidade a escassez hídrica em algumas partes do hemis-
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são
fério terrestre concomitante aos casos de uso irracional desse importante
recurso natural no meio urbano das cidades brasileiras vem a anos sendo
objeto de estudo. Na história das civilizações, de modo geral, os cursos d’água
eram tidos como marcos ou referências territoriais, quer seja por razões
i
uma das mais extensas e ricas redes de rios perenes do mundo devido suas
or
r
V
de dados: Máquina fotográfica; prancheta; caneta esferográfica; notebook;
uto
Google Earth; materiais bibliográficos.
R
a
A natureza tem reagido de forma negativa às ações antrópicas e cada
do
vez mais as catástrofes tem ocorrido com frequência menores. Conhecido
como Planeta Azul, a Terra, tem um potencial aquífero encantador que até
aC
poucas décadas era considerado renovável e inesgotável. Entretanto os
r
V
de pequenas, médias e grandes cidades é de suma importância, visando
uto
não somente a melhoria da qualidade de vida da população, mas também
buscando atingir desenvolvimento sustentável. Dados apontam que tanto
em países desenvolvidos, subdesenvolvidos e emergentes é uma realidade
R
que deve ser transformada (ANA, 2017).
a
A preocupação como os recursos hídricos está diretamente relacionada
a disposição desse bem insubstituível a vida humana. Apesar de o planeta
do
terra ser assim denominado, a maior parte é constituída por água. Entretanto
aC
a maior parte desse recurso natural encontra-se nos mares e oceanos e nas
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geleiras. Isso significa que, não está disponível para uso. O Ministério do
são
Meio Ambiente (2018) afirma que a água ocupa aproximadamente 70% da
superfície do nosso planeta, porém,
Cabe ainda mencionar que a água doce disponível para uso não esta
ara
1 Amazônia 3.900 45,8 6.687.983 4,3 1,7 133.380 4.206 73,2 628.940
2 Tocantins 757 8,9 3.503.365 2,2 4,6 11.800 372 6,5 106.220
3 EAtlântico N/NE 1.029 12,1 31.253.068 19,9 30,4 9.050 285 5,0 9.130
4 São Francisco 634 7,4 11.734.966 7,5 18,5 2.850 90 1,6 7.660
5 Atlântico Leste 545 6,4 35.880.413 22,8 65,8 4.350 137 2,4 3.820
ver dit
sã
6A Paraguai** 368 4,3 1.820.569 1,2 4,9 1.290 41 0,7 22.340
or op
6B Paraná 877 10,3 49.924.540 31,8 56,9 11.000 347 6,0 6.950
ara aC
7 Uruguai** 178 2,1 3.837.972 2,4 21,6 4.150 131 2,3 34.100
rev
i R
Atlântico
8 224 2,6 12.427.377 7,9 55,5 4.300 136 2,4 10.910
são
Sudeste
r
V
Em 2013 novamente o nível do Rio Acre assusta e por duas vezes
uto
superou a cota de transbordamento na capital Rio Branco, novamente cau-
sando muitos prejuízos e transtornos para a população. Com as ameaças
constante de inundação o Estado vizinho, Porto Velho envia uma equipe
R
técnica da Residência para desenvolveu a metodologia para ser empregada
a
na realização de previsão de níveis nos municípios de Rio Branco, Xapuri,
Brasiléia/Epitaciolândia e Assis Brasil.
do
Em dezembro de 2014 o Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do
aC
Rio Acre (SAH Rio Acre) iniciou sua operação pela primeira vez. E, em
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
Legenda Regional
Alto Acre
Baixo Acre
Juruá
Purus
Tarauacá-Enrira
r
V
uto
R
a
do
aC
Fonte: SEPLAN/Acre (2017, p. 18).
foi ao longo das décadas sendo ocupado por brasileiros (ACRE, 2017).
O Acre apresenta dois grandes polos econômicos: o vale do rio Juruá,
ara
disso, o Estado contribuiu apenas com 0,2% para o Produto Interno Bruto
(PIB) brasileiro, e mesmo tido um crescimento de 4,4% em 2014, ainda
continua entre os menores PIBs do país, ao lado de Roraima e Amapá.
E
sã
r
V
uto
R
a
do
aC
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
do Acre, Brasil.
No entorno de Rio Branco, desenvolve-se uma rede hidrográfica expres-
op
r
V
uto
R
Hidrografia Principal
a
Hidrografia
Bairros ao entorno da hidrografia
Bairros
do
aC
uma vez que a ocupação destas áreas que deveriam ser preservadas gera
problemas de poluição de suas águas.
A preocupação com os recursos hídricos é uma constante em toda e
ara
r
V
as principais fontes geradoras desses impactos ambientais, o desmatamento,
uto
as queimadas e o despejos de elementos poluentes no solo ou nas águas
da bacia. O Igarapé que possui um percurso de 115,6 km2 e densidade
de drenagem de 1,37 km2 é de grande importância por ser, a exceção do
R
a
Rio Acre, o principal coletor da bacia hidrográfica do sítio urbano de Rio
Branco. Encontra-se bastante degradado devido à ocupação indevida às
do
suas margens, o assoreamento de seu leito e a poluição de suas águas por
estar servindo de depósito de lixo e esgoto a céu aberto.
aC
De acordo com o PMRB/UFAC (2000), o Igarapé Judia possui um
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
tica e/ou pública no município de Rio Branco – AC. Colabora ainda para
essas tristes realidades a falta de preparação de políticas eficazes e uma
ver dit
r
V
programas habitacionais, muitos ainda voltam para o mesmo local, au-
uto
mentando a distância existente entre o problema e sua respectiva solução.
Corroborando, Raquel Rolnik (1997), em sua obra “A Cidade e a
Lei”, destaca que o difícil acesso da população de baixa renda às áreas
R
a
mais centrais das cidades, implica na invasão de áreas de proteção de
mananciais, com a aquiescência do poder público. Essa dinâmica coloca
do
em situação de risco os mananciais, pela eliminação das matas ciliares, e
pela contribuição dos esgotos in natura.
aC
A ocupação dos mananciais faz com que grandes quantidades de
r
V
uto
R
a
do Fonte: Estado do Acre, 2011.
aC
Importante trazer para debate as considerações de Oliveira e Molica
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
(2017, p. 12) “A poluição das águas, devido, principalmente, a insufici-
ência de coleta e tratamento de esgotos sanitários, associada à falta de
ações para proteção dos mananciais, contribui para a diminuição da oferta
de água para abastecimento público”. Estes são os que aqui priorizamos
i
rev
esse processo.
Partindo desse entendimento as imagens seguintes retratam um pouco
daquilo mencionado. Observa-se que a ocupação e densificação da bacia
ara
de riscos para os moradores desta área. A retirada das matas ciliares dos
rios, poluição das águas por esgotos e lixo, crescimento urbano desorga-
op
r
V
alterações no regime, quantidade ou qualidade dos de recursos hídricos
uto
sem autorização dos órgãos competentes” (ACRE, 2003, p. 74).
Segundo a ANA (2017, p. 16) “Os mananciais que atualmente abaste-
cem Rio Branco, em especial o Rio Acre, possuem disponibilidade hídrica
R
suficiente para o atendimento das demandas futuras”. Os impactos causados
a
a um ambiente natural não se limitam à área de ocorrência. Ainda mais se
tal recurso for essencial à vida e a saúde humana, como no caso dos recur-
do
sos hídricos. O esgoto despejado em um manancial que percorre grandes
aC
extensões dentro do município atinge diretamente grande quantidade de
em metade da tampinha dessa garrafa. Esse dado só nos alerta aquilo que
já sabemos: a relação existente entre a quantidade de água disponível no
or
em áreas impróprias, que trazem risco aos nossos recursos hídricos e que
não tem uma verdadeira fiscalização. Mas não cabe a nós está análise
agora, pois limitamo-nos apenas neste breve estudo da parte central de Rio
Branco acerca de seus recursos hídricos. Entretanto servem para evidenciar
as preocupações com tal recurso ao longo do estudo.
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 129
Considerações finais
r
V
gerencial, apresentando muitos problemas socioambientais. À medida que
uto
a bacia é urbanizada e a densificação é consolidada, a produção de lixo
cria condições ambientais ainda piores. Desmatamento dos leitos dos rios,
poluição das águas por esgotos e lixo, crescimento urbano desorganizado,
R
a
ocupação ilegal de áreas de preservação permanente entre outros, são
alguns dos contribuintes.
do
Apesar da realização de campanhas educacionais e ações de limpeza
por parte do poder público, para inibir esse tipo de comportamento, ainda
aC
assim, é preciso que denúncias sejam feitas e documentadas pela popula-
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
ção, pois aí está a dificuldade em punir quem comete esse tipo de crime.
são
É fundamental para a saúde de toda cidade a captação de esgoto, pois é
nela que reside à prevenção às doenças, com a diminuição dos índices de
contaminação através do contato com essa água ou da ingestão de níveis
i
REFERÊNCIAS
r
V
minas-cidades.blogspot.com.br/2014/09/acre-historia-e-geografia-do-estado-do.
uto
html>. Acesso em: maio 2018.
______. Programa Estadual de Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado do Acre. Zoneamento ecológico-econômico: recursos naturais e meio
R
a
ambiente – documento final. Rio Branco: SECTMA, 2000. v. 1
______. Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado
do
do Acre. Lei 1.500 de 15 de junho de 2003. Rio Branco, 2003.
aC
______. Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Acre. Fase II (Escala
2005. p. 34-61.
op
r
V
Tiago Magalhães da Silva Freitas
uto
Introdução
R
a
A Bacia Amazônica é o sistema hídrico mais rico em número de espé-
cies de peixes do mundo, sendo contabilizadas mais de 2.000 espécies de
do
peixes para a região, como apresentaram em seus estudos Schaffer (1998),
Lowe-Mcconnell (1999) e Reis et al. (2003), entretanto, ainda há muito a
aC
ser catalogado. Devido à extensão territorial da Amazônia, poucas áreas
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
dessa região já foram investigadas e inventariadas com coletas intensivas.
Esses inventários utilizam diversos métodos de pesca experimental, na
qual geram listas de espécies que proporcionam uma ideia do potencial bioló-
gico da diversidade local, conforme estudos realizados por de Cox-Fernandes
i
fato de 30 a 40% das espécies estarem sem descrição, o que torna obscuro
o valor real da biodiversidade para esse grupo.
A diversidade de peixes, nos diferentes ambientes e microhabitats nas
ara
r
V
espécies de pequeno porte. Goulding (1997), Lowe-Mcconnell (1999) e
uto
Silvano et al. (2000). Em seus estudos, explicam que este ambiente também
serve de rota de passagem para várias espécies quando em migração, como
os bagres da família Pimelodidae, que geralmente realizam migrações rio
R
acima para se alimentarem durante o período de seca nos rios da Amazônia.
a
Goulding et al. (1988), Ibarra e Stewart (1989), Jepsen (1997) e Ste-
wart et al. (2002) desenvolveram estudos que evienciaram que as praias dos
do
grandes rios amazônicos são ambientes efêmeros que abrigam uma biota
aquática muito diversificada, representada principalmente por espécies de
aC
peixes de pequeno porte. Entretanto, Jepsen (1997) destaca que até 1997
Material e métodos
Área de estudos
r
V
Figura 1). A região apresenta rios de águas pretas e clima tropical úmido,
uto
categoria AM, segundo a classificação de Köppen (PEEL et al., 2007). Os
locais de coleta, as praias, são predominantemente arenosos e com pouca
matéria orgânica, como folhas e galhos, depositados no substrato.
R
De acordo com Costa et al. (2002), essa região apresenta alta hetero-
a
geneidade ambiental em decorrência dos inúmeros processos geológicos
ocorrido no passado, como erosões e regressões marinhas, que ocasionaram
do
um “afogamento” dos grandes sistemas hídricos locais. Desta forma, os
principais rios da região desenvolveram-se em barragens naturais subaquá-
aC
tica, transformando-se em “lagos”. Apesar de a região sofrer influência de
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
marés e da oscilação sazonal do Rio Anapú, Hida et al. (1999) afirma que
estas apresentam intensidades bastante reduzidas, de modo que a oscilação
anual do nível de água se encontra em torno de apenas um metro.
i
Pará, Brasil. Para a captura dos peixes foi utilizada uma rede de arrasto de 6
(seis) metros de comprimento, 1,5 metros de altura e malha de 3 milímetros.
ver dit
r
V
uto
R
a
do
aC
r
Guerras (P3)
V
uto
A4 dez/14 Tucano (P2) 1°55’43,9” 50°49’27,6”
A5 dez/14 ABED (P4) 1°59’1,89” 50°48’57,7”
A6 dez/14 Arucará (P1) 1°56’0,17” 50°48’55,6”
A7 R
dez/14 Ajuruzal (P5) 2°1’33,86” 50°49’6,85”
a
A8 fev/15 Prainha (P6) 1°56’16,6” 50°48’3,82”
A9
A10 do
fev/15
fev/15
Arucará (P1)
Tucano (P2)
1°56’0,17”
1°55’43,9”
50°48’55,6”
50°49’27,6”
aC
A11 abr/15 Arucará (P1) 1°56’0,17” 50°48’55,6”
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
A12 abr/15 Tucano (P2) 1°55’43,9” 50°49’27,6”
A13 jul/15 Arucará (P1) 1°56’0,17” 50°48’55,6”
A14 jul/15 Tucano (P2) 1°55’43,9” 50°49’27,6”
i
rev
Resultados
or
ORDEM Família/Espécie N
Belonidae
BELONIFORMES Belonion apodion Collette, 1966 1
Pseudotylosurus microps (Günther, 1866) 8
r
V
Anostomidae
uto
Leporinus parae Eigenmann, 1907 1
Characidae
Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) 4
R
Hemigrammus cf. geisleri Zarske & Géry, 2007 45
a
Hemigrammus levis Durbin, 1908 3
Hemigrammus rhodostomus Ahl, 1924 1
do
Hemigrammus rodwayi Durbin, 1909 1
aC
Jupiaba cf. essequibensis (Eigenmann, 1909) 146
Moenkhausia cf. loweae Géry, 1992 162
são
Moenkhausia mikia Marinho & Langeani, 2010
Rhinopetitia aff. myersi Géry, 1964
Curimatidae
35
611
Iguanodectidae
Bryconops aff. caudomaculatus (Günther, 1864) 115
Serrasalmidae
ara
Serrasalmidae
Metynnis cf. hypsauchen (Müller & Troschel, 1844) 1
ver dit
continuação
ORDEM Família/Espécie N
Hypopomidae
Hypopygus lepturus Hoedeman, 1962 1
Sternopygidae
GYMNOTIFORMES Eigenmannia muirapinima Peixoto, Dutra & 1
Wosiacki, 2015
Eigenmannia sp. 1
r
V
Rhabdolichops troscheli (Kaup, 1856) 3
uto
Potamotrygonidae
MYLIOBATIFORMES
Potamotrygon orbignyi (Castelnau, 1855) 1
Cichlidae
R
a
Acarichthys heckelii (Müller & Troschel, 1849) 1
Acaronia nasa (Heckel, 1840) 1
PERCIFORMES Sciaenidae
or
PLEURONECTIFORMES
Hypoclinemus mentalis (Günther, 1862) 12
ver dit
Auchenipteridae
Ageneiosus dentatus Kner, 1858 5
op
r
espécies), Cichlidae (Perciformes; n = 5) e Engraulididae (Clupeiformes; n = 4).
V
uto
Figura 2 – Distribuição da riqueza (A) e abundância (B) das
espécies de peixes espécies de peixes capturados em praias
arenosas da Amazônia Oriental, município de Portel (Estado do
R
Pará), no período de Setembro de 2014 e Julho de 2015
a
Outras Ordens
15%
do
Characiformes
aC
Gymnotiformes 35%
Siluriformes
13%
Perciformes A
ara
19%
Perciformes Outras Ordens
Siluriformes
ver dit
3% 1%
6%
Tetraodontiformes
op
7%
Clupeiformes
44%
E
sã
Characiformes B
39%
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 139
r
(Estado do Pará). As linhas indicam o intervalo de confiança de 95%
V
uto
R
a
do
aC
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são i
rev
or
ara
ver dit
r
V
griseus e Vandellia sp.
uto
Na presente pesquisa também registramos a maior riqueza de espécies
para a Ordem Characiformes, como registrado em outros inventários em
praias na Amazônia (STEWART et al., 2002; DUARTE et al., 2010, 2013).
R
A riqueza dessa Ordem, seguido por Siluriformes, é observada por Lowe-
a
-McConnell (1999) como um padrão para a Bacia Amazônica. Acreditamos
que caso haja um maior esforço de coleta, considerando diferentes apetrechos
do
de pesca e outras áreas de praia da região, o número de espécies encon-
aC
tradas nesses ambientes possa se aproximar do esperado, uma vez que o
Por fim, Montag et al. (2009) observa que novos estudos poderão tra-
zer inferências acerca da delimitação de áreas de endemismo e distribuição
geográfica das espécies. Não apenas criando condições para medidas con-
E
REFERÊNCIAS
r
shared species from samples. Version 9, 2013. Disponível em: <http://purl.
V
oclc.org/estimates>.
uto
COLWELL, R. K.; CODDINGTON, J. A. Estimating terrestrial biodiversity
through extrapolation. Philosophical Transactions of the Royal Society B,
R
v. 345: p. 101-118. 1994.
a
COSTA, M. L. et al. Geologia. p. 179-205. In: LISBOA, P. L. B. (Org.). Ca-
do
xiuanã: populações tradicionais, meio físico e diversidade biológica. Belém:
Museu Paraense Emílio Goeldi, 2002. 734 p.
aC
COX-FERNANDES, C. Diversity, distribution and community structure
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
of electric fishes (Gymnotiformes) in the channels of the Amazon River
system, Brazil. Duke University, North Carolina, Departamento de Zoologia,
Tese de Doutorado, 1995. 394 p.
DUARTE, C.; DEUS, C. P.; RAPP PY-DANIEL, L. 2013. Comparação da
i
rev
r
V
v. 36, 1987. 1-14.
uto
MONTAG, L. F. A. et al. Peixes da Floresta Nacional de Caxiuanã (municí-
pio de Melgaço e Portel, Pará-Brasil). Boletim do Museu Paraense Emílio
Goeldi, série Ciências Naturais, v. 3, n. 1, 2008.
R
a
MONTAG, L. F. A. et al. The Ichthyofauna of Savannas from Marajó Island,
State of Pará, Brazil. Biota Neotropical, v. 9, n. 3, 2009. Disponível em: <http://
do
www.biotaneotropica.org.br/v9n3/en/abstract?inventory+bn01609032009>.
aC
PEEL, M. C.; FINLAYSON, B. L; MCMAHON, T. A. Updated world map
r
V
Danúbia Zanotelli Soares
uto
Adriana Correia de Oliveira
Rogério Nogueira de Mesquita
Maria das Graças Silva Nascimento da Silva
R
a
Introdução
do
Os sentidos são norteadores para a percepção de lugar, de espaço, de
aC
paisagem. As representações são caracterizadas pela representação simbólica
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
tivo desta investigação foi utilizado a entrevista com questões que norteiam e
ver dit
r
V
enfatizando a revelação da subjetividade, como podemos verificar no que expõe
uto
Harvey (2004) em sua obra “Espaços de Esperança”. A pesquisa se insere na
geografia humanista envolvendo o trabalho de campo. A geografia é uma ciên-
cia que vai além do que é visto de forma concreta, fazendo leituras a partir do
trabalho de campo considerando a subjetividade das transformações do espaço.
R
a
Sendo assim, a pesquisa enquadra-se numa abordagem humanista do saber
geográfico, que considera os aspectos subjetivos e as vivências, atribuindo-lês
do
valor como elementos de sua análise. Importante frisar que este estudo não tem
a intenção de esgotar o tema, até mesmo porque o assunto é amplo e merece
aC
uma salva de imagens que não foi imposta aqui, mas, pelo fato de ser resultados
Métodos e técnicas
são i
Como metodologia de investigação foi utilizada a coleta de dados quanti-
rev
com mais de 15 anos de idade, com residência em Porto Velho que frequen-
tam as praças e parques da cidade. Os entrevistados foram aleatoriamente
convidados a apresentar suas percepções individuais sobre a paisagem que
frequentam, através de um formulário de entrevista (questionário) com per-
E
sã
r
construir diferentes espaços, a busca de atender suas necessidade, a
V
poesia necessária dentro da cidade, um espaço que oferece perigos;
uto
f) Contribuição do parque Circuito para a cidade de Porto Velho:
questão aberta.
R
a
Tais questões foram desenvolvidas e demonstradas através de gráficos
que representam o resultado da e pesquisa de campo realizado pelas autoras
do
entre os meses de agosto e novembro de 2015.
aC
Representação e significado
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
O estudo busca analisar representação e significado das praças e par-
ques em Porto Velho que implica em ir além do entendimento do fenômeno
natural da construção da paisagem, permitindo momentaneamente associar
ao conceito da paisagem representação e significado com a poética e valores
i
culturais do lugar.
rev
(2006), onde esse fenômeno deve ser visto em sua especificidade espaço-
-temporal. Isso leva em conta os fatores de dimensão sensíveis e simbólicos,
como confirma Serrão (2011, p. 186) “A paisagem enquanto “dimensão sen-
ara
r
V
– o percebido, o concebido, o vivido – nunca são simples, nem estáveis,
uto
tampouco são, mais “positivas”, no sentido em que esse termo opor-se-ia
ao “negativo”, ao indecifrável, ao não-dito, ao interdito, ao inconsciente
(LEFEBRE, 2006, p. 76).
R
a
Estas paisagens como esclarece o autor vai alem do campo visível, mas
transcende para o imaterial se estendendo ao campo da representação e sig-
do
nificação onde a constatação e decodificação do seu sentido são reservadas a
experimentação e produção do espaço vivido, espaço percebido e concebido.
aC
Estes envolvem os elementos pesquisados pela geografia cultural possibili-
494 mil habitantes segundo dados do IBGE (2010). Em sua maioria as pes-
soas são oriundas de outros estados, principalmente no sul e sudeste do país.
op
É uma cidade portuária onde o seu maior rio é o “Madeira” e possui mais
de 60 bairros. Segundo os dados do IBGE, o município de Porto Velho tem
aproximadamente 34 mil km² de área, com 12 distritos: Porto Velho, Abunã,
E
sã
Lauro Sodré, com o objetivo de criar para a comunidade uma área de lazer
para a prática de atividades físicas e passeios familiares.
Passou a se chamar Parque Circuito, possivelmente pelo fato de que até
pouco tempo, Porto Velho não possuir muitos espaços destinados para caminhada
e trilhas. A pista do Parque Circuito tem aproximadamente um quilômetro (1
km) de extensão em meio a uma área bem arborizada, e está localizado na Zona
Norte de Porto Velho. O espaço total do parque é de 390 hectares com diversas
r
V
atrações, entre elas, três trilhas na mata para crianças e adultos, um museu do
uto
acervo biológico, sala de educação ambiental para cursos e oficinas, playground,
mesas para piquenique, academia ao ar livre e viveiro.
Em visita ao local, observamos que este inicialmente era um lugar lindo,
R
cercado por árvores, todo gramado, com trilhas para caminhada. Ótimo espaço
a
para finalizar as tardes com passeios e contato coma natureza, a calmaria, o
sossego e a prática de esportes. Um pouco afastado do centro da cidade e
do
com iluminação deficiente transmitia um ar de abandono, de descaso com a
diversidade ambiental que ali se encontrava. Entretanto, permanecia uma luz
aC
interna, própria da natureza.
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são
Após uma reforma o espaço voltou a ser frequentado por famílias, jovens,
crianças e idosos. Observamos em trabalho de campo, as comemorações de
aniversário estilo piquenique, e as pessoas se sentiam muito bem ao esticar
suas toalhas na grama e aproveitaram pra valer o espaço. O local possui
i
Percepção da população
r
destacando que desse grupo de entrevistados 90% dos indivíduos nasceram
V
e morou em Porto Velho toda sua vida. Também nos chamou atenção é um
uto
número elevado de pessoas que vivem entre 15 e 20 anos no município.
Um total de 90% dos sujeitos que responderam ao questionário tem
idade entre 15 e 20 anos, demonstrando que naquele momento o parque era
R
a
frequentado por pessoas mais jovens. Por questões dedutivas, tínhamos a
hipótese de que encontraríamos pessoas com mais idade, mas, a hipótese
foi refugada.
do
Na busca da percepção da população a respeito da paisagem do parque
aC
colocamos o questionamento sobre o que significa frequentar esse parque. Os
entrevistados praticavam esporte no momento que foram abordados, entre-
o parque.
or
r
V
Esta questão do medo é interessante, pois, o que isto representa a cada
uto
pessoa é um tema a parte desta pesquisa, mas que tem importância geográ-
fica, pois o mapeamento deste tema traz a percepção de representatividade
de cada paisagem, de cada espaço. Um dos pontos que nos chamou atenção
R
foi à possibilidade de mapearmos este medo e identificar os seus “porquês”.
a
A Figura 2 demonstra significado e representação da sombra, qualidade
do ar e beleza do parque.
do
Figura 2 – Significado e representação da sombra, qualidade do ar e beleza
aC
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são i
rev
or
ara
ver dit
op
vivenciados nesse lugar. A liberdade tão desejada pelo ser humano em todos
os tempos se apresenta em primeiro lugar, numa porcentagem bem próxima
ao encantamento com a natureza. Caracterizando os tempos atuais o medo de
assalto aprece como o terceiro sentimento vivido nesse espaço, antes mesmo
da à indignação com a forma com que é tratado e mantido esse espaço. A Fi-
gura 3 demonstra os sentimentos vivenciados nesse espaço. Em última análise
questionamos a contribuição desse Espaço para Porto Velho.
150
liberdade
medo de assalto
encantamento com
a paisagem
r
V
indignação com a forma com
que é tratado esse espaço
uto
necessidade de distanciamento
do cotidiano
cumprimento com os
cuidados com a saúde
R
a
do
Fonte: Pesquisa de campo, 2015.
aC
Reconhecidamente a saúde e laser para a população foram colocados
r
V
manutenção do local, com a esperança e o lamento de que ainda há muito que
uto
construir, reconstruir e cuidar, neste e em outros espaços da cidade.
Considerações finais
R
a
Na busca de perceber o caráter subjetivo presente nas paisagens dos
parques portovelhenses, constatamos os significados e representação do
do
parque circuito de Porto Velho. Demonstrado nesse espaço o significado de
frequentar, o significado e representação da sombra, qualidade do ar e beleza,
aC
os sentimentos vivenciados nesse espaço, e o reconhecimento da contribuição
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
do parque para a cidade de Porto Velho, houve respostas diversificadas, mas
demonstram que na atualidade a busca pela liberdade é o fator mais valorizado.
O contato com a natureza traz esta ideia de conquista da tão sonhada
liberdade e o a sensação de estar suprindo muitas das inúmeras necessidades
i
importância maior foi a busca para atender tais necessidades do homem que
são supridas pelo contato com a natureza seguidos do reconhecimento do
parque como poesia necessária dentro da cidade.
O medo presente entre os sentimentos se relaciona ao cotidiano na contem-
poraneidade que tem suas raízes no medo das relações humanas degeneradas
na atualidade e nas possíveis armadilhas geradas num processo em que estão
presentes seres corruptíveis vistos no cotidiano desse instante histórico. A este
152
r
V
acordo com os dados estar naquele lugar, está cercado de outros significados
uto
como liberdade e a necessidade de estar na sua condição de ser integrante
da natureza.
Diante das informações levantadas, observa-se que a população tem a
R
percepção da importância no que se refere ao parque, a paisagem urbana, e
a
seus aspectos benéficos. No entanto, percebemos com esta pesquisa que ainda
falta uma política de planejamento e viabilização de ações a serem implantadas
do
a curto, médio e longo prazo e que visem melhorar as condições do parque
para que haja, de fato, a melhoria na qualidade de vida da população advinda
aC
do parque na cidade de Porto Velho.
REFERÊNCIAS
r
V
______. Mercator – Revista de Geografia da UFC, ano 1, n. 1, p. 19-28, 2002.
uto
CASSIRER, Ernest. Antropologia Filosófica – Um ensaio sobre o homem.
trad. Vicente Felix de Queiroz. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1977.
R
a
DARDEL, Eric. O homem e a terra: natureza da realidade geográfica. trad.
Werther Holzer. São Paulo: Perspectiva, 2011.
do
aC
GOMES, Cilene. Biblio3w Revista Bibliográfica de Geografía y Cencias
Sciales – O Universo do Homem Social e o Lugar da Realidade Objetiva:
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
um diálogo entre Pierre Teilhard de Chardin e Milton Santos (Serie documen-
tal de Geo Crítica). Universidad de Barcelona, v. XIII, n. 772, 15 jan. 2008.
Bertrand, 2007.
rev
or
r
V
Maria Liziane Souza Silva
uto
Introdução
R
a
A ocupação da Amazônia por cearenses foi marcada por movimentos
do
migratórios a partir do final do século XIX com o advento da expansão
extrativa da borracha, feitos por levas de pessoas vindas principalmente do
aC
Nordeste brasileiro. Neste primeiro momento, as condições internacionais
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
advinda da Segunda Revolução Industrial fizeram com que a economia
mercantil da borracha ficasse em alta tornando-se atrativo para milhares
de pessoas que vieram em busca da garantia da moradia, do trabalho e
do tão sonhado “El Dourado”. Mas é durante a década de 1940 que essa
i
migração para a Amazônia, em sua maioria, feita por cearenses. Outra vez
ver dit
servir em 1944, hoje com 98 anos, por entenderem que aqui teriam maior
probabilidade de sobrevivência.
Assim, iniciava-se a Batalha da Borracha, nome dado em função do
momento de guerra, apesar de não ser uma disputa armada, estes foram
intitulados como soldados da borracha, uma vez que estavam a servir a
pátria no corte da seringa. O Estado do Acre foi um dos Estados amazônicos
156
r
V
o resultado de tudo isso.
uto
Sabe-se que ao migrarem, milhares destas pessoas deixaram para
trás suas famílias, seus ententes queridos, perdendo-se muitas vezes para
sempre nos confins da selva amazônica sem nunca mais ter notícias de
R
seus parentes. Ao chegarem no novo espaço deparavam-se com condições
a
das mais adversas. Benchimol (1977) relata que o trajeto da viagem até a
do
chegada nos seringais era bem complicado. E depois da chegada também
era comum não haver suprimentos disponíveis e apodrecerem os gêneros
aC
alimentícios em Belém e Manaus quando os altos rios estavam secos, re-
voltar aos seus, tampouco conseguiram fazer fortuna, mas uma coisa foi
certa para o entrevistado deste capítulo, ele foi combatente. Recrutado jovem
ara
para a Região Amazônica, junto a outros tantos para servir a Pátria como
já dizia Geraldo Vandré: “... De morrer pela pátria. E viver sem razão...”11.
ver dit
11 “Pra não dizer que não falei das flores” (também conhecida como “Caminhando”) é uma canção escrita
e interpretada por Geraldo Vandré. Teve sua execução proibida durante anos, após tornar-se um hino de
resistência do movimento civil e estudantil que fazia oposição à ditadura militar brasileira, e ser censurada.
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 157
r
V
por respostas aos questionamentos. Neste sentido, vale concentrar esforços
uto
aos estudos já existentes sobre o tema.
Fernandes destaca que (2018, p. 1) “A presença de árvores seringueiras
no México, na América Central e particularmente na bacia Amazônica levou
R
à utilização do líquido leitoso pelas civilizações indígenas americanas”.
a
Apesar da borracha se fazer presente em outros continentes, sua qualidade
nem de longe se assemelhava à encontrada na árvore de nome científico
do
Hevea na região amazônica, segundo estudos realizados ao longo dos tempos.
aC
Nesse contexto, Fernandes (2018, p. 2) afirma que “Nativa da região
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
amazônica, essa árvore era não só a mais resistente, sustentando três pe-
são
ríodos de extração por ano, como também a que oferecia a borracha de
melhor qualidade”. As árvores seguiam os cursos de água, principalmente
ao longo do rio Amazonas, se espalhando a vários tributários desse rio,
sendo encontradas espalhadas em meio às demais espécies de árvores da
i
rev
floresta amazônica.
or
r
V
Os períodos da borracha foram determinantes para o processo econômico
uto
e para a ocupação da região Amazônica. Como destaca Weistein (1993) o
período entre 1850-1920 foi o primeiro ciclo da borrracha. No segundo ciclo
teve uma característica marcante, segundo Teixeira (2001, p. 11): “[...] a
R
presença dos cearenses e peruanos como seringueiros”.
a
Entretanto esse extrativismo vegetal de maneira extensiva aos poucos
atinge declínio, devido à plantação de mudas da seringueira em enormes
do
campos em países asiáticos, pois, como explica Lima (2013, p. 27) “[...] na
Ásia, sobretudo na Malásia e Sri Lanka, a produção acabou por superar a da
aC
Amazônia. Em consequência disso teria se iniciado o esgotamento do ciclo da
leiros começam, entre eles, cartazes otimistas e slogan como: “borracha para
a vitória”, mobilizando novamente extratores de diversos estados, inclusive
ver dit
persuasão destas pessoas para migrarem à Amazônia, entre eles o pintor suíço
Pierre Chabloz. Segundo Moraes (2010), o artista plástico chegou a Fortaleza
em 1943 como responsável pela propaganda da “Campanha da Borracha”,
teve atuação significativa. Por exemplo, a Figura 1 trata de duas propagandas
(Marketing) do Departamento de Propaganda e Imprensa – DIP do governo
Getúlio Vargas, feita pelo pintor suíço Pierre Chabloz que ajudou a persuadir
os nordestinos a se deslocarem para a Amazônia.
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 159
r
V
uto
R
a
do
aC
Fonte: Santana (2012).
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
Era um discurso, que como consta em Santana (2012), precisava entrar
em cada lar, persuadir, iludir, conquistar famílias inteiras a migrarem para
um “novo mundo” que oferecesse “conforto e dignidade”. Propagandas
i
toque de mágica. Com estes discursos, estava assim, dada a largada para a
grande “marcha para o Oeste”.
ara
num ambiente que iria lhe oferecer fartura, conforto e prosperidade. Sob
esse sistema de “incentivos” e situações que ocorre novamente outra mi-
gração nordestina para a Amazônia. O Acre será um dos receptores destes
extratores. É neste momento que se inicia uma nova história na vida do Sr.
Murilo, nordestino convocado para servir a guerra e que optou por servir
nos seringais amazônicos. O Estado do Acre foi seu destino.
160
r
V
para obter termo de aptidão a prestação do serviço na Amazônia.
uto
Junto ao documento, recebiam suas vestimentas a serem utilizadas e
a promessa de que posteriormente, seria recrutada novamente a sua terra
natal, algo que para muitos não se concretizou, porque as doenças tropicais,
R
principalmente a malária levou inúmeros soldados a morte. Felizmente esse
a
não foi o fim do Sr. Murilo de Lima12 (Figura 2), peça principal para entender
tais questões neste estudo.
do
No dia 22 de fevereiro do ano de 2017, durantes viagem realizada ao
aC
município de Mâncio Lima Acre, extremo oeste do Estado, foi realizado
entrevista com o Sr. Murilo de Lima, 97 anos na época, cearense vindo de
os mínimos detalhes.
A primeira indagação foi sobre os motivos que o levaram a migrar para
ver dit
o Estado do Acre. Assim como foi a trajetória, o percurso desta viagem até
chegar ao destino final.
op
Sai de Sobral com 24 anos, tinha servido. Fui primeiro pra PM, depois
passei pro exército. Quando eu fui receber a farda, foi quando eu recebi
a notícia que tinha sorteado pra guerra né. Ai fizeram o negócio pra
mim servir aqui. Eu tirei a carteira como segundo reserva, soldado da
reserva ne. Ai ficou lá no Banco do amazonas, em Manaus, ficou uma lá
12 Seu Murilo de Lima nasceu em 31 de outubro de 1920 e faleceu em 16 de outubro de 2018, com 98 anos
de idade.
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 161
e eu trôxe uma pro seringal, mas meu patrão oi!, deram fim. Porque se
eles não desse fim, eles iam ter que pagar todos os bens, ordenado meu,
mais disseram que foi o rato que carregou rapaz. Oia, naquele tempo
era cento e vinte o que eu recebia ne, lá em Manaus eu tirei 900, quando
eu vinha pra cá... eles disseram.. égua lá vamos pagar esse ordenado ne
(riso), pagaram não! Vim por causa da guerra. Eu era uma fera! Tudo
tinha medo de mim. Aqui eu tô uma peça boa. Eu fui respeitado por todo
mundo. Eu as vez, eu fico pensando, como e que uma pessoa vence uma
r
V
batalha como essa, e chega essa idade ne? Ai, quando foi pra eu sair pra
uto
cá, faltava oito dias pra eu pegar a farda ne. Ai eles perguntaram o que
era que eu escolhia, se era vim pra cá ou servir lá, ir pra guerra ne. Ou
vinha pra cá ou ia pra lá. Eu tava surtiado. Ai eu disse assim: rapaz, eu
prifiro ir pro amazonas, que eu chegando lá eu garanto que tenha vida,
R
e na guerra eu não garanto. (risos). Fizeram a transferência ne, me
a
mandaram pra cá. Ai eu passei logo 15 dias preso lá. Era pra ninguém
da noticia pra ninguém. Fugir ne. Porque muitos fugia. Mas eu dizia. Eu
do
não vô fugir porque se fosse pra fugir eu não tinha vindo pra fazer esse
troco. Eu vô é pro amazonas. Pra mim eu uma beleza pra chegar aqui
aC
oh. Mas meu amigo pra chegar aqui você passa primeiro pelo inferno
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ne. Preso dentro de navi. Quando eu entrei era nove horas da noite, eu
são
vim conhecer a proa do navio com quatro dias de viagem..com uma sede
danada, ai eu miorei mais. Dormindo no convés do navio, só botava a
rede no chão, só era óleo queimado ne, pior imundície. Oito dia eu não
almocei nem jantei, nenhuma. Nem bebia nem comia, e o pessoal num
i
vai passando a dor. Se você tivesse sustança, cuma nem eu tinha, ela
se acaba todinha, nos oito dia, ela já se acabo. Eu dizia, tô morto, sem
or
que a ambarção dele subiu os rios e eu vim mais os fii dele ne. Rapaz, foi
a viagem mais doida que eu já fiz. Aqui tem um homem que eu cansei de
op
puxar ele pelas pernas, ele dentro das caixas, com medo de briga (risos),
eu era o cabeça, eu entrava, tinha uns baianos, aqueles negão, costumado
jogar chute ne. Nós saía dez, doze, invadia a cozinha, quebrava o cama-
rote, fazia o diabo, batia a mão na faca. Esse cara era de Fortaleza, ele
E
sã
tinha 17 anos, mas o pobre era medroso, nunca tinha visto briga, aí ele
escapava dentro das caixas, lá no camarote, escondido ne. Eu quando
vejo ele aqui, eu digo, rapaz tu é um cabra frôxo (risos). Ele diz, rapaz
tu é doido, tu é o homem mais doido do mundo. Eu digo, eu era doido
porque o pessoal me obrigava a ficar doido ne, passando fome do jeito
que eu tava ne. O capitão do navio dizia: calma pessoal, calma se não
vô mandar jogar agua quente em vocês. Eles tinha essa arrumação ne.
162
Abria as torneiras e... água quente pra acaba a briga. Poxa vida! Olha
capitão: nem que caia só os ossos aqui, mas o navio vai ficar com o casco
pra cima, nós vamos alagar! (risos). Aí ele dizia, pois olhe: daqui a meia
hora tem comida pra todo mundo, pode calmar! Aí era que calmava. Aí
eu vi quando mataram um boi, eu fui olhar, num tinha mais cabelo, era só
o couro preto, parecia que ele era... tu só via osso, num tinha mais carne.
Aí!!!...., essa comida é pra cachorro comer, não pra homem, bandido sem
vergoim! Aí BLUMM!, arrancava a cancela de ferro, BLAAR!.., jogava
r
V
o cozinheiro, ai o pau distindia ne, (risos) quem era que ia ser besta de
uto
se meter no mei ne. Aí era assim. Mas o cabeça era eu. Tinha essa sorte
(entrevista concedida em fevereiro de 2017) (transcrita da forma que o
entrevistado falou).
R
a
A fala do Sr. Murilo revela que ele foi um dos “soldados” selecionados
durante a Segunda Guerra Mundial. Sorteado, não havia maiores opções a
do
não ser de encarar uma guerra ou se aventurar, também “como um soldado”
(como pregava as propagandas do governo) nas densas matas amazônicas.
aC
Ele viu a possibilidade de maior sobrevivência, trabalhando numa floresta
que trabalhou, como sobreviviam, como era a vida, nestes lugares. Qual era
o sentido de viver.
or
r
V
e no caso de doenças como fazia para curar.
uto
Resposta 3 – Eu era um homem muito forte
Onça, vigiii, matei bem umas quatro oh, mas sempre eu quem matava ela,
R
a
ela nunca me matou. (risos). Só atirava na sangria. Agora eu tive uma,
vô contar, num vô dizer que não. Olhe, eu entrei na mata rastreando um
do
viado, quando começou a agua ficou toldada, bem aqui perto, rapaz, a
pragata era desse tamanho assim oh, na minha frente, já em cima do viado
aC
também ne, no lugar de eu rastrear o viado já rastreava era a onça. Aí
quando eu cheguei assim, tinha uma samaúma grande assim, tinha uma
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são
caída grande assim, e ela foi entrou mais o viado debaixo, deu quase
dezesseis quilos. Quando eu entrei na moita, que olhei assim, olha mais
dois, tava lambendo o sangue do viado, ela tinha matado e tava bebendo
o sangue ne, e eu, aí passei a mão, peguei a garroncha e num disparo, ai
sai correndo, com medo de a onça correr atrás de mim. Nunca mais vô
i
rev
do figo, meu figo acasbôsse, meu fico acabôsse, tem mais não. Aquela
vassôrinha era o que tinha muita ne. Aí eu tirei o sumo dela, aí butei
no sereno da noite, cinco horas da manhã, me levantei, saí no rumo do
ara
umas horas já tava com vontade de cumer. Oia, cum cinco dias eu tava
novim, zerado ne, te hoje, cabo. Doença mesmo, tinha alguma, tinha a
cesao. Pra curar era umas piulinhas assim. O farmacêutico levava pro
op
A fala do Sr. Murilo demonstra que era um tempo muito perigoso, de-
vido à existência da quantidade de animais silvestres, onça principalmente,
que colocava em risco a vida destes seringueiros. Quando se deparam com
as doenças na maioria das vezes era o remédio caseiro, através de plantas
medicinais, o socorro presente.
164
Resposta 4 – Tava com sessenta e tantos anos que eu não andava la né.
Só homem eram dez comigo, e quatro irmã. Tava com sessenta e tantos
r
anos que eu não andava la ne. Consegui ir la. consegui ir la já. Umas
V
quatro vez. Eu fui ter comunicação com alguém perto dos sessenta anos
uto
ne, nuntinha comunicação com ninguém, nem pra ca nem pra la. Chegou
um sargento aqui em Cruzeiro, era meu subri, aí ele soube onde eu morava
e vei bater aqui em casa. Mas olha.., é coisa mais triste do mundo tu num
R
saber da família ne. Papai morreu, eu sonhei de noite que ele tava cego e
a
separado da mamãe. Ai, eu dizia pro pessoal: papai morreu, a mae não,
quando ela morreu num deu pra saber não. (silencio..) num deu, porque
do
num deu mermo.
Rapaz, eu ganhei uma porção de dinheiro, mais eu estraviava, dava tudo,
aC
os derradeiro dinheiro que eu tinha, já tinha família, viajava pra qui, pra
cola, ai ia acabando. Quando num tinha mais ai ia ganhar dinovo ne
propagandas da época, o que para ele foi também motivo de decepção, tristeza
or
Fernandes (2013, p. 18) explica de que “[...] o migrar foi, para uns, uma
forma de resistência, o não aceitar passivamente as condições que lhes
ver dit
foram impostas em seus locais de origem, enquanto para outros foi o fruto
de dramas familiares, ou ainda o resultado da falta de perspectivas sociais”.
op
Eu achei ruim no começo né, mas depois me acostumei né... (pausa, silen-
cio) Me arrependi, vigii Maria. Eu chorei, nunca tinha chorado na minha
vida. Muitas vez, eu na estrada eu chorei minha fia, passava era horas,
de coca, imaginando. Um arrependimento doido né! Olha, eu perdi tudo
quanto era meu lá, fico tudo perdido né. Cheguei (na volta ao Ceara), num
encontrei mais nada. De herança dos meus pais, nada! Mais minha irmã,
r
V
cadê minhas heranças, minhas irmãs? Ah meu fii, fulano ficou com tudo ne.
Ele enganou fulano, enganou cicrano, e belano e tal e tal, eu digo, mais eu
uto
não vô nem falar disso, eu num vim aqui atrás de nada disso, quero não!
Se tiver bem, se num tiver também num vô tá sendo besta. Esse homem,
sabe se ajoelhou nos meus pés, era meu irmão, ele era mais novo que eu.
R
Se ajoelhou aqui, pediu perdão do que ele tinha dito pro Juiz que tinham
a
me matado lá Acre, não era mais vivo. Por isso foi que eu perdi a herança
ne. Ficou com tudo, vendeu a fazenda, trocaram numa casa, e a outra eles
do
pegaram e venderam, tudo. Eu voltei pro Acre porque tinha minha família,
mas se eu num tivesse nunca tinha mais voltado pra cá não. Olha, lá tem
aC
fartura de tudo. Morava la em Sobral, em Fortaleza. Mas olha, é quatro
horas de viagem (entrevista concedida em fevereiro de 2017).
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
Este relato revela o profundo arrependimento de um sujeito que, sorteado
fez a opção em vir para a guerra na Amazônia, pelo cumprimento à convo-
catória de servir sua pátria e por achar que seriam maiores as possibilidades
i
perdeu o desejo de um dia retornar para sua terra, para os seus. Ele nunca
or
Considerações finais
r
V
Uma batalha feita através de acordos firmados entre Brasil e Estados Uni-
uto
dos quando o governo brasileiro viu nessa situação a chance de reerguer
outra vez a produção da borracha, contando com estratégias armadas nos
altos escalões ministeriais dos dois governos, que fixaram sua política e
R
ação mediante a montagem de um dispositivo logístico-institucional de
a
grande envergadura para a época.
Neste momento, o Nordeste brasileiro e que, ironicamente como no
do
primeiro surto migratório sofria novamente outra grande seca, foi alvo de
aC
pesadas propagandas do Governo Federal de incentivo à migração para
Milhares destes vieram em busca deste novo paraíso ou, vieram para
“servir a Pátria”, como foi o caso do Sr. Murilo. Neste segundo surto da
or
rada virou utopia, era ilusão pois o sistema que os aprisionavam era de
um trabalho penoso, árduo, solitário e por vezes perigoso. A estrutura de
trabalho era precária, era exaustiva. Dessa forma, era quase impossível
E
rever os seus novamente. Mais raros são aqueles que ainda sobrevivem
para nos contar a verdadeira história. Raros!
Revela-se aí uma total insensibilidade das autoridades constituídas
para com os migrantes aqui esquecidos e abandonados, uma incapacidade
empresarial dos que atuavam no sentido de desenvolver economicamente
a região, um imenso descompromisso e falta de visão dos políticos e da
classe dominante. Percebem-se as ideias dominantes como uma forma
r
V
de sedução simbólica que serve para ocultar algo, revelando somente
uto
aquilo que ele quer que objetiva. Todavia, é nos relatos nestes sujeitos
que encontramos as contradições que derrubam os discursos das ordens
hegemônicas impostas.
R
Analisar estes processos, os motivos que impulsionaram uma dada
a
migração em um determinado local, através do relato de alguém que vi-
venciou esse processo, dando voz, promovendo sua análise, é poder fazer
do
um momento passado se tornar presente, ou seja, é compreender a forma
aC
como o passado chega até o presente. É o resultado de um todo, já vivido.
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
E é graças a estas memórias, que este tempo vivido não está perdido e que
são
podemos fazer outras descobertas do passado, através da valorização des-
tes outros pontos de vistas, não se preocupando em explicar tudo, porém,
suscitando novas indagações.
O senhor Murilo dedicou toda sua energia à batalha da borracha na
i
rev
Amazônia, sem temor, sem temer. Essa Amazônia dos seringueiros, dos
nordestinos, da borracha, dos rios, das florestas, das experiências e das
or
história, novos valores culturais. Como resultado de tudo isso, estes fizeram
emergir um novo lugar, mostrado pelo trabalho, modo de vida, das vivên-
cias, das experiências, do sofrimento e esperanças que nunca acabaram. Foi
E
REFERÊNCIAS
r
V
Acesso em: 13 set. 2018.
uto
LIMA, Frederico Alexandre de Oliveira. Soldados da borracha: das vivências
do passado às lutas contemporâneas. Manaus, 2013. Disponível em: <http://
ppgh.ufam.edu.br/attachments/article/195/Frederico%20Alexandre%20de%20
R
a
Oliveira%20Dissert%202013.pdf>. Acesso em: 13 set. 2018.
do
Rio Branco: EDUFAC, 2004.
aC
MORAES, Maria A. Construção do “civismo urbano” na cidade de Rio Branco-
do Acre, 1985.
pintor suíço que ajudou a persuadir nordestinos a virem para a Amazônia. Ron-
dônia ao vivo, 2012. Disponível em: <http://www.rondoniaovivo.com/noticias/
ver dit
soldados-da-borracha-a-propaganda-do-dip-e-o-pintor-suico-que-ajudou-a-per-
suadir-nordestinos-a-virem-para-a-amazonia/90534>. Acesso em: 12 ago. 2017.
op
r
V
Moisés Daniel de Sousa dos Santos
uto
Introdução
R
a
As discussões em torno do espaço e cultural tem ganhado cada vez mais
do
destaque no campo geográfico, pois tem adentrado em ambientes antes estig-
matizados pelo pouco ou nenhum conhecimento de sua relação com espaço
aC
em que acontecem. Nesse contexto, as manifestações culturais por meio da
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
dos mastros dos homens e das mulheres em que cada grupo é responsável
por essa execução.
Ao observarmos a história da origem da sociedade brasileira, a mulher
aparece como auxiliar ao homem nas mudanças sociais e no trabalho cotidiano.
Essa concepção durante muito tempo perdurou como “normal”, porém esse
fato mudou a partir dos movimentos feministas de 1960 e 1970, onde passou
170
r
V
que se faz entender por meio dos movimentos, lutas e estratégias, contra os
uto
modelos de cultura excludentes, a relevância do gênero feminino, em vários
segmentos da vida social que expressam das mais diversas formas.
Nesta perspectiva, procurou-se refletir e analisar sobre como acontece
R
essa relação de gênero dentro da Festa do Çairé. Assim, para obtenção dos
a
dados recorreu-se por meio de pesquisa participante em que foi possível vi-
venciar e observar os indivíduos, espaços e paisagens a Festa do Çairé e suas
do
relações, como método adotou-se o fenomenológico para embasar as análises
e discussões teóricas, pois teve como foco centrar no indivíduo e relações
aC
com o lugar, assim a pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa,
gem dos estudos dentro da academia, porém nos últimos tempos viu-se uma
mudança nessa concepção e interesse em relação a relevância dos estudos
culturais e sua afinidade com o espaço, pois com esforço de diversos grupos
ara
r
V
secundárias e geralmente invisibilizadas, escondidas nos “bastidores”.
uto
Há 22 anos Lavinas (1997) discutia a questão de gênero e expões que o
caráter das relações referia-se a dominação e opressão e que fazia com que
as diferenças biológicas entre os sexos em fatores decisivos para pontuar a
R
desigualdade social ou exclusão. “Isto significa que todo o indivíduo é sexuado
a
e que é nessa condição irredutível que virá a situar-se no mundo, ter opor-
tunidades, escolhas, trajetórias, vivências, lugares, interesses” (Ibid., p. 16).
do
O conceito de lugar é uma categoria que ganha destaque no tratamento
dos festejos populares, pois abrange um espaço onde são arquitetadas as
aC
identidades, lembranças e interações sociais que são determinadas pelo grupo
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
coletivo que habita esse espaço ou mantem algum tipo de relação. Dessa
forma, a representação e alegorias se fazem presente no espaço como assi-
nala Diegues (1993, p. 84), “A íntima relação do homem com seu meio, sua
dependência maior em relação ao mundo natural, comparada ao do homem
i
com seus semelhantes estabelecem laços com o espaço onde estão inseridas.
Nesses espaços próximos aos rios, às pessoas desenvolvem suas ativida-
op
Os caminhos da pesquisa
r
V
de Alter-do-Chão, localizado no município de Santarém, estado do Pará. Pará
uto
é o segundo maior estado da região norte do Brasil em extensão territorial,
dividido em aproximadamente 144 municípios (Figura 1 – próxima página).
Os limites territoriais do estado são com o Suriname e Amapá ao norte,
R
ao nordeste com oceano Atlântico, com o Maranhão a leste, ao sudeste com
a
Tocantins, ao sul com o estado do Mato Grosso, Amazonas a oeste e Roraima
e Guiana a noroeste. Importante mencionar que o grande número de estados
do
e países com o qual faz fronteira, está diretamente ligado ao tamanho de seu
aC
território de 1.248.042, 515 km².
Cabe ainda mencionar que o Estado possui um quantitativo populacional
r
V
que nos permite dizer que sua economia gira em torno do turismo.
uto
Para obtenção de dados além do cunho fenomenológico e a pesquisa
bibliográfica, foi feito pesquisa de campo por meio da participação na Festa
do Çairé, onde foram obtidas informações e destas extraiu-se as percepções
R
vividas na pesquisa no trabalho cotidiano de Alter-do-Chão no período fes-
a
tivo. “A festa do Çairé é uma das mais antigas celebrações conhecidas na
Amazônia e contabiliza pelo menos três séculos de existência. Há registros
do
de comemorações do Çairé em diversos locais no Norte do Brasil, embora a
aC
festa só perdure em Alter do Chão” (CARVALHO, 2016, p. 235).
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
A pesquisa participante também foi adotado neste estudo, uma vez que se
são
apresenta como um instrumento metodológico eficaz para a coleta e a análise
dos dados e, tendo como objetivo final, o entendimento das relações sociais e
culturais estabelecidas coletivamente entre os indivíduos na Festa do Çairé e
as relações de gênero. Na perspectiva da geografia, conforme Lencioni (2003,
i
rev
típicas, contando ainda com a presença dos botos Tucuxi e Boto Cor de Rosa,
principal momento da comemoração. Brechas na história do Çairé fragilizam
até o presente momento, uma data concisa de quando apareceu o Çairé, mas é
certo que o evento foi criado pelos missionários jesuítas, durante suas missões
no processo de colonização da região amazônica. O festejo foi uma tática de
dominação e aculturação, uma forma de cativar os índios de forma que eles
assimilassem valores da cultura europeia e elementos da religião católica.
r
V
Carvalho (2016) menciona ainda,
uto
[...] essas festas atualizam um modelo festivo que valoriza, além dos
ritos de natureza religiosa propriamente ditos, dimensões lúdicas do ato
R
de celebrar em práticas de comensalidade, na entoação de ladainhas, em
a
cortejos animados por folias (músicas em louvor aos santos, entoadas ao
som do toque de caixas e outros instrumentos de percussão), em jogos e
do
disputas festivas (CARVALHO, 2016, p. 238).
aC
Anteriormente, a festa era realizada no mês de junho, porém devido a
r
V
uto
R
a
do
aC
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
Fonte: Carvalho (2016, p. 240).
de todos ali presentes, sem rivalidade entre os grupos. Neste dia, os mastros
são deixados na Praia do Cajueiro.
ara
r
V
trutura e tratamento entre homens e mulheres vista em outras festas e festejos.
uto
Importante destacar que no Çairé ocorre esse diferencial em dar equidade
a ambos independentemente do gênero, onde homens e mulheres recebem
dentro do espaço da Festa do Çairé e da procissão certa igualdade algo ainda
R
pouco vista em outras manifestações culturais.
a
Figura 3 – Estrutura da Procissão do Çairé
do
Mastro Mastro
aC
Rufadores
Mordomos Mordomas
ara
ver dit
op
Alferes Alferes
Capitão
r
V
Quadro 1 – Função e Descrição as atividades desenvolvidas na Festa de Çairé
uto
Função dos
Descrição da atividade a ser realizada na Festa de Çairé
Participantes
do
Tem a função de carregar a bandeira vermelha do juiz e o outro alferes
aC
transporta a bandeira branca da juíza. As bandeiras do representam
Alferes
o Divino Espírito Santo. Em associação, têm-se Moças das fitas:
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
Procurador e
Essas pessoas são suplentes próximos do juiz e da juíza.
procuradora
or
r
V
e necessidade de nela incorporar a geografia o componente gênero, sob uma
uto
ótica de destacar a organização social e do espaço relacionado às diferenças
entre homens e mulheres no âmbito social.
Para este tipo de abordagem é necessário um olhar mais minucioso ao dia
R
a dia, ao micro social e aos grupos sociais deixados à margem do poder, pois
a
era tematicamente definido como de menor relevância na análise do espaço
geográfico (SILVA, 2009) e que na atualidade ganham relevância acadêmica
do
para discussão. Dessa forma, gênero faz referência a todas as diferenças entre
homem e mulher que foram alicerçadas de social e cultural e que consequen-
aC
temente propiciam uma relação de dominação/subordinação.
e transbordam significados.
A mulher durante a festa de Çairé tem grande importância não somente
op
REFERÊNCIAS
r
V
uto
CASSIRER, Ernest. Ensaio Sobre o Homem: Introdução a uma Filosofia da
Cultura Humana. Trad. Tomás Rosa Bueno. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
do
LAVINAS, Lena. Gênero, Cidadania e Adolescência. In: MADEIRA, Felícia
Reicher (Org.). Quem Mandou Nascer Mulher? Rio de Janeiro: Record/
aC
Rosa dos Tempos, 1997. p. 11-43.
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
LENCIONI, Sandra. Região e Geografia. São Paulo; EDUSP, 2003.
r
V
Paulo César Barros Pereira
uto
Agna Maria de Souza Coelho
José Luiz Gondim dos Santos
Bárbara Elis Nascimento Silva
R Gasodá Suruí
a
Introdução
do
aC
Quando adentramos ao mundo indígena, nos deparamos com os imensos
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
conflitos existentes nas terras indígenas em todo o Brasil. Muitos povos têm
se levantado em buscar de soluções para seus problemas, seja no âmbito de
degradação ambiental ou cultural. Neste sentido, este estudo tem por objetivo
fazer uma breve discussão do modelo de governança territorial do povo Paiter
i
de Setembro com projeção para 50 anos, que visa entre outros, o combate da
degradação de suas riquezas naturais e culturais numa reação coletiva.
or
Esta foi uma forma inovadora que os Paiterey encontraram para minimizar
os conflitos em seu território, estabelecendo perspectivas para o futuro, diante
a estratégia de preservação dos valores culturais, garantia de seus territórios
ara
aplicado, uma vez que ela não se interessa imediatamente pelos objetos ou pelos
fatos, mas pelos sentidos que neles podem ser percebidos, de valorar as essências
ou sentidos dos objetos. Para a concretização deste estudo aplicamos entrevistas
semiestruturadas na Associação Metareilá. Recorremos à análise documental do
Plano de Gestão dos Paiter e apoiamo-nos numa revisão bibliográfica de cunho
geográfico. Também colhemos depoimentos de moradores locais e entrevistas
com elaboradores do Plano de Gestão, encontrados nesta Terra Indígena (TI).
182
r
V
resistentes à colonização forçada, baseada na imposição e apropriação da
uto
terra pelos portugueses. Dados da Fundação Nacional do Índio – FUNAI
apontam que desde 1500 a 1970 a população indígena presente em solo
brasileiro passou por decréscimo e extinção completa de étnicas indígenas.
R
“O desaparecimento dos povos indígenas passou a ser visto como uma
a
contingência histórica, algo a ser lamentado, porém inevitável” (BRASIL/
FUNAI, 2018, p. 1).
do
O contato com o homem europeu trouxe a essas populações muitas
aC
doenças, o que dizimou ao ponto de algumas etnias desaparecerem. Além
País, nos mesmos termos em que se aplicam aos demais brasileiros, resguar-
dados os usos, costumes e tradições indígenas” (BRASIL, 1973). Para tanto
a demarcação de terras indígenas foi de suma importância, regulamentada
através do Decreto n.º 1775 de 08 de Janeiro de 1996, com a demarcação
de terras classificadas nas seguintes modalidades:
r
V
uto
Terras Indígenas São as terras indígenas de que trata o art. 231 da Constituição Fe-
Tradicionalmente deral de 1988, direito originário dos povos indígenas, cujo processo
Ocupadas de demarcação é disciplinado pelo Decreto n.º 1775/96.
R
a
São terras doadas por terceiros, adquiridas ou desapropriadas pela
União, que se destinam à posse permanente dos povos indígenas.
Reservas Indígenas
do
São terras que também pertencem ao patrimônio da União, mas
não se confundem com as terras de ocupação tradicional. Existem
terras indígenas, no entanto, que foram reservadas pelos estados-
aC
-membros, principalmente durante a primeira metade do século XX,
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
São áreas interditadas pela Funai para proteção dos povos e grupos
or
População indígena
Grandes
regiões e Localização do domicílio Percentual
unidades da
Total das terras
federação Terras Fora de terras
indígenas (%)
indígenas indígenas
r
V
Norte 342.836 251.891 90.945 73,5
uto
Rondônia 13.076 9.217 3.859 70,5
R
a
Amazonas 183.514 129.529 53.985 70,6
do
Pará 51.217 35.816 15.401 69,9
aC
Amapá 7.411 5.956 1.455 80,4
Nordeste
14.118
232.739
são11.560
106.142
2.558
126.597
81,9
45,6
Rio Grande
2.597 – 2.597 –
do Norte
População indígena
Grandes
regiões e
Localização do domicílio Percentual
unidades da
federação Total das terras
Terras Fora de terras indígenas (%)
indígenas indígenas
r
V
Sudeste 99.137 15.904 83.233 16
uto
Minas Gerais 31.677 9.682 21.995 30,6
R
a
Rio de Janeiro 15.894 450 15.444 2,8
São Paulo
do
41.981 2.767 39.214 6,6
aC
Sul 78.773 39.427 39.346 50,1
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
Rio Grande
31.001 18.266 15.735 53,7
i
do Sul
rev
Mato Grosso
51.696 42.525 9.171 82,3
ara
do Sul
Distrito
6.128 – 6.128 –
Federal
op
O plano de ação
r
V
uto
[...] a territorialidade e a espacialidade configuram-se como expressões
que estão imbricadas da ideia de pertencimento cultural, sendo parte in-
separável dessa interpretação, porque carrega a compreensão de relação
espacial. Pelo vínculo de pertencimento, essa conexão com o espaço é
R
traduzida pelos sentimentos e a valoração que se opera sobre esse, de
a
modo que é possível pensar o espaço de ação como um dos elementos que
contribuem diretamente na construção cultural, identidade, pertencimento
do
e enraizamento de um determinado coletivo. No caso dos indígenas, esse
constructo está diretamente conectado às experiências de ancestralidade e
aC
de cosmogonialidade, nas quais depositam a confiança nos espíritos e na
Diante dessa narrativa, notamos o enraizamento que este povo tem com
i
seu território. Neste contesto a expressão cultural é ponto intenso e inseparável.
rev
10 de setembro de 2010:
r
V
Em suma, este Plano de Gestão tem como objetivo principal implementar
uto
o Programa Paiterey Karah, para a gestão ambiental com o estabelecimento de
procedimentos e diretrizes para o encaminhamento das demandas sociocultu-
rais, de forma a permitir condições para o uso responsável dos recursos naturais
R
com a finalidade de gerar os benefícios necessários, a valorização da cultura e
a
a conservação do meio ambiente, conforme outro trecho da entrevista citada:
do
[...] Se o Plano/diagnóstico foi construído com as nossas ideias, com a
nossa participação, então, ela tem que ser um resultado do nosso trabalho.
aC
E nós temos que ter protagonismo em relação a isso. Já tem uns 10 anos
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
que estamos construindo esse plano de 50 anos dos Paiter-Surui. Ele foi
são
importante para a conquista de alguns momentos da luta dos Paiter-Surui,
uma dessas lutas é o Paiter-Suruí sair fora dos madeireiros ilegais e hoje
também temos alguns parceiros potencias que estão consolidados ao grupo
de parceiros dos Paiter Suruí, como USAID, GOOGLE, KANINDÉ, ACT,
i
r
V
a ser seguido” [...]. Por essa conjectura entende-se que é possível elaborar
plano de desenvolvimento econômico conscientemente e sustentavelmente
uto
em um determinado território indígena (CARDOZO, 2010, p. 8).
Como modelo que são por sua gestão, os Suruí, autodenominados Paiter
R
(Povo Verdadeiro), população de aproximadamente 1,2 mil pessoas, do tronco
a
linguístico Tupi Mondé, vivem na Terra Indígena 7 de Setembro, território
fronteiriço de aproximadamente 248 mil 147 hectares, sudeste de Rondônia
do
e noroeste de Mato Grosso. Sociedade organizada em clãs: Kaban, Gãmeb,
Gabir, Makor, que pela união e coletividade geram indicadores positivos ao
aC
fazer valer a lei brasileira.
internas que precisam ser bem trabalhadas. Para isso, os indígenas realizam
reuniões periódicas com seu povo para discutir e averiguar ocorrências de
ações que podem fragilizar o esperado. Mas, 2019 inícia com invazam de
E
sã
r
V
• Número de aposentadorias e benefícios sociais
concedidos após o início do projeto;
uto
Formar indígenas • Melhoria na qualidade do ensino indígena e das
na área de saúde escolas de ensino fundamental ofertado para os
em todos os níveis Paiter-Surui;
Etnocidadania educacionais/ • Escolas que oferecem ensino médio e superior
Aposentar idosos/ dentro da TI;
R
a
Fortalecer medicina • Postos de saúde comunitárias funcionando;
tradicional. • Nº de casas com banheiro básico completo e com
acesso à água tratada;
do
• Nº de aldeias com coleta de lixo.
sustentáveis/ Implan-
tar Sistema agroflo- naturais da TI;
rev
r
V
verde. Mais de 85% desta população tem sido alcançada pelos projetos
uto
ofertados no Plano conforme mostra o Gráfico 1.
R
a
Indígenas ainda não
alcançados nos projetos
do
aC
ambiente além do contato inter étnico que coloca em risco hábitos antigos de
sobrevivência e a escassez de recursos humanos desvalorizando o material
ver dit
r
V
Gráfico 2 – Práticas ilegais e resistentes ao Plano de Gestão
uto
Envolvidos com
práticas ilegais
e resistentes
ao Plano
R
a
do
Não envolvidos
aC
com práticas ilegais
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
Fonte: Agna, 2018.
Envolvidos com
garimpeiros
ara
Envolvidos
com madeireiros
ver dit
op
r
V
uto
Considerações finais
R
a união e a coletividade de um povo. Para garantir a implementação e o
a
êxito do Plano é necessário, o diálogo na comunidade, seguir promovendo
oficinas, levar capacitação para o real entendimento daqueles que cedem
do
às pressões externas, manter as visitas que precisam ser realizadas junto
aC
ao povo Paiterey Karah periodicamente, pois tem que haver uma proteção
da Terra Indígena Sete de Setembro constante, pois a mesma encontra-se
ditos de carbono, mas enfrentam uma divisão interna dos indígenas que
não acreditam no projeto. Uma questão cultural? Uma questão de teimo-
sia? Religiosidade?
ara
REFERÊNCIAS
r
V
uto
ALMEIDA SILVA, Adnilson. A questão indígena em Rondônia e os projetos de
desenvolvimento na Amazônia Ocidental. Ciência Geográfica, v. XVI, p. 8-14,
Bauru, 2012. Disponível em: <http://www.agbbauru.org.br/publicacoes/revista/ano-
R
XVI_1/agb_xvi1_versao_internet/AGB_abr2012_02.pdf>. Acesso em: maio 2017.
a
BRASIL. Fundação Nacional do Índio. Brasil: terras indígenas. Disponível
do
em: <http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/terras-indigenas>.
Acesso em: 11 set. 2018.
aC
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
Brasil, 2010.
or
r
do povo Paiter suruí em Cacoal Rondônia
V
uto
Paulo César Barros Pereira
R
a
Introdução
do
O universo indígena brasileiro é cheio de imensos conflitos sociais. Desde
o contato com o não indígena, muitos povos tiveram perdas incalculáveis. Mas
aC
nos últimos anos alguns destes povos têm buscado novas formas de melhorar seu
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
bem viver, defender seu território e preservar sua herança cultural. A exemplo
são
disso está o povo Paiter Suruí, residente na terra Sete de Setembro no município
de Cacoal, em Rondônia, fazendo divisa com o Estado do Mato Grosso.
Esse povo criou um Plano de Gestão Etnoambiental de seu território como
forma de monitorar as ameaças às florestas e divulgar suas riquezas naturais e
i
rev
identitário, não só para eles, mas, para outros povos que os vêem como referência
quanto a gestão territorial, valorizando assim todos seus valores étnicos culturais.
op
Como ainda não é comum análises sobre essa temática, trazer esta discussão
representa uma oportunidade de avaliar quais os resultados gerados dentro de
um povo indígena que adota este modelo como estratégia de divulgação de sua
causa no sentido de sua perpetuação cultural. Para a concretização deste estudo
recorremos à análise documental do Plano de Gestão dos Paiter e apoiamo-nos
numa revisão bibliográfica de cunho geográfico.
196
r
Assim, ao nos debruçarmos sobre a concepção de território, nos deparamos
V
com vários conceitos. Em se tratando de território indígena, torna-se tarefa com-
uto
plexa, pois, conforme aborda Almeida Silva (2015, p. 30), “[...] tais temáticas
envolvem não apenas os aspectos físicos, mas, sobretudo, devido aos aspectos
simbólicos e psíquicos composto pelos valores, sentimentos, tramas, apego às
R
a
tradições e as relações intrínsecas de cada povo com seu habitat”.
Isto porque, segundo o autor, até momento do contato com o não indígena,
o sentido de terra e território podia ser explicado através da cultura, através de
do
uma composição sensorial e psíquica através da compreensão da subjetividade
aC
humana, expressada através da crença, no mito, na cosmologia, nos valores do
grupo, nas materialização das ações humanas das formas culturais e artísticas,
quando atesta que esses processos ocorrem tanto de “[...] cima para baixo, a
partir da ação intencional do Estado ou das grandes empresas” quanto de “baixo
ver dit
limites e propósitos.
Isso nos lembra o conceito de Raffestin (1993), que concebe o Território
como cena do poder e lugar de todas as relações. Já Davim (2005, p. 7) concebe
um território apreendido e transformado pela cultura humana pois segundo ele,
E
sã
seria através desta compreensão espacial que o homem estabeleceria sua iden-
tidade, atividades, relações, estratégias de sobrevivência, ação de dominação
e exercício de poder.
Neste sentido, temos em Santos (1978), o homem como um ser produtor
que cria técnicas de sua própria sobrevivência, e o capital agiria aí difundindo seu
poder de dominação e disseminando suas ideologias. Para, além disso, o Estado
teria papel de dominação neste espaço, no qual estão ligadas ao desenvolvimento
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 197
r
modo de produção capitalista.
V
Deste modo, temos uma mudança clara do sentido de território apreendido
uto
pelo povo indígena com o passar do tempo que, em busca de assegurar seus
territórios, costumes e tradições vêm buscando se adequar ao modelo imposto
pelo sistema que nos rege, neste caso o capitalista com maior peso.
R
Sobre essa temática, Sauer e Almeida (2011) já debatem sobre o processo
a
histórico de expropriação das populações tradicionais nas terras da Amazônia
brasileira, a exemplo da grilagem de terras públicas, a invasão de terras indíge-
do
nas, o avanço ilegal sobre áreas de florestas e parques, entre outros, tendo como
aC
pano de fundo sujeitos políticos que contribuem para a construção de projetos
de ‘desenvolvimentos econômicos’, social e ambiental da região.
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
Tais conflitos seriam estabelecidos numa relação entre identidade coletiva,
afirmação e manutenção de seu território, diferente daquela noção restritiva
de imóvel rural. Estes são processos sociais que possibilitariam releituras
e desapropriações.
i
verdade seria este novo posicionamento indígena, uma forma de luta contra a
ameaça e invasões de poderosos grupos econômicos.
ver dit
r
nós. Para os povos Paiter Suruí que residem no município de Cacoal, Rondônia,
V
a concepção de terra vai muito além daqueles concebidos pelo Estado, pois
uto
atuam principalmente no entendimento de preservar seus costumes e tradições,
assunto discutido no próximo tópico.
R
Quem são os Paiter Suruí em Rondônia?
a
A Amazônia brasileira, rica por sua biodiversidade de fauna e flora também
do
é lugar rico em cultura, vez que ainda abriga diversos povos indígenas. Povos
aC
que já possuíam este território antes mesmo da colonização européia. Atual-
mente, dos diversos povos que existem, os Suruí têm se destacado na última
se auto denominam Paiter, que quer dizer "gente de verdade, nós mesmos", da
língua Paiter-Suruí, pertencem à família linguista mondé e ao grupo linguístico
or
tupi. Em teoria, eles teriam emigrado da região de Cuiabá para Rondônia, ainda
no século XIX, escapando da perseguição de brancos. (SURUÍ, 2017).
ara
rio para Rondônia tendo efeitos fortes sobre a população indígena na região e,
acarretando muitas lutas e mortes. Após um período de inércia dessa economia,
acontece novamente a segunda economia da borracha, agora na década de 1940.
Nesse momento, o crescimento populacional dos não indígenas nessa
E
sã
região, fez com que novamente os Suruís abandonassem suas aldeias em busca
de novos territórios. Mas quando entre 1977 e 1983, o número de migrantes
que chegavam de várias as regiões, principalmente do Nordeste brasileiro, já
calculavam cerca de 271.000. Esse quadro acarretou no aumento das desigual-
dades sociais gerando conflitos fundiários e pressão sobre as áreas indígenas,
aumentando o confronto entre índios, fazendeiros, agricultores, seringueiros e
outros extrativistas (SURUÍ, 2017).
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 199
Contudo, foi ainda no ano de 1969 que os Paiter Suruí foram oficialmente
contatados pela Funai, por meio dos sertanistas Francisco Meirelles e Apoena
Meirelles, no então acampamento da Funai, Sete de Setembro, em visita ao
acampamento. Com o tempo os Suruí passaram a morar de forma permanente
no posto, a partir de 1973, quando vieram buscar assistência médica em razão
de uma epidemia de sarampo que matou cerca de 300 pessoas. Nessa época,
cerca de um terço da população continuou a morar fora da área indígena, perto
r
da vila de Espigão do Oeste.
V
E após 1977, mudaram para outro posto da Funai criando então, a linha
uto
14. A demarcação dessa Terra Indígena se deu ainda em 1976, e a posse per-
manente foi declarada pela portaria 1561 de 29 de setembro de 1983 pelo então
presidente da Funai Octavio Ferreira Lima, momento em que recebeu o nome
R
oficial de "Área Indígena Sete de Setembro".
a
Mas, o que parecia quietação tornou-se problema maior. Entre 1982 a 1987,
eles sentiram intensamente os impactos do contato com a sociedade não indígena,
do
com a migração de milhares de pessoas para a região provocada pelo Programa
aC
Polonoroeste’ (Programa Integrado de Desenvolvimento do Noroeste do Bra-
sil), cujo núcleo era o asfaltamento da Rodovia Cuiabá-Porto Velho. Foi nesse
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
momento que perderam metade de seu território para projetos de colonização
e empresas, que desconsideravam a homologação legal das terras. Além disso,
ainda tiveram suas terras invadidas por pequenos agricultores, comprimidos
pelas empresas extratoras e empurrados para o interior das terras indígenas.
i
território e de sua vitalidade cultural. Pensando nisso, os Suruí viajaram até Bra-
sília para acompanhar passos da administração da Funai e fazer reivindicações.
ara
Depois de ter quase toda sua população ter sido dizimada, após o contato, a
partir da década de 1970, nas últimas décadas os Suruí começaram um processo
de recuperação e valorização de sua cultura. Esse feito deu resultado mostrado no
aumento significativo, nos últimos anos dessa população. Revela uma conquista
em quantidade populacional. Entre 1992 até o ano de 2014 esse povo cresceu
mais que o dobro em uma escala sempre crescente contínua.
Um dos fatores que contribuíram para esse ganho foi o novo modo de
r
viver dos Paiter. Apesar das pressões que sofreram e ainda sofrem por parte
V
dos não índios, eles têm conseguido resgatar muito das suas tradições através
uto
do novo plano de gestão de seu território. E o ecoturismo e a produção e venda
de carbono é ponto chave neste processo.
Foi pensado em um plano de ação que visasse valorizar a cultura Suruí.
R
objetivo principal foi implementar o Programa Paiterey Karah, para a gestão
a
ambiental com o estabelecimento de procedimentos e diretrizes para o enca-
minhamento das demandas socioculturais, uma de forma permitir o uso res-
do
ponsável dos recursos naturais e gerar benefícios, valorização e conservação
aC
do meio ambiente.
Esse feito fez com que os Paiter se destacassem no cenário das populações
os projetos sustentáveis são exemplo a ser seguido” [...]. Por essa conjectura
entende-se que é possível elaborar plano de desenvolvimento econômico
conscientemente e sustentavelmente em um determinado território indígena
op
a esta nova metodologia educativa, que impõe uma nova forma de gestar seu
território, promovendo consequentemente, a cultura da preservação de suas
tradições. O plano, elaborado nos anos 2000 com permanência até 2050, está
dividido em: categorias, atividade e indicadores como podemos ver no (qua-
dro 01).
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 201
r
V
criação de condições
de desenvolvimento
uto
sociocultural na TI.
• Número de aposentadorias
e benefícios sociais
a
do projeto;
• Melhoria na qualidade
do ensino indígena e
de lixo.
limites da TI Sete de
Setembro;
• Realizar expedições de
fiscalização dos recursos
ara
continua...
202
continuação
Categorias Atividade Indicadores
• Tomada de decisões
através de representantes
de clãs a partir da demanda
da comunidade;
• Realizar reuniões periódicas
entre os Diretores de
Associações Indígenas e
os chefes dos clãs para
r
V
discutir, avaliar e monitorar o
Fortalecer Sistema de
Governança andamento do projeto;
uto
Governança Tradicional
• Criar espaço para
reclamações;
• Realizar reuniões gerais
para disseminação de
R
informações e resultados;
a
• Realizar reuniões quando
solicitado entre indígenas
do
e entre parceiros quando
necessário.
aC
• Realizar de festas e ritos
tradicionais nas 110 aldeias;
do povo Paiter-Surui;
• Realizar e divulgar
exposições sobre a cultura;
• Valorizar as práticas
ara
tradicionais de cura e
promoção à saúde.
ver dit
Como se vê, esse plano de ação promove sobretudo o bem viver, mini-
mizando os índices negativos existente no território além de os conscientizar
para o uso conscientizado do meio ambiente, numa perspectiva da utilização
dos recursos naturais renováveis. É um modelo inovador de controle sobre
E
sã
r
V
uto
Mesmo as TIs demarcadas e homologadas recebem pressões de toda ordem,
tais como: invasão de posseiros, madeireiros, garimpeiros, fazendeiros,
sitiantes, caçadores, pescadores; impactos diretos e indiretos de usinas de
pequeno, médio e grande porte produtoras de energia, estradas; poluição e
R
contaminação dos cursos d’água; cidades e vilas construídas próximas às
a
TIs, entre outros, de modo que inúmeros problemas ecoam internamente
– drogas, álcool, delitos e outras questões que promovem substanciais
do
transformações no modo de vida. (ALMEIDA SILVA, 2012, p. 11).
aC
Diante disso, as propostas do Plano adquirem importância vital, de
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
dos pela modernidade. Milhares destes índios foram abatidos aos poucos
sã
r
V
(SCOFIELD JR., 2012). Almir Suruí relata sua preocupação e o porquê do
uto
pedido de ajuda à Google:
R
a
mata e preservação da cultura Suruí. Mais de 400 caminhões com madeira
extraída ilegalmente saíam do nosso território todos os dias. Precisávamos
parar com aquilo (SCOFIELD JR., 2012, p. 1).
do
Com esta parceria, os Suruí desenvolveram um plano de ecoturismo
aC
para a região onde os visitantes ficam hospedados em moradias típicas e
Considerações finais
r
V
conseguem gerar fonte de renda trazendo melhoria na qualidade de vida.
uto
Após as imensas dificuldades em finais do século XX, o novo século
surge como sinal de esperança ao utilizar de estratégias para mudar o
cenário insalubre. É na esperança de revalorizar, resgatar aquilo que fora
R
perdido tão rápido. Foi na evolução das ferramentas tecnológicas que
a
eles enxergaram uma luz no fim do túnel. Eles tiveram que adequar-se
ao mundo moderno forma de defesa territorial e cultural. As mídias dão
do
suporte tecnológico e recriam outra lógica de mundo, alcançando outras
aC
relações sociais e criando novas formas de sociabilidade. Eles entende-
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REFERÊNCIAS
r
V
ticipativo e etnozoneamento em terras indígenas. Brasília: ACT Brasil, 2010.
uto
DAVIM, David Emanuel Madeira. Cultura: uma variável do espaço. In: VI
Semana de Geografia, Paradigmas do Século XXI. v. único. Presidente
Prudente: UNESP, 2005.
R
a
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do
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Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação. Redes Sociais e Aprendi-
aC
zagem. Universidade Federal de Pernambuco, 2010.
UFMS: 2005.
or
AS TRANSFORMAÇÕES
GEOGRÁFICAS NO ESPAÇO E
NO TEMPO: apropriação da natureza
r
e as representações sociais
V
uto
Charlot Jn Charles
Sônia Maria Teixeira Machado
Neusa Maria Lazzaretti dos Santos
R
a
Rogério Nogueira de Mesquita
Francisco Ribeiro Nogueira
do
aC
Introdução
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são
A transformação dos locais permeados pelos seres humanos sempre
esteve presente na história da humanidade. Desde tempos pretéritos, grupos
humanos já tinham suas técnicas de sobrevivência, que conseguiam atendem
as suas necessidades imediatas ao tempo que afirmavam sua dependência
i
rev
histórica do local.
ver dit
inicial para a criação do objeto, bem como sua modificação. Diante disso o
espaço geográfico torna-se o resultado da junção entre os objetos e as ações, o
que segundo Santos (2006, p. 65) “[...] permite transitar do passado ao futuro,
mediante a consideração do presente”. O mundo se renova, e moldam-se as
características humanas que o cerca. Obviamente essa transformação ocorre
em elementos disponíveis ao ser humano e sobre os quais os mesmos tem
algum poder de transformação.
r
V
uto
O tempo e a transformação espacial
Assim como o tempo que segundo Bollnow pode ser abstrato se estiver
R
se referindo aquele que se controla pelo relógio e não vivenciado pelo homem,
a
o espaço pode também ser descrito de maneiras distintas por aquele que nele
vive. Tanto o tempo quanto o espaço são indissociáveis à vida humana! Não
do
se pode viver em um sem estar no outro. Em todos os lugares que estamos,
estamos em um espaço. E o tempo? Bom, o tempo é o que permite que a
aC
vida aconteça. Em relação ao espaço, ele pode sair de números matemáticos
para além dos oceanos, mas limitavam-se aos mercados coloniais, e por fim a
evolução da civilização material impõe a expansão das para além dos territórios.
Bollnow (2008, p. 18) explica que “[...] o espaço não somente é diverso para
os diversos homens, mas varia para o próprio individuo de acordo com sua
E
sã
r
V
Antes de tudo o trabalho é um processo de que participam o homem e
a natureza, processo em que o ser humano com sua própria ação inicia,
uto
regula e controla seu intercambio material coma natureza. Assim agindo
sobre a natureza externa e modificando-a, ele ao mesmo tempo modifica
sua própria natureza. Desenvolve as potencialidades nela adormecidas e as
R
submete ao seu domínio. Pressupomos o trabalho sob a forma que assinala
a
como exclusivamente humano (HARVEY, 2004, p. 270).
do
Esclarece ainda que “[...] aspectos como as atividades de produção, dis-
tribuição e consumo, exercem forças distintas sobre a paisagem geográfica,
aC
assim como a desregulamentação financeira, as profundas mudanças tecnoló-
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r
V
em conceitos próprios para sustentar a dita ‘máquina de acumulação e lucro.
uto
Nesse sentido acrescenta o autor em uma análise da sociedade vista como
abrigo para esse ser, mas, segundo Gomes (2008, p. 4) que também o trans-
forma em “[...] homem reduzido, sem as reais dimensões de sua humanidade
e, por isso, ela própria, sociedade, tende a se degenerar nas armadilhas dos
R
a
modelos corruptíveis”. Essas armadilhas são citadas como menor esforço, a
falta de o compromisso, o maior proveito material e da renovação que não
do
se revela, mas se travesti de convencionalismo, acompanhada de uma ação
inconvenientemente dirigida etc.
aC
No convívio com um volume nunca visto antes de ofertas em que a re-
r
V
humanas; aonde o ir e vir com velocidade nunca antes vista determina uma
uto
redução das relações naturais. Será que também das representações sociais?
Paisagem e geografia
R
a
De acordo com Milton Santos (2006, p. 86) “A diversificação da natureza
é processo e resultado”. Ainda, “Em cada lugar, os sistemas sucessivos do
do
acontecer social distinguem períodos diferentes, permitindo falar de hoje e de
ontem” (SANTOS, 2006, p. 104). No panorama recente, o espaço é caracteri-
aC
zado pelo processo de globalização, com destaque para as redes geográficas,
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base filosófica a fenomenologia. Esta toma como base para sua análise os
sentimentos e percepção espaciais e seus significados como confirma Spósito
or
Nessa compreensão, esses elementos que vão além do material, não são
importantes apenas na elaboração de análise científicas. Sua relevância está na
op
[...] não se pode dizer que seja um produto como qualquer outro, um
objeto ou uma soma de objetos, uma coisa ou uma coleção de coisas,
uma mercadoria ou um conjunto de mercadorias. Não se pode se pode
dizer que seja simplesmente um instrumento, o mais importante de todos
os instrumentos, o pressuposto de toda produção e de todo intercâmbio.
Estaria essencialmente vinculado com a produção das relações (sociais)
de produção (LEFEBRE, 1976, p. 34).
212
r
V
relação dos elementos da natureza que em seu conjunto formam a paisagem.
uto
Humboldt (1950, p. 7) no início da segunda metade do século XX as
descrevia como formas visíveis, estéticas, que possuem uma fisionomia
demonstrando que “[...] em todas as zonas a natureza apresenta o fenômeno
R
destas planícies sem fim; mas, em cada região, têm elas caráter particular e
a
fisionomia própria”. Nesse contato com a natureza, de acordo com sua per-
cepção o pesquisador constata as mais diferentes formas a serem descritas.
do
Através de seu caráter revela dois tipos de correntes a serem descritas:
“[...] a paisagem, transcrição exata da imagem visualizada no contato direto
aC
junto à natureza, e a paisagem que, embora programada pelo cálculo exato
mem com o ambiente e seus elementos originais, traz com a sua presença os
desdobramentos e as relações diversas na existência humana.
ver dit
fica, visto como nova geografia cultural que traz uma abordagem a partir da
experiência cultural humana. Procura a compreensão de como esta constrói
o meio-ambiente, juntamente com as relações sociais no espaço, como diz
Claval (2001, p. 41) “[...] ao papel complexo das paisagens, ao mesmo
tempo suporte e matrizes das culturas”.
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 213
De acordo com Claval (2002, p. 10) traz duas concepções em seus estudos.
Na primeira concepção funcional é vista como reflexo do funcionamento social,
cultural e econômico da sociedade. A segunda concepção arqueológica reflete
os aspectos do passado, ficando em segundo plano a estética da paisagem com
exceção na análise da harmonia. Atualmente alguns autores também atribuem
r
V
importância ao estudo estético da paisagem rurais e urbanas. Contudo, Claval
uto
(1999, p. 420) afirma que “[...] não há compreensão possível das formas de
organização do espaço contemporâneo e das tensões que lhes afetam sem
levar em consideração os dinamismos culturais.”. Considera dessa forma,
R
os valores de preservação ambiental e conservação da paisagem assim como
a
as lembranças do passado manifestado na cultura o que envolve o tempo e o
lugar. O lugar que o homem ocupa é tanto modificado por ele, como também é
do
descrito dentro dos conhecimentos adquiridos no contato com o meio, dentro
aC
de sua linguagem própria, seus costumes e suas crenças. Uma ideia que vai
de encontro com o pensamento de Sauer.
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
O geógrafo norte-americano Carl Sauer (1998, p. 42), da geografia
cultural clássica, em sua análise afirma que “Não podemos formar uma idéia
de paisagem a não ser em termos de suas relações associadas ao tempo, bem
como suas relações vinculadas ao espaço”. O autor considera a paisagem em
i
as alterações de uma área ocorridas através das ações humanas e ainda, sua
apropriação para o seu uso são de importância fundamental.
A área, anterior à atividade humana, é representada por um conjunto de
ara
fatos morfológicos. Sauer, (1998, p. 42) afirma que “As formas que o homem
introduziu, são um outro conjunto”. Trazendo a definição de paisagem e sua
ver dit
paisagem é vista por tanto, em um certo sentido, como tendo uma qualidade
orgânica” (Ibid., 1998, p. 23).
Esta compreensão se fundamenta na percepção a partir de observações
E
sã
r
V
paisagem geográfica. De acordo com Claval (2011), a geografia é definida
uto
através da visão do observador sobre a paisagem.
Nesse sentido, surge a questão relacionada à fisionomia da paisagem já
comentada por Humboldt, (1950) agora apresentada por Besse (2000, p. 72)
R
onde a paisagem, “[...] possui uma fisionomia, é preciso compreendê-la como
a
uma totalidade expressiva, animada por um espírito interno”. Contando com
a sua fisionomia e expressão, o sentido atribuído advém de um conjunto de
do
elementos. Estes são próprios do “espírito do lugar” como complementa o
autor. “Tudo se passa como se houvesse um “espírito do lugar” do qual a
aC
aparência exterior do território seria a expressão [...]” (Ibid., p. 72).
ser da paisagem que só deixa ver seu exterior. É aliás, isto que dará, aos
olhos de certos geógrafos, o limite da abordagem paisagística. Ao mesmo
tempo, a intenção e a esperança científicas do geógrafo consistem tentar
ultrapassar esta superfície, esta exterioridade, para captar a “verdade” da
E
r
V
dessa inter-relação “existe uma definição da natureza ou essência do homem
uto
que só pode ser concebida como funcional, não como substancial”. Cassirer
(1977, p. 116) “Sua natureza está no trabalho, na ação. Entre suas inumeráveis
ações, o trabalho é uma ação de sobrevivência transformadora do espaço e
R
da paisagem envolvendo tempo, valores, conceitos e interpretações que nas
a
suas interligações colaboram com a formação cultural”.
Dando ênfase a paisagem cultural com todo seu caráter físico e imaterial
do
se torna presente como representação das ações humanas onde Claval (1999,
p. 31) considera que “[...] seus métodos para a geografia cultural exigiam
aC
uma sólida formação naturalista, que se preocupa com a fauna, agricultura,
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são
incêndios, colheita, migrações, pastagens, florestas, caça, etc.”. A geografia
moderna tem como anseio compreender o mundo, bem como os homens que
nele vivem. Realizar a geografia na atualidade é analisar e entender os desafios
impostas a humanidade, é compreender as mudanças de atitudes frente a esses
i
qualidades físicas da área que são importantes para o homem e nas formas do
uso da área”. Dessa forma podemos compreender que os “[...] fatos de base
op
r
V
para chegar onde se pretende.
uto
Para essa análise consideramos o pensamento de Claval (2002, p. 26)
que desenvolvendo esse pensar na paisagem, considera toda complexidade
das relações humanas e culturais, “[...] onde se instalam as relações senso-
R
riais, as relações emocionais entre a paisagem e o observador”. Analisadas
a
como elementos de igual importância afirma que “[...] o papel da paisagem
nas estratégias de poder e de dominação é explorado. A significação da pai-
do
sagem na construção ou na preservação das identidades é ressaltada” (Ibid.,
2002, p. 26) Nesse conjunto complexo podemos perceber seu significado e
aC
representação no lugar.
REFERÊNCIAS
r
V
lis, 2011.
uto
HARVEY, David. Espaços de Esperança. São Paulo: Loyola, 2004.
R
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. Razão e Emo-
a
ção. EDUSP. São Paulo, 2006.
do
aC
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são i
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do
a uto
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CAPÍTULO XVI
A CULTURA DA SUSTENTABILIDADE NA
AMAZÔNIA
Willimis Alves Pereira
r
V
uto
Introdução
R
A região Amazônica sempre foi motivo de debates em relação ao
a
desmatamento e as possibilidades de reflorestamento das áreas devastadas. Por
fazer parte do estado de Rondônia é um dos que mais se percebe a necessidade de
do
mudanças no cenário, haja vistas ter passado por um processo de colonização nos
anos 1970 e 1980, o que causou um desenfreado desmatamento que objetivava
aC
a produção agrícola e pecuária, principalmente no estado de Rondônia, mas que
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são
muito comprometeu a fauna e flora existente e ainda causou prejuízos como o
acelerado processo de degradação do solo e das nascentes de várias regiões.
Nessa urgência que as políticas públicas da época que surgiram movimentos
para acomodar os imigrantes que se desencadearam queimadas e as derrubadas
i
torná-las produtivas, e ainda para isso foi preciso construir casa, estradas, pontes
e outras instalações que de modo geral combinaram com a necessidade de abrir
áreas consideráveis, o que ajudava a diminuir as doenças tropicais, típicas das
ara
r
sustentabilidade na Amazônia.
V
Na contemporaneidade com uma população bem distribuída entre os
uto
diversos espaços observa-se o domínio do homem sobre a natureza e na maioria
dos casos a sua ação muda a geografia e retrata as inferências de suas ações e das
consequências que estas geram. O aumento de bem-estar, proporcionado pelo
R
vigoroso crescimento econômico mundial ocorrido no século XX, é ameaçado
a
por alterações ambientais ocorridas, em grande parte, pelas externalidades das
próprias ações humanas.
do
O momento exige imediata atenção, pois são vigorosas as transformações
aC
a enfrentarem-se neste século. Neste contexto, temos o objetivo, a guisa de
considerações finais, trazer ao derradeiro capítulo a cultura da sustentabilidade
com a leitura do que outro pesquisou e leu — mas é uma nova construção do
conhecimento. Será que nada é do conhecimento primário do aluno? Mas este
or
não é o caso. Aqui ouso me posicionar como investigador que ao longo dos anos,
com as leituras e orientações de ditosos doutores me proporcionaram importantes
ara
r
noção de que o desenvolvimento tem, além de um cerceamento ambiental,
V
uma dimensão social.
uto
Nessa compreensão, se fundamenta a ideia de que a pobreza é provocadora
de agressões ambientais e, por isso, a sustentabilidade deve contemplar a
equidade social e a qualidade de vida dessa geração e das próximas. Faz-se
R
a
necessária a solidariedade com as próximas gerações, o que aqui introduz,
de forma transversal, a dimensão ética. A partir do relatório Brundtland
(1987) é que se iniciou um vasto debate na academia sobre o significado de
do
desenvolvimento sustentável. Hoje, há uma vastidão de literatura que aborda o
aC
tema das maneiras mais diversas.
O Desenvolvimento Sustentável se tornou um campo de disputa, com
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são
múltiplos discursos que ora se opõem, ora se complementam. O domínio da
polissemia é a expressão maior desse campo de forças, que passa a condicionar
posições e medidas de governos, empresários, políticos, movimentos sociais e
organismos multilaterais. Logo nos idos do século XX a Amazônia brasileira
i
foi tomada pelo poder Estatal comandada pela nova burguesia mundial, em
rev
de uma crise ambiental global. Surge então uma enorme corrida em prol da
emergência do desenvolvimento sustentável e que passa a ser tratado como
ver dit
r
de forma absurda com estas decisões. Contudo, não criticamos as decisões
V
tomadas, o que fazemos aqui, é pontuar que a forma que fizeram deveria ter
uto
sido realizada com um planejamento mais adequado e com respeito às pessoas
que já moravam na região.
Mas, voltando à questão da sustentabilidade a busca por este fator ocorreu,
R
principalmente, devido as grandes consequências vividas mundialmente
a
pelos períodos pós-guerras mundiais sendo que entre 1945 e 1962, os países
detentores do poder atômico realizaram 423 detonações atômicas. Outro
do
momento dessa trajetória da percepção da crise ambiental se deu em torno
aC
do uso de pesticidas e inseticidas químicos, denunciado pela bióloga Rachel
Carson. Seu livro Silent spring vendeu mais de meio milhão de cópias, e em
chuvas ácidas.
De lá para cá tem sido crescente o interesse sobre sustentabilidade (ou
ara
r
entre os três pilares: ambiental, econômico e social. Também, podemos dizer
V
que é um conceito normativo sobre a maneira como os seres humanos devem
uto
agir em relação à natureza, e como eles são responsáveis para com o outro
e as futuras gerações. Neste contexto, observa-se que a sustentabilidade é
condizente ao crescimento econômico baseado na justiça social e eficiência no
R
uso de recursos naturais.
a
A grande expansão do termo tem, entretanto, tomada diferentes rumos
sendo que existe uma expectativa de que as empresas devem contribuir de
do
forma progressiva com a sustentabilidade reconhecendo-a como primordial
aC
para o sucesso e para que os negócios se tornem estáveis, e que devem possuir
habilidades tecnológicas, financeiras e de gerenciamento necessário para
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são
possibilitar a transição rumo ao desenvolvimento sustentável.
Tem-se, portanto, uma segunda visão, diferente da primeira: o
Desenvolvimento Sustentável é objetivo a ser alcançado e a sustentabilidade
é o processo para atingir o Desenvolvimento Sustentável, ou seja, sem
i
r
proteção ambiental e manutenção do capital natural para alcançar a prosperidade
V
econômica e a equidade para as gerações atuais e futuras. Com relação ao
uto
debate da sustentabilidade como alternativa de racionalizar o desenvolvimento
do capitalismo mundial, afirma Vargas (2002, p. 219) que, “Vê-se, pois, por
essa via, que o termo se beneficia de uma conotação claramente positiva, de
R
pré-julgamento favorável. Assim, desenvolver-se é se dirigir na direção do
a
mais e melhor”.
Alguns pesquisadores, entendem que o Desenvolvimento Sustentável
do
é entendido como:
aC
a) a manutenção dos processos ecológicos essenciais, a
tempo indeterminado,
e) representada como uma meta ou um ponto final.
ver dit
economia, política, cultura, meio ambiente, mais sustentáveis, uma vez que
o aumento cada vez mais claro da escassez dos recursos naturais e a elevação
contínua do padrão desenvolvimentista industrial, subsidiam a elaboração
de um novo modelo com base nos conceitos e padrões da sustentabilidade.
O Desenvolvimento Sustentável tem evoluído como um conceito
integrador, uma ampla possibilidade sob as quais há um conjunto de
questões inter-relacionadas podem ser organizadas de forma única referindo-
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 225
r
o fim desejado, ou seja, alcançará o seu auge quando conseguir produzir sem
V
destruir os recursos naturais.
uto
Na questão urbana, a sustentabilidade faz uso de instrumentos legais e,
principalmente, de planejamento e envolve diferentes áreas do conhecimento
como Geografia Urbana, Planejamento Urbano, Gestão Socioambiental do
R
Espaço Urbano, Sociologia, Antropologia, História e Urbanismo. Os impactos
a
ambientais são as influências negativas que o homem gera no meio ambiente e
que podem causar muitos tipos de degradação ambiental tanto no solo, quanto
na água e no ar.
do
aC
Os conceitos de sustentabilidade apresentados na literatura também
variam bastante gerando uma vastidão de interpretações e de conceitos
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
são
que elevam a sustentabilidade ambiental a uma gama de atividades sociais,
econômicas, físicas e sanitárias que contribuem para a preservação e para
melhoria do que a natureza oferece. Num contexto, sem precedência, mas
consensual os Governos de todo o Planeta estão sendo levados a compreender
i
que é importante questionar esta postura pois nem todas as espécies possuem
a mesma importância para a manutenção dos processos-chave para o
funcionamento desses sistemas.
Contudo, é importante ainda ressaltar a carência de conhecimentos
E
sã
r
invés do coletivo.
V
No entanto, o nosso objetivo neste capítulo não é tecer críticas ao
uto
Governo, mas, sim apresentar de forma dialética as políticas florestais e
desenvolvimentistas ocorridas no Brasil República, de forma que possamos
alcançar o nosso objetivo neste capítulo que é de identificar as políticas
R
a
florestais e as florestas plantas no Brasil.
Faz-se necessário que antes de se iniciar a discussão acerca de Política
Florestal e de Política de Preservação ambiental trazer à tona um conceito
do
que caminha para o conceito das Políticas Públicas. Para fins deste estudo
aC
entendem-se políticas como um conjunto de ações capitaneadas pelo Estado
com objetivo de atender as demandas da sociedade em um assunto específico.
de Proteção Ambiental nota-se que tem ocorrido um grande esforço por parte
do Estado para gerir e regulamentar essas políticas (uso sustentável do solo, da
or
água, das florestas e etc.) ainda que a eficiência, e a eficácia das ações estatais
nem sempre sejam alcançadas.
ara
r
o desmatamento em nome do “Progresso” da Amazônia. Com o alto índice
V
de desmatamento e queimadas na região amazônica, o Governo Federal,
uto
através Ministério do Meio Ambiente (MMA), intensificou a política de
combate às ações que levam a diminuição e/ou ao extermínio da flora e fauna
brasileira. Na Amazônia, duas operações foram implantadas: Arco de Fogo, de
R
responsabilidade da Polícia Federal e, Arco Verde do MMA, voltada ao auxílio
a
dos municípios na estruturação de suas políticas ambientais.
O Decreto n.º 6.321, de dezembro de 2007 passa a ser a força motora
do
legal, para que outras providências institucionais fossem implantadas, a fim de
aC
coibir o avanço da destruição da flora e fauna da Floresta Amazônica brasileira.
Foram tentativas que provocaram reações, algumas positivas outras negativas,
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são
nos municípios situados no arco do desmatamento e citados como prioritários
as políticas de fomento ao reflorestamento entre outros.
A reorganização da proposta de gestão territorial do Estado, sob
o ápice das normas ambientais e a necessidade do desenvolvimento local é
i
ser contemplada pelo Poder Público para que possa fazer parte das políticas
públicas fomentando a sustentabilidade.
ara
deu o PLANAFLORO, se estendendo até 2004. Deste ano para frente, começa a
política reversa do Governo Federal. Fortalece-se a política da economia verde.
O território brasileiro é caracterizado pela presença de diferentes
ecossistemas, sendo os principais a Amazônia, a Caatinga, a Mata Atlântica,
o Cerrado, o Pantanal e os Campos Sulinos. Nestes espaços há uma grande
diversidade espécies vegetais, animais e minerais que são estudados e
explorados pelo ser humanos a séculos.
228
r
como centros de comando político/administrativo/econômico, produziram-
V
se um espaço de expansão da recente modernização brasileira que se
uto
contrapõe e subverte o antigo modo tradicional/extrativista dominante na
região, deixando o espaço geográfico com outra conotação.
Rondônia, por exemplo, portanto, constituiu-se numa nova
R
a
espacialidade agrícola, trocando sua cobertura de floresta por lavouras e,
principalmente, por pastos, a exemplo das áreas de cerrado do Centro-Oeste,
que cederam sua ecologia para a cultura da soja e da pecuária. Porém o
do
estado, agora ensaia vigorosamente, um novo desenho cultural e econômico
aC
impulsionado por projetos que atendem à necessidade energética do país,
uma nova onda urbanizatória retratando um novo cenário. Sendo assim, a
r
V
manutenção da natureza e que na maioria das vezes causa um desequilíbrio
uto
na fauna e na flora.
A floresta plantada pode ter objetivos ambientais, ser destinada à
recuperação de uma área degradada com espécies nativas ou comerciais
R
com plantios homogêneos com espécies exóticas para produção de produtos
a
madeireiros e não madeireiros. Em vista disso, a obtenção de grande volume
de madeira e as condições que mantenham qualidade uniforme para atender
do
às demandas da população mundial em crescimento, sem exaurir os recursos
naturais, tornou-se uma alternativa.
aC
Não há dúvida que a atividade florestal está no centro de um futuro
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r
nossa definição de desterritorialização.
V
Enquanto o geógrafo tende a enfatizar a materialidade do território, a
uto
Ciência Política enfatiza sua construção a partir de relações de poder que em
sua maioria está relacionada a concepção de Estado; a economia, que prefere
a noção de espaço à de território, percebe-o muitas vezes como um fator
R
locacional ou como uma das bases da produção, enquanto força produtiva
a
(HAESBAERT, 2004).
No bojo das efervescências políticas intelectuais desse período,
do
surgem argumentações renovadas que tentam elucidar a atuação do Estado,
aC
as contradições sociais, os conflitos, a degradação ambiental, o crescimento
acelerado de muitas cidades, dentre outros apontamentos. Tal problemática
r
V
comunidades existentes na floresta, possibilitando ao plano de exploração
uto
não causar prejuízos de seu bem-estar. Com base no inventário, um plano
de exploração é desenhado de forma a considerar uma subdivisão da área a
ser explorada em lotes (talhões), que serão explorados de forma sequencial.
Quando o ciclo de exploração se completa, a extração de madeira
R
a
deverá ocorrer novamente no primeiro lote explorado, o qual deverá ter
sido parcialmente regenerado. O conceito de manejo florestal é um conjunto
do
de técnicas empregadas para colher cuidadosamente parte das árvores
grandes de tal maneira que os menores, a serem colhidas futuramente, sejam
aC
protegidos. O manejo florestal pode vir acompanhado de um processo de
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r
contexto a teca.
V
O setor de florestas plantadas tem contribuído com o aumento de
uto
algumas espécies nativas como o pinho cuiabano para o repovoamento
de áreas com desflorestamento, formando áreas em conformidade com as
leis e evitando novas áreas de desmatamento. Além dos fatores ambientais
R
favoráveis para a silvicultura, e as novas tecnologias utilizadas para aumentar
a
a produtividade, tais como melhoramento genético de sementes e clonagem de
espécies floreais.
do
Considerações parciais
aC
pelos veículos que são cada vez mais presentes no nosso cotidiano.
Esses são apenas alguns exemplos dos danos que temos, da
interferência humana no meio ambiente ao longo de nossa história, sem
qualquer preocupação com o futuro. Desta forma, buscou neste estudo, mostrar
a cultura da sustentabilidade na Amazônia Brasileira, concentrado na conquista
do espaço, consequentemente elencou-se a importância de se reestruturar um
espaço tão rico.
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 233
REFERÊNCIAS
r
V
uto
LEMOS, André Luiz Ferreira; SILVA, José de Arimatea. Desmatamento
na Amazônia Legal: Evolução, Causas, Monitoramento e Possibilidades de
Mitigação Através do Fundo Amazônia. Floresta e Ambiente, v. 18, n. 1,
R
p. 98-108, 2011. DOI 10.4322/floram.2011.027, ISSN 2179-8087 [online].
a
MCCORMICK, John. Rumo ao paraíso: a história do movimento
do
ambientalista. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1992.
aC
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
p. 211-241.
ara
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op
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do
a uto
r
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
SOBRE OS AUTORES
Para falar da Amazônia não basta querer, tem que ter conhecimento, ter
sentimento, saber-fazer, mostrar respeito pela Natureza, pelas Representações
r
V
Sociais. É sair do “laboratório” do “escritório” é escrever no rascunho, na
uto
palma da mão, é deixar o suor manchar a folha branca. Isto é o que temos
aqui, pesquisadores da terra amazônica, do solo explorado, mas, sobrevivente!
R
Organizadores: XIMENES; Claudia Cleomar; SOARES; Danúbia Zanotelli;
a
PEREIRA, Paulo César Barros; SILVA, Maria Liziane Souza; PEREIRA,
Willimis Alves.
do
aC
Legenda: Siglas mais frequentes
Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
em Geografia da UNIR.
r
Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Pimenta Bueno (FAP);
V
Membro do Grupo de Pesquisa Experimental Diálogos Hídrico Multidisci-
uto
plinar. Membro do Grupo de Estudos GeoContábeis. Membro Fundador da
Associação de Pesquisadores e Educadores em Início de Carreira Sobre o
Mar e os Polos no Brasil (APECs-Brasil).
R
a
Caio Ismael de Jesus Lasmar
Mestre em Geografia PPGG/UNIR. Graduação em Arquitetura e Urbanismo
do
pelo Centro Universitário do Norte (2006). Especialista em Gestão de Re-
aC
cursos Naturais e Meio Ambiente pelo Centro Universitário do Norte (2011).
Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo na Faculdade Interamericana
Charlot Jn Charles
Mestrando em Geografia PPGG/UNIR (2018). Possui graduação em Filosofia
pela Faculdade Católica de Rondônia (2015). Atualmente ministra aulas particu-
lares de francês e espanhol. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas Modos de
Vidas e Culturas Amazônicas – GEPCULTURA. Professor voluntário da Língua
Portuguesa para grupo de imigrantes haitianos na Cidade de Porto Velho-RO.
CONQUISTA DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA:
Apropriações da Natureza e Representações Sociais 237
r
V
dores em Início de Carreira Sobre o Mar e os Polos no Brasil (APECS-Brasil).
uto
Membro do Grupo de Estudos GeoContábeis. Membro do Núcleo Docente
Estruturante (NDE) e Professora do curso de Ciências Contábeis da Faculdade
de Ciências Biomédicas – FACIMED.
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Danúbia Zanotelli Soares
Mestranda em Geografia pelo PPGG/UNIR, graduada em Geografia pela Facul-
do
dades Integradas de Ariquemes (2009); Especialização em Gestão Ambiental
pela Faculdades Integradas de Jacarepaguá (2010). Desenvolve pesquisa sobre
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a Geografia e Gênero, com ênfase Desenvolvimento Econômico, Mercado de
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-GOIÁS (2015).
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Gasodá Suruí
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Mestre em Geografia pelo PPGG/UNIR (2018). Paiter Surui de Rondônia,
uto
do grupo Clã Gãmeb. Graduado em Turismo pelo Centro Universitário São
Lucas de Porto Velho, Rondônia (2009). Atualmente e Coordenador do Centro
Cultural Indígena Paiter Wagôh Pakob. Pesquisador no Grupo de Estudos
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e Pesquisas Modos de Vidas e Culturas Amazônicas – GEPCULTURA, da
a
UNIR. Linha de Pesquisa Etnias e Populações Amazônicas.
do
Jaqueline Souza de Araújo
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Mestre em Geografia pelo PPGG/UNIR (2016-2018). Pesquisadora no
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tendo coordenado o Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional e
uto
Meio Ambiente (2004-2005) e o Programa de Pós Graduação em Geografia
(2006-2010), ambos da Universidade Federal de Rondônia. Coordenador
do Grupo de Estudos e Pesquisas Modos de Vidas e Culturas Amazônicas
(GepCultura) que tem como ênfase os seguintes temas: Geografia Cultural,
R
a
Desenvolvimento Regional, Cultura Amazônica, Amazônia, Populações
Ribeirinhas, Populações Tradicionais.
do
Juander Antonio de Oliveira Souza
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Doutorando e Mestre em Geografia pelo PPGG/UNIR. Especialista em
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em “agroindústria”.
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na área de Geografia e Gênero, com ênfase em Políticas Públicas para mulheres
uto
do campo, da floresta e das águas. Coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em
Geografia, Mulher e Relações Sociais de Gênero – GEPGENERO. Participa das
seguintes Redes de Pesquisas: Rede Latino Americana de Geografia e Gênero
– RLAGG, Rede Espaço e Diferença RED e da Rede de Estudos de Geografia,
R
a
Gênero e Sexualidades Ibero Latino-Americana – REGGILA.
do
Mauro José Ferreira Cury
Pós-Doutorado em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (2013), e
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Pós Doutorado em Turismo e Patrimônio Cultural pela Universitat de Barcelona
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Ambiental (LABOGEOPA/UNIR). Integrante do Grupo de Pesquisa Água,
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Território e Sustentabilidade – (UAB/Espanha). Pesquisadora de instrumentos
uto
tecnológicos e metodológicos que viabilizem Plano de Bacia Hidrográfica e
mecanismo de Gestão de Bacia Hidrográfica Integrada ao interesse dos atores
locais. Docente em todos os Níveis do Ensino Superior. Coordenadora e idea-
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lizadora do Grupo Experimental de Pesquisa Diálogo Hídrico Multidisciplinar,
a
Membro do Conselho da Associação de Pesquisadores Polares e dos Mares em
Inicio de Carreira – APECS-Brasil. Colaboradora regional da Sociedade Civil
do
nos Comitês de Bacia Hidrografia.
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Laise Santos Azevedo
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são
Mestra em Geografia pelo PPGG/UNIR (2018). Graduada em Ciências Bioló-
gicas pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Rondônia –
IFRO (2013). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa do Laboratório de Geografia
e Planejamento Ambiental-LABOGEOPA e do Grupo de Estudo e Pesquisa em
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Sônia Maria Teixeira Machado
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Mestra em Geografia pelo PPGG/UNIR (2016) e especialização em Meto-
dologia do Ensino Superior pela UNIR (2005). Possui graduação em Artes
Plásticas pela Universidade Federal de Uberlândia (1998). Docente do
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Ensino Superior. Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do
a
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO).
Vinculada à linha de pesquisa TRPD – Território, Representações e Políticas
do
de Desenvolvimento do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UNIR.
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na Pan-Amazônia.
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Pós-Graduação em Políticas Públicas e Socioeducação pela Universidade
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Federal de Brasília (2018). Pesquisador dos Grupos de Estudos Geografia
Socioambiental (Unir). Políticas Públicas e Gestão Territorial na Amazônia
(Unir) ambos ligados as grandes áreas da Geografia.
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Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a impressão
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SOBRE O LIVRO
Tiragem: 1000
Formato: 16 × 23 cm
Mancha: 12,3 × 19,3 cm
Tipografia: Times New Roman 10,5 | 11,5 | 12 | 16 | 18 pt
Arial 7,5 | 8 | 9 | 10 pt
Papel: Pólen 80 g/m² (miolo)
Royal Supremo 250 g/m² (capa)