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DESCRIÇÃO

Análise dos custos e riscos da modalidade de pagamento carta de crédito. As cartas de crédito
especiais: Rotativa, Back to Back, Traveller, Bid Bond, Performance Bond, Refundment, Standby.
Garantias nos pagamentos internacionais: Seguro de Crédito à Exportação – SCE e Operações
de Hedge.

PROPÓSITO

Entender o processo de abertura e utilização da modalidade de pagamento carta de crédito,


bem como as cartas de crédito especiais, fundamentais para as operações de comércio com o
exterior, e as garantias aos pagamentos internacionais como fator de segurança para a
negociação com o cliente externo.

PREPARAÇÃO

Antes de iniciar o conteúdo, certifique-se que você tenha acesso a UCP 600 da Câmara de
Comércio Internacional, para acompanhar os respectivos artigos relacionados à carta de
crédito.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Empregar corretamente a modalidade de pagamento carta de crédito


MÓDULO 2

Aplicar as cartas de crédito especiais

MÓDULO 3

Identificar as principais garantias aos pagamentos internacionais

INTRODUÇÃO

Neste conteúdo, vamos conhecer a modalidade de pagamento carta de crédito, amplamente


utilizada nas negociações internacionais de bens. Também vamos analisar suas vantagens,
exigências e condições.

Além disso, estudaremos as Cartas de Crédito Especiais e as garantias de pagamento, que dão
suporte às operações de comércio exterior, no sentido de mitigar os riscos e as incertezas das
partes envolvidas.

MÓDULO 1

 Empregar corretamente a modalidade de pagamento carta de crédito

CARTA DE CRÉDITO – LETTER OF CREDIT OU


L/C
CONCEITOS

Ao realizarem uma negociação comercial, o exportador e o importador devem considerar


diversos aspectos como o risco-país, o tipo de mercadoria, o compromisso do importador
quanto ao pagamento e a capacidade de produção e entrega do exportador. Analisados estes
principais aspectos, os negociadores irão definir as condições de entrega da mercadoria e
também as condições de pagamento. Nas condições de pagamento são determinados o preço,
a moeda negociada, o prazo e a modalidade de pagamento.

A carta de crédito ou crédito documentário é uma modalidade de pagamento muito utilizada no


comércio mundial de bens, por oferecer maiores garantias tanto para o exportador como para o
importador. Trata-se de um compromisso de pagamento emitido por um banco, que será
honrado somente se todas as condições forem atendidas satisfatoriamente.

A carta de crédito normalmente é exigida pelo exportador nas primeiras negociações


comerciais, quando o importador não é conhecido ou não se tem referências cadastrais
suficientes do comprador e do país.

 SAIBA MAIS

A carta de crédito está regulamentada pela Publicação UCP 600 — Uniform Customs and
Practice for Documentary Credits — Regras e Usos Uniformes para Créditos Documentários da

CCI, Câmara de Comércio Internacional de Paris, que define regras internacionais padronizadas,
facilitando e uniformizando entendimentos sobre o crédito. Para tanto, é necessário que no
texto da carta de crédito conste expressamente sua vinculação na UCP 600.

Os participantes da carta de crédito são:

BANCO EMITENTE (ISSUING BANK)


Banco que emite o crédito.

IMPORTADOR (APPLICANT)
Solicita a emissão da carta de crédito ao banco.

EXPORTADOR (BENEFICIARY)
É a parte em favor da qual o crédito é emitido.
BANCO AVISADOR (ADVISING BANK)
É o banco no país do exportador que tem como função avisar o exportador sobre o crédito, a
pedido do banco emitente.

BANCO DESIGNADO (NOMINATED BANK)


O banco no país do exportador, no qual o crédito está disponível. Caso não tenha sido
designado o nome de um banco específico, o crédito pode estar disponível em qualquer banco.

BANCO CONFIRMADOR (CONFIRMING BANK)


O banco que agrega sua confirmação ao crédito, mediante solicitação do banco emitente.

BANCO REEMBOLSADOR (REIMBURSING BANK)


O banco que realizará o reembolso do valor da carta de crédito, desde que autorizado pelo
banco emitente e que tenha sido emitido um compromisso de reembolso.

PROCESSO DA CARTA DE CRÉDITO

Observe o fluxograma a seguir no que se refere ao processo da carta de crédito.

Na sequência, confira os pormenores atrelados a algumas das etapas relacionadas.

 Processo de carta de crédito


Banco 1: solicitação e emissão

O importador, após negociação da modalidade de pagamento com o exportador, solicita a um


banco no seu país a emissão de um documento denominado carta de crédito. O banco
analisará a solicitação do cliente, seu perfil financeiro, as condições da operação e, caso
concorde, emite o documento.

A carta de crédito deve conter os principais pontos da operação comercial entre o importador e
o exportador, tais como:

 Descrição da mercadoria;

 Valor;

 Quantidade, peso bruto, peso líquido;

 Nome do importador e endereço completo;

 Prazo de validade para embarque;

 Local de embarque e desembarque;

 Data e local de vencimento;

 Período de apresentação dos documentos.

Ao concordar em abrir a carta de crédito, o banco emitente passa a ser o primeiro responsável
pelo pagamento, assumindo, assim, o compromisso firme e irrevogável de pagar em nome de
seu cliente, desde que o beneficiário (exportador) comprove documentalmente que foram
cumpridas todas as condições estipuladas.

 VOCÊ SABIA

Sobre o aspecto irrevogável, ele significa que o documento somente poderá ser cancelado ou
alterado mediante a anuência prévia de todas as partes interessadas. Ao exigir uma carta de
crédito, o exportador assume o risco comercial do banco e não do importador, motivo pelo qual
o banco emitente solicita garantias para a emissão.

As despesas de uma carta de crédito, em geral, são de responsabilidade do importador, a não


ser que esteja expressamente indicado de forma diferente. Entretanto, tornou-se comum que
algumas despesas, como as que ocorrem fora do país do banco emissor, sejam assumidas
pelo exportador.
Dois tipos de despesas são as usuais no crédito:

TARIFAS
São os serviços cobrados pelo banco. Têm preço fixo pelo tipo de serviço prestado e não
costumam levar em conta o valor ou prazo da operação e nem o relacionamento com o cliente.
Muitas vezes o desconto é em função do volume de negócios do cliente, por exemplo, tarifa
para emissão do crédito: US$200,00.

COMISSÕES
Cobradas sobre o valor da operação, assim como pelo prazo. Diferem de cliente para cliente e
consideram o risco envolvido, por exemplo, crédito a 120 dias – 2% a.a.

Confirmação

A carta de crédito pode ainda ser confirmada por um outro banco.

O papel deste banco confirmador é o de ser avalista do banco emitente, isto é, no caso de o
banco emitente estar impedido de pagar, muitas vezes por problemas de ordem econômica ou
política, o banco confirmador assume automaticamente a responsabilidade financeira. Dessa
forma, o confirming bank deve estar localizado em país diferente do país do issuing bank,
podendo ser um banco do próprio país do exportador, em geral o advising bank.

Pode ocorrer que um banco confirme um crédito sem a solicitação formal ou autorização do
banco emitente, nesse caso é considerada uma confirmação silenciosa (silent confirmation).

O custo para a confirmação da carta de crédito pode variar conforme o risco do país
importador e/ou do banco emitente. Esse custo pode ser assumido pelo importador ou pelo
exportador, dependendo de quem solicitou a confirmação do crédito.

Banco 2 : Aviso e entrega

Após a emissão da carta de crédito, ela é encaminhada para o banco avisador no país do
exportador, para que este avise o crédito ao beneficiário.

 ATENÇÃO

O banco avisador não tem responsabilidade com relação aos termos da carta de crédito, a
obrigação dele é apenas verificar a autenticidade da mensagem recebida ou a assinatura do
emitente.
A verificação de autenticidade é realizada por meio do Test Key, nos casos em que o crédito
não foi transmitido via sistema SwIft, que é o mais usual.

Beneficiário exportador: despacho da mercadoria

Após receber a carta de crédito, o exportador deve examiná-la detalhadamente para conferir os
seus termos e verificar se tem condições de obter os documentos exigidos e cumprir de forma
integral todos os itens ali mencionados.

Alguns aspectos merecem verificação especial:

Se a data de validade para embarque é suficiente para a produção da mercadoria;

Se haverá transporte disponível dentro do prazo estipulado;

Se a moeda estrangeira mencionada e o valor negociado estão corretos;

Se o local de embarque e de desembarque estão claramente definidos;

Se a mercadoria, quantidade e o peso estão conforme o negociado;

Se haverá vistoria da mercadoria durante ou antes do embarque;

Se o prazo para a entrega de todos os documentos de exportação ao banco negociador é


adequado;

Assim, caso seja constatada alguma divergência ou alguma condição que não possa cumprir, o
exportador deve solicitar imediatamente ao importador que este instrua o banco emitente a
realizar as alterações e emendas necessárias, pois, por qualquer discrepância ou erro no
cumprimento dos termos da carta de crédito, o exportador pode perder o direito à garantia do
crédito e, em consequência, receber o pagamento com atraso ou até mesmo não receber o
valor.

Banco designado: embarque

Efetuado o embarque, o exportador entrega os documentos ao banco designado, que é o


representante do banco emitente e que tem como função receber e examinar toda
documentação apresentada pelo beneficiário.

Estando os documentos em perfeita e boa ordem (apresentação conforme), o banco pode


realizar o pagamento, conforme definido na carta de crédito.
A liquidação do crédito pode se dar:

À VISTA
PAGAMENTO DIFERIDO
ACEITE
NEGOCIAÇÃO

À VISTA

À vista se a condição for available by payment — o banco efetuará o pagamento contra a


apresentação dos documentos exigidos em ordem e sem discrepâncias.

PAGAMENTO DIFERIDO

Por pagamento diferido — available by deferred payment — o banco pagará a prazo, sem
necessidade de saque. O prazo é estabelecido a partir de determinado evento, em geral, do
embarque. O saque ou draft é a letra de câmbio, o título representativo da dívida.

ACEITE

Por aceite — available by acceptance — o banco pagará a prazo no vencimento, dando o aceite
no saque apresentado. O saque é emitido contra o banco emitente e não contra o importador.

NEGOCIAÇÃO

Por negociação — available by negotiation — neste caso, o banco a quem o saque ou os


documentos forem apresentados será o banco negociador, que efetuará o pagamento ao
exportador.
A carta de crédito pode ser restrita (restricted), ou seja, o banco emitente nomeia o banco
designado para examinar a documentação apresentada. No caso de ser livremente disponível
(unrestricted ou freely avalable), o exportador poderá apresentar os documentos a qualquer

banco.

 VOCÊ SABIA

A responsabilidade do banco designado recai apenas sobre os documentos, não pela


mercadoria, nem pelo seu envio ou recebimento. Caso o importador julgue necessário, poderá
exigir na carta de crédito um Certificado de Inspeção emitido por uma empresa certificadora
independente, que procederá ao exame da mercadoria, atestando a sua qualidade e exatidão.

Com o objetivo de uniformizar e auxiliar os bancos no exame da documentação, a Câmara de


Comércio Internacional (CCI) publicou a ISBP ‒ International Standard Banking Procedures —
Práticas Bancárias Padronizadas Internacionais. Assim, cabe ao profissional do banco
conhecer essa publicação para analisar com segurança os documentos apresentados.

Se o banco designado constatar discrepância na documentação poderá, a seu critério, e após


orientação do banco emitente, consultar o importador sobre a aceitação ou não dos
documentos que não estão em conformidade. Assim sendo, as garantias da carta de crédito
ficam suspensas e a operação será conduzida como cobrança documentária.


O importador pode aceitar as discrepâncias, sendo o pagamento realizado normalmente,
entretanto, caso não aceite, o exportador não receberá o valor e deve providenciar o retorno da
mercadoria ou propor um desconto ao importador.


Após realizado o acerto com o exportador quanto ao pagamento, o banco designado remete os
documentos ao banco emitente, que, por sua vez, os entrega ao importador e reembolsa o
banco designado. O importador, de posse dos documentos, retira a mercadoria após os
trâmites alfandegários.

Reembolso
O banco emitente pode determinar que o reembolso ao banco pagador seja efetuado por outro
banco, denominado reembolsador.

Essa condição necessita estar expressa nos termos da carta de crédito, devendo o banco
emitente expedir a Autorização de Reembolso.

As regras para reembolso estão regulamentadas na Publicação 725 da CCI — URR Uniform
Rules for Bank-to-Bank Reimbursements under Documentary Credits — Regras Uniformes para

Reembolsos Bancários sob Créditos Documentários.

No caso de reembolso por outro banco que não o banco emitente, o banco designado
encaminha os documentos da exportação ao banco emitente e o pedido de reembolso ao
banco reembolsador.

Cláusulas e créditos especiais

A carta de crédito pode conter algumas cláusulas e créditos que são considerados especiais,
pois não ocorrem com frequência. Vamos conhecê-los:

CRÉDITO TRANSFERÍVEL (TRANSFERABLE CREDIT)


Neste caso, o beneficiário pode solicitar ao banco designado que o crédito seja transferido, em
sua totalidade ou apenas uma parte, a outro beneficiário (segundo beneficiário).

Essa transferência só pode ser efetuada uma única vez, ou seja, não é permitido que o

segundo beneficiário transfira para um terceiro beneficiário.

A carta de crédito só será transferível se constar expressamente o termo Transferable.

CESSÃO DE RESULTADOS (ASSIGNMENT OF PROCEEDS)


Mesmo que um crédito não seja transferível, o exportador pode ceder os valores do crédito a
terceiros.

A cessão difere da transferência, na medida em que na transferência o exportador transfere a


um segundo beneficiário, mediante uma emenda, os direitos e as obrigações, isto é, passa a
responsabilidade do cumprimento da carta de crédito.

Já na cessão, o exportador passa apenas os resultados financeiros da operação, ficando com


todas as obrigações por sua conta. A cessão pode ocorrer, por exemplo, no caso de uma
trading company, que passa o resultado financeiro ao fabricante dos produtos.
CLÁUSULA VERMELHA (RED CLAUSE)
É a cláusula que permite ao exportador receber o valor total ou parcial do crédito antes do
embarque. Tal antecipação tem o objetivo de proporcionar ao exportador recursos para adquirir
insumos ou fabricar o produto. Posteriormente, quando o exportador entregar os documentos
ao banco designado, será feito o acerto das contas.

CLÁUSULA VERDE (GREEN CLAUSE)


É a cláusula que permite ao exportador entregar as mercadorias no armazém da companhia
transportadora, cessando a partir daí sua responsabilidade.

Como comprovante da entrega, será emitido um certificado denominado Forwarder Certificate


Received ‒ FCR, atestando que a mercadoria foi recebida para embarque, mas ainda não foi

embarcada (received for shipment). Em geral, o FCR é emitido pela empresa de logística, o
transitário de carga, conhecido como Freigth Forwarder.

Com esse certificado e demais documentos de exportação, o exportador já pode se apresentar


ao banco negociador para recebimento do pagamento.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CARTA DE CRÉDITO

Podemos resumir as principais características da carta de crédito como:

Compromisso firme do banco emitente;

Irrevogável;

Necessidade de cumprimento rigoroso e exato dos seus termos;

Despesas cobradas pelos bancos, tarifas de serviços e comissões;

Processo mais moroso, porém mais seguro;

Pagamento efetuado contra documentos.


CARTA DE CRÉDITO

A especialista Shirley Yurica Kanamori Atsumi fala sobre a sistemática da carta de crédito e
sua importância.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2
 Aplicar as cartas de crédito especiais

CARTAS DE CRÉDITO ESPECIAIS

Além da tradicional carta de crédito, ou crédito documentário, existem algumas cartas de


crédito com características especiais, que conheceremos a seguir.

CARTA DE CRÉDITO ROTATIVA (REVOLVING LETTER


OF CREDIT)

A carta de crédito rotativa é o crédito que, após sua utilização, pode ser renovado, sem
necessidade de qualquer emenda. É aplicada nos casos em que o importador adquire com
frequência um mesmo tipo de mercadoria de um mesmo exportador, não sendo necessário
emitir várias cartas de crédito, mas apenas uma, com valor e prazo definidos. Assim, quando o
pagamento é efetuado ao exportador, o valor fica novamente disponível para o período
seguinte.

CUMULATIVO

No cumulativo, se o valor disponível para um certo período não for utilizado, poderá ser
reaproveitado no período seguinte. Dessa forma, se o valor do crédito for de US$200.000,00 e o
exportador embarcar US$100.000,00, a diferença do restante US$100.000,00 fica acumulada
para ser aplicada no outro período.

NÃO CUMULATIVO

No não cumulativo, o valor não utilizado será cancelado automaticamente.


RESTABELECIMENTO AUTOMÁTICO

Restabelecimento automático significa que o valor pago ao exportador fica disponível


automaticamente, até o valor total do crédito.

SEM RESTABELECIMENTO AUTOMÁTICO

Sem restabelecimento automático significa que o valor pago só ficará disponível novamente
após o banco emitir um aviso nesse sentido. Esta condição é aplicada quando o banco
necessita reavaliar periodicamente a capacidade financeira do importador.

O crédito pode ser:

Cumulativo Não Cumulativo

Restabelecimento automático Sem restabelecimento automático

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CRÉDITOS BACK-TO-BACK (BACK-TO-BACK


CREDITS)

A expressão back-to-back refere-se a uma operação triangular, em que determinada empresa


pode adquirir uma mercadoria de determinado país e revendê-la a outro país, sem que transite
pelo seu território, indo direto do país do vendedor ao país do comprador.

 EXEMPLO
Uma empresa brasileira compra mercadorias da França e as vende para o Japão, solicitando
que as mercadorias sejam embarcadas diretamente da França para o Japão. Certamente, o
valor da venda ao Japão será superior ao valor da compra, ficando o exportador brasileiro com
a diferença, que representa o seu lucro na operação. Pode ser utilizada qualquer modalidade de
pagamento para essas operações (remessa sem saque, pagamento antecipado ou cobrança).

No caso do crédito back-to-back, são também operações triangulares, porém com a emissão de
duas cartas de crédito:

Uma empresa A adquire determinado produto de um exportador B localizado em outro país,


que solicita a emissão de uma carta de crédito.


Tal exportador, por sua vez, adquire o produto de uma terceira empresa C, que também solicita
uma carta de crédito.

A primeira carta de crédito será utilizada como garantia para a emissão dessa segunda carta
de crédito, sendo a mercadoria embarcada diretamente da empresa C para a empresa A.

Para o exportador B auferir lucro na operação, as cartas de crédito têm valores distintos, ou
seja, a segunda carta de crédito é inferior à primeira.

CARTA DE CRÉDITO STANDBY (STANDBY LETTER OF


CREDIT)

Observe com atenção o fluxo que a carta de crédito Standby pode seguir.

Depois, confira os detalhes de cada processo no texto subsequente.


 Standby aplicada em remessa sem saque

A Standby é uma carta de garantia utilizada principalmente quando as negociações são

realizadas nas modalidades de pagamento remessa sem saque ou cobrança.

Na remessa sem saque o exportador embarca a mercadoria e encaminha o original dos


documentos diretamente ao importador, que, assim, pode retirar a mercadoria e,
posteriormente, efetuar o pagamento. O risco do exportador, portanto, é muito alto e essa
operação deveria ser aplicada apenas quando houvesse confiança no importador ou se
tratasse de empresas coligadas.

Ocorre que, algumas vezes, o exportador necessita aplicar esta modalidade, mesmo não se
enquadrando nas condições mencionadas.
Na cobrança documentária, o original dos documentos é encaminhado a um banco do país do
exportador, que os remete em cobrança ao banco do país do importador, para que este os retire
mediante pagamento ou aceite do saque. Da mesma forma, existe risco para o exportador.

Para minimizar o risco, pode ser solicitada a emissão da carta de crédito Standby, em que o
banco emitente garante o pagamento, caso o importador não honre o compromisso de pagar.

Se não ocorrer o pagamento, o exportador deve apresentar um saque contra o banco emitente,
acompanhado dos documentos de embarque e de declaração atestando que a dívida não foi
paga.

A diferença em relação à carta de crédito tradicional é que a Standby só será acionada se o


importador falhar, ao passo que na carta de crédito o banco emitente é o primeiro responsável
pelo pagamento.

Comparando com a carta de crédito, a Standby apresenta algumas facilidades, como o fato de
exigir apenas saques, declarações e cópia de documentos, em vez de vários documentos, de
acordo com as exigências das cláusulas da carta de crédito.
 SAIBA MAIS

A Standby está regulamentada pela International Standby Practices — ISP98, da Câmara de


Comércio Internacional (CCI), e pode ser usada também como aval de empréstimos. Teve sua
origem nos EUA, onde a legislação bancária não permite que os bancos emitam garantias, o
que é feito pelas seguradoras ou outras companhias específicas.

CARTA DE CRÉDITO DE VIAJANTE (TRAVELLER’S


LETTER OF CREDIT)

Esta é uma carta de crédito especial em que determinado banco encaminha às suas agências e
a seus correspondentes no exterior uma autorização de pagamento de um certo valor a
determinada pessoa.

Tal documento é utilizado por homens de negócios e viajantes em estadias prolongadas, que
têm a necessidade de grande quantidade de dinheiro e que não teriam condições de portar o
numerário em espécie ou traveller’s checks.

O interessado apresenta o documento ao banco no exterior e recebe em moeda local. O banco


registra o saque no verso do documento, de tal modo que os demais possam verificar a
existência de saldo para resgate.

Uma das limitações do documento é que o beneficiário só pode retirar os valores nos bancos
associados ao banco emissor e no horário bancário. Tal carta de crédito não é muito usual, os
viajantes dão preferência a traveller’s checks, cartão de débito ou crédito.

BID LETTER OF CREDIT – BID BOND

A Bid Bond funciona como um seguro garantia, normalmente exigido em licitações, tanto
públicas como privadas, para a execução de determinado serviço. A sua finalidade é assegurar
que a empresa vencedora da licitação irá cumprir com sua obrigação, assinando o contrato e
mantendo as condições acordadas como preço e prazo. A carta de crédito deve ser aberta pela
empresa interessada em participar da licitação.
Assim, se a empresa escolhida não assinar o contrato, o beneficiário da carta de crédito tem o
direito de receber a indenização do banco pagador, em geral 2% do valor do contrato,
apresentando o saque e uma declaração de que a empresa se recusou a prosseguir com o
negócio. É uma forma de compensação pelas despesas de publicação de edital, exame de
documentos, seleção de propostas etc.

PERFORMANCE LETTER OF CREDIT –


PERFORMANCE BOND

Trata-se de uma carta de garantia para que uma obrigação ou um determinado serviço sejam
realizados satisfatoriamente.

Caso a empresa vença uma licitação e assine o contrato, pode ser solicitada a apresentar uma
Performance Bond. Assim, se a empresa desistir de executar o trabalho ou não executar a

contento, ou mesmo descumprir condições como prazo de entrega e qualidade, o beneficiário


pode exigir a indenização, que em geral é de 5 a 10% do contrato.

O pagamento da indenização é realizado automaticamente pelo banco, após comprovação,


motivo pelo qual muitos organizadores optam por esta garantia, em vez de fazer constar a
cláusula em um contrato entre as partes e adotar medidas judiciais que podem ser onerosas e
demoradas.
 SAIBA MAIS

A Performance Bond também pode ser uma garantia paralela à carta de crédito tradicional. Se o
exportador, após estar de posse da carta de crédito, desistir de embarcar a mercadoria, a
Performance Bond pode ser acionada e ressarcir um percentual do valor do crédito. Dessa

forma, o importador será indenizado, podendo cobrir as despesas bancárias que realizou para a
emissão da carta de crédito. O importador pode, dependendo do seu relacionamento e
confiança no exportador, condicionar a abertura do crédito documentário à apresentação da
Performance Bond.

REFUNDMENT LETTER OF CREDIT – REFUNDMENT


BOND – ADVANCE PAYMENT GUARANTEE

Trata-se de uma garantia de reembolso ou de devolução de pagamento.

Se o importador efetuar um pagamento antecipado ao exportador e este não embarcar a


mercadoria, nem devolver o valor adiantado, a carta de crédito Refundment Bond irá ressarcir o
valor ao importador.

O pagamento antecipado muitas vezes é exigido pelo exportador para aquisição de insumos ou
para fabricação de equipamento de grande porte, podendo ser parcial ou total.

O importador pode, no entanto, solicitar a garantia oferecida pela Refundment Bond, para ser
ressarcido pelo banco em caso de descumprimento da obrigação pelo exportador.
CARTAS DE CRÉDITO ESPECIAIS

A especialista Shirley Yurica Kanamori Atsumi fala sobre cartas de crédito standby e
refundment bond.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 3
 Identificar as principais garantias aos pagamentos internacionais

SEGURO DE CRÉDITO À EXPORTAÇÃO (SCE)

Ao realizarem operações internacionais, as empresas estão sujeitas a diversos riscos, entre


eles os que podem ser de natureza comercial, política ou extraordinária.

RISCO COMERCIAL
RISCO POLÍTICO E EXTRAORDINÁRIO

RISCO COMERCIAL

O risco comercial refere-se às situações de inadimplência, insolvência, concordata ou falência


do devedor estrangeiro, ou seja, risco de não pagamento pelo importador.

RISCO POLÍTICO E EXTRAORDINÁRIO

O risco político e extraordinário envolve situações relacionadas às questões políticas,


econômicas, financeiras e cambiais do país-alvo, como a possibilidade de que o governo tome
decisões que possam impossibilitar o pagamento, como a moratória e restrições à
transferência de divisas. O risco também se refere a fatos, desastres ou catástrofes naturais.

Para mitigar tais riscos, foram desenvolvidos instrumentos que permitem fornecer garantias
aos seus tomadores.

O Seguro de Crédito à Exportação (SCE) tem como objetivo proporcionar ao exportador


brasileiro uma garantia de recebimento do valor das suas vendas, em caso de inadimplência do

importador (risco comercial) ou de seu país (risco político).

A contratação do seguro é opcional, podendo ser realizada pelo próprio exportador, pelas
trading companies ou, ainda, pelas instituições financeiras que tenham financiado ou

refinanciado exportações tanto de bens quanto de serviços. Os bens referem-se às


mercadorias em geral, como produtos primários, semielaborados e manufaturados.
 SAIBA MAIS

O SCE é um mecanismo de proteção comum em países que possuem políticas de apoio às


exportações, sendo seu custo, em geral, inferior às outras garantias. Seu funcionamento se
assemelha aos demais seguros, ou seja, indeniza o segurado, no caso de sinistro (não
recebimento do valor). Além disso, o SCE realiza a avaliação da capacidade de pagamento do
importador e do país, funcionando como um instrumento de prevenção que permite maior
tranquilidade ao exportador, que poderá aumentar o volume de suas vendas, expandir seu
negócio e consolidar-se no mercado internacional.

O seguro de crédito concedido por empresas seguradoras privadas, como a Euler Hermes
Brasil, Cesce Brasil, MAPFRE, Crédito y Cáucion Seguradora de Crédito, em geral, abrange
somente operações de curto prazo (até dois anos).

O governo também concede cobertura para as exportações brasileiras, tendo como lastro o
Fundo de Garantia à Exportação (FGE). A competência para autorizar a concessão de garantia
do SCE, em nome da União, com recursos do FGE, é da Secretaria-Executiva da Câmara de
Comércio Exterior (SE-CAMEX) da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos
Internacionais (SECINT) do Ministério da Economia (ME).

O SCE concedido pela União pode cobrir financiamento concedido por qualquer banco, público
ou privado, brasileiro ou estrangeiro a exportações brasileiras, sem restrições de bens ou
serviços ou quanto ao país do importador.

A garantia da União para operações de crédito à exportação cobre:

Riscos comerciais para prazos de financiamento superiores a 2 anos;

Riscos políticos e extraordinários para qualquer prazo de financiamento;

Riscos comerciais, políticos e extraordinários para micro, pequenas e médias empresas


(MPME) em operações de até 2 anos; e

Risco de adiantamento de recursos e de performance para o setor de defesa e para

produtos agrícolas beneficiados por cotas tarifárias para mercados preferenciais.

A Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidos e Garantias S.A. (ABGF) é a empresa


pública responsável pelas análises relacionadas ao SCE, com garantias do governo federal.

As operações do Fundo de Garantia à Exportação (FGE) são acompanhadas pelo Comitê de
Financiamento e Garantia das Exportações (Cofig).


O Cofig regula as atividades de concessão de garantias pelo governo federal, estipulando nível
de risco e limite por país, que é classificado por categorias, que variam de acordo com a
situação econômica, financeira e política e também considerando a relação comercial com o
Brasil.

As seguradoras possuem redes mundiais de agências de informações financeiras e comerciais


com milhões de compradores cadastrados, o que possibilita a concessão de limites de crédito
evitando riscos ao segurado. Contam também com redes mundiais de recuperação de créditos,
por meio de escritórios de advocacia e empresas de cobranças, já que as diferentes legislações
dos países requerem a intervenção de especialistas que promovam a recuperação dos valores
devidos, por meio de ações consensuais ou judiciais.

O exportador solicita a cobertura, mediante uma proposta de seguro de crédito à exportação,


onde deverá fornecer todas as informações sobre a operação e sobre o cliente no exterior. Os
dados são analisados e, após aprovação, é fixada uma tarifa (prêmio) a ser cobrada.

OPERAÇÕES DE HEDGE

As oscilações no preço de commodities ou de ativos negociados no mercado financeiro como


moeda, taxas de juros e ações, em decorrência de variáveis econômicas, políticas ou mesmo
climáticas, têm impulsionado as pessoas físicas ou jurídicas à procura por mecanismos de
proteção, que possam garantir menor exposição ao risco dessas oscilações.

A flutuação da taxa de câmbio é uma preocupação constante: o importador corre o risco da


elevação da taxa, que resulta em aumento de suas despesas com a importação, podendo até
mesmo inviabilizar seu negócio. O exportador pode ser afetado pela queda da taxa de câmbio,
o que reduziria a sua receita em moeda nacional, impactando negativamente os resultados.
Como as empresas podem então se proteger?

 VOCÊ SABIA

Hedge, palavra inglesa que significa “cerca”, é uma operação de proteção ou uma estratégia

defensiva, cujo objetivo é evitar perdas ou diminuir riscos em posições assumidas ou em


operações que serão realizadas no futuro. O termo hedge é uma designação genérica para
diversos tipos de produtos financeiros, geralmente envolvendo derivativos.

Derivativos são contratos cujo valor depende (deriva) do valor de um ativo financeiro ou
commodity. Tais contratos só existem porque há a possibilidade de o preço à vista do ativo ou

da mercadoria (grãos, ações, taxas, índices) variar.

Existem derivativos financeiros e não financeiros.

Podemos citar como derivativos financeiros os relativos a moedas, taxas de juros, índices e
ações.

Derivativos não financeiros são os relacionados a petróleo e ativos agropecuários (soja, açúcar,

álcool, milho, café, algodão, bezerro e boi gordo).

Os contratos de derivativos podem ser negociados em mercado organizado e em mercado de


balcão.

No mercado organizado, as operações são realizadas em bolsas,


Mercado
como a B3, que é a junção de 3 empresas, a BM&F, a Bovespa e a
organizado
Cetip.

Mercado de No mercado de balcão, as operações são realizadas fora do recinto


balcão das bolsas, ou seja, diretamente entre as partes. As operações podem
ser efetuadas entre duas instituições financeiras, entre uma
instituição financeira e uma empresa ou até mesmo sem a
participação de instituições financeiras.
No mercado de balcão, os contratos são flexíveis, e os valores e
vencimentos são negociados, o que para operações de comércio
exterior é um fator importante, já que por suas características podem
existir diversos valores, com vencimentos variados.

Mercado de No mercado de bolsa os contratos são padronizados, o que permite


bolsa maior liquidez, além de ter seus vencimentos definidos.

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Trataremos neste módulo dos produtos de proteção relacionados à variação cambial, que pode
afetar diretamente os pagamentos e recebimentos internacionais.

Vamos conhecer alguns produtos derivativos:

CONTRATO A TERMO: TERMO DE MOEDAS (NON-


DELIVERABLE FORWARD – NDF)

São contratos de compra e venda de um ativo para liquidação em uma data futura, por preço
estabelecido previamente. Assim, uma das partes assume a posição de compra, em data
combinada, com preço certo e ajustado, e a outra parte assume a posição de venda com as
mesmas condições. O NDF é exclusivo do mercado de balcão.

 EXEMPLO

Um importador adquire uma mercadoria no valor de US$ 100.000,00, no momento em que a


taxa de câmbio está a R$ 5,00. Na sequência, o pagamento ao fornecedor ocorrerá em 180
dias.

Como a taxa de câmbio no país é flutuante, não se sabe qual será a taxa no dia do pagamento
e, o importador, para se proteger da oscilação e programar seu fluxo de caixa, pode solicitar a
um banco uma NDF para fixar um valor de taxa que seja razoável para seus negócios.

Suponhamos que o banco negocie com o importador a taxa de R$ 5,20, valor que estaria
razoável para que o importador possa honrar com seu compromisso. No dia do pagamento
podem ocorrer 2 cenários:
CENÁRIO 1
A taxa de câmbio do mercado é de R$ 5,50. Neste caso, o contrato de câmbio a ser celebrado
retratará o valor de R$ 550.000,00. Entretanto, como o importador tem a NDF somente arcará
com R$ 520.000,00.

CENÁRIO 2
A taxa de câmbio do mercado é de R$ 4,80. Neste caso, o contrato de câmbio a ser celebrado
será de R$ 480.000,00. No entanto, como o importador assumiu o NDF, ele deverá arcar com R$
520.000,00.

Ainda sobre o cenário 2, embora este valor seja superior ao valor de mercado, o importador
apenas deixou de ganhar com a taxa, mas pode se programar e organizar seu orçamento, já
que o valor de R$ 520.000,00 é satisfatório para seus negócios.

O termo de moedas NDF é uma ferramenta de proteção à exposição cambial, tanto para os
importadores como para os exportadores. No caso de exportação, o risco é o valor recebido em
reais não ser suficiente para cobrir seus gastos com a produção.

CONTRATO DE OPÇÕES

O contrato de opções é um instrumento derivativo que possui a característica de possibilitar ao


titular da opção o direito de comprar ou vender determinado ativo, mas não a obrigação de
realizar o contrato. Assim, caso o cenário não seja favorável, o titular pode desistir do contrato.

Para que ele possa ter essa possibilidade, deve pagar um prêmio inicial, que não será devolvido.

Existem dois tipos básicos de opções:

OPÇÃO DE COMPRA (CALL)


Dá o direito ao titular de comprar o ativo (no caso, a moeda estrangeira) por determinado preço.
Geralmente utilizado pelos importadores.

OPÇÃO DE VENDA (PUT)


Dá o direito ao titular de vender o ativo (no caso, a moeda estrangeira) por determinado preço.
Geralmente utilizado pelos exportadores.

Um importador adquire uma mercadoria no valor de US$ 100.000,00, no momento em que a


taxa de câmbio está a R$ 5,00. Com relação ao pagamento, ele será feito ao fornecedor em 180
dias. Então, como a taxa de câmbio no país é flutuante, não se sabe qual será a taxa no dia do
pagamento.

Sendo assim, o importador, para se proteger da oscilação e programar seu fluxo de caixa, pode
solicitar a um banco um contrato de opções, fixando um valor de taxa que seja razoável para
seus negócios.

Suponhamos que o banco negocie com o importador a taxa de R$ 5,20, valor este que estaria
razoável para que o importador possa honrar seu compromisso. O prêmio negociado é de R$
10.000,00.

No dia do pagamento podem ocorrer 2 cenários:

Cenário 1

A taxa de câmbio do mercado é de R$ 5,50. Neste caso, o contrato de câmbio a ser celebrado
retratará o valor de R$ 550.000,00. Entretanto, como o importador possui o contrato de opção,
exercerá o direito de comprar o dólar a R$ 520.000,00. Como teve a despesa do prêmio, seu
desembolso será de R$ 520.000,00 + R$ 10.000,00, inferior, portanto, ao valor de mercado R$
550.000,00.


Cenário 2

A taxa de câmbio do mercado é de R$ 4,80. Neste caso, o contrato de câmbio a ser celebrado
será de R$ 480.000,00. No entanto, como o importador possui o contrato de opção, exercerá o
direito de não utilizar o contrato negociado para comprar a moeda estrangeira por R$
520.000,00. Terá apenas que arcar com o valor do prêmio de R$ 10.000,00. Assim, seu
desembolso total será de R$ 480.000,00 + R$ 10.000,00 = R$ 490.000,00, inferior ao contrato de
R$ 520.000,00.

No caso de o titular da opção ser um exportador, ele exercerá o direito de vender ou não a
moeda estrangeira, dependendo da variação da taxa de câmbio. Assim, se a cotação da moeda
estrangeira estiver superior ao valor da opção, ele pode optar por não exercer o direito e receber
pelo contrato de câmbio um valor superior. Se ocorrer o inverso, a moeda estrangeira estiver
inferior ao valor da opção, ele irá exercer o direito de vender pelo preço superior e não incorrer
em prejuízo.
A opção pode ser negociada em bolsa, sendo nesse caso padronizada ou no mercado de
balcão, que tem como característica ser flexível e adaptável a cada caso específico.

SWAP

Swap é uma palavra inglesa que significa troca. É uma operação de troca de índice ou taxa de
um ativo ou aplicação por outro índice ou taxa de um passivo ou obrigação, para garantir
proteção financeira.

Pode ser utilizado quando há descasamento entre os ativos e passivos de uma empresa.
Assim, no contrato de Swap, o banco paga ao cliente o resultado de um indexador sobre um
valor base e recebe o resultado de outro indexador sobre um mesmo valor base, no prazo e nas
condições estabelecidas.

Na data de vencimento, o banco lança a crédito ou a débito a diferença entre os índices.

 EXEMPLO

Um exportador tem receita em dólares, decorrente de suas exportações, e possui uma dívida
em CDI no Brasil, ou seja, tem um ativo em dólar e passivo em CDI. Há, portanto, um
descasamento de fluxos de caixa, e a variação dos índices de dólar e CDI podem impactar o
resultado da empresa, que decide realizar um swap para neutralizar o descasamento. A
operação de swap trocará o indexador do ativo para CDI.

Se a variação do dólar for de 5% no período e do CDI 7%, o exportador teria um desembolso


maior, mas como realizou o Swap e trocou os índices, recebeu a variação cambial de 7%,
podendo quitar seu compromisso atrelado ao CDI, sem prejuízo.

MERCADO FUTURO

O Mercado Futuro se assemelha ao mercado a termo, isto é, trata-se de um acordo em que a


liquidação ocorrerá numa data futura preestabelecida, mas possui algumas características que
favorecem sua liquidez:

Suas operações são realizadas nos pregões da bolsa;

Os compradores e vendedores podem transferir suas posições para terceiros, mediante


operação contrária;

São padronizados;

Existe a garantia do cumprimento dos contratos pela Câmara de Compensação (Clearing


house). A Câmara de Compensação assume papel de contraparte de qualquer operação,

ou seja, é o vendedor de cada comprador ou o comprador de cada vendedor;

O preço futuro ofertado pelo vendedor precisa ser igual ao preço futuro ofertado pelo
comprador;

Vendedores e compradores não se encontram, sendo essa função desempenhada pelos


respectivos corretores;

Possui ajustes diários e margem de garantia:

O ajuste diário é um ajuste financeiro a débito ou a crédito na conta da empresa


diariamente, antes da data do vencimento do contrato, conforme a variação da taxa
de câmbio. É um mecanismo que permite diluir o risco, evitando que a posição
perdedora acumule prejuízos ao longo do tempo e que seja impedida de liquidar o
contrato.

A margem de garantia funciona como uma caução: caso um participante não pague
o ajuste diário, a bolsa debita da margem de garantia. Essa margem é calculada de
acordo com a característica de cada contrato.

Assim, um exportador deve ficar vendido no mercado futuro, para se proteger contra uma
valorização da moeda nacional, ao passo que um importador deve ficar comprado, para se
proteger de uma desvalorização da moeda nacional.
OUTROS INSTRUMENTOS UTILIZADOS COMO
HEDGE

Além dos contratos derivativos, existem mecanismos que podem ser aplicados para a proteção
da variação da taxa de câmbio:

CÂMBIO TRAVADO OU TRAVA DE CÂMBIO


Neste caso, existe a celebração prévia do contrato de câmbio de exportação. A taxa de câmbio
estipulada no contrato de câmbio será a taxa do dia de sua celebração. Assim, se o exportador
for receber a ordem de pagamento do exterior numa data futura, pode celebrar previamente o
contrato de câmbio, travando a taxa. No dia do recebimento do pagamento, o contrato será
liquidado com a taxa previamente negociada, constituindo-se, portanto, em um hedge cambial.

ACC – ADIANTAMENTO SOBRE CONTRATO DE CÂMBIO E


ACE – ADIANTAMENTO SOBRE CAMBIAIS ENTREGUES.
O ACC é o contrato de câmbio de exportação celebrado antes do embarque da mercadoria, em
que o banco antecipa os reais correspondentes ao exportador.

O ACE é o contrato de câmbio de exportação celebrado após o embarque da mercadoria, em


que o banco também antecipa os reais ao exportador.

Em ambos os casos, como o contrato de câmbio é celebrado antecipadamente ao recebimento,


também ocorreu a trava do câmbio, com a diferença de que nos casos de ACC e ACE já ocorreu
a entrega dos reais ao exportador antecipadamente.

CÂMBIO FUTURO DE IMPORTAÇÃO


Neste caso, o importador celebra o contrato de câmbio para liquidação futura, já determinando
o valor da taxa de câmbio. Nesta modalidade, embora a liquidação (troca de divisas) só ocorra
no futuro, em geral, o importador entrega os reais antecipadamente à liquidação, porém a
ordem de pagamento ao exterior seguirá na data futura.
OPERAÇÕES DE HEDGE

A especialista Shirley Yurica Kanamori Atsumi fala sobre as operações de hedge cambial NDF e
de opções.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conhecemos a modalidade de pagamento carta de crédito ou crédito documentário, que é uma


das modalidades mais utilizadas no comércio internacional de bens, por proporcionar maior
segurança para as partes negociadoras, que são o exportador e o importador. A carta de
crédito representa um compromisso irrevogável de um banco, que efetuará o pagamento,
desde que atendidas todas as condições mencionadas. Por esse motivo, é fundamental que o
profissional atuante em comércio exterior conheça a sua sistemática para, assim, poder se
beneficiar desse instrumento.

Além da carta de crédito tradicional, foram apresentadas outras cartas de crédito especiais,
que também são utilizadas nas transações entre os países e que possuem características
próprias.

Outro assunto relevante foi a questão das garantias nos pagamentos internacionais, oferecidas
tanto por entidades privadas quanto públicas, que asseguram a mitigação dos riscos
envolvidos numa operação internacional, incluindo a questão da variação cambial, que é fator
decisivo na apuração de resultados financeiros das empresas.

 PODCAST
Agora, a especialista Shirley Yurica Kanamori Atsumi encerra o tema fazendo um resumo dos
assuntos tratados nos módulos.

AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS

ATSUMI, S.Y.K. et al. Gestão de operações de câmbio. Rio de Janeiro: FGV, 2013.

BARBEDO, C.; ARAUJO, G. S.; LION, O. M. B. Mercado de derivativos no Brasil: conceitos,


operações e estratégias. Rio de Janeiro: Record, 2005.

CASTRO, J. A. Exportação: aspectos práticos e operacionais. 5. ed. São Paulo: Aduaneiras,


2002.

CAVUSGIL, S. T. Negócios Internacionais: estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2010.

CORTIÑAS, L. J. M.; GAMA, M. Comércio exterior competitivo. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras,
2010.

DEL CARPIO, R. F. V. Cobranças documentárias e URC 522 da CCI (comentada). 2. ed. São
Paulo: Aduaneiras, 2001.

HULL, J. C. Fundamentos dos mercados futuros e de opções. 4. ed. São Paulo: Bolsa de
Mercadorias & Futuros, 2005.

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LUNARDI, A. L. Carta de crédito sem segredos. 2. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2011.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA – SECRETARIA EXECUTIVA DA CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR


—CAMEX. Consultado na internet em: 01 mar. 2021.

RATTI, B. Comércio internacional e câmbio. 11. ed. São Paulo: Lex, 2006.

VASCONCELLOS, M. A. et al. Manual de comércio exterior e negócios internacionais. São


Paulo: Saraiva, 2017.

EXPLORE+

Visite o site da B3 para conhecer os produtos derivativos oferecidos pela bolsa.


Leia o artigo Carta de crédito e idioma dos documentos, do prof. Ângelo Lunardi,
colaborador da Revista sem Fronteiras, da Aduaneiras.

CONTEUDISTA

Shirley Yurica Kanamori Atsumi

 CURRÍCULO LATTES

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