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II - GONIOMETRIA
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Viu-se no capítulo anterior que o Engenheiro Agrimensor para livrar-se da descrição puramente
sensorial de um lugar, deve medir. Medir ângulos, distâncias e/ou grandezas relacionadas com a
propagação de sinais eletromagnéticos.
Goniometria é o capítulo da topografia que trata das técnicas para medição de ângulos. Neste
capítulo, inicialmente são apresentadas algumas definições básicas para a compreensão de tais
técnicas. A seguir, no item 2, trata-se da medição simples de ângulos horizontais com trena e teodolitos,
analisando o efeito da curvatura Terra nesses ângulos. No item 3 é feito um breve estudo de ‘azimutes’,
ângulos horizontais com origem no lado norte do meridiano do observador e no item 4 é apresentada
outra forma de representar a orientação em relação ao norte, os ’rumos’, relacionado-os com os
azimutes. No item 5, trata-se da obtenção de ângulos horizontais a partir de azimutes e no item 6
descreve-se brevemente ‘ângulos verticais’, assunto que será melhor estudado em texto específico de
altimetria.
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1- ALGUMAS DEFINIÇÕES
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
VT
• P
θ
P • α
HZ Vertical de P
Vertical de P
Figura 2.2 - Plano e Ângulo Horizontais Figura 2.3 - Plano e Ângulo Verticais
j) Latitude de um ponto: é o ângulo, medido no meridiano do ponto, formado pela vertical deste ponto
com sua projeção equatorial. Sua contagem é feita com origem no equador e varia de 0° a
90°, positivamente para o norte (N) e negativamente para o sul (S). Figura 2.4.
k) Longitude de um ponto: é o ângulo, medido no equador, entre o meridiano zero e o meridiano do
ponto. Sua contagem é feita de 0° a 180°, positivamente para leste (L ou E) e
negativamente para oeste (O ou W). Figura 2.4.
PN
Meridiano Zero
L
Equador
Longitude de P
Meridiano de P O
P ●
Latitude de P
Vertical de P PS
l) Circunferência máxima: Circunferência formada pela interseção de qualquer plano que contém o
centro de uma esfera com a sua superfície. Tem o mesmo raio da esfera.
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
m) Distância esférica: distâncias medidas ao longo de circunferências que podem ser meridianos, (dM),
equador (dEQ), paralelos (dP) ou uma circunferência máxima qualquer (de), conforme
Figura 2.5. Nesta Figura PS representa o pólo sul; PN o pólo norte; QQ’ o equador; R o
raio do modelo terrestre esférico; f latitude de um paralelo; Df diferença de latitudes;
PS PS
Dλ Rcosf
• C
de
dP Dλ
fC
f
dM Df Q’ B•
Q’ Q Q
de R fB
Dλ
dEQ
PN PN
Figura 2.5 – Distâncias esféricas
d M = R ⋅ ∆ϕ rad (2.1)
Portanto, considerando o raio do modelo esférico da Terra, R, igual a 6 371 km, para seguimentos ao
longo de meridianos ou do equador, um ângulo (Dλ ou Df) de 1º (um grau) corresponde a 111 km, de 1’
a 1,9 km e de 1” a 30 m, aproximadamente.
Já uma distância esférica ao longo de um paralelo de latitude f é dada por:
e ao longo de uma circunferência máxima qualquer unindo dois pontos - pontos B e C da Figura 2.5, por
exemplo - de latitude e longitude conhecidas, pode ser determinada empregando as equações (2.4) e
(2.5), a seguir:
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
d e = R ⋅ d rad
e (2.5)
Após estas definições está-se apto para o estudo das técnicas simples de medição dos ângulos
normalmente empregados na Engenharia.
Em textos mais avançados serão estudados métodos que permitem a eliminação de erros
sempre presentes na medição de ângulos. Por hora, serão tratados apenas dos métodos simples, sem a
preocupação com a eliminação de erros residuais.
Parte-se do princípio de que “medindo três lados de um triângulo é possível determinar seus
ângulos”. Se os segmentos medidos estão contidos em um plano horizontal os ângulos serão
horizontais, se estão em um plano vertical serão verticais e se estiverem contidos em planos inclinados
os ângulos serão espaciais – Figura 2.6. Obviamente, erros cometidos na medição das distâncias
afetarão os valores determinados para os ângulos.
Para calcular os ângulos emprega-se a lei dos co-senos, equação 2.6.
B
HZ
b
a
α
A
c
a 2 = b 2 + c 2 − 2 ⋅ b ⋅ c ⋅ cos α (2.6)
Portanto
b2 + c2 − a2 (2.7)
α = arccos ( )
2 ⋅b ⋅c
EXERCÍCIO:
Para quais valores de a, b e c o ângulo α será reto (90o ) ?
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Instrumentos que medem ângulos são chamados ‘goniômetros’; se medem ângulos horizontais e
verticais, ‘teodolito’ e se medem, eletronicamente, ângulos horizontais e verticais e distâncias, ‘estação
total’.
Os limbos - círculos graduados - dos instrumentos empregados em topografia são graduados
nos sentidos, horário e anti-horário. Empregando a graduação horária o ângulo medido é chamado de
‘ângulo horário’ e, caso contrário, ‘ângulo anti-horário’ independentemente do sentido em que o
instrumento é girado, uma vez que o limbo permanece fixo e o que gira é a marca de referência para
leitura ou o vernier. Observe na Figura 2.7 que o ângulo medido é o ângulo horário BÂC porque a
graduação empregada é horária, a origem está em B e o término está em C. Observe que isto independe
do sentido em que o vernier é girado.
Em verdade, não se mede um ângulo diretamente, mas sim duas direções: a direção inicial e a
final. O ângulo é resultado da diferença dessas direções, ou seja:
e se o instrumento é zerado na direção inicial, o ângulo observado será igual a direção final.
O ângulo horário BÂC da Figura 2.7, por exemplo, é derivado das direções horárias, inicial (δAB)
e final (δAC):
BÂC = δ AC − δ AB , (2.9)
δAB B
20
. 30
..
10 10
0 A
0
δAC
C
350
A Figura 2.8 mostra dois ângulos com mesma direção de origem (δAB) e de término (δAC); porém,
um é horário e o outro anti-horário.
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
Superfície Física
Superfície Esférica
Plano Topográfico
Superfície Elipsoidal
Superfície Geoidal
Quando as grandezas medidas sobre a Terra são tratadas como se tivessem sido realizadas em
um plano, cometem-se erros. Se se supõe que as medidas foram realizadas sobre uma esfera – e as
tratam como tal - estes erros serão menores e se se considera que foram realizadas sobre o elipsóide,
menores ainda. Trabalhando com o geóide, chega-se mais próximo dos valores naturais.
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Se se admite a Terra como um plano, precisa-se diminuir o raio de ação para minimizar os erros.
À medida que se aumenta este raio devem-se considerar o modelo esférico, elipsóidico ou geoidal, e
aprimorar os métodos de medição, processamento e representação.
Em um plano, a soma dos ângulos internos de um triângulo é 180o; já em uma esfera, esta soma
é um pouco maior. O que excede de 180o é chamado de ‘excesso esférico’, cujo valor dá uma idéia do
erro que se comete nos ângulos ao admiti-los como planos e, portanto, do raio de ação em que se pode
admitir a Terra como tal.
Seja a Figura 2.10 um triângulo esférico de área S. A soma dos ângulos internos do triângulo
será:
 + B̂ + Ĉ = 180 o + ε (2.10)
onde ε é o excesso esférico que, em segundos sexagesimais, pode ser calculado por (Espartel, 1982):
S 1 (2.11)
ε ′′ = ⋅
R 2 sen 1′′
c
B
A
S
a
b
Segundo o teorema de Legendre, para triângulos com lados menores que 120 km, a área de um
triângulo esférico é igual à área do triângulo plano cujos lados têm o mesmo comprimento dos
correspondentes lados do esférico, ou seja, o triângulo plano da Figura 2.11 tem a mesma área do
esférico da Figura 2.10, pois seus lados correspondentes têm o mesmo comprimento, quais sejam: a, b e
c.
c
S
a
b
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
Para um triângulo plano eqüilátero de lados iguais a l a área S pode ser dada por:
l2 ⋅ 3
S= (2.12)
4 ⋅R2
e portanto
l2 ⋅ 3 1
ε ′′ = ⋅ (2.13)
4 ⋅ R sen 1′′
2
Adotando o valor de 6 371 km para o raio da Terra, pode-se verificar que para l = 30 km, ε = 2”.
EXERCÍCIO:
Calcular o excesso esférico, ε, para l igual a 10 km, admitindo R = 6 371 km.
3- AZIMUTES
Azimutes são ângulos horizontais horários com origem no lado norte do meridiano que passa
pelo vértice, variando de 0 a 360o, Figura 2.12, empregados para orientar plantas topográficas em
relação ao eixo de rotação da Terra. Na referida Figura, AZAB é o azimute de A para B; azimute, medido
na estação A, da direção AB.
N HZ
•
C •B
AZ AB
•
A
AZ AC
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
que, em pontos fora do equador, as tangentes aos meridianos não são paralelas e conseqüentemente o
módulo da diferença entre os azimutes de A para B e de B para A não é exatamente igual a 180o, ou
seja,
AZ GAB − AZ BA
G
= ± 180 o ± Ce (2.14)
AZ GAB = AZ BA
G
+ Ce − 180 o . (2.15)
NGB
NGA
AZ GAB
B• AZ BA
G
A •
Ce
•
Polo Sul
Devido ao tempo gasto e a imprecisão, esses métodos raramente são usados, mas servem para
estimular a curiosidade em relação à astronomia de posição. Os métodos apresentados se baseiam na
hipótese, sabidamente não verdadeira, de que o sol percorre trajetórias circulares com a rotação da
Terra e que o ápice da trajetória ocorre quando ele cruza o meridiano do lugar, de forma que ao
determinar esse ápice, materializa-se o meridiano geográfico.
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
NG
2 3
P Q
1 4
c
ponto A. A bissetriz do ângulo horizontal PÂQ materializa o meridiano geográfico e a partir dele pode-se
medir azimutes geográficos de qualquer alinhamento.
Ao observar o sol pode-se tomar como referência o seu centro, que é um ponto de referência
impreciso, e tentar passar por ele o cruzamento dos fios do retículo; porém o melhor é tangenciar, nos
fios, as bordas inferior e direita de manhã e as bordas inferior e esquerda à tarde, como mostrado na
Figura 2.15.
∗
Nunca se observa o sol diretamente através de uma luneta sem algum redutor de luminosidade ou filtro. Outra
opção além do uso do filtro é projetar o sol em um papel branco atrás da ocular.
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Para obter melhores resultados e contornar a possibilidade de que nuvens impeçam o êxito do
trabalho recomenda-se realizar observações em outras horas simétricas ao meio dia como 10:00, 11:00
h, 13:00 e 14:00 h, aproximadamente.
≈ 9:00 h NG
≈ 15:00 h
PÂQ PÂQ
P 2 2 Q
Estação A
Figura 2.15 – Materialização do meridiano geográfico pelo método das alturas iguais do sol.
Definido como o ângulo horizontal horário que o lado norte do meridiano magnético faz com um
alinhamento.
Meridiano magnético: Plano que contém a tangente a uma linha de força do campo magnético
terrestre e os pólos magnéticos - Figura 2.14. È bom lembrar que estes pólos não coincidem com os
pólos geográficos. Em 2005 o pólo norte magnético estava localizado aproximadamente a 118º a oeste
de Greenwich e a 83º acima do equador. Já o pólo sul magnético situava-se, aproximadamente, na
longitude 138º leste e latitude 64º sul (NGDC, 2008).
Polo Norte
Magnético
Meridiano Magnético
Polo Sul
Magnético
Figura 2.14: Meridianos e pólos magnéticos
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
NM
Devido à força magnética, essa agulha se inclina em relação ao plano horizontal e orienta-se
segundo o plano vertical do meridiano magnético, dando origem à inclinação magnética – ângulo vertical
θ das Figuras 2.16-a e 2.16-b. Essa inclinação aumenta com a latitude dificultando o emprego de
bússolas em latitudes acima de 60º. Um contrapeso faz com que a agulha permaneça na horizontal.
NM
θ H H’
H H’ θ
NM
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
NG NG
NM δ<0
δ>0 NM
δw δe
O L O L
As variações do campo magnético podem ser de curto ou longo período, bem como sofrer
anomalias devido às tormentas magnéticas. Elas podem ter origem no interior ou exterior da Terra. A
variação de fonte interna, também chamada variação secular, deve-se ao movimento das cargas
elétricas da parte líquida do núcleo terrestre (formado por níquel e ferro), que funciona como um ímã cujo
magnetismo dá origem ao campo magnético terrestre. A variação de fonte externa está ligada à atividade
solar, que altera o sistema de correntes formado por partículas eletricamente carregadas da ionosfera. O
campo magnético terrestre é influenciado pela energia solar recebida pela Terra, que varia em função de
fatores como estações do ano, períodos do dia ou ocorrência de explosões solares (NGDC, 2008).
& ): Obviamente, variações no campo magnético terrestre, com tempo,
Variações da declinação ( δ
levam a variações na declinação magnética. Estas variações dependem da posição geográfica e podem
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
chegar a 10’ por dia. O Observatório Nacional publica, de cinco em cinco anos, arquivos ou cartas
magnéticas do Brasil que contém as Isopóricas, ou seja, linhas de mesma variação da declinação
magnética. (ON,2008).
Figura 2.19 – Mapa de isogônicas para o ano 2000. (Fonte: NGDC, 2008)
A Figura 2.20 mostra um esboço de parte, região de Viçosa – MG, da carta magnética do Brasil
de 2000.
V - 20o
•
- 23
- 25o
- 21 - 22
- 20
- 40o
- 45o Ano de
referência:
Curva isogônica (o) Curva isopórica (’/ano) 2000
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
A declinação magnética em um determinado local, para uma determinada época t, pode ser
calculada realizando interpolações na carta magnética confeccionada para uma época to empregando a
seguinte equação:
δ t = δ to + δ& to ⋅ ( t − t o )
(2.17)
onde to = Época, para a qual foi confeccionado a carta isogônica (em anos),
t = Época, para a qual se deseja calcular a declinação magnética (em anos),
δ to = Declinação magnética, para o local, extraída da carta isogônica (em minutos
sexagesimais),
δ& to = Variação da declinação, para o local, extraída do mapa (em minutos por ano) e
EXERCÍCIO: empregando um software, determinar a declinação magnética em Viçosa para o dia atual.
Uma vez que o norte magnético sofre variações até mesmo diárias, uma planta topográfica deve
ser orientada pelo norte geográfico e não pelo magnético. No entanto, este pode ser determinado a partir
daquele, se a declinação para uma época t é conhecida, empregando a seguinte equação:
AZ G = AZ M
t + δt (2.18)
M
O azimute magnético num determinado local e numa época t, AZ t , pode ser medido,
empregando:
• Uma bússola, onde uma agulha imantada, instalada no centro de um limbo graduado,
gira, livremente, 360o ou
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
Como desenhar, representar graficamente, uma Terra quase esférica em um plano? Uma
resposta detalhada a esta questão é encontrada em textos específicos de representações cartográficas.
Aqui será feita uma breve introdução ao sistema e projeção UTM apresentando suas características
principais.
Fisicamente não é possível representar a Terra em um plano sem deformá-la. O problema se
torna em minimizar as deformações, saber o que foi deformado e o quanto foi, estabelecendo uma
relação matemática, uma correspondência, biunívoca Terra-planta. Tem-se assim um sistema de
projeção plana. Entre os vários sistemas de projeção existentes, o mais empregado na engenharia, e
recomendado pela União de Geodésia e Geofísica Internacional (UGGI), é o sistema “Universal
Transverso de Mercator” – UTM. ‘Universal’ porque pode ser empregado em todas as longitudes,
ficando, porém, limitado às latitudes menores que 80º; ‘Transverso’ porque a projeção é feita sobre um
cilindro transversal, perpendicular, ao eixo de rotação da Terra – Figura 2.21 – e ‘Mercator’ se deve a
‘Gerhard Kremer Mercator’, cartógrafo que iniciou o desenvolvimento desse sistema.
As superfícies de projeção utilizadas em diferentes sistemas de projeção são: um plano, um
cilindro ou um cone, lembrando que o cilindro e o cone podem ser planificados sem deformação.
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
MC
NQ
NQ
Equador γA
NG
NG NQ
γC B
AZ PAB
A AZ GAB
C
γ A ≈ ( λ A − λ MC ) ⋅ sen ϕ A (2.19)
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
NQ
NQ
B
P
AZ AB
AZ PBA
Observe na Equação (2.19) e na Figura 22, que se o norte de quadrícula (NQ) estiver a oeste do
norte geográfico (NG) a convergência meridiana plana é negativa e, se a leste, positiva. Figuras 2.24-a e
2.24-b.
O azimute geográfico pode ser determinado a partir do azimute plano empregando a equação
(2.20)
NG NG
NQ
NQ
γ<0 γ>0
O L O L
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
A Tabela 2.1 mostra os resultados do exercício iii. Estes resultados revelam que no campo de
atuação da topografia podem-se admitir os nortes paralelos, sem incorrer em erros significativos. Os
azimutes medidos em topografia têm, normalmente, uma precisão abaixo de trinta minutos. Vale lembrar
que o objetivo dos azimutes é orientar as plantas em relação ao eixo de rotação da Terra e não afetam
as distâncias nem as áreas.
4- RUMOS (bearings)
São ângulos horizontais horários com origem no lado do meridiano que mais se aproxima do
alinhamento, variando de 0 a 90o, acompanhado do quadrante que pode ser: NE, SE, SO ou NO, como
mostra a Figura 2.25, onde RAB é o rumo da direção AB, RAC é o rumo da direção AC e assim por diante.
RAE
E RAB B
O A L
RAD RAC
C
S
A Figura 2.26-a mostra uma forma utilizada em plantas cadastrais para representar as direções
dos alinhamentos. Nela verifica-se que o rumo de A para B é 53o NE e o de B para A 53o SO. Já a Figura
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
2.26-b mostra rumos extremos que, principalmente na confecção de algoritmos para programas de
computador, devem ser considerados.
EXERCÍCIOS:
N
A SO 53 NE B
NO 47 SE A B
O • • L
D C
SO 53 NE C •
S
Figura 2.26-a: Orientação de alinhamentos
Figura 2.26-b: Rumos extremos
Embora a tendência seja padronizar o uso de azimutes; rumos ainda são empregados e se torna
necessário conhecer a relação entre eles. A Figura 2.27 mostra para cada quadrante a equação que
relaciona azimutes e rumos. Uma vez que azimutes têm origem no lado norte do meridiano e são
medidos no sentido horário, o primeiro quadrante é o NE, o segundo SE e assim por diante.
4o Quadrante N 1o Quadrante
E
B RAB = AZAB NE
RAE = 360 - AZAD NW
O A L
D
RAC = 180 - AZAC SE
RAD = AZAD - 180 SW
C
3o Quadrante S 2o Quadrante
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
EXERCÍCIO:
Elaborar algoritmo para transformar azimute em rumo e rumo em azimute.
α = BÂC = AZ AC − AZ AB e (2.21)
β = CÂB = AZ AC − AZ AB (2.24)
N
N
B
AZAB C B
BÂC = α
AZAB
CÂB = β A AZAC BÂC = α
AZAC
C
CÂB = β
Figura 2.28-a: Ângulos horizontais horários Figura 2.28-b: Ângulos horizontais anti-
a partir de azimutes horários a partir de azimutes
O cálculo de ângulos, como os mostrados na Figura 2.29, a partir de azimutes, pode ser
generalizado da seguinte forma:
⎪
Anti − horários : ED̂C = AZ DE − AZ DC ⎪
⎪
DÊC = AZ ED − AZ EC ⎪⎭
(2.25)
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
AZAB
C
A
D
B
EXERCÍCIOS:
i) Calcular o ângulo horário BÂC da Figura 2.30 a partir dos azimutes AZBA e AZCA.
A N
ii) Determinar o ângulo anti-horário 31̂2 e o horário 12̂3 sabendo que AZ12 = 39º 30’; AZ13 =
101º 00’ e AZ23 = 163º 30’.
6- ÂNGULOS VERTICAIS
Como definido anteriormente, trata-se de todo e qualquer ângulo medido em um plano vertical.
Embora possam ser calculados a partir de distâncias observadas, é mais comum o emprego de
instrumentos óticos-mecânicos, ou eletrônicos, dos quais os mais utilizados são teodolitos e estações
totais. Se a leitura no círculo vertical é zero quando a luneta está apontando para o zênite o ângulo
vertical medido é chamado de ‘Zenital’, se tal leitura ocorre quando a luneta está apontando para o nadir,
é denominado ‘nadiral’ e se a leitura zero ocorrer quando a luneta estiver na horizontal o ângulo é dito
‘vertical’ ou de ‘inclinação’.
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
As Figuras 2.31-a e 2.31-b representam um instrumento que mede ângulos zenitais. Na 2.31-a o
círculo vertical está à esquerda, CE, do observador e se diz que a luneta está em Posição Direta (PD).
Neste caso o ângulo zenital medido estará entre 0o e 180o. Já na Figura 2.31-b o círculo está à direita,
CD, e se diz que a luneta está em Posição Invertida (PI). Assim o ângulo zenital medido estará entre
180o e 360o.
Zênite
Zênite
Ẑ AB
B
B
Ẑ AB
A origem do ângulo, em vez de no zênite, está no nadir. È cada vez mais raro
instrumentos com esta característica. Os círculos também são graduados de 0 a 360o.
Tem origem no horizonte e intervalo de 0º ± 90º . Positivo (+) se o ponto visado estiver acima do
horizonte e negativo (-) se estiver abaixo. A Figura 2.32-a mostra tipos de graduação de limbos verticais
e a 2.32-b mostra uma luneta em PI e um ângulo de inclinação positivo. A marca de referência para
leitura permanece na vertical e o círculo graduado gira com a luneta.
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
0 0
10 170 10 10
90 90 90 90
10
20
170 0 10 10 10 10 0
0
E em porcentagem
DV (2.27)
Decl = 100 × tg î = × 100
DH
DV
Ẑ
Î
A
DH
EXERCÍCIOS:
i) Se DHAB = 10 m e DVAB = + 5 m, qual é a declividade de A para B? e de B para A?
ii) Qual é a declividade, em porcentagem, de um alinhamento cujo ângulo de inclinação é 45o ?
iii) E se a inclinação for maior que 45o ?
O uso de ângulos verticais em equações matemáticas quase sempre é feito através de suas
tangentes. Embora as relações entre os ângulos zenitais e de inclinação sejam óbvias, é preciso estar
atento às relações entre suas tangentes. A Figura 2.34 mostra estas relações. Nela verifica-se que no
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
terceiro e no quarto quadrantes ( Ẑ > 180 o ) a tangente do ângulo zenital tem sinal contrário à tangente
do ângulo de inclinação. Observa-se ainda que nestes quadrantes o seno do ângulo zenital é o negativo
do co-seno do ângulo de inclinação.
Da equação (2.26) verifica-se que
Se îAB for menor que zero, DVAB também será negativa, indicando uma descida de A para B. Se
DH
DVAB = − (2.30)
tg Ẑ AB
4o Quadrante 1o Quadrante
Zênite
Zˆ = 270 º + iˆ E Zˆ = 90 º − iˆ
−1 B 1
tgZˆ = Ẑ AB tgZˆ =
tgiˆ tgiˆ
−1 1
tgZˆ = C tgZˆ =
tgiˆ D tgiˆ
sen Ẑ = − cos î sen Ẑ = cos î
Nadir
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