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(í/trVp.^M-
OS BONS DENTES
JHD O MELHOR
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ATTESTADO DE
ÀÚDE DÁCREANÇA
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ííí\ vi^fvinri n ipmtw^


PO CALCAREO PREVENTIVO E EFFICAZ
NAS COLICAS CONVU LSOES, FEBRE E IN-
SOMNIACOMMUNS ao PERÍODO da DENTIÇA"<
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

iiuii..<i,:iui..'mi:;iijii,ii;iiiimi >|
t*imiUUl.in)Ml»nui;)W»i))ii».iii'rii'>ti.injr»inniJ.,)iiiirrnn.»iwiimi)i»uimii

Perigo de Envenenamento! a

f MÃES
35:
! iiiifl

Não podem tomar


Lombriéoeiros ou
VersííüÉos:
vmm3 l.° - Os doentes dos RINS
2.° -Os doentes do FÍGADO
3.°- Os grandes ANÊMICO
CUIDADO io-QsDESCALCIFICÃDOS
COM OS E TAMBÉM:
5.«- 0* SYPHILf TIGOS
LOMBRIGUEIROS 6-°-Cs ALGOÚLATRÃS
ri B

VERMIFUGOS í l Por isso só os Médicos e, na


falta destes, os Pharmaceuti-
cos, é que podem assumir a

I BKSo responsabilidade de razer


uma pessoa tomar um lom-
brigueiro ou vermifugo.

Mas para ANEMIAS causadas por .VERMES INTEST1NAES, nada melhor nem mais seguro
do que as afamadas

PÍLULAS vitalizaimtes
As PÍLULAS VITALIZANTES, porém, não agem violentamente como um lombrigueiro ou ver-
mifugo. Elias expulsam suavemente todos os Vermes Intestinaes, e ao mesmo tempo curam de
verdade as ANEMIAS VERMINOSAS. abrindo o appettite dos enfastiados, engordando os magros
c fortalecendo os fracos..
Quem ia; uso de PÍLULAS VITALIZANTES não precisa tomar nenhum lombri-
gueiro ou vermifugo.

RUA DA UNIVERSIDADE, 74 - RIO DE JANEIRO


¦Mimnmt»n".<f,,:-rn«ii...fM ..|f..T-T:"i ]—¦:¦¦¦;¦¦•?¦ ••!¦ -ii. ".i:i- ±
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

PARA RECREIO E CULTURA DAS CREANÇAS

MEU LIVRO DE HISTORIAS AVENTURAS OE K ATR APUZ


Os mais bellos contos de íadas, contos Um colosso para as creanças se diverti-
históricos, lendas, Iodos coloridos. Li- rem! Livro das mais extravagantes
vro de grande attracção para a in- aventuras do heróe Katrapuz, destinado
fancia. a recreio da intelligencia infantil.
Preço 20S Preço 6$

t
HISTORIAS DE PAPAE
PAEJOÁO

O reconto das mais bellas


Um successo para
historias da infância em o.mundo infantil:
estylo attrahente tornam Livro onde se
Dsse livro u m thesouro aprende um mi-
para as creanças. yss- Ihão de cousas in-
tivro formidável III/TÜRIAJ DE teressantes. Livro
IPaVIc JIOAO •¦ '¦'- ::'?. que toda creança
PREÇO 5SO0O \ z:.-r" I deve ler. Preço 5$

f PANDARECO
PARACHOQUÊ
VOVÔ D O
TICO-TICO
I vôvo
I d'O TICO
£ VIRALATA
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emwmm Sensacional livro no
= v_JPr «Sr- Aventuras interessantis- qual são explicadas as
origens dá terra, dos
\ ^iJWy, _y$b simas dos três conheci-
dos personagens do astros, dos mundos. Li'
mundo infantil. Um sue- vro de formidável valor
cesso para os meninos! para a infoncia
'• °REÇO 5Í
1 • tu
í ¦>». i>r»»t.> — **rt' ¦ DO*i<0-< í-
PREÇO 5!
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A' VENDA Hs.s IODAS AS UYSARiAS - PEDIDOS A' HüDACÇÀO DO TICO-TICO - TRAV. DO OUVIDOR. 14 - RIO
ALMÂNACH D'0 TICO-TICO — 1926

pois.COM SPÀLT
ADÔReSOPA
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^PBr/^v7TPsr~N/ ) , **^ P
^-f*1^

CHÁ I H- **<>VO COMfP«l/v\|DO AUUH/nAO


\HA1 AS DORES»RESFRIADOS fc NEVRALGIAS
",ri ¦¦*'¦ FULMINA
-.'ABSOLUTAMENTE IN©FFENSIV0,ENAO DEPRIME O CORAÇÃO

MOYSÉS, O MAIOR LEGISLADOR

Moysés, o grande legislador dos israelitas, nasceu apascentou as ovelhas de seu sogro Jethró no deserto
no Egypto, cerca de 1500 annos antes de Christo. appareceu-lhe Deus ao pé do monte Horeb numa sarça
Os seus pães, Amrão e Jacobed. pertenciam am- ardente, e ordenou-lhe que fosse pediv a Pharaó a li
bos á tribu de Levi. Na tenra idade de três mezes, herdade dos Israelitas.
sua mãe expol-o, para 'O salvar1 das perseguições de Moysés partiu, acompanhado de seu irmão Arãa
Pharaó, na margem do Nilo. Achoti-o ahi a fiiha de porém, só depois de muitos esforços inúteis, consegui;
Pharaó, adoptou o por seu filho e mandou-lhe dar uma pôr o seu povo em liberdade. Conduziu-o com gra:
educação real perigos e enormes dificuldades pelo Mar Vermelho e
Um dia, sendo Moysés já homem, viu um egypcio pelo deserto, onde lhe deu as taboas da lei na fralda
maltratar um hebreu. e querendo vingar naquelle a do monte Sinai, até a terra da promissão.
sua desgraçada nação, matou-o e fugiu para a terra de Não lhe permittiu o destino entrar no pair, ai
M.: 'ian, onde fez conhecimento com o sacerdote Ra- danfé em leite e mel. Só o avistou do monte Neòo,
PueJ, que lhe deu sua filha Séfora em casamento. osde morreu com 120 annos de idade.
de cujo matrimônio ella teve dois filhos, Gerson e O maior monumento de fvíoysês, como autor, ê _,
Elieser. Pentatcuclio.
Passados 40 annos, durante os quaes Mcvsés Attribtie-se-ltie também o nonagesimo psalsao.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

Ca st o r c Pollux, ;
os gêmeos
'e Pollux,. eram filhos ge- .
Caslor
meus de Lcda e de Júpiter. Chamam-
lhes também Dioscuros ,quc quer di-
ter filhos de Jiipiter, ou Tyndaridos,
porque, segundo Homero, foi Tyn-
daro o pae delles. Uma fábula pos-
terior conta que Tyndaro era o pae
ile Caslor, e Júpiter de Pollux, por
isso aquelle era mortal, este inmior-
tal, c que, tendo Júpiter se apaixonado
por Leda e se transformado em cys-
nc, ella tivera dois ovos, um dos
quaes, de sen marido Tyndaro, pro-
yjAj3jf<>Vjrf? » mem mcilS feliz da sua Cidade Seu estômago parecio
Muziu C.astor c Clytcmnestra, ambos *erro- P°,s digeno
jj»y7jyjy ^**^[(fiaC ^e
morlacs, c outro, que era de Júpiter, l*^ • JÁJriJ£\ qualquer couso
produziu Helena e Pollux, cuja im-
mortalidade proveiu-lhe de sua ori-
geni celeste. A mythologia attribuc Os obiectos de couro eram N^^Sfe^ft /^M$$b^
a Caslor e Pollux diversas façanhas. \ \~~ f "^S
para seu P»
Emprehcndcram uma expedição con-
tia Theseu, para livrar das mãos des-
te príncipe Helena, irmã dos mesmos.
\ ./—~s Os de vidro nem 'A,ffV Itll
Tomaram parle na expedição dos
(T"Vr\ se precisa fallar n? I.í I
Argonautas, deixando ver durante P--ja \
uma tempestade duas cstrellas, que
brilhavam sobre suas cabeças. Distin- JLjA fe^s^j. vj Os de madeira
guiram-se também na caça dirigida . eram uma sopa L,
;Sv ^
contra o javali da Calydonia e com-
. icram os filhos de Aphascu, de í Çj aaaaai^^^^^H
Lyncco, de'Ida e de Piso. Castor nu-.'-
reu neste combate, e Pollux foi lan-
çado ao chão, com uma pedrada. Ma-
guado pela perda de seu irmão, pediu
Os de ferro Iam- K* "^tíl^ "
a Júpiter que o tornasse mortal. Des- ^'BÍB^^o i^^Sw^^lm
altendida esta supplica, foi igualmen-
te dividida pelos dois a immorlalida-
ile. de modo que morriam e viviam
alternativamente, Foram metamor-
phoseados em astros e transportados
céo, onde formam o signo dos ge-
¦icos. E' sabido que as duas cstrellas
'.astor e Pollux só apparecem alíer-
.adameiite.

O Leão c o Üã\o xando que o ratinho seguisse o seu Por esse pequenino conto vemos
FAU.UI.A ANTIGA caminho. que sempre devemos fazer bem, sem
Dias passados, quando o leão já esperar recompensa; que também
Passeando, um leão todo orgulhoso nem se lembrava do que havia acon- nunca devemos zombar dos pequeni-
como se fora um grande personagem, tecido, passeava por uma floresta, e nos, porque elles, ás vezes, é que po-
'forte,
de cabeça levantada, pisando cahiu em uma rede que um caçador dein nos salvar.
encontrou iníi ratinho que estava já havia armado.
E também observamos que se deve
quasi debaixo de sua pala. 0 forte animal estava furioso,' co-
O ratinho julgou que era aquelle o mo que querendo romper a rede; elle pagar o bem com o bem e nunca com
ultimo momento de sua existência, não se lembrava do beneficio que ha- o mal, pois se assim procedermos, a
vendo-se debaixo de um monstro; e via feito ao ratinho. nossa consciência infallivelmente
sabendo que elle era o rei dos ani-
Quando esle chegando viu o seu nos aceusará.
mães, julgou-se mesmo perdido.
Mas não foi isto que aconteceu. bcmfeilor cm apuros, poz-sc a roer a Enviado pela menina
O leão viu que ia commettcr uma rèdc até que a rebentou e, por esse
ítirão indigna c retirou a pata. dei- modo, deu sabida ao leão. Anlonia da Silveira Caldeira
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

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(IM «LrJ :^ •# ^-
ALMANACH DO TICO-TICO — 1936

TÔNICO B i * POR EXELLEHCIA


^a Sejam resolutos,
áÊÊÊ^ '' usando fioje mesmo
"pHYMATOSAN
111» JàWi ^*"-íi o PHYMATOSAN.
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Usar o
PHyMATOSAN
• é debellar a fraqueza
^2s» i - (u - • pulmonar e as
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bronchites chronicas.
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COMPANHIA
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Caixa Posta! 176 2
A;0j U »« •.•.«-,
RIO DE JANEIRO

E U 8. W U A CO
A gente humilde do povo, (MONÓLOGO) Porque a policia ir.-e prende
(E também os da alta ioda), E depois. . . olhe o buraco!. . .
Têai sempre uma phrase a tempo Pra elles, não ter rape,
Um dito que "está na moda. Era, de facto, um buraco... íí Pafhguay e a Bolívia
Brigaram visando o Chaco.
Ha pouco tempo, por tudo, ¦Andando por maus caminhos, Nós lhe fizemos as pazes
( Muita ve3 um dispanterio) As vezes, ã noite, estaco. Siaão... que grande buraco!...
Se anima dizer assim: Vrito atraz por ter achado.
— Este "caso' c- um caso serio Por. onde cu ia... um buraco. Pelo alfaiate Paschoal
Mandei fazer um casaco.
Isto agora está cahiudo. Servindo-rr.e queijo suisso. Faltou-mc depois o cobre
"caso" "dar Pra lhe paga,-... Que buraco!...
Ura dc cavaco". Diz um gorçon: —Quer um naco?
não se diz mais é sério
Já "é que Aceitei; mas. no ir.-eu prato.
íimbora com um nome illustre
Se diz hoje que um buraco". .. Vi que só tinha. .. um buraco. ..
I Era cavouqueiro o Graccho,
"bamba" Por isso é que. para elle.
Vae-se ao dentista arrancar Yalcrio. da gyria,
"um — Sou do balacubnco. Tudo era sempre..: um buraco...
Um dente estragado, caco", Diz:
Si é difíicil a extracção Mas achou outro mais íorte Professor do portuguc-z,
"E'
Diz o dentista': — um buraco!. Cue o mandou... para o buraco... O Puritano Bclãco
"russo" Chamava sempre'oiificio ¦
Quando se joga o bilhar Zé moleque diz que é Ao que chaiij-amos buraco!
E, ás vezes, espirra ó taco, E do Czar já foi cossaco. . .
Quasi no fim da partida. Vé-sc logo. que é mentira No fim da vida os- romanos
"c E a sua prosa é um buraco. ., "Per
E o outro ganha.., um buraco". Diziam assim: — Bacchol
N3o !;a quem fuja da Parca,
"bicho" Ser estrangeiro na vida
Quem joga tair.bem no Vamos todos ora o buraco"...
Compra o leão e dá o macaco. E' do Zé moleque o fraco.
Perdendo, assim, seu dinheiro Podia ser africano, Si, pra levar qualquer cousa,
Fica no bolso... um buraco... Mas não é... eis o buraco! A gente procura ura sacco.
Mas vê, depois, que é furado
Brigou com um parceiro e diz: Isto é que c mesmo... um buraco..
Os velhos, antigamente. — Eu com você não me a.raco
Tomavam rape (tabaco), Quando estou falando muito
Euchendo de tal pó preto As vezes, no meio empaco:
Do seu nariz, o barato. Pois. vou-me embora antes disso,
ScuSq seria um. buraco!...
Desses vclhotcs o inicio
Não approvo... ncia ataco. E. WANDERLEV.
ALMANACH D'0 riCO-TICO — 19*>

$£4ée üMúneÜa~ 0°injfouui


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BISCOITOS
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

11119, 0 NI mm
ERA UM ENJOADO PARA COMER E
CADA DÍA FICAVA MAIS MAGRO
í^ue
Já parou de comer, Pedrinho? tanta quali- MAIS TARDE s ~\
|
Mas você nem tocou na verdu- dade de verdura! °
f
1
ra e só provou o leite! E'
por ''ara quem é tudo r
. .
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isso que eslá magrinho, LLi ! ,ss0?
pois,
come menos que um passarinho! I lh! mamãe, estou enjoado *~~5Z~~Y~~Z-- I
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'e'te " "á° 9°St0 de (y^i. E" Para ver si °1 ^~~'\
' ( //NI A
verdura E, depois, eu <-*fü7 Pedrinho gosta do
|§!j (-:>,V.i (((){'(]
*p « csiou com toTle "^/^Ll
alguma, por- {_ VVVj'
Àf^v \_^A° jÇJfcSr^

BsFt^TV de

(Z
Porque não expenmenta dar-lhe Ovomaltine? Uma lata de Ovo-
\
E' maravilhoso ver como abre o appetite aos maltine, faz fa-
mãos comedores O meu Joãosinho come vor.
como gente grande, desde que começou V, —^—¦ =j=
I tornar esse alimento. Até já engordou três ^C—^J' V_XltS.

~
TI III! t MAIS TARDE I MAIS TARDE ffj
P^de tomar quanto quizer.
"^ f [
í Oh! como é gostosa a Ovo- ( Mamãe, eu a i n d a ) (
) Agora, sim você
maltine, mamãe! E' melhor rneu filho, porque esse ah> ,
fome. T e m , J-n.
mento vae tornar v o c tenho como de verdo- ,^
do que chocolate e leite,
hem forte' I ma!s verdura? 'de.
£u sou capaz de tomar até L Pedrinho!
KsvO-'

/ Pu».c ! meu filho MAIS TARDE AINDA Mães! Mantenham e augmentem, neste verão, a força e

ti
como está ficande
forte! Breve vocó robustez dos seus filhos, dando-lhes a Ovomaltine fria ou gelada
vae ficar do tama. E" mesmo; hoje
nfio do seu quando eu o pe- "Ovomaltine"
zei, fiquei as crianças tomam com prazer a sobretudo
papac! muito "fila "gelada"
TODAS ou í Os seus assíduos consumidores conhecem bem
contente, vendo "CccUeleira"
as vantagens da sua pieparaçao na americana.
que engordou "Ovomaltine"
3 I/2 kílos Custei A é um e.-.tiacto concentrado de substancias naturôeu
a acreditar no que alimentícias o sendo leve e saborosa, é acceita com prazer, mesmo per
aquelies que se tornam Inappetentes mercê do calor. Ella defende-lhe;,
essím, as energias e a vitalidade.

O DELICIOSO REFRESCO NUTRITIVO SUISSO

Dr..A. WANDER S. A. Berne (Sulssa)

Rua Theopfw^Ottoni, 171 — RIO DE JANEIRO —


:' ) G!c::a, 180 — SAO PAULO
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

saW. / I f -ir t^km s^/V^c ^^^ssss^sa^B

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aW \jr l / afl LsL /f*^
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^H hs«A OB*^bak. _J!

^«¦••" • [ Eii JT 'IV) n^^W fia

augurando aos seus milhares de leitores os melhore»


votos de BOAS FESTAS, saúda a infância brasileira,
promessa nsonha de uma geração que ha de elevar
mc^fJ
^s- Pelo estudo, pelo trabalho e pelo
patriotismo, o nome e a oloria do Brasil \
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

_f____-l>Di $^tyV$S*
O tempo e suas

Bi
O tempo que a Terra gasta para
divisões
K^«8&^g5*6^">|
B___y__^__Qu

rença, 29 d. 5, tem-se dado a estes sete dias mais ou menos, deram, pro-
dar uma volta completa em redor do mezes ora 29 ora 30 dias. vavelmente, origem á divisão do mez
Sol convencionou-se chamar de anno, O dia é o tempo que a Terra em semanas. (Do latim seplemana,
como é do conhecimento de todos os feito de septem, sete, e de mana,
gasta para fazer uma rotação com-
nossos leitores. O anno divide-se em manhã).
pleta sobre o seu eixo e consta de
tresentos e sessenta e cinco dias, ma^ 24 horas. Todavia, conforme He rodo to, foi a
como não são tresentos e sessenta e semana composta de sete dias em
O dia natural é o que vae do
cincos dias justos e sim tresentos e nascer ao pôr do sol e astronômico honra dos sete corpos celestes. Isto
i
sessenta e cinco dias e seis horas, estas parece tanto mais verosimil quanto,
é o que comprehende o dia e noite:
seis horas, no fim de quatro annos, em quasi todas as línguas indo-euro-
principia e acaba ao meio dia e tem
formam um dia (porque seis multipli- péas, cada dia da semana tem o nome
24 horas seguidas, sem distineção de
cados por quatro são vinte e quatro).
manhã, tarde ou noite. O dia civil é de um desses astros. "Cada dia per-
E' por esse motivo que de quatro em tence a um dos deuses''.
3 que vae de meia noite á meia noite.
quatro annos o anno é bissexto, isto Assim, o 1.° dia foi o do Sol.
A hora é o tempo que a Terra
_, tem mais um dia no mez de Feve-
despende em percorrer 15 gráos de (Os inglezes, em Sunday e os alie-
reiro.
seu movimento de rotação. mães, em Sonnlag, têm conservado
Vejamos agora outra divisão do esta significação). (Domingo).
A hora divide-se em 60 minutos,
tempo, o mez.
cada minuto consta de 60 segundos O 2.° dia foi o da Lua. (Por isso
O mez é a duodecima parte do anno. e cada segundo de 60 terceiros. ainda hoje a segunda-feira se chama
Os antigos dividiam os mezes em tres Vulgarmente se divide em quartos em francez Luvdi, em italiano Lu-
partes: Calendas, Nonas e Idos. ou minutos, só se diz 1 h. e 1/4; nedi, em hespanhol T.unes (Segunda-
O mez divide-se em solar e lunar. 2 h. e 1/2; 3 h. e 3/4 ou 45 minutos. -feira).
Mez solar é o tempo que a Terra Vamos ver agora os dias da se-
O 3.° dia foi de Marte. (Por isso
leva a percorrer cada casa do zodíaco. mana, a terça-feira chama-se em francez
São 12: Janeiro, 31 dias; Fevereiro, O curso da Lua, tendo indicado a Mordi, no hespanhol Mortes, em ita-
28 ou 29; Março, 31; Abril, 30; Maio, divisão do anno em mezes, seus qua- liano Martcdi. (Terça-feira).
31; Junho, 30; Julho, 31; Agosto, 31; tro quartos, distantes um do outro de O 4.° foi de Mercúrio. (Por. isso
Setembro, 30; Outubro.. 31; No- se chama em francez Mcrcrcãi, em
vembro, 30, e Dezembro, 31. O _____¦ hespanhol Micrcohs, em italiano
mez civil tem 30 dias. __i'____'_H _______"4k___ Mercolcdi. (Quarta-feira).
Mez lukar, synodico ou luuação O 5.° dia foi o de Júpiter. (Eni
e o espaço de tempo que decorre italiano Ciovcdi, em hespanhol
r]e duas eonjtincções da Lua com Jitcves. (Quinta-feira).
0 Sol ou de Lua Nova a Lua Nova. A ______*. jL}#^tfLY _K_6^^^_l * y
'^^^-/t*?^*^^-
O 6.° foi o de Ventis. (Em ita-
Este mez é de 29 dias, 12 horas, liano Venardi. (Sexta-feira).
44' e 3''. Como, porém, o mez E o 7.° foi o de Saturno. (Sab-
Junar médio é com pouca diffe- bado).
ALMANACH DO TICO-TICO •— 193G

WUANSRQ ílã^V
Quarta-feira . Circumcisâo do Scnhot \\
Quinta-feira . S. Isidoro, Bispo, Martyr O MEZ BB JÁNEIN
Sexta-feira . S. Florencio, Bispo, Martyr |
Sabbado . . S. Theopompo, Martyr aneiro, saibam os
| Apalavra _Janeiro, ;
| Domingo . . S. Semeão, Monge, Martyr
Segunda-feira Os Santos Reis nossos leitores, nome
Terça-feira . S. Juliano. Bispo Martyr
Quarta-feira . S. Luciano e Comps., Martyr
de Janus, o Bttthologico romã-
Quinta-feira . S. Anastácio, Martyr no que tinha duas faces, uma das
10 Sexta-feira . S, Agathão, Papa, Martyr
11 Sabbado . . . S. Theodosio. Ccaob., Cfr.
<_uóics,joven, que olhava para a
12 Domingo . . S. Bento, Bispo Conícssor frente, outra, envelhecida, que olha-
13 Segunda feira S. Hilaric, Bispo c Cfr.
va para traz. E' o primeiro mez do
14 Terça-feira . S. Fehx Presbytero. Martyr
15 Quar" i-füra . S. Benito, Bispo e Clr. anno, com trinta e um dias e cosR
16 Quinta-feira . S. Priscilla, Martyr o -igno Aquário.
17 Sexta-feira . S. Antão, Abbade, Martyr
18 Sabbado . . Sta. Prisca. Virgem, Martyr Neste mez coramestora~se a fun-
19 Domingo . . Ü Santíssimo Nome c.-e Jesus cão da cidade do Rio de. Janeiro,
20 Segunda-feira S. Fabião, Papa e Martyr
21 Terça-feira . S. Epiphanio, Bispa e Cfr. M. por Estacio de Sá, no anno de
22 Quarta feira . S. Domingos, Abbacte 1565. A cidade foi fundada no !o-
23 Quinta-feira . S. Martyrio, Monge
24 Sexta-i'<."'ii . N'. Senhora da Paz gar onde se. encontra o Pão cie
25 | Sabbado . . A Conversão de Paulo Aasuoar e no mesmo dia traos-
26 j Domingo . . S. Polycarpo. Bispo, Martyr
27 ) Segunda-feira S. Juliãc, Martyr le-rida para o morro de São Janta-
28 | Terça-feua . S. Jayrae. ErmUão rio, chamado- depois do CastelS**,
29 | Quarta-feira . S. Sarbelio. Martyr
30 | Quinta-feira . S. Alexandre. Martyr de Edcssa hoje arrasado.
31 Sexta-feira . S. Cvrc. Marívr -

A A N N A D A R C

Santa Joanna d'Arc nasceu


* -tom* victoria em Orkans. Joanna
na cidade de Donremy. no d'Arc depois trouxe o Delphim.
valle do Meuse, na França,
Não se conhece historia mais
suave do que a dessa figura
IO herdeiro do throno. á Ca'hedral
de Rheims, onde elle foi corando
Carlos VII. Sendo atraiçoada.
t. EcS mãos dos innlezes, que
doce e nobre que foi Joanaa Acoa* ha I i ¦- tomar a espad i caiiíu
d'Arc, a heroina que salvou a pelas su s extraordinárias, a aceusarara de fcitcar.a e a
França, na primeira metade do Joanna c.Arc conduziu e armou queimara» viva em P.ouen, cm
século XVi as tropas fnncczas, levando-as á 1431. I
MMWIAM
ALMANACH D'0 TICO-TICO — JS3^

"^-r""~*-^^" *'¦.-' -í
....¦.-_~-—_'/.' ~-f-"^

1 Sabbado . . S. Severo, Bispo y\A/VVVVWW^rVWAMAAAVA^^^rVWVSMArVVV^


2 Domingo . . P. de Nossa Senhora OS POMBOS
3 Segunda-feira S. Braz, Martyr de Cihientes
¦1 Terça-feira . S. Izidoro, Monge
Todos os pombos alimentam oí
5 Quarta-feira . S. Maríinho de Ascenção
C Quinta-feira . S. Amandio, B. de Maest. filhotes com leite de pombo.
7 Sexta-feira . S. Nivardo, Confessor Os borrachudos, como são cha:-
8 Sabbado . . S. Estevão de Moreto, Cfr. mados os filhos pequeninos dos
9 Domingo . . D. da Septitagesima
10 Scfiunda-feira Sta. Sotera, Virgem, Martyr pombos, são alimentados de uma
11 Terça-feira . Oração de Nosso Senhor. maneira engraçadissima: —- os pais
!2 Quarta-feira . S. Antônio, Bispo comem primeiro o alimento: digr-
13 Quinta-feira . S. Menígno, Martyr
rem-no e depois, regorgitam-no
14 Sexta-feira . S. Valentim, Martyr
15 Sabbado . . 3. José, Diacono para dal-o aos filhotinhos.
16 Domingo . . Dom. da Sexagesima Primeiramente, o alimento parece,
17 Segunda-feira S. Eutropio, Bispo de facto, uma substancia leitosa e
18 Terça-feira . C. da P. de Nosso Senhor
19 Quarta-feira . S. Beato, Presbytero por isso é que é chamado leite d>:
20 Quinta-feira . S. Sadoth, Bispo, Martyt pombo. Depois que sahem do. ni-
21 Sexta-feira . S. Aristão, Martyr nho, as sementes que não são in
22 Sabbado . . . S. Felix, Bispo, Martyr
23 Domingo . . Dom. da Qulnq. {Carnaval) digestas, são dadas tambem aos
24 Segunda-feira S. Sérgio, Martyr pombinhos.
25 Terça-feira . S. Mathias, Apóstolo Ha 200 variedades de pombos, i
26 Quarta-feira . S. Julião, Martyr de Alexandria
27 Quinta-feira . Cinzas } que são alimentados artificialmente
23 Sexta-feira . A Sag. Coroa de Esp. de N. Senhor l por este modo.
29 Sabbado . . C. de muitos Santos. Presbs.
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L E N DAS DO POVO'
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\^^Ê^^^^^m^^^Êl^^^^im^/: I Na Europa, o animal cha- *


Nos Estados Unidos, ha "Badger"
mado é conside-
uma tradição muito interes- rado o prophcta do tempo.
saute: E' que no dia 2 de A natureza crêa muitos pro-
Fevereiro de todos os an-
nos, os tatus sahem das to- phetas do tempo entre as
cas para espiar o tempo, para o subterrâneo, onde fica outras seis plantas c os animaes, por
Segundo a lenda popu- semanas adormecido. Se o céo c nebuloso, exemplo, os cucos são os
lar, o sol está brilhando c o fica do lado de fora antecipando a época âa pássaros que annunciam as
tatu vê a sua sombra, volta primavera. chuvas.
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ALMANACH 0'0 TICO-TICO -a l$3d

^yfW1"")» v»

1 Domingo . . . I," Dom. da Quaresma


2 Segunda-feira . S. Segtindilla, Martyr
3 Terça-feira . . S. Luciolo, Martyr I COLLA DE TAPIOCA
4 Quarta-feira . Temp. S. Casimiro. Cfr.
5 Quinta-feira . , S. Gerasimo, Martyr Sabem os leitores qual é a suo-
6 Sexta-feira . . Tc,np. A. L. de Nosso Senhor
"7
Temp. S. Paulo, Bispo standa que faz os sellós ficarem
Sabbado ...
8 Domingo . . . S. Poncio, Diacono bem collados ás cartas ? E' uma
9 Segunda-feira . Sta. Francisca Romana, V. gomma feita com tapioca de lava.
10 Terça-feira . . S. Macario, B. de Jerusalém
A gomma da tapioca é preparada
11 Quarta-feira . S. Sophonio, Bispo
12 Quinta-feira . S. Bernardo, B. de Capua de modo também a servir de ali-
13 Sexta-feira . . O Sag. Lc-nç. de Nosso Senhor mento para as creanças. A base
14 Sabbado . . . S. Florentina, Virgem "cassava",
desta substancia é a eu j;
»5 Domingo . . S. Raymundo, Abb. c Fund.
16 Segunda-feira S. Abrahão, Solitário polvilho de tapioca.
17 Terça-feira . . S. Patrício, Apóstolo da Irlanda A cassava cozida, em pó, e tra-
18 Quarta-feira . O beato Salvador de Horta
!ada também com substancias chi-
19 Quinta-feira . S. José, Esposo de Nossa Senhora
20 Sexía-fcira . . As 5 Chaga? de Nosso Senhor micas, loma-se num pó de côr ere- j
21 Sabbado . . . S. Bento, Abb. e Patriarcha me e serve para a fabricação de \
22 Domingo . . S. Deogracias, Bispo e Cfr. uma colla que é usada especialmer.»-
23 Segunda-feira S. Fidelio, Martyr
24 Terça-feira . Instituição do Santíssimo Sacramento, pelos fabricantes de sellos.
25 Quarta-feira . Anntinciação>de Nossa Senhora A cassava é uma planta tropical.
26 Quinta-feira . S. Eutychio, Martyr
aliás, é o mesmo polvilho ou ta-
27 Sexta-feira . O P. Sangue de Nosso Senhor i
28 Sabbado . . S. Rogato, Martyr pipoca brasileira, que provém de <
29 Domingo . . Dom. da Paixão uma raiz.
30 Segunda-feira Os SS. Domnino e Victor, M.
31 Terça-feira . Os SS. Anesio e Cotnelia, M.
P»^^^^<a*Na*V^»>r,If»^^VVVVVV*^'a**aa>VV»»V'a»,V^^ ' -*k^^^*,^^^^*^^aAa^AaA/^W%,\^í,\/VV,'VVV^ *V*V«»»lVNt**'W*.^»'» »^,VvVvv'-

AMULETOS

Amuletos são emblemas Os hindus costumam usatj


cerros objectos com feitie
para serem usados pelo
de elcphantc para domina-^
povo supersticioso.
"pé rem a má sorte nos ne-
O de coelho" é um
amuleto moderno para attra- g o cios.
hir a boa sorte. A supersti- A pedra Abraxas c mii
da pelos orientaes contesj
ção manda que seja feito
cem o pé trazeiro dé um Os maoris, da Nova Zelândia, as artes do diabo.
coelho morto por um ves- usam o — tiki — que é um amuleto O delphin é o amuleto
go num dia de lua cheia. também. dos marinheiros.
»\' ^S^JS+l**!*^****^*****?'****?*^**^*
ALMANACH DO TICO-TICO — %936

V.YÍ"» •rvyw
Quarta-feira . D Martyrio de S. Theodorç wvwwv»^y^Vy^VyVyyyyyyVyy^yyVVMVVVWA'W/l>A*

i Quinta-feira . . S. Zozimo, Anac. e Martyr


Sexta-feira . . As Sete Dores de Nossa Senhora O PATO EIDEIR
i Sabbado . . . S. Agatopodes, Diacono
| Domingo . . , Domingo de Ramos A penna de ave mais macia é a
j Segunda-feira , S. Celestino, Tapa e Martyr do pato conhecido pelo nome de
Terça-feira . , S. Affrantos, Anachor. e Martyr
Quarta-feira . S. Dyonisio, Bispo e Cfr. pato cider, ave bem conhecida na
Quinta-feira . S. Proconc, Bispo e Martyt Europa e na America. Neste, conti-
19 Sexta-feiva . . Sexta-feira da Paixão aente encontra-se em abundância
1! Sabbado . . . S| Leão, Papa
na costa do Atlântico, desde o sul
12 j Domingo . . Resurreição SS. V. Mãe
i | Segunda-feira S. Carpo, Martyr do Lavrador, até Nova Inglaterra.
!4 Terça-feira . . S. Valeriano, Martyr Os ninhos dessas aves são feitos
15 | Quarta-feira . Os SS. Basilisa e Anst. Mm,
16 | Quinta-feira . S. Cremencio, Martyr de capim secco e forrados com a
17 i Sexta-feira . , S. Apocalipo, Martyr pennugem do peito da fêmea.
1$ Sabbado . . . S. Caloceiro, Martyr . A Noruega e a Groenlândia for-
i'J Domingo . . Domingo da Paschoela
20 Segunda-feira S. Theolino, Bispo, Cfr. e M, necem esta pennugem para ser ven-
21 j [Terça-feira . S. Fortunato, Martyr dida no commercio, pois é muito
22 ! Quarta-feira . S. Sotero e S. Caio. Ps. Mm,
23 Quinta-feira . S. Felix e Comps. Min. usada para forrar travesseiros e
24 | Sexta-feira . , Sfa. Benva c Sta. Dora, Virg< almofadas. Cada ninho pode for-
25 I Sabbado . . , S. Marcos, Evangelista necer meia libra de pennugem e
26 \ Domingo . . S. Pedro, Bispo de Braga. M<
27 í Segunda-feira S. Anastácio, Papa e Cfr, com cinco libras oode-se fazer uma
28 Terça-feira . Sta. Valeria, Martyr cama,
29 j Quarta-feira . S. Hugo, Abbadc e Cfr. fA^^^^t|^^V*^lk^MWW%^*^**AA*^*AAA*^A*ArtiA'**
30 Quinta-feira . Sta. Catharina de S. Vinda

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D ¦ I A M A N T E S

por causa disto tem hoje o seu nome.


Os diamantes têm muitas historias Em 1630, affereceu-a á sua filha
e superstições a bordarem-lhes a vida* como presente de noivado é hoje,
"Esperança"
O diamante é uma parte esse diamante está nos Estados Uni-
do diamante azul que foi trazido da dos..
Índia no anno de 1642. Depcis dessa Um cidadão inglês O diamante chamado Kokindor veiu
época, ficou cm poder da família real chamado Ilope com- da Grã-Bretanha, da coroa preciosa
franceza, de onde foi roubado, prou a pedra, a qual do rajah de Lahor,
ALMANACH DO TICO-TICO — 1936

"jw
_____ _n_ni a n_^ t
1 Sexta-feira . S. Filippe e S. Thiago. Apóstolos
2 Sabbado . . S. Athanasio, Pat. da Aiex.
3 Domingo . . O Patioc. de S. José O FEIJÃO CH5NEZ
- Segunda-feira S. Porfirio, Presh. e Martyr
5 Terça-feira . S. liulogio. Bispo e Martyr Os feijões fermentados também
6 Quarta-feira . Sta. Benüa, Virgem fornecem leite, manteiga, queijo,
7 Quinta-feira . S. Bento II, Papa e Cfr. azeite e até balas de doce para
8 Sexta-feira . O Bento Domingos, Cfr. os japonezes.
9 Sabbado . . S. Hermes, Martyr
10 Domingo . . S. Gordiano, Maityr Em certas estações do anno, os
11 Segunda-feira S. Anastácio e Comps. M. japonezes vão aos templos e pedem
12 Terça-feira . S. Dyonisio. Martyr que os padres abençoem essa plan-
13 Quarta-feira . S. Pedro Regalado, Confes. ta^ Os feijões são trazidos para
14 Quinta-feira . S. Pomponio, Bispo e Cfr. casa e atirados para os cantos dos
15 Sexta-feira . Sta. Dimpna, Virgem, Martyr aposentos. Isto significa expulsar o
16 Sabbado . . S. Fidolo, Confessor demônio de casa.
17 Domingo . . Domingo de Rogações
Para conserval-os fora de casa.
18 Segunda-feira S. Venancio, Martyr
19 Terça-feira . S. Parterio, Martyr .isnm collocar hastes desta planta
20 Quarta-feira . S. Austregesilo, Bispo, Martyr amarradas ás portas. A lecitina
21 Quinta-feira . Ascen.ção do Senhor custa um doliar por libra c é feita
22 Sexta-feira . Sta. Quitaria, Virgem, Martyr de gcmraa de ovo.
23 Sabbado . . Os SS. Quine, e Juliano, M.
24 Domingo . . S. Robustiano, Martyr Hoje, os fabricantes extrauem 2
25 Segunda-feira Sta. Maria Magdale-na de Pa;-. M. por cento deste produeto dos fei-
26 Terça-feira . S. Agostinho, Bispo jões fermentados e os empregam na
27 Quarta-feira . S. Ranulfo. Martyr confecção de balas, de produetos
28 Quinta-feira . S. Senador, Bispo e Cfr. te tis e até para curtir certos ma-
29 Sexta-feira . S. Sizinio e Comp., Martyres
30 Sabbado . . S. Exuperancio, Bispo e Cfr. lêriacs.
3! Domingo . . Domingo de Pentecotte* ^vwVMrWVVWWWVVW^MArWMAMM«WvV.>MS^

* V%íVN«^w^rf-^»^i<VV^i»V»VVVV*rt^^^íVSA^VVVVW,>/V%A/V^

 FSSTÁ das CREANÇAS M \ :HZÂS


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A carpa foi escolhida para


O quinto dia do quinto mez do anuo
í um dia de festa nacional para OS Bae- svmbolo do festival, pois os me-
ninos do Japão. Chama-se o — í.sti- ninos sabem que este peixe
vai dos meninos.
Criada c pula mesmo nas quedas
O dia do festival dos meninos é cen-
sagrado ao deus da Guerra. Os mem- _ dágua e auc- devem í:r.itn!-a n.i
ctos. CoHocam um poste no jar- •_ , -.
,,
nos têm espadas, capacetes, pedaços de dua ^ no alto oe poste^'icta
tremul-i procurando
armadura e varias figuras de guerrei- um enci ne peixe, cuja becea as tuldade 1tfc
LUie3 lhes
ros e brincam com todos estes obje- aberta fica aspirando a bri.s.-» apresentarem.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

=él*#tJNflO^
Segunda-feira . . . S. Jovencio, Martyr WWW VV>A/V^*VVVWVVV>A<VVV*A.V^y <, WWWWVWV

Terça-feira S. Gotino, Bispo


Quarta-feira .... Temp, S. Ovidio A PRESSÃO AR- I
¦4 Quinta-feira ... '.'. S. Quirino, Bispo
¦ Sexta-feira . . . . Tem. S. Marciano, M.
Sabbado ...... Temp. S. Artemio, Martyr Foi um padre inglês a primeira
Domingo ..... Domingo da Santíssima Trindade pessoa que pensou em tomar a pres-'
Segunda-feim .'. . . S. Vilhemo, Arceb. e Cfr, são arterial. Stephen Hales, no
Terça-feira .... Os Sísitissimos Primo e Felicino, M. anno de 1710, tomou a pressão
JO Quarta-feira . . . . S. Timotheo, Bispo, Martyr -jrterial de um cavallo, introduzindo
11 Quinta-feira .... Corpo de Deus um tubo de vidro de 9 pés de com-, \
12 Sexta-feira . . . . S. Aufion, Bispo ¦ primento da artéria femural do
13 Sabbado S. Antônio de Padua, Cfr. animal.
H Domingo S. Marciano, Bispo Elle descobriu que o sangue su-
15 Segunda-feira ... Sta. Benilde, Martyr bia oito pés e 3 pollegadas no tubo
16 Terça-feira . . . . S. Aureliano, Bispo è Cfr. e isso provava que o sangue tinha.
17 Quarta-feira . , . . S. Besarion, Anachoreta uma pressão sufficiente para stip-
18 Quinta-feira . . . . SS. Marcos e Marcelliano, M*
portar uma colunina de sangue
19 Sexta-feira . . . . Santíssimo Coração de Jesus desta altura.
-Sabbado S. Novato, Presbytero
,20 O apparelho parece-se muito com
2r Domingo S. Apolinario, Martyr o que é usado nos dias presentes,
22 Segunda-feira . . . S. Acacio e Comps,, M.
para este fim, e foi, pela primeira
23 Terça-feira . . . . Os SS. Zenon e Zanas. M. \ez, applicado no anno de 1850.
24 Quarta-feira . . . . Nascimento de S. João Baptista Esta medida de pressão arterial
25 Quinta-feira . . . . S. Eloy, Confessor feita pelos médicos, é uma parte,
26 Sexta-feira . . . . Sta. Perseverança, Virgem importante dos tratamentos em
27 Sabbado . . . . . S. Crescente, Bispo, Martyr
geral e vem sendo applicada ha 25
28 Domingo S. Paulo I, Papa c Cfr. anno?, com o maior suecesso.
29 Segunda-feira . . ¦., 5. Pedro e 5. Paulo, A.
30 Terça-feira . . . . Sta. Potomíana, Comps. M. VV^A/lA<lV^A^vvv»A^v^A/vv\A*vv^A^^A/vv^^'V^AA^/v'^*¦** -

jmwMMBMAMUUM/JMAAAAAAAMU

O POETA PA INFÂNCIA
,-^—_.„„.-„, MM,II,H, iilllllll^M I^IIW^M^MIIIIM ¦¦ l'

azul. Wynken, Elyaken c


Eugênio Fíeld foi um poc-
Ncd e a Ameixeica de Assucar
ta e escriptor americano que tornaram-no popular nos Esta-
escreveu vários poemas para a dos Unidos. No poema em que
infância, tendo nascido em apparecem Wynken, Elyaken
1850 c fallccido em 1895. c Nod, os dois primeiros repre-
Viu a luz em São Luiz, è sentam dois pequeninos olhos.
com 23 annos já era jorna- Nod é uma cabecinha. Na his-
lista, profissão que conservou até ã sua morte* íoria apparecê um sapato de madeira que viajava
Os seus livros c e le b r e s são : O rapazinho pc!c céo e é uma caminha minúscula como um berço.
i
ALMANACH D'0 TICO-TICO 193Ó

Quarta-feira . . . . S. Casto, Martyr *^^^^«'*^AAi«s*s«A^-^«^^v^A/vvs*www»^/wsiN^^^'^%'v^/v^ry


Quinta-feira . . . . Visitação de Nossa Senhora
Sexta-feira . . . . S. Datho, Bispo e Cfr. TOCAR TAMBOR
Sabbado . . . . . S. Naufanião e Comps. Mtu.
Domingo O beato Miguel dos Santos Acham vocês fácil aprender a to-
Segunda-feira . . . S. Goar, Presb. e Solitário car tambor para tomar parte na
Terça-feira . . . . S. Bento XI, Papa banda do batalhão escolar ? E' fa*
Quarta-feira . . . . S. Kiliano e Comps. Mm, dl, sim, pois quasi todas as pes-
Quinta-feira . . . . S. Cyrillo, Bispo, Martyr soas são capazes de aprender a
10 Sexta-feira . . . . Sta. Almenberga 'ocar este instrumento si tiverem o
11 Sabbado , S. Sabino, Confessor e M, senso commum do rythmo.
12 Domingo . . . . « S. João Gualberto, Abbade E' necessário primeiramente, se-
13 Segunda-feira . . .. S. Anacleto, Papa e M.
14 Terça-feira . . . gurar com firmeza os paus, da
., S. Heracles, Bispo e Cfr. modo a conserval-os entre o polle-
15 Quarta-feira . . . ., S. Athanasio, Bispo
16 Quinta-feira . . . gar e o primeiro dedo, ou entre o
„ O Triumpho da Santa Cruz
17 Sexta-feira . . . pollegnr c o segundo e o terceiro
. Sta. Marcellina dedo. O outro pau do instrumento
18 Sabbado . , . . . S. Frederico, Bispo, Martyr deve ficar inteiramente seguro pelos
19 Domingo . . . . . Sta. Áurea, Virgem, M. dedos da mão direita.
20 Segunda-feira . . ., S. Elias, Propheta
21 Terça-feira . . . Depois que se aprende a segurar
. Sta. Julia, Virgem, Martyr
22 Quarta-feira . . bem o pau do tambor, o aprendiz
« S. Cyrillo, Bispo
23 Quinta-feira . . deve cantar com um rythmo muito
. S. Rasifo, Martyr
24 Sexta-feira . . . simples, dando duas pancadas com
. S. Victor e Comps. M.
25 Sabbado . . . . . S. Thiago, Apóstolo ; | a"mama"
mão esquerda para a palavra
26 Domingo . . . . e duas outras com a mão
,, Sant'Anna, M. da Mãe d<t DtU3 "dádá".
27 Segunda-feira . . ,., Sta. Antusa, Virgem i direita, para a palavra
28 Terça-feira . . . « S. Eustatio, Martyr por exemplo. Depois disto, basta
29 Quarta-feira . . . . S. Antônio, Martyr praticar com velocidade e variar as
30 Quinta-feira . . . . S. Rufino, Martyr palavras.
31 Sexta-feira . . . ., S. Fábio, Martyr

A BANDEIRA DA CRUZ VERMELHA

O symbolo
syaiboio da Cruz Vermelha
Vermelha ^sÉÉ Pfli tes de 14 differentes nações,
oi
OÍ adoptado
adoDtado em homenagem
hnmcnam>m a ^WáWffff JyRi Esta conferência decidiu a or-
-ndf^^^rSÍ y*
ean Henri Durant, o
grande phi- ganização de sociedades nackn
antropista suisso,
que foi o autor
4a idéa de organizar-se a Cruz
Vermelha, corporação internado-
pai dedicada ao soccorro dos fe-
wmmÊ
convocada uma Conferência Ia-
naes cujo fim é: a protecção aos
inválidos e victimas da guerra,
Como emblema de neutralidade
foi adoptada a inversão da ban-
ridos de
guerra. fernacional e m Genebra, em deira suissa, isto é, uma cruz
Devido á sua iniciativa foi 1864. composta de representan- verntelha cm fundo branco.
»"» "AWW ¦»*^,.J\«%A^ywvs-'i
ALMANACH DO TICO-TICO — 1936

—MH

*-**^A*WVs/M*^^^.^*í^*A^i^A^^^rt^«^^^*WWWWW%^,
1 Sabbado . . S. Felix, Martyr
2 Domingo . . S. Pedro, Bispo de Osma
3 Segunda-feira S. Hermelio, Martyr A NOGUEIRA
4 Terça-feira . S. Eufronio, Bispo e Cfr
5 Quarta-feira . S. Oswaldo, Rei, Martyr E' uma das madeiras que desde
6 Quinta-feira . Transfiguração de Nosso Senhor
7 Sexta-feira . S. Donaciano, Bispo, Martyr os primeiros tempos foram mais
8 Sabbado . . S. Hormisdas, Martyr apreciadas pelo homem. Os povos
9 Domingo . . S. Marciano, Maityr antigos fizeram moveis de nogueira,
10 Segunda-feira Sta. Agatonica, Virgem, Martyr
tradição essa que vem sendo se-
11 Terça-feira . SS. Suzana e Tiburcio
12 Quarta-feira . S. Creocemiano, Martyr guida até os nossos dias.
13 Quinta-feira . S. Máximo, Monge. Martyr Dizem os geólogos que a no-
14 Sexta-feira . S. Calixto, Bispo. Martyr
15 Sabbado . . , gueira appareceu na Europa milha-
Assumpção de Nessa Senhora
Domingo . . S. Joaquim. Pae de N. Senhora res de annos antes de haver sui-
116
17 Segunda-feira Os SS. Paulo e Tuliano, M. gido o primeiro homem sobre a
18 Terça-feira . Sta. Ciara, Virgem, Martyr terra. E sabe-se disso porque entre
19 Quarta-feira . S. Luiz, Bispo e Cfr. fosseis foram descobertos folhas e
20 Quinta-feira . S. Samuel, Propheta e Martyr
21 Sexta-feira . . S. Joanna Franc. Romana pedaços de nogueira.
22 Sabbado . . , Os SS. Fabric. e Felisberto O homem primitivo do tempo da
23 Domingo . . S. Timotheo, Martyr idade da pedra, deixou vestígios de
24 Segunda-feira S. Bartholomeu, Apóstolo
25 Terça-feira . S. Luiz, Rei de França acampamentos, em que havia es-
26 Quarta-feira , S. Zeferino, Papa e Martyr tacadas de nogueira. Objectos mui-
27 Quinta-feira . S. Pemon, Anachoreta to primitivos feitos de nogueira,
28 Sexta-feira . ¦ S. Alexandre, Bispo e Cfr. foram encontrados em cavernas fa-
29 Sabbado . . . Os SS. Hipario e André, Mm.
30 Domingo . . S. Fiacre, Confessor mesas da Hèspanha e da França.
31 Segunda-feira Os SS. Rufina e Amila. Mm.
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A e T I V ID A D E AS ABELHAS

Fizeram marcas nas abe-


lhas e assim descobriram o
L Uma abelha sozinha para tempo que gastavam para re-
í
conseguir uma libra de mel unir uma certa porção de ne-
lteria de voar numa distancia
equivalente ã circumferencia ctar.
;
da terra. Os scientistas cal- Mais de mil abelhas le-
]
; cularam que uma abelha é vam mais de três semanas
muito activo por causa de uma electricamente, e o qual registra a én-
I para produzirem apenas uma
espécie de portão controlado trada de cada abelha operaria na colméa. libra de mel.
ALMANACH D*Q TICQ-TICQ — 1936

1 Terça-feira . M S. Prisco, Martyr


2 Quarta-feira . « S. Antônio, Martyr
3 Quinta-feira . >i S. Simeão Stylita, o Menor "HOCUS P0CUS"
4 Sexta-feira . •) S. Rosa de Viterbo, V.
5 Sabbado . . *! S. Bertin, Abbade de Lithieu
6 Estas duas palavras, são ditas
Domingo . . « S. Libania, Virgem
7 Segunda-feira •» S. Eupsiquio, Martyr sempre pelos mágicos antes de li-
8 Terça-feira . Natividade de Nossa Senhora rarem cobras ou lagartos de de-
9 Quarta-feira . • S. Severiano, Martyr baixo do chapéo.
10 Quinta-feira . * S. Hilário, Papa e Cfr.
11 Sexta-feira . Estas palavras vêm do latim e
• S. Paciente, Arcebispo dé Leão
12 Sabbado . . / u O beato Juvencio, Presb. do tempo em que os medicos, para
13 Domingo . . • S. Phüippe e Comps. Mm, curar, citavam latim : — "Hocus
H Segunda-feira • Exaltação de Santa Cruz
15 Terça-feira . Pocus" "Hoc est Corpus*' — este
Sta. Edita, Virgem
16 Quarta-feira . « Temp. S. Euphemia, V. M< é o corpo, phrase empregada pelos
17 Quinta-feira . S. Pedro de Arbuês
•¦
sacerdotes.
18 Sexta-feira . , •' Temp. S. Eustorgio, M.
19 Sabbado . . m Temp. S. Januário, B. M. As primeiras congregações in-
20 Domingo . . a S. Eustaquio e Comps. Mm. gleras transformaram a phrase era
21 Segunda-feira • S. Matheus, Apóstolo e Evj "Hocus
22 Terça-feira . S. Santino, Bispo, Martyr Pocus". Os médicos do
23 Quarta-feira . •¦ S. Lino, Papa e Martyr tempo costumavam dizer ao tratar
24 Quinta-feira .
25 Sexta-feira .
«I Nossa Senhora das Mercês dos doentes: "Hocus pocus, toutus
•: S. Solesmio, B. de Chart, Martyr
26 Sabbado .. . S. Calistrato, Martyr talonteus, vade celeritcr jubeo",
27 Domingo . . • Os SS. Cosme e Damião, Mm, A wc-Ücina antiga andava cheia
28 Segunda-feira S. Estateu, Martyr
29 Terça-feira . «i • S. Miguel, Archanjo de provérbios e exorcismos latinos,
30 Quarta-feira . •! S. Leopardo, Martyr |V**^***A**"*>»"* » » ¦ ' *^VaVVa^Va%VV>ji»J>A>J

WW^A<I^VVV»^lrfWVafWVVW>^^VWV>^>V¥S<VaV^^

A S B Ô L HAS DE SABÃO
¦ri

Vamos ensinar aos nossos


leitores uma maneira de con- podem tiram um pouco da <
solução e fazer uma bolha <
seguirem tuna solução rmi- de sabão sobre uma lata bemj
gnifica de bolhas de sabão fria dentro de uma vasilha
brilhantes e grandes. Enche-se com gelo. A bolha fica tam-\
wn quarto de uma
garrafa bem gelada e é um diverti-<
«Joi água fresca e dissolve-se tar 1/3 de glycerina pura è deixar a
«sta com pó de sabão ness'í mento esplendido para as.',
liquido. DeDois, devem iun- garrafa a uma temperatura de 10 graus creanças, quebrar essa bolha)
ou mais. Antes de juntar a glycerina de gelo.
^""""•^¦¦•¦'•"•aaBaaJMawws.NA*******
nVfWaftaakaWlgUinnn * li * •^AAAa^aaaTMWaaMUH aaaaaaaaa%aaaa»^aaa»AMaaaala»aa»»a<lil*a»»»i*»iia» f\*\J1*%ffltiS**U**
ALMANACH D'0 TICO-TICO 19 Jó

«^

Quinta-feira . S. Veríssimo e Comps. Ms.


S. Theophilo, Monge
Sexta-feira .
Sabbado . . S. Maximiano, Bispo de Bagaya OS cucos
Domingo . . Os SS. Crispo e Caio
Segunda-feira S. Dalmacio, Martyr Ha muita cousa de curioso nos
Terça-feira . S. Saturnino, Martyr hábitos de alguns pássaros, princi-
Quarta-feira . S. Augusto, Presb. e Cír,
Quinta-feira . S. Brigida, Viuva palmente nos dos chamados cucos.
Sexta-feira . S. Domnino, Martyr Dizem, por exemplo, que o cuco
10 Sabbado . . S. Victor e Companheiros da Europa e outros de sua espécie
11 Domingo . . Os SS. Taracco e Probo, Ms..
12 Segunda-feira deitam os ovos nos ninhos de ou-
S. Edistio, Martyr
13 Terça-feira . S. Eduardo, Rei e Cfr, tros pássaros, escapando assim ao
14 Quarta-feira . S. Domingos, Confessor >} trabalho de chocar e criar os filhos.
15 Quinta-feira . Sta. Thecla, Abbadessa
16 Sexta-feira . Os SS. Maitin e Saturnino Nenhum animal faz isso, entre-
17 Sabbado . . S. Namelta, Martyr | tanto, somente omolobrus ou pas-
18 Domingo . . S. Lucas, Evangelista j saro americano, chamado cowbitd.
19 Segunda-feira S. Etvino, Abbade
20 Terça-feira . S. João Cancio, Prebs. ;Tal qual como os cucos da Ame-
21 Quarta-feira . S. Malco. Monge rica (os coccyzus) -elles constrôaei
22 Quinta-feira . Sta. Cordula, Martyr ninhos, aproveitando os dos outros.
23 Sexta-feira . S. Benito, Confessor Ha outra espécie de cucos que
24 Sabbado . . S. Raphael, Archanjo
25 Domingo . . S. Martírio, Subdiacono faz o mesmo, é a espécie —¦ ani
26 Segunda-feira S. Rústico, Bispo e'Cfr.
27 Terça-feira . S. Urbano, Rei e Cfr.
28 Quarta-feira . Sta. Sabina, Virgem, M.
29 Quinta-feira . S. Maximiliano, Bispo, Martyr
30 Sexta-feira . S. Saturnino, Martyr
31 Sabbado . . . Os SS. Ampiado e Narciso
¦ WVWV JW\^V «rv v- a/V

O a i

Sabem os leitores quem inventou o auto- A sua rotação opera-se de-


giro ? O aeroplano auto-giro foi construi- vido ao movimento horizontal da
'do
por Juan de La Cierva. Juan de La machina.
Cierva construiu esse apparelho no pe- As asas desse apparelho pro-'
tivas :cói!ocadas num eixo
riodo de 1919 e 1921 na Hespanha, Essa
vertical. Nenhuma energia vocam um movimento vertical da,
espécie de aeroplano tem, ás vezes, rota- especial é lhe fornecida. machina,
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 193â

*2rfe^
Festa de Todos Santos «¦•^^V^^^^rV^^/vwsrwwwwwwv *
Domingo
Segunda-feira . . . Commemoração Fieis Defuntos PLANTAS
Terça-feira .... S. Humberto, Bispo e Cfr. CINAES
Quarta-feira .... S. Claro, Presbytero e Martyr
Quinta-feira .... Os SS. Dom. e Theotonio, Mm, Ha muitas, muitas plantas usa-
Sexta-feira .... S. Leonardo, Solitário, Cfr. das na medicina. Os povos pritni-
Sabbado Os SS, Taurino e Tess., Mm, tivos as usaram como remédio.
"oubebs",
Domingo , S. Deusdedit, Papa Os são uns fruetinhos
Segunda-feira . . . S. Theodoro, Martyr seccos de um arbusto que pertence
10 Terça-feira . . . ., S. André Avelino > á familia da pimenta. E' usado nos
11 Quarta-feira ..... S. Verano, Bispo e Cfr. \' paizes orientaes como especiaria c
12 Quinta-feira . . . ,: S. Millan da Cogula, Conf, na Europa e nos Estados Unidos
13 Sexta-feira ..... S. Eugênio III, Arcebispo s;rve para remédio.
14 Sabbado ..... S. Diogo de Secala, Conf. A palavra Quassia tem a se-
15 Domingo Os SS. Suria e Sarm., Mm. ijuinte origem : — Uin negro de
16 Segunda-feira . . . S. Fidencio, Bispo em Padua Surinan. escravo, usava a casca
17 Terça-feira .... Sta. Gertrttdes Magna, V desta planta como um remédio cs-t
18 Quarta-feira .... S. Thomaz, Monge pecial para as febres.
19 Quinta-feira .... S. Abdias, Propheta Camboge é uma borracha resi-
20 Sexta-feira .... S. Felix de Valois, Conf. nosa que se detém da arvore cha-
21 Sabbado Apresentação de Nossa Senhora mada cambodgia. E' usada na me-
22 Domingo Sta. Cecília, Virgem, M. dicina e também pelos artistas, que
23 Segunda-feira . . . S. Trudo, Prebs. e Cfr. : misturam essa resina com água, ob-
24 Terça-feira .... S. Crescenciano, Martyr tendo cores.
25 Quarta-feira .... Sta. Jucunda, Virgem Cocaína vem nas folhas da plan*
26 Quinta-feira .-'-; . . S. Siricio, Papa e Cfr, í ta chamada de coca, planta do Peru
27 Sexta-feira .... S. Bimarasio, Bispo ;• e da Bolívia. A coca também ê cul-
28 Sabbado , S. Estevão, o Menor, Martyr '>,
tivada na Índia, ro Ceylão e em
29 Domingo . . . .¦'„ /.» Domingo do Adianto i Java.
30 Segunda-feira . . „ Sto. André.. Apóstolo

IjrX^S^^S^V-WV. *¦

MULHERES P A M S

Üfei

4 «r wsm.

compositor que descobriu a sua ín-


Muitas figuras femininas, que
clinação para a musica e canto c fel-a
têm fama na hietoria, na meni-
tnice se interessaram por cousas estudar no Conservatório de Sto-
"".««» ~
; que haviam de tornal-as famosas
Ir ckolmo,
;na mocidade. Mme. Curie desde cedo se dedicou
tante êxito, f e n n y Lind,
Luiza M. Alcoott, aos 8 annos. a estudos de sciencias, e o sea casa-
pensou escrever um poema, E, de quando menina, costumava mento com Curie lhe proporcionou
\
facto, compoz. Esse poema foi cantar á.janella, o que attra- todos os meios de levar por deante
: publicado mais tarde e teve bas- hia bastante gente. Fot ura taes estudos.
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

ss^X^

TttYvc^\*^Wr'^

1 Terça-feira . S. Elipo, bispo


2 Quarta-feira . Sta. Bibiana, Virgem, M.
3 Quinta-feira . S. João, Martyr ANIMAES ESTRA=
4 Sexta-feira . S. Pedro Chrysol. B. e Cfr, NttiOS
5 Sabbado ., . S. Niceto, Bispo
6 Domingo . . S. Nicoláo, Bispo Os museus de La Plata, em Buc-
7 Segunda-feira S. Polycarpo, Martyr
A Immaculada Conceição de N. Sríra. nos Aires, Argentina, têm esquele-
8 Terça-feira .
9 Quarta-feira . Sta. Leocadia, Virgem, Martyr tos de animaes estranhos e interes-
10 Quinta-feira . Sta. Eulalia de Merida, V. e M. santíssimos.
11 Sexta-feira . S. Barrabas. Martyr
Ha milhares e milhares de annos,
12 Sabbado . . S. Hermogenes, Martyr
13 Domingo . . Solem. Imm. Concep. uma extensa parte do norte do
14 Segunda-feira S. Pompeio, Bispo mundo era coberta com uma vasta
15 Terça-feira . S. Maximino, Confessor camada de gelo. Os scientistas cha-
16 Quarta-feira . Temp. Sta. Albina, V. Martyr
S. João da Marta, Fundador mam a essa época, a éra glacial ou
17 Quinta-feira . "período
18 Sexta-feira . Temp. S. Victorino, Martyr pleistocenio".
19 Sabbado . . Temp. Sta. Fausta, V, Martyr Na Norte America, viviam os
20 Domingo . . S. Batulo, Martyr
21 Segunda-feira S. Thomé. Apóstolo grandes mamoutbs, os mastodontes,
22 Terça-feira . S. Veremundo, Abbade os gyptodontes, os rhinoecrontes
23 Quarta-feira . Sta. Victoria, Virgem. Martyr pelludos e outros enormes animaes.
24 Quinta-feira . S. Gregorio, Presbyt. e. Martyr Também, na Europa, foram en-
25 Sexta-feira . Nascimento de N. S. Jesus Çkristo
26 Sabbado . . S. Estevão, Proto-Martyr centrados animaes dessa espécie.
27 Domingo . . S. João, Apóstolo Evangelista Na gravura, apresentamos alguní
28 Segunda-feira Os Santos Innocentes, Mm. destes animaes americanos, do pe-
29 Terça-feira . S. Marcello, Abbade
riodo policial.
30 Quarta-feira . S. Sabino, Bispo e seus C. Mm.
31 Quinta-feira . S. Silvestre, Papa ^w^i^wa>wa^*s*w>^/V^^sW^^^*»v^*^s«fw^»viys<''s»

^¦y^W^VMWWAVVWV^^^r^^WVWV^A.

TRENS ELECTRICOS MODERNOS


OS

Entretanto, sabe-se com certe23


qu.~ os futuros trens de passa-
geitos terão a fôrma de stream-j;
line.

C ^r^Sa^, \\-\ A constmeção dos trens coia


essa fôrma já passou da phase
experimental e em breve será
posta em pratica. Assim, os
"streamline. trens expressos gastarão muito
Os trens electrkos modernos são chamados de Por que ?
menos energia.
Porque descobriram na aviação que a resistência do ar gasta inútil-
Streamline'—significa—-elevar a
mente energia. Não se sabe ainda se a energia empregada futuramente velocidade, assegurando o trafico-
no transporte será a do vapor, da electricidade eu da combustão de gar e economisnndo dinheiro.
- 'tniiwni
ALMANACH DO TICO-TKO — 1936

íi Travessia da Igreja
(Conto de MALBA TAHAN)

Conta-se que certo operário ao regressar, diariamente,


para casa, procurava abreviar o caminho, atravessando uma
igreja. Ganhava o templo por uma das portas lateraes e sahis
pela porta principal.
Um dia esse homem, accusado de um crime, toi levado à
barra do tribunal. O advogado que o defendia sentiu-se era-
baraçado ao formular a defesa, pois eram muitas as provas co-?
Ihidas contra o réo.
Ao ser iniciado o julgamento, um dos juizes, homem pro-
fundamente religioso e de grande cultura e honradez, proferiu,
com surpresa de todos, as seguintes palavras :
Antes que o tribunal lavre a sua sentença final, sinto»
me no dever de trazer ao conhecimento de todos os juizes ura
esclarecimento sobre a vida do accusado. Resido, como sabeis.
defronte de uma igreja e já tenho tido opportun idade de ver.
o operário, que hoje julgamos, sahir, muitas vezes, do templo,
ao cahir da tarde, depois da prece, o que vem demonstrar ser
elle um tomem dotado de sentimentos religiosos e forçosamente
propenso á pratica do bem. Acredito, portanto, que só cometteu
o crime de que o aceusam. num momento de forte
perturbação.
Essa declaração — feita livremente por um
juiz integro e
severo — trouxe, como conseqüência, a absolvição do culpado.
Ao deixar a grande sala do tribunal, o operário meditou
sobre a inesperada decisão que o restituia á liberdade. Um
pen-
samento dominou-o :
A igreja viera em seu auxilio. E
por que ? Só porque
elle cruzara, tantas vezes, o seu átrio silencioso. De certo, muito
mais poderia fazer em seu beneficio se a ella se entregasse.
E o operário procurou as pessoas religiosas, cuviu os en-
sinaraentos, meditou sobre a verdade das Santas Escripturas e
converteu-se, afinal, á religião de
Deus.
Assim,quem procurara, pela
igreja, abreviar, tão somente, uma
jornada de todos os dias, abre-
viou, também, o caminho da sua
salvação,

(Do livro Lendas do Cêo <S
da Terra.)
li
ALMÂNACH DO TICO-TICO — 1936

W^!WVVV»IWWWMWWW>WWWWW¥WVWMVVVVVVVW^

ferior das folhas como Iam-


bem em qualquer outra super-
Parece a todos nós que os pés ficie lisa. Esta espécie de sa-
dos sapos que vivem nas arvores
são excessivamente compridos, De pos é muito activa durante a
facto, são. Essa particularidade é noite, pois a estruetura espe-
de importância essencial para a vida ciai dos seus olhos habilita-a
da mencionada espécie de sapos, a perceber na escuridão tu-
1 Os dedos dos sapos
que vivera OS SAPOS dos os casulos e escarave-
nos galhos das arvores acabam em lhos.
discos largos que segregam uma ginal dos seus dedos permitte a Existem approximadamcnte
substancia viscosa. Esta viscosidade mencionada espécie de batrachios 300 espécies de sapos qu.
;em combinação com a fôrma ori- de conservar se na superfície in- habitam nas arvores.
HAWWVWAWN

Hoje sou um Pierrot; já fui palhaça, O espectaculo devia sem demora.


*
Embora pequenino, quando a arena Checara a minha vez; a minha "en-
Pisava, a gargalhar, cora estarda- trada".
lhaço. E o publico gritava: — A' scena
Recebiam-me As palmas. agora
— Sceaa! A' scena! — O palhaço! O palhaço!.. Ah! des-
Assim que terminava meu trabalho. graçadá
Profissão de jograll
Quanlo chorei a provocar o riso!...
Sorrir, tendo a alma em pranto!
Era o meu espantalho
Deixar seu pae num catre de hos-
Um chicote a bater, sem ser preciso
Pois eu riu a chorar... Chorando, eu
NONOLOQO pita!
ri»... Pata entoar ao violão alegre canto!.,.
«¦ * DE PIERROT
Meu pae também no circo trabalhava. Assim, fui e cantei1.
A panthéra bravia, Num ímpeto írementé Tinha, porém, na voz tal expressão,
Que, ioda noite, ao povo se mostrava E um braço ali, feroz, lhe dilacera?... Qualquer coisa que, — nem eu pro.
Somente u sua voz -A? prio sei, —
«
Recuava, humildemente, se agachati. Que, ao final da canção,
do, Eu perdera os sentidos. Feita pra rir. o publico não ria...
E, a olhar para nós. Quando tornei a mim, vi que o lira- Tão comraóvído estava,
Grande n:edo nos olhos demonstrai!- vara Que... não sei bem, porém me pa-
do.
1),( jaula, ensangüentado, entre gemi- -. reviu,
do*. Commfgo soluçava!..,
Uma noite, porém, enfurecida, — Pae! grilo eu, a correr onde o ie-
'¦'- -P-
Não se acovarda á voz do domador. varam;
ffuje sou um pierrot; no carnaval
Mais uma vez meu pae arrisca a vida Mas, a seu íad», apenas uns instantes
Emquanto a turba applaude cora Deixaram-me ficar,.. Canto e dansO a valer, piruetas faço
Para esquecer meu tempo de jogral,
furor. Soltava o poyo brados .incessantes:
Foi rápido o incidente: -*- Não morreu? Nada f-U... C cou- A minha triste infância de palhaço—
Ao peito de meu pae scltàra a fera tiuuírr' !_lj'S'4OKCiI0 V> Woe.lM.GY
ALMANACH DTJ TICO-TICO — 1936

© Hnbanguera

rira em princípios de 1720, na Villa de Sant'Anna. imaginação de visionário vae creando a organização
Bartholomeu Bueno da Silva tem o aspecto magnífica- da futura bandeira. Fará com seus
genros uma so
mente rude dos desbravadores do sertão. ciedade. Escreverá ao rei D. João V, propondo a rea-
No peito esbraseia-lhe a vontade louca de embre- lização de tão vultuosa empresa, em troca dás mercês
nhar-se pelos mattos a dentro e explorar os mesmos habituaes. .. Seu cérebro debate-se, attribulado com
sítios que outrora, menino de doze annos, taes preoccupaçôes...
percor- Quem é este paulista electri-
rera com jeu pae ! Vê ao longe, boiando no ar, a zante ? Esta alma lyrica de visionário ? E' o épico
po-
eira de ouro da alluvião das jazidas.. . Sabe Anhanguera, que partirá dois annos mais tarde, com
que é o
único homem capaz de descobrir as Goiazes. A sua sua bandeira, das margens históricas do Tietê
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

TÇ" A PARTIDA DA MONÇÃO - 30 de Jn-

£•¦ ¦"^y
nho de 1722 — Chega emfim o grande dia do
Anhanguéra ! A's margens do rio, um formigueiro de
gente aguarda a partida da monção.
Tudo foi bem providenciado. As bruacas estão
pesadas de mantimentos. A pólvora embarricada é
«
confiada aos mamelucos.
Os indios, já na canoada, seguram os remos.
Estfto todos armados até os dentes.
Oüve-se um toque de trompa. E a hora da
benção da bandeira. Bartholomeu empunhando a
flammula verde ajoelha-se, seguido por todos, de-
ante de Frei Luiz de Sant'Anna, que, fazendo o
signal da Cruz, abençoa aquelles intrépidos serta-
nistas. Frei Luiz entoa um breve hymno a Deus.
respondendo todos em coro, pedindo que os proteja
na arriscada expedição que vão emprehender. Se-
guem-se os abraços commovedores de despedida.
D. Bartholomeu, seguido de seus genros Joio
Leite da Silva Ortiz e Domingos Rodrigues do
^^. Prado, encaminha-se para o batelâo-mestre.
Rompem os sinos. Estouram bombas. Lançam
tibgjmy
gritos de vivas... e a monção deslisa Tietê abaixo.

~
I *¦ J *P t.

NO POUSO DAS PALMEIRAS - Depois


de am caminhar continuo através dlffículdades as-
sombrosas, de trabalhos super-humanos, varando
rios, penetrando em espinhosas picadas, através-
sáhdo léguas e léguas de chies aggressivos, chega
a bandeira a um .logar chamado Palmeiras, em
Mátto Grosso.
- Arrancham-se ahi. Bueno di ordens. Parte
Joio
Leite com alguns indios e mamelucos a explorar os
arredores.
Os que ficam fazem roçados.
A' noitinha, ao redor do fogo, os sertanejos
cantam castigas melancólicas.
Tarde, volta Joio Leite com seus peões eapa-
lhando a noticia que descobrira ouro. Traxta com-
sigo 32 oitavas!
Recebem a noticia com alvoroço, pensando já
se achar nas Goiazes. Porem, o Paulista logo os
dissuade, desapontando o animo da peonada en-
thusiasta,
ALMANACH D!0 TICO-TICO — 1936

PENETRAÇÃO — Bartholomeu Bueno reco- de vivas cores cortam o espaço, lançando gritos es-
lhera os roçados — E de novo esperançoso, lançara- tridentes... De quando em vez uma fera «é abatida a
se com sua gente, através da matta bruta. Já quasi tiro de trabuco... e impávidos, enfrentando os maio-
três annos, andavam errantes, sem dar com o Sésamo res perigos, caminham rumo às lendárias jazidas...
Goyano! A bandeira vae bastante reduzida. Multas Avante, Bartholomeu Bueno da Silva i Avante!
mortes e deserções esmoreceram o animo dos mais Mal sabes tu. nesse teu sonho dourado, que não vaeS
fortes !! A custo, Bueno, com a sua resistência de aço, apenas descobrir o ouro. Na tua inconsciencia de ser-
consegue conservar estes poucos que ainda restam. .. tanejo bruto, vaes conquistar as terras virgens do teu
e avançam num peregrinar sem fim. . . Descem os rios, paiz em formação! Avante. Bueno! Com o, sangue
varam pantanaes, costeam as serras e embrenham-s« da brava gente paulista, não vaes somente descobrir
em florestas infernaes! Que arvores gigantescas! o ouro! Vaes engrossar o exercito dos desbravadores
Seus troncos monstruosos mettem medo! Pássaros do Brasil t...
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936
^

O CHEFE QUIRIXA' — Soberbo e magèstoso,


em cima do penhasco, o Chefe Quirixá contempla um
lenta-
punhado de gente, que surge nas montanhas e
^fmrTjÈÊÊL /mim,.. u-feze^-t. '^BSafink
mente se approxima. Seus guerreiros aiíentos, armados */ /'
de tacapes, lanças, arcos e flexas, emquanto outros
fazem soar as inubias, roncar os borés, estrondar os

trocanos tornando o ambiente em rústico fragor de

guerra !
O Morubixaba saberá como receber os inimigos
^^AjJif ii^^t%hM WiWimÈÍ
brancos que fingem querer a paz...
Fazendo um signal á sua tribu. desce o penhasco
j»»wy' *vw*-^ ^^»*^Bi v * - / /y \uiu„ ' ¦ v .^jíerj\\ .( . ív íí i R n l ^L
e vem impedir a passagem do inimigo, afim de guer-
real-o.
'»•'" " ¦'li
ãat ^M AV^iAS^t^vT JM WNaa^Sc^í?! I \li aWt7rtlàJ

m^f^^^^^SJ^^H- -^Wl mi Ml
¦ai Y \ atWÍPlalL^mi ^ ]i'Sf \AJa»lasJíj

G^flBEOlL5§^t2 TOPf
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ARDIL BANDEIRANTE — Segue a bandeira


no rumo visionário do Ouro. Numa curva do caminho,
BV w/ .a^H aBi Mai'
*^^ '^1' (¦jLj, \. <
''•jfcOHlw^^jSa^B
i^ik^ttr9 estaca surpresa. Frente á frente está a terrível horda
de selvicolas, barrando-lhes a passagem ! Momento tra-
gico. Que fazer ? Bueno, num relance, vê o perigo-
O numero de bugres é trinta vezes maior que o seu-
Occorre-lhe uma feliz idéa. Sacando da cintura um*
botija de aguardente, derrama-a toda no chão. ateando-
nvE^^rV|^^|^^HB^^^^^^^»a429jH^Vf^^^v/f ( yjr ^^^toJf^^^L a^BaVaBBr WmàBL' \ i .i. lhe fogo. Tal feito deixa o gentio attonito, pois crente
está tratar-se de água !
O assombro domina a todos. ..
a»»*. —-a*&-—j_ ea—I—r "" T^
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

ANHANGUÉRA! ANHANGUÉRAÜ - Vendo Feiticeiro ! Apavorados, temiam que Bueno incendiasse


o Paulista o effeito
que causara o seu ardil e visando todos os rios e florestas, deixando-os ao desalento, em
mais tarde conseguir
que elles ensinassem o caminho risco de morrerem de fome e sede. Os índios estavam
do gentio Goiá, diríge-ise
para o rio, e segurando uma fundamente impressionados. O cacique, imitado por
tocha accesa finge ir incendial-o...
sua tribu, pousa aos pés do Anhanguéra as fleras.
Nisto, rompem os bárbaros a uma só voz, O arco. O tacape. Depositam aos seus pés não só
tando : — Anhanguéraü Anhanguéraü gri-
o que significa.- as armas como as próprias vidas.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 19*

FESTA A' JACY — E* noite. A lua illumina ai


terra das maravilhas. Dartholomeu Bucno e?os bandci-
"festa
4«r rantes assistem á grande" dos índios, em in-
I > vocação á Jacy — a lua — mãe dos vegetaes.
Vae pelo acampamento vasto reboliço de bugres.
Enchem-se as igaçabas de cauim, de beberagens de
^ *i^ Pi milho e outros vinhos entontecedores. Vários indios
sorvem nos canudos de taquaras baforadas de fumo-
Ouvem ise rudes alaridos. Principia a musica. Rufam
os tambores. Roncam borés e trocanos. Dansam oê
indios em roda. chocalhando maracâs. Que bate-pé incx-
pressivo! Emquanto dansam, cantam, monótonos, suas
moacemas curiosas.

'
4
«»" w*>k\\\^

A DANSA DO CHEFE — O cacique, na sua *^£.


"ini"
de pennas brancas, preside a festa grande. '
Sfes»* -•*• t Ia -J»\ li
Chupa seu canudo, sorvendo negras fumaçadas. Su-
bito. levanta/se. Param as dansas e a musica. Afastam-
se todos. E' a hora da invocação a Jacy. O chefe vem
para o vazio deixado pelos guerreiros.
Ha um silencio em todo o acampamento. A sua
figura grotesca, vestida com a mascara característica,
é sagrada para esses bárbaros. Fitando a lua, pende
os braços para traz e canta uma tristonha melopéa.
"Dansa
Depois, começa a do Chefe", ritual, selvagem.
Dansa num rythmo bem marcado, com uma agilidade
espantosa ! Deita-se no chão, e aos poucos vae mor-
rendo a dansa. ..
Assim ficará immovel, deitado, até a branca Jacy
desapparecer de todo, com o surgir do primeiro rosi-
cler da madrugada.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

íflP5S\ áüt i

m wNÊÊIÊi^^B^LmmÀWk^f/? ^*

. NO RUMO DAS GQYAZES - Novamente, os os peões plantarem grandes roças de viveres ! Nio
r*odeirante» marcham, na mesma luta sem tréguas! fosse a sua attitude enérgica encorajando e chamando
^j"' muito ao longe, ficavam as immensas regiões ba- a si os descontentes, e ha muito a expedição estaria
p|adas pelos tributários do Paranahyba e Araguaya. frustrada !
*Cavam a serra escalvada, as cadeias Araéz cobrindo E assim, graças á inflexivel vontade e á energia
nãos sem fim !
Quantas terras tinham palmilhado en- sem desfallecimentos dó" seu chefe, vae a bandeira tri
rentando os maiores
ndaram errantes! perigos... Três longos annos lhando no rumo certo a Goyazes. indicado pelo indio
Quantas vezes, acabando-se os QuiriçA, que promettera mostrar o caminho das regiões
at>timerrtos, Bueno, sem hesitar, fazia alto, e mandava das jazidas auriferas em troca da liberdade de sua tribu.
ALMANACH D*0 TICO-TICO — 1936

OURO!!!-Tris- fholomeu Bueno,


tes seguem os ser- os cabellos bran-
tanistas. Vão ca- cos emmaranha-
lados. Taciturnos. dos, o aspecto vi-
Suas forças brante, as- mãos
acham-se exhauá- tremulas, esfarinha
tas. Atê aqui tu- o cascalho. Ouro!
do inútil. Batea. Ouro! Acodfem.
vam todos os rios Deante delles.
que passavam. milhares de grãos
Debalde enchiam e folhetas faiscam
as tarrapas com á roda do casca-
ps pás carregada^ lho. Examinam.
de areias da ai- Apalpam. Não
luvião ! Examina- ha que duvidar.
vam o pedrouço Soltam gritos de
dos rios. Nada. júbilo. Cercam o
E o dia inteiro Paulista. Emocio-
passam naquella nadlssimos b e i -
faina rude. jam-lhe as vestes
Cahira o dia. e rompem em
I!HBbiM»H.Kb== 1^^^^^^ .—. -'--jj^-j-j-ágjB—is——-J-
O sol crepus- enthusias-
cular despede-se ticos cânticos de
da terra. Nas victoria !
manchas negras Estavam proxi-
dos montes, adi- mo ao rio Ver-
vinham-se apenas os mysteriosos sertões do Brasil. Va- melho, no sitio chamado Barra. Bartholomeu Bueno da
Silva, o formidável Anhanguéra, não descobrira só o
gueam no ar suaves melancolias...
Súbito, cortando aquella tarde silenciosa, um grito ouro de Goyaz.
louco, um grito humano de tiiumpho : — Ouro!!! Foi um dos pioneiros da fantástica obra de des-
Estacam todos surpresos: Que ha? Olham. Bar- bravamento do Brasil.

As scenas que vocês acabaram de ler são do livro Anhanguéra, a sahir, e de autoria de Heckel
Tavares e Martha Dutra Tavares, dois nomes que o Brasil e o mundo conhecem e admiram.
Anhanguéra é a continuação da série esplendida iniciada pelo O sapo dourado, isto é, livro acom-
panhado de discos sobre assumptos da Historia Pátria.
As novellas são baseadas em motivos da Historia e do falk-lore nacional.
A narrativa é feita no disco por um speaker especializado e as scenas musicaes são vividas por um
conjuneto de artistas lyricos, um coro mixto e orcuestra sob a direcção do próprio autor.
ALMANACH D'Ó riCO-TICO - 1536

À Flauta do Pastor e
o Rouxinol
>,WWVWWWWV »ff iaaaal

Na noite venturosa e abençoada,


quando em Belém Jesus ao mundo veio,
bella noite de luar e de nevada,
houve como na terra um grande enleio.

Nessa noite ditosa do Natal,


em que vibrou a terra em bella festa,
descantou logo a flauta do zagal,
numa cantiga doce. branda e mesta:

Rouxinol, porque calas teu cantar


por que ficas no ninho da devesa ?
Por que não vens, ao óleo do luar,
enlevar com teu canto a natureza ?
Respondeu-lhe o dorido passarinho:
— Flauta, como cantar na noite agreste,
se o frio me enregela sobre o ninho,
se o triste inverno a natureza veste ?!
— .Voa depressa desse rude monte,
e vem cantar commigo na planura:
não vês como esplandece no horizonte,
não ouves cantos de anjos pela altura ?

Esta harmoniosa e súbita alegria,


que troca o inverno em rir primaveral,
diz que nasceu em pobre estribaria
Jesus, que veio a destruir o mal.
Trouxe á terra rarissimo thesouro:
fé, esperança, sonho e caridade;
vem adorar o infante bello e louro
em seu berço banhado em claridade.-

Vôa desses nevosos alcandores,


vem depressa que, aos poucos, amanhece:
vem cantar com a flauta dos pastores,
íraze um canto de amor e bella prece.

E desceu da montanha o rouxinol


e junto de Jesus doce trinott
até o vir suave do arrebol,
que entre rosas no oriente despontou.
Despontou mais radioso e bello o sol.
Nessa alba azul e santa do Natal,
em que doce trinou o rouxinol
em que cantou a flauta do zagal...
"ijT
^ *
EUGÊNIO RUB1AO
ALMANACH D'0 TICÔ-TTCO — 19Ò6

S MOEDA BE OIIBQ
Adaptação, para O Almanach d'0 TICO-TICO, por

Um dia um homem regressou da — Ah! — exclamou o soldado,


"cedo
traduzindo a inscripção: virá
guerra, para a herdade paterna,
onde havia passado a mocidade. uma de ouro"...
Vinha velho e cansado, abatido E naquella phrase e naquelk-
pelos soffrimentos horríveis das acontecimento viu alguma cousa
trincheiras, e completamente esque- mais do que um simples acaso,
cido dos serviços da lavoura, justamente no instante em que se
Não obstante, logo que se sentiu preparava para abandonar a velha
menos fatigado, iniciou o trabalho herdade de seus antepassados
de plantar. E tendo semeado no Olhou demoradamente á sua vol-
chão duro, nas visinhanças da ta. Quem sabe se alli naquelle ter-
casa, sem ter tido antes o cuidado reno não estariam oceultos também
V de arar o solo, preparando-o para moedas de ouro ? Quem sabe se
receber as sementes, verificou logo, cavando o chão em diversos pontos,
desencantado e triste, que a se- não acabaria por achar out^s
meadura fora inútil porque ali nada moedas ?
nascia. Aquella idéa cubiçosa lhe deu no-
— Já sei — disse de si para si. vas energias e elle correu a buscar
A tetra precisa ser revolvida. Mas, uma enxada. Cavou, então, sem
hei de me pôr a lavral-a, eu, que descanso, noite e dia, aqui, ali,
estou assim velho, e cansado de acolá, sempre a se afastar do logar
tantos heróicos combates 1 onde achara a moeda de prata.
Disposto a abandonal-a, pensou Removia torrões, abria sulcos, re-
em percorrer a velha herdade, volvia a terra toda. sem sequer
ainda uma vez, despedindo-se dos pensar em fadiga
logares mais queridos, aquelks mes-* E quando, dias depois, parou
mos logares por onde andara cm aquelle labor insano, reparou que
seus tempos de creança. uma enorme área de terreno estava
Sahiu, cabisbaixo, por entre as lavrada, tinha sido revolvida pela
arvores amigas, com o passo tardo sua enxada.
dos vencidos, olhando com saudade Não tinha encontrado outras
os recantos queridos, antes mesmo moedas, e isso o desapontava. Mas
de os deixar. como, no fundo, era um homem
Por fim, num gesto de desespe- sensato, considerou no que h»vi.j
*>?.s ro, servindo-se do cajado que lé- feito e disse comsigo:
vava, golpeou o chão em determi- —' Bem... Agora ficarei. Sen
'>v
nado logar. E qual não foi sua sentir, executei o serviço que tinh.i
surpresa ao ver surgir do montão achado tão difficil é pensado não
'¦¦*.

i?l
de terra uma bonita moeda de poder realizar. O que tenho a fazer
prata. agora é já tão simples que não
Abaixou-se, rápido, é apanhou-a. devo partir...

m
teX*,:
E verificou, então, que sé tra-
íava de uma moeda antiga, man-
Com a moeda de prata comprou
sementes. Sem grande esforço se-
dada cunhar um dia por um prin- meou-as na terra preparada.
cipe de uma cidade italiana. Exa- E não é preciso dizer de que
minando-a, ê limpando-a, poudé modo ê com que facilidade lhe
ler. gravada á volta, esta phrasé yéiu, algum tempo depois, a pro-
latina: Anrãm mox aderit", ¦ mettida moeda de ouro*
- 1936
ALMANACH D'0 TICO-TICO

ACALANTO O MACACO E A
Palavras de Joràcy Camargo Musica de Hbkel Tavareí RAPOSA
O macaco ei'a o mais sawao aos
habitantes tia floresta; Subido na
extensão geral do termo. Conheci*
Lissro a geographifl do paiz, a vida de to-
CANTO.
|o^-3^=P =P Si - nhõ .
^
«I - °to Dro - m»
du o mondo e era especialist i em ?
contas, sobretudo na conta de sub- {
Dirrae, dro - n«
trahir.
«niira±tjlem_n caxio Ora, um macaco nessas condi-

PIANO.
mmfmÊzmm
i\ Arrastado
ções nunca poderia ser enganado
por outro macaco e mniio naenoa
, por unia raposa. Pois foi esta —
animal que a fábula nos apresenta
como ;i prinoeza dos ardis — «pie,
vendo o macaco sentado no galho
de uma arvore com uma appetito-
sa banana na mão, pensou em en-
ganal-o.
O' velho amigo, como vae vo.
- num
dro» ra», p'racres -a Que o» gal - !o já tão can . tan do B
cê? — saudou a raposa.
Vou indo, praças a l>cus
sempre pensando nas contas. .
De dividir, meu raranrada?
Não, as contas de dividir não
as quero conhecer. Não têm appli-
cação na vida pratica, Interessa-me
apenas as de sub trahir.
Pois é pena, amigo maça-
| .)? I! qa . ?r i .
co!... Se você flui/esse. m agora
mesmo ensinava a conta de divi-
dil"! E não era preciso grande COl.
^L.í «£*•• 0^.." -o* I - »hó-» Dona I... sa. Bastava esta bnoima <i'-ie vorê
lem na mão. ..
Ora, raposa disse o maça-
co — você não vê logo <|iie bnna.
na não se presta para di',idir?!
Não se presta? Você eslá çn-
' ui_j__l_-LL ^^^^^ ép^^ -T-1 gánado, macaco. Ra até uni brin.
quedo de malha que en conheça
(juc se pôde jogar com banana..-.
4 ** Eu não conheço...
Pois é assim: eu fico de lon-
ge, de pê. c você atir;l a banana
nll.
paia o togar onde eu estoa. Se a
£r-Á—.—¦*-—jlJ—a-i lib«I -J—J-czL I "J-—I~=j=jL=: banana toem- em mim roefi ga.
nhou.
p0« Sea.<;u« - c*u ío« ne-ê-.o mina, Dos c?.m . Ganhei experieneb.
Não, ganhou o Jogo. E eu
ganhei a banana...
- Min! Pois fica de lá que von
jogar!
E assim falando, o macaco des-
ceu da arvore, apanhou, rápido,
unia pedra e atirou na raposa. A
7? Pedra bateu em cheio na anca da
astuciosa professora de jogos, que,
indignada, gritou para o macaco:
Você não sabe jogar!
Não sei jogar? Eu sei até que
Jjf>---=J *^^33=r^~iL. J -li :ri~=i=^r-j-r-,jr —'-^—^^ as raposas de hoje não podem
-kia. da, dos m» - !«,_. Ou»*íu »1 -I* fj-via-nina. Dro.»». mais enganar os corvos, que dirí
a mim, macaco sabido.
A raposa não rjuiz mais conver-
sas. Fugiu para longe, maldizei».
do o velho falwlista La Fontaine
que desvendou ale aos macacos os
seus planos de ardilosa
CaWos Manhães
i.f.*

Drome. drome, stnhozinho, Inhora Dona Izabê

Drome, drome, cresce- Se esqueceu dos negro mínat


p'ra
Dos cabinda, dos malé
Que os gallo já tão cantando
E num tarda manhecè. Que vis) «li»' pequenina.
ALMANACH D'0 TICC-TICO — 1526

ICAO E GATO' 1 DA ANTIGÜIDADE


(HISTORIA MUDA) \ N D Ü S
I
MRS. MERVYN

Histórico: Este povo entra acfi- va que foi supplantada pelo bu-
nitivamente na historia pela in- dhismo. destruindo algumas escolas
vasão de Alexandre (327 antes de existentes — mas, este culto, tende
Christo). também a. cahir, se resttringindo
Tarraelan, quatro séculos mais agora aa Ceylão e á China. Os li-
tarde, depois da invasão árabe, vros sagrados são: os Vedas, com-
fundou um vasto império, onde em pletado pelo livro dos padres Pou-
lutas com os europeus ficou de- ranas; o Mahabharata, Ramai/ana
baixo do domínio inglez — tornan- é as leis de Manon, cheias de en-
do-se uma possessão ingleza. sinamentos moraes, applicados ao
Castas : Desde muito tempo, o povo. Manon prescreve aos alu-
povo indú, está dividido em cas- mnos que infringem as leis dos
tas: brahmas, que comprehende os brahma.". mestres que são o sym-
padres, os jurisconsultos, médicos e bolo da veneração, o seguinte:
professores — sendo a mais favo- quando um alumno desobedecer o
recida e a única a especializar-se mestre, elle o reprehendcrá severa-
em estudos superiores, guerreiros: mente.., porém, de accordo com a
officiaes e soldados; negociantes, falta, se fôr grande e$no inverno,
agricultores e artistas; os servido- jogará o desobediente dentro da
-^=rt° res, que não têm direito â instru- água fria. (Se no Brasil os profes-
cção — e os párias, que são con- sores tivessem um castigozinho
siderados indignos de communicar- egual a esse de Manon ! Não te-
se com os outros membros da so- riam conta os banhos... não é ver-
ciedade. dade, pequenos leitores ?)
Desde muitos séculos, os bra- Commentario: A índia tem feito
hmas exercem grande influencia: diversas tentativas de independera-
cia, que é o anseio de toda a po-
quer como mestres e legisladores;
quer como sábios e conhecedores pulação libertar-se do domínio in-
da literatura sagrada (Védica). glez, e, encarna esse desejo, o gran-
Foram elles que determinaram as de mahatma Gandhi, que, certa-
leis que regem as outras casta;;. mente, vocês1 ouviram falar, pela
Educação: O indú ama ao filho sua excentricidade, usando como
c o prepara para a vida futura. A vestuário uma simples tanga —< e
creança, ao nascer, já tem destino alimentando-se de leite de cabra.
fixado... c á proporção que crês- O systema de educação ê muito
ce, preparam-na para a vida — na atrazado. principalmente, em rela-
educação familiar; amor aos pães e ção á mulher. As castas também têm
aos mestres. Os meninos das castas conservado um orgulho e egoísmo
superiores estudam os livros sagra- desmedidos, impedindo a acceitação
dos — três — shastras —.que cr- dos methodos modernos; nota-se,
denam a fundação de uma escola porém, pela influencia da Inglaterra
Jr't^'' -'' *// -' em cada cidade. As meninas, po- diffundindo a instrucção, apesar de
rém, não se instruem, porque são encontrar o maior obstáculo, que é

#$ iJ olhadas como seres inferiores, pois.


Os indús acreditam que a mulher
o tradicionalismo egoísta — a m
certo declínio daquelles sentimen-
;^ culta não obedece nem trabalha. tos, nascendo a idéa do Chrístia-
,T nismo, que encerra a fraternidade
Os estudos são quai que exclusiva-
mente religiosos: leitura oral dos universal. Mas, a despeito de todos
livros sagrados, catecismo budhista os erros, a índia tem sido um paiz
de philosophos, literatos e mathema-
ç Vedas *- escripta c mathematica..
ticos, sendo-lhe attríbuida a inven-
Podemos classifical-os, embora que
ção do systema decimaL
impropriamente, em estudos prima-
rios — tal a deficiência dos me- Oxalá, que um dia a loura Albion
na
(Inglaterra) possa introduzir^"Pe*
thodos.
Educação religiosa; índia os costumes e a luz da
Brahmanismo : Religião primitT- dagogia Occidental"*
ALMANACH D'0 TICO-TICO .— 1936

uiHiiie IIIIL ÊÊ LETRA DE OSÓRIO DU-


QUE ESTRADA, MUSICA

SBáSILElBO Wm '^<3V?_^*_S_f
/<rÇ JU^*^
DE FRANCISCO MANOEL

Ouviram cio Ypiranga as margens plácidas Deitado eternamente em berço esplendido.


De um povo heróico o brado retumbante Ao som do mar e á luz do céo profundo,
E o sol da liberdade, em raios fulgidos, Fulguras, ó Brasil, florão da America,
Brilhou no céo da Pátria neste instante, Illuminado ao sol do Novo Mundo 1
Se o penhor dessa igualdade Do que a terra mais garrida
Conseguimos conquistar com braço forte. Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida",
Em teu seio, ó liberdade, "Nossa vida" no teu seio "mais amores".
pesafia o nosso peito a própria morte!
O' Pátria amada.
O' Pátria amada,
Idolatrada,
Idolatrada.
Salve! Salve!
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja symbolo
Brasil um sonho intenso, um raio vivido
O labaro que ostentas estrellado
De amor e de esperança á terra desce,
E diga o verde-louro desta rlammulj,
Se em teu formoso céo, risonho e límpido,
Paz no futuro e gloria no passado.!
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza, Mas, se ergues da justiça a clava forte,
E's bello, és forte, impávido colosso, Verás que um filho teu não foge á luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte*
E o teu futuro espelha esta grandeza.
Terra adorada Terra adorada
Entre outras mil, Entre outras mil,
E's tu Brasil, E's tu Brasil,
O' Pátria amada ! O' Pátria amada ! ¦

Dos filhos deste solo és mãe gentil. Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada. Pátria amada,
Brasil I Brasil!

'
¦ ¦ -._¦! I ¦

ACTUALIDADE RASILEIRA

Superfície — 8.541.000 kilometros quadrados.


População — 44.000.000 de habitantes.
Forma de governo — Republica constitucional federativa
Lingua — Portugueza
Religião predominante «—. Catholica Apostólica Romana
Estados —- Vinte e um Districto Federal
Estados marítimos — Dezeseis
Estados centraes — Quatro.

¦_¦ III ¦»!¦ —¦¦¦l,»l|l| jll '" """*"


ALMAlsACH D'0 TICO-TICO — 19S6

A Herança w>°
dâ Raposa
CONTO Dl:. UALVÃO DE UCEilíOZ

Havia muito tempo que reinava


grande desavença entre a raposa e o
macaco. Por dá cá aquella palha sur-
6ium discussões e era sempre preciso
os outros bichos intervirem, para
acalmar Os unimos exaltados, e evi-
tar que os dois chegassem ás vias de
lacto.
A raposa, astuta, sempre que podia
pregava unia peça ao dcsafeeto, são
lhe poupando humilhações per» te
os animaes da floresta. Por sua ve/.
o macaco, matreiro c irrequieto, pro-
^ré'^mw;m
eurava fazer á inimiga todo o mal
que podia, sem a menor contempla-
ção
Viviam, assim, como galo e cachor- Eu é que sei da vida delle! Morreu de gado que ê um mar!... Emfim... Es-
ro, nu tu a eterna luta, cada qual I_- ruindade.. . pere um instante, que vem me arran-
vando vantagem hoje para ser ama- Muito me admira que a senhora jar um pouco, e já venho.
nhã vencido, mas nunca desanimao- diga isso! — exclamou, contristado, Esiaimada como estava, a raposa
lio de dominar completamente o ou- o sapo, limpando uma lagrima. Pois dava graças á Providencia, que ins-
Iro. imagine que justamente o que me pirára seu inimigo, antes de morrer,
Certa vez, em quo chovera segai- trouxe aqui, foi uma incumbência para lhe deixar aquella herança, tão
Bamente vários dias, a floresta cst;i- muito séria, que me deu o finado, opportuna.. . Duas patas! Mataria a
va transformada em verdadeira la- ainda antes de morrer... Pouco an- fome de três dias, sem necessidade
Jjôa, c os bichos nem se animavam a tes de "esticar" cllc me chamou de de ir atacar os galliuhciros, longe,
sahir de suas moradias. Apenas os parte e me disse: correndo riscos de toda a espécie...
sapos estavam contentes, e passavam Amigo sapo, quero lhe pedir um Que coisa boa!
os dias coaxando alto, para desespe- obséquio. Eu tenho sido um grande E mal entrou já voltava, coberta a
to do resto da bicharada. E as aves desafecto da comadre raposa, a quem cabeça com uni chalé, para sahir,
pcrnaltas, só ellas, se arriscavam a tenho dado desgostos e trabalhos. acompanhando o sapo, em busca do
sahir a passeio. Agora, que vou morrer, estou arre- presente.
As noites, escurisstmas, pareciam
pendido, e quero reparar todo o mal O sapo — que viera mandado, 'como
e
ainda mais chuvosas do que es dias,
e a raposa, por isso, não podia sahir
que a cila fiz. Depois que eu acabar, querendo divertir-se — sabia
e cpie me enterrarem, você vai pro- devia proceder. Enveredou, por isso,
para visitar os terreiros, a ver si pi- cural-a c lhe dirá que eu lhe falei nis-
jhava algum frango gordo, com que pelo caminho mais alagado, pro-
matasse a fome. Mettida era casa a to, c que ella me perdoe, e lhe pedirá curando os logares mais abertos da
que ella accelte uma lembrança mi- matta, onde a chuva cahia mais forte
pobre se maldizia, roendo as unhas, nha. Eu deixo para cila estas duas e direetamente. Deu voltas enormes,
imaginando como seria hrom papar
ttma gallinha gorda^aquella hora... patas. Estão magrinhas, mas são da- alongou o caminho o mais que pon-
das ite eorsfSo • pode dizer a ella, de, e a raposa se limitava a andar,
Nisto surgiu, entre as folhas, uni — que sei que é apreciadora de pe- atraz delle, de cabeça coberta, o ch.<-
sapo, muito risonbo, e a escorrer
água, e se appi_ximo_ delia, cumpri-
tiscos". le já a escorrer, ella toda a escorrer
Já vê a senhora, comadre, como ott ngna
mentando-a todo atuarei. Estou com medo de me resinar
fíoni dia, dona raposa. Como lhe dizia. . .
Mu... escute, mestre sapo: Isto ~- disse ella ao companheiro, a ceria
vae passando'.' Bem? altura. Já tenho a garganta ardendo...
Eu, bem?! Só se eu fosse sapa verdade-í
— respondeu de máo hnnior. Só as Tão verdade como cslar cho- E logo adeante parou, para dar
sapas, com om tempo deste se sentem vendo eiu cima de mim! E1 o <|tie lhe dois espirros, signa] evidente de que
hem..._ - aecrescentou desdenhosa. digo! Elle morreu e eu fui ver as se rcsfriáia mesmo.
Não é tanto assim, compadre. duas patas, que lá estão, á sua espe- Andaram ainda um poueo e, afinal,
Nós tombem lemos as nossas triste- ra. Quando a senhora quizer... o sapo parou.
zas. Eu, por exemplo, estou vindo do Você podia me ter poupado E' aqui a casa do pobre amigo
enterro de um grande amigo, um esse trabalho, de sahir com chuva — disse.
amigo do coração... O coitado mor- para ir buscal-as, amigo sapo! Afi- E as patas? — perguntou a ra-
reu hontem, victimado por uma grip- na!, eu tenho que accciln:- esse pre-
pe violenta. sente, pois seria ter o coração duro posa, entre dois novos espirros. On.
Por causa deste tempo, vê? Pobre demais, o recusar uma dádiva deixa- de estão ellas?
da por um pobre coitado, cm artigo Espere um pouco — respondeu
amigo macaco! Tão moço!...
Que? O macaco morreu?! de morte. Sim, porque o tal de maça- o guia. — Olhe, aqui estão alguns
Bem dircitinho, comadre. E eu co tinha algumas qualidades, c nein amigos.,. Quero que elles assistam :i
estou pezarosissimo! Nós, seus ami- sempre fomos inimigos como ultima- entrega que lhe vou fazer. Como bom
monte. Houve tempo, até... teslamenteiro, quero ter minhas tes-
gos, fizemos o enterro á sana custa, temunhas. . .
pois o coitado, tão bom, tão rarilati- Não interrompendo, minha co-
vo em vida, dava tudo 0 _ue tinha c madre, se a senhora quer ir lá, bus- As testemunhas eram a saracura, a
morreu na maior penaria... car o presente, tem que ir agora, por- garça, a araquán, o joão-grande, e
—.Historias! Aquillo era mesmo ¦que eu tenho que fazer uma viagem alguns outros pcrnaltas.
um cabra ordinário! Quando foi, é a e não me posso demorar...
tpicni foi <uie elle deu alguma coisa? Coi_ esta chuva? Está tudo ala- 'Continua no Um da numero}
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 19Jd

ORACAO A* PAPAE KOEJ.

NOEMAÍ Papai: Noel:


Todos os annos, no Natal,
ouço dizer que não descanças,
botando doces e brinquedos
nos sapatinhos das creanças.

- —¦ / í fc eu, que também sou pequenina,


'ti fic0 a pensar porque razã°
-_>¦''/* ^sy^sÁ>sf
£-</ CA^C^f C4^C-*L^Cf só para mim nunca foi pródiga
a tua bemfazeja mão.

Mas este anno, não te esqueças,


Se algum brinquedo te sobrar,
que eu tenho aqui um sapatinho
ha muito tempo a te esperar,

Se fôr então uma boneca,


que bom será o meu Na tal 1
se não tiveres uma grande,
pequena mesmo... não faz mal.

E se tu vires os meus olhos


cheios de pranto nesse dia,
Q u A n R o não te entristeças, bom Noel,
também se chora de alegria.
Junto a um pé de rosmaninlio,
bonito como a verdade,
Para esta prece ser ouvida
num banco tosco, o velhinho
pela tu'alma af feita ao bem,
descança, ao cahir da tarde.
peço contricta ao Deus menino
Na fronte, que já não arde que lá no céo murmure — Amem.
e foi de sonhos um ninho,
acolhe agora a saudade
e vive do seu carinho.

Nos seus trêmulos joelhos,


ouve o neto os seus conseiKo3,
alegre como ninguém.

E o velho lembra o passado,


quando era assim amimado
3 "2?
e tinha um avô também.
ALMÂNACH D'0 TICO-TICO — 1935

DE
Ascidades latinas da America
CARIJÕe
\jJC3C2 q^P»—IIMIIIIililllii-lllll Hoje em dia que podemos dis- Na Argentina, ha também Lu»
por de avião para viajar rápida- jan, a Lourdes desse paiz, ponto
__v N W^tti r^T^?í__i mente pela America do Sul, muitos de convergência dos viajantes curió-
íourisíes aproveitam a opportum- sos e onde se pode visitar a famosa
dade para visitar as cidades latinas Cathedral, sempre procurada por
que offerecem características in- peregrinos de varias partes do paiz
teressantes e dignas de serem co- e que ali vão pedir a cura dos seus
nhecidas. males.
As excursões feitas por interme- O porto do Rio de Janeiro, é o
dio dos grandes transatlânticos, são, local de attracção e de belleza,
sem duvida alguma, encantadoras c muito admirado pelos toutistes.
________a5"'"2_-___l offerecem mais vagar para certos Logo á sua entrada, se pode dédu-

Carijó e Alho, aproveitando a passa-tempos s o - _ir da belleza da


ciaes tão apreciados. cidade, situada ao
ausência de seus pães, foram briu-
car de pular e saltar do bonde, em Essas viagens nada sopé do Pão de
movimento. Estavam contentissimos soffreram com o in- Assucar e do Cor-
com a nova brincadeira. vento do transporte covado, os dois
aéreo, pois, são tam morros que nelia
bem mais baratas e sobresahem maravi-
accessiveis ás bolsas lhosamente.
mais modestas. A cidade é cêr-
As agencias de cada por morros
I- ^_^"^'^__ir _______&_* \ y 1 VB
viagens, constatai que formam um
agora uma procura fundo admirável de
intensa dos touris» vegetação á bella
tes pelas cidades dai paizagem.
America do Sul, A linda Guana-
ainda tão pouco co- bara ou Rio de Ja-
nhecidas ha alguns skdBHF*** neiro possue uma
annos. Rio de Ja- infinidade d e lin-
neiro. Lima, San- Scena do Ro de Janeiro das praias, como,
O conductor gritava, esbraveja- tiago do Chile e a
v*a; o fiscal os ameaça de pancadas, por exemplo. Fia-
bella Buenos Aires, estão sendo, mengo e Copacabana, onde ha um
mas nem assim. E continuavam com
o brinquedo. sem duvida, vivamente apreciadas e grandioso Casino, entre os melho-
recommendadas aos estrangeiros. res do mundo inteiro.
Buenos Aires, por exemplo, nota- Valparaiso, tem também um ma-
vel por sua elegância e pela belleza gnifico porto e Vina dei Mar é um
e movimento dos seus boulevards, dos seus melhores subúrbios, do-
é já conhecida como — o Paris do tado de um grandioso Casino onde
Novo Mundo.* os viajantes encontram todo o con-
A Avenida Alvear, ladeada de forto moderno da vida social: thea-
arvores gigantescas com as suas tros, cinemas, campo de golf, res-
filas de) autos e o seu desfile in- taurantes e jardins á beira-mar^
cessante das mais bellas elegantes De Valparaiso a Santiago do
'__" l9 i ;.— ¦ "'**' __r bem como a linda Avenida de] Chile, uma excursão de três horas,
fBittXm i i rLlI-r 1 Mayo, sumptuosa e rica, não ficam o scenario é simplesmente maravi-
certamente áquem das mais gran« lhoso.
diosas do mimdo< Tcm;)le Manning

Mas, desta vez, Carijó pulou em


falso. Resultado: 1." parte: uma
brecha na cabeça e o sangue escor-
rendo; 2." parte: água, iodo, espa- ^-./"¦•VW-VW

xadrapo e vara de marmelleiro...<


ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

A gargalhada daquelle* dois homens repercutiu pelos campos cheios de sol. Elles riam porque um velho e um menino caminha-
vam a pé, trazendo um burro que bem podia ser montado.

A' tarde, o velho voltou. Elle vinha, como na velha fábula de Lafontaine, trazendo o pequeno montado sobre o burro. Os dois ho-
meras riram ainda e diziam: — "Que palerma! O menino sobre a cavalgadura e o velho a pé!"

No dia seguinte quem appareceu montado sobre o burro' foi o velho. Lá estavam os dois homens que riram também, accusando
Pobre velho, a quem chamavam — "preguiçoso" e "commodista".

O velho já nio mais sabia o que fazer e na volta, trouxe o burro ás costas. Os homens explodiram em gargalhadas. O pequeno
então nio se conteve e falou: - "Por que será que vocês, um magro e pequenino, tem uma casaca grande, emquanto o outro,
grande e
Bordo, tem essa jaquetinha?"
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

©aÉiífc
£ f£U LAVADOR. DE

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^r/s—- I //^l aflafeSs^^. \ 1*1^^^-^/ A^aaHatt ^"™

C6 SNRRRS TEM O MANUAcKvl ^ NÃO L QUE PENAjLJ_ >K x 1 VOU vJA' COMPRAR,
DO GOlINKtElRO Jr í^-r-, AQUELLE LI f"-"Q
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0 HOMEM
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?5SS£E S?5DEC. ^-Q^LLeJ>5 lOH1 PERRO rpOR. 500MIlI |AâU1 ESTA' MEU.DlSSe QuE Daç>,a
MANUA^pO cosUNHEIgO? REIS EU VENDERIA TÜ_ O LWftO QUC(?\Ur1 C0NT<O^
C^àL, VACxOÇ \ DAS AS SR PEDIA POR UfjUDE REIS
^^>.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

GH$uhmâà^iu\
aw \\U^^ 0 papagaio, a arara e outras aves faladoras
aves, uma ^^^
O camaleão afri- Rl/Ü.1 7<í possuem, á diferença das demais
cano apesar do Wt^X/\ AmÊn língua grossa e carnosa que muito lhes ajuda ÍQ
aspecto verdade-i- Bfflii Xm a tagarelice. O Brasil é tão rico cm espécies JC\?y N/ ^5?
ramente diaboh- IL?r/2$ dessas aves que foi durante muitos annos f /^T5^^». /
como "Terra dos Papagaios" Kc/i\
co que apresenta iffTLir\!C'/f^ conhecido

Jflk Whk,_'""4ís2sCs?-m
'¦^^^/v^^i__^LyM^ÍF/^è\.^^ tâo )a^oris' tartarugas e kagados (répteis quelonios) são
=°^/(h\—^jJyV^grg <-)s
jÚ&*/W0M\J res'stentes 1ue nao se alteram quando se lhes corta
/( ,///y f~~^£s£sss&" uma Perna. segundo o naturalista patrício Rodolpho Von
\.!y J^ I yy/ Ihering, mesmo sem cabeça esses animaes ainda vivem
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

HADJI - O bondoso l_Jl I Uv"~^L_JIL—


e
BRAHIM-O egoísta

iinniMiiiMníiiaiiiinM mllillllllMÜr L -y? i[<íi~?r^/'iyir>j|/jféKzZ'/ *^_^

m Brahim, um delles, era muito alegre e tào gordo que se não


podia mexer. Seu visinho Hadji, contrariamente, parecia uma
múmia, tal era o estado de magreza. Era o mais piedoso.

Havia na Tunisia uma planicie tida como sagra-


da, por encerrar dois túmulos de personagens santos.
Dois sacerdotes guardavam-n'os.

^n
,_.>s4 il ] / ^z^F—A vJt/ÉK. -W/7 >=^

Demais, os peregrinos, horrorisados com o aspecto de


Hadji, voltavam-se todos para o rosto prazenteiro de Bra-
him, offerecendo-Ihe o que traziam.

Alimentava-se com algumas passas e figos seccos,


emquanto que Brahim procurava sempre o melhor
K /vT^p /vi /
para comer.
Ijl
Ji-rgZ3C

r^cTcn /1 11—JJpSiSW

De maneira que Hadji emmagrecia cada vez mais, ao ...offerecia ao companheiro. Também Hadji nada lhe pedia,
passo que Brahim engordava, de um modo horroroso. Uma vez, os bandidos foram ter ao deserto. Como a planicie era
Este ultimo, muito egoísta, nada do que recebia... sagrada, os dois sacerdotes nào pensaram em fugir.
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

Mas, aconteceu que os ban- //prVN //I/tÍlSj ' ^âo era ^e esPerar 1ue taes
didos, vendo-se perseguidos, //-l'.'|^ 'IX^^t jlj^^bvS~ " \) ÍJ- j\
indivíduos respeitassem os sa-
_.' .* \\
resolveram ir ter á planície. ~
|| ^^f^/i/VV^j * —--<% f\ — II cei"dotes. Brahim quiz subir a
Era tal o seu furor que resol-. "*^—*?- uma arvore' mas esta Par*'u-
(JLpiJPfjfh^irf-^^^^X^—^ ]|
ram roubar os túmulos. Ul^r^rlf^l/s'^^^"^^3 VT Se'
II

Tal operação durou Os bandidos vendo-o


muito tempo para que tão pallido, julgaram ter
Hadji pudesse pensar deante de si uma esta-
em salvar-se. Estendeu- tua. Retiraram-se cren-
se no solo e conservou- tes de que os dois sacer-
se immovel, confiando dotes haviam abando-
no Destino. nado os túmulos.
^~^ c^qVoIÍoçIq.-,

Quando Brahim se viu salvo considerou o quanto devia a


Hadji e, desde então, foi generoso para com elle.
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

d"

A ?r-

vóvózinha já tinha esgotado todo* o$ meios para fazer dormir o pequenino Mar-
cello. Elle negava-se a fechar oi olhinhos preto* emquanto não lhe contassem
uma historia bem bonita. E a vóvózinha recomeçava a historia do "Gato de
Bota*" e o Marcello interrompia:
D "Essa, não. Vovó
já contou. Eu quero uma nova. Si vovó não sabe outra, in-
venta." A boa D. Ritinha sorriu, meio fatigada, acariciou a cabelleira farta do netinho
rebelde e começou:

Depois do nascimento do Menino Jesus, numa pequena cidade da Judéa, o rei


Herodes, que era muito máu, encheu-se de cólera porque todos diziam que aquelle
menino era o Messias que Deus mandara para salvar a humanidade. Herodes, en-
tão, ordenou que a sua gente degollasse todos os meninos a baixo de dois annos e que
se encontravam em Belém e seus arredores.
Só havia então um meio para salvar o Menino Jesus: — Fugir.
S. José, cheio de resignação, ajudou Nossa Senhora a montar sobre um uurri-
nho. A Virgem Martyr agasalhou nas dobras de seu manto o Filhinho querido e par-
tiram para o Egypto. O caminho era ingrato, coberto de areias fofas e o vento es-
caldante que soprava difficultava mais ainda a marcha do burrinho. O Menino Je-
sus chorava; tinha fome, tinha sede e não se via na planície extensa um só oásis.". .
O que é oásis? — perguntou Marcello.
N São pequenos grupos de arvores onde ha sombra e acua no meio dos deser-
tos, — explicou a vovó e continuou:
"São José então collocou dentro de uma casca de coco tres caroços de ta-
maras e fez para o Menino Jesus um maracá."

i
'TICO-TICO
ALMANACH D'0 — 1936

H-r-A \JT~7

O que é maracá?
E' uma espécie de chocalho.
"Com aquelle brinquedo
pobre o Menino Jesus deixou de chorar. Sorria mais
contente, chocalhando aquelles caroços de tamaras, mas, de repente, tornando-os
dentro da mãosinha pequenina, lançou-os, como um semeador sobre a planície cal-
cinada. Depois fitou risonho o rosto pallido da Virgem triste. S. José procurou, em
vão, as três sementes e o burrinho, tropego e indifferente, continuou a caminho do
Egypto.
Lá para traz ficaram, afogados na areia, os três caroços de tamaras. .
Passaram-se trinta e três annos. Apesar da terra má onde cahiram, os três ca-
roços germinaram. Nasceram então três lindas tamareiras. Uma é toda branca, a se-
gunda toda verde e a outra toda azul. São ellas hoje o único oásis que resiste á bru-
talidade da terra e ao vendava! inclemente. Ahi ha sombra, ha água, ha paz. Deram
"Fé", á verde chamam "Esperança" e á azul deram o nome de
á branca o nome de
"Caridade".
Quando o caminheiro triste e fatigado desfallece e tomba extenuado á
sombra dessas três tamareiras, e bebe a água boa cuja fonte ellas escondem, sente
que a vida volta, mais feliz! Ergue então o busto queimado e beija agradecido as pai-
mas hospitaleiras"
E a vovó terminou:
"Si um dia, Marcello, as forças te faltarem, procura as tamareiras que o
Menino Jesus plantou."

O
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

— A culpa é tual — dizia D. Durvalina a seu E o dr. Paral....,as, tio or- Arranjou um biombo com dois orifícios e escre-
marido o dr. Paralama» que se queixava da vida. — gulhoso de seu titulo, resolveu veu em cima: "Machina de fazer as unhas".
Por que não te dedicas ao of ficio metter a cara no tal officio,
de rnanicura? mas sem mostrar a cara.

FUMAR
r^ST ^1 >^T\ P E DE-VE NAO

Assim era possível exercer Os freguezes, e principalmen- . . . metteu mãos á obra e não tinha mãos a medir. O seu gabinete estava
aquella funeção modesta e man- te as freguezas, começaram a ap- sempre cheio, porque seus preços, além de commodos, eram ainda favo-
tcr-ne desconhecido. parecer. O dr. Paralamas . recídos com um bilhete numerado correspondente aos bichos do jogo.

MACHINA
PARA FAZ ER
IMHA?

««¦¦-¦»
1 ¦ ¦¦¦¦¦¦•¦"
*¦'¦ ¦¦¦«¦¦¦¦
eat+tUma vez uma preta gorda O dr. Paralamas fez-lhe as ...mas a mulher qui? . . . cara por cima do biombo e soltou uma
"Ué! Seu doto"! Era
metteu as mãos nos buracos do unhas sem o menor preconceito... ver como era a exclamação: — a
gabinete. china; metteu a. Brigida, cozinheira do dr. Paralamas!
- 1936
ALMANACH D'0 T1C0-T1CG

i C O MO SEPASSA A V lD A |j

— amar — gastou 5,1 c/o


p^ra
Um diário minucioso organi- «le sita vida toda. Ainda gastou
zado por tnn allemão oekige- .8 décimos de 1 % em barbe-
nario dá-nos uma resenha de ar-se e cortar o cabcllo. Uma
como passamos a vida. Sc- fracção de 1 % também em
gundo as suas declarações, bocejar, em procurar os botões
aquelle senhor passou um terço
de toda sua vida — dormindo. do tempo. O tempo que dedicou a se ali- perdidos de sua camisa, em rir
O trabalho absorveu-lhe 26,6 % mentor e beber íoi 75 %, émquainto que e em limpar os seus óculos.
^i^AA^AW ¦

Caixinha de Para ler e


segredos aprender
Não íoi ainda possi- Nos seres humanos o
sentido do olfacto é o
vel ao homem reprodu- . mais fraco dos cinco
zir a luz egual á que porque é o que de me-
cmiítem os vagalumcs. nos necessita o homem.
'" ' '" * ' , r ?>

A neve é a água con- Os pagodes chinezes!


gelada que cahe da at- são cm geral de fórma!
mosphera em flocos ex- cylindriea.
tremaiuente brancos.. "chauffeur"
A palavra
é de origem franceza.
A população do Esta-
do de Minas Geraes está
Nas m o n tanhas da
calculada em 8.285.923 Hungria existe uma es-
habitantes. pecie de pinheiro, cha-
mado aleppo, que pode
ser finamente laminado.
A bondade é a cruz
de todas as religiões.
Amar as arvores é
cüiirirehendcr a vida.
Os japonezes cultivam
uma espécie de amor. A carne da rã é de
perfeito que é fortemen- poderoso resultado ali-
te de côr rara. menticio.

A coruja é útil. Devo- O condor c a única


ra os ratos que causam ave, que conserva os fi-
lhos no ninho durante
daninos á agricultura,

O continente america-
Onde estão os animaes? um anno. Estes não po-
dem voar senão doze
meze* depois de sahi-
O circo estava todo embandeirado c a musica enchia rem da casca.
no é quatro vezes maior
que o europeu. o ar de alegres dobrados e marchas. Foi nessa oceasião
que o palhaço — o Pepino — tão querido da petizada, As asas das vespas fa-
exclamou: — Deus meu! Falta apenas meia hora para zem 190 movimentos P°r
A Terra é um milhão começar o espectaculo e todos os animaes sábios do cir- segundo, durante o vôo
e trezentas mil vezes me- co desappareceram! Como hei de me arranjar em taes do insecto.
apuros? — Não te afflijas — disse o palhacinho Tony —
nor que o Sol. os animaes estão aqui mesmo e se esconderam para ver
se consegues descobril-osl Tomando a media de
A luz do sol gasta oito Era verdade o que dizia Tony. No desenho estão o um anno inteiro, a hora
-elephante, o cão, os dois macacos, o cavallo, o urso, o mais fria do dia é a das
minutos para chegar á
leão, a leoa, o ganso e o papagaio. Procurem os animaes, 5 da manhã.
Terra. para ajudai- o pobre Pepino.
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

B S C 0 c

.Um inglez eminente disse Andrew Carnegie. rei do


que a Escócia era um pau Aço; John Muir, celebre ca-
etn que os homens e os ca- turalista; Alexandre Graham
vallos se alimentavam de Bell, inventor; Lindley Mur-
aveia. De facto, a aveia é ^^(___7_—r^nJMt^j^jJÊÊwmi^tíf!'-' ray, autor da primeira grani-
celebrada na Escócia com matica ingleza, e William Mc
cantos desde os tempos mais PARRITCH", o principal dos alimentos da Luce — que foi chamado o
antigos. Burns decantou lou- Escócia. Entre os homens celebres que — Pae da Geologia Amo-
"HALESOME
vores ao nasceram na Escócia, devemos lembrar :; ricana.

siciLia, ponte De encantos


MWW^V>yVWWW^*<»WMWWWWVW4 fa^SrfV^**- ¦ W»^^^»^^/^A^^^^^^^i^^^^^^^^^i'>^'^^Ai*i*i*^^^»'*^^*^^^^^>^'^^^^i^**^/V**N*'i*^^/*i^*N^^rf>^»^i^^*V*^^V

Para os que apreciam viajar no in- Taormiua, a 30 milhas ao sul de


verno, não ha logar mais bello do que Mcssina, é a região da Sicilia que
a Sicilia, pois o seu clima offerece í» attrahe mais visitantes. Ahi encou-
melhor conforto possível. E' mesmo tram-se ruinas bellissimas e thesou-
superior á Riviera. A Sicilia é uma ros do tempo dos gregos, romanos c
tenra agricultora e a grandeza da sua sarracenos e até ruinas gothicas. A
costa e o scenario de suas monta» vista do mar é soberba e d'ahi se des-
cortina o Monte Etna do amphithea.
nhas são um maravilhoso contraste.
A Bahia de Palermo: — Palermo tro greco-romano. Na primavera, as
é a capital da Sicilia e merece uma arvores em floração e as laranjeira»
longa visita. À Bahia de Palermo é perfumadas constituem um scenario
de ama ferma exquisita e a cidade é gracioso e encantador.
bellissima. Fica num amphitheatro Na Costa da Sicilia fica Syracusa,
de pomares. Ha muito que vêr, que Onde ha o theatro grego, o theatro
fazer, em Palermo, e por isto os «v- romano e fortalezas, túmulos, cata-
cursionistas vão em grupos devassar Ruinas da Sicilia cumbas, templos, cathedraes e a lin-
da fonte de Arethusa. O Museu tem
os recantos deliciosos da hahia. Per-
pela antigüidade e onde ha um holel uma collecção maravilhosa de vasos
to fica Sta. Rosalia e no Monte Pere. elegante e um edifício de águas ther-
e moedas e a famosa estatua de Ve-
grino, a cathedral de Monreaise, on- mães.
nus. Depois de Syracusa, deve-se ir
de ha o bello Monasterio com uma Segesta tem um templo grego. Por
'ioda a a Malta ou a Tripoli, na África, via-
fonte do tempo ainda dos Árabes. parte pódem-se contemplar as
Em Cafalú, ha uma serie de ruinas ruinas phantasticas do antigo domi- gem que é percorrida em 24 horas,
nió grego cercada de um panorama magestoso.
prc-historicas. Entre a capital e Ca- — Temple Manning.
Agrigento que foi unia cidade gre-
falú, fica Termini Imerese, famosa
ga de Akragas e depois se tornou a
prospera cidade de Agrigenlo no tem-
__&_ po dos Romanos, é hoje um centro
muito populoso. Também tem tem-
pios gregos, entre os quaes o Templo
mm^ã- da Concórdia, é um dos mais bellos
.do mundo.
— 1935
ALMANACH D'0 TICO-TICO

LJMAs
VEZ
(NADYR CARDOSO LOPES)

A Vida é um grande livro. Em cada pagina ha uma historia...,

Conte uma historia, vovó, con- as palpebras, devagarinho, tfevagari- Princezas, fadas e castellos... E*
nho... 4ão bom a gente sonhar...
te uma historia bem bonita... faz
tanto frio lá fóra c está tão quente a ... Era uma vez...
* *
caminhai... Conte uma historia, v<>- ... Amelinha freqüenta a escola c
vó; uma historia bem bonitinha para Amelinho agora é moça. E, como
eu dormir e poder sonhar... já sabe lêr.
Quando chega da aula, com a ca- são pobres, a avó e a neta, Amelinha
E a avózinha começou: becinha cheia de lições, radiante, já sahe para trabalhar,
Era uma vez... em tempos que diz num gesto de victoria, á vovó que Todas as manhãs, bolsinha na
já se foram, um paiz muito bello e a olha embevecida: mão, curvada a fronte, segue rumo á
muito rico, onde nascera uma prin. — Avózinha, agora sou eu quem officina...
cezinha. Assim que nasceu a prince- lhe vae contar bellas historias! Na officina em que Amelinha cos-
za, as fadas do reino, vieram todas Era uma vez... tura, também trabalham muitas mo-
trazcr-lhe magníficas prendas... Uma As duas começam a rir... São só- ças; mas são moças que já não têm
dotou-a com a bondade; outra com a zinhas, são alegres, são tão unidas e mais avózinhas para lhes contar bis-
intelligencia; outras, mais formosas, amam-se tanto a avó e netinha... torias...
deram-lhe ainda a belleza, o espirito Amelinha sabe contar cousas ad- Ai! não têm mais avózinhas c são
e o amor. De todas as Magas, a prin- niiraveis que aprende e lê. Ah! mas ellas .próprias que contam ao próprio
cezinha, recebeu lindos dons, mas o historias, não as ha como as da avó- Sonho, ouvidas ao tempo e aprendi-
mais bello de todos foi-lhe oífertado zinha. das pelo mundo, historias... tantas
pela fada da Vida, que lhe trouxe a As historias de Melita, são mais historias!
Virtude... reaes, são verdadeiras, e não são tão Mas como differem das da avózi-
Melita, deitada na caminha de ina- bonitas... E as da avózinha fazem nha!...
deira escura, coberta por uma colclra de manso tão bet" adormecer... Tão diffcrentes, tão differentes.'
azul, de lã, ouvia quietinha as pala-
vras da avó, arregalando muito os São historias de príncipes que of-
olhos vivos e brilhantes. ferecem jóias em vez do coração...
Princezas que só pensam nos vesti-
Quando o conto terminou ficou um dos de seda e nos thesouros do pre-
instante pensativa. Depois de um si-
lencio, quebrado unicamente pelo ferido em vez de olharem a nobreza
tamborilar monótono da chuva na vi- do Amor... Automóveis macios, pas-
draça, perguntou em sua innocencia seios que são verdadeiros paraizos.
de creança: Festas... Houve até quem contasse a
E quando nasci, vovó, lambem historia de uma Gata Borralheira no
vieram as fadas século XX!...
A avózinha quedou-se muda um Século XX? Pois então?! Tudo ê
novo, idéas novas, sonhos novos, mo-
instante, a olhar fixamente os veios dernismos: E as historias anti-
de prata com que a chuva riscava to-
gas?
da a vidraça; por fim falou lenta- Pobres das avózinhas...
mente:
Quando nasceste, Melita, tatu- E, acercando-se de Melita, rindo- m
bem vieram as boas fadas... se as companheiras vão sussurrando-"
E deram-me muitos presentes, lhe pouco a pouco, ao ouvido inda
vovó? assustado:
Era uma vez...
Sim, deram-te muitos presentes,
Amelinha, aturdida, abre os olhos
Melila...
bellos e innocentes, esforçando-se
Uma disse que deverias ser bõa;
outra que irias ser estudiosa e obe- por perceber o que dizem, sem poder
no entanto bem comprehendel-as.
diente... — E baixando a voz, do- E como a notasse, lyrio em botão,
cemente continuou: — como a priu- outra censurou:
ceza, a fada da Vida, a mais formosa, Deixem-na, coitadinha! não vêm
trouxe-te a virtude...
como é nova ainda? Mais tarde a
E' preciso agora, Melita que sem-
própria vida se encarregará de con-
pre te lembres das boas fadas, e não tar-lh'as..
te esqueças nunca dos bellos presen-
tes. sinão ellas zangár-se-ão e tornar- E crocitou a gargalhada aziaga dai
te-ão sempre triste, muito triste... corujas...
O silencio cahiu outra vez sobre as * *
—^^ i
«luas, unicameifte interrompido pela
linguagem soturna da chuva... E A' noitinha, quando Melita vol-
vendo-as encolhidinhas pelo f«;.o, o tava, cançados os olhos, os ouvidos
somno veio Acom seus dedos de plu- k.__ _-'. .
I cheios, não mais lhe pode prender a
avózinha, Sôam-lhc sempre ao ouvi-
ma. leve e traiçoeiros e fechou-lhes
ALMANACK D'0 TICO-TICO —.1536

AOCIDENTES CASEIROS {

-JL-aJI—t—I—I—mjmfl—1—La 1 Og Ka|
% i usar cadeiras de pouca segurança
O Conselho Nacional de Segurança para servirem ãe escadas tem
dos Estados Unidos da America do Nôr- provocado perigosos accideíi-
le declarou recentemente que são em tes.
grande numero os accidentes caseiros e Os banheiros também en-
que, por isso, o lar é um local de pe- traiu na estatística com a som-
rigo. Varias estatísticas provam que em ma de 120.000 accidentes, an-
1933, os accidentes occorridos em ca-
nualinentc, e os incêndios e ou-
sas, nos Estados Unidos, provocaram á Mais da metade dos accidentes trás espécies de accidentes por
morte de 29.500 pessoas. E uma outra
estatística, dá 3.500 mortes causadas graves occorridos em casa, são fogo, centam-sc logo depois das
por automóveis causados por quedas. O habito de quedas, na estatística.

Assim, de maleta em punho, Vou arrostar os perigos


"QUANDO
E' cousa que dá na vista, A VOZ'DA'"PÁTRIA De grande conflagração,
• Não comer mais spagkelti,
Toda gente que me vê CHAMA" .... Noa tão pouco macarrão.
Diz logo que eu sou turista. (MONÓLOGO)
Eu que sou doido por queijo.
Não sou, mas irei viajar, <¦ (Entra, pintado de preto, em Mesmo que não seja bom,
trajo de viagem e trazendo «mu Terei de» ficar privado
E o confesso sem receio,
maleta na mão). Do gostoso parmejDOij...
A viagem que vou fazer
Não «5 dessas de recreio. Depois do queijo também,
Ha poucos dias eu 11
Outra comida opulenta
Poderei, talvez, dizer, Aqui nos jornaes da terra
Eu deixarei de comer. ..
gem que haja illusão... de óptica» Que a minha pátria seria
A deliciosa polônia. . .
Obrigada a entrar em guerra.
Essa que irei einpreheuder
Beba, embora, muito pouco
E' uma viagem... patriótica. Eu sou contra a lula armada
Um copinho, quem ma dera?....
Que nos lembra os cannibaes,
Tara que fique bem claro. Encontrar, agora á mão,
Sou amigo do trabalho,
Desejo dizer primeiro, Do capitoso — Barbcrn . . ,
Do progresso, ordem e paz.
Que, embora não o pareça, i)e tanta cousa... gostosa,
Declaro ser... estrangeiro. Porém ei sou offendido.
Tor gosto, me privarei;
Desculpas não vou pedir *
Porque sou muito patriota
Nasci longe do Brasil. Terei, de qualquer maneira,
Nada disso comerei.
(Quando aqui vim tinha um anno). B, com energia, reagir.
Eu sou filüo dos desertos Eis o motivo porque Já disse um vosso poeta
Do continente africano. Estou, assim, de partida, O que agora vou dizer:
Por julgar que minha pátria "Quando a voz da Pátria chama
Sou eiiiope, senhores, Hoje se encontra eífendida. E' forçoso obedecer".
Para ali vou de viagem,'
P'ra minha pátria distante, Per isso é que vou marebando. .,':
E que dizem ser selvagem. Porém voltarei depois,

Porque vivi sempre aqui


Neste solo hospitaleiro,
E' que sei, assim, falar
SKMÊl Assim, como estou sahindo
A marcar: um, dois...

(Sabe marchando)
um, dois...

O Idioma... brasileiro.. « E. WANDERLEY


ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

A A E S V o â D

Somente ha pouco tempo Ira SaBEr** i, rãs e cobras, aprenderam a deslisar no


foi que aprendemos a cruzar, ar antes do homem.
os ares, porém, muitos ani- "draco
O dragão voador, Limbriaí-
mães já o haviam feito h;i tis"", pode cobrir distancias de 60 pés,
muitos séculos. A maioria das "Rhacophorus
Rei-
A rã chamada
aves pode voar e outros ani- "rã
mardti", chamada também da ar-
mães, com excepção do mor-
cego, podem mais ou menos toiuito raro, entretanto, na espc- vorc" tem os dedos providos de uma
fazer um movimento sei cie humana. Muitos esquilos, pelle que lhe permitte nadar e des-
melhante ao deslisar, o que e peixes, camaleões e até sapos. lisar.

í âe tuãa
Um dos melhores combustíveis é
casca de laranja bem secca.

I / fT^x i Em dias de 1700, a cidade de


igMTOfialL. §v
Nova York tinha apenas trezentas
casas.
1 O uso constante da luz azulada
provoca a myopia. A luz amareüa, j O S C A H S
dizesn os entendidos, é a que maior
descanso dá á visão. 1 Muitos escriptorés notáveis ti-
nham predilecção pelos cães. O
O gaz acetyleno é formado de
\ O B O; O B Y i; calcium de carbide e água, que mais estimou os cães foi, sem
duvida alguma WaJter Scott,
O Booby é uma ave muito in- A fé derruba montanhas* Maida ~» que era o cão favorito
teressante, que é conhecida êru do escriptor '—: foi dado a elle
A cidade dc Buenos Aires, capi-
certas regiões da Europa e da tal da Republica Argentina, foi como presente pelo grande che-
fundada em 1535 por Pedro de fe Glengarry, e esse animal vi-
America do Norte. Existe tara-
Mendoza, ven muito tempo, Quando moc-
bem em algumas águas tropi- , •
Os cemitérios existentes nos con* reu. mandou Scott fazer uma
cães. Tem a mania de voar
rentos benedictinos, onde eram en- esculptura e çollocou-a no seu
sobre os navios e dos navios ferradas as pessoas nobres, tinham
túmulo.;
terra. q nome de galilés*
para a Sendo, porém,
Alexandre Dumas tinha 13
muito manso, é facilmente apa- A maior ave canora, segundo os cães e um dia o jardineiro quiz
nhado pelos marinheiros,, poetas, é o rouxinol. A toutinegra expulsar um delles. "Não, disse-
é o maior cantor dos pássaros eu-
A palavra ingleza "booby" ropeus. No Brasil é o sabiáj lhe Alexandre — será melhor
vem do portuguez "bobo"* Essa que arranje um H°". O Dr. John
ave deixa-se apanhar pelos pes- Cirrus são nuvens brancas, muito Brown, de Edinburgh, que es-
altas, filamentosas, que vemos m creveu a obra Rab e seus amigos.
cadores e marinheiros, E' dotada céo,
amava também os cães. O velho
de um grande raio de acção de
Dá-se o nome de nimbus a nu- Dr. Johnson estimava os gatos.
vôo, podendo, assim, cobrir dis- vens espessas, escuras, sem forma Shakespeare também estimava
tancias immensas. definida e que geralmente se des- os gaígos.
fazem em chuva,
ALMANACH D-0 TICO-TICO — 1936

B C ÍSTOVÁO COL

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As tentativas para a viagem
de Christovão Colombo á Ame- ^_3__9h___Jx^/
teressou pelos seus planos.
rica são cercadas de lendas. Dir- Foi realmente a sua protecção
se, por exemplo, que a rainha ^^^1 e auxilio que tornou a viagem de
__ _<p^* SV"
Isabel de Hespanha empenhou Colombo uma realidade. Diz-se
as jóias que possuía para auxi- que a sua primeira viagem custou
liar o grande navegador. Esse panha pedir auxilio para sua pre- mais ou menos uma somma cor-
episódio, porém, parece mais uma jectada viagem de descobertas, não o
conseguiu por parte do rei Ferdinan- respondente a 7.000 dollares.
lenda. do e do douto conselho. Colombo, Colombo em pessoa recebeu
A historia nos conta que, quan- desanimado, estava já para deixar 1500 pesetas ou mais ou menos
do Colombo foi ã corte de Hes- a Hespanha quando Isabel se in- 300 dollares por anno.

"'
i^^^^^A«>A«^_VVWWi^VWVVWMWVI»-M*MWVMWVW<«VVyWM»''M* — * _
O passeio aéreo sobre da engenharia é vista3
o canal do Panamá é de
pequeno percurso, porém,
constitue uma das cí-
i i sobre o «I íe Fuá do ar, offerecem ura
éspectaculo
tanto
'do
grandioso,
para os viajantes
cursões mais sensaçio- espaço como para
naes e interessantes para aquelles que o divisara
t»^MA>V>AA>M^^^^^^^^V^^^^-t»>AA>\^M^A^V^MAM>>AAMAAA^AAAA>W
os viajantes do espaço. do passadiço dos trans-
Depois qt<e se conhece a traves- O apparelho corre sobre as águas atlânticos. O lago Gatum, o maior
sia por mar, é deveras agradável transparentes do lago Gatum e con- dos lagos artificiaes do mundo, foi
tomar-se um hydroplano para êx- templa-sc pouco depois o cães dçj creado especialmente para os tra-
Gatum, onde enormes navios são balhos de navegação do rio Cfaa-
perimental-a com outras impressões
totalmente diversas. E' um passeio gres. De um lado fica o monte
de meia hora, mais ou menos, a Gold, e do outro os morros Con-
viagem de Cristobal a Balboa e a tractores, t a e s como sentinellas
-Panamá City, avançadas guardando o canal.
O scenario é grandioso: as agua3 Gaillard é Pedro Miguel são em-
azues do Atlântico e depois as do barcadouros importantes. Logo de-
Pacifico e toda a vegetação exu- pois, surgem as águas verdes e tran-
berante da mattaria verde nas im- quillas do lago Miraflores. Esta c
mediações dos telhados brancos dos a primeiro represa do lado do Pa-
edifícios de Cristobal, offerecem namá. D'ahi se continua a excursão
um contraste de extraordinária bel«.
por Balboa, vendo-se as aguns
leza aos olhos dos passeantes
azues do Oceano Pacifico, semnrè
O aeroplano deslisa sobre as
bellas.
palmeiras da Estação Naval Aérea
de Coca Sola e passa ainda sobre Os excursionistas viajam 40 ml-

o forte Davis e as águas lama- O cana? de Panamá visto de lhas, lembrando-se do grandioso
aeroplano, trabalho architectonico dessa cons-
cèntas que lembram sempre o ve»
lho canal francez. Chega-se, nas trucção que, como nenhuma outra,
çados como barcos dê brinquedo^
foi árdua e gloriosa para a engé>
proximidades de Balboa, á cidade O cáes tem uma meia milha dê
velhíssima" saqueada por Morgan é comprimento e meia de largura. As nharia dos tempos modernos. —:
seus piratas» docas de Gatum são um triumpho T. Manning^
ALMANACH DO TICO-TICO — 1936

ív*rWV\V

IIGI1E QUE CG1ÍÍILI GIBI


Quando o pequeno Napoleão de Oliveira soube a guerra, Napoleão, como o seu grande homonymo,
depois de algumas victorias que ainda mais lhe estimu*
que seu homonymo Bonaparte fora o gênio da guerra
no seu século, revoltou-se contra seu appellido de Iaram o instineto guerreiro, começou a experimentar
família, por ser a oliveira um symbolo de paz. E re- as mais terríveis derrotas.
solveu trocar o nome de Oliveira do senhor seu pae. Conheceu, um a um, todos os horrores da guerra
— pacifico amanuense na Santa Casa de Misericor Viu corpos despedaçados, soldados que ficaram cc*
dia, — pelo nome de Gravata da senhora sua mãe, gofc, outros que enlouqueceram, um esr&ctaculo pa-
desenvolta matrona, costureira do Arsenal de Guerra,— voroso se desenrolava aos seus olhos,
porque as folhas do gravata lembram aggressivas Depois veiu o longo cortejo dos mutilados, dos
ponteagudas lâminas de largas espadas verdes. estropiados e o coro de lagrimas e de maldições daa
Todo o dinheiro que lhe davam, — ao invés de creanças órphãs e sem pão, das viuvas famintas, na
"cura-
comprar doces, — o pequeno Napoleão Gravata com- miséria... Quando Napoleão despertou estava
prava exércitos de soldadinhos de chumbo, peças de do" do seu ardor bellicoso. Começou a fazer propa'
artilharia, tanks de assalto, aviões de combate, tudo de ganda contra a guerra, a favor da paz.
folha de Flandres, é certo. Chrismou-se mudando o nome de Napoleão que
E elle próprio se proclamou o general em chefe era para Pacifico Oliveira da Paz è foi o maior paia-
daquelles numerosos exércitos aguerridos. dino do plano do desarmamento geral das nações.
De tanto commandar soldadinhos de chumbo du *— Se fosse general, costumava elle dizer, minha
rante o dia, uma noite em que fora dor-t única voz de commando seria :
mir um tanto febril por estar grippado, — "Ensarilhar, armas !"
Napoleão sonhou que era um general... Depois deflas ensarilhadas tranfor-
'seus mal-as em arados, pás, charruas, em ins-
de verdade e que soldadinhos de
chumbo eram militares de carne e osso. trumentos agrários, em fim para a cultur:.
Ambicioso, julgando-se invencível da terra e cada soldado seria um lavrador.
com as suas tropas adextradas no ma- Os quartéis se transformariam em celleiro3
nejo das arma?, e toda a ter.a
o nosso heróe inculta uma vas-
declarou guerra» ta seara. Have-
'—« uma ria fartura, abun-
guerra de
conquista a uin dancia e a guerra
paiz vizinho que seria de uma ve_
elle julgava mais para sempre ba«
fraco e desappa- nida da face d^
relhado do qu4 Terra. Se eu fos-
sua pátria, se general o pri«
Não contava, meiro inimigo
entretanto, com que combateria
allianças secretos com o maior pra-
que o paiz ata«. zer seria a guerra
c a d o firmar3 —- Sim! Guet-
com poderosas ra á Guerra !...
potências e que E nunca mais
vieram em seu brincou com sol-
auxilio mal foi dadinhos de
declarada chumbo.
ALMANACH DO TICO-TICO — 1936

A ESTATUA A L 1

v*-»,

Frederico Eartholdi, constructor da es-


tatva da liberdade.

Sabem os meninos qual é a A estatua da Liberdade.


maior estatua do mundo ? E' a
da Liberdade, na ilha de Bedloe Bartholdi, foi dada aos Estados
na bahia de Nova York, Cerimonia em Patis. em 1884, quando a
Unidos pela França. Essa dádiva
A altura dessa estatua é de 151 /estatua [oi otfcrccída aos E. Unidos. foi em homenagem no Centenário
da Independência dos Estados
pés; da base do pedestal ao ei-
mo, tem 306 pés. O comprimento comprimento do braço direito: Unidos, A estatua da Liberdade
das mãos: 16 pés e 5 pollega- 42 pés; a sua grossura: 12 pés. é feita de ferro e cobre e pesa
das; o dedo index tem 8 pés; o A estatua, feita por Frederico mais ou menos 100 toneladas.

Os veados são, como


I
sabem os leitores, ani-
mães dotados de grande
faculdade de correr e ?.té
de porte esbelto, ele-
Os
gante.
Os veados são éncoo-
jtrados em todos os con-
tinentes e nas grandes
Veados
ilhas, com excepção da
Austrália, Nova Zelan-
dia, Madagascar e da I ¦» í^mm&^:
'África do Suls
• Os veados dos trópicos c sub- giões temperadas. Entretanto, o Animaes dotados de excessiva

Stropicos são menores em tamanho. veado da índia e de Ceylão são timidez, são ariscos e difficilmente
espécies muito bellas.
è menos bellos do que os das rei se deixam aprisionar com vida.
Entre os mais importantes gru-
pos de veados, contam-se o veado
vermelho, a rena, o wapiti, o elk,
o verdadeiro elk, que é conheci--
"Moose"
do como o da America, o
veado da Virgínia, o veado de
cauda negra da Columbia e o veado
"vea-t
que parece mula e chamado
do mula**<

Veado africano Na floresta


D'0 TICO-TICO - 1936
ALMANACH

A uma lenda muito velha que diz que se quebra alguma


coisa quando se toca num ninho. A Dorinha não escapou
á sentença da lenda e quebrou sua boneca. Aquelle dia
todo foi um dia de tristeza. Mas D. Catharina chamou
a Dorinha e lhe disse:
La no fim daquella rua ha um velho que concerta bonecas. Vae

até lá. pede-lhe esse favor; elle é tão bom.


Mais tarde a Dorinha, com os olhinhos ainda vermelhos, entrou

timidamente na loja do velho que concerta bonecas. Disse-lhe o que


acontecera e o velho bom sorriu e perguntou: — quem paga esse traba-
lho?
Dorinha corou, remexeu os barbantes do embrulho e respondeu:
Dinheiro, eu não tenho, mas posso fazer qualquer serviço em

troca.
O velho concertador de bonecas abriu então o embrulho, sorriu pa-
cientemente, examinou a boneca quebrada, apanhou um canivete e,
quando tentava cortar os cadarços que envolviam os cacos, golpeou um
dedo.
Dorinha, rapidamente, procurou deter o sangue que jorrava e, com
os próprios cadarços que cingiam a boneca, enleou o dedo ferido.
O velho bom beijou os cabellos da garotinha, sorriu e falou:
Eu sou o velho Rafael, concertador de bonecas e tu?
I ^" **" , I B
Eu, — respondeu Dorinha, — sou Dorinha, a concerta-
dora de bonecos. . .
E riram muito.
No domingo a boneca estava prompta.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

&
*

m !Y

Ú lúl
Ha muitos séculos, antes do dilúvio,
a vegetação da terra consistia em fo-
lhas enormes, todas igtiaes. Não havia

í
nem flores nem arvores. 0 mundo era
todo verde e nem as borboletas tinham
^
ri (,
outra côr.
Quando a primavera descia sobre a
terra com os seus geniosinhos, havia
sol e todas as coisas cresciam e augmen-
tavam. Mas eram só as taes folhas pa-
readas com alga e sempre ipuaesl
Os anõesinhos e a Primavera come-
çaram a achar aquillo tudo muito feio
e muito triste. A estação era quasi igual
ao inverno e este tingia tudo de branco
e era até mais bonito I
Considerando tudo isso foi que du-
rante o tempo frio a Primavera e os
seus geniosinhos resolveram que quan-
O do voltassem á terra haveriam de trans-
formal-a numa maravilha de forma e de
côr. Fizeram preparativos e cada anãozi-

ivm

im fl
n
ALMANÀCH D'0 TICO-TICO — 1936

nho se exercitou num mister. Havia gru-


tf

1 e>
pos de recortadores que iriam transfor-
mar as folhas «andes e feias nas mais
f\ <=P

bellas e caprichosas. Havia os pintores que W>!


coloririam as folhas recortadas e forma-
riam as flores; os constructores que jun-
_S^
tariam essas flores e as folhas para fazer
arvores e arbustos, e finalmente os perfu-
mistas que encheriam de odor as plantas.'
v5
Quando, depois do inverno, os gênios .11"
começaram a sua tarefa, o campo todo se
transformou sob suas mãosinhas mágicas
e o condão da Primavera. Os animaes fi-
caram admirados de ver as folhas colori-
das e tanto fizeram que se lambusaram
de tinta e se encheram de cores. 0 mun- ês>
do ficou mais bonito, tão bonito que o sol
abriu muito os olhos, chegou mais perto
para ver e aqueceu mais a terra. <C3
Os bichos todos saudaram a estação
maravilhosa e partiram em bando levan- «5?-
do para outras terras as sementes das no- Sfeiii
vas plantas.
Ç de anno em anno ainda voltam a
Primavera e os seus anõesinhos ornan-
do de flores a terra, para celebrar, com i(iiK
_2>
os animaes, a chegada do sol.

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ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

iti

A GOTTA DÁGUA
Era uma gotta d'agua crystallina
que, n'uma noite de formoso luar,
\ viera cahir, no meio da campina,
dentro da flor mais bella e mais franzina
onde ficou, depois, a scintillar.
Era uma gotta d'agua, simplesmente,
jçotta do orvalho rápido e fugace —
ma"s um desejo, bem commum na gente, j_)--*_-J
fêl-a pedir a um genio omnipotente
que a sua vida n'outra transformasse.
Foi attendida a gotta. Transformada
n'uma formosa pérola, sem par,
foi por mergulhadores procurada
e, com coragem som igual, roubada
do seio fundo e verde-azul do mar. Z.'H 1
Não satisfeita ainda, ella deseja
ter um papel mais senhoril, mais nobre, "A.
e pede ao genio, sempre, que a proteja. .NC*« A^

E o genio, então, sabendo o que ella almeja,


os seus desejos de successo cobre.

Foi transformada a gotta num brilhante


de uma coroa regia, de um Czar.
Era de água a mais pura, irradiante,
de uma belleza rara e deslumbrante,
que não cansavam nunca de gabar.
Mas disse ao Genio: — "Este fulgor é nada!"
pois não estava satisfeita ainda —
"Não basta
"Quero, na vida,apenas ser admirada!
"Vê si me ser divinisada!
dás outra missão, mais linda!"
Fez-lhe a vontade o
Ç
Genio e, sobranceiro,
disse: — "Farei com que teu ser resuma ,-»
"tudo de
"que a bello, puro e verdadeiro
crôsta térrea, vil e má, perfuma!
"Serás sublime, delicada e boa,
Serás sincera, emocional, sentida,
pura e singela, silenciosa e ardente!"
^-V
E o Genio, então, n'um gesto, transformou-a
n'uma incontida lagrima, vertida
por mãe saudosa, por um filho ausente...
_á£

CTp_JtAn=uc< ^!-,M_j_»_^__u__r>7

riaa-ftr,w-'^,
ALMANACH D'0 TICO-TICO - 1936

*j
H
ml
2/

"Lendas do Sul" de
(Das
J. Simões Lopes Netto).

O Angoéra, emquanto foi pagão, chamava-se desse


nome; era um indio grande, forçudo e valente, mas era
triste, carrancudo e calado.
Quando os Padres de Jesus entraram no sertão da
serra, corridos que vinham doutro rumo, foi Angoéra, o
tapajára, que conduziu sem erro a companhia; e quando os
padres sentaram pouso, baptlsou-se.
E foi padrinho M'bororé, que era cacique e Já amigo
muito dos padres. O nome de Angoéra, pagâo, ficou tendo
Generoso, nome de christão.
E foi como cobra que deixa a casca...
Angoéra, que era triste, deixou a casca da tristura, e
como Generoso, de nome bento, ficou prazenteiro.
E ajudou a botar pedra no alicerce de todas as igrejas
dos Sete Povos. E durou annos esse officio... E elle, sem-

K ít pre risonho e cantador. Um dia chamou o padre-cura, con-


fussou-se e foi ungido de óleo santo e morreu.
Generoso morreu contente, pois a cara de seu cadáver
guardou um ar de riso; e foi muito chorado, porque tinha

i
a estima de todos, por ser muito prazenteiro e brincador.
De forma que a sua alma sahiu-lhe do corpo, de geito al«-
gre; e então, invisível, entrava nas casas dos conhecidos,
passeava nos quartos e salas, e para divertir-se fazia esta-
lar os forros do tecto e os barrotes do chfto, e também os
trastes novos, e os balaios de vime grosso; e si achava de-
pendurada uma viola, fazia sonar o encortioamento, para
alegrar-se com a lembrança das suas cantigas, de quando
era vivo e cantava. ..
Outras vezes assobiava nas juntas das portas e janel-
Ias, espiando por ellas os moradores da casa; e quando qs
homens rodeavam a candeia, pitando, ou as creanças, brin-
cando, ou as donas costumavam ou faziam nhanduti, o
Generoso, — a alma delle, p'r'o caso — soprava de vagarzi-
nho sobre a chamma da luz, fazendo-a requebrar-se e ba-
lançar-se, que era para a sombra das cousas também mudar
de estar quieta.
E muitas vezes — até o tempo dos Farrapos — quando
se dansava o fandango nas estâncias ricas ou a chimarrita
nos ranchos do pobrerio, o Generoso intromettia-se e sapa-
teava também, sem ser visto; mas sentiam-lhe as pisadas,
bem compassadas no rufo das violas... e quando o canta-
dor do baile era bom e pegava bem de ouvido, ouvia, e por
ordem de Generoso repetia esta copia, que ficou conhecida
como marca de estância antiga: sempre a mesma...
"Eu me chamo Generoso,
"Morador em Pirapó:
"Gosto muito de dansar
"Co as moças, de
paletó..."
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

O TICO-TICO UMA FORMIGA FELIZ

Um dia quando uma Formiga- .. .Tico-Tico. — "O Tamanduá, falou ...tanto!..." E passando para ou-
Saúva voltava para o formigueiro,, o passarinho, não é animal feroz. Elle tra arvore a Saúva encontrou um
viu um Tamanduá-bandeira fare- colloca a Iingua no - formigueiro, as Urubu. — "Minha amiguinha nada
jando as entradas da sua morada'. formigas é que lhe sobem á língua".- posso fazer; si o Tamanduá estivesse
"Estou
perdida, disse a Saúva", e — "E' disse a Saúva, mas, a sua lin- morto, ainda bem; mas, vivo não! Eu
correu a pedir soecorro ao... guinha é tão doce e nos attrahe... só como carniça! A Saúva mais...

.. .além encontrou uma Arara. — "Já sei o que .. .Tamanduá presa excellente, mas, as unhas do
queres minha boa Saúva e nada te posso fazer! desdenrado infundiam-lhe tal respeito... Por sua
Vocês são muito boas creaturas mas, destroem as vez, o papa-formigas olhava para a Onça pensando
plantações e nos deixam á mingoa". A Saúva desa- na força de seus dentes. Assim, a Saúva esperou
nimada voltou ao. formigueiro e encontrou uma que os dois se afastassem para entrar no formi-
Onça. O felino via no... gueiro.
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

A ORIGEM DAS PLANTAS


SÇ/3 Lenda amazônica adaptada por
»1 GALVAO DE QUEIROZ

A' tarde Jacurutú vinha passando, despre-


d
w0
occupado, quando pisou, sem reparar, no casco da
Tartaruga. Quiz tirar o pé, mas estava seguro.
Pisou com o outro, para fazer força e empurrar, e
este ficou preso também. A Tartaruga começou,
então, a andar para o rio e, por mais que Jacurutú
fizesse força, não se conseguia desprender. Quando
passou por perto de sua cabana, o pobre indio cka-
mou a irmã.
m& — Di-me um pau — pediu — um pau que seja
l «"Wí*" bem forte, para que eu, forcejando nelle, me solte
~S<M,M. 1
daqui 1

f
A irmã trouxe o pau, o mais forte que eneon-
trou, mas não houve força capaz de o desprender
do casco da Tartaruga, porque a resina empregada
Havia outrora um indio, da tribu dos Tembés.
que vivia, com uma irmã, numa cabana á beira de pelos indios Muras era a mais forte que havia.
um grande rio. Chamava-se Jacurutú. Era bom e
socegado, mas os indios Muras, que habitavam uma
das ilhas vizinhas, não gostavam delle e viviam a
espalhar por toda a parte que todos os males que
succediam eram por culpa da vizinhança de Jucurutú.
que era também quem lhes comia os filhos.
w Os pés de Jacurutú doiam atrozmente e, por
mais que elle lutasse, a Tartaruga, devagar, mais
devagar ainda por causa do seu peso is costas, ia
caminhando para o rio.
l
6?
Uma vez, com toda a tribu reunida, os Pagés e
Morubixabas resolveram que Jacurutú devia morrer.
A sentença foi proferida entre manifestações de ale-
gria, gritos selvagens, muita musica e dansas que se
prolongaram até o sol nascer. Quando raiou o dia,
então, o Pagé mais idoso foi á beira do rio e chamou
a Tartaruga. A Tartaruga, lenta e pesadona, sahiu da
água, e o Pagé lhe deu instrucções secretas, que ella
tratou de cumprir.
Foi andando, com seu passo vagaroso de pre-
guiçosa, e se postou no caminho por onde Jacurutú
devia passar. Antes disso, porém, lhe havia o Pagé

, '
passado no casco uma fortíssima resina.

, , , A . j: ¦ ^ Mina *M*ijri \i / y\x>^í?


ta_.

lw/\) L\JJ ( Afinal, chegou i margem deste e se dirigiu para a água, na qual
mergulhou. A angustia do indio bom era tremenda. Pouco a pouco, arras-
tado pelo chelonio que mergulhava, elle foi desapparecendo, depois de
se despedir da irmã, que chorava, pois ambos reconheciam que não havia
salvação possível.

h lá a r
Então, á medida que ia penetrando na água, Jacurutú falava:
— Meus filhos, e meus netos, vocês me vingarão! Aqui estão meus braços:
delles nascerão plantas no rio, que servirão vocês para essa vingança! Delies
nascerão o pau vermelho e flexível para vocês fazerem seus arcos. Dos meus
músculos sahirão as embiras para as cordas. Da minha gordura sahirá a resina
para alisar e gommõ das flexas. Do meu cabello o curauá para enfeitar-lhes as
pontas, tornando-as mais ligeiras e certeiras. E dos meus ossos a taboca para
as suas pontas! Meus filhos, e meus netos, vocês me vingarão.

1 lt__^/.tWl^is^^SsS Quando acabou de falar, desappareceu.


mm
'¦ ^— ^Wr_.•x/nr-»ar_M^j^br^rgs^-^H
I Mm^~~ E é esta, leitor, a origem das plantas de que servem os nossos indios, os
indios brasileiros, para a confecção de seus arcos e de suas flexas, as armas,
com que lutam corajosamente, e com que caçam, para se alimentar. iClCERO

iiuimou
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

1t4 da»«e l íquinho era o alumno mais vadio da classe.


A professora já tinha perdido a paciência e a espe-
rança de transformar aquelle garoto.
Quando o anno estava a terminar, a escola vi-
veu aquelle dia grande em que se festejam as férias
que vão começar e cada alumno recebe a recompen-
sa de seu esforço. Todos, quasi todos ganharam a
sua medalha presa ao lacinho verde e amarello e a
revoada alegre descia, em garalhada, os dois lanços
de escada da escola do bairro.
Só Tiquinho não ganhara nada! Elle sabia co-
mo seria recebido em casa pela mamãe que tanto
soffre quando o vê. quasi analphabeto. Vinha tris-
te ao lado do Azevedo que trazia a blusa branca
cheia de trophéos, ganhos brilhantemente: — o
primeiro em geographia! o primeiro em historiai o
primeiro em comportamento, etc, etc.
Mas-o Azevedo, que estima o Tiquinho como
um irmão, tirou do seu peito pequenino uma das
suas medalhas, collocou-a sobre a blusa do seu ami-
guinho e lhe disse:
Eu tenho muitas.

Agora o Tiquinho chegou a casa. A mamãe


espera-o ansioso e, quando vê a medalhinha tão de-
sejada sobre o peito do filhinho, interroga-o, sorri-
dente e nervosa:
Como? Ganhaste-a? Conta!
Sim, mamãe, — atalhou o Tiquinho,
fui o primeiro.
Primeiro, em que? — continuou a mamãe.
O primeiro que tira do cabide .o chapéo,
quando toca a sineta.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

Às aventuras do Camondongo Mickey


m

Certa vez Mickey ficou pri- ...em que viajava. O comman- ...atirar ao mar toda a carga de ...estava receioso de que
sioneiro de uns piratas e uma danre do navio, vendo a imminen. bordo, toda a bagagem do porão também fosse considerado
tempestade assaltou o navio... cia de um naufrágio, resolveu... e do convez. Mickey Mouse... carga e jogado ao mar.

O receio de Mickey Mouse era bem ...a sua Minnie e os atirava ás . . . commandante, de — Todos ao mar! Todos
fundado pois um tripulante em breve o ondas revoltas do oceano em fu- campainha em punho, ao mar! — gritava o feroz
agarrava, bem como... ria. O pirata... dava as ultimas ordens, pirata.

— E a tripulação, obediente, atirava ao mar ...que também foi desamarrado e ...breve atirado ao mar
todos os prisioneiros. Entre estes havia um fugiu para dentro de um escaler, rioso! Esvaziado o navio encanellado fu
a tempestade
chimpanzé,... em... amainara... '

^Ê^^^L * átm ^^' ,,. ^^r \*y\ "í \ í

E nas águas do oceano, mais calmo, Mickey


...eos piratas, que eram toda a tripu- Mouse e o chimbanzé agarravam-se ao escaler. .. .a bordo de outro navio.- onde
lação, acalmaram-se. Felizmente Mickey e o macaco recolheram-se... já estava, salva, a nossa Minnie.
-.¦¦¦-'•¦

ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

A COPAeEM^BOIIIBMO
f^-^>^»i^^^^ma^»Êmmmmmmmmmmmmmmmmam»mmmm% r~ umir ~ ariim ia — — —um————

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/mim vWr êl \ V ^^H/

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Bonifácio pregava sempre a seu compadre Liborio, que E que um homem é um homem e um gato é um bicho
na vida a coragem era uma grande cousa... Outro dia, Bonifácio...

- \^^^ T ^^^^J""^^ m^^^^ -*r-j /sssssl>^^


á^^Pr J»*^^^ \ r^J ll^V
"^K_ *aa*^^\
^-^ y 4*^M* -é ^^^C» jw 1«^V Vj^ ^atssssf^^ J^y [ jl? _iijr

.. .estava arranjando o seu jardim, quando viu por cima do Bonifácio como é corajoso fez ver ao tal cara que não
muro uma cara importuna... era bonito espiar para a casa dos outros.

Mas o tal cara não ligou importância as imorecações do ...para desacatal-o... Mas... quando chegou ao outro
Bonifácio e continuou no seu posto... Bonifácio encheu- lado do muro... teve tanto medo, que foi logo cumprimen-
se de coragem. .. tando o tal cara, pela sua grande altura!...
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

O DOENTE A FORÇA
DE MOLIÈRE

Z!í^_____ P
Mas Argan quer estar doente, e queixa-
Argan verifica a conta da pharmacia. se que sofíre de tudo. Afim de fazer-se Felizmente Belinha, a mulherzinha do
Fica furioso com o preço dos cmplastos, tratar mais commodamente, annuncia á doente, acalma-o, chamando-lhe "meu bem ".
clysteres, poçftes, etc, mas enfurece-se filha que vae casal a com o joven doutor "meti
bijurinho", e dá-lhe umas palma-
mais ainda por lhe terem dado tão poucos Thomaz Diafoirus. Pobre Angélica! Ella dinhas... Argan declara: — "Vou fazer
remédios! Somente oito medicamentos í esperava que Clcantho, o rapaz de quem o meu testamento e você vae ser regia-
doze lavagens. — " No mez passado, diz gosta, viesse pedil-a em casamento... An- mente gratificada." A esposa exclama: —
elle, foram doze medicamentos e vinte toninha, a creada* protegea-a contra Argan. " Oh! não
falemos nessas cousas, meu
lavagens. Não é para admirar si me en- que entra em cólera e ameaça bater na " Todavia,
querido! Belinha mandou vir o
contro peor agora. " filha. tabellião, para maior garantia...

O Sr. Diafoirus chega para apresentar Beraldo, irmão de Argan, vem visitar Argan, privado de medicamentos, acha
o filho Thomaz a sua noiva. Thomaz é o doente e passa-lhe uma tremenda des- que vae morrer. Então, a Toninha
acanhado e atrapalha-se a todo instante. teve a
compostura. — Você, si está doente, é idéa de disfarçar-se de medico
Elle começa por dizer bobagens a torto para vir
por intoxicar-se com tantos remédios!" tratar do doente. A rapariga aconselha-o
e a direito, e toma a Angélica por sua — diz o irmão. — " O melhor medico c
a mandar cortar um braço, para que o
futura sogra. Cleantho está presente e, a Natureza." — acerescenta. — O medico outro fique mais vigoroso, e
fazendo-se passar por professor de musica de Argan, o Dr. Purgon, não gostou da pede também
da " pequena", aproveita a oceasião para que mande vasar um olho, para que o
historia, e ameaçou de dar um clyster no outro veja com mais intensidade.
cantar a sua declaração de amor. desaforado.

Argan acha que a arte medicai vae um


pouco longe. Outro estratagema de Toni-
nha: sob pretexto de provar a Beraldo
como Belinha ama sinceramente Argan.
ella aconselha a este a fazer o morto,
emquanto Beraldo se esconde. Belinha
chega. Sabendo da morte do marido, ella
pula de contentamento... Quanto á Ange-
lica, põe-se a chorar, dizendo que a perda
é irreparável. Ella desiste até de casar-se
com Geantho, tanta é sua desgraça...
Nisto, Argan resuscita, abraça a filha e
promette unil-a a Cleantho... comtanto
que se forme em medicina!...
^^^ ^^ P
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

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Más companhias
Uma gallinha dizia a um pintinho que a todo momento se afastava de seu lado :
Um ovo não deve passear com uma pedia ! Mas o pintinho não ligava importância.
Ouve o que te digo : — um ovo não deve passear com uma pedra !
E o pintinho, que era muito respondão, dizia :
Eu não me chamo ovo e meus amigos não se chamam pedras !
As pedras .— ajuntava a gallinha — são as más companhias !
Certa vez, a gallinha mariscava na areia e o pintinho aproveitou a occasião para afastar-se e acom-
panhou um patinho cuja amisade queria por ser mais amarello do que elle.
Com que elegância o patinho entrou num lago e nadou !
O pintinho seguiu o amigo e entrou nagua. Que agitai de asas. que desespero sentiu o pobrezinho !
Que é isso ? — disse, assustada, a gallinha. ao ver tropego, franzido de frio e .sujo de lama, ura
pintinho amarello. E ia dar uma bicada no animalzinho quando verificou que era o seu filhinho.
i— Ah ! Es o ovo que volta de passear com ns pedras ! — exclamou.
ALMÂNACH D*0 TICO-TICO — 1936

de Gato Felix
Às proezasBm
fl^flfllK flu^^l L_^ _______

Ai ¦¦ j '____L __B\
\ _P ^_____________k ________ V

^ ___£¦£ _E£^SB _n i !__. v^J~___É___

— Vou aprender a tirar retra- — Este velhote vae ser a primeira ex- ...Gato Felix foi revelar a chapa, verifi-
tos com esta machina photogra- periencia! Vae ser retratado de costas! cou que manejara uma machina de raios
phica! — disse Gato Felix. Mas quando... X e que o velhote estava armado de...
ry ^~

___*^_L_ I i ' i
_á-3^____r^^^___ WMMMMm V'-' v-^*

.. .dois revólvers. — Este — Elle anda depressa mas eu não


velhote deve se,- o tal que anda sempre o perderei de vista— Hei de seguil-o! S36 ____________
com dois revólvers! Vou seguil-o! — Deixou...
1
.. cahir esta "pelêga" de 5$000! Ago.
¦
ra tenho dinheiro para ir ao cinema!
— Mas...

;?3_&»S_5Í

*__ / m-í
^^_^^V^"^K<'•', '»
-
___l^r^ r^ a W
P ^_r__p^^T_L ¦_______?! |_rT=^SF=-
Mi3.K„.»>..,^T,s",,i,h..j- .n:,.i ,.„¦. S/jj

.. .o dono do cinema passou-me a cor- ... para a carroça dos cachorros. Va- 5____ - ^guLi-iv/»!-™ B-_i Bt-T^
da ao pescoço e quer levar-me certa- mos a ver onde me deixará esse malu-
.. .não pode andar com um garo amar-
mente... co! — O senhor... rado pelo pescoço! Sou delegado da
Associação Protectora dos Animaes,.

~~\ _________\ ^—¦______


j*%JF' _) àwttk Vfff ktWuM^F i ¦ tÍ _L _^^____V ___f ________r __RÉ___. *bS*

.. acceitou os serviços de Gato


...Solte o bichano! E Gato Felix, Felix, e sahiu a fazer um con-
vendo-se livre, foi se offerecer para certo acompanhado de Gato
carregador de mala de um bombeiro. Felix... .. .fria no focinho, abandonou o emprego
O bombeiro... e desappareceu.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — Io-36

COMO NASCEU O FOOTBALL

Os antigos gregos conheciam um jogo chamado Como esse jogo era demasiado suave para servir de
"harpaston",
que os romanos combinaram mais tar- treinamento aos soldados, resolveu o imperador Augusto,
"follis"
de com o que elles denominavam e que era no anno 28 antes de Jesus-Christo, modifical-o, denomi-
"cálcio".
parecido como moderno rugby. nando-o

Quando os dinamarquezes invadiram a Ingla- . . .até decapitados como aconteceu em Chester.


terra em 982 o jogo em apreço, também conhecido Adoptaram-se então as pelotas de couro, mas os jogado-
pelos invasores, foi prohibido varias vezes e seus res muitas vezes abandonavam a pelota para se de-
transgressores eram gladiarem.

Vários decretos e ordens dos reis prohibiram o Durante uma sanguinária partida de rugby, em 1823,
"football"
atravez dos séculos. Esse jogo, no entan- um dos jogadores desattendeu ás regras estabelecidas e
to, subsistiu até que na escola de Rudgy foram es- começou a correr com a bola as mãos, o que deu origem
tabejecidas as regras do jogo ao nascimento do rugby propriamente dito.

O football norte-americano começou no anno No anno de 1874 teve logar a primeira partida de
de 1840. em Yale. como rude partido entre duas rugby official nos Estados Unidos da America e desde
(•lasses, empenhadas vivamente em passar a pelota ahi se desenvolveu o verdadeiro football no conti-
pnrn as linhas do goal contrario. nente.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

IMPRUDÊNCIA CASTIGADA

Olha, Zéquinha, vae passear, mas evita as más com- Zéquinha não ouviu os conselhos de Tio Jucá e en-
|
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

#s
*£$
Na Amazônia destaca-se uma região onde predo-
mina a grande e valorosa tribu dos Mundurucús, a
preciosa planta que a tribu considera sagrada e salva-
qual, desde tempos immemoraveis vem cultivando uma
\3 dera dos destinos da tribu. A lenda di? que:
O tuchaúa, o grande chefe, tinha um filho, formosa
creança que era o encanto e a esperança da tribu. Uma
doença rápida, porém, veiu destruir a felicidade da íanrlia.
A mãe da creança chorava inconsolavel.
Tupan, o Deus Supremo, appareceu em sonhos á deso-
lada mãe, dizendo que da sepultura do menino brotaria
uma planta que daria frutos, cujas sementes negras cer-
ç?C cadas de arillo alvissimo, seriam como os olhos negros
da encantadora creança, multiplicados aos milhões a velar
pela paz e pelos grandiosos destinos da tribu. Dahi a ser
o Guaraná considerado peles Índios como uma planta
sagrada. E a sciencia veiu comproval-o.

i As sementes do Guaraná contém de 4 a 6 % de


cafeína, quando frescas. As folhas seccas e pulverisadas
encerram 38 décimos % de cafeína e 1,20 % de theobromina.
A associação da cafeína á theobromina constitue uma feliz
combinação tendo em vista a sua utilisação como um novo
tjpo de alimento synthetico.
O Guaraná dissipa a fadiga, reanima o organismo,
sustenta as energias, actúa como alimento de poupança.
E' tônico; é por assim dizer, a policia dos intestinos:
previne a velhice rejuvenescendo o organismo.
I\>r isso os índios consideram o Guaraná uma planta divina
— Kirvanica.
O Guaraná Champagnc da Antarctica contém todos os
princípios solúveis e inalteráveis do Guaraná, por isso que é
feito com a maravilhosa planta importada directamente de
Maués, a decantada metrópole.
O Guaraná Antarctica é a l«bida predilecta d:,s creanças.
ALMANACH DO TICO-TICO — 193Ó

^A^V»1^*

BSBNHQl? ANIMA

È&^^vLf

Sabem os leitores quem in


ventou os desenhos animados, Jhos e os seus inventos aciian-
o chamado cinema de cartão?
Foi Winsor Mc Cay, o famo-
so cartunista que primeiro in-
iiiiTWiffir^ (^ do que deviam sempre estar
á disposição de outras pessoas
que quizessem apcrfeiçoal-os.
ventou o cinema animado por Os primeiros desenhos ani-
meio de cartões. macios de Mc Cay referiam-se
Winsor Mc Cay foi quem deu «o episódio da peça: "O pe-
animação aos desenhos dos vou muitos annos fazendo tentativas e expe- queno 'Xemo", relatados nos
cartões que ainda hoje são riencias e descobriu assim, a solução de mui- versos do poema: "Quando
aproveitados no principio do tos problemas relacionados com o seu traba- Gcrtie surgiu, dcsappareceu a
cinematographo. O inventor le- lho. Me Cay nunca patenteou os seus traba- Lusitânia".

Para aprender tudo Animaes què CURIOSIDADE


Betblém, a cidade da antiga Pa-
lestina onde nesceu Jesus Christo, prevêem o máo Caligula, o mais cruel c mons-
truoso dos imperadores romanos,
foi assassinado por Cassio Chcrea
tinha primitivamente o nome de
Ephrata, que quer dizer fertili- tempo no anno 41.
dade.
Ha muitos animaes que prevêem o O pyloro, rim orifício inferior
O Quirinal é uma das sete colli- do estômago pelo qual o bolo a!;-
nas da antiga Roma onde hoje se mão tempo e são chamados animaes mentar passa para o doudeno, que
acha o palácio dos reis» é a primeira porção do canal in-
o—— barometros. Entre elles figura uma teslinal.
A palavra fislum, de origem ara- lagarta, parasita do pinheiro, que vi-
be, significa religião de Mahoraet. A mentira leva o homem ao com-
ve em sociedade no interior de uma mctiimento de acções as mais de-
Dá-se o nome de jabebireta a gradantes.
uma espécie de arraia que se cn. espécie de bolsa de seda, com que
contra nas costas do norte do envolve os galhos da arvore de
Brasil. que Na China considern-ee falta de
ella se alimenta. Quando faz bom educação usar c o n 11 nuamente
Lobão, patriarcha hebreu, pae óculos.
de Rachel c de Lia. era filho de tempo, as lagartas, cada noite, vão
Batuel. O orvalho é a condensação 8o
¦ passear, como simples pensionistas; vapor d'agua da atmosphera depo- <
O gypaete é uma ave de rapina, sitado em forma de gottas sobre os
si, instinetivamente, presentem máu corpos expostos, ao ar livre du-
originaria da Allemanha, conheci-
da pelo nome de abutre dos cor- tempo, cilas se fecham na sua "boi. rante as noites serenas e frias.
deiros. o -¦
sa". O esthomologista Fabre cousta- O sol não espera que o suppíl-
A luz fria que os sábios se es- ! quem para nos dar a luz e o calor.
forçam por descobrir, tem o seu tou que essas lagartas, mesmo perfei. Faze também todo o bem que de
typo na que emitte o vagalurae. tamente abrigadas contra as mudan» ti depender, sem esperar que t'o
peçam. — Epitecto.
O prato mais chie dos restau- ças de temperatura, são sensíveis ás
rantes parisienses era, até pouco A superfície total do globo ter-
tempo, o lombo do camello. Depois depressões atrnosphericas.. restre é de 510.000.000 de kilome-
o record das iguarias pertenceu ao tros quadrados, oecupando a terra
lombo da zebra uma quarta parte delia
——o .
Uma lei regulamentar votada pe-
los Estados Unidos tornou obriga- X chinchilla é um pequeno eS.
toria, desde V de Julho do 1911, quilo que habita os Altos Andes.
a telegraphia sem fio para todos
os navios americanos ou extran-
geiros, destinados no transporte A maior exeavação que se co-
de passageiros e contendo, ao me- r.hece é uma praticada nas minas
nos, 50 pessoas entre viajantes e a carboniferas de Paraschawití, na
equipagem, que saiam de qual- Alta Silesia. Tem 10 kilometros do
quer porto. profundidade,
^rVVVWsWWVWWMWUVIrVWMr\rV%rVWW^
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1926

§ O, L B ADI NHOS C ti U M B |

Não se brinca mais com sol-


dadinhos de chumbo ? Brinca-s?, azem esses homens avança-
sim. Até mesmo os soldados li-
rem ou recuarem, de modo a
dam com os soldadinhos de
chumbo, mas não chamam a isto perder o menos possível de hc-
brincar.. mens. As taclicas militares são
Os cadetes allemães collocam têm peças de artilharia de campo e aprendidas depressa quando oô
soldados de chumbo com capa- tanks de metal. Os jovens soldados problemas reaes da guerra são
cetes sobre uma taboa c ahi collocam seus homens num mappa em trabalhados por meio dessa imi-
estudam a offensiva e a clefen- relevo em algum logar, por exemple, tação de soldados que ajuda
siva da gueira. Elles também da Europa, melhe

A MACHINA
_S^
Quem inventou a machina de
sommar ? Deve-se este invento a
Blaise Pascal, um francezr
Blaise Pascal foi um notável
mathematico e philosopho. Em
A PRINCEZA CAPTJVA
¦

1542 inventou a primeira machí


na, que sommava apenas de-
zenas; Mabel era o nome de uma formosa princezinha que estava prísio-
Até 1820 nâo houve grandes neira no castello de um mago. O único meio que a princezinha Mabel
modificações, até que C. X.
Thomas inventou o Arithmomc- possuía para communicar-se com seus pães eram umas pombas brancas,
tro — que melhorou ainda mais ás quaes diariamente a joven entregava uma mensagem.;
as condições da primitiva machi- Um dia, porém, depois de escripta a mensagem, Mabel foi até junto
na. Entretanto, quem mais aper-
do columbario e viu que as avezinhas haviam fugido d'ali,
feiçoou a machina de sommar
Fora tudo obra do mago que escondera os cinco pombos e mais ura
foi um americano — William S.
Borroughs <— pois as machinas príncipe que procurava libertar Mabel.
modernas somciam, subtrahem, Procurem os leitores, na gravura, os cinco pombos e o príncipe li*
multiplicam e dividem.
bertador.
ALMANACH DO TICO-TICO — 1936

GHHtàmí&wüti
—_ i... M»rp^—g——<—nmmumfL ati ,tiy i rwMMBMPMWwrriBwnjmjuigji íu —

Marco Tu- si ficados romã-


lio Cícero foi nos, tramava
o maior dos contra o Sena-
oradores lati- do. Foi por isso
nos cujo nome appellidado —
o s pequenos o Pae da Pai ria.
leitores já de- Forçado a
vem ter ouvi- exilar-se por
do como pa- questões politi-
drão de elo- cas, voltou á
quencia e sa- Roma em tri-
ber. ; umpho 10 me-
Além d e zes depois, vi-
estadista e es- vãmente accla-
tyllista, pos- mado pelo po-
suia uma phi- vo. Abraçando
losophia admi- o partido cio en-
ravel e com os tão imperador j
conhecimentos César, mas tar-
assimilados na de, depois d a
cultura grega morte deste, se
construiu uma obra grandiosa de civismo, oppoz energicamente á subida ao throno de Mar-
sendo o defensor incansável dos interesses co Antônio, oppondo-lhe Octavio, sobrinho de
pátrios. César.
Julgando elemento básico de uma verda- , Fracassando em sua opposição, elle tentou
deira educação, o amor á Pátria, escreveu Dos fugir, sendo assassinado por enviados de Marco
devores com o fim de instruir seu filho e esta Antônio e sua esposa Fulvia, a quem Cicero
obra como todas as demais é modelo aprecia- atacou impiedosamente nas suas Philippicasv
dissimo de critica literária. Fulvia, vingando-se da oratória offensiva do "
Como cônsul, Cicero denunciou uma cons- grande romano, varou sua lingua com um esti-
piração de Lúcio Sérgio Catalina, aventureiro lete e seu marido fez expor a cabeça de Cicero,
sem escrúpulos, que, reunindo todos os desclas- na tribuna em que elle discursava.

-¦ -
. _.
ALMANACH D'0. TíCO-TICO — 193Ó

V^rVVVr\VwVSAA^r\VVVVVV%V7yVVVVAVS^ ¦-

M A C * I -N A o

»W \ LiliMWjK s_|j_M_s 8§f

x«Í_!B_7 __ Bs_r ¦^,


I -
1 I

Foi inventada por um francez O invento de Mouchot não era,


chamado Mouchot, em 1S60, a qual pois, tão amalucado como se pensa-
tinha o propósito de puxar água _^__j\ájg^____y va. Hoje, ha grande numero de sei-
entistas que se encontram empe-
para irrigação de regiões áridas da nhados em tirar vapor e electrici-
França. yrtii.:'_' —_j —'¦JrHH _¦£_¦_¦ ___^Sr"^''——-~j>
dade da luz solar. Nos Estados Uni-
Muita gente se riu do invento dos e no Egypto, ha scientistas cm-
considerando-o uma loucura. A ma- penhados nesses trahalhos. Até ago-
china inventada por Mouchot foi De maneira que, durante algum ra, porém, não se conseguiu inven-
intallada na Exposição de Paris, de tempo, houve em Paris um jornal — tar uma mnchina solar cuja energia
1882 e empregada para accionar unico no mundo — que era impres- fosse tão barata como a da elcctri-
um pequeno motor do typographia. so... á custa da luz solar. cidade.
^yVWVV^^^^^V^^MAAAAAAAA^AAA^^AAAAAAAAAAAAAA^^AA^AAAAAAAAAAAAA^A^^iAAAAAAAir^^V »*M*V%-»--%-»-M-i^-ir-«-t-»-»*i¦**uni^^r%*LJ\j"u%%*xr^-^rv*ir_-t•u*y_->

do os risos das companheiras e as A avô de Melita comprehendendo pobre coração! ficou tão magoa-
historias que lhe contaram, se vem que andava alguém a dizer outras do!...
misturar todas com as que lhe conta historias á netinha, puzera-se a ve- A's vezes, sem saber, junlo a avó-
a vóvózinha... lar... zinha se põe a chorar.
— Era uma vez... A avó toma-a nos braços, para aca-
lental-a.
E a embalal-a tal quando creança, Então Amelinha pede:
... Um dia appareceu alguém no a avó se pôz, baixinho, a narrar-lhe —-Vóvózinha, conte uma historia,
caminho de Melita. Alguém que toda a feia e triste historia, do lobo uma historia bem bonita para eu so-
Amélia julgava o principe esperado, muito máo que queria devorar numa
boa menina... cegar. .
e não era sinão o diabo transformado E doce, a avózinha diz-lhe:
em cavalheiro. E ella perguntava — para que
Amelinha nko o reconheceu e nem esses braços tão grandes? Ouve como é linda a historia da
o podia reconhecer... Era tão nova Para melhor te abraçar, minha Bella Adormecida!.,.
ainda... menina... Mas Amelinha não n'a quer ouvir.
E, como Amelinha não ouve mais Para que essa bocca tão gran- Não, vóvózinha, essa, não!
as historias da avózinha, é esse ai- de?... Por que me conta essa historia?
guem quem lh'as começa a narrar, Amelinha revoltou-se: Bem sabe que já não posso mais so,
lindas, doces, embaladores... Oh! vovó! Para que está a con-
tar-mc esta historia? Bem sabe que nhar...
São historias fascinantes, historias A avózinha sorrindo, acalma-a.
de amor! De amores que, fortes e não sou mais creança...
A avó sorriu d^ mansinho: Minha netinha, na vida, ha mui-
grandiosos e de fulgurantes asas,
alam-se todos para o reino maravi- Bem sei, minha netinha. Mas to coração que, creança incauta, toca
lhoso de sonhos encantadores. escuta: — a Vida é um grande livro o fuso mágico, parece morto e ê ape-
E, voz melodiosa e doce, macio o onde cada um de nós escreve a sua nas adormecido... Mas em chegan-
gesto, 6 elle agora quem vae qual historia. E ha algumas tão tristes de do o principe poderoso, elle resusci,
Fausto tentador, insinuando-lhe ao se ouvir... E, ás vezes, lendo as pa- tara...
ouvido: ginas de outrem é que se aprende a Ouve, ouve como é linda.
— Era uma vez... traçar a nossa mais linda ou mais E docemente acabou de conlar a
feliz. historia acariciadora.
Então, serena, acabou de contar, Era uma vez...
.. Amelinha traz o coração trans- baixinho, toda a historia do Chapéo-
formado,.. Não dorme nem come. zinho Vermelho:
não socega nem trabalha... Olhos Era uma vez...
cheios de novas visões, a cabeça lou- E o fim da historia?
ca de chimeras, vae se esquecendo Toda a historia tem fim...
pouco a pouco das historias antigas. Agasalhaila entre as cobertas, Meli- O coração de Melita acordou com»
Ai! é sempre assim! A gente quan- ta treme de susto... Comprehendeu a Bella Adormecida para o Amor .que
do fica moça, esquece dos contos toda a historia do lobo e da menina. foi o principe poderoso que che-
ime ouviu quando pequenina... E comprehendeu tambem que, histo- gou...
E, uma noite, tomada pelo sonho rias, ai! todos contam, mas devemos Ella casou c é feliz...
que a embriagava, Amelinha prepara ouvir as da avózinha, pois essas, sim, Si teve muitos filhos, não o diz a
toda a roupinha para ir cm busca fazem bem ao coração. historia. Diz somente que no dia em
do reino encantado e promettido! E, Junto ao leito da neta, fechados os qué se casava, toda de branco, linda
quando, manso a manso, abre a velha olhos a avó desfiava vagarosamente t; feliz ,a um canto, enrugadinha,, ve-
porta que, surda geme nos gonzos, as negras contas do seu rosário, bai- lha e pequenina, a bòa avó, radiante
sente um vulto que docemente a to- xinho, muito baixinho... estava a dizer:
ma pelos hombros e a traz de novo | Era uma vez... — Entrou por uma porta.,, e sa-
para a peauenina sala...
As avózinhas tudo vêm... tudo * * * hiu por outra... "Manda Deus Nosso
sentem... Amelinha aprendeu a viver, mas Senhor que te conte outra...
ALMANACH D'0 TICCPÍÍCÓ — 1936

O O T B A L

Im^^^%^SHBHH^^3 O football moderno


O football antigo
James I ficou tão alarmado
Muitas pessoas condemnam o quando viu alguns jogadores fe-
jogo de football como perigoso,
entretanto, muito mais pessoas
\ \ v I / ridos e outros com o nariz pae-
tido, outros com pernas quebra-
têm morrido por escorregar cm O rei James
das e tornozelos torcidos, que
banheiras do que devido a elle.
supprimiu este jogo dizendo élíe suppoz tivessem vindo de uma
Remontando ao anno de 1153,
A. C.i os conselheiros de Estado que o mesmo prejudicava o jogo guerra e indagou qual tinha
de Londres, denunciaram o foot- do arco. ou besta, muito em sido. E prohibiu, então, com or-
bali como uma ameaça á saúde moda. Henrique VI, chamava-o dem expressa ao príncipe de
"grosseiro Galles que jogasse football e até
publica. Eduardo II, da Ingla- de e de prejudicial
terra, com o seu supremo poder aos costumes". hoje essa ordem permanece.

A TARANTULA O PLANETA MARTE IAS PLANTAS' COR.


Visto aos óculos de grande ai- REM 0 MUNDO
cance. dos observatórios. Marte nos
mostra grandes canaes, extensas zo-
nas de vegetação e outros acciden-
tes que levam a crer ser elle um
planeta habitado por seres natural-
mente dotados de grande intelligen-
A tarantula é uma aranha ca-
cia e possuidores de recursos sciea-
belluda e muito feroz, muito te-
mida pelos nativos dos paizes tificos que deixam longe os de que Todas as plantas têm seu paiz
tropicaes. dispomos na Terra. próprio de nascimento, como os
A verdadeira tarantula é só- homens têm. E assim como os
mente encontrada na Europa do Sendo assim, é de presumir qus
homens, as plantas gostam de
sul, mas o mesmo nome é dado tão privilegiados víventes já tenham vaguear pelo mundo.
ás aranhas grandes e de outras
espécies. Embora sua mordedura cogitado de um meio de se commu- O periwinkle. de Madagascar,
seja muito dolorosa, não causa a nicar comnosco. Os próprios canaes tem atravessado todos os paizes
morte, como entretanto se dir tropicaes e está agora installado
vulgarmente. de Marte, de uma infinita variedade
na Florida. A planta Mullein.
Antigamente acreditava-se que de fôrmas, têm sido tomados com
que se acha agora tão á vontade
para curar a dor da dentada signaes feitos pelos marteanos aos
dessa aranha, era tocar-se a mu- no Canadá e nos Estados Uni-
ska de uma tarantella, musica habitantes da Terra, dos como se fosse o seu paiz de
essa que inspirava o doente a Até hoje, porém, meus netínhos, origem, veiu da Europa. Ella
dansar até cahir exhausto. serviu como méchas nas lampa*
A mania por essa dansa ori- o problema das communicações inte.-
das da velha Grécia.
gínou-sc em Tarentum. na Ita- planetárias está dependendo de so-
lia. A aranha também recebeu As ervilhas de cheiro dos nos-
lução,
esse nome por causa da mesma sos pomares são originárias da
cidade. Provavelmente isso é ilha de Sicilia. Os geranios culti-
devido a associação dos nome?, vados em toda a Europa e na
provocada pela superstição da America vieram do Cabo da
dansa tarantella que curava a
Boa-Esperançai
mordedura. \^y v^ i
ALMANACH D:0 TICO-TICO — 1936

N I M A E S - D A ANT1.QUID A D
A <

Chamam-se, geralmente, ani-


mães da antigüidade aquelles a cabra,' o porco, o camello eram
de que fala a Biblia. Não ha- facilmente identificados.
vendo Historia Natural nos tem- Houve, porém, uma referencia
pos bíblicos, é muito difficil na Biblia do animal (Behemot),
identificar todos elles. blia ha referencia dos nomes mais cujo nome não é tão fácil d;
Hoje os naturalistas dão aos communs empregados naquelles
adivinhar e todos os naturalistas
animaes nomes latinos que po- e estudantes do assumpto con-
dem ser comprehendidos por to- tempos. Assim, dos animaes do- cordam que fosse esse o nome
do o mundo, entretanto na Bi- mestiços: o cavallo, o carneiro. do hippopotomo actual. <

São incontáveis as espécies ve- caminhos de ferro, sendo, no in-


getaes que formam as florestas, terior do paiz, também utilizado
mas algumas dellas, pela sua oci~ nas construcções de casas e em
outros fins de utilidade. No Brasil
ginalidade, pela qualidade da ma-
deira, por um e outro motivo, são o eucalypto tem grande cultura e
conhecidos e apreciados. Entra é optimamente aproveitado,
ellas uma existe, o eucalypto, que A arvore do eucalypto é, em
' geral, de grande talhe e em muitos
é bem conhecida de nossos leitores
porque possue propriedades espe- Estados, principalmente nas regiõe3
ciaes notáveis. Assim o eucalypto de solo humido, fazem-se grandes
dá madeira fortíssima; aproveitada
plantações dessa espécie vegetal.
em vários misteres, é um elemento
'¦ No interior de alguns Estados,
de valor na therapeutica e ainda
como já se disse acima, é a ma-
possue a propriedade de enxugar,
de seccar o solo onde é plantado., deira do. eucalypto aproveitada na3
Arvore de encalypto
plantado. construcções, por isso que sendo
O eucalypto pertence á familia de grande durabilidade é
pouco
de uma série de arvores produeto- procurada pelo cupim. A madeira
ras da borracha e chama-se eucali» ÜM GlüANTE DAS do eucalypto é bem" dura è consti-
tus amigdalin. FLORESTAS tue, na industria, um elemento de
A espécie maior foi encontrada
alto valor.
pés.
em Victoria e tinha a altura de 470
pés. Entre as mais valiosas espécies
encontram-se o eucalyptus cha-
mado •— borracha azul — que dá
madeira muito preciosa e a espécie
'¦—
jarrah — que dá a madeira
para as obras das docas.
• í A ]T Ifr/XtiSlC^i
Pela resistência que tem o euca-
Iyptus, é süa madeira aproveitada
para posteação de linhas telegra- Um tronco de eucalypto da
As folhas do gigantesco vegetal phicas è dorm entes para triiho de Tasmania.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

O s I R A o Q R I

^^IKü? IKiO
Guilherme Grimm
Je.cob Grimm Todas as crean-
çns conhecem os
celebres contos de Grimm. cheios d. que serviu para uma investigação histórica
encanto c de fantasia. Jacob e Gui- da lingua allcmã. Nessa pesquisa clica
lherme Grimm foram os mais conheci- r a m professores vieram a descobrir historias do folklorc o
dos autores dos melhores contos de em Berlim c pes- foi, então, que se tornaram famosos pu-
fada: Hansel. Grctel, A menina gan- soas muito cultas* blicando os seus contos de fadas que,
so. Branca de neve, o Pequeno Pcl- Jacob escreveu durante gerações, as mães alleniãs con-
legar e outros. Os irmãos Grimm fc- uma grammatica taram aos seus filhinhos.

Arredores do Mexíco O BALÃO DO PO-


i3RE2)lNll_Q
O México, o paiz amigo que de Diogo Rivera. O casteiio teta Quando um balão, lá nos are
fica na parte central do continente maravilhosas relíquias da cultura Chora lagrimas de fogo,
Leva pesares,
americano, é dotado azteca. Deixa saudades
de lindos e pittores- A cathedral Mas volta logo !
cos íu-redores, cn- Franciscana, funda-
canto dos touristes da em 1529 é uni Subu, suba, balão.inho,
que vão deliciar-se das egrejas mais Meigos olhinhos te fitam !...
no iheditismo das Desça, balão, desça, de
pittorescas do
paisagens. Entre [mansinho,
mundo. Que mil bracinhos se agitam !
esses arredores fi- Borda Garden á
gura Cuernavaca. outro sitio digno de Balão de papel de seda,
A duas horas de ver-se, cheio de fio- Que tem gomos multicores,
automóvel do Mc- res e plantas tropi- Que a tremente labareda
Enfeita com seus fulgores.
xico fica Cuerna- cães. Suba !
<vaca — —a velha Cuernavaca as-
cidade de grande semelha-se a uma Sobe, balão sem destine !. ..
importância no tem- cidade Desce, balão apagado,
hespanhola
dos Aztecas. No quintal do pobrezinho
po da Edade Média c Que com elle tem sonhado !
Cuernavaca f o i continua a ser um
capturada por Cor- Scena de Cuernavaca monumento lustori- Baiãozinho que desceu
tez, que ahi cons- co, um local pri\ i- No quinta! do pobrezinho,
truiu um grande palácio no anno legiado pelos seus aspectos erigi- Vciu do céo. ..
E' um presente
de 1530 e junto a elle as muralhas naes e bellos, Delicadinho.

7X
x< Balâq que assim
Desce pelo São Joáo
Fica guardado, não sobe mais...
E' uma relíquia
De estimação.

Horacio de Souza Coutikbo


___ _=_____ __. _.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

A Ethiopia 6 A lingua des

urn enorme bloco abexins é o amha-

de montanhas cor- rico. O alphabe-

íado por valies fo tem 33 letras,


a formando 251 ca-
profundos que
•tomam inexpugna- racteres, dos

ve I . Dividem^a ouses cada um á

três regiões: í) uma syllaba ¦


A batalha de Aduá, segundo uma gravura da época
Terras baixas, de A moeda cor-
1000 a 1600 me- rente é o thaler.
tros de altitude, Os a by s sinios
vegetação tropi- nascem, casam-se
ca!; 2} Planaltos e morrem sem re»
médios, de !600 a 2000 metros de altitude, região fértil; gistros. A mulher pôde casar-se aos 10 annos.

3) Planaltos elevados, da 3000 a 4500 metros de altitude, A alimentação comprehende doces, bróas de milho a

ricas pastagens. carnes, mormente de carneiro.

Divisões territoríaes: ao N., o Tigre, cap. Aduá; ao Bebem-se o talla (cerveja) e o tach, que são prepa-

S., o Amahra, cap. Gondar, e o Choa, cap. Ankober. rados com me!.

Productos— Café, marfim, myrrha, cera, mel, pennas Na guerra italo-ethiope de 1880, os effectivos mili-

de avestruz, pelles, ouro, musco, petróleo, etc. tares da Abyssinia compunham-se de 145.000 homens. A

Clima — Do fim de setembro «rtilharia comprehendia 50 peque*

ao fim da junho, estação secca: nos canhões de montanha e me-

do julho o outubro, chuvas. Fe- fralhadoras. As armas mais com»

bres, um mez antes e após as chu- ê^WÊÊBÊÊê mummente usadas são a lança, a

vas. zagaia, o fusil e o escudo. Cada

Governo — Regimen feudal.


Negus, rei dos
^^k: mm Ras dirige os corpos de exercito

que lhe são affectados. O Negus


O dirigente è o
reis, que tem como suzeranos os é o commandante supremo das
A artilharia abyssinia em 1890
Ras de Harrar, do Tigre, de Uoi- forças.

los, de Godjam, de Djemma. Os soldado; abyssinios são, como os japonezes, muita

A sede do Governo é o capital de Addis Abeba, des- sóbrios

de I892i cujo nome, em idioma amharico, significa nova Em campanha, podem alimentar-se' exclusivamente, se-

flor. manas e semanas, da trigo, cevada ou ervilhas.


"Gue- São valentes e audazes.
Na metrópole acha-se o palácio real, chamado
fai". Em 1896, referindo-se ao soldado abexim, o gena-
As casas dos ricos são rs- ral Baratieri, dizia*
- \
dondas, do pedra e barro, telha- — "O inimigo, com uma in»

dos conicos, de madeira. Os po* trepidez inaudita, escalava nos-

bres vivem nos godjas, choças. sas posições e penetrava no

Em 1892, as edificações da nosso acampamento, atirando!


è1-*?^*
Addis Abeba semelhavam a me- á queima-roupa sobre os offi»

das de feno. . i Infantaria antiga da Abyssinia c'aes.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

O Presente Maravilhoso cara Mauricia, com tristeza — tostara-lhe a cutis


Toda as manhãs, quando a. musica das on-
das espumosas andava em rythmos com o riso e, agora, seu rosto, antes tão macio e claro, pin-
encantador das creanças, espalhadas em gru- tara-se de côr accentuadamente morena bordada
pos, aqui e ali a brincar de sardas! — Como eu
com a areia humida, passa- quizera ter a cutis igual a
va a formosa joven, cujo da linda joven que vejo na
rosto, claro, lindo, semelha- praia! — exclamava. O
va-se ao nacar azul e rosa pae, carinhoso e bom, no
das conchas pequeninas. E dia seguinte, trouxera pa-
a creançada, interrompen- ra a filha, um presente bo-
do por instantes a constru- nito, um frasco do mara-
cção dos castellinhos de vilhoso aformoseador da
areia, mirava a joven pas- cutis, do embellezador da
sante cuja cutís parecia um epiderme, que evita e cor-
mixto da luz prateada do rige as
queimaduras do
luar e da brancura dos sol e os effeitos desagra-
lírios. daveis do vento maritimr.
— Que lindo rosto e sobre a pelle — do prodi-
—- di-
que formosa cutis ! gioso Leite de Colônia,
ziam as meninas. de Studart. De posse do

— Como é encantadora aquella formostt- mágico liquido, Mauricia, applicando-o á cutis,


ra ! — accrescentavam ainda outras, almejando viu-se dentro de pouco tempo tão bella e tão cia-
a belleza da moça que passava a atirar sor- ra como a joven que via, todas as manhãs,
risos para o mundo bello das crean- na praia e cuja belleza tinha como se-
ças. Certa vez, Mauricia, uma das gredo o uso do formidável embelle-
formosas flores humanas que en- zador feminino. O Leite de
chia de alacridade e encanta- Colônia, em cuja composição —
y\f/y~^ "H
mento a praia na hora dos segredo de fadas e nymphas
banhos matinaes, dissera do reino da belleza — en-
ao pae que nunca mais tra a encantadora flor de
voltaria á praia. — E' colônia, é um excellen-
que o sol — expli- te amigo da cutis.
TWJK 1
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

ORGULHO CASTIGADO

Zézé era um menino muito orgulhoso. Nâo dava confiança nem brincava com os outros meninos, só
porque era filho de
um homem muito rico...

^^» _^aa*a*aBMa^aW ^àt f^ak a^^^^l À^^^^\ aS

Outro dia Zézé, foi sentar-se no meio do banco da praça, os meninos pobres foram sentar-se também. Zézé chegou-se
para a ponta do banco para não ter intimidades..

Então os meninos levantaram-se a um só tempo e o banco


meninos pobres riram muito do orgulhoso Zézé. Estava castigadoperdendo o equilíbrio fez 7 (¦-,(. l„v„,
o orgulhoso' Um gra"de tombo- Os
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1926

Olhando o céo e a terra


Noite linda e suave; uma fagueira Que sopra lento),
Brisa agita de leve o mar; a lua Da dôr materna está completamente alheia .,
A' flor das águas abre argentea esteira E como o seu ínnocente vulto é perfeito e
O aço lembrando de uma espada núa... [lindo I
A alma das ondas guaia A mãe entre os braços a aperta,
Melancholicamentc E contra o peito a estreita tanto, tanto
Na alvura livida e fulgente Que a menina se desconcerta
Das areias da praia, O rosto sentindo-lhe humido de pranto.
Onde reflectem-se as silhuetas finas
De duas figuras
Femininas...
Pelo tênue azul das célicas alturas O vento impelle as nuvens... Vào-se,
A lua paira silente e fria, [abatidas as asas.
E nuvens esgarçadas Para longe, e, macilenta,
Fazem-lhe rendas sombrias. A lua, livre dessas frágeis gazas
Ensaiando cirandas desabaladas.., Qual globo opaco no amplo céo se ostenta.
O vento imprime ás nuvens uma
Marcha célere; a lua, pallida. se encobre
Por detraz dellas, e através da escassa bruma
Moça e viuva, a mãe, na roupa escura
w~ E' uma moeda de cobre
Ainda mais beija fica :
Como que voando — Fora rápida assim a sua ventura
Com invisíveis asas, num mysterio crescente,
Como a carreira illusoria
Espaços e espaços devorando Da lua — tampa da barrica
Allucinadoramente...
Que lhe encerra do amor a triste historia...
Da extineta felicidade
E do perdido encanto
"Mamãe Da nuance
! Mamãe ! Vê como a lua corre Da sua vida,
Está tão branca ! vae tão cansada!" Restam, apenas, no penoso transe
(E a lua, livida e fria, Que atravessa
Por traz da nuvem esgarçada. Como se fora á dôr uma promessa :
Corre a toda disparada A saudade,
Com o pallor eburneo que transcorre O pranto
Do transe da agonia...) E — graças a Deus! — a filhinha querida!

E a menina pulando sobre a areia,


Batendo palmas e sorrindo,
L E O N C I O
(Cabellos ao vento
CORREIA
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

O PRÍNCIPE
O Príncipe Feliz era uma estatua, que se erguia numa columna alta,
dominando a cidade. Era toda de ouro, com os olhos de brilhantes e o
punho da espada adornado com um enorme rubi. Todos admiravam a estatua
e quando algum menino chorava, pedindo a lua ou qualquer outra cousa
disparatada, a mãe dizia :
Por que não és como o Príncipe Feliz, que não chora ?
Uma noite, uma andorinha voou sobre a cidade e pousou na estatua,
abandonando suas companheiras, que voavam para o sul, fugindo do inverno.
Cahiu a noite e, aos pés da estatua, a andorinha, ia esconder a cabeça
debaixo da asa, para dormir, quando sentiu que uma gotta d'agua cahira-
lhe em cima. Não estava chovendo e a andorinha, olhando para cima, viu
que a estatua estava chorando. Voou então até o rosto do Principe Feliz,
que falou :
Eu vivi e fui feliz, num palácio onde não chegavam as dores do
mundo. Agora, d'aqui, vejo todas as misérias. Vejo uma mulher cosendo,
sentada junto a uma janella. Pagam-lhe pouco e ella tem o filhinho enfermo.
Andorinha amiga ! tira o rubi do punho de minha espada e leva-o a essa
pobre mãe porque eu não posso me mover, tenho os pés presos a esta
columna!
A andorinha, attendendo ao pedido, arrancou o rubi da espada do
principe e levou-o no bico, a voar. Ao passar sobre um palácio, ouviu mu-
sica. Uma formosa joven, chegando ã janella, ao lado do noivo, falava.:
i— Oxalá termine essa costureira o meu vestido de noiva ! A andorinha
soube, então, que a pobre costureira para quem ia levar o rubi estava tra-
balhando para aquella joven, que nunca soubera o que era a fome. Bem
que tinha razão o Principe Feliz em estar chorando !
Quando chegou á janella da pobre mulher a andorinha viu que ella
estava dormindo, vencida pelo cansaço. Voou até a mesa e deixou o rubi
junto ao dedal.
A andorinha, em seguida, foi dormir nos pés da estatua do Principe
Feliz e na manhã seguinte voou até o rio, para banhar-se. Um professor
a viu passar e ficou tão admirado de encontrar uma andorinha no inverno,
que immediatamente foi para o seu gabinete e escreveu um tratado a pro-
posito daquelle incidente.
A andorinha pensou partir para o Egypto, onde já deviam estar
suas companheiras, mas o Principe Feliz pediu-lhe que demorasse ali mais
uma noite.
.— Vejo um pobre escriptor no seu aposento, com fome e frio, sem
f
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

I mMWMWMmMWmwmMWmWMWMWammmWmUMi

FELIZ
poder terminar a sua obra. Leva-lhe um dos brilhantes dos
pediu o Príncipe.
Não posso fazer isso! — disse a andorinha.
meus olhos ! —
£4üL
Attende-me, por favor ! — insistiu o Príncipe.
Chorando, porque acreditava ir causar dôr ao Príncipe, a andorinha
fez o que lhe era pedido. Voou até o aposento do escriptor, que. com a
cabeça apoiada entre as mãos, não viu a andorinha. A avezinha deixou o
brilhante sobre um ramo de violetas murchas que estavam num copo. Pensou
então a andorinha nos leões e nos crocodilos da África, onde já deviam
estar suas irmãs e quiz partir. Mas o Príncipe Feliz falou :
Vejo uma menina, vendedora de phosphoros, que chora na rua
porque cahiram os phosphoros na água da sarjeta e estão molhados.
Arranca-me o outro olho e vae leval-a à menina !
A andorinha attendeu ao desejo do Príncipe e como então este ficara
cego, resolveu não mais abandonal-o e ficar com elle para sempre. E a
avezinha contava-lhe historias das cousas que havia visto nos seus vôos
pelo espaço. Voando sobre a cidade, a andorinha voltou e contou ao
Príncipe que tinha visto ricos divertindo-se emquánto pobres choravam de
fome. Havia visto dois meninos ao relento, abraçados para darem-se mutuo
calor. Então o Príncipe disse á andorinha que arrancasse as folhas de
ouro que lhe cobriam o corpo e as repartisse com os pobres. Assim fez a
andorinha, deixando o Príncipe apenas em armação de chumbo. Em breve
chegaram os rigores do frio e a avezinha, á falta de alimento, foi pouco
a pouco se debilitando.
Uma manhã quiz erguer-se num vôo para beijar a face do Príncipe
Feliz em despedida. Fel-o para logo depois cahir morta no chão. Dentro da
estatua reboou um ruído estranho. Era o coração de chumbo da estatua
que se despedaçara.
Momentos depois o alcaide da cidade sahiu a passear com os seus
conselheiros e vendo o aspecto feio da estatua, ordenou que a fundissem num
forno. Ninguém olhou para a andorinha morta. Na forja apenas não pôde
ser fundido o coração do Príncipe, o qual foi atirado ao caixão do lixo com
o cadáver da andorinha.
Um dia, Deus mandou que dois anjos trouxessem da cidade as duas
cousas mais preciosas. E os anjos levaram a Deus o coração de chumbo
da estatua e o cadáver da andorinha.
Escolhestes bem — disse Deus — Porque em meu jardim do
Paraíso, esse passarinho cantará sempre e na minha cidade de ouro, o
Príncipe Feliz me alegrará eternamente.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

Uíf/ü zes A no'tc estas se


/ 1
l\fl I parecem com pernas ...seguinte lenda: — Numa aldeia da .. .sagrado, respeitado por todos. Todos
j rj' VI H^ c deram logar a. .. Índia, vivia uutr'ora um eremita cha- os annos os fieis iam em peregrinação.
deante d'elle.
/ v i\ l Cl^ ..-.__ madoDjala. Vivia sozinho num logar... prostar-se

O eremita havia feito muitos mila- No recanto sagrado, tinha o eremita Num rio que atravessava uma fio-
gres. Tinha dado pernas aos aleijados uma serpente e uma vacca, animaes sa- resta, vivia um jacaré, egualmente sa-
e vista aos cegos. grados e venerados pelos hindus. grado.

E as florestas abundavam em arvo- .. .eremita pedindo que lhe desse a vae-


Ora, nos arredores, havia uma gru-
res santas, sendo um sacrilégio tocar ca e a serpente. O eremita recusou-se,
ta. Um bandido impio, foi ahi morar dizendo ser um sacrilégio tocar. . .
n'ellas. Um dia apresentou-se ao...

í '¦ MCC* asi

nesses animaes Misotir, assim se ...pela noite. Mas, quando quiz tocar Misour, matou a vacca, dizendo:
chamava p ímpio, resolveu roubar a na vacca, o animal precipitou-se sobre "Matei o animal sagrado;
quero vèr o
vacca, o que fez... elle. que me acontece".
(Continua na pagina sei>uinte)
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

Como tivesse sCde, foi ter a um


Comeu a carne e fez um .. .bolsa" — disse Misour, rindo. rio proximo da gruta. O crocodilo.
manto com o couro. "Falta-me ainda a E na noite seguinte matpu a serpente com muito..
pelle da serpente para fazer uma... uma flecha.

...velho, havia morrido. "Vou pedir Foi ter com o eremita e disse quem ...da serpente, e que queria algumas
ao eremita que me dê algumas fructas era, acerescentando que tinha em seu fructas. "Dar-te-hei, de bom grado"
sagradas, senão furto-as á noite" poder o couro da vacca e a pelle... disse o eremita, fazendo um signal. . .

¦; i ai ¦ 11 ^ ¦ —àm—M. ^ m a*»» ^»» ^^ >" ~ sr>- ^-«y


^ m » ^ m ^»m
.. .particular, como maldizendo as fructas. No mesmo instante- as' arvores deita- Finalmente, foi apanhado pelos t>a-
ram a correr, perseguindo Misour. Os galhos cahiam sobre elle. fazendo-o cor- lhos que. levantando-o, atiraram-n'o so-
rer montes e valles. bre os chifres de umas vaccas.

I #111
jliiwracões be CicerovalkòaraS,
Em seguida. Icvantando-o novamen- E, pela ultima vez, atiraram seu cor- ...vingado o ulrrage, voltaram á flores-
te, lançaram-no ás serpentes, que o cs-
po aos crocodilos do rio Ganges. As ar- ¦ ta, onde se encontram com suas enormes
magar.im. vores, tendo... raízes.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

as aventuras do chiquinhq -==- Quem c bom já nasce feito

"SnTvgSig
|

Benjamim estava sentado na . . . uma folga, reprova tudo quanto se faz! . . . creança com medo da cara
escada, muito triste, quando ap- Ora, vá dar um passeio para te distrahires, de Benjamim, correu e cahiu no
pareceu a tia Joaquina e lhe per- disse a boa senhora. E Benjamim foi ao lago. Benjamim tal qual como
guntou o que tinha e porque es- Campo de Sant'Anna. Logo ao entrar, viu se achava, vestido e calçado, ati-
tava ali. — Agora não se pode uma creancinha caminhando no grammado rou-se ao lago e salvou a crean-
mais brincar! — disse Benja- que descia para o lago e, percebendo que ça. A família da creança ainda
mim. Seu Chiquinho não dá... ella fatalmente cahiria, chamou-a, mas a... não havia dado por falta da. . .

^Hiíi* Níf^" h JiSíi r "^Juí


^Pv *^l *^n J^l J

ssEai ^^ ' *i
^—¦ Itfífffff fi iífl HBfl HrrftMtitfHBJHMHitt^rl ¦
J£dr,
. . . menina. mas, outras pessoas que assistiram o acto Chiquinho já sabia de tudo e, logo que Benjamim
heróico de Benjamim, deram-lhe muitos palmas. Benja- chegou, foi ao seu encontro enaltecer a acção nobre de
mim não se envaideceu com o acto que praticou. Entre- seu velho amigo: — "Procedeste como um homem!"
gou a creança áquellas pessoas que ali estavam e correu Eu bem sei que não sou mulher, respondeu Benjamim,
á casa para trocar de roupas. e depois quem é bom já nasce feito.
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

LENDAS DAS FLORES


— ordenou Flora. Então de um cantinho do

O RESEDÀ jardim surgiu timidamente, encaminhando-se


para junto de Flora, uma flor pequenina, de
Um dia, Flora, a deusa das flores, desceu côr verde salpicada de amarello e branco. —
a um jardim e perguntou ás flores, que se incli- Ah!E'stuo
navam, reverentes, á sua passagem, o que de- resedá? —
sejavam. E as flores começaram a dizer a Flora pergunto u ,
quaes os desejos que as animavam. Havia quem admirada, a
quizesse florescer antes do tempo, quem dese- deusa. —
jasse colorido mais forte, quem ambicionasse Dize - me o
ser menor, para não ter o trabalho de crescer. que desejas
Eram verdadeiramente aquellas flores ambicio- e estou
sas e queriam mais do que possuíam. Flora ou- prompta a
vià pacientemente todas as flores. Quando o attender-te !
desfile das flores acabou, a deusa perguntou
Com voz de-
bastante cançada: — Todas as flores já fala-
ram? — Não! — gritaram, em coro, muitas vo- bil a flor
zes. — O resedá não falou! — Quem é essa respondeu :
— Em ver-
flor? Não a conheço. Que se apresente e fale!
dade nada
tenho a vos pedir porque estou contente com
a minha sorte!
— E's a flor mais ajuizada, porque co-
nheces o segredo da felicidade — disse a
deusa acariciando-a. — Não quero, entretan-
deixar de premiar a virtude de que és pos-
suidora e, por isso, farei com que
sejas amada e apreciada apesar de
tua modéstia! E assim falando a deu-
sa Flora derramou sobre a florzinha
o conteúdo de um vidrinho que le-
i® &® 4$^\ /M 1 \\\ *'"-¦¦ vava escondido nas dobras do seu
"T"' "V" "V\"V' •»•>»!*'•«« "»W -*»-Á
® fflj ^ l" •""""/'"" vestido de gaze. E immediatamente
por todo o jardim se
espalhou um perfume
delicioso e finíssimo

/ 'ifálf^ ^ que as próprias rosas


começaram a invejar.
^^S^y^,/
P>J
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

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(VOU APROVEITAR A\
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) (V*H 1^ J FRACA C' GOSTAA Çr-^
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(ESTA MELAM CIA-.. *11 1''
t.U HELANC/A A-/£^
J^^ LOF

—-*"————j— .._ ^ ^^

/O^ÍMIO" D<f PRETO^ ^^-CT) XV /'VOU 5U65TITUIR E«TA\A,


OUTRA í M^LArtClA POR UMA BOLA \L/
[ cameoou ( ^L ^j ICHEfA OE TINTA. QCAriDtí
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\0 PRETO FOft QÜEBRAL-A, ^fj I
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VÊÊÊmáÈÊÊ*^~^~

I T~\ <*)* 9
50'<JüER(A VER A CARA
00 "SEU MAHOf;
|A0 OAR PELA FALTA
DA» SUAS MELAMOASj
EVTA ESTA' QUE
E' UMA 5ELLEIINHAJ
Basta soltal-a
mo chão para
QUE ELLA SC
fARTA ... V

/Vk^HJ

Sx\f(A
!>TfA
JéãsL
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

A ORIGEM DOS CORREIOS

'
<r 1 p-#^%-t
Os reis da antigüidade tinham mensageiros carrega- .. .copiado dos persas, os romanos collocaram caixas de
dores que levavam suas communicações mas o povo não correio nas grandes estradas, a seis milha." de distancia
podia usai desse privilegio, embora pagasse. uma da outra, collectadas por mensageiros a cavallo.
Fazendo sua essa organização, que haviam. Da palavra latina positus (o que está posto,. ..

.. .situado), que se referia ás caixas collccadas nas es- de 1482, quando um só ginete percorria vinte milhas
tradas principaes, deriva-se o vocábulo postal, que. hoje, para entregar uma correspondência.
significa transmissão de correspondência. No século XVII os particulares tiveram
O systema de correios inglez começou no anno... para se utilizar dos serviços de correios. permissão

O transporte de correspondências por coçhes ou di- O primeiro sello postal, que tinha o retrato da rai-
ligencias começou, na Europa, antes da revolução fran- nha Victoria, da Inglaterra, foi posto em circulação em
ceza. Em 1830 correu o primeiro trem postal de Liverpol 1 de Maio de 1840. Nesse dia venderam-se sellos no va-
a Manchester. lor de 2.500 libras. O primeiro sello norte-americano.

. . . appareceu em 1847. Com o desenvolvimento dos ca- Em 15 de Maio de 1918 foi estabelecido o primeiro
minhos de ferro, começou, em 1864, o serviço de trens serviço postal aer«o regular nos Estados Unidos da Ame-
correios na linha de Chicago a Chiston, nos Estados Uni- rica do Norte, entre Nova York e Washington, com pi-
dos da America do Norte. Era o correio ambulante. lotos pertencentes ao exercito.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

fi Sueury

As Capivaras não tinham socego, .. .Este caso resolve-se já, vamos pro- .. .A Onça continuou a procurar os
eram perseguidas pelas Onças, pelas metter á Sueury, a Onça para o jan- pontos onde as Capivaras pastavam.
Sucurys e pelos caçadores. Um dia tar. Foram á Sueury e ella acceitou a Um dia, quando pastavam as duas
uma Capivara encontrou-se com proposta, mas, foi logo avisando que, Capivaras, appareceu a Onça com
uma Paca e contou que a vida ali, quando não tivesse mais Onça para uns modos muito maneirosos. As
naquelle logar, era um martyrio... jantar, voltaria a comer Capivaras... .Capivaras, desconfiadas, foram...

SISiiiil mWÊÊÈmÊmtímr IH il^^^^^^^

J*ío<Âex.
.. .caminhando para o lado onde se achava a Sueury. ...Capivaras a tudo assistiam, tremulas de medo.
A Cobra num bote certeiro apanhou a Onça pela Por fim enguliu a Onça e ficou immovel e inofen-
perna* e depois com o corpo foi enlaçando a fera, siva. — "Agora nós", disseram as Capivaras! E, a
tirando-lhe os movimentos, apertando-lhe e que- dentadas formidáveis mataram a Sueury. Por muito
brando-lhe os ossos. As... tempo viveram as Capivaras em paz.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

MMY©m 00

/AMIGO BOLÃO, NÃO SEI COMO *\


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r~-~7^Tc7«wwrr" campeão) I VOU ME ARRANJAR. ACABO OE s-\


^_Çv\ OESAFIAR PARA UMA LUCTA LIVRE ) ^^*° \
^l O "POPOFF", HERCULES °°/p=>^^^
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BEM .'..?
f?' QOl /ESTA'MUITO COMO
T Ut~^L
/íUjr ^ i |MAS APOSTAREI
1 \ NÃo ES CAPAZ DE ME S
/ \^/ \lveNCER NUMA LUCrA )
( s~> ^~*\ rV-lvRE•¦• s~-^J

_Tcom o corpo untadòCOMO


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f GRAXA,VOCÊ FICARA' .#
{papudo./. ^ .
i UMA LESMA.JWGUEM LHE /
^ ^
IlíV1^ fy

] REMep/o papa Lt^TA^2l£^L_^RU!_^_r^y\ y

ISSO NAO E LA MUITO


SUAVE, PORÇrl NÃO
ENCONTRAI UM MELHOR..

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ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

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AS PHASES HISTÓRICAS DA LINDA BAHIA DE GUANABARA


ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1$36
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1- .

AS PHASES HISTÓRICAS DA FAMOSA BAHIA DE GUAN ABARA


ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936
í í
O OVO DE COLOMBO"
___zzrz___z

Bellinha lera num livro de historias, como


E' fácil, disse ella a Clarinha. Assim eu
Colombo, o descrobridor da America, conse-
também faço ! E foram para a cozinha:. . .
guira pôr um ovo de pé. . .

=r V/J JÊÊ jjm

... — Vaes ver como é simples. Experimenta . . Bem, da primeira vez não foi. Vamos ten-
tu também e verás que não é dif ficil. . . tar outra vez.

Nossa Senhora! Quebramos todos os ovos E por castigo lá ficaram as duas meninas
e não conseguimos fazer o que Colombo fez. de pé no canto da sala.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 193o

Ninguém diria que um reu afogado no canal de Mi-


menino aparentemente tolo lan, sua cidade natal. Tam-
chegasse a ser o maior dos bem nas brincadeiras com
inventores, seus companheiros nem sem-
Thomas Alva Edison, pre era muito bem succedi-
nome conhecido de todos do. Certa vez obrigou ura
começou a ir á escola bem amigo a ingerir uma grandí
mais tarde que seus dois quantidade de pó, com que
irmãos. Os pães tinham se fabrica a Água de Seltz,
certos cuidados por ser convencendo-se de que com
elle franzino. Mas pou- os gazes ahi existentes seria
co freqüentou a s aulas, capaz de sahir voando. Com
as dores do amigo, o caso foi
pois um dia o professor le-
vou-o para casa dizendo descoberto, o que lhe valeu
que para elle nada adianta- umas boas palmadas. E com
vam as aulas, pois tinha o Edison aos 14 annos essas e outras Edison mos-
cérebro vasio. trava a paixão que tinha
Vasio para o que se en- pela chimica.
sinava nas escolas de anti-
gamente. Mas, para as coi-
1 ioln iÉ'i!iÉ i Sempre insatisfeito, que-
rendo aprender a ler mais,
Edison, aos 12 annos, pro-
sas da natureza tinha sem-
pre os olhos abertos e o
espirito interessado.
ieiiiit8f__ curou empregar-se, afim de
ter dinheiro para comprar
Com 5 annos cantava todas ratorio. Tinha perto de 200 livros e objectos para experien-
as canções dos marinheiros e garrafas com misturas a que cias.
contam que uma vez seu pae punha um grande rotulo Ve- Muitas pessoas julgam, pelo
foi encontral-o nos fundos da neno para que ninguém tocas- facto delle se empregar com tão
casa, sentado bem quieto em se. pouca idade, que seus pães não
cima de uns ovos, na esperan- Quando Al, como era seu ap- tinham meios para o mandar es-
ça de chocal-os. pelido, passava muito tempo fó- tudar. Isso não é verdade. Sua
Esse incidente do professor ra de casa e seus parentes não familia, não sendo rica, vivia
foi importantíssimo para a sua sabiam onde estava, sua cari- sem difficuldades. O pae de
educação. Começou então a nhosa mãe, que tão bem com- Edison era negociante de fari-
estudar em casa com sua mãe prehendia o filho, respondia nhas e fabricante de toros de
— uma senhora muito instrui- — Não se inquietem — nada madeira usados nas construc-
da, também professora lhe acontecerá, Deus o vigia. ções das casas, usadas na
Assim, aos doze annos, Edi- Sua mãe não perdia a con- America do Norte.
son já tinha mais conhecimen- fiança nelle, apesar de ter es- Empregou-se então como
tos e lia livros de estudos mais capado de desastres fataes por vendedor de jornaes nos trens
adiantados do que qualquer, mais de uma vez. Quasi mor- da estrada de ferro que faziam
outra creança da sua idade. o percurso de Port-Huron a
Não só livros de estudos como
literatura. Tinha predileção es-
. - :-w|';..- Detroit. Já se tinham nessa
occasião, mudado para Port-
Huron. A escolha do emprego
pecial pelas obras de Victor foi muito bem pensada.
Hugo. Em Detroit, cidade dos au-
Todos os parentes o acha- "'
"-
"¦¦:¦ ' '¦ tomoveis de Henry Ford, seu
vam um pouco esquecido. Não A ' -.' 4 ' ;.-.-.;I-^í'-':-;'' ; "'¦ '• intimo amigo mais tarde, o
brincava muito com as outras trem parava umas horas, o que
creanças. Andava pelos bos- permirtia a Edison freqüentar
quês em longos passeios ou Edison e o «seu phonographo a bibliotheca publica. Sahia de
mettido no porão de casa me- — após cinco dias e cinco noites casa ás 7 da manhã e só vol-
xendo em seu pequeno labo- sem dormir tava ás 9 da noite.
ALMANACH D"C TICO-TICO — 1935

pographo, Graças ao serviço Sendo surdo, não preciso ouvir


S________________H____' ' :__^___________________i_______l

telegraphico dos trens, que tudo que minha mulher fala...


sempre o enthusiasmou, con- Como telegraphista mostrou
'-^w_____á__ *ii-;l
§__ »'*!Í seguiu por vezes ser o primei- pela primeira vez seu gênio in-
^|wlwwl__L<'--:___l'-' i ___w£ ventivo. Os que trabalham á
í<w|hPi_H^Hl__K:« ro a publicar noticias da guer-
«**-? f Mv''^_________E***_B*_l
ra. Como era dotado também noite precisam de hora em ho-
ra mandar á estação principal
de grande tino commercial te- um signal como
prova de que
legraphava aos chefes das es- estão acordados. Mais tarde
tações para annunciarem os Edison conseguiu passar a
titulos das noticias e assim noite só dormindo umas 4 ho-
quando chegava, a venda era ras, ou meia hora 3 a 4 vezes
f"
M
¦' ^p-§?_____fe
feita rapidamente. Aos 15 an- por dia.
nos salvou de um desastre, em Mas, nessa oceasião tinha o
'¦¦¦' '"'<'"''¦''•'¦-"
; ;,1 *-"'f *' ¦¦' ¦'•¦'¦•- ¦
que teria morrido esmagado somno miais forte e inventou
um apparelho que, ligado ao
por um trem, o filho do chefe relógio, dava automaticamente
da estação. O pae, gratíssimo, o signal sem
precisar despertar
achou que o melhor modo de o rapaz.
Edison no laboratório de mostrar seu reconhecimento Mas o truque foi logo des-
chimica era convidar Edison para estu- coberto.
dar telegraphia. Encontrando um dia na bi-
Ganhava o bom ordenado Elle ficou radiante e por isso bliotheca um livro de Faraday
de 8 a 10 dollares por semana continuou a trabalhar no trem, sobre electricidade enthusias-
que, ao cambio de hoje, são mas em percurso menor. mou-se tanto que ao chegar á
— Ha
uns 150$000. Dava jsempre a Aconteceu, porém, que em casa disse ao seu amigo:
tanto fazer e descobrir. A
sua mãe um dollar de presen- certo dia em que fazia experi- vida é que curta. Preciso andar de-
te. E' desnecessário dizer que encias no seu pequeno labora-
pressa. E para felicidade de to-
esse dinheiro era todo gasto torio do trem o carro deu um dos nós, viveu Edison 84 an-
em livros e material para seus solavanco e cahiu uma cham- nos.
innumeros trabalhos. ma e incendiou o carro.
Ainda outra vantagem apre- O chefe zangado esmurrou „_____ _a__,

sentava esse emprego. Num o pobre rapaz, do que resultou


dos vagons do trem que só de ficar surdo para sempre. E jo-
tres carros se compunha, havia gou fora tudo que se achava
um pequenino compartimento, no seu laboratório. Pode pare-
*5_i
sem ar, que foi permittido a cer que isso fosse uma grande _we__#-^
Edison occupar. Para ali trans- desgraça. Mas Edison não a
portou suas garrafas e seus considerou assim. Pelo contra- _aW_____ _H__I
apparelhos que já estavam en- rio. Achou isso uma vantagem __r_5__
ehendo o porão da casa e abor- sobre os outros telegraphistas. ¦__» ___i
recendo sua mãe. Sendo surdo não se distrahia
barulhos. Não pre- £«.•"."'¦ _g- ~
Quando arrebentou a guer- com outros 'desneces-
B3r_|
'
ra civil nos E. Unidos em 1861, cisava ouvir ruidos P_f___L_K__ I _¦__.
Edison contava 14 annos. Inven- sarios, o que permittia grande _FJ6 mm W'"
tou Imprimir nesse pequeno concentração de pensamento,
compartimento um jornal, a que talvez uma das causas das suas
deu o nome de Weekly-Herald. grandes e innumeras inven-
Pode-se dizer que foi o primei- ções, das quaes obteve 1.150 Edison e seu joven suecessor,
ro jornal impresso em trem, patentes. escolhido por concurso entre
Fdison era o redactor e o ty- Chegou a dizer uma vez: — estudantes americanos
ALMANACH D'0 TIC0-T1C0 — 1556

O R I G EM D O PALITO

conhecido na antigüidade esse pequeno utensílio ? Referem-se a elle os clássicos ? Como o usavam os
diversos povos? Para começar, achamos o palito nas sciencias naturaes. A zoologia nos ensina, de facto,
ERAque os crocodilos dispõem de um dentista que lhes é próprio, um pássaro designado no Egypto por um
nome traduzivel pela expressão: pássaro-avisador. Ao naturalista Henri Coupin parece que seria mais
"passaro-palito", tal o seu
exacto denominal-o papel com relação ao crocodilo. Quando elle o vê estendido na
areia, a digerir a presa, corajosamente penetra nas fauces do réptil e cuidadosamente lhe retira dentre os
dentes o que poderia incommodar o terrível saurio. O crocodilo presta-se, condescendente, de olhos fechados,
a essa operação, aprazível também para o operador; e, grato, o pássaro logo que percebe, com a sua vista
aguda, a approximação do homem ou de um animal, avisa com grandes gritos o réptil meio adormecido. E',
se tenha feito sentir desde as épocas mais remotas da
permittido suppor que a necessidade de polir os dentes
civilização. Os primeiros instrumentos que os nossos antepassados trogloditas e lacustres usaram, foram, certa-
mente,'pequenos ossos de animaes c espinhas de peixes. Assim, pode-se crer que a invenção do palito não
haja custado ao inventor um esforço intellectual demasiado. Nas obras de escriptores clássicos anteriores á
época romana, nenhuma menção se encontra no tocante ao diminuto instrumento de que tratamos. Os babylo-
nicos, de requintado luxo, os elegantes athenienses deviam, seguramente, cuidar do asseio dos dentes, tanto
quanto os civilizados romanos. Pode-se, entretanto, presumir que Sardanapalo e Semiramis, Alcebiades e As-
pasia manejavam com a mesma graça que Lucullo e Horacio uma leve haste de alóes polido. Os historiado-
"toilette"
res latinos que se oecuparam das particularidades da feminina, no tempo de Agrippina e de Popéa,
referem que as damas romanas, depois de terem polido os dentes com finíssimo pó de mármore, passavam
entre elles uma ponta de porco-espinho, a qual invariavelmente figurava na caixinha de perfumes, ao lado da
pedra pomes, destinada a eliminar o pello dos braços e das espaduas, e a pinça de ouro, com que arrancavam
algum fio de cabello que, indiscretamente, apparecesse nas faces. Na referida caixinha também se achariam
sempre varias pomadas, de delicado perfume, utilizadas com freqüência. Na China e no Japão o uso do pa-
lito remonta á mais longínqua antigüidade. Que ha no Occidente que os chinezes não tenham conhecido desde
tempos immemoriaes ? No Oriente, ainda hoje, o palito tem especial importância. Os hindus devem lavar os
dentes todas as manhãs, antes que desponte o sol, e fora da porta das suas moradas. Utilizam-se, então,
de um pequeno fragmento de madeira sacra, que logo lançam para longe, segundo prescreve o rito religioso,
O uso da escova de dentes data de depois do fim do século decimo-oitavo; assim, durante a Idade Média
e séculos depois, o palito constituía o único instrumento empregado na conservação da belleza e da
saúde dentaria. Erasmo recommenda que, após as refeições, sejam os dentes, polidos com o di-
minuto osso pontudo que se extrahe do esporão do gallo: e acerescenta que não se use a faca
"nem a unha", como fazem os cães. Uma curiosidade relativa a este assumpto e sus-
ceptivel de interessar aos amadores de musica diz respeito a Rossini. Durante a sua
permanência em Veneza, o celebre maestro, em poucos dias, depois da refeição,
pum restaurante habitualmente freqüentado por elle, escreveu com um pa-
"Bruschino". Essa composição, modificada,
lito uma opera intitulada "Barbeiro
transformada, tornou-sè o im mortal de Sevilha",

jfârV** *z> usa


ALMANACH D'0 TICO-TICO — 195o
*,;»s'v»l~*a^-*>-* '¦jr^^J. ,AAA*«.fc,\^A^A.I

S \
JFt N T A B R 1 O I D A

construiu o primeiro con-


vento irlandez e a cidade
Sabem de Kildare. Quando a San-
Brigida ? Foi a padroeira ta morreu foi enterrada em
da Irlanda, cujo patrono é em Down Patrick, onde
£. Patrício. São Patrício também foi
Santa Brigida (453 a enterrado.
; 523) tornou-se notável por teve a sua primeira cela debaixo de um car-
!| sua piedade. Ella era con- valho. Chamava-se este abrigo da santa .—i No dia Io, de Fevereiro,
siderada a mãe das monjas -* Kil-gara — e significa — cela de. car- celebra-se o dia de Santa
da Irlanda. Santa Brigida valho — e foi em volta desta cela que se Brigida.

A A R A N A S ,w^v^

AS ESTRELLAS
As aranhas não são insectos,
embora os zoologistas as incluam
Nas aranhas as duas partes são
ligadas por um cabo flexível e tenro,
u ' hora a
que as creanças adornie.
cem,
í
>
no numero delles, As aranhas per- Os insectos têm três divisões, pela concha do céo macio c bran-
tencem á classe dos animaes chs- Outro ponto de differença refere- ^
do, >
mados — arachnideos. se ao numero das pernas. Os in- palpitando, as estrellas apparecem. >
Os arachnideos incluem os es- sectos têm 6 pernas, emquanto as
corpiões e outros animaes muito aranhas e quasi todes os arachm- ) E semelham, no céo límpido e lin- >
do.
conhecidos. Esses pseudo-insectos tíeos têm oito. ¦\ presas no ar e rebrilhando acce- j-,
têm o corpo dividido em duas par- A maior parte das aranhas têm sas, i
tes. A parte deanteira consta da oito olhos que se inclinam na parte i pingos de lume n'agua refulgindo.)
cabeça, do thorax c do abdômen, da frente da cabeça; \ E recolhem as aves, escondendo
j
na asa a cabecinha fatigada,
' cansada de ser livre, e já pen-í
. dendo.
'.¦' \
_' Dormem todos o mesmo
somno;
Cexta vez um caipira, de violão do nada bão, Tirei o seu afiado brando;;
em punho', sahiu cantando pela es- debaixo delia e dei uma parmada, 5 Sonhando todos o mesmo sonho í
lindo; \
trada a fora, e ao chegar perto de bem boa nelle pra nunca mais el«-; • ! todos sorrindo e doces respirando, \
uma ponte, encontrou um çompa- fazê aquillo. "i. /
' Mas as estrellas
nheiro. — Mais cumpade, isso num é pelos céos suaves, l
¦'<-< Olá cumpade, èu vô bem è nada, pois ôtro dia eu fui num pa- > accendem nos seus olhos o cuida- <
do:
.cumo vae vancê ? gode lá do seu Mane. Era perciso ; vigilam, p'ra que seja descansado 5
— Eu vou bem. Vancê fala cum assa uma leitoa bem grande e todo í o sonino das creanças e das aves—í
a cumade qui eu vô lá um desses mundo num quiria chega perto
dia vê o meu afiado; quando sahi da leitoa qui era mêmo brava que Affonso Lopes Vieira
lá da casa delia, cumpade, eu inté nem vacca pegadora. Intonce eu

quase chorei de pena do meu afia- passei a mão na ispingarda e ber-
do. Cume que vae elle? rei fogo pra riba delia cum pórva
•—Elle vae bem, mas ôtro dia eu secca qui pego na leitoa inté qui
muntei na mulla e fui passiá; quan- ella fico toda assada;
do eu vô chegando perto do currá Assim que acabou de pregar essa
ido sô Coroné, vancê num sabe, eu mentira ao outro, este ficou pio
enxerguei seu afiado brincando cura curando um meio de contar uma
uma nuvía e debaixo dos pé delia; pôta maior, mas tal era o seu em-
a nuvía num fazia nada, sô qui cila baraço que deu o fora, esforçando-
fazia era lambe o minino c elle se por não cahir em completo ri-
cumo cosa que sabia tira leite, co* diculo... ^"_&r^_*^
nieçô a aperta os peito da nuvía, Ely Araújo Barbosa Xlí.
^*C_^ «BX3
i__j£*^

E eu vi qui a nuvía num tava achan- (11 annos)


ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

P ir?
iMas as estrellinhas nada quiseram Para mais livre» lolgarem, resolveu
Certa vez, um grupo de estrellas ram tirar os chapéuzinhos de pon-
ouvira contar, de um raio de' luz, as ouvirt Prometteram mil cuidados e
precauções, e tanto pediram, tanto tas, escondendo-os a um recanto do
bellezas e os prazeres que existiam ca jardim, sob um jasmineiro todo em
na terra. rogaram, já a fundirem-se em lagri-
mas, que Venus a contragosto, mas flor...
Narrou-lhes, o pequeno fio de luz, E começaram então a brincar. Tu-
tudo o que presenciara, quando, nas para seu socego, resolveu acceder:
— Dou-lhes a licença, dou-lh'a. do as extasiava, tudo... As flores, as
noites claras e perfumadas, com ou- arvores, uma fonte... E foram-se
tros irmãos, aqui descera a brincar... Vocês poderão ir. Mas é preciso que
Falou-lhes nas maravilhosas fio- tomem muito juizo e muita cautela, para mais longe.
com o gênio... E, especialmente, te- Foi então que, sorrateiro, surgiu
res de suave aroma que desabrocha- dentre uma moita ide cravos, o gênio
vam em magníficos jardins; das nham também muito cuidado cora os
seus chapéuzinhos. Vocês bem sa- malfazejo e inimigo. Estando a pas-
fontes, sempre resmungando _ as seiar pelo jardim do castello, vira as
eternas queixas das águas; dos rios. bem que sem elles não poderão tor-
calmos ou turbulentos, que elles se nar ao céu, nem apparecer ao Se- estrellas descer. Occultando-se im-
divertiam em pintal-os de prata; do nhor... mediatamerite sob a moita das per-
mar, mysterioso e profundo — o bel- Radiantes, as estrellas não quize- fumadas flores tudo ouvira e presen-
Io espelho predilecto de sua sobera- ram nada mais ouvir, nem os últimos ciara. Em vendo-as se afastarem,
na, a lua... e falou, ohl falou tão conselhos sensatos de sua rainha e, elle se foi maldoso e rastejante, para
suavemente nas doces serenatas e fes- em debandada, correram ao raio de o jasmineiro em flor.
tas que o homem fazia sob o luar... lua, para que as trouxesse áquella Nume gesto de vingança satisfeita,
mesma noite á terra... agarrou a todos os chapéus lumino-
que a mais viva curiosidade, a mais sos das estrellas e se foi depressa pa-
soffrega das curiosidades excitou o E, descida a noite, uma noite cia-
ra e ,'de luar, aromada e doce, o gru- ra o mar. Em lá chegando, num ges-
grupo de estrellinhas... to de cruel victoria atirou-os ás
Por mais que ellas espiassem em, pinho estrellar victorioso, desceu do
suas janellinhas de oiro, para baixo, céu á terra. águas escuras...
nada viam nem percebiam. Vieram ter a um immenso jardim Os chapéuzinhos cahiram n'agua,
de um castello adormecido onde o num chiar de fogo que se apaga e,
E então, após breve conciliabulo
correram em bando, alegres, ruido- raio lunar, as esperaria para regres- perdendo toda a luz, foram-se sub-
sas, a pedir a Venus — a rainha sarem ao céu... mergindo,,.
bella das estrellas, que as deixasse, Ahi como estavam risonhas e feli- Quando depois de enorme folgan-
com o pequenino raio, vir a terra' zes a<v estrellinhas! Saltavam num ju- ca, voltaram as trefegas estrellinhas,
também... hilo intenso e os olhinhos azues, of- foi-lhes cruel a surpreza...
A principio Venus recusou cora fuscavam como pequenos pharóes... Sob o jasmineiro só encontraram o
ponderações justas: o logar das es- pareciam estudantezinhos em ferias». perfume doce e embriagador de suai
trellas era no céu... Que flores e a sombra das ver-
iriam fazer na terra? O céu des folhas... nem a pon-
ta de um pequenino cha-
era muito mais bello na
sua gaze fina, esplendida, péo! Embalde a procura!
Pesquizarani todo o jar-
assim tecida pelo lamé de dim, sob todos os tiifos
prata da lua, entremeiada, de verduras. Despertaram
qual rede maravilhosa, pe- os cravos, as dahlias e jas-
los diamantes azues dos as- niins, acordaram todas as
tros mil...
E como se divertiam
quando, visitadas pejas nu-
, vens muito leves e brancas,
WÈÈÊÈÈSÊÊÊÊfc^M flores, a quem affiictas
pediram noticias dos cha-
péus. Nenhuma lhes sou-
be responder... si todas
esgarçavam com a ponta sonhavam!
dos chapéuzinhos lumino- Roubaram-nos, dizia
sos, o algodão dos seus ca- uma, foi o gênio do mal,
bellos... com certeza.,.
O grupinho, porém, da
curiosidade aguçada, não
se conformou. Pediu, sup-
plicou e tanto irritou a Ve-
nus, que esta se zangou
WÊàmm^Mm Havíamos escondido
aqui: roubaram-nos...
Procuremol-os. Sem
elles não poderemos tornar
ao céu... procuremol-os
afinal. sem descansar...
— Vocês são teimosas, e Porém — pobres es-
como todos os teimosos, trellinhas! — por mais que
poderão soffrer algum cas- buscassem, que pesquizas-

Sí% f ¦
tigo. Vocês ignoram, mas sem, não lograram encon,
já que tão recalcitrantes se trar os chapelinhos, e nun-
mostram é preciso avisai- sa os encontrarão, pois ja-.
as: Existe na terra um ge- sem no fundo do oceano...
nio que nos odeia. Esse Mas as míseras sempre o
gênio, outrora, apaixonara, ignoraram, e até hoje o
se por uma de nossas ir-' ignoram... Assim, desça a
mãs. Recusado, jurou e^n- noite, procuram-no as es-
tão vingar-se de todas as trellinhas sem cessar, em to«
estrellas... Habita a ter- das as maltas e jardins, sob'
ra, e si por acaso enc-on- todas as plantas e flores.
trar alguma estrella, pode-
rá fazer-lhe algum mal. ("nünúa no fim do num.)'
MJíÀNACH D'0 TICO-TIC 193ó

A n o

As propriedades dos ácidos


Sabem os leitores o qua são: gosto salgado —'poder ds
significa a palavra — ácido ? mudar o papel azul em verme-
Em geral denomina-se ácido lho — de dissolver os metaes e
a uma substancia salgada. Em
chimica, porém, tem o sentida
mais amplo e é a substancia
^•M W de ficar neutralizado pelos al
calinos.
os saes. Um ácido, portanto, pode ser Os ácidos têm muitas appli
que contém hydrogeneo e que cações.
substituída por metaes forma considerado um sal de hydrogeneo.

0 DIA 12 DE OU-
jr\NlMAES PREMIS: TUBRO OS POMBOS
TÔRICOS
Apesar de não ser, mais consi
derado feriado o dia 12 de Outu-
bro, devemos prestar as devidas
homenagens aos vultos heróicos,
que com tanta coragem e talvez com
risco da própria vida, viajaram em
caravellas e descortinaram o novo
continente, a America.
Por que tirar-lhes as glorias?
Nunca!
Deus disse : — Pae a César o
que é de César.
Ha milhares de annos a parte Ha, como sabem os nossos
Por isso me acho com o direito
sul do continente americano es- amiguinhos leitores, pombos de
de pequeno brasileiro e patriota,
tava coberta de vasta camada dé falar sobre tão grande dia que foi varias espécies e de variados co-
gelo e as espécies animaes quê e será 12 de Outubro. loridos de plumagem. A espécie
então ali viviam tinham fôrmas O dia 12 de Outubro era um de' que acima damos uma gra-
extravagantes. Entre essas es- feriado. Nelle se commemoravam vura é a do pombo de papo es-
duas grandes datas: a descoberta
pecies figurava a do litopterno tu fado e cauda em leque, com-
da America e o Dia da Creança.
pampeano, ou elephante dos An- rhum na parte norte do conti-
Colombo era lembrado no dia 12
des, que a gravura acima repre- nente americano. A utilidade dos
de Outubro, porque a figura legen-
senta e que, como vêem os nos-
daria desse descobridor do mundo pombos chamados correios é das
SOS leitores não era tão feio como é também um symbolo de energia e maiores, desde os tempos da
> elephante, que chegou até cs de audácia e uma prova viva do
" mais remota antigüidade.
sos dias. eterno valor dos homens,
Elles serviam e servem como
Era até mais elegante, pois
Ivzí de Almeida mensageiros fieis' transportando
possuía a tromba pequena e as
recados e mensagens de e para
orelhas muito menores e mais
bonitas do que as dos elephan- logares bem distantes.
tes que conhecemos na época O pombo-correio é o precursor
actual. - dos carteiros.
f- lllWlMll

AMA AS ARVORE S. $ CORRIGE QUEM ERRA.


ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

r«UIINHA "ALFACE
(GRIMM) t&Zrr*
n encerrou-a, então, no meio da fio-
resta, em uma elevada torre,
não tinha nem portas, nem es-
que
Era uma vez uma mulher gu-
losa que tudo quanto via queria cadas.
comer.
Aconteceu ir ella um dia á ja-
íl , Quando queria vis/tal-a, o que
suecedia duas vezes por semana,
nella e ver no quintal visinho um a madrinha gritava-lbe de baixo :

.undissimo canteiro de alface. — Folhinha de Alface, atira-

Logo que o marido entrou em me teus cabello».


casa ella pediu-lhe que fosse bus- A menina sahia, então, á ja-i
car uma daquellas alfaces, senão nella e deixava pender os seus
morreria. O marido, coitado, mui- formosos e longos cabellos de
apressou-se a pular o muro para
to afflicto, piSou o muro, que se- ouro. por onde cila subia,
voltar junto da mulher.
parava os dois quintaes, e correu a Fazia já três annos que Folhinha
Passado um anno. nasceu-lhes
colher a desejada alface. Mas, nem de Alface se achava encerrada na
uma filha linda como uma estrella,
bem a colhera, ouviu uma voz que torre, quando o filho do rei pas-
de cuja côr eram os cabellos.
lhe dizia enraivecida : sou. por ac;.ío, pela floresta.
A bruxa veiu logo reclamaJ-a
Larga, ladrão, a minha ai- E, ao ouvir o suave canto que
como sua, jurando que haveria de
face ! partia da torre, delia se approximcu
a baptu y e de a educar com todo
O seu primeiro impulso foi atirar para conhecer a dona de tão privi-
o esmero.
ao chão a verdura, e fugir. Mas legiada Mas,
garganta. não pôde
Os pães, embora muito penaliza-
acudiu-lhe rapidamente á lembrançj entrar porque não encontrou porta
dos ficassem, entregaram-lhe a que-
que a mulher morreria, se não lh'a nenhuma.
rida filhinha.
icvasse. Assim, voltando-se para Voltou, pois, para o palácio,
Aos 12 annos, a menina, a quem a
quem lhe falara e que era uma
bruxa dera o nome de Folhinha de promettendo-se que haveria de des-
horrenda bruxa, disse-lhe : cobrir um dia, emfim, quem cantava
Alface, se tornara de uma notável
Boa mulher, queira consenfr tão divinamente. E todas as ma-
formosura. A horrenda madrinha,
qv.e eu leve esta alface para uma nhãs d'ahi por deante ia postar-se
pobre enferma... por detraz de um velho tronco a
A bruxa demorou nelle o olhar, ver se conseguia satisfazer a sua
sombrio e disse : curiosidade,
Bem! Pode leval-a, não só Um dia, finalmente, que se acha*
esta, como todas as minhas alfaces; va no seu posto, viu approximar-
mas, com um condição. I M
se da torre a bruxa ê gritar para
Diga-a ! — falou o homem. o alto:
E' que me dará o primeiro — Folhinha de Alface, atira-mè
filho seu que nascer, os teus cabelloSi
O homem, que estava muito per- E viu sahir á janella a formosa
turbado, respondeu que sim, e menina e deitar para baixo a basta
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

amor, e amanhã mesmo apresentar- rem-lhe dos olhos duas grossas Ia*

A te-e] & meu pae como minha és- grimas. Elle levou as mãos aos

m
p>rfjfrtntfi
posa.
E tratou de afastar-se o mais
olhos, é quando as tirou, ohí aíe-

gria, enxergava de novo, sua vista


depressa possível. se restabelecera!

PM Mas, a bruxa tinha ouvido tudo


c preparou-se, também, para vingar-
Então,
distante,
elle avistou,
a querida noiva
não muito
cercada
se da afilhada e do príncipe, de muitas fadas, a cantar as canti-
Quando o príncipe, no dia se- gas de que elle tanto gostava.
guinte, fez a noiva descer da torre Encaminhou-se para ella, ajoe-
por uma escada de seda azul, que lhou-se aos pés e tomando-lhe aa
trouxera, a bruxa avançou para elb, mimosas mãozinhas, beijou-as ac-
de tesoura aberta ê cortou-lhe. com den temente.
quatro golpes, os formosíssimos ca- Entretanto, uma das fadas tira-
bellos, que se espalharam va-lhe do seio a madeixa de ouro
pelo chão, que elle lá escondera, é espalhando
Depois, jogando nos os fios sobre a cabeça de Folhinha
C&£p^¦Wr -i ^^^^«"ki •HlíSe'*'
olhos do príncipe um pu- de Alface, restituira-lhe inteira-

cabelleira loura, por onde a bruxa nhado de espinhos, cegou-o complc- mente a formosíssima cabelleira,

ascendia á torre. tamenté. que a bruxa havia cortado,


O príncipe ficou deslumbrado. Na manhã do dia seguinte, acoai-
No dia seguinte, elle approximou- panhada das fadas que quizeram ser
se da torre é gritou para o alto, suas damas de honor, Folhinha de
como vira fazer á velha : tfl mm,-
mT *«^v ÁLWÍ*am\\m
«SSBíií^N<* -mamam Alface foi conduzida pelo principe
f/
— folhinha de Alface, atira-me
a uma egreja, onde o velho rei os
os teus cabellos. Imrnediatamenté, a
recebeu a todos com a maior ale-
menina deixou rolar pelas janellas
gria, mandando que, em regosijo a
as ondas dos seus cabellos, por
tão feliz acontecimento, se distri-
onde o principe, rápido, subiu, Commettida
esta dupla malva-
buissem pelos pobres dez saccos da.
Ao vel-o, ella ficou toda assus, ^ tQmou por um braço a afi_
moedas de ouro»
tada. tranquillizando-se, porém, Jhada e ievou.a ionger iongei por
quasi logo, com as palavras atten- {té M arvores ,ja floresta, è abao*
ciosas e gentis que elle lhe dirigiu, donou,a em um logar deserto,
pedindo-lhe para ser sua esposa, q
pobre príncipe, ali deixado era
~ Sim, consinto em ser sua és- abandono, inteiramente cego, apa*
posa, principe: mas. como poderei j^u r\0 chão e guardou no seio
sahir desta torre uma
O principe, feliz por ver que Fo-
madeixa dos cabellos da noiva
e# de rn5os estendidas, foi cami-
/JjÉf ©v/ ffe
ihinha de Alface também o ama- nhando sempre em linha recta,
va, beijou-lhe a liada mãozinha e Era já quasi noite, quando ou-
»íisse-lhe :.' viu um canto suavíssimo, que lhe
¦~ Amanhã virei libertar-té. meu
penetrou no coração fazendo cahi- w'
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1956

vx~?g^ 9 MONSTRO /^-.^A

Só se faJava no Monstro colossal


Era assombroso! Era immenso! Nunca se tinha
visto nem sabido de coisa semelhante.
Seu dorso eriçado dava abrigo ás feras. No
seu sangue, que não parava nunca, viviam animaes,
boiavam plantas. . .
Quando tinha sede bebia a água do oceano; si
tinha cólera, todo se sacudia e era um estrepito de
águas, de farfalhar de folhas, um zumbido de ven- acordou. As palavras do Monstro colossal
"Feliz
tos, um estrupir de fugas que abalavam tudo. . . ecoavam-lhe ainda nos ouvidos: e gran-
Mas quando estava feliz era todo alegrias para de aquelle que me conhecer...
13 sol que despontava: era um cascatear fagueiro, E Lucinho quiz ser feliz e ser grande.
um chilrear melodioso, uma suavidade de encantar. E se poz a ver se conhecia o Monstro.
E, á noite, ria-se ainda para o crescente da lua ou Certa vez, em aula, a professora falava
para a lua cheia, embriagando-se no perfume delica- do Brasil. E dizia:
dissimo de mil flores. — E' um colosso a nossa terra. Nas suas
E era assombroso o Monstro. Era immenso! serras vivem animaes de todas as espécies, ha
Nunca se tinha visto nem sabido de coisa se-
plantas de todos os climas; nos seus rios mo-
melhante. ram os peixes mais afamados e boiam as fio-
res mais bellas...
Lúcio ouvira toda essa historia do titio e que- Molha-lhe a costa immensa o Oceano
dou pensativo. Atlântico. . . E elle é grande com as suas fio-
Porque existiam seres gigantescos assim? E
restas, grande com as suas cascatas, grande
adormeceu. Adormeceu e sonhou que encontrara o com o seu mar immenso e um céo sempre mar-
Monstro. Era colossal, de facto, mas não feroz. chetado de estrellas. . .
Tanto não era feroz que, mal o vendo, chamou-o: Os olhinhos de Lucinho marejaíam-se,
Chega-te, meu menino. Vem para perto de mas de alegria.
mim. E Lúcio perguntou: O monstro. . . o colosso tão falado elle o
Quem és? O Monstro, escanca- achara: era o Brasil querido! Que alegria
rando a bocea enorme, respondeu: inaudita para o seu coraçãozinho de criança!
— Quem sou? Não to posso di- Mas as palavras do sonho lhe vieram á
z e r. . . Feliz lembrança:
aquelle que me "Feliz
aquelle que me conhecer. .. Feliz
con hecer. . . e grande aquelle que me conhecer"
Feliz e gran-
de aquelle que Lucinho quiz ser grande. Buscou o map-
me c o n h e-
pa do Brasil que pertencia ao papae, buscou
cer!... livros e tratou de estudal-os. E Lucinho ficou
encantado. Como, de facto, era um colosso, a
Lu ei n ho sua terra! Que rios! Que montanhas! Que pro-
duetos! Que costa maravilhosa e que clima
ameno. . . Como o menino se sentiu feliz em se
saber filho de uma terra tão linda!

E como se sentirá grande no diá em que,


pelo trabalho e pelo exemplo, souber dignifi-,
cal-a!
Leonor Posada

plio -^Jí-.l
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

ZÉ MACACO
VIOLINISTA

\ ( y k C) ^f)/ Jfll\\\\\\ ...tanto que quebrou o violino e a cabe- / / At^^K yft


\ \, ÁS j^C^M fc^ <^'4j1\\\\\\\\ ça. Era uma vez um grande violinista. ( V'—'7\'>s!c;

Tocou tanto e tanto que ficou tonto. ^-""SZ~--i_ ^tn Li ~íf TThI 7*~
a cabeça lhe andou á roda. No fim elle ^j"^r 12ãa^ J*\ /ji**^ ^^ \^ifl«^\
também rodou... IfcEDBtC^^ \^/^ l V
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

FAUST1NA
PIANISTA

Começou a tocar o I W^m/ ^^^rK rA r^^cV /


que lhe vinha á imagi- Cüu^^ffly j/_ m \ \^. 5^*— /

E tanto tocou e tanto rodou,..


ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

QD m
A CIDADE ESTA' INFESTADA
OQ
nDOD aU(PU_8D[p?_pa'
D
ENTÃO OS _RS n£o ACREDITAM
DE LADRÕES ,MAS EU VOU NO |
MEU AUTOPEGrA LADRÃO ? Vo U r-

_____M_ -&
TOMAR. CONTA
a r S^ty
DELLES

y Tíu_!>ry
pôl-o
&$ ./'\ íjrl
_! ___*x___

0 PRINCIPAL <_<A; UPA^O MART-U-o TEM MUtTA INCLI-


p? ESTA1 FEITO 4 NAÇÃO PAR.A O Meu DEDO * ASSIM;
£.''<{!_> VOU T_R UMA NAO VAE ? MENOS AFOBACAt»
AMOSTRA DA
MINHA». tNTEL»
LtGrENCiA

•^ t lly-/\l C\'AO /_=?"// ~_^V^

_f,_R^ ....

QUE. PENA NÂo TER eu TOMA PEC^A.pEGrA \-TAO CéDO NA0


\DO PAR-T- NAS CORRIDA»;
V__TE- P__fAM
rir-
f^Q
^_ £. }1f __pV,A°
MJ>A CSTAVEA .' *r**i
^KLr

, , ..

w_y^// / A 6R__a!PRENDI
-jfH^oK0* UADRÂo
^^t^7\0
e. AINDA

¦_f%___5a^,
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

Para os meus filhos


iPx
i
As cousas não precisam de grandes palavras deve ser imposta como um sacrifício. Ella deve
para serem descriptas. As palavras mais simples jorrar, natuialmente, como a luz do sol e como a
são as palavras eternas. . . água das cascatas.
II VII
Por mais que os homens fizessem para que A felicidade, minha filha, é uma cousa bo-
eu os odiasse, a vida sempre me ensinou que se nita e muito rara. Quando você procura conchi-
deve perdoar... nhas, na praia, não acha difficil encontrar aquel-
III Ias pequeninas e côr de rosa, tão finas e trans-
— Creancinha, creancinha, por parentes que parecem ter escondidas, dentro dei-
que estás Ias, um raiosinho de sol? Pois bem. A felicidade
crescendo tanto?
é uma conchinha assim. . . Muito bonita e muito
Certas creanças, muito queridas, deviam fi-
difficil de se encontrar...
car sempre pequeninas. ..
VIII
IV
Esta mesa, em que escrevo, amanhã será
A simplicidade, minha filha, é a mais bella das
tua, meu filho!
cousas. Ella é agradável como um dia luminoso.
Delia já te serves para fazer os teus bonecos.
O artificio é como essas bandeirolas de papel que
não resistem ás primeiras chuvas e que se desbotam Fazes um cachorro, umà casa, um navio e
e tomam ares tristes de pintos molhados. . . uma palmeira.

V
Amanhã, como teu pae, farás bonecos em pa-
lavras.
m
Alegria e bondade! Pintarás os homens com os adjectivos da côr
Não te esqueças disto! Alegre comtigo mes- que merecerem.
ma e boa para com os outros! A "alegria conserva Uns com adjectivos vermelhos, outros com
a saúde e nos torna queridos. adjectivos azues.
As cousas tristes não devem ficar no teu Ganharás, com isso, a estima de
poucos, o
m samento.
pen- ódio de alguns, e a inveja de muitos.
E' fácil ver o lado bom de tudo. Não te importes. Vae para a frente. Iwi-W
Quando chover, pensa na alegria das plan- Faze sempre os teus bonecos como entende-
tas! res!
Quando fizer sol, pensa na alegria dos E, quando desenhares em palavras, contenta-
pas- te com a gloria intima das phrases
saros!
que ficarem
VI cantando em teu peito, e das idéas nobres
verem sahido de teu cérebro. que ti-
A Virtude é silenciosa e não precisa ser
tada como um annuncio de pasta de dentes gri- A IX

W virtude é recatada como uma moça de boa edu-


cação.
A virtude está na simplicidade em ser vir-
Pensa em cousas superiores! E terás
a sensa-
çao das alturas, do ar livre e do sol em cheio!
tuosa. X
Não se pratica a virtude como uma Levanta-te com um pensamento bom,
gymnas- e deita-
tica. Ella não é um exercicio da vontade, te sem rancor!
nem
BENJAMIM COSTALLAT.

¦
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

]
mm
potf Jeòastidolmianaes

q u e os ratinhos nos sabemos desvencilhar. E o


deixaram de mammar, resultado é que, com um pia-
LOGO desejando roer, a Rata- tinho cheio de vinho que nos
zana correu para roubar um pe alcoolisa vamos, cahir depois na
daço de pão ou de carne e trazer armadilha ou na bocea do gatão!!!"
ao ninho. Prevendo, pelo crescimen- Os ratinhos ficaram assustados, arre-
to rápido, que, em breve, não poderiam piados, mas depois veiu a alegria da
nem desejariam estar mais junto delia, experiência adquirida e satisfeitos por-
começou a dar conselhos para que não que deante daquelles conselhos se consi-
cahissem em alguma armadilha; deravam mestres na arte de roubar!...
"Em todos os cantos da vida encontramos pe- Em breve todos elles esperavam o anoitecer e, ar-
rigos. Em nossa vida ha sempre ratoeiras armadas. Nas tentos ao gato, corriam toda a velha casa em que mo-
encruzilhadas estão coilocadas arapucas que ao menor ravam. Era. a delicia de correr e comer livremente...
descuido nos liquidam. E ninguém melhor do que nos- Um dia o inquilino, desesperado com tanto bura-
sas mães para nos dar conselhos. Sendo pessoas edosas, co, mandou tapar todos os orifícios dando uma limpeza
suas lições são de mais proveito; dão exemplos sensa- completa nos roda-pés. Qual não foi a desillusão dos
tõs e de coração". ratinhos quando não puderam sahir para comer!
E como notava a inquietação e vivacidade dos ra- Vendo infrutíferas todas as possibilidades levaram
tinhos, sem paciência de esperar o alimento roubado dias e dias roendo as paredes, passando rápido os den-
por ella, querendo já com toda a inexperiência ir tam- tinhos nos tijolos e na madeira na ânsia de conseguir
bem por logares perigosissimos — tratou de prevenil- um furo para ir "buscar alimento. Isso fez com que ai-
os: guns trabalhassem muito e incessantemente sem se ali-
"Meus filhos. Vocês, mesmo não sahindo desse mentarem, ficando bastante abatidos e muito magros.
ninho, já sabem mais ou menos o que seja um gato. Ora a primeira brecha conseguida foi sufficientc para
Aquella figura de gigante que passa silenciosamente, que o rancho, esticando bem o corpo, conseguisse ga-
que fica caladinho e fingindo dormir nos buracos que nhar a cozinha da casa toda reformada.
fazemos, deve ser muito temida. Também vocês já sa-
bem o que seja como perigo uma taboa que tem dum A ânsia de trabalho tão árduo, a penitencia de Ion-
lado quasi livre, provocante, um pedaço cheiroso de pas horas sem alimento davam-lhes melhot offacto.
Depressa descobriram um grande prato que a creada
queijo ou carne-assada, ou ainda outra fôrma perigosa esqueceu fora do armário. Tanto bastou para que os
de gaiola de arame com um bom petisco atirado no ratinhos comessem numa ânsia desbragada de famin-
centro... Pois bem, meus queridos filhinhos, muito tos.
peor que um gato ou que um pedaço de queijo tostado Esquecidos todos os conselhos maternos, em bre-
numa taboinha armada para o primeiro arranco, aviso ve elles estavam enormemente inchados de tanta gu-
a vocês, que são meus entes amados e adorados, peor lodice ingerida. E continuariam empanturrando-se no
que tudo isso junto é — prestem attenção — um prato prato todo, fazendo descer pela garganta tudo que
de comida". viam, quando pé ante pé appareceu o bichano da casa!
Os ratinhos todos se entreolharam espantados.
E a Ratazana com calma e sabedoria: Logo de arranco todos se precipitaram velozmen-
"E', meus camondonguinhos. Eu sou uma rata te para o buraco.
experimentada. Saibam que existem também muitas Mas tanto haviam comido que já não tinham aquel-
tigelas cheias de leite de que vocês devem desconfiar Ia agilidade e dextreza antiga da velocidade. Infelizmen-
bastante, porque paia envenenar te estavam mais grossos que a fen-
basta u m golezinho. Portanto, da; e, emquanto o primeiro tenta-

Jl )U aproveitem bem a lição, uma


gata nós conhecemos de longe
pelo cheiro, uma armadilha já
va o impossível pela gorda barriga
adquirida, o gato contente ia com
a munheca detendo a corrida
decoramos de sobra; mas um va- tonta de alguns e na bocea mas-
silhame com leite ou tigava os outros que ti-
vinho que embriaga, nham esquecido os con-
disso muitas vezes não selhos da Ratazana...
ALMÂNACH D'0 TICO-TICO — 1936

T E-

Aquillo já era mania do tio Tiburcio, Não podia ...que não o enrolasse cuidadosamente para guardar.
ver um pedacinho de barbante no chão... A economia é a base da prosperidade, dizia elle.
,,.,,,, i

¦U LJI ^¥^

dera^ com um ratinho ^ue cahira ~La está um barbantinho. Essa


na JS£ e! tiveram
»_ ratoetra ?bi"ha uma .dea. guardar nada. Não fosse o meu espirito de gente não sabe
economfa

MÈÊÉm HH__Í__ ¥

\y^^^^ÊL^
Bravos! é um barbante de qualidade! Creio que E o tio Tiburcio apanhou sem saber o ratinho que
é daquelles bons encerados... havia cahido na ratoeira.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1926

MILAGRE DE NOSSA I
^T^bTIO jfc^^V^fex

Isto passou-se na roça. A mãe de Julinha


estava muito doente. Não tinha dinheiro
Foi andando e. d'ahi a pouco, encontrou
para remédios; disse â filha que enchesse um velhinho esfarrapado: — Uma esmola,
uma cesta de ovos e os fosse vender na Pouco adeante encontrou uma velhinha.
cidade. E aqui vae Julinha para vender os — Uma esmolinha pelo amor de Deus, mi- jpelo amor de Deus, minha netinha? Tenho
ovos. em casa um rôr de gente á espera de qué eu
nha menina ! Ainda hoje não matei a fome, leve pão ! E Julinha, sem hesitar, deu mais
¦¦¦ -¦¦¦ ii e o meu netinho não tem roupa para seis ovos ao mendigo.í
o frio. E Julinha, cheia de pena, deu
deu fcl i—ri ^>—j
seis ovos á pobre velha.

Quasi ao entrar na cidade appareceram-lhe Dando mais alguns passos, viu Julinha
dois meninos choramingando. — Que é que uma igreja
vocês têm ? — perguntou Julinha, muito — Vou rezar ã Nossa Senhora para ma-
afflicta. — Temos fome. Mamãe morreu. ... foi tirando mais ovos da cesta, até en- mãe ficar boa sem remédio e ríão ralhar
Papae está doente na Santa Casa. Vovô não cher os bolsos do orphãozinho. Foi então commigo quando eu entrar em casa sem
pode trabalhar, coitadinha delia... E Juli que ella se lembrou do que ia fazer á ei- nada...
nha, a chorar, mais do que o menino.... dade. — Meu Deus! Só tenho um ovo Entrou na igreja, ajoelhou-se deante...
para vender ! E a menina, que precisava de
dinheiro para comprar remédio !. .. ..— Como
ha de ser esta agora, meu Deus ? !
| U\^Ç\F

...do altar e disse: — Minha Senhora da


Conceição, valei-me! Os ovos que mamãe
me deu para vender eu dei-os todos aos po-
bres. Mamãe precisa de dinheiro para re-
médios, mas se mamãe ficar boa, não ra-
Ihnrá commigo. Minha Nossa Senhora ! Bem
podes curar minha boa mãe. sem ser preciso
mm
Gfy M BZ-: 5 %$£**^^m

. . .que era um santo homem, tendo ouvido o


pedido de Julinha, quaSi chorou de Dena !
E emquanto a pobre menina rezava & Nossa
Senhora, o bom do padre collocou alçjumas
. . . aquellas moedas dentro da cesta, não se
conteve :
— Que milagre! Tanto dinheiro para
comprar remédios! Agora, sim, vou cor-
rendo para casa contar tudo á ma>nãe e
mostrar que Nossa Senhora é muito amiga
de quem dá esmolas aos pobres, como
remédio. O velho vigário da freguezia,. . moedas de valor dentro da cesta, retirando- eu dei.
se em seguida, muito satisfeito, sem ser visto.
Quando Julinha acabou de rezar e viu...
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

mi,
^

e^V^V
rv
L>^
PC<V

— Uma coT;o.va-r>a. cor\ d unindo d iamantes para o Rio


c-^l /^irvroEQwK^AHres-ftoi-HEiTA^-teyui-O xvn^xvm,

Ignorava-se em que si- tractos. Na comarca do Ser-


tio foi encontrado o pri- ro, em 1732, lavrava-se em
meiro diamante; muitas tra- trinta e cinco ribeirões, em-
dições existem: nenhuma, porém, que mereça in- pregando-se nesse trabalho cinco a seis mil es-
teira fé. cravos. Os diamantes de mais de 20 quilates
Desconhecendo o diamante os mineiros do eram adjudicados á Coroa.
Brasil cuidavam apenas do ouro; e encontrando Em 1754 foi creada uma administração es-
certas pedrinhas brilhantes, de uma crystalização pecial para a mineração diamantina — denomina-
original, guardavam-n'as como curiosidade em- da Intendencia dos Diamantes, sendo o primeiro
pregando-as como tentos para marcação de nomeado para o cargo de intendente o desembar-
jogos. gador Raphael Peres Pardinho.
Dizem que a Bernardo da Fonseca Lobo se Avultaram os contractadores, accumulando
devem a descoberta do diamante e a noticia que fortunas, consideráveis, tornando-se verdadeiros
delia houve, tranàmittida á coroa. Affirmam senhores. Para exemplo, citamos o famoso de-
outros que um frade, que andava em Golconda, sembargador João Fernandes de Oliveira que,
onde já se minerava o diamante, vendo os tentos depois de fabulosos gastos em edificações e fes-
de que usavam os de Tijuco, na comarca de tas, para satisfazer o capricho de uma mulher
Serro Frio, em Minas, conheceu que eram dia- que nunca avistara o mar nem fazia idéa do
mantes. Aproveitou-se Bernardo dessa desço-
que fosse um navio, mandou cavar na sua cha-
berta, cuja noticia levou ao rei de Portugal, me- cara um largo e profundo tanque e "cons-
recendo, por isso, ser nomeado tabeilião e capi- truir um navio em miniatura que podia conter
tão mór da Villa do Príncipe. oito a dez pessoas, com velas,
U Só em 1729 foram en-
viadas á Europa, por D.
mastros, cabos e todos os
mais apparelhos das grandes
Lourenço de Almeida, gover- embarcações". Em 1772 o
nador das Minas, as primei- contracto dos diamantes passou
ras amostras de diamantes. exclusivamente á Coroa, que
Ordenou a corte que os fez publicações de bandos
terrenos diamantinos fos- (edictos) ameaçando os
sem rematados por con- contrabandistas.

r^

BSSEMHO J>6. rc.V^LLA0*>RÊ5

iuo/uta. ç. Guia de. Caravariav dixvrn.orSê.% ix710 Brasil


ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

7^

À INFÂNCIA
MOZADT (?) A

Foi no anno de 1762, em Vienna. que é a capital O pae de Mozart (que linha nessa época 7 annos), andava viajando
da Áustria. Uma noite parou deante da Hospedaria pela Europa inteira com seu filho, que já naquella edade era considerado
do Boi Branco uma carruagem tão brilhante e rica, um musico eminente e festejado em toda a parte.
que se juntou logo uma porção de gente para O Sr. Wolfrang Mozart? — perguntou o hospedeiro, com uma
admiral-a. curvatura.
Era noite; mas a lua e as lanternas da carruagem Sou eu — disse o menino, erguendo-se.
illuminavam a rua, naquelle momento. E o dono da hospedaria arregalou os olhos, espantado de ver que era
Saltou da carruagem um lacaio, que bateu impe- a uma creaturinha tão pequena que se prestavam taes homenagens.
riosamente á porta. 0 dono da hospedaria acudiu logo Mozart beijou seu pae, que o contem-
acompanhado de todos os seus cozinheiros e ajudantes, com orgulho, e subiu para a carrua-
plava
espantados de ver uma carruagem tão linda e um
lacaio tão bem fardado.
gem. Esta partiu
a gente de bocca aberta.
a galope, deixando toda
a
— Por ordem da imperatriz — disse o lacaio
0 imperador e a imperatriz Maria
com voz forte — eu venho aqui buscar o senhor cha-
Thereza esperavam-no sentados um ao lado
mado Wolfrang Mozart, que é esperado no palácio do outro, no throno. Mozart como uma ver-
imperial.
dadeira creança que era, dirigiu-se á impe-
Com effeito, havia na hospedaria
pessoas com ratriz e deu-lhe a face a beijar.
esse nome. Assim, o hospedeiro, já cheio de respeito,
A soberana, achando graça naquelles
correu a prevenil-as.
modos infantis, acariciou-o ternamente.
Vamos a isso, Sr. Mozart — disse
o imperador — você vae tocar uma musica

Jpk bonita; a imperatriz virará as folhas.


Ora, — disse IMozart — ella não
^
sabe. O melhor é chamar Wagenseil.

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L
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ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

O imperador poz-se a rir e mandou ,/° ^ -x

chamar o Sr. Wagenseil, que era o orga- o


nista da capei Ia imperial.
Então Mozart sentou-se ao piano e
b
tocou algumas musicas compostas por eüe
mesmo.
Maria Thereza, o imperador e os archi- 1 l
-duques, ouviram-n'o, extasiados e, quando
o menino acabou de tocar, elogiaram-n'o
muito.
^lJ\
»Uy
V
Terminado o concerto, as duas prince-
zinhas — Carolina e Maria Antonietta —
pediram a sua mãe licença para mostrar o
palácio ao pequenino musico.
A imperatriz consentiu, e as duas me-
ninas, segurando cada uma em uma das
mãos de Mozart, levaram-n'o, correndo e
gritando, alegremente.
Andaram por uma porção de saias des- £4£
lumbrantes; depois, Carolina, que já náo
dava attenção áquellas riquezas, propoz a ^
Mozart: ^
Vamos brincar de cabra-cega?
inVii ffiwilHiillW
Vamos! — disse Mozart, muito
satisfeito.
As duas princezinhas amarraram-lhe
um lenço nos olhos e começou o brinquedo.
Mas, Mozart não estava acostumado a
salas envernizadas como as do palácio; av V yr
logo aos primeiros passos, cahiu e começou
a chorar. ^
Carolina desatou a rir e só Maria An-
tonietta é que tratou de
o consolar.

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í^V" b'^' <~\

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Por isso, quando lhe passou a


dor da queda, Mozart voltou-se mui-
to zangado para Carolina, dizendo-lhe:
— Não gosto mais de você.
Ahi foi a princezinha que chorou e foi contar á imperatriz
que Mozart
não gostava mais delia.
Para aquietal-a foi preciso que Mozart jurasse que não estava mais zangado
e era muito seu amigo.
Recomeçaram os brinquedos e Mozart. já prevenido, não tornou a cahir.
Brincou muito alegre uma hora; mas passado esse tempo, apesar dos rogos
das duas princezinhas, declarou que precisava ir embora.
Maria Antonietta e Carolina pediram-lhe que ficasse ali ao menos um mez.
brincando; mas o menino disse que não podia fazer isso,
porque não podia
interromper os seus estudos.
A imperatriz gostou de ouvir essas palavras e mandou que o conduzissem
de novo á hospedaria.
No dia seguinte, foi um camarista do palácio levar ao
joven musico, em
nome da imperatriz, um esplendido vestuário. Mozart. examinando a roupa,
encontrou nos bolsos duzentos florins de ouro (moedas daquelle tempo)
Esta historia não é phantasia, é narração de factos reaes. Mozart existiu
e, graças do seu amor pelo estudo, foi o maior musico de seu tempo, e'ainda
hoje é uma gloria musical.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

jj^_^0 J a o a vz\ ^ I

O lago era bonito, sempre povo- . . . Cegonhas e o destacavel Jaburu ... A razão descobriu-se logo. A
ado de aves aquáticas. Viam-se de pescoço torto e bico muito grande. presença de um Jacaré no lago foi
nelle lindos Cysnes brancos, pretos, Havia, tambem, nas margens do lago, que afugentou as aves. O dono das
Ganços, Patos, e Marrecos; não muitas aves: Gaviões, Jacús, Araras, terras, fez tudo para matal-o. O Ja-
contando a quantidade de pequenas Maitacas e outros pequenos pássaros. caré fugia, escondia-se nas moitas
aves ribeirinhas, as Garças, Todos desappareceram de repente. . . de capim ou enterrava-se no lodo...

. . . Até que o dono das terras resolveu . . .muitos dias e o Jacaré . . .muito esticada e encontraram fis-
pescal-o. Para isso, collocou ã margem olhava-a de longe. Por fim, gado no anzol o terrível Jacaré. O bi-
do lago um forte anzol, pondo como um dia viram a corda do cho foi tirado do lago e as aves, então
isca uma perna de porco. A armadilha voltaram a povoal-o com maior ex-
anzol. . .
esteve no logar. ..
plendor.
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

O BOLO DELICIOSO
I B es-haò ouviNDoA x.RTo) f 5'RvA-se de j ¦
I | RAD/O OAMNIRCAPORA j^—-^^ U/MA V^5' LHA//^~7^f
I I SOCIAL.... ATTENCÁo// T%? DE TAMANHO /A) 1
OE0ULAn-'J{v77c:—-^ —'
^^^5r^~7u i? Lz~

yu if /\^\i 1 i ¦ i—
Bravos! O radio vae transnutur uma op- ... A vasilha não é muito grande, porém,
tima receita de bolo. - Mãos á obra... Promp- penso que chega para mim e o Bolinha. Al-
to! Aqui está... gumas?
1

Acho pouco. . Ponha- Muito bem! Eu gosto dis- . . Mais devagar! Isso agora é
mos uma duzia.^ Ficara to bem adocicado . . Epa!. . . asneira. E eu que não
mais substantivo ... fumar gosto de

. . .quanto mais pitar. Emfim. . . màu, máu. foi triste. Bolonha ficou de cama mais de
Parece que isto vae me fazer mal ao estorna- um mez, pensando no bolo delicioso que não
go. . . E o resultado. . . comera.
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

LEÃO, MACACO & CIAr^ Entrada de leão e sahida de sendeiro


'I f]
rM^Ml FOT 11 TF"!

Era uma vez uma pobre Corça ...ella acceitava e seguia sem hesita- ...acudiu o Leão. A Panthera aco-
que vivia numa selva enfestada de ção. Um dia o Macaco encontrou a vardou-se deante do rei e a Corça.
animaes ferozes. Seus companhei- Corça cercada por uma Panthera. A aproveitando a indecisão das duas
ros já haviam sido devorados e só pobresinha estava irremediavelmente feras, fugiu. O Leão atacou a Pan-
ella restava. O Dr. Simão quiz pro- perdida. O simio subiu a uma arvore thera, matando-a. O Dr. Simão, que
tegel-a e dava-lhe conselhos que... e poz-se a gritar, e aos seus gritos,... já esperava por aquelle desfecho,..

...também fugiu para lugar seguro. O Leão que ...presa, esta correu e atirou-se ao lago em certo
preferia as carnes da Corça, abandonou a fera morta lugar indicado pelo simio. O Leão imitou-a sem sa-
e foi procurar o ruminante. Mal sabia elle que o ber que, encoberta pela água, havia uma pedra pon-
Macaco já tinha advinhado o seu pensamento e dado teaguda para feril-o. Dias depois, o Macaco e a
as providencias. Quando o Leão encontrou e per- Corça acharam o Leão morto e encalhado á margem
seguiu a... do lago.
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

Pelo Dr. Joaquim Felicio dos Sanfos


"Eram
homens ousados e intrépidos esses
aventureiros que se embrenhavam pelos sertões
das Minas, em busca do ouro; de vontade fir-
me, pertinaz, inabalável. Cegos pela ambição
arrostavam os maiores perigos; não temiam o

mi mm- tempo, as estações, as chuvas, a secca. o frio, o


calor, os animaes ferozes, reptis que davam ia
morte quasi instantânea, e mais que tudo o in-
domito e vingativo indio anthropophago, que de-
votava os prisioneiros, disputando o terreno pai- r\%€^ X^Lvrv
mo a palmo em guerra renhida e encarniçada.
Muitas vezes viajavam por esses desertos,

WMMrff descuidados e imprevidentes, como se nada de-


vessem recear. Para elles não havia bosques im-

penetraveis, serras alcantiladas, rios caudalosos,


precipícios, abysmos insondavcis Se não ti-
nham o que comer roiam as raizes das arvores;
serviam-lhes de alimento os lagartos, as cobras,

os sapos que encontravam pelo caminho, quan-


"outra
do não podiam obter alimentação pela
caça ou pesca; se não tinham o que beber, su-

gavam o sangue dos animaes que matavam, mas-


cavam folhas sylvestres ou as fructas acres dos

campos, já eram homens meio barbados, quasi


desprendidos da sociedade, falando a linqua-

gem dos indios, adoptando muitos dos seus


costumes, seguindo muitas das suas crenças,
admirando a sua vida e procurando imital-os.
Muitas serras, muitos rios. muitos logares que
conhecemos com os nomes indígenas, foram
baptisados por elles. Taes eram. cm geral, os
primeiros descobridores das ricas minas dc
Brasil".

cvyp i- -1 \ <?i
-All^fccw
^F-
ALMANACH D'0 TICO-TICO 1936

Um Sapo perguntou ao Tico-Tico .. .o mesmo"; Mas, uma Cobra, que ...Siriema e, vendo a Cobra, seu
porque razão preferia elle os galhos passava, ouvindo a prosa do Sapo, manjar predilecto, exclamou: —
"Olá! Cheguei a
das arvores ao solo arenoso e cheio com o bote certeiro apanhou o po- propósito, Cobra
de sementes. — "Porque nas arvores bre bicho e enguliu-o. O Sapo era recheiada com Sapo é pitéo que nem
estou mais livre do ataque dos ini- muito grande e a Cobra ficou en- sempre se encontra e, zaz, comeu a
migos!" respondeu o passarinho. — talada e pesada sem poder caminhar. Cobra.". Depois u m cachorro d o
"Ora, matto que de longe vinha...
atalhou o Sapo, o perigo é... No momento passou uma...

JnLocfto^
...farejando a Siriema, saltou-lhe em cima, agar- ...sorrateiramente, se approximava delle. Num
rou-a pelo pescoço e matou a pobre ave. De longe salto a fera apanhou-o pelo cachaço, esmagando-o
o Tico-Tico assistiu a toda aquella tragédia e o Ca- com o peso do corpo. O Tico-Tico, então, exclamou:
chorro do matto, entretido com a sua victima. não — "Meu Deus como é bom ter asas e viver nas
viu que uma Onça,... arvores!"
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1935

EDI© SALVAD
O REMÉDIO SALVADOR

Luluzinho nasceu sob uma es- A mãe de Luluzinho, carinho- Na idade de três annos, quan-
trella má. Muito magrinho, muito sa e boa como todas as mães, sof- do todas as creanças enchem o
feio, passava os dias a chorar, ator- fria rudemente por ver o fiihinho mundo com o encanto sadio dos sor-
mentado, sem duvida, pelo soffri- sempre a chorar, triste e franzino risos, o Luluzinho mais e mais tris-
mento. te ficara.

TTT1 mi ^[A^Hl )\ /

Médicos afamados foram cha- Montanhas de vidros de re- Banhos de mar, banhos de sol,
mados para curar a tristeza, para mi- médios, de pomadas, de pílulas, banhos de lama eram dados quasi
'diariamente jio Luluzinho
norar os soffrimentos do pobre me- de chás e de tizanas eram dadas que, pa-
nino, cujo penar, continuo, era a ao Luluzinho sem o menor resul- ra tristeza dos pães, não conseguia
via-crucis da dor. tado para a sua pobre vida. ser forte e alegre.
r

.. . deante o Luluzuiho sorriu, en-


Um dia, porém, a m&e de Lulu- Sahiu de casa, correndo, a.
gordou, tornou-je forte è sadio. E'
zinho, lendo O TICO-TICO para o compral-o, para dar ao fiihinho. -
que elle tomara o maravilhoso th-
filho, que então tiriha sete annos, en- Que remédio gostoso! — excla* xir de inhame, que depura, fortalo»
controu a indicação de um remédio mou o Luluzinho ao tomar o pro- ce, engorda! O elixir de inhame ó •
tnajravüboso. digioso preparado. E dahi por... vida dai creançasl
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

o fmmt ts iie$hte e 0 mm do radio


As quatro gravuras que illustram A parte correspondente a 193(5 a transmissão radiotelephonica da
esta nota representam o progresso é, por emquanto, uma fantasia do partida ? E' possível que assim
da industria da radiotelephonia du- desenhista. Será verdadeiramente aconteça. Por agora, é já não é
rante treze^annos, Os nossps leito- anno em que o enthusiasta do pouco, muito se tem conseguido em
"veja"
res hão de saber, provavelmente, ah- football o seu team pre- televisão.
'.
/guma cousa do tempo cm que o ferido, ao mèsmtí" tempo qiie "ouça Bem pode ser que aquillo que
apparelho de radio que apparcce ' ' ¦» !¦« ¦ i ii . i.^ hoje nos parece uma fantasia, uri
"ultima
na primeira gravura era a. sonho, se torne amanhã uma con-i
oalavra" dos receptores.' quista sem maior importância.
Depois veiu a moda dos apparc- \ Isso. aliás, é o que se tem veri-
'
lhos descobertos, em 192-4, taes , Ktt _.«M—|i flftj /íi * ficado com as demais invenções e
eram os do typo que os leitores revelações notáveis da sciencia
vêem na segunda gravura. De 192S moderna.
Boa Sj Bh— ¦ *—*
cm deante surgiram os apparelhos Um invento de hoje, quê as-
de radio aperfeiçoados, luxuosos, sombra a humanidade, é amanhã,
taes como hoje, cada vez mais pelo apparecimento de novos in-
aprimorados, existem em todo o ventos, cousa banal, corriqueira que
mundo. não mais causa admiração^
*' " iiiiiiii«iiM-»_«__-»E-ai

l'»^vv\A^»^A/v^A^v^^A^lV^AA<v^A/^^A<vv^^AAA*v^Art<^^vrfvv^AA^^

r BBRA 11/ I £ T O R 1 C A
A Universidade de Pensylvania viveu cerca de 7.000 annos antes rença de que o mundo não foi

possue uma pedra gravada, extra- de Jesus Christo. Os caracteres creado por um Deus, mas por
decifrados,
hida ha muitos annos de exeava- segundo as declara- uma r_)eusa>
>ões effectuadas em Nipur. O pro- ções daquelle professor, uma nova Os professores na Universidade
fessor Arno Poebel, que empre- versão da Gênesis, com a diffe-
de Pensylvanía estão de accordo
hendera a de decifrar os
£arefa
com o traduetor dos hierogliphos,
} caracteres gravados nessa pedra,
affirmando que possuem talvez a
acaba de annunciar ao mundo
scientifico que obteve êxito com-; primeira versão da historia relativa
á creaçao do mundo, ao mesmo
pleto.
Declara esse documento tempo que uma prova êxacta da
que

prê-historico data da época do presença do homem 7.000 annos

reinado de um tal Hamorubi, qu^ antes de Jesus Christo.;


ALMAMACH D'0 TICO-ilLO — 1936

R QUE SE JUNTOU
A AREIA NAS ORLAS DO 1ÁMMÍ WV/K
~^tms^^ ¦^m*^A*> -------- -v -^m^

MAR ? O CALÇADO IDEAL


As areias que vemos nas orlas do
PARA CRIANÇAS
mar e em muitos outros logares, são
formadas por um dos elementos
mais communs do mundo, conheci-
do com o nome de silicio. O silício
*
occupa no mundo que já morreu o
mesmo logar que o carbono, no que
vive ainda. São dois elementos
muito semelhantes e ambos se com-
binam com o oxygenio para formar
compostos, que, quando se trata do
carbono é o anhydrido carbônico e
quando do silicio, as areias do mar.
Reveste também outras formas mui-
to diversas.
Ha já muitos séculos, quando a
temperatura da terra era muito su-
perior á actual, formou-se a sua
crusta, graças á solidificação de
certos corpos, sendo talvez o facto
mais importante daquella remota
Çslios... fT&resMtns... tx,rrerias_ é» criança*
época o de o elemento silicio ter de. n*do ceíern o pmser de hrinc3i {pisado ee
se queimar por completo, combinan- «eus ptónho; b a conveniente
psotecçte-
dose com o oxygenio, cuja abun- de ura calçado doei» a ccniortaveL
dancia era então extraordinária. O
nome vulgar do composto, que re-
Não gosfarin lambem V. S. <jye o* «eo* p*ti**« t»
sulta da combinação do silicio com
entregassem « essas exhuberanta* • sahtfaxM ò».
o oxygenio, é silica, A formação da
tncnzmçôes de gymnasnca ? Calce-o* •
silica, por meio da combinação dés- psaceiie I-
Hsbime-os, desde ja ao uso do Jauaoao calçado
tes dois elementos, foi o primeiro "Andar C«t»".
passe dado para a areia dos
mares.
¦ C calçado Andar Certo": (tionte segislxado) e orna rít»
Ora uma boa porção desta silica,
"ANDAR CERTO" mais notáveis creaçôes- do nossa casa. Os teus
formada de grãozinhos muito pe-
é apresentado tombem modelos rígorosaroenta T-Vr-tifrftfn o am pattsdia
quenos, agglutinou-se mercê da ia- em formas especioes paro obediência á anatomia do pé concedera. ¦ quem
tervenção de outras substancias mais tenhoros a cavalheiro». os usa. ema grata a permananta sensação da
brandas, formandopedra chi-
a bem-estar.
nada arenito; e quando esta espe-
cie de terra Se acha submettida á //
seção da água e do vento, desfaz-
GRÁTIS I
¦nos. o
Andar Certo"
quem o» pe'''"-, J^H {££££) WL
se, formando esses grãos de tão o cora amplo» detolhes,
* c jego "ANP>B CEÍIO" d*
em cri onça- ê
diversos tamanhos que constituem a prendi lotare»»» poro o* andar certo o
fcl-CÍOl. •»-»«•«-*»
oreia, que, como acabamos de ver,
vida inteirai
não é outra cousa senão silicio
queimado.
.' Uma camada não muito profun-
da delle contém tanto oxygenio co-
MappitiSfcares
H PRAÇA DO PATRIARCHA 2 - S. PAULO ¦
xbo todo o ar que gravita sobre e!la. i ^V^^*V**S^****i/V*S>***^ii****^***^S^AtSf^f*A**'**>***
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

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IP I _ S A I> i_#
(MONÓLOGO)

Êu tenho um somno "de chumbo",


Talvez até mais pesado,
Depois foi que percebi
Para que era aquelle jogo...
PELLE BRANCA
Quando adormeço, já sabem, Senti um grande calor:
Fico assim... desacordado...
(Fecha os olhos)
Tinham-me posto no fogo!

Tive cstranha sensação


EM 3 DIAS
Quando durmo sonho muito, Que ainda não comprehendo:
Uni sonho, ás vezes bonito, Quando augmentava o calor
Outras vezes também tenho Eu . ia... me derretendo...
Cada um tão... exquisito!. ..
F. já não era mais bloco, ^9 jkw_K^b_ *^99^l
Esta noite eu tive um sonho Me sentia transformado.
Que a mente inda me amotina: Ali dentro do "cadinho",
Eu era um bloco de chumbo Em um liquido prateado.
No canto de uma offícina!
Estavam perto umas fôrmas,
Não tinha forma nenhuma. |E do fogo me tiraram;
E estava ali atirado Depois, com todo cuidado,
No meio de uns ferros velhos, (Numa fôrma me entornaram.
E de um caixote furado,
Senti um completo allivio,
Apezar de nao ter vida .Tinha acabado 0 calor;
'A fôrma estava fresquinha
Eu ouvia e via tudo;
Só não podia era andar, E eu deitado... Sim, senhor!.
Nem falar: estava mudo.
Dentro da fôrma sentia
Não sei quanto tempo assim Que tinha fôrmas também:
Naquelle canto passei, Cabeça, braços e pernas
Pois não me lembro de quando E estava afi muito bem.
O meu sonho comecei.
Tinha um brilhante uniforme, A sciencia sabe agora que a irrita-
Piecorelo-me, no entretanto, E uma espadinha do lado, ção dos poros da pelle é a causa de
Deste caso extraordinário: Na cabeça um capacete todos os poros dilatados — pois isso
Fui apanhado do chão Era um perfeito soldado. faz sobrevirem os pontos negros
Por um robusto operário, (cravos), as rugas devido á fadiga,
Metteram-me numa caixa assim como torna a pelle áspera,
E levado para perto Onde outros muitos já estavam grosseira e descolorada.
De uma vermelha fornalha; O Creme Pugol dissolve as impu-
Ali, prosando attenção, E levaram-n'a á vitrina rezas profundas dos poros da pelle
Eu vi como se trabalha! Onde todos nos miravam. c acalma a irritação. Os pontos ne-
gros (cravos) desapparecem. Os pó-
Fui posto dentro de uni vaso Não tardou que um garotinho ros dilatados contraem-se. Uma pelle
Aquella caixa comprasse, grosseira e escura torna-se fina, uni-
Que estava lá num cantinho.
E que ouvi outro operário E, com a mais franca alegria, forme e clara. 0 Creme Rugol con-
Denominar de "cadinho" Para casa nos levasse. têm substancias calmantes combina-
das com ingredientes adstringentes
que embranqueceu) e tonificam. A
pelle mais reseccada torna-se fresca
e adquire uni lindo tom. O Creme
A SAÚDE DAS CRFANCAS Rugol supprime o lustro de uma pelle
oleosa ou graxosa imprimindo-lhe
frecura e belleza. .
O leite materno é tão precioso
para a saúde das creatiças, corto
o amor das mães pelos seus fi- Separou-nos em dois grupos,
lhost Collocatlos frente á frente,

M P?^j-3Kw_k
m J*wL:./xV m W___. 8 fifuraiiiy E ahi começou a guerra
Terrível, dura, inclemente.

A guerra!... Que coisa triste!


medicamento racional, aogrãen- Ir contra os irmãos luetar!
tando a capacidade das glândulas Nós precisamos, no mundo,
mammarias, permitte a qualquer As guerras exterminar.
mãe amammentar o seu fi'ho.
LInicos distribuidores:
Estava em meio o combate...
L4B0RATOBIO Balas de miolo de pão
Que o garotinho atirava
CAMARGO MENDEi, S/á Quando senti que ia ao chão...
Caixa Postal 3.413
A pancada foi tão forte
W - SÃO PAULO Que, parece, desmaiei...
Tinha cabido da cama,
PECAM PROSPECTOS Porque no chão acordei.

Eustorcio Wanderkey
ALMANACH D'O TICO-TICO — 1936

No Orphanato "São José n i

MW ^-" ^ J f/J^W»/. wj^Oftj ¦ I WJaa .¦¦Y.,v..-.v,Y,. -.¦vyv rjjjj.-. ¦.-.-¦¦¦¦.¦¦¦¦¦¦¦¦¦.-.-¦¦¦-.¦. '.¦,v,-.V-V.V.,,V.'.,AV.v.'.1 .¦¦'",,"« " ¦ '

VALIOSA OPINIÃO DO DISTINCTO CLÍNICO DR. ARGONAUTA SUCUPIRA, SOBRE


0 EMPREGO DO "ELIXIR DE NOGUEIRA" NESTE PIO ESTABELECIMENTO!

Atteslo que lenho empregado em minha clinica no Orphanato S. José, o ELIXIR DE NO-
GUEIRA, do Pharm. Chim. João da Silva Silveira, nos casos para que é indicado, obtendo
sempre os melhores resultados.
Rio de Janeiro, 20 de Maio de 1835.
(Ass.) Or. Argonatita Sucupira
(Firma reconhecida)
- Só "ELIXIR DE NOGUEIRA
impurezas do sangue?

fts duas sombras SIGA O


EXEMPLO
OLEGARIO MARIANNO DC
Na encruzilhada silenciosa do Destino,
Quando as estrellas se multiplicaram, GERAÇÕES
Duas sombras errantes se encontraram.
A primeira falou : — Nasci de um beijo
De luz; sou força, vida, alma, esplendor.
Trago em mim toda a gloria do Desejo,
Toda a ânsia do Universo... Eu sou o Amor,

O mundo sinto exanime a meus pés...


Sou Delírio. . . Loucura. . . E tu quem és ?
— Eu nasci de uma lagrima. Sou flamma
Do teu incêndio que devora...
Vivo, dos olhos tristes de quem ama,
.Para os olhos nevoentos de quem chora.

Dizem que ao mundo vim para ser bôa,


Para dar do meu sangue a quem me qu;ira.
.Sou a Saudade, a tua companheira
Que punge, que consola e que perdoa...
FORTALEÇA 0$ $ey$_ FILHOS. COM
Na encruzilhada silenciosa do Destino,
As duas .Sombras commovidas se abraçaram
E de
"então,
nunca mais se separaram. B SC0Y1
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

E' a revista que melhor espelha a vida litteraria do Brasil.,

3rag*iltim'
E* collaborada e illustrada peJ.os maiores escriptores e artistas.

m JlttjtfracSo
*..
Reproduz em todos os números duas trichromias e vários doublés
dos nossos maiores pintores e desenhistas..
* 'i ¦
J»W ^i» ^#

Sra^ilnm
Apparece nos dias 15 de cada mez. — Numero avulso 3$000 —
Assignaturas: Annual, 35$000 — Semestral, 18$0C0.

PEÇA AO fSEÜ JORNALEIRO A

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í JjBS BP^ 'VS ^flk ^JBÊÍA^M^mtV^mmY ^^^9mwNXl—. WmW õm9WÊt *ltfWO^mBmma AW^kmWÊ'' ÉV^m^m\m\Í93»\ a\mr ^MmawBm»^
ALMANACH D'0 TICO-TICO — 1936

PREÇO DAS ASS1GNATURAS


«aaaaaaaa»s-a.««««a«ia»asaa.«aasaaaaa»---««««ai«aaa»asa..«a1..s.«aaaaaaM.«««aa«iaaaaa»aaa».aaaaaaaaaaaa»»aaaw «¦«a»aaaa.»a»aaa»aaa»«^a»aa»a»MaaaaaaaMaaaa»aaa>a»aaaaaaa»aa»»»aaaaaa»«WWa»»^aMa«^a»»Ma^

Brasil • todo* os demais paii-s Que adherlcem é Convenção *OrtuoaJ • demais pau»»
Pari Americana. Rep. Sul Americana, E. U. A.. Hespanha, ate. fora da convencia
NOMES DAS REVISTAS porte simples registro soa JU
f sos registro
12 meies 6 meie» 12 meies 6 mezes II mciti A mtiaa
|

. 0 Malho 605000 í 305000 85S000 435000 .105000 565000


. Cinoarte 485000 25S00O 605000 30SO0O 705000 365000
. Tico-Tico 25*000 13S000 50SO0O 26SÜ0O 755000 385000
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O INTERIOR DA HOLLANDA
Viagens Pittorescas Por TEMPLE MANNING cessivo. Os Hollandezes apreciam
imnienso a boa comida e sua cozinha
Um dos paizes mais bellos da,Eu- vivendas de tijolos vermelhos
sobre- é conhecida internacionalmente.
ropa é a Hollanda e também dos mais sabem no colorido verde das mattas As fazendas de gado são uma das
pacificos. Não soffrc a influencia e a paizagem varia constantemente curiosidades mais valiosas da Hol-
dos paizes vizinhos e passa na His- deleitando a vista dos passeantes. landa: as vaccas leiteiras, muitos nc-
toria placidamente e sem transfor« A rua de Kalverstraat tem lojas dias e fortes, pastam felizes nos cam-
mações violentas e sensíveis.
pos e á beira dos canaes. As casas de
Uma vizita a qualquer das ilhas doi campo são sempre muito conforta-
mar de Zuyder, transporta-nos para veis, construídas com telhas azues
outra idade e o scenario é calmo e Dclft. A louça hollandeza, como to-
beiro. O turista tem sempre na Hol- dos sabem, é muito artística e os lin-
landa uma paizagem que repousa o dos jarrões de cobre e os vasilhames
encanta. E' por isso preferida uma' e utensílios domésticos sã0 dispu-
visita a HoHanda depois de um pe-' fados em todo o mundo como de um
riodo accidentado de trabalho e de asseio e simplicidade irreprchensi-
fadiga mental. 2^j^f^^:Usss%msmm\\MsmssKs\\\\ MM -1 ' ^^""T^f veis.
Amsterdam é conhecida mundiais liaàTv^sSjií; **pne*eKv A aldeia de Brook-in-Watcrland c
mente como a Veneza do Norte e typicamcnte do estylo hollandez, com
bem merece este titulo. E' uma ciJ as suas casas pequeninas cercadas de
dade cheia de contrastes, ultra-md jardins floridos e suas fazendas com
derna, com cafés e bars nas ruas an* queijarias modelos onde se fabricam
ligas de nomes bíblicos... O casa- os deliciosos queixos vermelhos apre-
rio também antigo em grande parte ciados em todo o mundo.
confunde-se muitas vezes com as
A quenjaria de Brook attrahe sem-
construcções modernas de alto esty- 'Através
Io. A rua — Moses-And-Aron é uma do canal de Amsterdam pre uma multidão de visitantes por
seus melhoramentos modernissimos.
das mais interessantes da cidade.
modernissimas como nas principaes As ilhas de Maarken, Monicken-'
A Capital é toda cortada de cá- cidades europeas. As calçadas em dam e Volendam no mar Zuyder são
naes e um passeio de lancha offerece volta do líembran dtplein ficam encantadoras. Ainda se vêem os na-
os mais encantadores aspectos: ora é cheias de cadeiras em frente aos res- tivos com as suas roupas caracteris-
a vista dos grandes arcos de pedras, taurants e cafés onde bebericam os ticas e nos dias de mercado, o sce-
ora as pontes dando accesso ás casas,
;— flaneurs — e elegantes quando o nario é deveras pirtoresco e colo-
antigas da época medieval. Algumas tempo está firme c o frio não é ex- rido.
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O A tinha sido lograda. Estavam ali


A* HERANÇA apenas as patas traseiras do ma-
RAPO S~A caco, que se escondera" debaixo de
( F I M )
um montão de folhas- deixando-as inutò N
de fora... cessa qualquer dor de deníç
A raposa, ao vel-os. começou a — Você se divertiu commigo.
ficar desconfiada: aquella gente vi- seu patife ! — ia dizer ella ao sapo.
via a fugir delia, e como era que NÃO QUEIMA A I ICA
Mas não o viu mais. Voltou-se
estava ali, toda reunida 1 !
para se atirar sobre o macaco, mas ¦ — Seu dentista á noite não'
j
Mas, era tal a fome que sentia, este sacudindo as folhas, sahiu em
principalmente depois da caminha- disparada, subindo á primeira ar- aüenderá. Quer dormir socegado?
da feita, que nem ligou. E per.- vore. Pede ao papae para previnir em
guntou ainda: E nem mais as testemunhas ella
,' i— E as patas, onde estão ? casa com um vidro de 1 Minuto.
¦— As patas estão aqui, as patas viu em torno, pois fugiram também.
Apenas ecoava na floresta a Não encontrando na sua Phar- I
do amigo macaco — respondeu o
sapo. Aqui, comadre raposa, faça gargalhada delles, pois todos gosa- macia, mande hoje mesmo 2$50'J
o favor... vam a peça que lhe pregara o ma-
caco, com o auxilio de mestre sapo. , que receberá pelo correio um
E a raposa olhou e viu então que
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Deus, condoído, fez-lhes nasc-ir


mães podem dar, sem receio, aoa seus filhinhos, o XA-
AS ROPE SÃO JOÃO para curar as tosses, bronchites, ca- pequeninas e leves asas e a!ii tê;n
tarrhos, rouquidão e outra3 affecções das vias respiratórias, vocês a razão de existirem os vaga-
communs desta época. lumes na terra.
Essas affecções são sempre o principio de graves doenças,
e por isso é dever das mãos procurarem um remédio seguro Quanto aos chapéos, não o sa-
e garantido, como o XAROPE SÃO JOÃO. Não contém drogas bem as estrellas ! são as chamadas
perigosas. É uma gulodice que faz bem ás creanças,
estrellas do mar, que, apagada.-;,
jazem de 5 pontas, no fundo da
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Nadyr Cardoso Lopes


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