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A peleja entre o amor e o ódio de uma terra com nome

santo e espírito de porco.


O Espírito Santo é um lugar sagrado, desses para você viver só, acordar cedo, dar
uma olhada no mar e não entrar, se organizar para ir a uma cachoeira, chamar
uma galera, ouvir um som - on the road -, passar uns quarenta minutos no carro,
chegar no destino, sentir o cheiro do mato, beber umas cervejas e depois voltar.

É, sem sombra de dúvidas, uma terra interessantíssima, serena em seu cosmo,


agitada em fragmentos [e é aqui se justifica o teor de sua solidão, a imensidão do
Espírito Santo fragmentada em espectros]. Aqui tem de tudo, os problemas das
grandes metrópoles e os das pequenas cidadelas de interior – a grandeza da
pequenez -. É verdade! Em terras capixabas tudo é grandiosamente pequeno, a
crítica, a criatividade, a moralidade, a sensatez... até mesmo a insanidade é
branda e admiravelmente bucólica.

As vezes acredito estar num grande balneário simples e harmonioso se não fosse
a mentira - a grande teia condutora do comportamento dessa, uma das primeiras
capitanias e, ainda, colônia.

Mas não é simplesmente mentira, ou inverdade propriamente dita, é um pouco


mais sutil que isso, talvez até pela circunstância coletivamente aceita da
brutalidade contínua de sua criação trans-mantida, cuja qual os antropólogos
chamam de cultura, que a sua definição pode ser entendida como algo um pouco
mais complexo e intenso que isso. A mentira que aqui existe é daquelas sofisticas,
tratada sob o prisma dos argumentos lógicos, enfim a mais pura e clara ordinária
verdade.

Essa pressão é tamanha, a dos olhos direcionados ao próprio umbigo, que faz
com que em terras capixabas tudo se torne over... por exemplo: em sua pequenez
o movimento cultural é tão intenso quanto que em São Paulo, Nova York, Londres,
o sexo é rápido, febril e em pé no banheiro de uma danceteria cool por dois dias.
A única diferença é que no Espírito Santo a multidão se resume em centenas, e as
alternativas em apenas, três ou quatro tentativas... Essa é minha terra, naves à
deriva, lugar perfeito para andar só!!!

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