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* Trabalho do Laboratório de Biologia e Controle de Insetos (dirigido pela Dr> Alina P. Szumlewlcz) do
Núcleo Central de Pesquisas em Jacarepaguá, INERu, FIOCRUZ. Feito com a ajuda financeira do Con
selho Nacional de Pesquisas.
** Pesquisador em Zoologia da SUCAM.
Recebido para publicação em 20.8.73.
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e de Boa Vista e Iranduíque (Território de pécies ou de quais espécies essas varieda
R oraim a). des seriam.
Em 1967, encontrando Barretto (4) a es Não mais foi possível determinarmos
pécie de Correia e Espínola, em Goiás, opi qual o tipo de “maculata” que ocorria em
nou sobre a mesma da seguinte m aneira: determ inada localidade, pois, anteriorm en
“Não queremos entrar em maiores dis te, as variações morfo!óg;cas não eram por
cussões sobre o status do triatom íneo em nós levadas em consideração. Por isso,
tela, mas, a julgar pelos resultados dos esses tipos variáveis de hemíptero serão
cruzamentos obtidos por Correia e Espí todos designados neste trabalho como Tria-
nola (12), é possível que o pseudomaculata toma maculata (Erichson, 1848)”.
seja um a subespécie do T. maculata. Seja Embora fazendo alusão ao pseudoma
como for, é esta a primeira vez que se en culata e às variedades observadas, Sher
contra o triatom íneo em biótopos naturais lock e Serafim ainda não admitem esta es
no Brasil. Acontece, então, com o pseudo pécie como componente da fauna triato-
maculata fato semelhante ao que foi ob mínica do Estado da Bahia, pois conside
servado por Torrealba e Diáz Vásquez na ram o maculata (Erichson, 1848) como a
Venezuela, com o maculata”. espécie vigente naquela área.
Em 1969, A. B. Galvão e A. L. M. Car Almeida (2) em trabalho sem data, mas
valho (7), não tendo visto ainda a forma recente — como se pode verificar pelas ci
do Suriname que Correia e Espínola estu tações, referindo-se ao maculata (Erich
daram, foram ainda mais radicais que B ar son, 1848) diz o seguinte: “As incrim ina
retto, quando consideraram espécimes de ções a esta últim a espécie no Brasil, são
pseudomaculata encontrados em Goiás, co na verdade, concorrentes a T. pseudoma
mo sinônimo do maculata de Erichson. Ve culata Correia e Espínola, 1964, barbeiro
rificaram, nesta oportunidade, que os de do Nordeste, outrora identificado copio T.
senhos dos parâmeros e processo mediano maculata, que em nosso pais só foi encon
do pigóforo, dados por Correia e Espínola trado no Território de Roraima (Correia e
para o pseudomaculata, não concordavam Espínola, 1964)”.
inteiram ente com essas estruturas encon- Na verdade, o pseudomaculata nãõ ocor
tradas nos espécimes de Goiás, as quais se re somente na Região Nordeste, como diz
aproximavam mais dos desenhos dos re Almeida, mas é encontrado também na
feridos autores dados para o maculata Região Suleste (Minas Gerais) e Çentro-
(ErichSori, 1848). Por outro lado, cumpre -Oeste (Goiás). Ademais, continua sendo
lembrar que, muito depois da descrição do identificado como T. m aculata, conform e
pseudomaculata, Barretto (3) não tinha demonstra o que transcrevemos acima, p a
ainda conhecimento do trabalho de Cor rece, entretanto, que a mais ampla e densa
reia e Espínola, pois não consta da biblio distribuição do pseudomaculata se dá na
grafia do referido trabalho desse autor. Região Nordeste.
Mas, se o reconhecimento do pseudo A descrição dia atual maculáia XErich-
maculata como forma independente do m a scn, 1848) foi feita por Stoll no seu traba
culata já é admitida no í=ul do país, o lho bilíngüe já citado. Ao contrário do ex
mesmo não se verifica no Nordeste, onde celente desenho que apresenta de “Lá pu-
pesquisadores como Lucena (9), Sherlock e naiie mouche bigarrée”, como denominou
Guitton (12), Dobbin e Cruz (6) e Alen a forma em questão, a descrição do natu
car (1), continuam a denominar a forma ralista holandês parece, à primeira vista,
ali ocorrente como maculata (Erichson, bastante problemática, de vez que, entre
184,3). outros caracteres, dá o seguinte: “La
Recentemente, porém, Sherlock e Sera trompe eit courte, arquée. . . ” O vocábulo
fim (13) já se referem ao pseudomaculata, “arquée” tanto poderia significar “arquea
o que fazem, entretanto, nos seguintes ter do” como “dobrado”, acepgões completa
mos: mente diferentes, em se tratando de um
“Neste Estado temos exemplares dersa problema taxinôm iio dentro do ordem He-
espécie ccm aspectos morfológicos variá mipíera.
veis . Acontece que o desenho de “La punaise
Os nossos estudos ainda não concluíram mouche bigarrée” não mostra o rostro, co
tratar-se realmente de um a ou de mais es mo em desenhos de outros espécimes di
r
Colorido geral pardo e s c u r o com áreas pardo escuro com áreas cla
(Fig. 1) claras mais extensas e em ras reduzidas e em menor
maior número número
Face dorsal da cabeça com áreas claras extensas sem áreas claras
(Fig. 1)
Pronoto (Fig. 1) com 4+4 áreas claras mais 3+3 áreas claras mais ex-
extensas; 2+2 áreas claras tensas; 1 + 1 áreas claras me-
menores. nores.
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Escutelo (Fig. 1) processo mais longo que a processo aproximadamente
base; adelgaçando-se para o do mesmo comprimento da
ápice. base, esta com 1 + 1 tubér
culos nos bordos póstero-
-laterais.
MEDIDAS
T. maculata T. pseudo
maculata
SUMMARY
The recognition of the species Triatoma m aculata (Erichson, 1848) and Tria
tom a pseudomaculata (Correia e Espínola, 1964) has been anã continues to be
a subject of much disagreement. These species were also confuseã for some
time by the author.
Possibly, the reason for this confusion lies in the poor description of certain
structures of these species, that one could not be certain about their distribution
in Brazil.
A careful comparative study involving both species is herein reported and
it is concluded that it is T. pseudomaculata and not T. m aculata that is being
found in the States of Píaui, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Goiás and in the Federal District — Brasília.
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T. m o c u l o t o
T. p s e ud om o cu lo t o