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I.

Duas condições necessárias da existência de “problema”, o seu “aparecimento”,


como invasivo e impositivo, e a “tensão de não indiferença”, este está percorrido de
não neutralidade.
Pressão gerundiva, participium necessitatis, o aparecimento é no quadro do que
“deve” aparecer, no quadro de um “programa cognitivo”.
Pressão de continuação, a gerundiva quer mais e melhor.
A pressão gerundiva como desejo de se prolongar para o exterior do que se
é, o eu quer mais eu.
Selbstbewusstsein, o aparecimento é como um personagem no palco da
minha existência, a cena da minha não indiferença a mim próprio.
Todo o aparecimento é “relativo” a esta pressão, mesmo o “indiferente” já
foi “qualificado” por mim de forma não indiferente.
Dois tipos de não indiferença, oἰκείωσις e αλλοτρίωσις, apropriação e
expropriação, organização polar com multiplicidade de graus.
Tensão de não indiferença eudemonística e ética.
Há problema quando o aparecimento colide com o meu programa cognitivo,
quando me falta “poder”, e surge “conflito”.
Ter um problema, διανοίας ἀπορία, é como estar amarrado, Aristóteles.
A vida é δἐσις, “plot”, tem uma estrutura de “obstacularização”, “resistência
primária”, e visa um δὐσις, desenlace.
O ser problema tem uma “cláusula de envergadura”, tem de haver “diuturnidade”.
Duas formas estritas de problema, por não se saber algo, por se saber algo.
Forma estritíssima, problema por querer saber algo e não conseguir, com
mobilização de um programa cognitivo para resolver a falta.
O interesse cognitivo é δι' αυτό, por isso mesmo, αιρετός, uma escolha minha, ou é
sempre um interesse derivado?
Duas condições de problema em sentido estritíssimo, quando é a tensão de não
indiferença a incluir “a necessidade de uma saber em falta”, quando há um
quantum mínio de “saber que não se sabe”, a “docta ignorantia”.
Como se pode saber que não se sabe? O paradoxo de Ménon.
Não posso conhecer os próprios limites do meu “campo” de aparecimento.
Só posso ter consciência de um “x” fora do campo, e assim reconhecer que
tem limites, que sou finito.
Finito, já estou “referido” à alteridade, na descoberta do “fora”.
O limite implica o já estar para lá do limite, Wittgenstein.
Tenho uma falsa pretensão de continuidade entre o campo e o que está fora.
Tenho um fragmento sempre na pretensão de que tenho um todo.

II.
A nota de não indiferença com primeiro momento da identificação.
Aquilo que é sempre objeto desaparece como objeto, Feuerbach.
O acontecimento inscreve-se de forma neutra no seu meio, Bewusstsein, e a
testemunha não é neutra, inscreve gerundivamente o acontecimento,
Selbstbewusstsein, a diferença entre für es” e für uns em Hegel.
No posse de “incógnita”, saber e não saber, conjunção lógica entre “ter e não ter”.
Conflito direto com o axioma de não contradição.
Axioma porque intuitivo, imediato e indemonstrável, e não princípio.
Posse “a haver” modificada pela cláusula adversativa “ainda não”.
Empirismo, é possível “ter e não ter” porque o objeto é “complexo”, tenho uns
aspectos mas não tenho outros, o aparecimento é como um “mosaico”.
Composição de “momentos” de aparecimento num compositum reale,
representação composta.
Átomos de aparecimento, representações singulares, a constituir a mancha.
A certeza do aparecimento sensível pode desfazer a síntese.
Platão, o que há é interposição entre “ter e não ter”, μεταξὐ, “condição
intermédia”, medialidade.
Conjunção dos extremos, que já não se encontram na mistura de ambos.
O tempo é “transmissão”, “passagem” entre o mortal e o imortal.
A coexistência do diferente relativamente ao mesmo, ao contrário do
empirismo onde é relativa a coisas diferentes, uma coexistência conjuntiva e
não exclusiva.
Pensar a complexidade como tal é pensar a síntese, a coexistência do não idêntico.
A síntese não é acrescentada, é constitutiva.
Facto possibilitante do aparecimento, do ser do ente.
In mundo non datur insulae, Baumgarten, há sempre troupeau e não brebi.
Cada ponto é já uma mancha, Pascal, multiplicidade submersa.
Não há momento atómico, tudo é já captação confusa e míope.
O que tenho sempre é uma multiplicidade que não é resolúvel.
Na complexidade, “multiplicação horizontal”, o olhar é co-considerativo e a posse
insimplificável, o saber do paralelo, ao ver A já vejo também B, e “multiplicação
vertical”, a posse é em feixe, de conjunções lógicas entre determinações.
Horizont em Husserl.
“Campo” perceptivo, na conjunção das duas multiplicações, o ente é sempre no
quadro de um “para lá dele”, num “prolongamento indefinido”, até às “reticências”.
O “campo” é “um centro que se propaga infinitamente”, para lá de si mesmo.
O “campo” tem um centro e uma periferia.
No “campo”, caráter transbordante do acontecimento.
“Translação” das manchas, “permutação", o antigo centro passa a periferia,
“circulação representacional”.
O “campo” ele próprio não muda, é um singulare tantum, único e total.
O “campo” é caleidoscópico, há “variação perspetivística”, a mancha está
sempre “em fluxo”, Teeteto.

III.
A sensação é mediata, é vista como por um óculo.
O próprio olhar é diffusivum sui, o “co- “ é constituinte e não superveniente.
Não há “regard de survol” como em Ponty, estou já sempre no meio do “campo”.
A “óptica do campo” é uma “óptica do meio”, sem fronteiras.
“Campo melódico”, heterogeneidade da forma da apresentação e contaminação
por vizinhança.
Melodia, “co-afectação” dos conteúdos na sua co-presença.
Contaminação, “interferência” de uma nota na posse de outra nota.
Melodia musical, frásica, e cinética, a percepção do movimento é melódica,
“síntese de sucessão” e “síntese de simultaneidade”.
Duas condições de possibilidade da melodia, sucessão temporal e retenção,
μονἠ του αισθήματος, só na "memória da representado" pode haver “co-
existência do representado”.
Na memória, a diferença temporal, e distribuição dos conteúdos no tempo.
Heterogeneidade exige memória, retenção e antecipação.
Heterogenidade, a representação dá-se a partir de fora, de algo que não
está contido na representação, por exemplo, as notas de uma melodia estão
a ser “atendidas” e não ouvidas.
Melodia, explosão da periferia sobre o centro.
As “presenças clandestinas”, as posses não declaradas a afetar as declaradas.
Na periferia, “sumariação”.
“Requisito de completação” em toda a posse, um fragmento num todo.
A posse tem uma componente de apresentação de “mais”, “reticências”.

IV.
O aparecimento depende de um intuentus situm, ou pontus visus.
No pov nunca um ponto, mas uma multiplicidade de vistos, que se faz passar como
uma captação da totalidade do visível.
A esta “constituição totalizante” chamamos “centramento”.
O próprio reconhecimento da mancha é perspetivístico, na “antecipação” de
outros “ângulos” possíveis, “completante do todo”.
Já contém e antecipa a “translação” das manchas, numa “rotação
perspetivística”.
O pov é a totalidade das rotações que tenho já abertas como possibilidades,
é “acumulação perspetivística”, como no cubismo.
A tese cubista é a da síntese constitutiva, a “identidade do diferente”.
Mas o que vemos são sempre “cortes”, um ver pelo buraco da fechadura.
Cada ponto é um ganho de visibilidade em “sentido sinóptico” e perda de todos
outros, porque a definir perspetiva há “cisão”.
O pov é “proléptico”, “antecipação perspetivística”, a mancha é já antecipação de
manchas, por exemplo, do interior das coisas.
A “antecipação” melódica da totalidade a compensar o “fechamento” do
pov.
Uma fraude no pov, o “fora” está a dormir, em “continuação simbólica”, ou seja em
“reticências”, “por desdobrar”, enquanto intuitivamente tenho A ou B.
O “cardinal” do aparecente é em última análise aberto e desconhecido.
Na “sumariação”, tenho apenas “remissão confusa” para “mais”.
Outra fraude no pov, o que dorme no “fora” está na verdade, em regime de “síntese
de simultaneidade”, a produzir o aparecente.
A nossa apresentação dorme a forma da apresentação.
A grande fraude é que o pov se concebe como “total”, mas há apenas “cachot”.
Já me julgo em posse daquilo de que só tenho “doação a prestações”.
Não me reconheço verdadeiramente como ponto de vista.
Perspectiva, e ontologia, naturalis ou artificialis.
“Campo sintético”, tudo é sintético porque tudo é relacional, a multiplicidade é
para uma forma universal, o todo é para uma testemunha omnioglobante,
coextensiva à totalidade do campo.
Aqui “tenho contidos os cognoscentes”, entra em cena um “entrançado”,
A forma do “campo melódico”, que é a periferia deste.
Diferença entre síntese “declarada” e “não declarada”, melódica.
Σὐνθεσις, pôr em convergência, dois são postos num só.
Identificação com o não idêntico, A=B, contrariedade.
A síntese é sempre infração do axioma de não contradição.
Na síntese há uma contração inovadora, não há apenas conjunção.
A=B mas na persistência da diferença entre A e B, ἐνδέχεται δὲ και
διαίρεσιν φάναι πάντα, toda a síntese é separação.
A única predicação inteligível é a tautologia.
Não tautológica, a síntese é assimétrica, o fenómeno “subordinação”.
Τι κατά τινος, “um é o outro”, πλέγμα, rede, συμπλοχἠ, cópula.
O aparecimento é sempre “complexo” porque sempre “relativo”.
O momento testemunhal é interno ao aparecimento, A já aparece num
momento estrutural do aparecimento de A, já aparece a alguém.
Todo o conteúdo é cruzamento sintético.
As representações estão abertas umas às outras, coexistentia representationum.
No empirismo, onde a síntese é superveniente, as representações simples
estão fechadas em si mesmas, poderia saber tudo, átomo a átomo.
O aparecente é uma representação da própria posse representacional, a posse
cognitiva comum é representação de representações.
A posse é sempre co-posse de uma representação em “circulação”
relativamente às outras.
Cada aparecimento já é na “rede da rede”, o próprio “campo sintético”, de
todos os nexos predicativos possíveis.
Estrutura formal de entretecimento sintético, como uma “moldura”,
presente melodicamente.
Antecipação do caráter sintético de todo o ente, determinatio completa,
Leibniz, antecipação de todos os seus predicados possíveis.
O próprio aparecimento já remete para a estrutura sintética, já projeção do
todo sobre o que quer que seja.
Decreto universal sobre tudo o que me aparece como sendo sintético.
Não acompanho a própria forma da representação, há apenas nach hin.
A posse não é “fixa”, é em “fluxo”, porque o que há é “transcrição”, “mudança de
meio”, do aparecente, porque é já a partir de posses que não estão inscritas no
tecido do que apareceu, Teeteto.

V.
O caráter inconspícuo do “meio”, do “centramento”, que é a própria “síntese”.
Todas as chaves identificatórias exigem já uma compreensão de “síntese”.
A posse do γένος anteced a do εἶδος, ao contrário dos empiristas.
O centramento é em “off”, só há aparência no seio da retração.
Fraude quantitativa do olhar, num ponto há um mundo, multiplicidade de pontos.
“Miopia”, encurtamento perspetivístico.
Fraude qualitativa do olhar, a junção das “manchas” não é intuitiva, é simbólica.
“Confusão”, estou imerso numa alteridade relativa ao que consigo perceber.
Na “síntese”, “matrizes de conjugação”, de “nexos sintéticos”, como “matrizes de
reconhecimento”, que são “modalidades da síntese ”.
Primeira modalidade, a “multiplicidade pontilhista”, aparecimentos atómicos,
tautológicos, fechados em si, αντιτυπία, impenetrabilidade.
O imediato é um resultado, Hegel.
Aufheben do primeiro no segundo, na “inovação determinacional”.
O acrescento simbólico transforma o teor do conteúdo intuitivo, μεταβασις
τοῦ όμοἰου.
Segunda modalidade, a “multiplicidade formal”, de unidades coletivas de
representação, identidade transgressora da diferença.
Forma dat esse rei.
“Anistropia das diferenças”, com tonicidade das diferenças e atonicidade do
indiferenciado.
“Cesuras tónicas”, que dão a estrutura, que dá as “formas”, “territórios de
co-pertença”, fundamentalmente identificados como corpos sólidos.
Não há laranja simples, mas a unidade é irredutível à composição, na
mesmidade de si, a unidade absorve o diferente.
A “forma” é determinação no “entre”, “no cruzamento” de pontos.
A forma é sempre “bidimensional”, mas na Abschattung, distribuição e
interpretação proléptica das superfícies em” chave tridimensional”, como uma
passagem do condicional ao indicativo, da atualidade à possibilidade.
A tridimensionalidade não está visualmente dada, é puramente “simbólica”
e não intuitiva.
Transgressão do dado, maciça “completação” do dado com não dado.
Acrescento em “explosão geométrica”, sob a forma de uma “sumariação”.
“Estenose”, contração, afunilamento do dado.
Vermöglichkeit, potenciação cognitiva, possibilitação do possível, o conjuntivo,
“viagens cognitivas” que são na abertura de um Spielraum.
Relação “coordinativa”, A relaciona-se com B e B relaciona-se com A, relação
“subordinativa”, A relaciona-se com B sem B se relacionar com A, “toda a relação é
recíproca mas nem toda é homónima”, Kant.
Relação de subordinação entre forma e ponto.

VI.
O “centramento” é um fenómeno vital, não apenas um perceptivo, estou sempre
numa “óptica de meio”, entre o “em causa da vida” e a “totalidade da vida”.
Tudo o que aparece, aparece “referido a” este “em causa”, “centro”.
A chave de identificação deste é a partir do futuro, de um “a haver”.
O “centramento” desaparece como tal, o caráter inconspícuo do meio, ao ir
comprar o jornal “desaparece” o propósito na “abertura” do caminho.
O momento é “trânsito”, “travessia” de “x”, que desaparece como tal.
Desaparece porque só há memória do variável e não do “constante”,
do “adquirido”.
A função orientadora do “centramento”.
A chave de identificação só fecha na “totalidade do haver de ser de mim”.
O reconhecimento é numa “sistema de orbitação” em torno de, por referência a
“identidades nucleares”, que detém o “poder definitório”.
No fenómeno subordinação, “substantivo” e “adjetivo”.
O subordinante, o que se “impõe”, como “formal”.
Os “pormenores”, o mais subordinado.
No fenómeno “relevância”, ampla “anisotropia de subordinação”.
Não há οὐσία, as identidades não são fixas, são funcionais.
Constância na forma de apresentação e variabilidade na forma de
aplicação.
Constantes na sua funcionalidade.
Constantes apenas no impedimento de variação de ângulo.
Substanzbegriff e Funktionsbegriff, Cassirer.
O que há é accidentia de accidentia.
A armar “coisa”, sobre “forma”, um “operador formal”, elemento formal de
sinteticidade, o “conceito”.
“Representação geral”, representatio per notas communes, o encontrável
numa multiplicidade de instâncias.
Retenção de um conteúdo neutro, “encalhado” relativamente às suas várias
instanciações, o “triângulo neutro”.
O operador fundamental como o próprio conceito de “coisa”.
Da multiplicidade formal à multiplicidade de coisas, da multiplicidade
ortóide à tridimensional.
Symbolische Form em Cassirer como “unidade de sentido”, originariamente
sintética, que é multorum in unum expressio,
“Desdobrar”, jogo de alternância entre concentração e análise.
Gestalt als mögliche Bewegung e Bewegung als mögliche Gestalt.
A proto-síntese em Kant, o originariamente sintético, não consigo representar os
vários passos e o termo do desdobramento é sempre unidade sintética.
A “unidade originária” como “instância de mediação da multiplicidade”.
O ser, o um, é a síntese. Tudo “é”, tudo é “sintético”.
As “representações simbólicas”, cogitationes coecas, Leibniz, quando o
representado é “in absentia”, quando não tenho aquilo a que correspondem
Há um emprego internamente nu, “algébrico”, dos carateres identificatórios, ou
seja, uma autonomia dos carateres relativamente ao que representam.
“Pensa-se muitas vezes por palavras, sem ter os objetos em mente...”.

VII.
Na “tese” do não dado sobre o dado, o “uno” vem antes do “múltiplo”, inversão da
relação.
A “fixação de sentido” é toda de uma só vez, sobre uma multiplicidade dada.
Primeiro vem o resumo, o totalidade, só depois a pormenorização.
Sobre a dada, há uma multiplicidade pontilhista que é acrescentada.
Na verdade estamos sempre no “quase dado”, não nos conseguimos desfazer
do excesso sobre o dado que já temos.
Na transgressão do dado, a percepção é já “captação passiva do imposto”, há uma
“forma nomotética” do pov.
Exigida pela experiência, que é antecipação.
Previsão da “permanência” do ente no tempo, para trás e para a frente.
Mas a permanência não é dos entes mas das leis.
“Campo nomotético”, sobre a síntese, “legislação transcendental”, porque foi
assim, terá de ser sempre assim, a ideia de “natureza”.
As operações sintéticas são “canonizadas”, a realidade é regulada.
Na pretensão de adequação, uma “ontologia natural”.
O pov está continuamente a fazer “saltos”, a absolutizar fragmentos.
A “retenção” como prolongamento temporal do dado.
A identidade temporal é diacrónica, não sou o mesmo que há pouco.
“Síntese temporal” no fenómeno identidade diacrónica, um “esticador” temporal.
Em “estenose”, tenho o mesmo nos vários momento do tempo.
O operador simbólico “permanência”, o agora é transformado em algo que o
excede, numa unidade sintética temporal.
“Clareira” temporal, contra o astigmatismo, o “agora” absoluto, há sempre um
antes e depois, a abri-la.
A coisa como “síntese de síntese”, uno tenor de pelo menos duas Raum e Zeit.
“Anisotropia da aplicação” do conceito.
Quando aumenta em extensão diminui em compreensão.
“Nexos de articulação” entre determinações, umas permitem a identificação das
outras.
As “presidências identitárias”, no fenómeno “subordinação”, sempre a partir
das funções vitais.
As “caixas chinesas” de determinações, a partir de um sistema de relevância.

VIII.
Não há conceito sem juízo em Kant.
O conceito, representação comum, tem de ser predicado de um conjunto de
juízos possíveis.
O conceito abre um Horizont infinitamente extenso da sua aplicação.
O conceito é antecipativo, dos indivíduos sobre os quais é instanciável, e não
generalização a partir de uns quantos dados.
Terceira modalidade, “multiplicidade de propriedades”, de determinações
identitárias.
A produzir o teor do ente, propriedades em regime de “conjunção lógica”. A
cadeira não é cadeira se for líquida.
Cada propriedade é complexa, integra em si um conjunto de propriedades.
O conjunto das propriedades já em presença melódica.
“Campo de fixações”, o conjunto das propriedades como um “sistema de forças”,
na subordinação.
O conteúdo perceptivo é representado como independente do conteúdo perceptivo.
O mesmo conteúdo está a ser posto duas vezes. Vejo algo ao longe,
represento-o como ao perto, independente do que vejo.
“Vejo e revejo”, “modo de captação adequado”, que provém da prática.
Os “planos de fixação”, e assim as próprias “propriedades”, são pragmáticas e
perspetivísticas.
O αἰσθανόμενον platónico, a captação imediata, é mediada.
Um “iceberg”, é a “profundidade da experiência” a produzir o aparecente.
O que me aparece está já determinado por um em causa que não está presente.

IX.
O resultado pode ser visto como primeiro, contra a οὐσία como “pré-existente”.
A ontologia natural é substancialista, na verdade somos “ondas no rio da
realidade”.
Alle diversa sind remota, princípio de continuidade.
Terceira modalidade, “multiplicidade de assinaturas”, há propriedades que são
distintas e indispensáveis na identificação do ente tal.
O reconhecimento do ente está sempre dependente de um núcleo de
propriedades.
A “assinatura da assinatura”, ou seja, a “abreviatura”, quando só opero
mesmo com um número muito reduzido de propriedades.
A “imagem” é na presença de elementos da “assinatura”, e não na “semelhança”.
A imagem é um fenómeno anamnésico, é na evocação.
O aparecimento de B vale como aparecimento do próprio A, só há imagem
se vejo a própria coisa, transgressão identitária.
Tensão identitária, a imagem é e não é a própria coisa
Somos como o semeador do Millet, a lançar sementes de determinação sobre um
vasto terreno, um meio indeterminado.
O mais conhecido em si, não é o mesmo que o que é mais manifesto para nós.
O que é mais fundamental por natureza, o que é nos é mais acessível.
O καθόλου como “todo concreto”, o ente reunido numa totalidade, e não o
geral, o καθ᾽ ἕκαστον como “constituintes” e não o particular.
O nosso olhar é ao invés da natureza, προς αντιδιαστολής της φύσεως.
O primeiro para nós é segundo para a natureza, o primeiro para a natureza
é segundo para nós.
Dialética entre “an sich” e “für es” no Hegel.
“Escala das representações” em Leibniz, obscura, clara, confusa, distincta,
inadeaquata e adaequata.
A obscura não é consciente, mas toda a representação consciente é já
obscura, porque a representação não se reconhece como tal, o olhar não se
vê a si mesmo, punctum caecum.
Diferença entre cognitio symbolica e cognitio intuitiva.

X.–XII.
Dupla fractalidade, quantitativa, as reticências, e qualitativa, desconhecimento do
cardinal da composição do aparecimento, cada ponto está qualificado por uma
série infinita de propriedades.
Confusão, σύγχυσις, indiferenciação, no resultado não encontro as componentes.
O συγκείμενον, o complexo que é visto como simples.
Representações de conteúdos representacionais com desacompanhamento
de partes destes.
Défice de deteminação do conteúdo da representação.
Tenho um todo numa forma imprópria, por exemplo, “vi mas não vi o que
era”, estamos permanentemente a “ver fora de foco”.
Um todo confuso, uma totalidade não idêntica às partes de que é composta.
O olhar “encalhado” numa mistura, no indeterminado.
O complexo aparece com simples relativamente à sua complexidade.
Contração, remissão que não está a ser seguida.
Sempre que há multiplicidade há inversão.
“O nosso olhar é ao invés da natureza.”
Dois conceitos de confusão, formal e desformalizado, o acontecimento é confuso
para nós, o acontecimento é confuso em si.
Primeiro o mais manifesto para mim, segundo o mais manifesto por si. A
captação é confusa porque A é na verdade captação de B. Confusão do
aparecimento em relação ao que está para lá dele. Aristóteles.
O próprio acontecimento é confuso, o não confuso está para lá do
acontecimento. A captação é confusa porque A não capta a constituição do
próprio A. Confusão do aparecimento relativo à sua própria composição.
O estatuto cognitivo do aparecimento.
Representatio obscura, Leibniz, como representações “cegas”.
A representação inconsciente.
A representação que embora tenha consciência dela, não sou capaz de
reconhecer.
Défice de registo da captação do teor.
Há deteminação, mas frouxa, astigmática. Vou até à Baixa cruzando-me
com pessoas, sabendo que são pessoas, não fixando os rostos.
O aumento de amplitude é compensado por um diminuição de acuidade.
Representação “distraída” onde estou confuso quanto ao εἶδος mas na
distinção do γένος.
Mesmo a “representação clara” tem no seu centro a obscuridade.
A captação da totalidade, clara, deixas as componentes sem acompanhamento,
obscuras.
O aparecimento tem no seio a retração.
Confusão extensiva.
No todo não há acompanhamento das partes.
Confusão intensiva.
Intra-alfabética, a falta de diferenciação.
Alphabetum cogitationum humanorum, alfabeto, “sistema de determinações”.
Todo o enunciado é repetição e combinatória.
A própria multiplicidade é composta por repetição e combinatória.
Só há repetição de determinações.
No composto, com a repetição, “contração”; dois momentos, a contração é
do repetido.
A relação analfabeta com o alfabeto.
O aparecimento como recepção analfabeta de algo que tem uma
composição alfabética.
Toda a singularidade tem a forma da síntese, do cruzamento de
determinações.
No “soletrar” a letra desaparece. O centramento, o médium, em “off”.
Pensamento transcendental, na repetição e combinatória.
O alfabeto é infinito no volume e extensão, e finito porque tem um exterior
muito maior que ele.
O alfabeto é neutro relativamente à fixação do singular.
A fixação, alfabética, tem o caráter de forma algébrica.
Na forma algébrica da identificação, a Characteristica Universalis e o
Calculus Rationatior.
Tudo é sintético porque tudo é relacional, mesmo o “Diese”.
No “Diese”, uma síntese original e autónoma.
Relações de subordinção e de coordenação entre determinações.
A desangulação, saír do seu ângulo, aprender outras línguas.
A própria “singularidade” é uma ideia.
Toda a espacialidade é relativa, a percepção do movimento exige um referente.
A espacialidade é absoluta em Kant, é expansivo e represento-o sempre como
totalidade.
É uma representação necessária, tem de estar, e resiste sempre à sua anulação.
Mas em vez de ser transcendental, a representação do espaço pode ser um
mecanismo de projeção nomotético, indutivo, que parte da experiência.
Nunca posso representar um recorte sem representar já sempre mais, um para lá
daquilo que represento.
Só há espaço no sistema infinito de representações dele, na totalidade do sistema
de relações.
Sempre um “mais” em presença melódica.
O representado é “focado”, mas dado num todo “confuso”.
Dois sistemas infinitos de representação do espaço, de Vermöglichkeit, o espaço
envolvido, em cada recorte já o infinito para lá, o espaço envolvente, a própria
continuidade, que é fractal, um ponto é sempre um mundo.
“Exposição metafísica da representação” em Kant, operação por meio da qual
passa a ser distinta mas não adequada, neste caso metafísica porque a priori.
A espacialização é acrescentada, não há nada de sensível que seja espacial.
A espacialização é superveniente, às representações das sensações, não sensação
do espaço.
Há uma representação específica que introduz a nota “espacialidade”.
A representação do espaço é susceptível de ser preenchida. Schematismus.
Distributiva et colectiva Einheit em Kant, multorum in unum expressio, que é por
natureza diffusiva sui.
Representação geral, encalhada no repetível, no indiferente.
Representação geral, representatio per notas communes, ou Begriff, como
predicados de um conjunto infinitamente extenso de juízos.
Encontro o ente já na aplicação da sua determinação.
Em cada representação geral já o Horizont da sua aplicação.
O γένος e o εἶδος são determinações funcionais, sempre no comparativo.
“Anisotropia da singularidade”, já montada sobre graus de generalidade.
Como é que se prova a identidade? Axioma, indemonstrável e intuitivo.
Todas as determinações se repetem, é possível haver sósias em tudo.
Por mais que aumente o número das notas, tenho sempre generalidade.
Na da síntese, omnipresença da generalidade.
A própria representação da singularidade como absoluta.
A haeccitas em Duns Scotus.
Um Schema entre Diese absoluto e relativo.
A identidade é intrinsecamente sintética.
No cardinal do aparecimento, quesitos de caracterização, checklists.
Só representamos “triângulos neutros”. No exterior do campo perceptivo, o
exemplo da estante neutra.
As “regiões do espaço” e a tridimensionalidade como notas irredutíveis à
representação do espaço.
A representação do espaço tem um caráter transbordante, não acaba, continua
sempre para lá.
A representação do espaço não é a priori, é apenas uma projeção nomotética que
parte da própria experiência, de origem indutiva.
A representação do espaço já implica um todo infinito de representações deste.
O espaço é um totum analyticum ou um compositum ideale.
A “singularidade” é uma ideia em sentido kantiano, tem um conteúdo tal que
remete sempre para algo que não é encontrável.
O cardinal de determinações do ente tal é repetível, o problema sósia.
As categorias, a identificação do alfabeto da relação com o alfabeto.
“Anisotropia de acuidade percebida”, a representação é sempre genérica, míope.
“Anisotropia de acuidade desapercebida”, não me dou conta do grau de indefinição
porque o ente aparece numa exigência gerundiva de definição.
Os “grau de exigência de definição” está acima do próprio “grau de definição”.
A variação entre “grau de exigência” e “grau de definição” é paralela.
A exigência de definição não é constante, é anisótropa.
A própria nitidez é resultado, entre o que aparece e o grau de exigência sobre.
Teoria da propriedade, vínculos de propriedade.
Acquisitio originaria, a aquisição do próprio alfabeto, o que já lá esteve sempre.
Dois sentidos de originaria, a nova aquisição que já é na combinatória, e o
fundo pré-fabricado do meu alfabeto, o que já esteve sempre, que não é na
cadeia de vínculos de propriedade, é res nullius.
Não é o inatismo.
Acquisitio derivativa, combinatória a partir do meu alfabeto de representações
A aquisição é aquisição da própria combinatória.
A determinação nunca é excluível mas sempre reutilizável.

XIII.–XV.
A homogeneização como mediação, porque “introduz” continuidade.
É com as representações originárias que consigo encontrar o campo do que me
aparece.
Representar é como usar uma língua, é soletrar, Kant.
Ao falar não me dou conta de que soletro.
Acquisitio originaria em sentido estritíssimo, o fundo primitivo de onde deriva o
próprio alfabeto, onde já não há remissão.
A o atómico, que é proto-sintético.
Na síntese, a estrutura de organização e derivação interna do próprio
sentido, e não o inatismo.
O alfabeto é intrinsecamente sintético.
A “anisotropia de acuidade” só é detetada comparativamente, na relação com a
“dimensão absoluta”, ou seja com o próximo.
Na síntese, se o cognoscível é composto, já não se aplica o “tenho ou não tenho”, e
assim já não há colisão com o axioma de contradição.
A identidade não é tautológica mas sempre co-determinada, aberta, e não
fechada em si mesma, não há disjunção exclusiva, não há “1” ou “0”.
A incógnita inscreve-se sempre numa co-consideração melódica, é
enquadrada num “campo total”, em copraesentia omnium, Kant.
A incógnita aparece no “meio” do “campo” em peso, de uma multiplicidade
de pretensões cognitivas, no seio do que julgo conhecer.
A identidade é no quadro da rede total das redes de predicação, converte-se
no seu sujeito lógico, amarras predicativas contra copresença melódica.
É por isso que já posso saber imenso da incógnita.
Relação antecipativa, estou já ido, proléptica com a incógnita.
Um “fractal de penetração” na incógnita, que vai mudando de escala de
alfabeto para alfabeto, tornando-se mais pequena.
Há uma “posse intermédia” da incógnita, μεταξύ. Não há incógnita pura.
No seio da incógnita, “subordinação”, do que não sei ao que julgo saber.
A “memorização do problema”, o “saber o fundamental do que não sei”.
Ao ponto já corresponde um sistema de relações, não há pré-sintético.
Mas o ponto tem uma vocação de absolutidade, haeccitas.
O que há é Schema, o único, absoluto, está a ser preenchido pelo relativo.
Contrariedade, A=B ∧ A=C, e contraditoriedade, ἀντίφασις, A=B ∧ A≠B.
A síntese implica contrariedade.
A relação com o não sabido é sempre de “cruzamento” entre “1” e “0”.
Contrariedade, exclusão de coincidências, não exclusão de alternativas.
Contraditioriedade, tertium non datum, esgotamento do universo lógico.
Resistência representacional, representações que não conseguimos seguir,
encontrar o que lhes corresponde, incapacidade de resolver no ente a indicação que
tenho dele.
A possibilidade de um saber do não sabido, da manifestação de uma
obscuridade, de a própria notícia ficar a escapar-me.
Contra eficácia representacional, o “1” e o “0”, aqui o “meio”.
Representações que se ultrapassam a si próprias, se atiram “para além”,
para algo a que não conseguem chegar, “atravessadas”.
O caráter “extrovertido” do campo, no “fora” a tensão com o “ainda não”.
O caráter referencial da vida, o pov depende destas representações.
Instablidade endógena do pov, está sempre para além de si,
O “Wissen wollen” e a “Wille zur Wahrheit”, o diagnóstico da situação.
Aqui há de facto um frente a frente com a incógnita eo ipso, com a minha
incapacidade de chegar “lá”.
Na incógnita, marcação de um “lá”, a partir de onde há “aí”.
O “pôr duas vezes” da “Dialektik” é a anulação entre o que tenho e o que não
tenho, entre o “menos” e o “mais”, é adequação, equalização. O ir segunda vez ao
mesmo é o eliminar a limitação a que o pov está sujeito.
Platão, ver e rever. A ideia de “projeção de recurso”.
O visto declara-se “mais” relativamente ao ver, que é “menos”.
Ponho duas vezes, ponho o ente como particular e como universal.
Projeção, projeto representacional, “a haver”, nas “representações evocativas”,
as que pedem “uma segunda vez”, as que pedem “mais” representação.
Na fixação do limite já há relação com o outro lado.
Contra “representações eficazes”.
Negative Erweiterung, Kant, na relação com o desconhecido, abertura de um
“alargamento positivo a haver”.
A possibilidade de um ganho cognitivo quando o pov compreende um limite.
Compreende que é limitado na resistência e evocação representacionais.
Na consciência do “ângulo cego”, deixa de ser cego.
Positive Erweiterung, o do território dos “1”.
Standpunkt nehmen, Kant sobre a passagem da negative Erweitung à positive.
Não há “forma geral” da interrogação, mas “apresentações interrogativas”, já
uma relação específica com um a haver a constituir a incógnita.
Inclusão, “contração especificante” das incógnitas, procedendo dos “1” a que
estão ligadas, procedendo de partes diferentes do meu mapa vital.
Platão, a resistência é ἀνάμνησις do nescio quid.
O olhar está colocado numa “óptica de irrestrição”, na ilusão do pov absoluto.
O olhar está em permanente desintegração, é irrequieto.
Sabemos que o nosso pov é finito, mas não temos um “mapa da finitude”.
A consciência da finitude é fantasmática e retrospetiva.
A limitação é abstrata, as fronteiras estão “algures”, não há incógnitas concretas.
A limitação é vazia mas antecipativa, prevê que encontraremos mais limites.
A εμπειρία é sempre nomotética.
Só há εμπειρία na transgressão do dado.
O dado só tem estatuto na sua conversão numa regra.
Erfahrung em Hegel, negação e negação da negação, o dado sai para aquilo
que não se acha no dado.
Compreensão estritamente cognitiva em Aristóteles contra a compreensão vital.
Escala do saber em Aristóteles, do μαλιστα εἰδέναι ao ἠκιστα εἰδέναι: αἴσθησις,
μνήμη, εμπειρία, τεχνἠ e επιστήμη.
A escala é transformista, “a progressão na esfera da alma é como a dos
triângulos para os quadriláteros”, o anterior está aufgehoben no posterior,
iteração do mesmo nexo.
De um degrau para outro, Standpunkt nehmen, alargamentos qualitativos
na forma da determinação.
A εμπειρία caracteriza-se por ultrapassar, trangredir a μνήμη.

XVII.
Σύλληψις, captação conjunta, unidade de sentido que a partir de si põe
multiplicidade, mantendo-se autónoma relativamente à multiplicidade.
Relação mediada do πολλά no ἔν.
“Sumariação”, “resumo sinóptico”, contração na conversão em unidade.
Diferentes naturezas da “sístole”, mnésica e empírica.
Contração das múltiplas memórias numa “memória siléptica”, e então num
“arquipélago das memórias”.
Contração do arquipélago das memórias pela experiência num maciço
contínuo, num “continente empírico”, salto reconstitutivo, preenchimento de
falhas, num “estado de coisas permanente”.
A empírica é a Affinität em Kant a Verknupfbarkeit de representações a
partir de Verknüpftheit no próprio objeto.
A repetição, repetida mostração do mesmo, como chave da constituição da
memória e da experiência, ou seja, a constituição alfabética.
A μεταβασις τοῦ όμοἰου, a transferência do semelhante, siléptica, de
um degrau a outro.
A silepse, o Standpunkt nehmen é indução.
A memória é revisão da sensação, a experiência é revisão da memória.
Na escala do saber, desconfinamento representacional, “epigénese”.
A experiência exige a περι, a travessia, esperar que o ente se revele, não há
captação a priori, depende de doação.
A experiência como um “pôr não dado a partir do dado”, “alargamento” do dado,
“projeção de permanência”, num “retrato robô”, sem pormenores, do ente.
A experiência põe múltiplas ocorrências do que não houve, põe o ente na forma do
do ἀεί, do tem de estar sempre, como se numa experiência contínua deste.
Na verdade só tive descontinuidades, fraude cogntiva.
A experiência converte o condicional no indicativo.
A prescrição é antecipação, a experiência é continuamente proléptica.
A prescrição é funcional e não efectiva.
E experiência exige o pseudo a priori, quer suprimir a própria travessia.
O “princípio regulativo”, necessitante, torna-se no próprio estado de coisas.
Na posse do “curso regular” do real, no “hábito”, acedo à “natureza”.
Mas é um fraude, só tenho memórias transformadas pelo operador “lei”.
O essencial é o elemento gerundivo.
A experiência é Selbstbewusstsein, o pov é orgânico.
A experiência é nomotética.
É assim porque tem de ser assim, oυκ ενδέχεται άλλως ἔχειν.
Com a sístole empírica, “mudança do epicentro” e “deslocação da tónica”, do dado
para o não dado, no fenómeno do como se “quase dado”.
A experiência é o γραματιστης no “Philebus”, a forma do registo é heterogénea
relativamente ao registado, dupla mudança de meio, o escriba e o pintor, os três
momentos da dialética.
Sem experiência, o fenómeno “tripa mnésica”, da conjunção puramente sucessiva
de manchas de aparecimento, apenas geometria variável, vazia, solta.
A “tripa mnésica” apaga-se na experiência, no “disparo dimensional”, do
bidimensional, ortóide, ao tridimensional, do amostrado para o resultado do
amostrado, da constatação à antecipação, do amórfico ao orgânico, “natural”,
transformando-se numa “clareira aberta” e em expansão.
Só com memória, no “campo sucessivo”, não haveria surpresas.
A experiência é na ομολογία, na Einstimmigkeit, no sistema de concordâncias.
A experiência tem uma estrutura frásica, há uma assimetria de peso do sentido
entre o antes e o depois.
A experiência é “lei”, “tese de natureza”, mas está sempre posta a mudar de sentido,
o mimético.

XVIII.
Do mnésico ao empírico, não há apenas diferença de alcance, mas da própria
natureza, modo da captação.
O mnésico fixa factos, o empírico fixa leis, origem dos factos.
A experiência vive acima das suas possibilidades, por si já desenha o para lá
de si, pretende ser uma posse da natureza.
A nomotetia é numa remissão à repetição.
Natura formaliter spectata, na lei como lei, natura materialiter spectata, o
conjunto das leis.
A experiência é extrovertida, remete para um “lá” onde pensa que está.
Mas não está, é só memórias transformadas pelo operador lei.
No entanto, é nesta remissão que pode realmente chegar “lá”, constituir um
um pov meta-empírico, científico, a τεχνή e a επιστήμη.
Contra Aristóteles, o meta-empírico é apenas empirismo superior em Hume
e Kant, reproduz os mesmos defeitos, varia na motricidade da captação,
microscópica, as laranjas e as vitaminas.
A causalidade, puramente simbólica, impossível o “surgimento” de “1” a
partir de “0”, só ex nihilo sui e ex nihilo supposit, colocando um “operador
da filiação do surgimento” noutro ente.
A experiência é um fenómeno universal e não regional, não por ser experiência de
entes subsistentes, mas por ser experiência das suas próprias leis.
O nosso pov sofre de estenose, constrição, afunilamento da realidade.
Não só vejo apenas uma parte, mas o afunilado é também absolutizado,
arrancado do contexto, “incompletude” e “distorção”.
A símile do exército em debanda, a finitude de cada momento da escala,
vemos apenas a doações, estreitamento e fragmentação do ângulo.
Mas a cada degrau da escala, com o limite, salto, alargamento de ângulo.
O reconhecimento é a partir da própria finitude.
O reconhecimento é a partir de fora, do “off”, nunca sendo reconhecimento
daquilo que faz o reconhecido, produz o reconhecimento.

XIX.
“Apresentação interrogativa” é um fenómeno empírico.
Só há circulação fiduciária no nosso olhar, constante aceitação das “reticências”.
O pov habitual já sabe, não há espaço para “ciência” no nosso “mapa vital”.
O pov é sedentário, só há projeto de saber na bancarrota cognitiva.
A focagem de “horizontes externos” não tende a produzir-se.
É doloroso, a minha clareira é minúscula.
O pov é numa “mobilidade territorial do olhar”.
Móvel porque o olhar é por natureza irrequieto.
Territorial porque está sempre a percorrer o mesmo habitat.
Três componentes na constituição do “território” do olhar, “campo gravitacional”.
“Campo Perceptivo”, a “macha”, o foco perceptivo que há a cada vez.
O seu exterior é preenchido pelo “resíduo perceptivo” das percepções
anteriores.
“Campo de Familiaridade”, conversão das “tripas mnésicas” em “estados de coisas
permanentes”, domesticação da realidade, território praticamente dominado,
“sistema” de itinerários vitais.
Duas formas de presença do “campo de familiaridade”, na “presentificação”
do meu sistema de itinerários tem a forma de um “cursor temático”, está
sempre presente melodicamente.
Os seus limites não estão traçados a forma filiforme, de um conjunto de
“tripas”, de ruas rodeadas por exterior.
“Campo de Homogeneidade”, o exterior deste, constituído como uma elipse
multifocal, pelos princípios de homogeneidade empírico e transcendental, da
rainha, de relegação de importância, apresentando-se como a “totalidade do que
há”.

XX.
Arredondamento virtual, constituição virtual de uma clareira.
Anel de ambliopia, perda de acuidade do centro para a periferia.
A incógnita sempre entre o poder ser igual ou radicalmente diferente.
A antecipação de variação e semelhança estão juntas a pôr o exterior do “campo de
familiaridade”.
Duas teses onde parecia haver “aberto”, uma que põe repetição, outra que
põe variação.
Na concepção do “aberto”, já a ativação de uma série de determinações, com a
tónica posta no aberto da determinação.
Princípio de Harlequim, antecipação da homogeneidade, “c’est partout comme ici
même”, “le fond”.
Princípio de Tasso, antecipação de variação, “per il tutto variar, la natura è bela”,
“la manière”.
A antecipação do exterior do campo apoia-se no cruzamento dos dois princípios.
Prolongamento, preenchimento limítrofe do princípio de homogeneidade.
Um preenchimento maciço do exterior pelo princípio de homogeneidade.
Caráter “destravado” da projeção de homogeneidade.
Contínuo, não para, silencioso, registo da constância.
O princípio de variação está contido no de homogeneidade, só há diferente no seio
do igual.
É antecipação de γένος relativamente a εἶδος.
O novo só é novo na espécie.
O aberto diz apenas respeito à especificação dos géneros fixados.
A antecipação como decreto confuso inconsciente.
Só há um princípio, a antecipação de variação é uma aplicação da de
homogeneidade.
O padrão de variação é ele próprio uma constante.
Detecção de constantes empíricas projetadas para o exterior.
Só antecipo diferenças já registadas.
A ontologia natural como “tese espontânea” da totalidade do que há.
Na verdade nunca tenho posse da realidade no seu todo.
“Campo gravitacional” da antecipação de homogeneidade.
A antecipação do que não sei corresponde sempre à expectativa do que julgo ter.
O princípio de homogeneidade é o “meio” da nossa perspetiva.

XXI.
O registo de “padrões de variação”, como forma particular da “constante”,
homogeneidade a ser projetada.
Transferência maciça para o exterior do que foi apurado como “constante” no
“campo de familiaridade”.
Há “perda de acuidade” porque há sempre “multiplicidade centrada”.
O “campo de homogeneidade” como totalidade aberta, reticências.
A projeção de homogeneidade é “destravada”, não há cláusula restritiva.
Três princípios a constituir o “campo de homogeneidade” , o princípio empírico de
homogeneidade, o princípio transcendental de homogeneidade e o princípio de
relegação de importância.
Princípio empírico de homogeneidade, projeção do igual ao já percepcionado.
Princípio transcendental de homogeneidade, toda a multiplicidade é alfabética.
Princípio transcendental de homogeneidade, porque está de raiz, é “acquisitio
originaria” em sentido mais estrito.
O exemplo do “é”, determinações que estão intrinsecamente envolvidas em todas as
outras, todas as determinações têm um proto-núcleo igual.
Os transcendentais como “radicais sintéticos originários”, “proto-síntese”.
Transcendental porque transcende o próprio “género”, está em tudo.
A scala praedicamentalis, árvore de Porfírio, a nascente do Nilo contra a tabela
periódica.
Definição formal de “género”, determinação comum instanciável na série de
representações comuns, definição restrita, determinação que já não é espécie de
nada.
Modus generaliter consequens omne ens qua ens.
Modus generaliter consequens unumquodque ens in ordine ad aliud.
Dois modos do transcendental em São Tomás, o primeiro acompanha o ente
“in se”, o segundo enquanto está na relação com outro ente, por exemplo, a
verdade, que é na relação cognitiva.
Dois modelos de constituição da scala, o ascendente, do singular ao geral, o
empirista, o descendente, o transcendental, não há específico sem geral primeiro.
XXII.
O elemento primordial, μονοειδες, como originariamente sintético.
O conceito só é possível como juízo, primado da síntese em Kant.
A base de toda a experiência é sempre a doação sucessiva, mas que não subsiste por
si mesma, tem por base elementos que lhe pré-existem.
Elipse de homogeneidade, com irradiação a partir de vários focos de projeção.
Princípio da rainha, “I see nothing and yet all that is I see”. A tese de eficácia da
captação. O princípio domesticante.
Depende da doação sucessiva perceptiva e está montado sobre o princípio
de homogeneidade empírica.
É o ponto arquimédico do princípio de homogeneidade empírico.
Toda a doação é neutra relativamente ao seu estatuto.
Ideia formal de conhecimento, o acompanhamento adequado do que está,
independentemente de haver doação. Mas só há conhecimento na “certeza” da
adequação.
Duas componentes em Pascal, o “enquadramento” e o “varrimento”,
pressão macroscópica e microscópica.
Não consigo nunca saber a que distância estou do objeto simples.
Cada ponto é um mundo, e no meu “fechamento de óptica”, não tenho como
me dar conta.
O enquadrante está sempre desenquadrado.
Contração com anulação de” campos de realidade” do ente na distância.
A “dimensão absoluta” dos objetos, tal como dados na percepção próxima,
que na verdade é sempre relativa, ao meu corpo.
Na verdade não há dimensão certa, só alterações de regime de “resolução
óptica”.
A nossa percepção do ponto é sempre à distância, mesmo ao perto, ou seja,
sempre com “margem de sumariação”.
Duas determinações do ponto de vista, o “cachot”, não imagino que é uma
prisão, o limiar é infinitamente multiplicado, e “quelque apparence du
millieu des choses”, só vemos o meio, entre os extremos.
Princípio de relegação de importância, os fatores de importância vital, o ente passa
a ser num índice de relevância vital.
Pelo campo gravitacional da atenção, o importante é integrado no campo
de familiaridade.
A importância distribuída como um anfiteatro ou os círculos de Hierocles, a
forma de uma multiplicidade centrada com uma estrutura graduada, o
reconhecimento é avaliador, “dá notas” entre o mais e o menos, segundo o
modelo formal do “priamel”.
“Campo de importância”, sobreposto a todos os campos.
“Anisotropia de importância”, maciça, diferente de “anisotropia de força de
presença”.
A atribuição de importância tem a forma de um “decreto de eleição”, uma
identificação global do que interessa na vida.
Na “distribuição por eleição”, montagem de uma “clareira de importância”.
A relegação de importância tem a forma de um juízo indefinido, limitação,
afirmação de negação.
A relegação de importância tem uma pretensão cognitiva.
O diagnóstico de importância é centrípeto e não centrífugo.
Decreto global, “constitui uma visão sobre a totalidade do que há”.
O “próprio sentido” é constituído a partir de “jugulares”, princípios de
irradiação, num “sistema” de domesticação global.

XXIII.
O campo é homogéneo, há alfabeto, as determinações são sempre as mesmas.
Um “decreto de importância”, que abre a “clareira” da “peça da vida própria”.
Não há inspeção do teor do ente no decreto de importância.
O decreto define uma igreja vital, um conjunto de eleitos.
A orientação prática é exclusiva, o que não interessa.
Projeção “centrípeta” do decreto de importância sobre o todo.
A “orientação vital” é por natureza centrípeta, “introvertida” e sedentária, só se
torna “extrovertida” no colapso do projeto, na desorientação.
A extroversão na “paralaxe” vital, uma pressão de outro pov sobre o meu,
que abre “questão” e é onde posso “mudar”.
Uma scala praedicamentalis descendente prática no “decreto de importância”, do
superlativo para o que não interessa nada, do alternativas importantes à
casuística.
Problema em sentido geral, transformação global do horizonte em apresentação
problemática, como problema ontológico.
Os problemas deixam de ser ilhas, há um maciço de ineficácia cognitiva.
As ciências provêm do acesso quotidiano, mas há uma descontinuidade entre os
dois pov.
Só há transição na descoberta de um “mais”, ou seja, na insuficiência da
posse empírica.
O acesso quotidiano é a mobilidade de todo confuso a outro e o não
confronto com horizontes externos.
Não há transição global de εμπειρία para επιστήμη.
A transição faz-se por “saltos de descoberta”, vencimentos de
“descontinuidades cognitivas”.
Duas formas de ciência, a metafísica, a ontolοgia como ciência do ente como ente,
τὸ ὄν ἦ ὄν, καθ' ὅσον ὄν no geral, καθόλου, απλώς, as outras ciências como
“regionais”, de um determinado Seinsgebiet, que procedem εν μέρει, à vez, e na
extração, abstratização, ἀφαίρεσις.
O procedimento científico como “análise”, extração do elemento ao todo
confuso.
Na “abstração”, consideração “focada”, de tal como tal. Impossibilidade de
uma consideração abrangente.
Contração do ângulo, desanonimização e focagem da determinação.
O projeto científico como de “alfabetização”, a génese das ciências é a
decomposição alfabética.
Depois da definição de um Horizont, a ciência procede como sucessivas
operações de zoom.
A τεχνή como competência cognitiva que não pertence ao pacote comum, limite da
minha competência cognitiva cibernética, ponto de cegueira cognitiva prática.
A navegação eficaz em realação ao estado de coisas preferível, no Teeteto.
Primeira forma de reflexão epistemológica.
A επιστήμη já implica uma compreensão adequada da constituição do ente, uma
eficácia cognitiva que é a chave da eficácia prática.
A partir da alfabetização, de que o real se deixa compreender na redução a
uma multiplicidade alfabética, a compreensão de uma “sintaxe”, que é
compreensão do “repetível”.
Reduplicatio, um segundo contacto que replica o primeiro, com correção do
desfoque e da distração, o pôr duas vezes, ver e rever.
Suspensão do efeito do hábito.
À segunda, a determinação aparece como incógnita, um ir lá onde já se
julgava estar.
Compreensão da incompreensão, onde há um exército só via soldados.
O fenómeno “reversibilidade da evidência”.

XXIV.
Medialidade, no instante da vida joga-se a vida no seu todo.
Standpunkten des Lebens, Fichte, os estádios no caminho da vida, Kierkegaard.
“Escala de desconfinamento do ângulo”, ou “de intervenção do interesse vital”,
Aristóteles, três níveis, formas de “economia vital”, προς πανανκαια, προς
διαγωγὐγη και ραστωνην, nem um nem outro.
Primeiro, “o necessário”, o pov não é móvel porque está vinculado a uma
pressão de “sobrevivência”, mobilizado pelo perigo, a preocupação é viver.
Segundo, “a folga”, uma vida menos dura, onde há o “ócio”, securizado, a
preocupação é viver bem.
O segundo é apenas o primeiro modificado.
No segundo, a vinculação do pov ao que dá prazer, ἡδονή, também gera
confinamento.
Terceiro, só há interesse cognitivo, θεωρία, contemplação.

XXV.
Cinco formas do θαυμάζειν em Aristóteles, “caleidoscópio do espanto”.
Primeiro, o espanto de o ente ser como é, εὶ οὔτως ἔχει, com “projeção”,
“prescrição formal” de “voltar a ir lá”, interrupção do pov habitual.
A óptica ἦ, a do espanto, do ente arrancado a si próprio, ao que o
faz, ao seu contexto.
Aparece contra o fundo da sua ausência, ao ter “um” compreendo o
que é que tenho de ter para não ter “zero”.
O terminus ad quem deste é o espanto invertido, o intervalo entre os
dois corresponde ao espaço onde se move a atividade científica.
O confronto com o opaco, o olhar assiste ao que não consegue ver, a
posse não atinge aquilo que tem, o contacto com um ἦ em falta.
A origem do φιλοσοφείν, como investigar.
A relação esta primeira forma está desde o início obstacularizada.
Segundo, na focagem do ente, o espanto com o que é responsável pelo
primeiro, com o αἲτιον, entrada no caminho da ciência.
Não a mera articulação entre elementos, operador causal pode estar
presente sem que haja espanto.
“Não há conhecimento dos causados sem o das causas”, o ente tal
está em si mesmo marcado por um “porvir de”.
Não há ente tal absoluto, provém de ente tal antes e antes, até ter
surgido de outro tal.
A causa de tal é a plenitude do que o faz tal, e não algo de outro.
Primeira exclusão do próprio espanto, no projecto de aquisição
cognitiva.
Terceiro, o espanto do ente completamente desnudado, com o alcance da
posse cognitiva.
Quarto, o espanto invertido, a partir de uma posse cognitiva, o que
espantaria é que fosse de outra maneira, que o ente não fosse como “é”, ουχ
οὔτως ἔχοι.
O ponto de partida, o pov habitual, e não o primeiro.
A inversão do espanto como o τέλος da ciência.
É um espanto no irrealis, que exclui a possibilidade de espanto real.
Desformalização da ideia de conhecimento, é acompanhamento
adequado, mas tenho de ter a certeza de que o é, Teeteto.
“Óptica de posse total”, na de um pseudo a priori.
A posse total é o nem sequer imaginar que possa ser diferente.
Quinto espanto, espanto de infirmação, o anterior é desmentido pelo real.
Aquele com que temos mais familiaridade.
Dois modos, mudo apenas a convicção e não a forma do meu pov, há
trânsito em direção ao primeiro espanto.
O espanto ocorre a “conta gotas”.
A regulative Idee em Kant, “foco imaginário”, “meta”, princípio de pressão a partir
do qual há pov científico.
Não há “trans-empírico”, só temos o a priori do constitutivo.
Três determinações da cientificidade, ἀφαίρεσις, εν μέρει, e ἦ.
A óptica do ἦ é a óptica do espanto, de o ente ser o ente e não nada, não é
redutível à ἀφαίρεσις.

XXVI.
O pov empírico tem no seu centro o projeto daquilo que nunca pode vir a atingir.
Wille zur Wahrheit, a vida depende de um diagnóstico adequado da vida.
Metafísica em Kant, perguntas cuja resposta não pode ser baseada na doação
disponível, em relação às quais o dado é neutro.
Para além de uma artificial, há uma metafísica natural, a Alltäglichkeit é já
em transgressão do dado.
A metafísica radica na prática, as Grundfragen, permanentes e silenciosas.
A metafísica radica também nas formas transcendentais do aparecimento,
que não provém do dado.
A metafísica radica ainda no papel regulador das Ideen, focos imaginários
que produzem uma pressão de aperfeiçoamento da síntese.
Fragmentação em último grau no pov científico.
O θαυμάζειν é εν μερέι, logo não há επιστήμη καθόλου, não há olhar humano
globalmente transformado pelo pov espistémico, mas επιστήμη εν μερέι.
Em que sentido fala então Aristóteles de uma επιστήμη καθόλου?
O pov científico é coletivo, todo o contributo, particular, compreende-se na
constituição de um património cognitivo para lá dele.
A ἀφαίρεσις é já no projeto de junção dos elementos, numa “constituição
enciclopédica” que apoia a navegação vital, junção de todos os ângulos
afairéticos.

XXVII.
No θαθμάζειμ, revisão em baixa das determinações que tenho, o familiar revela-se
incógnito.
A determinação usitissima e manifestissima torna-se abscondita.
Só há θαυμάζειμ εν μερέι, estenose, estreitamento do pov.
No momento em que remete para fora de si, o ente desaparece.
“Perplexidade”, estar amarrado, o confronto com a facticidade absoluta do ente
sem que deste se possa dizer nada.
O olhar humano é um continente empírico com ilhas epistémicas, só há καθόλου
empírico.
Não, há um θαυμάζειμ e uma επιστήμη καθόλου no ὄν ἦ ὄν, porque tudo é.
Não apenas uma επιστήμη καθόλου no projeto enciclopédico.
Modelo morfo-sintático, alfabético, onde cada deteminação original
Ontologia imanentemente técnica, a do εἶδος e da ιδεα.
Neste modelo não é pensada uma scala praedicamentalis, o facto de
que a predicação parte de um núcelo de proto-determinações, os
elementos do alfabeto são apenas contrações destas, apagadas na
ontologia natural.
Transzendental, o que está sempre sem parecer que está.
Mas, ao fazer prima philosophia, posso desanonimizar esta
núcleo, o serem focáveis não contradiz o serem universais.
Ontologia é desformalização do universal.
Reconhecimento das deteminações que produzem o
reconhecimento de global de tudo.
Este núcleo é o μάλιστα ἐπιστήμην, o mais conhecível.
O θαυμάζειμ com o Sein tem um efeito dominó sobre todas as outras
determinações, contaminação a partir da jugular.
Sein é irredutível ao percipere, o ente é antes e independentemente de o ver.
É possível um aparecimento que é globalmente incógnita, e que essa seja a situação
onde estamos.
Sob a impressão de soberania habitual, revisão da eficácia do próprio
campo, no “afinal não é assim” e no “é assim mas não é inteligível”.
Colapsa uma jugular, “crise global” do campo, da elipse multifocal.
Da ontologia natural à ontologia ζητούμενη.

XXVIII.
Representação intermédia, transmissão, como μεταξύ.
Duas formas do μεταξύ, a questão como tal, e o não se saber que não sabe.
É este o sentido da δόξα platónica.
O diagnóstico situacional, a deliberação, o δοκεῖν, a fixação identitária
como função vital.
No reconhecimento, tal que me parecia tal afinal é outra coisa.
“Se tiver de explicar não sei, se não tiver de explicar sei”.
A δόξα é uma fixação defeituosa, uma certeza mal formada.
A doença do entendimento, a confusão entre juízos provisórios e
determinantes, Kant.
A δόξα é uma incógnita transformada em evidência e fonte de evidência.
Todo o alfabeto é afinal composto de determinações que são incógnitas.
Reversibilidade das evidências, compreensão de que nada se sabe.
Os três focos da elipse, princípio da rainha sobre o de homogeneidade
empírica, sistema categorial ou princípio de homogeneidade
transcendental, e a pressão de interesse vital, são passíveis de ser
descobertos como δόξα.
A δόξα é “imagem”.
Há imagem quando tal se apresenta como outro que não é, transgressão
identitária.
É ἀνἀμνησις, evocação, ορέγονται είναι, pretensão de ser o que não é,
transparência.
Não é semelhança, se na “curvatura da imagem” a alcançar tenho duplo.
O mecanismo da semelhança é na verdade o da “assinatura”.
O alfabeto é um alfabeto de “imagens”, sonhamos as próprias coisas, não
vemos as imagens como imagens.
O aparecimento é na retração daquilo que o faz aparecer.

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