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MANUAL DE OPERAÇÕES

DE CHOQUE
MANUAL DE OPERAÇÕES
DE CHOQUE
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

APRESENTAÇÃO

No ano de 2015, cumprindo determinação do


excelentíssimo senhor Comandante Geral da Polícia Militar do
Estado de Goiás, Coronel PM Sílvio Benedito Alves, criou-se o
manual de operações de choque do Batalhão de Polícia Militar de
Choque, que até então existia apenas de forma costumeira.
Sob a coordenação do Comandante do BPMCHOQUE
Ten Cel PM Karison Ferreira Sobrinho e Subcomandante Maj PM
Petterson Costa, os oficiais técnicos: Cap PM Leonardo
Bernardes Melo, 1º Ten PM Wildey Coelho Bezerra, 1º Ten PM
Higor Alexandre Guimarães Moreira, 1º Ten PM Rodrigo
Fernandes de Almeida e 1º Ten PM Luiz André de Oliveira, bem
como os praças: Cb PM Brunner Ramos da Silva e Cb PM Tulio
Silverio de Faria, elaboraram e apresentaram este manual.
Historicamente a doutrina era um conjunto de regras não
formais, não escritas e desprovidas de sanções administrativas,
mas aceitas tácita e voluntariamente pelos policiais do
BPMCHOQUE, por serem consideradas como o elemento
fundamental e diferenciador na qualidade da prestação de
serviço.
A elaboração deste manual decorre da transcrição dos
princípios doutrinários vivenciados dentro do BPMCHOQUE,
além dos procedimentos operacionais padrão desta unidade
especializada. Diversas foram as referências bibliográficas
consultadas, destacando entre elas Manual de Controle de
Distúrbios Civis da PMESP, bem como os Manuais de
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Operações de Choque da PMES, PMMG, PMDF e PMPA.


Com o objetivo de padronizar condutas e servir de
referência para pesquisas e instruções do efetivo do Batalhão de
Choque e unidades correlatas da Polícia Militar do Estado de
Goiás, de modo a especializar cada vez mais o policial de
choque, como fator fundamental para a consecução dos
objetivos da unidade, passa-se a utilizar este manual.
A publicação deste manual além de fortalecer a unidade
de Polícia Militar de choque, fornece instrumentos de estudo e
pesquisa para o policial militar especializado e em formação,
devendo ser seguido e respeitado por todos.
Por fim, cabe salientar que a atividade de polícia é
dinâmica, e enseja constantes atualizações, aprimoramento
técnico e sincronismo com o ordenamento jurídico vigente, de
modo que este manual não deve ser considerado como uma
fonte exclusiva para os estudos que os policiais devem manter
para o exercício de suas atividades, mas apenas uma referência
que estimulará a pesquisa e o treinamento.
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CONTRIBUIÇÕES

GESTORES DO PROCESSO ELABORATIVO

Tenente Coronel PM Karison Ferreira Sobrinho


Major PM Petterson Costa

SUPERVISOR TÉCNICO

Capitão PM Leonardo Bernardes Melo

ELABORAÇÃO

1º Tenente PM Wildey Coelho Bezerra


1º Tenente PM Higor Alexandre Guimarães Moreira
1º Tenente PM Rodrigo Fernandes de Almeida
1º Tenente PM Luiz André de Oliveira
Cabo PM Brunner Ramos da Silva
Cabo PM Túlio Silvério de Faria

PRODUÇÃO DE IMAGENS

Soldado PM Aldemir Alves Batista

PRODUÇÃO DE FOTOS

Cabo PM Cristiano Medeiros de Araújo


Soldado PM Rafael Henrique de Azevedo
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FORMATAÇÃO

1º Tenente PM Wildey Coelho Bezerra


1º Tenente PM Higor Alexandre Guimarães Moreira
Soldado PM Aldemir Alves Batista

REVISÃO ORTOGRÁFICA

1º Tenente PM Higor Alexandre Guimarães Moreira


Soldado PM Karine Guedes Cury
Soldado PM Juliana Mendes Ferreira
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MEMORIAL DESCRITIVO DO BPMCHOQUE

Na década de 80, a Companhia destacada de Controle de


Distúrbios Civis pertencente ao 1° BPM, CPChoque, composta
por cerca de quarenta policiais militares distribuídos em dois
pelotões, sendo um de Choque e outro de Canil, passava então a
ser agregada ao efetivo da Equipe de Pronta Reação – EPR do
Comando do Policiamento da Capital, denominando-se
Companhia de Operações Especiais-COE.
Dessa estrutura, em 30 de agosto de 1989, conforme
Boletim Geral nº 161/89, decide o Comando da Corporação pela
criação de uma Unidade especializada para emprego em
missões especiais denominada 3ª CIPM/CIOE (Companhia
Independente de Operações Especiais) na seguinte
composição:
· 1° Pelotão: ROTAM - Rondas Ostensivas Táticas
Metropolitanas, que posteriormente, em 07 de junho de
2002, tornou-se independente segundo o BG 104/2002;
· 2° Pelotão: GAS (Grupo Antissequestro);
· 3° Pelotão: CANIL;
· 4° Pelotão: SAPM (Serviço Aéreo Policial Militar).
Posteriormente, em decorrência da aprovação do novo
Quadro de Organização e Distribuição de Efetivo da Polícia
Militar, através do Decreto Estadual nº 3.483 de 3 de julho de
1990, em 17 de outubro de 1990, através da Portaria n° 562 PM-
035/90 - PM1, publicada no BG nº 195 de 17 de outubro de 1990,
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a partir da estrutura já existente da extinta CIOE foi ativado o


Batalhão de Polícia Militar de Choque.
Atualmente constitui-se na reserva Tática do Comando
Geral através do CME para eventos de natureza crítica, figurando
entre as Unidades Operacionais de Polícia Militar mais eficientes
do País.
O Batalhão de Polícia Militar de Choque é atualmente
responsável pelo desencadeamento de missões como atuação
em controles de distúrbios civis, reintegrações de posse, atuação
em rebeliões em presídio e policiamentos em grandes eventos, o
que se dá dentro de todo o Estado, e realiza ainda o
patrulhamento em recobrimento a malha protetora das unidades
policiais militares de área.
Sua estrutura operacional está disposta de forma peculiar,
de modo a atender todos os níveis de resposta a serem
proporcionadas pela PMGO nos mais diferentes tipos de
incidentes operacionais. Vejamos:

COMPANHIA DE POLICIAMENTO COM CÃES – 1ª CIA

A CPCães, subunidade embrião do BPMChoque, e de


todas as outras Unidades Especializadas da Polícia Militar do
Estado de Goiás, tem como missões primárias atuar no combate
ao tráfico de entorpecentes e no combate a crimes que envolvam
artefatos explosivos, através do faro apurado de cães policiais.
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Realizar policiamento ostensivo e repressivo em grandes


eventos e em especial em praças desportivas. Atuar em busca e
captura de pessoas desaparecidas, vítimas de soterramento e
desastres de forma geral.
A CPCães contribui ainda para o engrandecimento da
imagem institucional da Polícia Militar do Estado de Goiás,
através de apresentações de adestramento canino a públicos
diversos.

COMPANHIA DE POLICIAMENTO DE CHOQUE – 2ª CIA

A CPChoque (Companhia de Policiamento de Choque)


tem como funções primárias o controle de distúrbios civis,
atuações em reintegrações de posse, revistas e rebeliões nos
estabelecimentos prisionais, atuação em praças desportivas e
instruções de nivelamento para toda a tropa da PMGO.
E como missão secundária a CPChoque realiza também o
patrulhamento tático nas zonas quentes de criminalidade, como
força de recobrimento às unidades convencionais da PMGO.
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PORTARIA Nº 7069 DE 05 DE NOVEMBRO DE 2015.

Aprova o Regimento Interno, Brasão,


Insígnia e Estandarte do Batalhão de Polícia Militar de
Choque (BPMChoque).

O COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA


MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS, no uso de suas atribuições
legais e regulamentares, e com base no art. 3º c/c art. 4º da Lei
8.125/76...
Considerando que o Batalhão de Polícia
Militar de Choque, como as demais unidades, necessita
padronizar legalmente e difundir seus símbolos para toda a tropa,
bem como as demais instituições.

RESOLVE:
Art. 1º - Aprovar o regimento interno do
Batalhão de Polícia Militar de Choque (BPMChoque) bem como
seu respectivo anexo;
Art. 2º - Esta Portaria entrará em vigor na
data da sua publicação.
Gabinete do Comandante Geral, em Goiânia-GO, 05 de
Novembro de 2015.

Silvio Benedito Alves – Coronel PM


Comandante Geral da PMGO

Publicado no DOPM 209 de 09/11/2015.


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REGIMENTO INTERNO DO BATALHÃO DE POLÍCIA


MILITAR DE CHOQUE

CAPÍTULO I
DA DESTINAÇÃO
Art. 1º - O Batalhão de Polícia Militar de Choque –
BPMCHOQUE - está subordinado diretamente ao Comando de
Missões Especiais, destinado a reserva tática do Comando Geral
da corporação.
Art. 2º - O BPMCHOQUE desempenhará suas atribuições
em conformidade com a legislação em vigor, de acordo com as
necessidades e diretrizes traçadas pelo comando da instituição,
respeitando-se sempre os manuais que regem a atividade desta
Unidade Operacional.

CAPÍTULO II
DAS ATRIBUIÇÕES
Art. 3º - O BPMCHOQUE, tem circunscrição em toda o
Estado de Goiás.
Art. 4º - O BPMCHOQUE deve planejar, executar, instruir,
capacitar e coordenar todas as ações pertinentes ao controle de
distúrbios civis, inclusive das unidades do interior do Estado,
conforme diretrizes do comando da instituição, baseando-se nas
seguintes atribuições:
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I - Preservar vidas e aplicar a lei;


II - Atuar em controle de distúrbios civis, de acordo com a
necessidade e somente com autorização do comandante do
BPMCHOQUE, através da ordem do Comandante Geral da
Polícia Militar e do Comando de Missões Especiais;
III - Em reintegração de posse, mediante determinação
judicial, aquiescência do Comandante do BPMCHOQUE,
através da ordem do Comandante Geral da Polícia Militar e/ou
Comando de Missões Especiais;
IV - Em revistas e rebeliões em presídios, mediante
determinação do Secretário de Segurança Pública e Justiça,
através da ordem do Comandante Geral da Polícia Militar, e/ou
Comando de Missões Especiais e aquiescência do Comandante
do BPMCHOQUE;
V - Realizar policiamento em praças desportivas;
VI - Apoiar tática e operacionalmente as Unidades de
área;
VII - Saturar e realizar operações preventivas e
repressivas em apoio às áreas com elevado índice de
criminalidade;
VIII - Realizar ações e abordagens táticas em apoio às
unidade de área, em veículos e pessoas;
IX - Combater o narcotráfico e o crime organizado
preventivamente e, de forma geral, em apoio a outras
instituições;
X - Prevenir e combater o roubo e o furto a
estabelecimentos, veículos e pessoas;
XI - Capturar foragidos da justiça;
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XII - Escoltar e proteger dignitários, testemunhas, presos


e valores, de acordo com o interesse da corporação;
XIII - Promover instrução, orientação e acompanhamento
aos demais grupos táticos da Instituição e das coirmãs, conforme
interesse do Comando de Ensino e do Comando da Corporação;

CAPÍTULO III
DA ESTRUTURA
Art. 5º - O BPMCHOQUE será estruturado com a seguinte
composição:
I - Comando: exercido por um Tenente Coronel QOPM,
cursado com especialização na área ou com notório saber,
subordinado diretamente ao comando de missões especiais;
II - Subcomando: exercido por um Major QOPM, cursado
com especialização na área ou com notório saber, subordinado
diretamente ao comando da unidade;
III - 1ª Seção (P/1): exercido por um Capitão ou Tenente,
subordinado diretamente ao subcomando da unidade;
IV - 2ª Seção (P/2): exercido por um Capitão ou Tenente,
subordinado diretamente ao subcomando da unidade;
V - 3ª Seção (P/3): exercido por um Capitão, sendo este o
Oficial intermediário mais antigo do BPMCHOQUE, subordinado
diretamente ao subcomando da unidade;
VI - 4ª Seção (P/4): exercido por um Capitão ou um
Tenente, subordinado diretamente ao subcomando da unidade
com a seguinte subdivisão:
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a) Reserva de Armas;
b) Reserva Química;
c) Seção de Transportes;
d) Seção de Projetos.

VII - 5ª Seção (P/5): exercido por um Capitão ou por um


Tenente, subordinado diretamente ao subcomando da unidade;
VIII – Seção de Instrução e Ensino Especializado
(SIESP): exercido por um Capitão ou por um Tenente,
subordinado diretamente ao subcomando da unidade;
IX - Comando da 1ª CIA/CPCÃES: comandada por um
Capitão QOPM, cursado com especialização na área,
subordinado diretamente ao subcomando da unidade;
X - Subcomando da 1ª CIA/CPCÂES: exercido por um
Tenente QOPM, cursado com especialização na área,
subordinado diretamente ao comando da 1ª CIA/CPCÃES;
XI - Comando da 2º CIA/CPCHOQUE: comandada por
um Capitão QOPM, cursado com especialização na área,
subordinado diretamente ao subcomando da unidade;
XII - Subcomando da 2ª CIA/CPCHOQUE: exercido por
um Tenente QOPM, cursado com especialização na área,
subordinado diretamente ao comando da 2ª CIA/CPCHOQUE;
XIII - Choque Comando/Oficial de Dia: exercido por um
Tenente QOPM, cursado com especialização na área,
subordinado diretamente ao subcomando da unidade;
Parágrafo único. As companhias operacionais
excepcionalmente serão comandadas por um 1º Ten QOPM,
cursado com especialização na área.
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DO COMANDO
Art. 6º - O BPMCHOQUE será exercido por TEN CEL
QOPM cursado com especialização na área ou com notório
saber e, além de outros encargos prescritos em regulamento
próprio, relativos à instrução, à administração e às relações com
outras unidades operacionais e administrativas, incumbem às
seguintes atribuições e deveres:
I - Exercer as funções inerentes a de Polícia Judiciária
Militar, em conformidade com a legislação em vigor;
II - Representar o escalão superior em situações inerentes
a este segmento policial militar, bem como assessorar o alto
comando em questões técnicas e operacionais pertinentes as
atividades do BPMCHOQUE;
III - Zelar pelas condições dignas de trabalho e pelo bem
estar de seus comandados;
IV - Zelar para que os oficiais sob seu comando sirvam de
exemplo aos subordinados;
V - Acompanhar as atividades e serviços da unidade,
incentivando o exercício das funções de seus subordinados, para
que desenvolvam o espírito de iniciativa e a busca do
autoaperfeiçoamento;
VI - Promover a autoestima, elevando a moral da tropa,
para se atingir a qualidade do cumprimento das ordens, dos
regulamentos e da legislação vigente;
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VII - Esforçar-se para que os seus subordinados façam do


cumprimento do dever policial militar um verdadeiro culto,
exigindo-lhes que pautem sua conduta civil pelas normas da mais
severa boa moral, orientando-os e compelindo-os a satisfazerem
seus compromissos morais e pecuniários, inclusive de
assistência à família, punindo-os disciplinarmente quando se
mostrarem recalcitrantes na satisfação de tais compromissos,
bem como os elogiando de igual forma, quando se destacarem
profissionalmente.

DO SUBCOMANDO
Art. 7º - O subcomando do BPMCHOQUE, será exercido
por MAJ QOPM cursado com especialização na área ou com
notório saber e, além de outros encargos prescritos em
regulamento próprio, inerentes à expedição de todas as ordens
relativas à instrução e aos serviços gerais, cuja execução
cumpre-lhe fiscalizar, incumbem às seguintes atribuições e
deveres:
I - Substituir eventualmente o comandante do
BPMCHOQUE em seus impedimentos;
II - Orientar, fiscalizar e acompanhar a conduta da tropa do
BPMCHOQUE nos assuntos relativos à hierarquia e disciplina,
devendo tomar as devidas providências administrativas quando
necessário;
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V - Levar ao conhecimento do comandante do


BPMCHOQUE todas as ocorrências que não lhe caiba resolver;
VI - Zelar para que todas as diretrizes traçadas pelo
Comando do BPMCHOQUE sejam integralmente cumpridas
pela tropa;
VII - Representar o Comando do BPMCHOQUE nos
assuntos relativos à comunicação social.

DAS SEÇÕES
Art. 8º - Responsáveis por assessorar o comando do
BPMCHOQUE em questões relativas à legislação, pessoal,
arquivo, justiça e disciplina, estatística, planejamento de
operações, logística, projetos, ensino, instrução e comunicação
social. Serão comandadas por oficial intermediário ou
subalterno, competindo-lhe as atribuições definidas pela
legislação em vigor.

DAS COMPANHIAS
Art. 9º - Responsáveis por efetivar todos os planejamentos
desenvolvidos pelo Comando da instituição e do BPMCHOQUE
inerentes ao serviço operacional. Serão comandadas por um
Capitão QOPM, competindo-lhe as seguintes atribuições:
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I - Fiscalizar, desenvolver e controlar atividades dos


pelotões operacionais, preparando o efetivo e equipamentos
disponíveis do batalhão para emprego nas frentes de serviço,
treinamentos e instruções.
II - Assegurar que os materiais e os equipamentos
distribuídos às companhias estejam nas melhores condições
possíveis de uso e sejam apropriadamente utilizados,
manutenidos e controlados;
III - Ministrar palestras sobre prevenção de possíveis
acidentes durante as instruções e em outras atividades de risco
para o efetivo dos respectivos pelotões operacionais;
IV - Providenciar a elaboração ou a atualização dos
planos de segurança e defesa do aquartelamento, de chamada e
outros;
V - Fiscalizar o cumprimento das ordens emanadas pelo
comando do BPMCHOQUE junto aos pelotões operacionais;
VI - Coordenar, planejar e fiscalizar os estágios
operacionais realizados pelo BPMCHOQUE.
Art. 10º - A CPCães e a CPChoque serão compostas por
pelo menos quatro Pelotões cada uma, os quais cumprirão a
escala de 24x72.
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DOS PELOTÕES
Art. 11 - Os pelotões operacionais serão comandados por
Tenente QOPM, que exercerão a função de choque comando,
competindo-lhes a seguintes atribuições:
I - Coordenar, controlar e fiscalizar o pelotão de serviço,
apoiando e representando o comando do BPMCHOQUE junto ao
COPOM e demais órgãos da atividade operacional;
II - Chefiar o serviço na execução das ordens e diretrizes
do comando;
III - Exercer todas as funções inerentes ao oficial de dia, de
acordo com os regulamentos e legislações em vigor;
IV - Ministrar e acompanhar instruções para o pelotão;
V - Conceder entrevistas aos veículos de comunicações
sobre ocorrências relativas ao seu pelotão, de acordo com as
diretrizes do comando do BPMCHOQUE e da assessoria de
comunicação social da PMGO;
VI - Acompanhar todas as ocorrências do seu pelotão até o
término;
VII - Manter contato com o comandante e subcomandante
do BPMCHOQUE, capitão supervisão e coordenador de
operações do COPOM, informando a estes quaisquer alterações
relevantes, bem como se inteirando das determinações diárias;
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VIII - Zelar pela manutenção da disciplina, postura e


compostura dos policiais sob seu comando;
IX - Preencher o livro do choque comando e confeccionar
relatórios de operações.
Art. 12 - O choque 100 é o graduado mais antigo do
pelotão, sendo o auxiliar direto do oficial choque comando, tendo
como atribuições:
 I - Realizar chamada do pelotão, fiscalizando a conduta,
postura, apresentação pessoal e demais situações que
envolvam os policiais do pelotão, repassando as alterações para
o choque comando;
 II - Substituir o choque comando eventualmente em seus
impedimentos;
 III - Monitorar instruções do pelotão apoiando o choque
comando;
 IV - Atuar em sintonia com o oficial choque comando, em
ocorrências onde haja a necessidade de apoio ou de qualquer
providência que contribua para a resolução eficaz da ocorrência.
Art. 13 - Dentro de cada um dos pelotões, de ambas as
companhias, serão nomeados os praças que exercerão as
funções administrativas de P1, P3, P4 e P5, sendo escalados
pela sua respectiva companhia e fiscalizados/orientados pelo
choque comando.
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Art. 14 - As equipes de instrução e ensino serão


designadas pelo comando do BPMCHOQUE, e deverão ser
comandadas por um Tenente QOPM, seguindo as diretrizes do
comando do BPMCHOQUE no que tange a atualização,
adequação, habilitação, treinamento e aperfeiçoamento técnico-
profissional da tropa, coirmãs e demais grupos táticos da
corporação.

CAPÍTULO IV
DOS CURSOS DO BPMCHOQUE
Art. 15 - Para que os policiais militares exerçam atividades
e funções na operacionalidade do BPMCHOQUE, deverão
possuir o curso de cinotecnia ou curso de operações com cães de
emprego policial, que o habilite a servir na 1ª CIA, ou curso de
operações de choque, curso de controle de distúrbios civis, que o
habilite a servir na 2ª Cia, devidamente reconhecidos pelo
comando de ensino da Polícia Militar.
Art. 16 - Os cursos são de responsabilidade do comando
de ensino da PMGO, sendo assessorado tecnicamente pelo
BPMCHOQUE na confecção e atualização dos planos de curso,
das grades curriculares, notas de instrução e etc.
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§ 1º Os policiais militares que concluírem algum dos


cursos citados no art. 14 deste regimento, receberão uma
instrução de nivelamento e adaptação em patrulhamento tático,
de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo comando da
unidade, sendo que cada policial deverá exercer a função de
estagiário sendo fiscalizado e orientado pelo comandante de
equipe por pelo menos dez serviços operacionais de doze horas.
§ 2º Os policiais militares possuidores dos cursos citados
no art. 14 deste regimento que forem transferidos para o
BPMCHOQUE após mais de um ano fora da atividade fim da
unidade, receberão uma instrução de nivelamento e
readaptação, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo
comando da unidade;
§ 3º Os policiais militares que não possuam nenhum dos
cursos citados no art. 14 deste regimento, mas sejam
possuidores do curso operacional de Rotam ou curso de
patrulhamento tático, que forem transferidos para o
BPMCHOQUE, receberão uma instrução de nivelamento e
adaptação em operações de choque, até que tenha oportunidade
de realizar um dos referidos cursos, de acordo com as diretrizes
estabelecidas pelo comando da unidade, não sendo necessário
realizar qualquer tipo de instrução ou estágio de patrulhamento
tático, desde que não esteja fora da atividade de patrulhamento
há mais de um ano;
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§ 4º Os policiais militares que não possuam nenhum dos


cursos citados no art. 14 deste regimento e nem curso
operacional de Rotam ou curso de patrulhamento tático que
forem transferidos para o BPMCHOQUE receberão uma
instrução de nivelamento e adaptação em operações de choque
e patrulhamento tático conforme o § 1º deste artigo, de acordo
com as diretrizes estabelecidas pelo comando da unidade ou
exercerão funções administrativas até que tenha oportunidade
de realizar um dos cursos.

CAPÍTULO V
DO POLICIAL MILITAR DO BPMCHOQUE
Art. 17 - O policial especializado é um dos elementos mais
importantes na atividade operacional. Isso requer da unidade
uma atenção na sua seleção, instrução e treinamento, porque a
eficiência e a segurança são diretamente proporcionais à
qualidade de seus integrantes.
Art. 18 - O policial militar do BPMCHOQUE deve possuir
algumas características peculiares, tais como:
I - Voluntariedade, compromisso com a instituição,
disciplina, postura, compostura, controle emocional, resistência
física, resistência a psicofadiga, agressividade controlada,
capacidade de decisão, discrição, espírito de sacrifício, lealdade,
liderança, versatilidade, honestidade, responsabilidade,
objetividade, capacidade de realizar trabalhos em equipe e
habilidades técnicas.
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Parágrafo único. O princípio básico para servir no


BPMCHOQUE é o voluntariado. É preciso que o homem deseje
servir e que tenha conduta ilibada, tanto em sua vida familiar
quanto profissional, não respondendo a procedimentos que
atentem contra a imagem da PMGO ou a honra e o pundonor
policial militar. Periodicamente, a critério do comando do
BPMCHOQUE poderá ser solicitado do policial a realização de
exames e testes físicos, psicológicos e toxicológicos, dentre
outros.

CAPÍTULO VI
DOS DEVERES DO CHOQUEANO

Art. 19 - É vedada a entrada ou saída do BPMCHOQUE


com o fardamento camuflado urbano, exceto durante o serviço
ou quando devidamente autorizado.
Art. 20 - No fardamento deverá conter apenas os
distintivos de cursos que habilite o policial militar a servir no
BPMCHOQUE, quais sejam: COCEP, CINOTECNIA, COC, CDC
e etc.
Art. 21 - O policial de choque deverá zelar pela
padronização do corte de cabelo, que será na máquina pente um
nas laterais e a máquina pente quatro na parte superior da
cabeça, sem divisas, sendo vedada a utilização de costeletas.

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Art. 22 - A barba deverá ser feita diariamente, o


fardamento deverá estar limpo e passado, o coturno engraxado e
a apresentação pessoal impecável.
 Art. 23 - O armamento e equipamento do choqueano
deverá estar em condições de pronto emprego, manutenido e
sob sua constante vigilância.
Art. 24 - O policial de choque deverá ser cordial, camarada
e cortês com seus superiores, pares e subordinados. Cada um
dos membros do BPMCHOQUE se cumprimentarão sempre que
se encontrarem, estando ou não de serviço.
Art. 25 - Os casos omissos deste regimento serão
solucionados pelo comandante do BPMCHOQUE.
Art. 26 – Este regimento entrará em vigor na data da sua
publicação, revogando-se todas as disposições em contrário.
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ANEXO I
DO BRASÃO, DISTINTIVO E ESTANDARTE DO
BPMCHOQUE
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

DO BREVÊ DO CURSO DE OPERAÇÕES DE CHOQUE -


COC
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

DO BRASÃO DA COMPANHIA DE POLICIAMENTO DE


CHOQUE - CPCHOQUE
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

DO BREVÊ DO CURSO DE CINOTECNIA


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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

DO BREVÊ DO CURSO DE OPERAÇÕES COM CÃES DE


EMPREGO POLICIAL - COCEP
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

DO BRASÃO DA COMPANHIA DE POLICIAMENTO COM


CÃES - CPCÃES
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LISTA DE FOTOS

Foto 01 – Posição de sentido ................................................................... 46


Foto 02 – Posição de descansar ............................................................. 47
Foto 03 – Posição de voltas (direita, esquerda e meia-volta) .................... 48
Foto 04 – Posição de frente (direita, esquerda e retaguarda).................... 49
Foto 05 – Posição de cobrir (tempo 1) ...................................................... 50
Foto 06 – Posição de cobrir (tempo 2) ...................................................... 50
Foto 07 – Posição de firme (tempo 1) ....................................................... 51
Foto 08 – Posição de firme (tempo 2) ....................................................... 51
Foto 09 – Posição de escudos ao solo...................................................... 52
Foto 10 – Posição de ao solo arma (tempo 1) ........................................... 53
Foto 11 – Posição de ao solo arma (tempo 2) ........................................... 53
Foto 12 – Posição de ombro arma (tempo 1) ............................................ 54
Foto 13 – Posição de ombro arma (tempo 2) ............................................ 54
Foto 14 – Posição de descansar arma (tempo 1)...................................... 55
Foto 15 – Posição de descansar arma (tempo 2)...................................... 55
Foto 16 – Posição de apresentar arma (tempo 1) ..................................... 56
Foto 17 – Posição de apresentar arma (tempo 2) ..................................... 56
Foto 18 – Posição de passo ordinário (tempo 1) ....................................... 57
Foto 19 – Posição de passo ordinário (tempo 2) ....................................... 57
Foto 20 – Posição de sem cadência (tempo 1) ......................................... 58
Foto 21 – Posição de sem cadência (tempo 2) ......................................... 58
Foto 22 – Posição de correndo (tempo 1) ................................................. 59
Foto 23 – Posição de correndo (tempo 2) ................................................. 59
Foto 24 – Posição fora de forma (tempo 1) ............................................... 60
Foto 25 – Posição de fora de forma (tempo 2)........................................... 60
Foto 26 – Formação coluna por dois ........................................................ 87
Foto 27 – Formação coluna por três ........................................................ 89
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Foto 28 – Formação em linha ................................................................ 90


Foto 29 – Formação em cunha................................................................. 91
Foto 30 – Formação escalão à direita....................................................... 92
Foto 31 – Formação escalão à esquerda ................................................. 93
Foto 32 – Formação guarda alta .............................................................. 94
Foto 33 – Formação guarda alta emassada ............................................. 95
Foto 34 – Formação escudos ao alto (lateral)........................................... 96
Foto 35 – Formação escudos ao alto (frente) ........................................... 96
Foto 36 – Formação escudos sobre a cabeça (lateral) ............................. 97
Foto 37 – Formação escudos sobre a cabeça (frente) .............................. 97
Foto 38 – Formação guarda baixa ........................................................... 99
Foto 39 – Formação guarda baixa emassada ......................................... 100
Foto 40 – Formação de apoio central ....................................................... 102
Foto 41 – Formação de apoio lateral ........................................................ 103
Foto 42 – Formação de apoio lateral frente pra lateral .............................. 104
Foto 43 – Formação de apoio cerrado...................................................... 105
Foto 44 – Formação de apoio complementar ........................................... 105
Foto 45 – Comando de advertência ........................................................ 112
Foto 46 – Comando de coluna por dois ................................................... 113
Foto 47 – Comando de coluna por três .................................................... 114
Foto 48 – Comando de formação em linha ............................................... 115
Foto 49 – Comando de formação em cunha ............................................. 116
Foto 50 – Comando de formação escalão à direita ................................... 117
Foto 51 – Comando de formação escalão à esquerda.............................. 117
Foto 52 – Comando de formação guarda baixa ........................................ 118
Foto 53 – Comando de formação guarda alta........................................... 119
Foto 54 – Comando de formação guarda baixa emassada (tempo 1) ....... 120
Foto 55 – Comando de formação guarda baixa emassada (tempo 2) ....... 120
Foto 56 – Comando de formação guarda alta emassada (tempo 1) .......... 121
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Foto 57 – Comando de formação guarda alta emassada (tempo 2).......... 121


Foto 58 – Comando de formação escudos sobre a cabeça (tempo 1) ....... 122
Foto 59 – Comando de formação escudos sobre a cabeça (tempo 2) ....... 122
Foto 60 – Comando de formação escudos ao alto ................................... 123
Foto 61 – Comando de execução (tempo 1) ............................................. 124
Foto 62 – Comando de execução (tempo 2) ............................................. 124
Foto 63 – Desmantelamento por combustão (lateral)............................... 248
Foto 64 – Desmantelamento por combustão (frente) .............................. 248
Foto 65 – Desmantelamento por disparo de calibre 12 ............................. 249
Foto 66 – Tijolo quente............................................................................. 249
Foto 67 – Desmantelamento placa de secção (por cima) ......................... 250
Foto 68 – Desmantelamento por placa de secção (frente)........................ 250
Foto 69 – Desmantelamento por cone de munroe (frente)........................ 251
Foto 70 – Desmantelamento por cone de munroe (por cima).................... 251
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

PORTARIA Nº 7070 DE 05 DE NOVEMBRO DE 2015.

Aprova o Manual de Operações de


Choque do Batalhão de Polícia Militar de Choque
(BPMChoque).

O COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA


MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS, no uso de suas atribuições
legais e regulamentares, e com base no art. 3º c/c art. 4º da Lei
8.125/76...
Considerando a importância da atuação
do Batalhão de Polícia Militar de Choque em ocorrências das
mais diversas naturezas, e em especial as de Controle de
Distúrbios Civis em todo Estado.
Considerando a necessidade de formular
atribuições funcionais, organicas e doutrinarias do Batalhão de
Polícia Militar de Choque (BPMChoque), bem como padronizar
comportamentos técnico-profissionais de seus integrantes, suas
condições de emprego, cursos e simbologias.
Considerando a necessidade de regular a
prática policial especial de Policiamento de Choque na Polícia
Militar do Estado de Goiás.

RESOLVE:
Art. 1º - Aprovar o Manual de Operações
de Choque da Polícia Militar do Estado de Goiás;
Art. 2º - Esta Portaria entrará em vigor na
data da sua publicação.
Gabinete do Comandante Geral, em Goiânia-GO, 05 de
Novembro de 2015.

Silvio Benedito Alves – Coronel PM


Comandante Geral da PMGO

Publicado no DOPM 221 de 25/11/2015.


POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

PREFÁCIO

O presente manual de operações de choque além de


padronizar as ações dos integrantes do Batalhão servirá como
uma ferramenta importante nas várias missões pertinentes a esta
tropa especializada.
Foi elaborado através de conhecimentos técnicos e táticos
de oficiais e praças dessa conceituada unidade, uma vez que,
todas as ações desenvolvidas anteriormente a publicação do
referido manual, eram pautadas com os conhecimentos
adquiridos nos vários cursos realizados dentro da nossa
instituição e coirmãs.
De agora em diante, tanto os militares lotados na unidade,
quanto os policiais que forem transferidos para o BPMCHOQUE,
poderão trabalhar mais amparados, com os ensinamentos de
fundamental importância para o conhecimento doutrinário nas
missões principais, tais como: controle de distúrbios civis,
reintegração de posse, revistas e rebeliões em estabelecimentos
prisionais, policiamento em praças desportivas, recobrimento da
malha protetora através do patrulhamento tático, dentre outras.
Hoje vivemos um novo momento operacional de todos os
choqueanos, uma vez que, todas as ações estarão respaldadas
no conjunto de normas a serem seguidas visando dirimir as
possibilidades de erros e consequentemente obtendo êxito nas
missões.
Não se trata de uma ferramenta acabada, vivemos
diariamente experiências que necessitam de constante
aprimoramento com o intuito de aumentar a segurança dos
operadores da segurança pública.
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

O trabalho foi inicializado, temos a absoluta certeza de


que fortalecerá não só Batalhão de Choque, mas principalmente
a Policia Militar do Estado de Goiás. O comando, subcomando,
demais oficiais e praças do BPMCHOQUE apresentam através
deste manual, o anseio de vários anos de uma tropa guerreira,
profissional e técnica, que necessitava de maior suporte
operacional diante as missões específicas de uma tropa
especializa.
Muito se pesquisou para chegar a apresentação dessa
obra que dará uma nova identidade ao Batalhão, principalmente
na parte operacional, pois as ocorrências terão um procedimento
operacional padrão que deverá ser seguido, visando aumentar a
segurança de todos os envolvidos nas ocorrências, mormente a
dos militares.
Temos a absoluta certeza de que o salto de qualidade é
notório. Parabéns ao comando do BPMCHOQUE pela vontade e
disposição em coordenar um trabalho que ficará para a
posteridade.

Marcelo Granja.

Marcelo Granja é Major da PMGO, Aspirante de 1997 pela Academia


de Polícia Militar da PMGO, Curso de Gerenciamento em Segurança Pública
(CEGESP) em 2011, Curso de Patrulhamento Tático em 2002, Curso de
Operações de Choque em 2003, Estágio de Operações Especiais em 2003
pelo 42º BIMTZ do Exército Brasileiro, Curso de Policiamento em Eventos em
2005 pela Polícia Militar do Estado de São Paulo e Curso de Instrutor de Tiro
em 2010.
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................. 3
CONTRIBUIÇÕES ................................................................................. 5
MEMORIAL DESCRITIVO ..................................................................... 7
PORTARIA Nº 7069/2015....................................................................... 10
REGIMENTO INTERNO DO BPMCHOQUE .......................................... 11
LISTA DE FOTOS .................................................................................. 32
PORTARIA Nº 7070/2015 ....................................................................... 35
PREFÁCIO ............................................................................................ 36
TÍTULO I - CONTROLE DE DISTÚRBIOS CIVIS.................................. 45
CAPITULO I - ORDEM UNIDA COM EQUIPAMENTO DE CDC ........... 45
1. Introdução ........................................................................................... 45

CAPITULO II - CONCEITOS DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS CIVIS 61


1. Grupamentos humanos ...................................................................... 61
2. Formas de expressão do coletivo social............................................. 63
3. Fatores que influenciam as transformações no coletivo social........... 64
4. Causas dos distúrbios civis................................................................. 65
5. Ações que em controle de distúrbios civis podem ser desencadeadas
contra a tropa.......................................................................................... 66
6. Fatores psicológicos que influenciam o comportamento dos
indivíduos ............................................................................................... 68
7. Tipos de ações de controle de distúrbios civis.................................... 69
8. Tipos de massas/características......................................................... 70

CAPÍTULO III - TÉCNICA DE CDC .....................................................................73


1. Princípios fundamentais do pelotão de choque .................................. 73
2. Prioridade de emprego de meios........................................................ 74
3. Composição básica do pelotão de choque ......................................... 79
4. Simbologia utilizada na representação gráfica do pelotão de choque 80
5. Funções do efetivo do pelotão de choque .......................................... 81
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

6. Formações adotadas pelo pelotão de choque.................................... 84


7. Formação de apoio............................................................................. 102
8. Formas de deslocamento ................................................................... 106
9. Comando de pelotão .......................................................................... 110
10. Outros comandamentos do pelotão de choque................................ 125

TÍTULO II - TÁTICA DE CDC................................................................. 127


CAPÍTULO I - DESOBSTRUÇÃO DE VIAS .......................................... 127
1. Introdução........................................................................................... 127
2. Contatos necessários ......................................................................... 128
3. Atribuições do comandante da tropa de choque ................................ 129
4. Procedimentos a serem adotados em ocorrências de desobstrução de
vias ......................................................................................................... 129
5. Formações de choque ........................................................................ 134
6. Direção do vento................................................................................. 136
7. Segurança .......................................................................................... 136
8. Prioridade de emprego de meios........................................................ 137
9. Mistura de diferentes tipos de gases .................................................. 138

CAPÍTULO II - REINTEGRAÇÃO DE POSSE....................................... 140


1. Introdução........................................................................................... 140
2. Legislação........................................................................................... 140
3. Conceitos............................................................................................ 141
4. Materiais necessários ......................................................................... 142
5. Atividades críticas ............................................................................... 143
6. Atribuições do comandante da tropa de choque ................................ 144

CAPÍTULO III - POLICIAMENTO DE CHOQUE EM


ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS .................................................... 150
1. Introdução........................................................................................... 150
2. Materiais necessários ......................................................................... 150
3. Considerações gerais ......................................................................... 152
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPITULO IV - REVISTA EM ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS ... 157


1. Contatos necessários ......................................................................... 157
2. Atribuições do comandante da tropa de choque ................................ 157
3. Motivos que ensejam uma revista prisional........................................ 158
4. Atividades críticas ............................................................................... 159
5. Sequência dos procedimentos na tomada de pavilhão ...................... 159
6. Sequência dos procedimentos na tomada da cela............................. 160
7. Sequência dos procedimentos na contenção dos presos .................. 161
8. Sequência dos procedimentos no retorno às celas............................ 162

CAPITULO V - REBELIÃO EM ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS . 164


1. Contatos necessários ......................................................................... 164
2. Atribuições do comandante da tropa de choque ................................ 164
3. Principais causas das rebeliões ......................................................... 166
4. Atividades críticas ............................................................................... 166
5. Sequência dos procedimentos ........................................................... 167

CAPITULO VI - CHOQUE MOTORIZADO ............................................ 172


1. Introdução........................................................................................... 172
2. Pelotão de choque motorizado padrão............................................... 172
3. Pelotão embarcado em coluna por dois ............................................. 173
4. Funções básicas dos componentes do pelotão de choque motorizado
................................................................................................................ 174
5. Enumeração ....................................................................................... 175
6. Pelotão desembarcado em coluna por dois ....................................... 176
7. Formações do pelotão de choque motorizado ................................... 177

TÍTULO III - POLICIAMENTO EM EVENTOS ....................................... 181


CAPÍTULO I - POLICIAMENTO DE CHOQUE EM EVENTOS ............. 181
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPITULO II - POLICIAMENTO DE CHOQUE EM PRAÇAS


DESPORTIVAS ...................................................................................... 182
1. Introdução........................................................................................... 182
2. Generalidades .................................................................................... 182
3. Planejamento...................................................................................... 184
4. Divisões de setores ............................................................................ 185
5. Divisão de torcidas ............................................................................. 186
6. Escolta de arbitragem......................................................................... 188
7. Formação para escolta da equipe de arbitragem ............................... 190
8. Procedimento em caso de invasão do campo.................................... 191
9. Escoamento do público ...................................................................... 192

TÍTULO IV - INSTRUMENTOS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. 193


CAPITULO I – CONCEITOS .................................................................. 193

CAPITULO II - TEORIA GERAL DE AGENTES QUÍMICOS................. 195


1. Introdução........................................................................................... 195
2. Conceito básico .................................................................................. 195
3. Propriedades físicas e químicas......................................................... 196
4. Propriedades dos agentes químicos .................................................. 198
5. Classificação dos agentes químicos................................................... 203

CAPITULO III - AGENTES QUÍMICOS UTILIZADOS PELA PMGO..... 206


1. Agentes lacrimogêneos ...................................................................... 206
2. Ortoclorobenzilmalononitrilo (CS)....................................................... 209
3. Oleoresina de capsicum (OC) ............................................................ 213

CAPITULO IV - MEDIDAS DE DESCONTAMINAÇÃO ......................... 216


1. Agentes lacrimogêneos (CS) ............................................................. 216
2. Agentes lacrimogêneos pimenta (OC)................................................ 220
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPITULO V - EQUIPAMENTOS E ARMAMENTOS UTILIZADOS PELA


TROPA DE CDC..................................................................................... 223
1. Equipamentos de proteção individual (EPI)........................................ 223
2. Equipamentos de proteção coletiva (EPC)......................................... 225
3. Armamentos........................................................................................ 226

CAPITULO VI - GRANADAS E MUNIÇÕES DE IMPACTO


CONTROLADO
................................................................................................................ 230
1. Conceito de granada .......................................................................... 230
2. Classificação das granadas................................................................ 231
3. Classificação quanto ao tipo............................................................... 231
4. Classificação quanto ao funcionamento ............................................. 232
5. Classificação quanto à projeção......................................................... 237
6. Mecanismo de acionamento das granadas manuais ......................... 238
7. Munições de impacto controlado ........................................................ 238

CAPITULO VII - PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA NO TRANSPORTE


E MANUSEIO DE GRANADAS ............................................................. 240
1. Segurança no transporte .................................................................... 240
2. Segurança no manuseio..................................................................... 241

CAPITULO VIII - DESMANTELAMENTO DE GRANADAS MANUAIS 243


1. Introdução........................................................................................... 243
2. Conceito de desmantelamento ........................................................... 244
3. Desmantelamento de granadas fumígenas........................................ 245
4. Desmantelamento de granadas explosivas e mistas ......................... 246
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPITULO IX - MÁSCARA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA ............ 252


1. Introdução........................................................................................... 252
2. Características.................................................................................... 252
3. Manejo, colocação e ajuste ................................................................ 255
4. Teste de hermeticidade (vedação)...................................................... 256
5. Descontaminação ............................................................................... 257
6. Armazenamento e manutenção.......................................................... 257
7. Inspeção preliminar e condução......................................................... 261

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 264


ORAÇÃO DO CHOQUEANO ................................................................ 268
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

TÍTULO I
CONTROLE DE DISTÚRBIOS CIVIS

CAPÍTULO I – ORDEM UNIDA COM EQUIPAMENTO


DE CDC

1. INTRODUÇÃO

O pelotão de choque possui suas peculiaridades ao portar


armamentos e equipamentos diferenciados, o que o impossibilita
de praticar a ordem unida convencional. Assim, esse manual,
passa a regular qual o modelo de ordem unida a ser adotado pela
tropa de choque quando equipada com equipamentos de CDC. A
seguir serão ilustrados os movimentos adotados pelo pelotão de
choque. Ressalta-se que excluindo os movimentos adotados por
esse manual, adota-se o regulamento de ordem unida do
Exército Brasileiro C 22-5 de forma subsidiária.

45
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.1 Sentido: nesta posição os pés ficam unidos formando


um ângulo de aproximadamente 60º, o escudo à frente do corpo
na posição vertical empunhando pela mão esquerda e o bastão
empunhado pela mão direita paralelo ao corpo, seguindo o
prolongamento da perna.

Foto 01 - Posição de sentido

46
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.2 Descansar: nesta posição os pés ficam afastados


aproximadamente trinta centímetros um do outro, na largura dos
ombros, o escudo à lateral esquerda do corpo na posição
horizontal e o bastão paralelo ao corpo, seguindo o
prolongamento da perna.

Foto 02 - Posição de descansar

47
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.3 Voltas (direita, esquerda e meia-volta): esse


comando será realizado em dois tempos. No primeiro tempo,
partindo da posição de “Sentido”, ao comando de direita,
esquerda ou meia volta, o militar levará o escudo à lateral
esquerda do corpo na posição vertical, elevando
simultaneamente a ponta do bastão a um ângulo de
aproximadamente 45º em relação ao solo. No segundo tempo, no
comando de execução, o militar fará a frente determinada,
voltando o escudo e o bastão à posição inicial.

Foto 03 - Posição de voltas (direita, esquerda e meia-volta)

48
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.4 Frente (direita, esquerda e retaguarda): esse


comando será realizado em dois tempos. No primeiro tempo,
partindo da posição de “Descansar”, o militar levará o escudo à
lateral esquerda do corpo na posição vertical. No segundo tempo,
no comando de execução, o militar dará um salto voltando à
frente do seu corpo para a posição determinada, sendo que
gritará o brado de “CHOQUE!” assim que seus pés tocarem ao
solo.

Foto 04 - Posição de frente (direita, esquerda e retaguarda).

49
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.5 Cobrir: esse comando será realizado em dois tempos.


No primeiro tempo, partindo da posição de “Sentido”, o militar
levará a ponta do bastão a um ângulo de aproximadamente 45º.
No segundo tempo, fará a cobertura utilizando o bastão, tendo
como referência o ombro direito do militar imediatamente à
frente. Nessa posição, empunhará o bastão horizontalmente e
paralelo ao solo, posicionando sua base próxima ao ombro do
militar à frente e a sua ponta no prolongamento do seu braço
descansando sobre seu ombro.

Foto 05 - Posição de cobrir (tempo 1) Foto 06 - Posição de cobrir (tempo 2)

50
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.6 Firme: esse comando será realizado em dois tempos.


No primeiro tempo, partindo da posição de “Cobrir”, o militar
levará em um movimento enérgico a ponta do bastão a um ângulo
de aproximadamente 45º ao solo. No segundo tempo, retornará o
bastão a posição vertical seguindo o prolongamento da perna.

Foto 07 - Posição de firme (tempo 1) Foto 08 - Posição de firme (tempo 2)

51
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.7 Escudos ao solo: este movimento é utilizado quando


o comandante quer prelecionar com a tropa, em desfiles ou
quando a tropa permanece por um tempo demasiadamente
longo nas posições de combate. Para tanto o comandante deverá
ordenar: “ESCUDOS AO SOLO! POSIÇÃO!”. Nesse comando,
os escudeiros colocarão os escudos apoiados no solo, à frente do
corpo na posição vertical e bastão estendido sobre o escudo na
posição horizontal paralelo ao solo.

Foto 09 - Posição de escudos aos solo

52
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.8 Ao solo arma: permite ao comandante determinar


que o pelotão organizadamente coloque os equipamentos e
armamentos no solo, ao lado direito do corpo. Geralmente
utilizado em instruções, ao comando de: “AO SOLO! ARMA!”.
Partindo da posição de “Escudos ao Solo”, ao comando de
execução, os militares de forma organizada colocarão todo
equipamento de CDC no solo, do lado direito do corpo, seguindo
a cobertura do material imediatamente à frente, tendo como base
a disposição do equipamento do escudeiro nº 01.

Foto 10 - Posição de ao solo arma (tempo 1) Foto 11 - Posição de ao solo arma (tempo 2)

53
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.9 Ombro arma: esse comando será realizado em dois


tempos. No primeiro tempo, partindo da posição de “Sentido”, o
militar levará a ponta do bastão a um ângulo de
aproximadamente 45º em relação ao solo. No segundo tempo,
colocará a ponta do bastão descansando sobre seu ombro de
modo que seu braço forme um ângulo de 90º colado ao corpo. Os
militares que estiverem armados com espingarda ou lançador,
permanecerão a todo momento em posição sul com o
armamento em bandoleira. No comando específico de “OMBRO!
ARMA!”, farão um movimento sutil trazendo a coronha do
armamento para mais próxima do ombro, retornando-a para a
posição inicial ao comando de “DESCANSAR! ARMA!”.

Foto 12 - Posição de ombro arma (tempo 1) Foto 13 - Posição de ombro arma (tempo 2)

54
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.10 Descansar arma: esse comando será realizado em


dois tempos. No primeiro tempo, partindo da posição de “Ombro
Arma”, o militar levará a ponta do bastão a um ângulo de
aproximadamente 45º em relação ao solo. No segundo tempo,
retornará o bastão a posição vertical seguindo o prolongamento
da perna.

Foto 14 - Posição de descansar arma (tempo 1) Foto 15 - Posição de descansar arma (tempo 2)

55
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.11 Apresentar arma: esse comando será realizado em


dois tempos. No primeiro tempo, partindo da posição de “Ombro
Arma”, o militar levará a ponta do bastão a um ângulo de
aproximadamente 45º para cima. No segundo tempo, encostará
a base do bastão aproximadamente no centro do escudo
permanecendo com sua ponta apontada para cima a um ângulo
de aproximadamente 45º. Para retornar a posição anterior
deverá ser comandado “OMBRO! ARMA!”. Esse comando será
realizado em dois tempos. No primeiro tempo, partindo da
posição de “Apresentar Arma”, o militar levará a ponta do bastão
a um ângulo de aproximadamente 45º para cima descolando sua
base do escudo. No segundo tempo, colocará a ponta do bastão
descansando sobre seu ombro de modo que seu braço forme um
ângulo de 90º colado ao corpo. Os militares que estiverem com
as mãos desocupadas executarão a continência regulamentar
conforme manual de ordem unida convencional.

Foto 16 - Posição de apresentar arma Foto 17 - Posição de apresentar arma


(tempo 1) (tempo 2)

56
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.12 Passo ordinário: esse comando será realizado em


dois tempos. No primeiro tempo, partindo da posição de “Ombro
Arma”, ao comando de “ORDINÁRIO!”, o miliar levará o escudo a
lateral esquerda do corpo na posição vertical. No segundo tempo,
ao comando de “MARCHE!” romperá marcha e retornará o
escudo para a posição horizontal em relação ao solo. No
comando de “ALTO!” os militares devem desfazer o movimento
de “Ombro Arma” e voltar a posição inicial, assim como na ordem
unida convencional. Os militares que não estiverem armados
com qualquer equipamento de CDC, deverão marchar com os
braços estendidos e com os punhos cerrados.

Foto 18 - Posição de passo ordinário (tempo 1) Foto 19 - Posição de passo ordinário (tempo 2)

57
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.13 Sem cadência: esse comando será realizado em


dois tempos. No primeiro tempo, partindo da posição de
“Sentido”, ao comando de “SEM CADÊNCIA!” os militares devem
levar o escudo a lateral esquerda do corpo na posição vertical. No
segundo tempo, ao comando de “MARCHE!” romperá marcha e
sairá no passo “Sem Cadência”, retornando o escudo a posição
horizontal em relação ao solo.

Foto 20 - Posição de sem cadência (tempo 1) Foto 21 - Posição de sem cadência (tempo 2)

58
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.14 Correndo: partindo da posição de “Sentido”, esse


comando é executado em dois tempos. No primeiro tempo ao
comando de “CORRENDO!” os militares devem levar o escudo a
lateral esquerda do corpo na posição vertical, gritando
simultaneamente o brado de “CHOQUE!”. No segundo tempo, ao
comando de “CURTO!” romperá marcha, e sairá correndo,
retornando o escudo a posição horizontal em relação ao solo.

Foto 22 - Posição de correndo (tempo 1) Foto 23 - Posição de correndo (tempo 2)

59
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.15 Fora de forma: esse comando será realizado em


dois tempos. No primeiro tempo, partindo da posição de
“Sentido”, o militar levará o escudo à lateral esquerda do corpo na
posição vertical, elevando simultaneamente a ponta do bastão a
um ângulo de aproximadamente 45º em relação ao solo. No
segundo tempo, no comando de execução, o militar romperá
marcha gritando simultaneamente o brado de “CHOQUE!”
quando o pé esquerdo tocar ao solo. Os militares que não
estiverem armados com qualquer equipamento de CDC, deverão
romper marcha com os braços estendidos e com os punhos
cerrados bradando “CHOQUE!” assim como os demais membros
do pelotão.

Foto 24 - Posição de fora de forma (tempo 1) Foto 25 - Posição de fora de forma (tempo 2)

60
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPÍTULO II – CONCEITOS DE CONTROLE DE


DISTÚRBIOS CIVIS

1. GRUPAMENTOS HUMANOS

 1.1 Aglomeração: grande número de pessoas reunidas


temporariamente. Geralmente, os membros de uma
aglomeração pensam e agem como elementos isolados e não
organizados. A aglomeração poderá resultar da reunião acidental
e transitória de pessoas, tal como acontece na área comercial da
grande cidade em seu horário de trabalho ou nas estações
ferroviárias em determinados momentos.
 1.2 Multidão: aglomeração psicologicamente unificada
por interesse comum. A formação da multidão caracteriza-se pelo
aparecimento do pronome "nós" entre os seus membros, assim,
quando um membro de uma aglomeração afirma - "nós estamos
aqui pela cultura", "nós estamos aqui para prestar solidariedade",
ou "nós estamos aqui para protestar" podemos também afirmar
que a multidão está constituída e não se trata mais de uma
aglomeração. A multidão pode ser:
1.2.1 Casual: é simplesmente um grupo de pessoas
que ocorre de estar no mesmo local ao mesmo
tempo. Ex: Consumidores e turistas. A
probabilidade de violência é praticamente nula;
1.2.2 Coesa: consiste de membros envolvidos por
algum tipo de unificação prévia, tais como: trabalho,
dançarinos, músicos, cantores ou espectadores de
eventos esportivos. Requer provocação antes de
agirem;

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1.2.3 Expressiva: as pessoas estão juntas por um


propósito em comum ou encontro. Ex: Protesto
contra a PEC 29;
1.2.4 Agressiva: composta de indivíduos que se
unem com um propósito específico. São
barulhentos, necessitando apenas de uma
simulação mínima para desencadear violência. Ex:
anonymous e black blocs.

 1.3 Turba: multidão em desordem. Reunião de pessoas


que, sob estímulo de intensa excitação ou agitação, perdem o
senso da razão e respeito à lei, e passam a obedecer a indivíduos
que tomam a iniciativa de chefiar ações desatinadas. Uma
aglomeração poderá se transformar em uma turba quando a
totalidade dos seus membros estabelecem um objetivo comum a
atingir e manifestar intenção de realizá-lo, sem medir
consequências. Uma turba pode ser:
1.3.1 Agressiva: é aquela que estabeleceu um
estado de perturbação da ordem e realizam atos de
violência, tal como acontece em distúrbios
resultantes de conflitos políticos ou raciais, nos
linchamentos ou nas rebeliões de detentos;
1.3.2 Em pânico: aquela que procura fugir. Na
tentativa de garantir sua segurança pela fuga. O
pânico poderá originar-se de boatos, incêndios ou
explosões;
1.3.3 Predatória: é impulsionada pelo desejo de
apoderar-se de bens materiais, como é o caso dos
distúrbios para obtenção de alimentos.

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2. FORMAS DE EXPRESSÃO DO COLETIVO SOCIAL

 2.1 Manifestação: demonstração, por pessoas reunidas,


de sentimento hostil ou simpático à determinada autoridade ou a
alguma condição, movimento econômico ou social. Podem ser
legais ou ilegais, pacíficas ou violentas.
 2.2 Tumulto: desrespeito à ordem, levado a efeito por
várias pessoas, em apoio a um desígnio comum de realizar certo
empreendimento, por meio de ação planejada contra quem a elas
se oponham. O desrespeito à ordem é uma perturbação
promovida por meio de ações ilegais, traduzidas numa
demonstração de natureza violenta ou turbulenta.
 2.3 Revolução: é uma profunda transformação social no
poder ou nas estruturas organizacionais públicas ou privadas, de
modo progressivo ou repentino, e que podem variar em termos
de métodos empregados, duração e motivação ideológica.
Podem ter características pacíficas ou violentas e seus
resultados propiciam alterações na cultura, economia e no
ideário sócio-políticos. As revoluções podem ou não possuir
mobilização em massa.

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3. FATORES QUE INFLUENCIAM AS TRANSFOR-


MAÇÕES NO COLETIVO SOCIAL

 3.1 Subversão: é o conjunto de ações, de âmbito local, de


cunho tático e de caráter predominantemente psicológico que
buscam de maneira lenta, progressiva, insidiosa e, pelo menos
inicialmente, clandestina e sem violência, a conquista física e
espiritual da população sobre a qual são desencadeadas,
através da destruição das bases fundamentais da comunidade
que integra, na decadência e perda da consciência moral, por
falta de fé em seus dirigentes e de desprezo às instituições
vigentes, levando-as a aspirar uma forma de comunidade
totalmente diferente, pela qual se dispõe ao sacrifício.
 3.2 Distúrbios civis: são as inquietações ou tensões que
tomam a forma de manifestações. Situações que surgem dentro
do país decorrente de atos de violência ou desordens prejudiciais
à manutenção da lei e da ordem.
 3.3 Incidentes ou calamidade pública: desastres de
grandes proporções ou sinistros. Resulta da manifestação de
fenômenos naturais em grau elevado e incontrolável, como
inundações, incêndios em florestas, terremotos, tufões,
disseminação de substâncias letais que poderão ser de natureza
química, radioativa ou bacteriológica.
3.4 Perturbação da ordem pública: em sentido amplo,
são os tipos de ações que comprometem, prejudicam ou
perturbam a organização social, pondo em risco as atividades e
os bens públicos e privados.

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4. CAUSAS DOS DISTÚRBIOS CIVIS



 4.1 Sociais: os distúrbios de natureza social poderão ser
resultantes de conflitos raciais, religiosos, de exaltações
provocadas por comemorações, por acontecimentos esportivos
ou por outras atividades sociais.
 4.2 Econômicas: os distúrbios de origem econômica
provêm de desnível entre classes sociais, desequilíbrio
econômico entre regiões, divergências entre empregados e
empregadores, resultantes de condições sociais de extrema
privação ou pobreza, as quais poderão induzir o povo à violência
para obter utilidades necessárias à satisfação de suas
necessidades essenciais.
 4.3 Políticas: os distúrbios poderão originar-se de lutas
político-partidárias, divergências ideológicas estimuladas ou não
por países estrangeiros, ou da tentativa de atingir o poder político
por meios não legais.
 4.4 Calamidades públicas: determinadas condições
resultantes de catástrofes poderão gerar violentos distúrbios
entre o povo pelo temor de novas ações catastróficas, pela falta
de alimento, vestuário, abrigo, ou mesmo em consequência de
ações de desordem e pilhagem levadas a efeito por elementos
marginais.
4.5 Omissão ou falência da autoridade constituída: a
omissão da autoridade no exercício das suas atribuições poderá
originar distúrbios levados a efeito por grupos de indivíduos
induzidos à crença de que poderão violar a lei impunemente.

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5. AÇÕES QUE EM CONTROLE DE DISTÚRBIOS


CIVIS PODEM SER DESENCADEADAS CONTRA A
TROPA

 5.1 Impropérios: a turba poderá dirigir impropérios aos
elementos encarregados de manter a ordem, como, por exemplo,
observações obscenas ou insultos, visando ridicularizá-los ou
escarnecê-los.
 5.2 Ataques a pequenos grupos ou veículos: as turbas
poderão dar vazão a seu rancor atacando indivíduos ou
pequenos grupos, espancando-os gravemente ou matando-os,
virando viaturas, incendiando-as, danificando-as ou roubando-
as.
 5.3 Lançamento de objetos: frutas ou legumes podres,
pedras, garrafas, paus e bombas improvisadas que poderão ser
lançadas de pontos dominantes contra a tropa, através de
janelas ou telhados próximos.
 5.4 Impulsionar veículos ou objetos contra a tropa:
estando a tropa em ponto dominado de uma encosta, os
elementos amotinados poderão fazer rolar objetos perigosos de
toda natureza, e mesmo lançar sobre ela, viaturas em marcha
abandonadas há tempos pelo motorista que as dirigem.
 5.5 Emprego de fogo: mediante o emprego de fogo
poderão incendiar edifícios para bloquear o avanço da tropa, criar
confusão ou exercer ação divisória, espalhar gasolina ou óleo
sobre determinada área e lançar-lhe fogo quando a tropa nela
penetrar, ateando fogo, principalmente em área com declive na
direção da tropa.

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 5.6 Destruições: as turbas poderão usar gás natural,


dinamite ou outros explosivos colocando cargas em um edifício e
fazendo-as explodir no momento em que as tropas ou veículos se
encontrem em sua frente, ou então, fazendo-as explodir de forma
que os destroços obstruam a rua; enterrando cargas de
destruição nas ruas e acionando-as quando a tropa passa sobre
ela; rolando-as contra a tropa ou dirigindo contra ela veículos que
contenham explosivos, encaminhando em direção à tropa cães
ou outros animais com explosivos amarrados ao corpo. As cargas
poderão ser acionadas por controle remoto, espoletas ou
acionadores de retardo; empregando carga de destruição para
romper um dique (elevação de concreto que previne as
enchentes dos rios), uma barragem ou uma represa, a fim de
inundar uma área para bloquear a passagem em uma rodovia
pela destruição de um viaduto situado sobre ela.
 5.7 Utilização de arma de fogo: os líderes de uma turba
poderão determinar o emprego de arma de fogo contra a tropa,
para encorajar os participantes na realização de ações mais
violentas e ousadas. O disparo contra a tropa poderá restringir-se
a tiro de emboscada, ou atingir um volume ponderável, partindo
de edifícios ou da própria turba.
 5.8 Outras ações ou artifícios: os líderes poderão
colocar à frente dos manifestantes crianças, mulheres, idosos,
para angariar a simpatia da tropa e desencorajar seu
comandante ao emprego de agentes químicos ou arma de fogo.
Poderá prender ganchos, correntes, arames, cordas às
barricadas e derrubá-las, utilizando hastes de madeira ou metal
para manter a tropa à distancia enquanto as cordas são

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amarradas para desmoralizá-la e obstruí-la, com o objetivo


primordial de impedir seu avanço e o cumprimento de sua missão
de restabelecer a ordem e o controle pela autoridade constituída.

6. FATORES PSICOLÓGICOS QUE INFLUENCIAM O


COMPORTAMENTO DOS INDIVÍDUOS

 6.1 Número: a consciência que os integrantes de uma


turba têm do valor numérico da massa que a constitui influindo-
lhes uma sensação de poder e segurança.
 6.2 Sugestão: nas turbas por sugestão, as ideias se
propagam despercebidas, sem que os indivíduos influenciados
raciocinem ou possam contestá-las, aceitam sem discutir as
propostas de um líder influente.
 6.3 Contágio: pelo contágio as ideias se difundem e a
influência transmite-se de indivíduo a indivíduo nas turbas. Assim
elas tendem sempre a atrair novos manifestantes.
 6.4 Anonimato: dissolvido na turba, acobertado pelo
anonimato, o indivíduo poderá perder o respeito próprio e
consequentemente sentir-se-á irresponsável por seus atos,
quaisquer que sejam.
 6.5 Novidade: face às circunstâncias novas e
desconhecidas nem sempre o indivíduo reage conforme suas
normas de ação habituais. Não encontrando estímulos
específicos, que de ordinário controlavam seus atos, deixará de
aplicar sua experiência anterior que costumava guiá-lo na
solução dos problemas cotidianos. Seu subconsciente poderá

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até aceitar a quebra de rotina e acolher com satisfação as novas


circunstâncias.
 6.6 Expansão das emoções reprimidas: preconceitos e
desejos insatisfeitos, normalmente contidos, expandem-se logo
nas turbas concorrendo como perigoso incentivo à prática de
desordens, pela oportunidade que tem os indivíduos de
realizarem, afinal, o que sempre almejaram mas nunca tinham
ousado.
 6.7 Imitação: o desejo irresistível de imitar o que os outros
estão fazendo poderá levar o indivíduo a tornar-se parte
integrante de uma turba.

7. TIPOS DE AÇÕES DE CONTROLE DE


DISTÚRBIOS CIVIS

 7.1 Resistência pacifica: muito utilizada pelos


seguidores de Ghandi na Índia. Consiste em permanecer deitado
ou sentado ao chão com a finalidade de prejudicar a ação policial.
Necessita do emprego de equipamentos especiais espargidor de
gás pimenta, jatos de água ou tinta, cães, etc.
 7.2 Desobstrução de via: ação, via de regra, mais
simples, pois quase sempre há vias de fuga. Na maioria das
vezes é provocada por oportunistas, que não têm muita
disposição em resistir. Não requer equipamento especial da tropa
de choque. Boa possibilidade de utilização de agentes químicos,
por se tratar de local aberto.

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 7.3 Reintegração de posse: necessita de planejamento


apurado, negociação e paciência, bem como a verificação de
itinerários alternativos, pois existem possibilidades de
barricadas. A atuação se dá nas primeiras horas da manhã. É
difícil a atuação de agentes de inteligência.
 7.4 Manifestação: atuação somente em extrema
necessidade pois na maioria das vezes têm caráter pacifico. Em
caso de necessidade de intervenção, deve-se atuar com
planejamento, determinando os objetivos. Deve-se atentar para
os locais onde serão deixadas as viaturas e os apoios. A
necessita de atuação de agentes de inteligência.
 7.5 Rebelião em presídio: atuação bem peculiar.
Necessita de checklist de equipamentos e conhecimento prévio
do local através de croquis ou plantas bem como apoio do Corpo
de Bombeiros, OPM da área, canil, BOPE, GRAER e outros
órgãos públicos.

8. TIPOS DE MASSAS/CARACTERÍSTICAS

 Os causadores dos distúrbios podem ser: manifestantes


comuns, presidiários, invasores de terras, torcedores e outros
grupos visando alcançar de forma mais efetiva seus objetivos,
sejam eles justos ou não.
 Cabe a PM impedir que essas manifestações ocorram,
atuando sempre dentro da legalidade, evitando-se danos ao
patrimônio, à integridade física de terceiros e dos próprios
participantes.

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 8.1 Massas pacíficas: reúnem-se por motivos “justos” ou


pacíficos, pelas próprias características do grupo não
demonstram atitudes radicais.
8.1.1 Idosos: é um grupo muito desorganizado sem
muita disposição para reagir e que normalmente
conta com apoio de outros grupos;
8.1.2 Religiosos: é um grupo que normalmente se
reúne para mega eventos mas devido a sua
peculiaridade raramente causam incidentes. Ex.:
missa do Padre Marcelo Rossi, caminhadas
evangélicas;
8.1.3 Grupos raciais e comportamentais: é um
grupo que se reúne esporadicamente com a
presença de lideranças não muito destacadas, mas
que normalmente atua de forma pacífica. Ex.:
negros, gays e índios.

 8.2 Massas organizadas: são grupos que possuem uma


liderança mais definida, possuem relativa disposição para
enfrentar o policiamento local, além de terem objetivos
específicos de interesse de seu grupo social.
8.2.1 Professores: grupo muito numeroso que com
a aliança de outros grupos se mostra sugestionável
e com atitudes de revolta;
8.2.2 Metalúrgicos: grupo também numeroso,
altamente politizado e com fortes lideranças que em
outros anos demonstrou ser violento, causando
muitos problemas para as autoridades policiais;
8.2.3 Sem terras: grupo numeroso, politizado, com
lideranças e fortes influências externas.

 8.3 Massas violentas: são grupos que muitas vezes não


possuem lideranças definidas, mas possuem a característica de
promover atos de violência:
8.3.1 Punks: possuem características violentas,
sem objetivos definidos a não ser chamar a atenção
e causar danos;

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8.3.2 Torcedores uniformizados: quando unidos


geralmente cometem atos de vandalismo.
8.3.3 Detentos: grupo extremamente violento com
atitudes imprevisíveis, todavia confinados a um
determinado local. Não tem nada a perder.
8.3.4 Perueiros e camelôs: grupos que se
destacam por atos de violência e demonstram fácil
comunicação entre si. Grupos emergentes com
características violentas.
8.3.5 Estivadores: grupo muito violento.

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CAPÍTULO III
TÉCNICA DE CDC

1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PELOTÃO DE


CHOQUE

1.1 É indivisível;
1.2 Todo PM é responsável pela segurança do pelotão de
choque e pelo colega do lado;
1.3 Todo PM do pelotão de choque zela sempre pelo seu
equipamento individual e o conhece perfeitamente;
1.4 O escudeiro sempre tem prioridade sobre os demais
PM's do pelotão de choque;
1.5 Conhece a missão e todos os objetivos a serem
alcançados;
1.6 Só desembarca mediante ordem de seu comandante;
1.7 Pelotão só atua quando há visibilidade do terreno e do
oponente;
1.8 Mantem–se sempre distante do oponente (mínimo
trinta metros);
1.9 Atua estritamente dentro da lei e demonstrando
autoridade sempre, deixando as questões sociais ou
políticas a cargo das pessoas responsáveis;
1.10 Age sempre observando os critérios de prioridade de
emprego de meios.

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2. PRIORIDADE DE EMPREGO DE MEIOS

 Considerando que o objetivo principal da tropa de


choque é de dispersar a multidão em distúrbios, o
comandante da tropa deve usar todos os meios possíveis para
cumprir a missão e, ao mesmo tempo, evitar a violência gratuita.
Buscando em suas ações, na medida do possível, seguir uma
determinada linha de procedimentos, pois é necessário que se
preocupe sempre em evitar o confronto, tendo em vista que
sempre a tropa estará em menor número e que o resultado do
confronto é duvidoso.
Nem sempre a ordem da prioridade de emprego de meios
será seguida à risca, uma vez que cada ocorrência tem sua
peculiaridade que a diferencia das demais. Assim, caberá ao
comandante da tropa de choque avaliar qual o melhor momento
para empregar os recursos disponíveis observando os critérios
de necessidade e proporcionalidade.
Com isso, conclui-se que, embora a prioridade de
emprego dos meios esteja elencada como uma sequência, nem
sempre ela poderá ser obedecida, visto que em alguns casos
algumas etapas poderão ser antecipadas. Ex: a qualquer
momento poderá ser feito o recolhimento de provas ou mesmo a
detenção de líderes, bem como o utilização de arma de fogo
poderá ser precedida de outras ações se ficar caracterizada
legítima defesa própria ou de terceiros.
Enumeramos então as providências ou prioridade no
emprego dos meios.

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 2.1 Vias de fuga: o conhecimento prévio do local do


distúrbio é de suma importância para permitir o deslocamento e a
aproximação da tropa por vias de acesso adequadas de modo a
assegurar vias de fuga aos manifestantes. Quanto mais
caminhos de dispersão forem dados à multidão mais
rapidamente ela se dispersará. A multidão não deve ser
direcionada contra obstáculos físicos ou outra tropa, pois
ocorrerá um confinamento de consequências violentas e
indesejáveis. Se não há o conhecimento prévio do local, uma boa
maneira de fazer tal levantamento é através da tropa de área que
poderá passar detalhes preciosos que ajudarão na formulação
da tática a ser adotada.
 2.2 Demonstração de força: consiste no posicionamento
da tropa às vistas dos manifestantes e tão próxima quanto
possível para agir rapidamente. A demonstração de força deve
ser feita através da disposição da tropa em formação disciplinada
à vista da multidão e no ponto mais próximo, sem contudo
comprometer a segurança do pelotão. Com isto, provocará um
grande efeito psicológico sobre as pessoas, pois as formações
tomadas pela tropa dão uma ideia de organização e preparo.
 2.3 Ordem de dispersão: deve ser dada pelo
comandante da tropa através de amplificadores de som de modo
que os manifestantes possam ouvir claramente. Não deve
ameaçar, repreender ou desafia-los. Os manifestantes devem
sentir firmeza da decisão da tropa em fazer cumprir a ordem de
dispersão.


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2.4 Recolhimento de provas: deve ser realizada durante


toda a operação, fotografando, filmando ou mesmo gravando os
fatos ocorridos para posterior responsabilização civil e penal dos
manifestantes. Um fotógrafo atuando junto à tropa causa um
efeito nos manifestantes que temem sua posterior identificação,
e os que estão no anonimato procurarão se esconder ou
abandonar o local.
2.5 Emprego de água: jatos de água lançados por
veículos especiais (Centurion) ou de mangueira de incêndio
(bombeiro) para movimentar a multidão. Tinta inofensiva
(corante) poderá ser misturada a água, a fim de marcar as
pessoas para posterior identificação ou mesmo para aumentar o
efeito psicológico.
2.6 Emprego de agentes químicos e munições de
impacto controlado: observar a direção do vento que deverá
soprar da tropa para a multidão. Sempre que possível a tropa
deverá estar equipada com máscara de proteção respiratória. A
baixa concentração de agentes lacrimogêneos facilitará a fuga
da multidão, enquanto que em alta concentração causará turba
em pânico, cegueira temporária, paralisação dos manifestantes,
entre outros transtornos que dificultará a dispersão.
Sempre que possível deve-se empregar as granadas
fumígenas, ou seja, aquelas que não produzem estilhaços,
dando assim uma última oportunidade de retirada para aqueles
que não tem intenção de enfrentar a tropa.
Uma granada explosiva ou mista pode ser lançada para
que se confunda a massa que ficará receosa em apanhar as
granadas lançadas anteriormente.


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Durante a utilização de agentes químicos, o comandante


da tropa deverá se preocupar com a contaminação do ambiente,
tendo o cuidado de não deixá-lo muito saturado, uma vez que
baixa concentração é igual a fuga da multidão, ao passo que alta
concentração é igual a cegueira, atordoamento e pânico.
A utilização de agentes químicos após o emprego de água
se justifica pelo fato desta ser menos agressiva e pelo seu baixo
potencial lesivo. Se utilizada antes, a água potencializará os
efeitos dos agentes químicos que serão lançados
posteriormente, ao passo que descontaminará as pessoas
atingidas se utilizada após os agentes químicos.
As munições de impacto controlado devem ser utilizadas
para a proteção do pelotão e deverão ser empregadas em alvos
pontuais, dando-se preferência àquelas que propiciam maior
precisão no disparo.
2.7 Carga de cassetete: a tropa deverá avançar
preferencialmente na formação em linha sobre a multidão. A
carga deve ser rápida, segura e curta, deve ser efetuada da
maneira mais ofensiva possível e o ânimo da tropa em dissolver a
massa deve estar latente e visível. O objetivo da carga é
dispersar a multidão, e não é atingir o maior número de
manifestantes. A velocidade com que a multidão se dispersa é
importante, pois dará menos tempo para que se reorganize.
 2.8 Detenção de líderes: deve ser efetuada de
preferência no decorrer da carga de cassetete ou logo após a
carga, porém, sabemos que os líderes são os primeiros a fugir
com o avanço da tropa. Neste caso, podemos usar PMs à
paisana para perseguição discreta e detenção posterior.


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2.9 Carga de cavalaria: em ocorrência típica de CDC, a


tropa de cavalaria deve atuar em apoio ao pelotão de choque a
pé, pois sua atuação de forma isolada, pode comprometer o uso
gradual e seletivo da força. A carga de cavalaria é um dos
recursos mais contundentes e traumáticos em uma ocorrência de
CDC, por isso, só deverá ser utilizada como último recurso antes
do emprego de qualquer recurso letal.
 2.10 Atirador de elite: dotados de armas de precisão e em
local estratégico para neutralizar, mediante ordem, pessoas que
dispararem contra a tropa, contanto que tenha um bom campo de
tiro.
 2.11 Emprego de arma de fogo generalizado: é a
medida mais extrema a ser tomada pelo comandante e deve ser o
último recurso quando ocorrer por parte dos agitadores uma
grande concentração de fogo contra a tropa. Embora toda
atuação da tropa de choque seja realizada sob comando, em
casos de legítima defesa própria ou de terceiros frente a
confronto com indivíduos armados, os militares do pelotão
deverão revidar com os recursos que lhes são disponíveis.

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3. COMPOSIÇÃO BÁSICA DO PELOTÃO DE


CHOQUE

 O pelotão de choque é organizado de forma que cada
homem possua uma função definida. Além disso, com exceção
dos militares que exercem função de comando, cada um de seus
integrantes possui um número de ordem que visa facilitar a
adoção de formações e o controle do pelotão.
O efetivo do pelotão de choque padrão é de vinte e seis
homens, podendo variar de acordo com a disponibilidade de
pessoal, situação na qual se deve ter em mente a missão que vai
se realizar para que o efetivo seja dividido em funções. Deve-se
dar atenção especial aos escudeiros, evitando-se ao máximo
fixar número inferior a doze. Caso essa quantidade tenha que ser
flexionada para mais ou para menos, observar que sempre
deverá ser diminuído ou acrescido de múltiplos de quatro.
 O efetivo mínimo do pelotão de choque é de dezoito
homens. No entanto, não há um número máximo, cabendo ao
comandante do pelotão, dependendo da disponibilidade de
efetivo, definir e distribuir as funções caso o efetivo ultrapasse o
de vinte e seis homens.
 Nesses casos o comandante poderá aumentar o número
de operadores das funções já existentes no pelotão (escudeiros,
lançadores, atiradores e etc.) ou criar novas funções
dependendo da necessidade. Ex: grupos de busca e captura,
homem borduega, homem câmera, caixa choque e etc.

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4. SIMBOLOGIA UTILIZADA NA REPRESENTAÇÃO


GRÁFICA DO PELOTÃO DE CHOQUE

Comandante
Comandante de CIA
de pelotão

Comandante
Sargento auxiliar (1) de grupo (2);

E Escudeiros (12); L Lançadores (2);

G Granadeiros (2);
A Atiradores (2);

M Motorista (1); He Homem extintor (1);

S Seguranças (2);

 A presente simbologia é utilizada na representação gráfica


do pelotão de choque, às letras “A”, “E”, “G”, “M”, “L”, “S” e “He”
devem ser acrescentados os números que forem atribuídos ao
efetivo, por exemplo: E01, é utilizado para o escudeiro zero um.

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5. FUNÇÕES DO EFETIVO DO PELOTÃO DE


CHOQUE

 Como vimos, cada policial militar possui função específica


dentro do Pelotão de Choque, as funções são as seguintes:
 5.1 Comandante do pelotão de choque: função exercida
por oficial subalterno ou aspirante a oficial. Tem a função de
comandar efetivamente o pelotão de choque nas ações de
controle de distúrbios sendo o responsável quanto ao seu
emprego operacional. Deverá estar armado com pistola cal .40 e
equipado com capacete (balístico ou anti-tumulto), caneleira e
espargidor.
 5.2 Sargento auxiliar: é o graduado mais antigo do
pelotão. É o auxiliar direto do comandante do pelotão, deve estar
pronto para substituí-lo em casos de necessidade, vai coordenar
a atividade dos comandantes de grupo retransmitindo a estes as
ordens do comandante de pelotão. Deverá estar armado com
pistola cal .40 e equipado com capacete (balístico ou anti-
tumulto), caneleira e espargidor.
 5.3 Comandante de grupo: são os dois graduados mais
antigos do pelotão após o sargento auxiliar. Na falta de
sargentos, essa função poderá ser exercida pelos cabos. É o
responsável pela correção e orientação da fração sobre seu
comando durante as formações de choque, evitando que ocorra
isolamento do homem durante a ação e atentando para a
agilidade dos movimentos. No pelotão ideal serão empregados
dois comandantes de grupo. Deverão estar armados com pistola
cal .40 e equipados com capacete (balístico ou anti-tumulto),
caneleira e espargidor.
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 5.4 Escudeiros: função exercida preferencialmente por


cabos e soldados. São responsáveis, primordialmente, pela
proteção do pelotão com auxílio de escudos, contra ações
desencadeadas contra a tropa. No pelotão ideal serão
empregados doze escudeiros. Deverão estar armados com
pistola cal .40 e equipados com capacete (balístico ou anti-
tumulto), escudo (balístico ou anti-tumulto) e caneleira.
5.5 Lançadores: encarregados de lançar com o auxílio de
instrumentos apropriados (lançador de granadas ou munições
químicas) por determinação de quem estiver comandando, as
granadas, bem como fazer o uso de espargidores que estão em
poder do pelotão de choque. No pelotão ideal serão empregados
dois lançadores. Deverão estar armados com pistola cal .40 e
equipados com capacete (balístico ou anti-tumulto), caneleira e
espargidor.
 5.6 Granadeiros: encarregados de lançar manualmente,
por determinação de quem estiver comandando, as granadas,
bem como fazer o uso de espargidores que estão em poder do
pelotão de choque. No pelotão ideal serão empregados dois
granadeiros. Deverão estar armados com pistola cal .40 e
equipados com capacete (balístico ou anti-tumulto), caneleira e
espargidor.
 5.7 Atiradores: responsáveis pelos disparos de munições
de impacto controlado, com utilização de armamento apropriado,
mediante determinação de quem estiver no comando. No pelotão
ideal serão empregados dois atiradores. Em regra, os disparos
são realizados nas laterais do pelotão com a proteção dos
escudeiros. Deverão estar armados com pistola cal


82
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

.40 e equipados com capacete (balístico ou anti-tumulto) e


caneleira.
5.8 Homem extintor: no caso de tropa embarcada em
carro de combate, o policial militar tem por missão operar o
canhão d'água; caso a tropa esteja a pé, será o responsável pela
condução do extintor de incêndio e equipamentos de primeiros
socorros, assumindo também a função de socorrista. No pelotão
ideal será empregado um homem extintor. Deverá estar armado
com pistola cal .40 e equipado com capacete (balístico ou anti-
tumulto) e caneleira.
 5.9 Motorista: é o encarregado da condução, segurança e
da manutenção de primeiro escalão da viatura empregada em
controle de distúrbios. Dependendo da situação não estará em
forma e sim, embarcado na viatura. No pelotão ideal será
empregado um motorista. Deverá estar armado com pistola cal
.40 e equipado com capacete (balístico ou anti-tumulto) e
caneleira.
 5.10 Seguranças: responsáveis pela segurança real do
pelotão de choque. No pelotão ideal serão empregados dois
seguranças. Nas ocorrências de controle de distúrbios em
ambiente urbano, os dois seguranças deverão estar armados
com armamento próprio para utilização de munições de impacto
controlado. Deverão estar armados com pistola cal .40 e
equipado com capacete (balístico ou anti-tumulto) e caneleira.
Nas ocorrências em ambiente rural, a exemplo de uma
reintegração de posse, após avaliação do comandante do
pelotão, esses poderão utilizar arma de fogo portátil tipo fuzil 7,62
ou carabina 556 ou ainda submetralhadora .40.

83
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Obs.: as funções de lançador, granadeiro, atirador e


segurança serão exercidas pelos militares de confiança do
comandante do pelotão de choque, uma vez que só agem
mediante comando. Necessitam de conhecimento aprofundado
em áreas específicas e treinamento diferenciado. Portanto
independente de graduação, tais militares deverão ter as
seguintes características:
1. Habilidade para manusear o equipamento
correspondente à função;
2. Pré-disposição ao cumprimento de ordens.

6. FORMAÇÕES ADOTADAS PELO PELOTÃO DE


CHOQUE

 As formações serão adotadas de acordo com a
necessidade e levando-se em consideração: o terreno; o formato
da massa; seu tamanho e a direção que se quer dar a mesma.

84
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 6.1 Divisão didática


  6.1.1 Básicas:
· Coluna por dois;
· Coluna por três;

  6.1.2 Ofensivas:
· Em linha;
· Em cunha;
· Escalão à direita;
· Escalão à esquerda;

  6.1.3 Defensivas:

   6.1.3.1 dinâmicas:
· Guarda alta;
· Guarda alta emassada;
· Escudos ao alto;
· Escudos sobre a cabeça ou tartaruga;

   6.1.3.2 estáticas:
· Guarda baixa;
· Guarda baixa emassada;

 6.2 Coluna por dois: é formação básica do pelotão de


choque, normalmente utilizada para deslocamentos, para
enumeração, para conferência de efetivo. É importante frisar que
cada coluna forma um grupo, de modo que a coluna iniciada pelo
escudeiro 01 é o primeiro grupo e a iniciada pelo escudeiro 02 é o
segundo grupo. Assim, os números ímpares ficam do lado
esquerdo do pelotão e pertencem ao primeiro grupo e os
números pares ficam do lado direito do pelotão e pertencem ao
segundo grupo.

85
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Comandante do pelotão

Sgt auxiliar

Sgt comandante de grupo (2)

}
E01 E02

E03 E04

E05 E06
Escudeiros (12)
E07 E08

E09 E10

E11 E12

L13 L14 Lançadores (2)

G15 G16 Granadeiros (2)

A17 A18 Atiradores (2)

M19 Motorista He20 Homem extintor

S21 S22 Seguranças (2)

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Foto 26 - Formação coluna por dois

87
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

6.3 Coluna por três: utilizada em formaturas militares.


Assim, o pelotão estando na formação por dois, ao ser emitido o
comando específico, o sargento auxiliar se posicionará entre os
comandantes de grupo, iniciando uma coluna central formada
pelos escudeiros 09, 11, 10 e 12 respectivamente, além do
motorista 19, homem extintor 20, segurança 21 e segurança 22.

E01 E09 E02

E03 E11 E04

E05 E10 E06

E07 E12 E08

L13 M19 L14

G15 He20 G16

A17 S21 A18

S22

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Foto 27 - Formação coluna por três

89
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 6.4 Em linha: é a formação mais utilizada por uma tropa de


choque e serve para empurrar a massa direcionando-a para as
vias de fuga. Pode, também, ser empregada para conter a massa
ou para bloquear-lhe o acesso a determinado local. Ao comando
correspondente, os escudeiros do 1º grupo ficam dispostos ao
lado um do outro à esquerda do escudeiro 01, definido como
homem base, e os demais integrantes do grupo permanecem a
retaguarda destes. O mesmo procedimento será adotado pelos
escudeiros e demais policiais do 2º grupo que ficarão à direita do
homem base. O espaço padrão entre os escudeiros é o suficiente
para que um integrante do pelotão possa movimentar-se entre os
escudeiros. O comandante do pelotão poderá comandar
formação em linha sem intervalos entre os escudos caso haja
perigo ou ameaça iminente de ataque da turba. Poderá também,
comandar formação em linha com intervalo duplo entre os
escudos caso queira demonstrar força.

E11 E09 E07 E05 E03 E01 E02 E04 E06 E08 E10 E12

A17 G15 L13 L14 G16 A18

M19 He20

S21 S22

Foto 28 - Formação em linha

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 6.5 Em cunha: usada para penetrar e separar a massa,


enfraquecendo-a. A disposição dos homens será a mesma do
pelotão em linha quanto à numeração, diferenciando-se apenas
quanto à formação na qual os policiais militares ficarão. Sendo à
retaguarda e na diagonal, uns dos outros, em ambos os lados (à
esquerda e direita do homem base e do escudeiro n° 02
respectivamente) todos voltados para a mesma frente.

E01 E02

E03 E04
E05 E06
E07
L13 E08
L14
E09 E10
G15
E11 G16
E12
A17 S21 M19 He20 A18
S22

Foto 29 - Formação em cunha

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 6.6 Escalão à direita: direciona o movimento da massa à


direita, numa só direção. A posição numérica dos policiais
permanece a mesma da formação em linha, sendo que os
policiais militares se posicionam a retaguarda direita uns dos
outros, com a frente para o mesmo objetivo.
E11

A17 E09

G15 E07

L13 E05

M19 E03
S21 E01
E02

E04

E06
He20
E08
L14
S22 E10
G16
E12
A18

Foto 30 - Formação escalão à direita

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 6.7 Escalão à esquerda: direciona o movimento da


massa à esquerda, numa só direção. Idêntico ao anterior, porém
os policiais militares estarão à retaguarda esquerda, uns dos
outros.
E12
E10 A18
E08 G16
E06
L14
E04
He20
E02 S22
E01

E03
E05
E07 M19
L13
E09 S21
G15
E11
A17

Foto 31 - Formação escalão à esquerda

93
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 6.8 Guarda alta: nesta formação os escudeiros protegem


o pelotão de arremessos parabólicos e deve ser utilizada diante
de intenso ataque de objetos, visa dar maior proteção à tropa. Os
escudeiros dispõem-se ombro a ombro com os escudos
oferecendo proteção na parte superior do corpo. O cassetete
empunhado pelo escudeiro efetua apoio na parte inferior do
escudo e os policiais da retaguarda o apoiam na parte superior,
para garantir maior firmeza. O escudo, nessa formação, ficará
ligeiramente inclinado para trás.

Foto 32 - Formação guarda alta

94
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 6.9 Guarda alta emassada: mantendo-se as posições do


corpo e do escudo, os três escudeiros de cada extremidade irão
retrair formando uma proteção nas diagonais, tornando uma
formação semelhante a uma meia lua. Nesta formação os
escudeiros protegem o pelotão de arremessos parabólicos num
ângulo de 180º e deve ser utilizada diante de intenso ataque de
objetos, pois visa dar maior proteção à tropa, além disso, há a
possibilidade de deslocamento do pelotão conforme teatro de
operações.

Foto 33 - Formação guarda alta emassada

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 6.10 Escudos ao alto: nesta formação todos os


escudeiros protegem o pelotão de arremessos que venham de
cima enquanto os demais integrantes do pelotão infiltram-se
entre os mesmos.

Foto 34 - Formação escudos ao alto (lateral)

Foto 35 - Formação escudos ao alto (frente)

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 6.11 Escudos sobre a cabeça ou tartaruga: difere da


formação anterior apenas em relação à vanguarda do pelotão,
que estará sendo protegida pelos escudeiros, n˚ 01 e n˚ 02.

Foto 36 - Formação escudos sobre a cabeça (lateral)

Foto 37 - Formação escudos sobre a cabeça (frente)

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

6.11.1 Distribuição do efetivo nas


formações escudo sobre a cabeça e escudos ao alto:

E01 E02

A17 A18

E03 E04

E05 E06

G15 G16

E07 E08

L13 L14

E09 M19 E10

E11 He20 E12

S21 S22

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 6.12 Guarda baixa: os escudeiros dispõem-se ombro a


ombro, agachados, com os escudos oferecendo proteção a todo
o corpo. Aqui o escudo estará tocando o solo, e o cassetete
empunhado pelo escudeiro fará apoio na parte superior do
escudo, ficando seu pé esquerdo encostado no escudo para dar
maior firmeza ao mesmo. Tal formação defensiva caracteriza-se
pela rapidez na execução e adoção de uma formação de
proteção, contudo oferece uma proteção mitigada ou vulnerável
face à área de proteção. Portanto, poderá ser utilizada, por
exemplo, quando o pelotão sofre um ataque por disparo de arma
de fogo e não consegue identificar o atirador.

Foto 38 - Formação guarda baixa

99
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 6.13 Guarda baixa emassada: metade dos escudeiros


estará ombro a ombro, agachados, e a outra metade estará em
pé com o escudo encaixado no de baixo. Tal formação defensiva
caracteriza-se pelo oferecimento de uma grande área de
proteção e uma efetiva proteção da tropa. Contudo, o pelotão
nesta condição perde total mobilidade e, além disso, transforma-
se em alvo fácil para os agressores. Portanto, a adoção desta
formação defensiva não poderá perdurar muito tempo e poderá
ser utilizada, por exemplo, para o socorro de policiais feridos na
ação de CDC. É importante que os policiais nas demais funções,
principalmente comandantes de grupo, ajudem o pelotão a
adotar tal formação, devido seu grau de desconforto.

Foto 39 - Formação guarda baixa emassada.

100
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 Observações:
a) é importante que a tropa esteja informada sobre a
missão, particularidades dos manifestantes, do
espaço físico e objetivos a serem alcançados,
dessa forma tem-se melhores resultados e
aumenta-se a grau de segurança dos integrantes da
tropa.
b) a doutrina de CDC adotada pela PMGO é a
doutrina Ocidental, que é diferente da doutrina
Asiática. Na doutrina Ocidental adota-se
principalemente as formações ofensivas, utiliza-se
menos equipamentos de proteção individual e
coletiva e preserva uma distância de segurança
entre a tropa e a turba (mínimo de 30 metros). As
formações defensivas são utilizadas como exceção
e de forma que, logo após esta tenha-se uma
resposta ofensiva à massa.
c) em todas as formações defensivas as viseiras
deverão estar abaixadas.
d) no caso de ataque por arma de fogo, a formação
que mais rápido dará uma proteção quase que total
ao pelotão de choque é a guarda baixa, tendo em
vista a redução da silhueta e a proteção dada pelos
escudos de proteção balística.

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

7. FORMAÇÕES DE APOIO

 7.1 Apoio central: visa manter reserva do comandante de


companhia, em condições de pronto emprego como apoio ou em
ações isoladas. O pelotão de apoio permanece por dois a
retaguarda do pelotão base.

Foto 40 - Formação de apoio central

102
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 7.2 Apoio lateral: visa dar proteção às extremidades dos


pelotões, principalmente nas atuações em áreas edificadas,
onde existe risco de arremessos ou de disparos pelas laterais da
tropa. Aqui o pelotão de apoio divide-se, sendo que os
integrantes do 1˚ grupo formam uma coluna por um na
extremidade esquerda do pelotão base e os integrantes do 2˚
adotam o mesmo procedimento ao lado direito, com a frente do
escudo voltada para a frente. O procedimento acima é adotado
independente da formação do pelotão base; se mais de um
pelotão for apoiar, estes não devem se dividir, formando cada um
uma coluna nas extremidades.

Foto 41 - Formação de apoio lateral

103
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 7.3 Apoio lateral frente pra lateral: visa dar proteção às


extremidades dos pelotões, principalmente nas atuações em
áreas edificadas, onde existe risco de arremessos ou de disparos
pelas laterais da tropa, aqui o pelotão de apoio divide-se, sendo
que os integrantes do 1˚ grupo formam uma coluna por um na
extremidade esquerda do pelotão base e os integrantes do 2˚
adotam o mesmo procedimento ao lado direito, com a frente do
escudo voltada para a lateral.

Foto 42 - Formação de apoio lateral frente pra lateral

104
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 7.4 Apoio cerrado: visa reforçar a formação do pelotão


base. O pelotão de apoio adota a mesma formação do pelotão
base, porém atrás e nos intervalos deste.

Foto 43 - Formação de apoio cerrado

 7.5 Apoio complementar: o pelotão de apoio adotará a


mesma formação do pelotão principal. Tem a finalidade de
completar e aumentar o tamanho da formação. O 1º grupo
complementa do lado esquerdo do pelotão base, e o 2º grupo
complementa do lado direito do pelotão principal.

Foto 44 - Formação de apoio complementar

105
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

8. FORMAS DE DESLOCAMENTO

 O pelotão de choque desloca-se em todas as formações


com exceção das defensivas estáticas. As formas de
deslocamento são:
 8.1 Em frente: deslocamento utilizado em controle de
multidões através do qual a tropa direciona ou remove a multidão
que não oferece resistência à ação da polícia. Utilizado como
demonstração de força quando existe distância de segurança
entre a tropa e a turba. Serve para desencorajar a turba ao
enfrentamento. É realizado em dois tempos. A partir da formação
comandada, geralmente em linha, é dado o comando de “EM
FRENTE!”. Nesse momento, todos os componentes do pelotão,
partindo da posição “Escudo em Guarda”, colam os calcanhares
e aguardam o comando de execução. Ao comando de
“MARCHE!”, os escudeiros batem o cassetete no escudo e
bradam “CHOQUE!” toda vez que o pé esquerdo tocar ao solo.
Os demais componentes do pelotão apenas bradam “CHOQUE!”
quando o pé esquerdo tocar ao solo. Para cessar o
deslocamento, o comandante emitirá um comando de
advertência, momento em que todos cessarão o brado de
“Choque” continuando o deslocamento. Ao comando de
“ALTO!”, os militares farão “Alto” conforme movimento de ordem
unida convencional, em seguida todos darão um passo a frente
com o pé esquerdo e bradarão “CHOQUE!”.


106
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

8.2 Sem cadência: este deslocamento é realizado nos


casos de aproximação da tropa de locais de barricada ou da
própria turba, quando a possibilidade de enfrentamento é real e
iminente. Neste deslocamento não há nenhum tipo de brado. A
partir da formação comandada, é dado o comando de “SEM
CADÊNCIA!”. Nesse momento, todos os componentes do
pelotão, partindo da posição “Escudo em Guarda”, colam os
calcanhares e aguardam o comando de execução. Ao comando
de “MARCHE!”, os escudeiros se unem e a execução ocorre
conforme os movimentos de ordem unida convencional. Ao
comando de “ALTO!” os militares executarão conforme
movimento de ordem unida convencional.
 8.3 Carga de cassetete: o comando é dado normalmente
a partir da formação em linha. Após o comando de advertência, é
dado o comando de “PREPARAR PARA CARGA!”. Nesse
momento, todos os componentes do pelotão abaixam a viseira do
capacete e aguardam o próximo comando. Ao comando de
“PARA CARGA, POSIÇÃO!”, os escudeiros erguem o cassetete
verticalmente acima da cabeça e bradam “CHOQUE!”. Logo
após, o comandante especificará a distância em que o pelotão
deverá avançar, e ao comando de “CARGA!” a tropa inicia o
deslocamento onde todos os policiais correrão gritando como
forma de intimidação e demonstração de força.


107
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

8.4 Embarque: estando o pelotão de choque em coluna


por dois, do lado direito do micro e com a frente voltada para o
mesmo sentido da frente do micro-ônibus, ao comando de
“PREPARAR PARA EMBARCAR!”, “EMBARCAR!”, todos fazem
frente para a retaguarda e bradam “CHOQUE!”. Na sequência, os
componentes do 1º grupo embarcam pela porta dianteira do
micro-ônibus e os do 2º grupo pela porta traseira. O segurança 21
fará a guarda da porta dianteira e o segurança 22 fará a guarda da
porta traseira. Caso o veículo de transporte de tropa tenha
apenas uma porta de acesso pelo fundo do micro o procedimento
se dará da seguinte forma: ao comando de “PREPARAR PARA
EMBARCAR!”, “EMBARCAR!”, todos fazem frente para a
retaguarda e bradam “CHOQUE!”. Na sequência, os dois grupos
embarcarão simultaneamente pela porta dos fundos do micro,
sendo que os componentes do 1º grupo sentarão do lado
esquerdo do micro e os do 2º grupo do lado direito. Nessa forma
de embarque os dois seguranças farão o alto guardado,
realizando a proteção do pelotão até que o último componente
realize o embarque, embarcando posteriormente.


108
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 8.5 Desembarque: estando o pelotão de choque


e m b a r c a d o , a o c o m a n d o d e “ P R E PA R A R PA R A
DESEMBARCAR!”, os policiais deverão pegar seus materiais de
porte e ajustar o equipamento individual. Na sequência o
comandante do pelotão indicará para qual lado da viatura a tropa
deverá desembarcar (direita, esquerda, frente ou retaguarda).
No comando de “DESEMBARCAR!”, todos batem o pé direito no
solo do micro, e os escudeiros batem o pé e a ponta do cassetete
no solo do micro-ônibus bradando “CHOQUE!” de forma
simultânea. A sequência do desembarque é a mesma do
embarque, ou seja, os componentes do 1º grupo desembarcarão
pela porta dianteira e os do 2º grupo pela porta traseira. No
desembarque os seguranças desembarcam primeiro e ficam
fazendo a segurança do pelotão até que o último desembarque
com segurança. Caso o veículo de transporte de tropa tenha
apenas uma porta de acesso pelo fundo do micro o procedimento
ser dará da seguinte forma: No comando de “DESEMBARCAR!”,
todos batem o pé direito no solo do micro, e os escudeiros batem
o pé e a ponta do cassetete no solo do micro-ônibus bradando
“CHOQUE!” de forma simultânea. A sequência do desembarque
é a mesma do embarque, ou seja, os dois grupos desembarcarão
de forma simultânea pela porta do fundo do micro. No
desembarque os seguranças desembarcam primeiro e ficam
fazendo a segurança do pelotão até que o último desembarque
com segurança.

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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9. COMANDO DE PELOTÃO

 O comando de um pelotão de choque se divide em


comando verbal e comando por gestos.
 9.1 Comando Verbal: o comando verbal possui, em geral,
três tempos: advertência, comando propriamente dito e
execução. O comando propriamente dito divide-se em: posição,
frente e formação. O comando de execução pode ser
“MARCHE!”, “MARCHE MARCHE!” para formações ofensivas ou
“POSIÇÃO!” para formações defensivas.
9.1.1 exemplo de comando para formação
ofensiva:
Advertência: atenção pelotão ou somente pelotão!
Comando propriamente dito:
• Posição: 10 metros à frente, direita, esquerda ou
retaguarda;
• Frente: frente à esquerda; direita ou retaguarda
• Formação: em linha;
Execução: “MARCHE!” ou “MARCHE MARCHE!”.

9.1.2 exemplo de comando para formação


defensiva:
Advertência: atenção pelotão ou somente pelotão!
Comando propriamente dito:
• Posição: 10 metros à frente, direita, esquerda ou
retaguarda;
• Frente: frente à esquerda; direita ou retaguarda;
• Formação: guarda baixa;
Execução: “POSIÇÃO!”

110
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9.1.3 Exemplo de comando de companhia:


Advertência: atenção companhia, 1° pelotão
Comando propriamente dito:
• Posição: 10 metros à frente;
• Frente: frente à esquerda;
• Formação: em linha;
Advertência: 2˚ pelotão;
Comando propriamente dito:
• Formação: apoio lateral;
Execução: “MARCHE!” ou “MARCHE MARCHE!”.

 9.2 Comando por gestos: Utilizado quando a tropa está


usando máscaras de proteção respiratória, quando o excesso de
barulho torne o comando por voz impraticável ou quando o
comandante do pelotão estiver afônico. O comandante se
posicionará à frente da tropa com a frente para o objetivo e emitirá
o comando específico.

 

111
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9.2.1 Advertência /Atenção:


feita pela extensão do braço direito na vertical.

Foto 45 - Comando de advertência

112
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9.2.2 Coluna por dois:


eleva-se o braço direito acima da cabeça, com os
dedos indicador e médio estendidos, ficando os
dedos polegar, anelar e mínimo encostados à palma
da mão.

Foto 46 - Comando de coluna por dois

113
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9.2.3 Coluna por três:


eleva-se o braço direito acima da cabeça, com os
dedos indicador, médio e anelar estendidos, ficando
os dedos polegar e mínimo encostados à palma da
mão.

Foto 47 - Comando de coluna por três

114
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9.2.4 Em linha:
o comandante estende os braços lateralmente, na
horizontal, palmas das mãos para baixo.

Foto 48 - Comando de formação em linha

115
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9.2.5 Em cunha:
o comandante ergue os braços para cima da
cabeça, de maneira que os dedos médios de todas
as mãos se toquem, formando um ângulo de 90
graus.

Foto 49 - Comando de formação em cunha

116
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9.2.6 Escalão à direita ou à esquerda:


o comandante estende o braço direito ou esquerdo
para o lado e para cima, formando um ângulo de 45
graus em relação ao solo, ao mesmo tempo em que
o outro braço estende-se no lado oposto e na
mesma direção.

Foto 50 - Comando de formação Foto 51 - Comando de formação


escalão a direita escalão a esquerda

117
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9.2.7 Guarda baixa:


com o braço direito a frente do tórax
(aproximadamente 50 cm) na altura da cintura,
palma da mão voltada para o corpo executando um
movimento oscilatório da direita para a esquerda e
vice-versa.

Foto 52 - Comando de formação guarda baixa

118
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9.2.8 Guarda alta:


com o braço direito à frente (aproximadamente 50
cm) na altura dos olhos, palma da mão voltada para
frente executando um movimento oscilatório da
direita para a esquerda e vice-versa.

Foto 53 - Comando de formação guarda alta

119
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9.2.9 Guarda baixa emassada:


idem ao guarda baixa e em seguida o braço será
posicionado lateralmente ao corpo, com a palma da
mão estando o dedo médio voltado à frente;
executam o movimento de cima para baixo e vice
versa.

Foto 54 - Comando de formação Foto 55 - Comando de formação


guarda baixa emassada (tempo 1) guarda baixa emassada (tempo 2)

120
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9.2.10 Guarda alta emassada:


idem ao guarda alta e em seguida o braço será
posicionado lateralmente ao corpo, com a palma da
mão estando o dedo médio voltado à frente;
executam o movimento de cima para baixo e vice
versa.

Foto 56 - Comando de formação Foto 57 - Comando de formação


guarda alta emassada (tempo 1) guarda alta emassada (tempo 2)

121
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9.2.11 Escudos sobre a cabeça ou tartaruga:


com a mão espalmada, o comandante faz dois
movimentos com os braços na frente de seu corpo,
de cima para baixo e posteriormente faz dois
movimentos acima de sua cabeça, da frente para
trás, todos os movimentos com a palma da mão
voltada para o corpo.

Foto 58 - Comando de formação Foto 59 - Comando de formação


escudos sobre a cabeça (tempo 1) escudos sobre a cabeça (tempo 2)

122
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

9.2.12 Escudos ao alto:


o comandante, com a mão espalmada, faz dois
movimentos acima de sua cabeça, da frente para
trás, com a palma da mão voltada para seu corpo.

Foto 60 - Comando de formação escudos ao alto

123
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 9.3 Execução: que pode ser “MARCHE!”, “MARCHE


MARCHE!” ou “POSIÇÃO!”. Consiste no movimento de punho
cerrado de cima para baixo, uma ou mais vezes, sendo
“MARCHE!”: um movimento de cima para baixo; “MARCHE
MARCHE!” e “POSIÇÃO!” dois movimentos de cima para baixo.

Foto 61 - Comando de execução (tempo 1) Foto 62 - Comando de execução (tempo 2)

124
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

10. OUTROS COMANDAMENTOS DO PELOTÃO DE


CHOQUE

 10.1 Embarque e desembarque:


Advertência: pelotão!
Comando propriamente dito: preparar para
embarcar! ou desembarcar!
Execução: “EMBARCAR!” ou “DESEMBARCAR!”

 10.2 Lançamento de granadas:


Advertência: atenção lançador!
Comando propriamente dito: preparar para
lançar!
Execução: “LANÇAR!”

 10.3 Disparos de elastômero:


Advertência: atenção atirador!
Comando propriamente dito: preparar para atirar!
Execução: “FOGO!”

 10.4 Carga de cassetetes:


Advertência: pelotão!
Comando propriamente dito: preparar para
carga!
para carga posição!
Execução: “CARGA!”
(até “X” ponto; a “X” metros; ou o comandante de
pelotão comanda carga direto e quando quiser
parar segura o Escudeiro 01).

 A velocidade que o pelotão se desloca deve ser suficiente


para o deslocamento conjunto da tropa e sempre visando a
dispersão dos manifestantes.

125
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 Para a execução da carga de cassetetes, o comando é:


“PELOTÃO! PREPARAR PARA A CARGA”, (o pelotão assume a
posição de “Escudos em guarda” e abaixa as viseiras dos
capacetes), “PARA A CARGA, POSIÇÃO!” (o pelotão levanta os
cassetetes com a ponta para cima, com o braço estendido e
gritam juntos a palavra “CHOQUE!”). A partir daí o comandante
determinará quantos metros ou quantos passos será a execução
da carga. Em seguida dará a voz de execução “CARGA!”,
ocasião em que o pelotão deslocará no passo acelerado
“gritando” de forma enérgica até chegar no ponto determinado
pelo comandante do pelotão.

126
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

TÍTULO II
TÁTICA DE CDC

CAPÍTULO I – DESOBSTRUÇÃO DE VIAS

1. INTRODUÇÃO

 Os casos de obstrução de via pública geralmente ocorrem


devido a causas sociais onde, um grupo de pessoas se unem
para manifestar desfavoravelmente a um fato ocorrido com um de
seus membros ou mesmo à falta ou omissão do poder público em
relação às condições precárias de vida na qual aquela
comunidade vive.
Estas ocorrências têm como característica não
apresentarem grande dificuldade de resolução, pois as pessoas
em manifestação não estão fortemente ligadas por uma ideologia
ou movimento político-partidário que possa levar a ações radicais
ou extremistas.
No entanto, tal afirmação não pode ser considerada como
regra, uma vez que cada dia se torna mais comum as
manifestações com emprego de violência em todo país, o que
requer conhecimento e treinamento especializado pela tropa de
choque.

127
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Via de regra, essas manifestações acontecem por motivos


justos. Todavia, em grande parte delas ocorre desvio de
finalidade e quebra da ordem pública, caracterizado pela
infiltração de grupos organizados de esquerda que, culminando
em obstrução de vias públicas, depredação do patrimônio público
e privado, entre outras modalidades criminosas, o que contribui
para a desconstituição da licitude do movimento ensejando a
atuação da tropa de choque.
Exemplos de interdições de vias públicas:
1.1 Obstrução de rodovia devido à ocorrência de atropela-
mentos por falta de passarela;
1.2 Obstrução de via urbana em protesto a esgoto a céu
aberto ou atropelamento por falta de sinalização ou redutor de
velocidade;
1.3 Manifestações de perueiros, motoristas de ônibus,
caminhoneiros, taxistas ou motoboys;
1.4 Manifestações de estudantes contrários a aumentos
de taxa de transporte público.

2. CONTATOS NECESSÁRIOS

2.1 Corpo de Bombeiros (UR e Combate à Incêndio);


2.2 Policiamento de trânsito (urbano ou rodoviário);
2.3 Policiamento Velado (P/2 e PM/2);
2.4 Batalhão responsável pela área da ocorrência
(ostensivo e velado).

128
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

3. ATRIBUIÇÕES DO COMANDANTE DA TROPA


DE CHOQUE

3.1 Planejar o itinerário até o local da ocorrência com


alternativas;
3.2 Verificar local de desembarque seguro à tropa;
3.3 Observar as vias de fuga para a massa;
3.4 Manter a coesão do pelotão evitando que algum
policial se desgarre;
3.5 Coibir atitudes isoladas;
3.6 Dar ordem de dispersão imediata aos manifestantes;
3.7 Identificar líderes e desordeiros;
3.8 Ordenar o lançamento de granadas, se necessário;
3.9 Ordenar que os atiradores efetuem disparos de
elastômero, se necessário;
3.10 Verificar a necessidade/possibilidade da detenção
dos líderes da manifestação.

4. PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS EM


OCORRÊNCIAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS

4.1 Em primeiro lugar, o local onde há a manifestação e a


obstrução da via deve ser isolado, pelo policiamento de área ou
de trânsito (urbano ou rodoviário), para que motoristas e pessoas
alheias à ocorrência não se aproximem e não tenham seus

129
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

veículos ou até mesmo sua integridade física ameaçadas ou


danificadas pelos manifestantes, e evitar também que curiosos
ou mais agitadores se juntem à turba formada;
4.2 As autoridades policiais locais (batalhão de área)
deverão iniciar as negociações com a liderança da manifestação,
tentando a resolução pacífica do conflito; se esta não for possível,
aciona-se então a tropa de choque;
4.3 Antes da saída de sua base, o comandante da tropa de
choque deve entrar em contato com o policiamento velado (P/2
ou PM/2), que fará um levantamento com antecedência, para se
acercar de todas as informações possíveis sobre as condições do
local, número de manifestantes, existência ou não de armas de
fogo, existência de crianças e mulheres, além das vias de acesso
para a tropa e as vias de fuga para a dispersão da turba;
4.4 Antes também da saída, o comandante deve fazer
uma rápida preleção à sua tropa dando ciência aos policiais sobre
a ocorrência e qual será a missão a ser desempenhada;
4.5 Antes de chegar ao local da ocorrência, o comandante
da tropa de choque, deve fazer contato com o CPU, supervisão
ou mesmo o comandante do batalhão de área e verificar se não
existe a possibilidade de nova negociação com a liderança da
manifestação, para a resolução de forma pacífica;

130
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4.6 A tropa de choque deve desembarcar e adotar a


formação de choque (geralmente em linha), e avançar até
próximo às barricadas para retirar manifestantes que estiverem à
frente destas e proporcionar segurança à equipe de combate a
incêndios do Corpo de Bombeiros, caso a ocorrência necessite
desse tipo de apoio. Nesse caso, a equipe de combate a
incêndios se posicionará à retaguarda da tropa, e atacará o fogo
até que se apague;
4.7 Após o desembarque e formação disciplinada da
tropa, o comandante deve nomear uma célula de choque que, via
de regra, será composta pelo comandante do pelotão, um
atirador, um granadeiro e dois escudeiros, para acompanhá-lo e
dará a ordem de dispersão aos manifestantes;
4.8 Caso a ordem seja cumprida de imediato com a
consequente liberação da via, não será necessário o uso de força
por parte da tropa de choque;
4.9 Caso no momento da emissão da ordem de dispersão
a célula de choque for atacada pelos manifestantes (lançamento
de objetos, paus, pedras, disparos de arma de fogo etc.), esta
deverá retornar ao pelotão principal, e ao comando específico
deve iniciar a desobstrução forçada da via;
4.10 O comandante da tropa de choque deve atentar para
a prioridade no emprego de meios para a dispersão dos
manifestantes, utilizando-se das técnicas existentes para a
dispersão da multidão (demonstração de força, emprego de
agentes químicos, emprego de água) de forma sequencial,
evitando usar de violência desnecessária, se não for possível,

131
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

serão empregados meios e técnicas mais violentas (carga de


cassetete, atiradores de elite, emprego de arma de fogo);
4.11 Caso haja pequenos focos de incêndio, esses
poderão ser eliminados com a utilização do extintor, que é levado
pelo homem extintor no pelotão de choque. Nesse caso, a tropa
deve avançar até uma distância de segurança do foco de
incêndio, ocasião em que o comandante do pelotão determinará
a formação de uma célula que acompanhará o homem extintor
para a eliminação do foco;
4.12 Caso o foco de incêndio seja grande, será
necessário o apoio do Corpo de Bombeiros, que posicionará o
caminhão de incêndio à retaguarda da tropa de choque e
apagará o fogo protegido pelo pelotão;
4.13 Assim que as chamas se apaguem ou mesmo
diminuam de forma considerável, a tropa deve avançar podendo
para tanto, dividir o pelotão em dois para transpor a barricada
(Ex: grupo 1 e comandante do pelotão deslocam pelo lado
esquerdo da barricada e grupo 2 e sargento auxiliar
deslocam pelo lado direito). Transposta a barricada, o pelotão
deve se unir novamente retornando a formação anterior;

132
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Exemplo de Transposição de Barricadas

BARRICADA
E11 E09 E07 E05 E03 E01 E02 E04 E06 E08 E10 E12

A17 G15 L13 L14 G16 A18

M19 He20

S21 S22

4.14 Ao avançar da tropa, os seguranças do pelotão


devem estar sempre atentos à retaguarda e laterais para evitar
aproximações e ataques de pessoas escondidas em edificações,
se houver;
4.15 Se ocorrer a detenção de indivíduos durante a ação
da tropa de choque, estes serão conduzidos à delegacia de
polícia local pela tropa da área que deverá estar posicionada e
pronta à retaguarda e arredores, evitando-se assim que se
desfalque o efetivo da tropa de choque para uma nova ação, se
necessário;
4.16 Após a desobstrução da via pública, a tropa de
choque manterá posição no local até a administração regional da
prefeitura providenciar a retirada de todos os obstáculos que
impediam o trânsito e evitar o retorno dos manifestantes;
4.17 Liberação da via pública;
4.18 Comunicação ao COPOM e elaboração de BO.

133
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

5. FORMAÇÕES DE CHOQUE

As formações que um pelotão de choque pode adotar são


várias, levando-se em conta as condições do terreno em que se
desenvolve a ocorrência de desobstrução de via pública. Porém,
em quase cem por cento de ocorrências desta natureza a
formação adotada é a em linha, onde a tropa pode avançar sobre
a via de maneira mais rápida. É a formação mais eficaz para se
impedir o deslocamento de uma massa ou mesmo empurrá-la
para as vias de fuga.

Pelotão de choque em linha

E11 E09 E07 E05 E03 E01 E02 E04 E06 E08 E10 E12

134
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Havendo na área de atuação mais de um pelotão de


choque, o primeiro fará a formação principal, e o pelotão de apoio
poderá adotar as formações de apoio (lateral, lateral frente pra
lateral, cerrado ou complementar).

Pelotão de choque em apoio lateral

E11 E09 E07 E05 E03 E01 E02 E04 E06 E08 E10 E12

E01 E02

E03 E04

E05 E06

E07 E08
E09 E10
E11 E12

Pelotão de choque em apoio cerrado

E11 E09 E07 E05 E03 E01 E02 E04 E06 E08 E10 E12
E11 E09 E07 E05 E03 E01 E02 E04 E06 E08 E10 E12

Pelotão de choque em apoio complementar

E11 E09 E07 E05 E03 E01 E11 E09 E07 E05 E03 E01 E02 E04 E06 E08 E10 E12 E02 E04 E06 E08 E10 E12

135
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

6. DIREÇÃO DO VENTO

 Durante a ação de choque, o comandante da tropa deve


sempre se preocupar com a direção em que o vento está
soprando, para saber se existe a viabilidade da utilização de
granadas fumígenas lacrimogêneas, ou mesmo de granadas
mistas (contém carga explosiva e agente lacrimogêneo CS), pois
se o vento estiver em sentido contrário à tropa, e esta não estiver
equipada com máscara de proteção respiratória, a nuvem
formada pelo agente lacrimogêneo se abaterá sobre essa,
podendo causar prejuízos ao perfeito andamento da ocorrência.

7. SEGURANÇA

 A segurança de toda operação é um ponto chave para seu


pleno êxito.
 Os atiradores e seguranças vão equipados com munições
de impacto controlado. Devem estar sempre atentos à possível
presença de indivíduos portando armas de fogo em meio aos
manifestantes.
 Durante todo o deslocamento, os seguranças devem
também estar sempre atentos à retaguarda, janelas em casas e
sobrados, vielas e esquinas, procurando antecipar ações de
indivíduos que desfiram agressões contra a tropa de choque.
Caso o comandante do pelotão emita ordem para disparos de
elastômero para os atiradores, esses deverão acertar alvos
pontuais de acordo com os manuais que regulam a utilização
desse tipo de equipamento.

136
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

 Para cada quatro disparos realizados (sempre de dois em


dois), o atirador solicitará “COBERTURA!” para um segurança. O
segurança, ao ouvir o pedido de “Cobertura”, dará o pronto
respondendo, “COBRINDO!”, e assumirá a posição do atirador
dando a resposta de fogo até que o atirador faça a recarga no seu
armamento. Feita a recarga, após o pedido de “COBERTURA!”
do segurança, o atirador também responde “COBRINDO!” e
retorna a sua função original.

8. PRIORIDADE DE EMPREGO DE MEIOS

 A ação de uma tropa de choque deve ser sempre balizada


por ações dentro da legalidade e que sigam a doutrina existente
na prioridade de emprego dos meios ou sequência de
providências a serem adotadas na dispersão de uma multidão.
 Essa sequência de providências seguem uma ordem
lógica, por exemplo, não se deve dar a carga de cassetete antes
de se verificar se há vias de fuga para a multidão.
 Ordem de prioridade no emprego de meios:
8.1 Vias de fuga;
8.2 Demonstração de força;
8.3 Ordem de dispersão;
8.4 Recolhimento de provas;
8.5 Emprego de água;
8.6 Emprego de agentes químicos e munições de impacto
controlado;

137
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

8.7 Carga de cassetete;


8.8 Detenção de líderes;
8.9 Carga de cavalaria;
8.10 Atiradores de elite;
8.11 Emprego de arma de fogo.
Dependendo do andamento e gravidade da ocorrência,
como também da possibilidade ou disposição do meio a ser
empregado, alguns destes podem deixar de ser empregados,
passando-se imediatamente a outro. Exemplo: se não houver
possibilidade do emprego de água, pode-se passar à carga de
cassetete.

9. MISTURA DE DIFERENTES TIPOS DE GASES

Entre os agentes químicos empregados pela tropa de


choque, o CS (ortoclorobenzilmalononitrilo) é o agente
lacrimogêneo constantemente utilizado para as ocorrências onde
exista a necessidade de dispersão de pessoas. O gás formado
por ele é um agente irritante que causa grande desconforto e
irritação às vias aéreas superiores, além de lacrimejamento
intenso.

138
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

É importante salientar que este uso não deve ser de forma


indiscriminada e/ou em conjunto com outros tipos de agentes
químicos, pois esta forma de utilização pode causar efeitos
danosos às pessoas expostas ao gás, ou mesmo, quando da
utilização do CS com outros agentes químicos, pode-se originar
uma terceira substância, a qual possuirá comportamento e
efeitos desconhecidos.
Sempre que possível deve-se empregar as granadas que
não produzem estilhaços, dando assim uma última oportunidade
de retirada para aqueles que não têm intenção de enfrentar a
tropa;
Uma granada explosiva ou mista pode ser lançada para
que se confunda a massa que ficará receosa em apanhar as
granadas fumígenas lançadas anteriormente. O comandante do
pelotão de choque deve evitar saturar demais o ambiente
deixando-o com alta concentração de agente lacrimogêneo;
Baixa concentração = fuga da multidão.
Alta concentração = Cegueira, atordoamento, pânico e etc.
Sugestão de Sequência de emprego de agentes:
9.1 Granada fumígena;
9.2 Granada explosiva ou mista;
9.3 Munição de impacto controlado.

139
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPÍTULO II – REINTEGRAÇÃO DE POSSE

1. INTRODUÇÃO

Em situações que haja usurpação de propriedades por


pessoas, sejam propriedades urbanas ou rurais, surge a
possibilidade de que seja acionada a Polícia Militar em apoio a
execução de mandados de reintegrações de posse realizada por
oficiais de justiça, membros executores do Poder Judiciário.
Em tais situações, cumpre à Polícia Militar a garantia da
segurança das autoridades e envolvidos durante o cumprimento
da ordem judicial exarada. No mandado de reintegração de
posse, o comandante da operação não está subordinado ao
oficial de justiça, mas vinculado aos limites da ordem judicial.
Para tanto, caso ocorra qualquer desvio na ação do oficial de
justiça, a operação poderá ser suspensa e o juízo competente
deverá ser informado.
Assim, qualquer ação praticada pela Polícia Militar que
extrapole os limites fixados na decisão judicial, possivelmente
configurará abuso de autoridade.

2. LEGISLAÇÃO

Atualmente a Polícia Militar do Estado de Goiás tem por


documentos norteadores, para atuação em apoio ao
cumprimento de mandado de reintegração de posse: o Código

140
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Civil Brasileiro (arts. 1.196 a 1.232), o Código de Processo Civil


Brasileiro (art. 920 a 933), o Manual de Diretrizes Nacionais para
Execução de Mandados Judiciais de Manutenção e
Reintegração de Posse Coletiva e o Plano de Execução de
Mandados Judiciais de Reintegração de Posse, expedidos pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário, bem como o
Procedimento Operacional Padrão – POP 406 (Procedimento
406.01 – Apoio ao Cumprimento do mandado judicial de
reintegração de posse).

3. CONCEITOS

3.1 Propriedade: direito de usar, gozar e dispor do bem.


(art. 1.228 CCB);
3.2 Posse: é o exercício de algum dos poderes inerentes à
propriedade. (art. 1.196 CCB).
3.3 Esbulho: é o ato pelo qual o possuidor é privado da
posse de forma violenta ou clandestina, ou por abuso de
confiança. Ex: invasão de uma casa alheia.
3.4 Turbação: é o ato pelo qual o turbador impede ou
atrapalha o pleno exercício dos poderes inerentes a propriedade.
Ex: Interdição de parte de uma propriedade.
3.5 Ação de manutenção da posse: é a ação adequada
para a tutela da posse contra a turbação.
3.6 Ação de reintegração de posse: é a ação adequada
para proteção da posse quando há esbulho, ou seja, a perda total
da posse molestada injustamente.

141
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4. MATERIAIS NECESSÁRIOS

4.1 Capacete balístico;


4.2 Colete balístico;
4.3 Caneleira antitumulto;
4.4 Máscaras de proteção respiratória;
4.5 Bastão;
4.6 Escudo balístico;
4.7 Granadas fumígenas e explosivas/mistas;
4.8 Munições de impacto controlado;
4.9 Armamento peculiar, tais como pistola, armamento
portátil, espingarda cal 12, lançador am 600 ou similar;
4.10 Lanterna;
4.11 Alicate “corta–frio”, borduega e material de
arrombamento;
4.12 Extintores de incêndio;
4.13 Algemas metálicas e descartáveis;
4.14 Caixa choque;
4.15 Luva de amianto;
4.16 Luva de procedimento;
4.17 Holofotes portáteis;
4.18 Megafones;

142
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4.19 Rádios comunicadores;


4.20 Máquina fotográfica;
4.21 Filmadora;
4.22 Binóculos;
4.23 K i t p r i m e i r o s s o c o r r o s ( a t a d u r a s , g a s e s ,
esparadrapo, algodão, bandagem);
4.24 Instrumentos de localização e orientação no terreno
(gps, bússolas, cartas do terreno, mapas);
4.25 Cantil;
4.26 Suprimentos;
4.27 Facão;
4.28 Cordas.

5. ATIVIDADES CRÍTICAS

5.1 Definição do comando, coordenação e controle da


operação;
5.2 Planejamento detalhado das ações a serem
desenvolvidas;
5.3 Estrutura logística da operação;
5.4 Deslocamento para o local da operação;
5.5 Chegada e desembarque no local da operação;

143
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

5.6 Proteção ao oficial de justiça e leitura do mandando de


reintegração de posse e ordem de desocupação a serem
realizados com o apoio de uma Célula do Pelotão de Choque;
5.7 Negociação com as lideranças dos
acampados/ocupantes;
5.8 Controle de resistência por parte dos
acampados/ocupantes;
5.9 Desobstrução de bloqueios e barricadas que impeçam
o acesso da tropa;
5.10 Interferências políticas, organizações não
governamentais (ONG’s), entidades sindicais, religiosos,
imprensa, etc.;
5.11 Prevenção contra ações de seguranças armados,
postos de observação, armadilhas, emboscadas, sabotagens;
5.12 Detenção de pessoas;
5.13 Permanência no local até efetiva reintegração de
posse, impedindo o retorno dos invasores.

6. ATRIBUIÇÕES DO COMANDANTE DA TROPA DE


CHOQUE:

6.1 Receber oficialmente o pedido de apoio ao


cumprimento do mandado judicial de reintegração de posse;
6.2 Tomar conhecimento do conteúdo expresso no
mandado judicial;

144
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

6.3 Analisar a situação e coletar todas as informações


disponíveis para o dia da operação, inclusive com
representantes da invasão, se possível, sobre as condições do
local, número de ocupantes/invasores, existência ou não de
armas de fogo, existência de crianças e mulheres, geografia do
terreno e participar de todo o planejamento;
6.4 Articular com as outras unidades policiais (BOPE,
GRAER, BPMRv, BPMTRan, BPMAmbiental, GPTs, CPEs, etc) e
os demais órgãos da União, Estado e Município necessários para
o cumprimento do mandado judicial (Corpo de Bombeiros,
SAMU; Polícia Rodoviária Federal – PRF; Polícia Federal – PF;
Polícia Civil; Poder Judiciário; Ministério Público; Prefeituras
Municipais; Câmaras Municipais; Órgão municipal responsável
pelo zoneamento urbano (reintegração de posse urbana);
Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (INCRA);
Ouvidoria Agrária Estadual; Ouvidoria do Sistema de Segurança
Pública; Comissões de Direitos Humanos; Ordem dos
Advogados do Brasil; Delegacia Especializada na questão
Agrária, se houver; Defensoria Pública; Conselho Tutelar;
Pastorais da Terra; Movimentos populares reconhecidos pelo
Poder Público; Demais entidades envolvidas com a questão);
6.5 Participar de todo o planejamento da operação,
definindo as atribuições de cada elemento participante;
6.6 Procurar a todo momento todas as formas lícitas e
pacificas para a solução do conflito;

145
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

6.7 Reunir, antes da operação, todo efetivo mobilizado,


inteirando-os da missão, orientando-os sobre todo o
planejamento elaborado de modo a prepará-lo psicologicamente
para a ação. O comandante deve demonstrar segurança e
serenidade;
6.8 Inspecionar todo material a ser empregado, inclusive
relacionando todo armamento e equipamento a ser utilizado,
antes da saída para a operação;
6.9 Registrar tudo a respeito da operação, através de
filmagens, fotos, croquis e anotações;
6.10 Buscar, por meio do serviço de inteligência do
BPMChoque, a confirmação das informações a respeito do
conflito em pauta e das pessoas envolvidas;
6.11 Como elemento de apoio, estabelecer contato com
o oficial de justiça, autoridade policial local e comandante da
tropa ordinária responsável pela área;
6.12 Manter-se constantemente informado de toda a
evolução da ocorrência;
6.13 Deslocar a tropa para o local da operação definindo-
se o itinerário e divulgar à tropa;
6.14 Desembarcar a tropa em local seguro, se possível
fora do campo de visão dos acampados/ocupantes;
6.15 Manter a coesão do pelotão de choque evitando que
algum policial se desgarre ou tome atitude isolada;
6.16 Instalar um posto de comando no local;

146
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

6.17 Posicionar o efetivo e as viaturas em local


estratégico e seguro;
6.18 Repassar todas as determinações à tropa de choque
e demais envolvidas;
6.19 Determinar o isolamento do local;
6.20 Aguardar o posicionamento das demais tropas de
apoio conforme o planejamento prévio;
6.21 Sendo o comandante da operação o mesmo da tropa
de choque, este determinará a composição de uma célula de
choque (no mínimo dois escudeiros, um atirador, um granadeiro
e o comandante do pelotão ou CIA de choque) e juntamente com
o oficial de justiça possibilitará que seja lido o mandado de
reintegração de posse, de preferência na presença dos
representantes dos órgãos envolvidos e das lideranças do
movimento ou dos ocupantes;
6.22 Emanar ordem de desocupação da propriedade (a
reintegração de posse deverá ser realizada, preferencialmente,
nas primeiras horas do dia);
6.23 Determinar um prazo para a desocupação da
propriedade;
6.24 Verificar sinais de resistência pelos ocupantes
(vigilância, sinais sonoros e visuais, barricadas, reuniões,
formações e presença da imprensa);

147
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

6.25 Realizar a desocupação da propriedade, atentando-


se para prioridade no emprego de meios no caso de dispersão
dos ocupantes, por meio do uso seletivo da força;
6.26 Atentar para a direção do vento no que se refere a
utilização de agentes químicos;
6.27 Realizar revistas nas edificações;
6. 28 Permitir a retirada de pertences e a destruição das
edificações por pessoas contratadas pelo interessado ou
funcionários das prefeituras, atentando-se para o que está
pontuado na ordem judicial;
6.29 Realizar a varredura na área e confirmar se todos
acampados/ocupantes saíram;
6. 30 Providenciar socorro aos feridos;
6.31 Realizar o recolhimento de provas (filmagens,
objetos que evidenciem o conflito, etc.);
6.32 Encaminhar os detidos e materiais apreendidos a
delegacia de polícia da região para os procedimentos cabíveis;
6.33 Realizar a qualificação, triagem e encaminha-
mentos dos ocupantes envolvidos;
6.34 Verificar juntamente com o oficial de justiça a
efetivação da reintegração de posse da propriedade;
6.35 Aguardar a lavratura do termo de reintegração de
posse pelo oficial de justiça e a entrega ao proprietário ou seu
representante legal;

148
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

6.36 Liberar as vias bloqueadas, caso existam;


6.37 Reunir toda a tropa de choque após o esgotamento
de qualquer possibilidade de nova invasão ou atuação, para
conferência do efetivo e do equipamento;
6.38 Retirar a tropa de choque do local com segurança;
6.39 Confeccionar o BOPM e o relatório detalhado da
operação para encaminhamento ao escalão superior da PMGO.

149
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPÍTULO III – POLICIAMENTO DE CHOQUE EM


ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS

1. INTRODUÇÃO

 As operações de choque em estabelecimentos prisionais


possuem características específicas que as diferenciam das
demais operações, tanto no que se refere ao teatro de operações
quanto ao emprego da tropa propriamente dito.
 Por se tratar de um público que tem apoio de vários
segmentos da sociedade, tais como direitos humanos, ordem dos
advogados do Brasil, bem como dos órgãos de imprensa em
geral, e que em muitas vezes não faz diferença para um
reeducando morrer ou tirar a vida de um policial, deve-se tomar
as cautelas necessárias para atuar com segurança evitando
desgastes pessoais ou institucionais.
 Nesse tipo de operação a tropa deve estar preparada para
lhe dar com todo tipo de plantas e projetos arquitetônicos, que na
maioria das vezes não seguem um padrão específico, o que
dificulta sobremaneira o treinamento das técnicas e táticas da
tropa de choque.

2. MATERIAIS NECESSÁRIOS

Para efeito deste manual, a relação de equipamentos foi


organizada num kit básico operacional, que será composto por:

150
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

2.1 Capacete balístico;


2.2 Colete balístico;
2.3 Caneleira antitumulto;
2.4 Máscaras de proteção respiratória;
2.5 Bastão tonfa ou cassetete;
2.6 Escudo balístico;
2.7 Granadas;
2.8 Munições de impacto controlado;
2.9 Armamento peculiar, tais como pistola, armamento
portátil, espingarda cal 12, lançador;
2.10 Lanterna;
2.11 Extintor de incêndio;
2.12 Algemas;
2.13 Caixa de choque;
2.14 Luva de procedimento;
2.15 Luva de amianto;
2.16 Megafones;
2.17 Rádios comunicadores;
2.18 Escada retrátil;
2.19 Alicate “corta-frio” e material de arrombamento.

151
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

3. CONSIDERAÇÕES GERAIS

A tropa de choque, por ter caráter excepcional, para esse


tipo de emprego, só poderá ser acionada pelo comandante geral
da corporação ou pelo comandante do comando de missões
especiais. Em ambos os casos tal acionamento deverá recair
diretamente para o comandante do BPMChoque que emitirá
ordem de execução;
Em caso de revista, a solicitação deverá ser encaminhada
ao comandante do BPMChoque com antecedência mínima de 48
horas, devido ao planejamento da operação, acionamento das
unidades de apoio e possível acionamento do plano de chamada
da unidade;
 Caso seja necessário o fracionamento do pelotão para
entrada no estabelecimento, essa divisão deverá ocorrer entre os
grupos, sendo que as funções deverão ser redistribuídas pelo
comandante do pelotão;
 A atuação em estabelecimentos prisionais exige um
número maior de policiais militares na função de atirador com
munição de impacto controlado. Nesse caso, os dois seguranças
do pelotão, por estarem equipados com espingarda gauge cal.12
com munição de impacto controlado deverão acumular com a
função de atirador. Caso o comandante do pelotão ache
necessário os lançadores do pelotão também poderão exercer a
função de atirador, seja utilizando munições de impacto
controlado no lançador, ou substituindo o lançador pela
espingarda gauge cal.12 com munição de impacto controlado;

152
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Antes de definir a forma de atuação, o serviço de


inteligência deve coletar as seguintes informações:
3.1 Número de presos;
3.2 Estrutura do presídio (quantidade de raios, celas e sua
disposição);
3.3 Formas de acesso (entrada principal e secundária);
3.4 Se há reféns (funcionários, presos, familiares, outros);
3.6 Motivos que geraram a revista ao estabelecimento ou a
quebra da ordem (rebelião).
No caso em que a tropa acesse o estabelecimento pelos
corredores, o primeiro pelotão que adentra ao local deverá adotar
a formação em linha (sem intervalo entre os escudos). Caso
tenha mais de um pelotão operando em conjunto, durante a
progressão nos corredores e no raio do estabelecimento
prisional, aconselha-se que os pelotões de apoio adotem a
formação em coluna por dois à retaguarda do pelotão principal,
pois facilitará o deslocamento e permitirá que, eventualmente, se
adote outra formação rapidamente em caso de confronto
inesperado;
Em situações de intervenção, recomenda-se a utilização
apenas de granadas explosivas (efeito moral e, em caso de maior
gravidade, luz e som). A utilização de granadas mistas e
fumígenas lacrimogêneas poderão propiciar grave contaminação
no ambiente, efeito potencializado pelo fato do recinto ser
confinado, impedindo que as pessoas, inclusive os policiais
militares, que se encontrem no local possam se deslocar para um
ambiente aberto para proceder à descontaminação;

153
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

O espargidor (tanto de CS – ortoclorobenzilma-lononitrilo,


quanto de OC – oleoresina de capsaicina) terá a utilização
limitada em estabelecimentos prisionais. Poderá ser utilizado em
celas abertas para retirada dos presos que estejam oferecendo
resistência passiva ou ativa. Não é recomendável a sua utilização
individual na área de contenção, pois poderá permitir aos demais
presos que, contaminados com estes agentes lacrimogêneos,
venham à oferecer resistência. No caso de resistência coletiva
dos presos na área de contenção, este equipamento poderá ser
uma alternativa viável ao caso;
As munições de impacto controlado (munições de
borracha) poderão ser utilizadas tanto em situação de rebelião
(neste caso, recomenda-se munições que possuam mais de um
corpo de elastômero, para potencializar os disparos) quanto em
situação de revista (neste caso, deve-se utilizar munições com
corpo único de elastômero, já que o disparo deve ser preciso) em
estabelecimento prisional. Devemos destacar que estas
munições devem ser utilizadas respeitando-se a distância de
segurança preconizada pelo fabricante;
Durante a fase de negociação, numa ocorrência de
rebelião em estabelecimento prisional, devemos observar as
normas preconizadas pelo gerenciamento de crises, alertando
para a impossibilidade de permitir a entrada de armas e coletes,
bem como a facilitação para a fuga dos presos;

154
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Nas situações em que o preso oferecer resistência ativa na


cela, os policiais militares poderão adotar uma série de
alternativas táticas em legítima defesa como, por exemplo: uso
do cão em guia longa (com o objetivo de direcionar o preso até o
fundo da cela, facilitando sua imobilização), contenção com uma
célula de choque composta por um comandante, um escudeiro e
um atirador (com o objetivo de realizar a contenção e caso
necessário a imobilização tática nos pontos sensíveis do preso,
facilitando sua remoção da cela), disparo de elastômero e
utilização de granadas explosivas (nos casos em que o preso
estiver portando arma branca ou objetos que ofereçam risco de
produzir lesões contundentes ou perfuro-contundentes aos
policiais militares) ou, no caso do preso possuir arma de fogo, a
utilização de munição real em caso de legítima defesa dos
próprios policiais militares;
Em caso de barricadas com chamas em qualquer local do
estabelecimento prisional, será necessário o apoio de uma
equipe de combate a incêndios do Corpo de Bombeiros. Para
executar tal serviço, é imprescindível que estes profissionais
estejam abrigados atrás de escudos balísticos, já que não
possuem equipamento de proteção individual relativo à
operações de controle de distúrbios civis;
Como medida de segurança, devido a pouca visibilidade,
não é aconselhável a invasão de estabelecimentos prisionais no
período noturno;
 Se possível, filmar, fotografar e recolher provas que
evidenciem a necessidade da invasão do estabelecimento;

155
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Providenciar efetivo de policiais femininas quando a


atuação ocorrer em estabelecimento prisional para mulheres.
Este efetivo atuará em conjunto com o efetivo masculino,
entretanto, ficará responsável, com exclusividade, pela revista
íntima das presas.

156
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPÍTULO IV – REVISTA EM
ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS

1. CONTATOS NECESSÁRIOS

São necessários contatos com:


1.1 Diretor do presídio ou responsável pelo estabele-
cimento;
1.2 Chefe de segurança do estabelecimento;
1.3 Responsável pela equipe de revista prisional da
Secretaria de Estado da Administração Penitenciária e Justiça
(SAPEJUS);

2. ATRIBUIÇÕES DO COMANDANTE DA TROPA DE


CHOQUE

São atribuições do comandante da tropa de choque nas


operações de choque em revista prisional:
2.1 Contato com o diretor do presídio ou responsável pelo
estabelecimento que deverá passar por escrito a autorização
para entrada da tropa de choque no presídio;

157
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

2.2 Verificar a existência de agentes prisionais para


efetuarem as buscas no interior das celas;
2.3 Análise pelo comandante de pelotão da estrutura física
do presídio;
2.4 Visita preliminar aos pavilhões para percepção do
nível de periculosidade e agitação dos presos;
2.5 Instruir a tropa com relação à forma de atuação
naquele estabelecimento prisional;
2.6 Observação do grau de relacionamento e obediência
entre os agentes penitenciários e os presos;
2.7 Alertar aos agentes penitenciários quanto ao modo de
atuação do pelotão;

3. MOTIVOS QUE ENSEJAM UMA REVISTA


PRISIONAL

3.1 Suspeitas de armas de fogo;


3.2 Suspeita de drogas;
3.3 Suspeita de presos mortos ou feridos;
3.4 Suspeita de túneis;
3.5 Suspeita de envolvimento de agentes prisionais com a
comunidade carcerária;
3.6 Fuga frustrada;
3.7 Após rebeliões;
3.8 Por solicitação da direção do estabelecimento.

158
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4. ATIVIDADES CRÍTICAS

As atividades críticas nas revistas em estabelecimentos


prisionais são:
4.1 Chegada e entrada estabelecimento prisional;
4.2 Tomada de pavilhão e celas;
4.3 Retirada dos presos das celas;
4.4 Busca pessoal minuciosa dos presos;
4.5 Deslocamento dos presos para o pátio;
4.6 Contenção de presos no pátio;
4.7 Retorno dos presos para as celas.

5. SEQUÊNCIA DOS PROCEDIMENTOS NA


TOMADA DE PAVILHÃO

Em linhas gerais, devem ser adotados os procedimentos a


seguir:
5.1 Divisão dos pelotões de choque definindo os pavilhões
de atuação de cada um;
5.2 Determinação da sequência de pavilhões e alas a
serem vistoriadas;
5.3 Pelo menos um pelotão de choque por pavilhão;

159
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

5.4 Verificado se os presos encontram-se nas celas, cada


grupo avança posicionando cada escudeiro de frente para uma
cela e com o escudo obstrui a escotilha (abertura da porta) até a
tomada da cela;.

6. SEQUÊNCIA DOS PROCEDIMENTOS NA


TOMADA DE CELA

Em linhas gerais, devem ser adotados os procedimentos a


seguir:
6.1 Será feita por uma célula de choque composta por
dois a três policiais no máximo, sendo um escudeiro, um
comandante com arma de fogo e por fim um segurança/atirador
com espingarda calibre 12 e munição de impacto controlado;
6.2 Caberá somente ao comandante de célula a
verbalização das ordens direcionadas aos revistados;
6.3 Os presos receberão a determinação de, um a um,
com a frente voltada para a célula, com as mãos para cima, abrir a
boca e mostrar a língua, abaixar a cueca e agachar três vezes,
recompondo-se após e retornando à posição inicial. Em seguida
sairão da cela, com as mãos na cabeça olhando para o chão, na
direção que o comandante de célula determinar. Todo o
deslocamento do preso enquanto o efetivo de choque estiver
presente no presídio será realizado em grupo de até no máximo
dez presos, sendo que o primeiro da fila ficará com as duas mãos
sobre a cabeça e os demais que o seguem com uma das mãos na
cabeça e a outra no ombro do preso que está à sua frente,
lembrando que sempre estarão olhando para o chão;

160
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

6.4 Após a retirada de todos os presos, a célula avança e


revista a cela em busca de presos homiziados;
6.5 Não sendo encontrado nenhum preso homiziado, a
célula de choque abre espaço para a entrada dos agentes
prisionais que realizarão uma busca minuciosa no interior da cela
em busca de objetos ilícitos;

7. SEQUÊNCIA DOS PROCEDIMENTOS NA


CONTENÇÃO DOS PRESOS

Em linhas gerais, devem ser adotados os procedimentos a


seguir:
7.1 Os presos retirados das celas permanecerão em local
determinado e aguardarão assentados no pátio, com as mãos
sobre a nuca, olhar ao solo, sem conversas, de forma a impedir
que se levantem rapidamente;
7.2 A contenção de presos é extremamente sensível,
tendo em vista o ajuntamento de internos em um único local e
deverá ser executada por escudeiros, granadeiros e atiradores,
com apoio de policiais com cães, aumentando-se o efetivo
policial à medida que se aumentar a quantidade de presos.
Deverá sempre que possível ser designado um tenente ou
sargento para a área da contenção;
7.3 Para a manutenção fisiológica dos presos enquanto
estiverem no pátio, a permissão de saída do local ocorrerá com
acompanhamento da escolta ao sanitário, momento em que o
interno será revistado antes de deslocar e na saída do banheiro;

161
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

7.4 O comandante da operação observará o posiciona-


mento dos presos no pátio agrupando-os em filas conforme as
respectivas celas, de modo a facilitar seu retorno;
7.5 Os presos que estiverem destoando do
comportamento do grupo, agitados ou incitando à violência,
deverão ser retirados do local e acondicionados em cela à parte,
de forma a não contagiar o restante, mantendo-se sua
contenção;
7.6 Os presos ameaçados de morte e ou violência por
parte dos demais detentos e que se encontrem alocados em
celas separadas não deverão ser misturados com os demais.

8. SEQUÊNCIA DOS PROCEDIMENTOS NO


RETORNO ÀS CELAS

Em linhas gerais, devem ser adotados os procedimentos a


seguir:
8.1 Depois de revistadas as celas pelos agentes
prisionais, os presos retornarão na mesma posição em que
saíram, permanecerão nos fundos das celas, de costas para a
porta, sentados e só sairão desta posição após a retirada da tropa
de choque do estabelecimento prisional;
8.2 A tropa apenas sairá do pavilhão ou ala mediante
comando, após conferência do pátio e anúncio dos comandantes
de grupo de que os presos encontram-se no interior das celas,
estando as mesmas devidamente trancadas;

162
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

8.3 Os comandantes de grupo, juntamente com o sargento


auxiliar ficarão responsáveis pela discriminação de todo material
apreendido durante a revista, bem como qualquer alteração que
tenha ocorrido durante o procedimento, que tão logo seja
encerrada a operação, seja repassado para o comandante do
pelotão que confeccionará um relatório para o comandante do
BPMChoque.

163
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPÍTULO V – REBELIÃO EM
ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS

1. CONTATOS NECESSÁRIOS

São necessários contatos com:


1.1 Corpo de Bombeiros Militar;
1.2 Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU);
1.3 Tropa de área;
1.4 Cavalaria;
1.5 Grupamento aéreo (Graer);
1.6 Batalhão de operações especiais (BOPE);
1.7 Comitê de gerenciamento de crise;

2. ATRIBUIÇÕES DO COMANDANTE DA TROPA DE


CHOQUE

São atribuições do comandante da tropa de choque nas


operações de choque em rebelião:
2.1 Análise da planta do estabelecimento, se houver, e
coleta de todas as informações disponíveis, inclusive com
representantes do estabelecimento prisional que conhecem bem
a edificação, principalmente nos aspectos relativos à hora e ao
local que o movimento teve início, à motivação, às lideranças
(analisar prontuário), ao número de pessoas, à quantidade de

164
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

alimentação existente no momento da rebelião, à existência de


substâncias que possam produzir alteração de conduta (álcool,
drogas), ao número e à qualidade das armas de posse dos
rebelados, à existência de reféns (importante saber se são outros
presos, visitas ou funcionários do presídio), ao ânimo, à história
de enfrentamento contra a tropa de choque e à possibilidade de
fuga. O comandante deverá acionar a ALI do BPMChoque para
auxiliá-lo na busca e análise das informações;
2.2 Repassar para a tropa os principais dados coletados e
assim prepará-la psicologicamente para a ação. O comandante
deve demonstrar segurança e serenidade;
2.3 Acionamento dos elementos de apoio;
2.4 Estabelecer posto de comando (PC), traçar estratégias
e forma de invasão (por um único ponto ou por vários pontos)
além de definir missão e objetivos de cada fração de tropa
empregada;
2.5 Dentro da possibilidade, providenciar a
disponibilização de pelo menos um pavilhão, que deverá ser
vistoriado pelos agentes prisionais, com o objetivo de colocar os
presos provisoriamente, além de executar a contagem dos
mesmos;
2.6 Manter constantemente o comandante do
BPMChoque informado de toda a evolução da ocorrência;
2.7 O comandante da tropa de choque deve atentar para a
prioridade de emprego de meios para o controle da rebelião.

165
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

3. PRINCIPAIS CAUSAS DAS REBELIÕES

As principais causas das rebeliões são:


3.1 Demora da decisão dos benefícios;
3.2 Deficiência da assistência judiciária;
3.3 Violências ou injustiças praticadas no
estabelecimento prisional;
3.4 Problemas ligados a entorpecentes;
3.5 Superlotação carcerária;
3.6 Tentativas de fugas;
3.7 Falta ou má qualidade da alimentação e assistência
médica;
3.8 Problemas ligados à corrupção;
3.9 Demonstração de força das organizações criminosas.

4. ATIVIDADES CRÍTICAS

As ações críticas nas operações de choque em rebelião


são:
4.1 Verbalização com os amotinados;
4.2 Negociação;
4.3 Entrada;

166
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4.4 Tomada e varredura do ambiente;


4.5 Liberação e socorro de reféns e feridos;
4.6 Domínio de presos amotinados e contenção;
4.7 Restabelecimento da ordem.

5. SEQUÊNCIA DOS PROCEDIMENTOS

Em linhas gerais, devem ser adotados os procedimentos a


seguir:
5.1 Antes da saída do batalhão, o comandante deve fazer
uma rápida preleção à sua tropa dando ciência aos policiais sobre
a ocorrência e qual será a missão a ser desempenhada, bem
como determinar ao pelotão a conferência final dos
equipamentos;
5.2 Isolamento. As adjacências do presídio ou local
rebelado deverão estar isolados pelo policiamento de área, para
que motoristas e pessoas alheias não se aproximem e não
tenham seus veículos ou integridade física ameaçados ou
danificados pelos rebelados. Deve-se evitar também que
curiosos ou agitadores se ajuntem aos familiares dos internos;
5.3 Quanto à manifestação externa de familiares (se
houver), as autoridades policiais locais (tropa ordinária) deverão
iniciar as negociações com a liderança da manifestação,
tentando a resolução. Se não for possível, aciona-se então outras
unidades e subunidades para apoio, tais como ROTAM, CPE ou
GPT dependendo da localidade;

167
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

5.4 Caso não ocorra uma solução negociada da quebra da


ordem, o comandante da tropa de choque deverá tomar as
medidas de força necessárias, respeitando a geografia e as
condições do local;
5.5 Tomada de pontos sensíveis como as muralhas e
posicionamento de atiradores será de responsabilidade do
BOPE;
5.6 Definição das atribuições das frações de tropa
envolvidas:
5.6.1 Tropa ordinária: deverá realizar o
patrulhamento motorizado no perímetro do
estabelecimento prisional priorizando o cerco e
isolamento, cabendo inclusive a captura de presos e
fugitivos;

5.6.2 Cavalaria: deverá realizar o patrulhamento


montado no perímetro do estabelecimento prisional
em apoio a tropa ordinária;

5.6.3 Tropa de choque: atuará no


restabelecimento da ordem no interior do presídio
no contato direto com os rebelados;

5.6.4 Canil: atuará como apoio à tropa de choque


na contenção de presos dominados e captura de
fugitivos;

5.6.5 BOPE: atuará na tomada de pontos sensíveis


e segurança da tropa de choque no combate a
grupos armados e no resgate de reféns;

5.6.6 Negociador: será responsável pela


negociação com a liderança do movimento devendo
cientificar o gerente da crise da evolução ou não nas
negociações;

5.7 Nos casos de existência de reféns, a negociação deve


sempre anteceder qualquer outro tipo de uso da força pela
polícia, exceto quando a situação exigir a imediata atuação
policial, como no caso de morte de reféns;

168
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

5.8 No caso da inexistência de reféns será feita a


verbalização com os amotinados. Com a tropa posicionada e em
formação de choque, o comandante, através de megafones ou
alto-falante, procurará emitir as ordens aos amotinados, tentando
se dirigir principalmente àquele que aparenta ser o líder. Usará
linguagem firme, mas comedida. Não se fará acordo, sendo o
único objetivo que os presos voltem às suas celas e que seja
retomada a normalidade da unidade prisional;
5.9 Caso seja necessária a entrada da tropa de choque no
interior do presídio rebelado, adotar as seguintes condutas após
definir de quem partiu a ordem:
5.9.1 Em principio não se invade à noite;
5.9.2 No caso de opção por invasão em vários
pontos, entrar ao mesmo tempo;

5.9.3 Evitar que outra tropa a siga, bem como


policiais civis ou descaracterizados;

5.9.4 Não permitir a infiltração de agentes de outros


órgãos na tropa;

5.9.5 Iniciar a tomada a partir das formações de


choque, adotando o máximo de cuidado com
manobras imprevistas e ações inesperadas do
adversário, como armadilhas ou a decisão de matar
um refém;

5.9.6 Resguardar-se de ataques com estiletes,


seringas, armas de fogo (reais ou improvisadas)
coquetéis molotov, pedras, etc;

5.9.7 A progressão do pelotão deverá ser feita o


mais cautelosamente possível;

5.9.8 Deverão fazer a varredura de corredores e


salas atentando para presos homiziados,
armadilhas de tropeço, fiação elétrica, reféns, poças
de combustível e outros;

169
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

5.9.9 Ao avançar da tropa os seguranças devem


observar as laterais para evitar aproximações e
ataques de pessoas escondidas em cômodos;

5.9.10 Ao chegar ao primeiro pavilhão, ordenar que


os presos se recolham às celas. Se houver
resistência, a atuação deverá ser pautada na
prioridade de emprego de meios, conforme o grau de
resistência;

5.9.11 O pelotão de choque somente deverá ser


fracionado em situações especiais, desde que seja
garantido a seu comandante o comando sobre o
todo;

5.9.12 Deverão ser identificados e separados os


amotinados que lideram;

5.9.13 Liberar reféns, se for o caso, utilizando a


força necessária, prevendo emprego inclusive do
BOPE, bem como providenciar a assistência e
socorro;

5.9.14 Evitar a ação corpo-a-corpo, dando


preferência a determinações verbais vigorosas e
utilização de instrumentos de menor potencial
ofensivo;

5.9.15 Prever que o emprego de agentes químicos


no interior de um prédio (local fechado) poderá
causar turba em pânico e desarticulação da tropa,
se esta não estiver com equipamento de proteção
adequado, sendo o mais aconselhável o uso de
munições de impacto controlado e granadas de
efeito moral ou de luz e som;

5.9.16 O contato do comandante do pelotão com o


comandante da operação deve ser constante,
através de rádio portátil ou mesmo através de
telefone celular ou mensageiro.

5.10 Revista dos amotinados. Iniciar revistas nos presos


tendo a cautela de observar a possibilidade de troca de roupas
entre presos e agentes penitenciários. No caso de
estabelecimento prisional feminino prever efetivo de policiais
femininas para busca pessoal completa nas presas;

170
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

5.11 A contenção dos amotinados deverá ser feita, na


medida do possível, em outro pavilhão. Não sendo possível, a
tropa de choque, apoiada pela canil, deverá proceder a
contenção até que os presos possam retornar para um local em
condições de recolhê-los;
5.12 Retorno à normalidade. Após o retorno dos presos às
suas celas ou outro local apropriado para abrigá-los, o
comandante da tropa de choque deverá transferir o controle do
presídio para a guarda dos agentes prisionais;
5.13 A saída da unidade prisional deverá ser antecipada
por uma checagem geral nos policiais e nos equipamentos para
confirmar a inexistência de nenhuma alteração;
5.14 Confecção de relatório pelo comandante da tropa de
choque.

171
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPÍTULO VI – CHOQUE MOTORIZADO

1. INTRODUÇÃO

A atividade de controle de distúrbios civis é bastante


dinâmica e não raras vezes é necessário que se faça adaptações
para que a tropa de choque consiga alcançar seus objetivos.
Em relação ao transporte da tropa de choque, sabemos
que o ideal é que todo o pelotão desloque para os locais de
ocorrência em um veículo de transporte apropriado, seja ele
ônibus ou micro-ônibus. No entanto, caso esteja impossibilitado
esse tipo de transporte, o deslocamento deverá ser feito em
viaturas leves.
Assim, o que a partir de agora denominaremos de
“Choque Motorizado”, servirá como mais uma alternativa de
emprego da tropa de choque caso esta não tenha condições de
deslocar para os locais de ocorrência com transporte apropriado,
servindo-se das viaturas leves para realizar esse fim.

2. P E L O T Ã O D E C H O Q U E M O TO R I Z A D O
PADRÃO

 O pelotão de choque motorizado padrão é composto por


no mínimo 06 (seis) viaturas leves e 24 (vinte e quatro) policiais
militares. Caso tenha mais policiais à disposição, esses deverão
ser distribuídos de quinto homem nas viaturas.

172
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Obs.: Em regra, os motoristas conduzirão suas viaturas


formando à retaguarda do Pelotão e adotando a formação
comandada. Caso o terreno não permita acompanhar as
formações, essas deverão permanecer em coluna por 02 à
retaguarda do pelotão. Se o local da ocorrência for de difícil
acesso que impossibilite a passagem das viaturas, estas deverão
ser estacionadas em local seguro e o comandante do pelotão
avaliará a necessidade de permanecer todos os motoristas na
função de segurança das viaturas, podendo remanejá-los para
compor o pelotão a pé.

3. PELOTÃO EMBARCADO EM COLUNA POR DOIS

M C M C
E01 E03 E02 E04

VTR01 (CMDO) VTR02

M C M C
E06 E08
E05 E07

VTR03 VTR04

M C M C
E09 E11 E10 E12

VTR05 VTR06

173
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4. FUNÇÕES BÁSICAS DOS COMPONENTES DO


PELOTÃO DE CHOQUE MOTORIZADO

4.1. Comandante de pelotão: têm as mesmas funções do


comandante do pelotão convencional. O pelotão de choque
motorizado possui um comandante.
4.2. Sargento comandante de grupo: serão os dois
sargentos mais antigos do pelotão. Têm as mesmas funções dos
comandantes de grupo do pelotão convencional. No entanto, em
razão da diminuição do número de operadores, esses deverão
acumular com a função de lançador e granadeiro. O pelotão de
choque motorizado possui dois comandantes de grupo.
4.3. Escudeiros: têm as mesmas funções dos escudeiros
do pelotão convencional. Essa função será exercida pelos
policiais que compõe o banco traseiro das viaturas. O pelotão de
choque motorizado possui doze escudeiros, podendo em casos
específicos, a critério do comandante do pelotão, ser diminuído
para oito.
4.4. Atiradores: têm as mesmas funções dos atiradores
do pelotão convencional. Essa função será exercida por dois
comandantes de equipe designados pelo comandante do
pelotão. O pelotão de choque motorizado possui dois atiradores.
4.5. Segurança: têm as mesmas funções do segurança
do pelotão convencional. O pelotão de choque motorizado possui
um segurança.

174
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4.6. Motoristas: têm as mesmas funções do motorista do


pelotão convencional. O pelotão de choque motorizado possui
seis motoristas.

5. ENUMERAÇÃO

Assim como no pelotão de choque convencional, no


pelotão de choque motorizado seus componentes recebem uma
numeração específica que os diferenciam dos demais, servido
para organização, padronização e conferência por parte do
comandante do pelotão.
Tal numeração inicia-se pelas viaturas. A viatura do
comandante do pelotão será a viatura 01 e a partir dela as demais
serão distribuídas até a viatura 06 seguindo a antiguidade dos
comandantes de equipe.
Os escudeiros da viatura 01 recebem a numeração 01 e
03, da viatura 03 recebem 05 e 07 e os da viatura 09 recebem o
número 09 e 11, formando o grupo 1. Já os escudeiros da viatura
02 recebem o número 02 e 04, os da viatura 04 os números 06 e
08 e os da viatura 06 os números 10 e 12, formando assim o grupo
2.
Quando o pelotão estiver embarcado em coluna por dois,
as viaturas que estiverem do lado esquerdo (Vtr's 01, 03 e 05)
serão o grupo 1 e as do lado direito (Vtr's 02, 04 e 06) serão do
grupo 2. Caso o terreno ou as condições do trânsito não permitam
deslocar as viaturas em coluna por dois, estas deverão deslocar
em coluna por um seguindo a ordem de antiguidade dos
comandantes de equipe.

175
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

6. PELOTÃO DESEMBARCADO EM COLUNA POR


DOIS

 O desembarque do pelotão de choque motorizado ocorre


nos mesmos padrões do pelotão de choque convencional. No
entanto, aqui o comandante emite o comando de desembarque
via rádio. Regra geral, o comandante tem a liberdade de
desembarcar a tropa no local que melhor lhe aprouver (frente,
esquerda, direita ou retaguarda das viaturas). Porém, sempre
que possível e para resguardar a segurança dos militares do
pelotão, é recomendado que esse desembarque seja realizado
entre as viaturas.

M M

VTR01 (CMDO) VTR02


E01 E02

E03 E04
M M
E05 E06

VTR03
E07 E08 VTR04

E09 E10

E11 E12
M M
A13 A14

VTR05
S15 VTR06

176
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

7. FORMAÇÕES DO PELOTÃO DE CHOQUE


MOTORIZADO

7.1 Em linha

GRUPO 1 GRUPO 2

E11 E09 E07 E05 E03 E01 E02 E04 E06 E08 E10 E12

A13 A14

S15

M M M M M M

VTR05 VTR03 VTR01 (CMDO) VTR02 VTR04 VTR06

177
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

7.2. Em cunha

E01 E02
E03 E04

E05 E06
E07 E08
E09 E10

E11 E12

A13 S15 A14

M M

VTR01 VTR02

M M

VTR03 VTR04

M M

VTR05 VTR06

178
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

7.3. Escalão à direita

E11
E09
A13
E07
E05

E03
E01
E02
E04
E06
M

E08
VTR05
S15
M
E10
E12
VTR03

M A14

VTR01

VTR02

VTR04
M

VTR06

179
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

7.4. Escalão à esquerda

E12
E10
A14
E08

E06

E04
E02
E01

E03
E05 S15 M

E07 VTR06

E09 M

E11 VTR04
M

A13
VTR02
M

VTR01
M

VTR03
M

VTR05

180
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

TÍTULO III
POLICIAMENTO EM EVENTOS

CAPÍTULO I – POLICIAMENTO DE CHOQUE EM


EVENTOS

A tropa de choque não realiza policiamento especializado


de maneira preventiva em eventos públicos, salvo em praças
desportivas.
O policiamento de choque em eventos (festas,
espetáculos, comemoração, solenidades, etc.) ocorrerá de modo
repressivo quando houver grave perturbação da ordem pública.
Para que ocorra o emprego repressivo da tropa de choque
em eventos públicos, entende-se como grave perturbação da
ordem pública qualquer tipo de ação em que seja necessário o
uso de técnicas para controle de massa, tecnologias de menor
potencial ofensivo e/ou agentes químicos para o
restabelecimento da paz social.
O emprego repressivo da tropa de choque em eventos
públicos é um policiamento de caráter excepcional, dependendo
de autorização expressa de uma das seguintes autoridades:
a)Comandante Geral da Polícia Militar;
b)Subcomandante Geral da Polícia Militar;
c) Comandante de Missões Especiais;
d)Comandante do Batalhão de Choque.

181
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Em caso de extrema urgência e excepcionalidade, não


havendo tempo hábil para contatar alguma das autoridades
relacionadas acima, o oficial QOPM na função de choque
comando poderá empregar o efetivo sob seu comando para atuar
de modo repressivo em evento público, cientificando, assim que
possível, o comandante do Batalhão de Choque.

CAPÍTULO II – POLICIAMENTO DE CHOQUE EM
PRAÇAS DESPORTIVAS

1. INTRODUÇÃO

O policiamento de choque em praças desportivas é de


caráter preventivo e divide-se em três frentes específicas:
1.1 Divisão de torcidas;
1.2 Escolta de arbitragem;
1.3 Policiamento com cães no gramado;

2. GENERALIDADES

 Para os efeitos a que se propõe este manual, serão


considerados sinônimos as palavras “estádio” e “praças
desportivas”.
 Para os efeitos a que se propõe este manual, serão
considerados sinônimos as palavras “jogos”, “disputas”,
“competição” e “eventos”.

182
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Para os efeitos a que se propõe este manual, considera-se


“pinças”: os policiais militares, fardados ou não (podendo estar de
agasalho ou camiseta), com a função de observar, prevenir e
reprimir, efetuando a detenção de qualquer indivíduo que tente
invadir de forma isolada o campo de jogo.
A utilização de agentes químicos no interior de locais de
evento em ações de CDC não é recomendável. Isso ocorre
devido a setorização do local, ao terreno irregular, por se tratar de
um local confinado, além da falta de distância mínima de
segurança entre a tropa e o público. O agente químico provocará
uma fuga em massa e fatalmente o confinamento do público em
locais inapropriados, além de uma superlotação das poucas vias
de fuga existentes, podendo resultar em lesões corporais e até
mesmo morte.
O emprego de agentes químicos na área externa aos
locais de evento poderá gerar um efeito negativo na
desocupação do seu interior. Isso ocorre, pois o público que
procurava a saída, ao sofrer a ação fisiológica dos gases,
retornará para o seu interior, provocando tumultos e desordens.
Vale destacar também que a ação impulsiva do vento sobre
gases poderá levar os agentes químicos para dentro do local de
evento gerando assim os mesmos efeitos.
A utilização de agentes químicos dentro de local de evento
somente será aceitável diante de uma excludente de ilicitude, ou
seja, legítima defesa, estado de necessidade, estrito
cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito. É
considerado um dos últimos recursos para que não haja um mal
maior.

183
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

O uso de munições de impacto controlado no local de


eventos ou praças desportivas ocorrerá somente sob ordem
direta, clara e específica do comando de tropa.
Nas hipóteses em que o atirador, devidamente habilitado,
vislumbrar a presença do agressor ativo em situação que coloque
em risco a integridade física própria ou de terceiros, poderá
efetuar os disparos necessários para cessar a injusta agressão,
sem a necessidade de ordem superior.
O disparo deverá ser realizado de modo seletivo, isto é,
preciso, com alvo determinado (identificado) e direcionado para
os membros inferiores de agressor ativo. Não se deve utilizar a
munição de elastômero para dispersão ou movimentação de
massa.

3. PLANEJAMENTO

Em eventos esportivos, mostra-se importante o histórico


das torcidas nos últimos jogos, e também realizar-se um
acompanhamento das provocações e confrontos marcados pela
internet ou qualquer outro meio;
Durante o planejamento, deve haver um comando
unificado da missão-tarefa entre o BPMChoque e a OPM
responsável pelo policiamento do jogo, de modo a se estruturar
linhas de ação e definir responsabilidades.
O cálculo do efetivo a ser empregado no policiamento em
locais de espetáculos públicos sofre a ação de inúmeras
variáveis, ficando então dependente da capacidade de avaliação
e de planejamento da seção administrativa responsável.

184
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

São exemplos de fatores que influenciam no quantitativo


de policiais a serem empregados:
3.1 Natureza da disputa a ser realizada;
3.2 Características do local;
3.3 Momento psicológico;
3.4 Interesse de terceiros;
3.5 Local;
3.6 Atenção dada pela imprensa ao evento;
3.7 Condições climáticas e atmosféricas;
3.8 Cobertura irradiada e/ou televisionada ou não,
simultaneamente com a competição;
Rotineiramente a tropa de choque acumula as missões
gerais de CDC e policiamento em praças desportivas com a
atividade de patrulhamento tático em recobrimento às zonas
quentes de criminalidade em apoio às unidades de área.
Por se tratar de uma missão secundária, a atividade de
patrulhamento tático ficará suspensa durante os jogos em que for
necessário o emprego da tropa de choque na divisão de torcidas
e proteção da equipe de arbitragem, devendo a seção de
planejamento do BPMChoque prever o emprego do policiamento
exclusivo para o jogo.

4. DIVISÕES DE SETORES

Para melhor compreensão do local e para facilitar a feitura


da escala, as praças dsportivas são divididas em setores, a
saber:

185
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4.1 1º Setor: compreende posto de comando, pinças,


arrecadação, escolta de arbitragem e local de estacionamento de
viaturas;
4.2 2º Setor: arquibancada inferior;
4.3 3º Setor: arquibancada;
4.4 4º Setor: cadeiras;
4.5 5º Setor: tribuna de honra

5. DIVISÃO DE TORCIDAS

A função da divisão de torcidas é impedir o atrito entre os


integrantes das torcidas adversárias. Os policiais da divisão de
torcidas devem ser imparciais, não permitindo que alguém
ultrapasse a divisão, independentemente do lado.
O pelotão de choque padrão é composto por 26 policiais
militares. Na adaptação para a divisão de torcidas, cada grupo,
composto por 12 policiais, ficará a cargo de uma linha, dispondo-
se paralelamente à grade de proteção, com a frente voltada para
a torcida, observando a distância mínima de segurança de trinta
metros entre as linhas.
O comandante do policiamento posiciona-se ao centro,
juntamente com o sargento auxiliar, para melhor visualização do
efetivo empregado e transmissão das ordens necessárias.
Na divisão de torcidas, os escudeiros portam apenas seus
bastões, permanecendo os escudos em local seguro e pronto
para o emprego, caso seja necessário.

186
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

E01 E02
E03 E04
E05 E06
E07 E08
E09 E10
E11 E12
L13 L14
30 metros
G15 G16
A17 A18
M19 He20

S21 S22

187
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

6. ESCOLTA DE ARBITRAGEM

A atribuição principal da escolta é dar segurança aos


árbitros (jogo de futebol).
A escolta dos árbitros será comandada, em regra, por um
Sargento, sendo auxiliado por outros policiais militares que
exercerão funções especificas.
O efetivo ideal da escolta de arbitragem é de oito policiais
militares, dispondo da seguinte maneira:

Ÿ 01 comandante;
Ÿ 05 escudeiros (escudos antitumulto);
Ÿ 01 granadeiro;
Ÿ 01 atirador com munição de impacto controlado.

As praças desportivas deverão ter um local apropriado e


reservado especialmente para os policiais responsáveis pela
escolta de arbitragem;
O efetivo permanecerá no espaço destinado, sentado e
atento, com os escudos acomodados, prontos para atender
qualquer solicitação. Ao perceber qualquer anormalidade dentro
do campo, deverão ficar em pé, pronto para entrar e intervir, se
necessário;
Faz-se obrigatório orientar os árbitros a posicionarem-se
juntos no centro do gramado em caso de ocorrência. Tal atitude
facilitará a sua proteção;

188
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Ao término do jogo a escolta deve se posicionar ao lado


dos árbitros e os acompanhar até seu vestiário. A proteção deve
estender-se até que o árbitro esteja seguro e dispense a escolta
expressamente;
A escolta de árbitros só ultrapassará as linhas que
delimitam o local de realização da competição quando:

Ÿ A arbitragem solicitar;
Ÿ A arbitragem estiver em sério risco;
Ÿ Houver quebra do princípio da legalidade, como brigas
envolvendo jogadores, profissionais da imprensa e outros.
Em caso de invasão de um ou poucos torcedores no
campo, os policiais da escolta de arbitragem permanecem onde
estão, deixando a cargo dos pinças a retirada dos invasores.
No caso de tumulto que comprometa a integridade física
dos árbitros, é aconselhável o uso do espargidor de gás OC ou
CS pelo comandante da escolta, considerando sempre a
aceitabilidade de agentes químicos no interior de praças
desportivas.

189
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

7. FORMAÇÃO PARA ESCOLTA DA EQUIPE DE


ARBITRAGEM

E

‚‚
E

E E

G A

190
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

8. PROCEDIMENTO EM CASO DE INVASÃO DO


CAMPO

 8.1 Em caso de invasão do campo, segue a prioridade de


proteção da escolta de arbitragem :
8.1.1 Proteção dos árbitros;
8.1.2 Proteção dos jogadores;
8.1.3 Proteção de profissionais da imprensa;
8.1.4 Proteção do patrimônio;

8.2 Em caso de invasão de poucos torcedores ou um único


torcedor, a detenção será de responsabilidade dos pinças. A
retirada dos invasores deverá ser realizada de forma a não
agredi-los fisicamente, conduzindo-os para fora do campo
utilizando os conhecimento de defesa pessoal no que diz respeito
à imobilização e condução dos detidos.
8.3 Em caso de invasão generalizada, o comandante da
tropa de choque determinará para que se formem duas linhas de
PM’s, equidistantes cerca de três metros uma da outra, voltadas
para a maior saída do campo (vias de fuga), sendo que a 1ª linha
com os cassetetes desembainhados farão a retirada dos
invasores e a 2ª linha nos mesmos moldes realizará o rescaldo no
campo. Para realizar tal procedimento, uma das linhas será
formada por parte do policiamento que compõe a divisão de
torcidas.
8.4 O avanço dessas linhas se dará de forma calma,
conduzindo o público para a saída, e com velocidade compatível
com a do público invasor, de tal forma que não provoque
correrias, pisoteamentos, pânico, etc;

191
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

8.5 Após a retirada do público invasor, os portões deverão


ser fechados.

9. ESCOAMENTO DO PÚBLICO

O comandante do policiamento, dependendo das


circunstâncias de momento, poderá manter a menor torcida no
estádio até que sua saída se torne segura, isso em caso de
público pequeno. Em quantidades iguais de público, cada torcida
deverá sair por um local separado, de maneira que elas não se
cruzem dentro e nas proximidades do estádio.

192
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

TÍTULO IV
INSTRUMENTOS DE MENOR POTENCIAL
OFENSIVO

CAPÍTULO I – CONCEITOS

1.1 Não letal: é o conceito que rege toda a produção,


utilização e aplicação de técnicas, tecnologias, armas, munições
e equipamentos não letais em atuações policiais. Por este
conceito, o policial deve utilizar todos os recursos disponíveis e
possíveis para preservar a vida de todos os envolvidos numa
ocorrência policial, antes do uso da força letal.

1.2 Técnicas não letais: é o conjunto de métodos


utilizados para resolver um determinado litígio ou realizar uma
diligência policial, de modo a preservar as vidas das pessoas
envolvidas na situação. Segundo o conceito adotado pela Polícia
Militar do Estado de São Paulo, é: “é toda ação coroada de êxito,
onde atua-se em uma ocorrência que, dependendo do desfecho,
faça o correto emprego dos meios auxiliares para contenção da
ação ilícita, somente utilizando a arma de fogo após esgotarem
tais recursos”.

1.3 Tecnologias não letais: é o conjunto de


conhecimentos e princípios científicos utilizados na produção e
emprego de equipamentos não letais.

193
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.4 Armas não letais: são as projetadas e empregadas


especificamente para incapacitar pessoal ou material,
minimizando mortes, ferimentos permanentes no pessoal, danos
indesejáveis à propriedade e comprometimento do meio
ambiente.

1.5 Munições não letais: são as munições desenvolvidas


com objetivo de causar a redução da capacidade operativa e/ou
combativa do agressor ou oponente. Podem ser empregadas em
armas convencionais ou específicas para atuações não letais.
Um exemplo de munição não letal são as munições de impacto
controlado, utilizadas em espingardas convencionais, que
também podem ser utilizadas com munição letal, pois foram
inicialmente concebidas sem obedecer aos critérios do conceito
não letal.

1.6 Instrumentos de menor potencial ofensivo: todos


os artefatos, inclusive os não classificados como armas,
desenvolvidos com finalidade de preservar vidas, durante
atuação policial ou militar, inclusive os equipamentos de proteção
individual (EPI's).
O principal foco do uso dos instrumentos de menor
potencial ofensivo é a intenção da preservação da vida por parte
do agente responsável pela aplicação da lei. Existe outro aspecto
tão importante quanto este que é o uso correto dos equipamentos
e técnicas de modo a reduzir ao máximo o sofrimento das
pessoas abordadas pelo policial.

194
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPÍTULO II - TEORIA GERAL DE AGENTES


QUÍMICOS

1. INTRODUÇÃO

O emprego técnico de agentes químicos no espectro do


policiamento ostensivo se constitui meio indispensável para as
ações e operações policiais que primem pela preservação dos
direitos humanos.
As finalidades do emprego policial de agentes químicos
são distintas se comparadas com as militares, tendo sempre de
ter o respaldo legal para seu uso, com atuações condizentes com
o estado de direito da sociedade.

2. CONCEITO BÁSICO

Agente químico é toda a substância que por sua atividade


química produza, quando empregada para fins militares, um
efeito tóxico, fumígeno ou incendiário.
2.1 Tóxico: substância nociva ao organismo e que produz
alterações físicas e/ou psíquicas diversas, podendo causar
sérias modificações de comportamento, além de, comumente,
gerar dependência. (Novo Aurélio, O Dicionário da Língua
Portuguesa, Século XXI – Ed. Nova Fronteira);
2.2 Fumígeno: que produza fumaça;

195
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

2.3 Incendiário: que provoque incêndios em materiais


inflamáveis.

3. PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS

3.1 Propriedades físicas

3.1.1 Densidade de vapor: a densidade de vapor é


a relação existente entre a densidade de um agente
químico de guerra e a densidade do ar em condições
normais de temperatura e pressão.

3.1.2 Peso molecular: é o valor representado pela


soma dos pesos atômicos de todos os átomos que
se encontram na molécula. Os pesos moleculares
de dois vapores estão entre si na mesma razão que
suas densidades de vapor.

3.1.3 Ponto de fusão: o ponto de fusão é a


temperatura na qual um sólido quando aquecido
passa ao estado líquido.

3.1.4 Ponto de congelação: o ponto de


congelação é a temperatura em que um líquido
quando resfriado muda de estado, passando a
sólido. É importante conhecer o ponto de
congelação de um agente químico de guerra,
porque as características da dispersão variam
acentuadamente com seu estado físico.

3.1.5 Volatilidade: a volatilidade é o peso de vapor


num volume unitário de ar, em condições de
equilíbrio, a temperatura determinada. A
volatilidade aumenta na razão direta da
temperatura. É expressa em miligramas de vapor
por metro cúbico (mg/m3).

196
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

O conhecimento da pressão do vapor ou da


volatilidade é no entanto, inútil, se a ação fisiológica
de um agente químico não é levada em
consideração. Um agente químico extremamente
tóxico com volatilidade relativamente baixa, tal
como GB (Sarin), pode ser bem mais letal do que
agente químico menos tóxico com volatilidade
muito maior, tal como CG (Fosgênio).

3.2 Propriedades químicas

3.2.1 Hidrólise: a hidrólise é a reação de qualquer


substância química com a água, tendo como
produção uma ou mais substâncias novas. A
hidrólise é de grande importância na guerra química.
Uma hidrólise rápida é também fator importante na
diminuição do efeito de persistência dos agentes
químicos.Alguns agentes químicos em contato com
a água não formam outras substâncias novas, nesse
caso a água poderá servir como potencializador dos
seus efeitos sobre alguma parte do corpo,
geralmente sobre a pele.

3.2.2 Hidratação: é a combinação de uma


substância com a água (solvente universal).

3.2.3 Estabilidade quando armazenada:


estabilidade quando armazenada determina a
utilidade prática de um agente químico, pois se ele
for susceptível de decomposição, nessa
circunstância, será de pouco valor, apesar de
quaisquer outras propriedades que o possam
recomendar.

197
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4. PROPRIEDADES DOS AGENTES QUÍMICOS

4.1 Concentração: denomina-se concentração a


quantidade do agente existente em determinado volume de ar.
Podem ser:
4.1.1 Eficiente: é aquela em que o agente produz o
efeito característico para o qual foi concebido e o
resultado almejado pelo operador quando lançado,
ou seja, quando atinge o objetivo proposto.

4.1.2 Letal: é aquela em que o agente lançado é


capaz de causar a morte em pessoal desprotegido.

4.1.3 Inquietante: é aquela em que o agente,


embora não produza integralmente seu efeito
característico, exige o uso de máscara contra gases
para evitar efeitos secundários ou inquietantes, ou
seja, quando causa a incapacitação temporária do
oponente.

4.2 Dosagens: é a concentração multiplicada pelo tempo


de exposição. São levados em consideração os efeitos sofridos
por pessoas adultas, saudáveis e em repouso.
4.2.1 Dosagem de vapor (Ct): a dosagem de vapor
é a concentração do gás na atmosfera multiplicada
pelo tempo durante a qual a mesma persiste. A
dosagem portanto é calculada multiplicando-se a
concentração do agente pelo tempo de exposição
(D = C x T), sendo em mg/m3. Os efeitos dos vapores
dos agentes dependem não somente da quantidade
de vapor presente, mas também do tempo de
exposição e da proteção usada. O mesmo efeito
pode ser obtido pela exposição do pessoal a uma
alta concentração durante um pequeno espaço de
tempo, ou para uma fraca concentração durante um
longo período. Assim, uma exposição de um minuto
a uma concentração de 100 mgxmin/m3 equivaleria
a uma exposição de 10(dez) minutos a uma
concentração de 10 mgxmin/m3.

198
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4.2.2 Dosagem letal média: a dosagem letal de um


agente pode ser considerada como a dosagem letal
média, quando ocorre o óbito em 50% do pessoal
exposto. A produção de 100% de mortes na tropa
inimiga seria certamente o objetivo desejado em um
ataque, entretanto, devido às limitações
observadas no emprego de um agente em
campanha, é considerado satisfatória a produção
de 50% de mortes na tropa inimiga sobre idênticas
condições de proteção. Tal fato ocorrendo, é muito
provável a existência, também, de um grande
números de baixas por incapacitação entre os 50%
restantes. Daí ser chamada de Dosagem Letal
média. A dosagem letal média é indicada pela
expressão “Ct L 50”, onde a concentração do
agente em vapor é multiplicada pelo tempo de
exposição considerada letal para 50% do pessoal
exposto. Quando a dosagem se refere a líquido, ela
é indicada pela expressão “D L 50”, que vem ser a
quantidade de gramas do líquido sobre a pele
considerada letal para 50% do pessoal atingido. As
dosagens letais variam com o grau de proteção
proporcionado pelas máscaras e pela roupa usada
pelo pessoal. A produção de 100% de mortes na
tropa inimiga seria certamente o objetivo desejado
em um ataque, entretanto, devido às limitações
observadas no emprego de um agente em
campanha, é considerado satisfatória a produção
de 50% de mortes na tropa inimiga sobre idênticas
condições de proteção. Tal fato ocorrendo, é muito
provável a existência, também, de um grande
números de baixas por incapacitação entre os 50%
restantes. Daí ser chamada de Dosagem Letal
média. A dosagem letal média é indicada pela
expressão “Ct L 50”, onde a concentração do
agente em vapor é multiplicada pelo tempo de
exposição, considerada letal para 50% do pessoal
exposto. As dosagens letais variam com o grau de
proteção proporcionado pelas máscaras e pela
roupa usada pelo pessoal.

4.2.3 Dosagem média de incapacitação: a


dosagem média de incapacitação é a concentração
em vapor multiplicada pelo tempo de exposição ou
a quantidade de agente líquido sobre a pele,
suficiente para incapacitar 50% do pessoal
exposto, ou seja, quando ocorre a incapacitação
temporária em pelo menos 50% do pessoal
exposto. A dosagem média de incapacitação é
indicada pela expressão “Ct I 50”. A dosagem “Ct I
50” varia de acordo com a proteção fornecida pelas
máscaras e roupas protetoras usadas pelo pessoal
e parte do corpo afetada.

199
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4.3 Toxidez: chama-se de toxidez a capacidade relativa


dos agentes químicos de agirem sobre o organismo e produzirem
inquietação ou morte. Ou em outras palavras, toxidez é a maior
ou menor capacidade que na unidade de tempo, dosagens iguais
de agentes diferentes têm de produzir efeitos sobre o organismo.

4.4 Efeito acumulativo: diz respeito à capacidade do


organismo em absorver e eliminar um determinado agente
químico.
O organismo pode anular os efeitos de certas doses desse
agente e consequentemente se a dose que um indivíduo
absorveu estiver abaixo da que seu organismo pode anular por si
mesmo, esses efeitos serão anulados num ritmo mais rápido que
aqueles que são produzidos e a morte nessas circunstâncias não
ocorrerá.
Quando a dose de um agente químico num organismo for
superior à sua capacidade de absorção e eliminação, os efeitos
se produzirão em um ritmo superior ao de desintoxicação e
tornar-se-ão acumulativos.
 Desta maneira se um indivíduo permanecer exposto
numa atmosfera com uma alta concentração por um dado espaço
de tempo, absorverá uma dose letal.

4.5 Persistência: é o tempo que o agente químico


permanece em concentração eficiente no ponto em que foi
lançado. A persistência varia de acordo com as propriedade
físicas e químicas do agente, que por sua vez encontram-se na
dependência de alguns fatores, tais como:

200
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4.5.1 Método de dispersão: quando uma munição


química é lançada, o sopro da carga de
arrebentamento, destinado a romper o invólucro da
granada, dispersa a carga química. Parte desta
carga após a explosão é decomposta pelas altas
temperaturas geradas (calor) e parte é espalhada
na forma de partículas. No estado líquido, parte
desse agente espalha-se em forma de gotas que se
assentam rapidamente na superfície do terreno e
parte vaporiza-se instantaneamente. No estado
gasoso, o agente se decompõe pelas altas
temperaturas geradas, formando uma nuvem de
gás e parte fica suspensa como aerosol.
4.5.2 Quantidade de agente lançado:
obviamente, quanto maior a quantidade de agente
empregado, maior será o período que permanecerá
ativo.
4.5.3 Temperatura: a persistência do agente
químico é inversamente proporcional à
temperatura.
4.5.4 Temperatura do ar (estabilidade do ar):
altas temperaturas aceleram o processo de
evaporação dos agentes líquidos, ocorrendo o
inverso com baixas temperaturas. Um mesmo
agente terá sua persistência aumentada ou
diminuída, conforme a temperatura abaixe ou
diminua. A razão da persistência de um agente
químico num ambiente é inversamente
proporcional à temperatura do ar. A persistência do
agente químico é diretamente proporcional à
estabilidade do ar. Quanto maior a estabilidade do
ar, maior será a persistência. A estabilidade do ar
pode ser estudada sob três condições: lapse,
inversão e neutralidade:
· Lapse: esta condição ocorre normalmente nos
dias de céu sem nuvens ou parcialmente nublados.
Nesta condição, há fortes correntes de ar e os
gases são rapidamente dissipados.
· Inversão: ocorre normalmente nas noites limpas
e no amanhecer até cerca de uma hora após o
nascer do sol. Nesta condição há uma tendência
dos gases a se conservarem à linha do solo,
· Neutralidade: é uma condição intermediária
entre lapse e inversão. Nesta condição há uma
persistência muito boa dos gases, facilitando assim
a consecução do objetivo. É considerada a
condição ideal para o uso de agente químico.
Ocorre normalmente nas noites ou dias
densamente nublados ou em períodos de transição
entre uma condição meteorológica e outra. Isto
acontece, via de regra, entre uma ou duas horas
após o nascer do Sol.

201
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4.5.5 Velocidade do vento: ventos fortes


aceleram o processo de evaporação dos agentes
líquidos e as nuvens de gás são rapidamente
dissipadas quando a velocidade do vento é alta.
4.5.6 Vegetação: os terrenos cobertos por
vegetação são mais propícios ao emprego de
agentes do que os terrenos limpos. Um gás
disseminado em um bosque denso tende a
permanecer por mais tempo do que aquele
disseminado em um bosque aberto.
4.5.7 Natureza do solo: a umidade, o grau de
permeabilidade e a dureza do solo são fatores
preponderantes na persistência de um agente
químico. Terrenos pedregosos ou arenosos tendem
a absorver com mais facilidade as munições no
estado líquido. Os úmidos manterão presas as
partículas sólidas do agente empregado. Já os
terrenos secos e duros, como aqueles cobertos por
manta asfáltica, não permitirão uma perda
apreciável da carga empregada.
4.5.8 Topografia do terreno: as nuvens de gás
fluem através do terreno ondulado, descendo para
os vales, penetrando em cavidades, terrenos
baixos e depressões, tendendo a rodear os
obstáculos ou terrenos elevados. O terreno
irregular retarda o movimento da nuvem de gás,
enquanto que o liso e plano, proporciona um
movimento constante e suave. Por essa razão,
quanto mais acidentado for o terreno, tanto maior
será a persistência do agente empregado.

4.6 Tipos de persistência: existe uma classificação para


os tipos de persistência. São elas:

4.6.1 Não persistentes: agentes químicos que


permanecem no local em que foram lançados, em
concentração eficiente por até dez minutos.
4.6.2 Moderadamente persistentes: agentes
químicos que permanecem no local em que foram
lançados, em concentração eficiente por um
período de dez minutos a doze horas.
4.6.3 Altamente persistentes: agentes químicos
que permanecem no local em que foram lançados,
em concentração eficiente por mais de doze horas.

202
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4.7 Métodos de dispersão: forma na qual o agente


químico é lançado no ambiente. São elas:

4.7.1 Combustão (queima): ocorre a ação de um


dispositivo de acionamento do tipo queima
(espoleta, misto de ignição) e o agente químico é
liberado lentamente, para o exterior, na forma
gasosa ou de aerosol. Esse método ocorre com as
granadas fumígenas.
4.7.2 Espargimento: o agente químico é dissolvido
e a solução é lançada ao ar através de espargidores
ou recipientes metálicos (Aerosol). Esse método
ocorre com os espargidores.
4.7.3 Explosão: é o caso dos agentes químicos
que são lançados, acondicionados em artefatos,
que ao serem deflagrados pela ação de sua carga
de arrebentamento, têm destruído o invólucro que
os acondiciona, sendo liberado instantaneamente.
Esse método ocorre com as granadas explosivas.
4.7.4 Volatização (evaporação): o agente químico
é usado no estado líquido e envasado em uma
ampola de vidro. Ao se quebrar a ampola o agente
químico evapora-se inundando o ambiente. Esse
método ocorre com as ampolas.
4.7.5 Jato direto (jato de pó): o agente químico é
colocado em um cartucho, tomando o lugar do
projétil, sendo lançado na forma sólida
micropulverizado por meio de uma arma de fogo. O
agente químico se dispersa ao entrar em contato
com o ar.

5. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS

Os agentes químicos possuem as seguintes


classificações:

203
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

5.1 Quanto à sua classificação básica:

5.1.1 Gases: compreende todos os agentes que


são empregados contra pessoal e produzem efeitos
tóxicos;
5.1.2 Fumígenos: os que por queima, hidrólise ou
condensação, produzam fumaça ou neblina;
5.1.3 Incendiários: aqueles que gerando altas
temperaturas, provoquem incêndios em materiais
combustíveis;

5.2 Quanto ao seu estado físico:

5.2.1 Sólido;
5.2.2 Líquido;
5.2.3 Gasoso.

5.3 Quanto ao seu emprego tático:

5.3.1 Causadores de baixa: os que, por seus


efeitos sobre o organismo humano, produzem a
morte ou incapacitação prolongada do oponente.
5.3.2 Inquietantes: agentes de efeitos leves e
temporários, porém desagradáveis, que diminuem
a capacidade combativa/operativa do oponente.
5.3.3 Incapacitantes: agem sobre as funções
psíquicas do homem, ocasionando confusão mental
e desordem muscular.
5.3.4 Fumígenos: os que por queima, hidrolise ou
condensação produzem fumaça ou neblinas,
podendo ser de cobertura ou sinalização.
5.3.5 Incendiários: os que gerando altas
temperaturas, provoquem incêndios em materiais
combustíveis.

204
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

5.4 Quanto à sua ação fisiológica:

5.4.1 Sufocantes: os que irritam e inflamam o


sistema respiratório. Essas irritações são
combatidas pelo organismo com a segregação de
líquidos dos pulmões. Matam por afogamento (cloro,
fosgênio, cloropicrina).
5.4.2 Vesificantes: agem principalmente sobre a
pele, causando a necrose do protoplasma das
células. Causam cegueira temporária, vesículas
(bolhas) e queimaduras na pele e irritação nas vias
respiratórias, podendo levar à morte (gás mostarda).
5.4.3 Neurotóxicos (tóxico dos nervos): são os
agentes mais letais, matando em poucos minutos.
Inibem os colinesterases (uma enzima que age
sobre sistema nervoso). Causam estrangulamento
dos órgãos vitais pelos músculos do corpo da vítima
(sarin, tabun, VX).
5.4.4 Hematóxicos (tóxico do sangue): agem
sobre o sangue, impedindo a absorção de oxigênio
pelas células do corpo. Matam por asfixia
(derivados do acido cianídrico).
5.4.5 Vomitivos: atuam sobre o nariz, garganta e
sistema nervoso, causando tosse espasmódica,
espirros, náuseas e vômitos, acompanhados de
debilidades físicas e mentais que podem durar até
três horas (derivados do arsênio).
5.4.6 Lacrimogêneos: atacam os olhos e vias
aéreas superiores, causando lacrimejamento
abundante, sensação de queimação e grande
desconforto. Só são fatais em concentrações muito
altas (ortoclorobenzilmalononitrilo,
cloroacetofenona, oleoresina de capsaicina).
5.4.7 Psicoquímicos: os que agem sobre as
funções físicas e mentais do combatente, causando
grande confusão mental, perda do equilíbrio e da
coordenação motora (LSD, gás do medo, gás do
sono).

205
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPÍTULO III - AGENTES QUÍMICOS UTILIZADOS


PELA PMGO

1. AGENTES LACRIMOGÊNEOS

Os agentes lacrimogêneos se caracterizam pela dor e


irritação nos olhos, provocando um abundante fluxo de lágrimas,
além de irritarem a pele. São debilitantes e possuem efeitos
temporários, diminuindo a capacidade de resistência e de
combate do oponente, não lhe causando morte nem a
incapacitação prolongada, desde que utilizados
adequadamente.
É importante observar relativamente à sua toxidez que não
se deve usá-los em quantidades indiscriminadas, mesmo em
locais abertos. Cada agente específico possui dosagens de
incapacitação (dosagem média de incapacitação) e também
dosagens letais (dosagem letal média) que, de modo geral, são
capazes de incapacitar e matar, respectivamente, a população
alvo de sua ação.
Assim, cabe ao operador conforme o tipo específico de
agente químico empregado discernir o ambiente em que usará o
artefato, sendo limitado o seu uso em ambientes fechados, e a
maneira como fará a aplicação (dispersão) do agente químico no
ambiente. Além disso, observar as características gerais
relacionadas à persistência pode promover uma utilização mais
eficiente dos agentes químicos, proporcionando os efeitos
desejáveis com quantidades menores (concentração eficiente).

206
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.1 Características toxicológicas dos agentes


lacrimogêneos: os agentes lacrimogêneos, considerados
normalmente como possuidores de baixa toxicidade, são
potentes irritantes sensoriais que provocam uma toxicidade
aguda específica do local. Têm sido descritos como não letais.

espirros, tosse,
lacrimejamento, irritação, irritação,
ardor, dor, fechamento secreções,
involuntário opressão toráxica

desconforto nasal,
corrimento nasal.

salivação, sensação
de queimadura

agentes
lacrimogêneos

sensação de queimadura,
eritema, empolamento
da pele
náuseas,
vómitos e
diarréia

A exposição pode ocorrer por via inalatória, dérmica e oral.


Atuam primariamente no olho, que é o órgão humano mais
sensível, mas a maioria também afeta o sistema respiratório e a
pele. O número de efeitos, bem como a sua extensão, nesses
órgãos-alvo é variável.

207
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Imediatamente após a exposição, provocam irritação


intensa dos olhos, nariz, garganta e pulmões, e também irritação
na pele.
A margem de segurança, entre a quantidade necessária
para causar um efeito perturbador e a quantidade necessária
para causar efeitos adversos graves, é larga.
Os agentes lacrimogêneos normalmente não causam
efeitos adversos permanentes. No entanto, o risco de efeitos
nocivos para a saúde humana, a longo prazo ou mesmo letais,
aumenta quando a exposição ocorre com níveis elevados destes
compostos e/ou durante intervalos de tempo prolongados.
Atualmente, os conhecimentos quanto à toxicidade a
longo prazo e à toxicidade crônica ainda são limitados.

1.2 Efeitos oculares: a propriedade mais característica


dos Agentes lacrimogêneos é a sua capacidade de causar uma
intensa e imediata sensação de irritação nos olhos, provocando
lágrimas mesmo em baixas concentrações, levando a uma
incapacidade temporária.
Em concentrações baixas, os efeitos são reversíveis e não
lesivos.
A seguir, uma explanação sobre os principais agentes
lacrimogêneos empregados pela tropa de choque da PMGO, que
são: CS e OC.

208
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

2. ORTOCLOROBENZILMALONONITRILO (CS):

A sigla CS identifica o agente químico empregado no


controle de tumultos em maior evidência nos últimos anos. É
formado pelas iniciais de dois cientistas, B.B. Carson e R.W.
Stoughton, que o sintetizaram pela primeira vez em 1928. Por sua
eficácia, substituiu com vantagem, os demais agentes
lacrimogêneos (tal como o CN).
O CS é um pó cristalino branco que age rapidamente no
organismo. O produto de sua hidrólise é desconhecido, sendo
considerado um agente estável em termos de armazenamento.
Muda para o estado líquido a uma temperatura média de 94ºC e
para o gasoso a 312,5ºC. Atualmente é o agente químico mais
utilizado nas munições químicas fabricadas no Brasil.

2.1 Características físico-químicas:

Peso molecular: 188.5g/mol;


Ponto de fusão: 93 a 95ºC;
Ponto de ebulição: 310 a 315ºC;
Dosagem letal média: 25.000 a 60.000 mg x min/m³;
Dosagem média de incapacitação: 10 a 20 mg x min/m³.

209
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

2.2 Características toxicológicas:

Irritação sensorial aguda - efeitos oculares: causa


inicialmente uma sensação de queimadura e irritação intensa,
que evolui para dor acompanhada de fechamento involuntário
dos olhos e lacrimejamento intenso. Provoca uma conjuntivite
transitória, mas sem lesão na córnea.
Irritação sensorial aguda - efeitos dérmicos: é um
irritante primário que provoca uma ação nefasta na pele quando
aplicado topicamente como pó, solução ou aerossol. Provoca
também dermatite de contato.
Alguns minutos após uma exposição aguda a baixas
concentrações de CS inicia-se uma sensação de queimadura nas
áreas expostas da pele, sendo mais intensa se a pele estiver
molhada. Esta sensação pode ser acompanhada ou seguida de
eritema. Quanto maior a concentração de CS, maior a
temperatura e maior a umidade, mais intenso vai ser o eritema, e
surge edema (inchaço) e vesiculação (queimadura) algumas
horas depois.
Em concentrações maiores, surge eritema, às 24 horas
após a exposição à zona torna-se edematosa e vesículas e
bolhas podem aparecer.
A reação é mais comum quando a temperatura e a
umidade são elevadas, e nas zonas em contato com a roupa
(como a gola da camisa), a transpiração excessiva pode
contribuir para o desenvolvimento de lesões dérmicas.

210
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Os efeitos também dependem de fatores individuais, que


podem estar relacionados com a pigmentação da pele, cor dos
olhos e sensibilidade ao sol. Podem aparecer queimaduras de
primeiro e segundo grau.
O CS também é um sensibilizante e pode causar
dermatite alérgica de contato, como resultado de uma reação de
hipersensibilidade tardia. Uma exposição inicial pode não causar
efeitos, mas uma exposição tardia mesmo a quantidade reduzia
de CS, produz uma dermatite grave com eritema, edema,
vesiculação.
Toxidade aguda: o CS é considerado um agente
lacrimogêneo potente e relativamente seguro, mas
concentrações elevadas podem levar a reações tóxicas. É um
irritante sensorial periférico, atua ao nível das mucosas dos
olhos, nariz, garganta e estômago, e afetando principalmente os
olhos, a pele, o sistema respiratório e o trato gastrointestinal.
Estes efeitos irritantes têm um início de ação rápido a baixas
concentrações, e não são muito persistentes se o indivíduo
abandonar a área contaminada.
Em concentrações elevadas, ambientes confinados ou
exposição prolongada, podem aparecer efeitos adversos graves,
podendo levar a morte a pessoa que estiver sofrendo os efeitos
do agente, se esta não estiver equipada com máscara de
proteção respiratória.

211
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

2.3 Características gerais

Proteção: máscara de proteção respiratória com o filtro


adequado e roupa de campanha comum, protegendo até o pulso
e o pescoço. Para o manuseio recomenda-se o uso de luvas.
Classificação básica: gás.
Classificação tática: inquietante.
Classificação fisiológica: lacrimogêneo.

Classificação quanto a persistência: CS, quando sólido


é altamente persistente. Sob a forma de gás, como é
normalmente empregado, é não persistente.
Hidrólise: o produto da hidrólise do CS não é totalmente
conhecido, por isso alguns estudiosos preferem dizer que esse
agente não hidrolisa com a água, sendo a mesma um fator de
potencialização de seu efeito. Porém não se pode afirmar na
íntegra que não há hidrólise desse agente com a água.
Solubilidade: o agente CS é pouco solúvel em água, mas
apresenta solubilidade moderada em álcool e boa em solventes
orgânicos como hexano, acetona, clorofórmio, diclorometano,
acetato de etila e benzeno. A nuvem do agente é branca no
momento do lançamento e alguns segundos depois. Mesmo não
sendo muito persistente, o CS pode aderir a superfície rugosas
como roupas de onde é eliminado lentamente. É necessário uma
boa aeração para remover o CS destes materiais após
exposição.

212
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

C10H5Cl N2

3. OLEORESINA DE CAPSICUM (OC)

O oleoresina de capsicum é uma substância extraída da


pimenta, resultante de uma complexa mistura de substâncias
ativas daquele vegetal chamadas capsaicinoides. Geram forte
sensação de queimação nas áreas afetadas. O produto de sua
hidrólise é desconhecido, sendo considerado um agente estável
em termos de armazenamento.

3.1 Características físico-químicas:

dosagem letal média: desconhecida.


dosagem média de incapacitação: desconhecida.
Lembrando que OC é uma mistura de muitos compostos,
obtida por extração dos frutos secos de pimenteiras,
normalmente Capsicum annuum e C. frutescens.

213
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Ao contrário do CS, que possuem composição química


definida, o OC possui composição muito variável e complexa,
sendo constituído por cerca de cem compostos diferentes. A
composição varia com fatores como o estado de maturação do
fruto, condições ambientais em que o fruto cresceu e condições
da extração.
 A principal substância ativa é a capsaicina, que possui
características irritantes.

3.2 Características toxicológicas

Irritação sensorial aguda - efeitos oculares: os efeitos


oculares típicos após um aerossol de OC incluem
lacrimejamento, inflamação da conjuntiva, vermelhidão, ardor
dor e fechamento involuntário dos olhos.
Pode levar à perda do reflexo de pestanejo após estímulos
químicos e mecânicos.
Irritação sensorial aguda - efeitos dérmicos: após
aerossol de OC, aparecem efeitos como dor intensa, sensação
de queimadura, edema, eritema e ocasionalmente,
empolamento da pele.
Toxicidade aguda: o OC produz rapidamente
lacrimejamento e fechamento involuntário dos olhos. Também
provoca respostas respiratórias, como irritação nasal, bronco
constrição, tosse, espirros e falta de ar. Adicionalmente, causa
uma sensação de queimadura na pele e perda do controle motor.

214
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

3.3 Características gerais


Proteção: máscara contra gases com o filtro adequado e
roupa de campanha comum, protegendo até o pulso e o pescoço.
Classificação básica: gás.
Classificação tática: inquietante.
Classificação fisiológica: lacrimogêneo.

Descontaminação: a descontaminação ocorre em


aproximadamente 45 minutos, podendo variar de pessoa para
pessoa.
Solubilidade: é um agente insolúvel em água fria e
parcialmente solúvel em água morna, sendo, entretanto,
livremente solúvel em éter, benzeno, clorofórmio e álcool.

215
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPÍTULO IV - MEDIDAS DE DESCONTAMINAÇÃO

1. AGENTES LACRIMOGÊNEOS (CS)

1.1 Dermal
Voltar-se contra o vento (a aeração promove a
descontaminação): o vento contra o rosto e demais partes do
corpo afetadas pela exposição ao agente, funcionará como um
descontaminante mecânico, retirando as partículas que
estiverem sobre a epiderme);
Lavar a área afetada com água corrente em
abundância e se possível, com o auxílio de um sabão neutro:
considerada um solvente universal, a água se encarregará de
retirar mecanicamente, as partículas de agente que porventura
se encontrem sobre a superfície epitelial. Obviamente soluções
saponificadas alcançarão melhores resultados, pois aumentarão
o efeito dissolvedor da água, pois o sabão neutro impedirá que os
aditivos presentes em sabonetes perfumados, reajam com o
agente inquietante, ocasionando a formação de substâncias
desconhecidas. Este tipo de medida descontaminante é
recomendado para os primeiros minutos de exposição ao
agente, a fim de que não se forme uma quantidade de ácido
clorídrico considerável, durante a hidrólise do CS com a água;

216
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Polvilhar nas áreas afetadas materiais absorventes,


tais como talcos e farinhas: medida indicada somente para
agentes lacrimogêneos no estado líquido;
Aplicar nas áreas afetadas, uma solução de
bicarbonato de sódio, na seguinte proporção: três colheres
de chá de bicarbonato de sódio para um litro de água. Soluções
alcalinas se encarregarão de diminuir os efeitos calcinantes
produzidos pelo ácido clorídrico, gerando como produtos finais:
sal e água;
Aplicar nas áreas afetadas, pomadas suavizantes, à
base de caladrine (caladryl): este tipo de medida produz efeitos
meramente paliativos, pois irá somente amenizar, de maneira
temporária, a sensação de ardência na pele úmida, causada pela
exposição ao ácido clorídrico;
Aplicar nas áreas afetadas, pomadas anestésicas, à
base de prilocaína e/ou lidocaína: este método, a exemplo do
anterior, não pode ser considerado na verdade, como um
descontaminante, pois somente anestesiará as áreas afetadas,
impedindo que a vítima sinta os efeitos do ácido clorídrico;
Procurar auxílio médico: caso nenhuma das medidas
apresentadas acima diminua ou alivie os efeitos causados pela
exposição excessiva ao agente químico, a vítima deverá ser
conduzida de imediato a um serviço de atendimento médico
especializado.

217
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.2 Ocular
Voltar-se contra o vento: a aeração promove a
descontaminação. O vento contra os olhos funcionará como um
descontaminante mecânico, retirando as partículas que
estiverem sobre a superfície globo ocular;
Lavar os olhos com água corrente (à temperatura
ambiente) em abundância: considerada um solvente universal,
a água se encarregará de retirar mecanicamente, as partículas
de agente que porventura se encontrem sobre a superfície ocular,
trazendo alívio aos olhos. Este tipo de medida descontaminante é
recomendado para os primeiros minutos de exposição ao agente,
a fim de que não se forme uma quantidade de ácido clorídrico
considerável, durante a hidrólise do CS com a água;
Aplicar nos olhos, compressas com uma solução de
ácido bórico (água boricada): além de descontaminante, esta
medida tem também, um caráter anti-séptico, sendo talvez, a
mais recomendada para a descontaminação ocular;
Aplicar nos olhos, colírios anestésicos, à base de
lidocaína e/ou prilocaína: o mesmo colírio empregado pelos
soldadores de chapas de metal. Não possui ação
descontaminante, sendo, entretanto, bastante eficiente contra as
dores nos olhos causadas pela exposição excessiva ao agente;
Procurar auxílio médico: caso nenhuma das medidas
apresentadas acima diminua ou aliviem os efeitos causados pela
exposição excessiva ao agente químico, a vítima deverá ser
conduzida de imediato a um serviço de atendimento médico
especializado, a fim de que as partículas possam ser retiradas
por um oftalmologista.

218
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.3 Pulmonar
Retirar-se do ambiente contaminado: respirar ar puro;
Aplicar Oxigênio (a 100%) umidificado, além de outros
processos de ventilação com o auxílio de
broncodilatadores: medida a ser administrada por pessoal
especializado, em face da exigência de equipamento e
treinamento adequados;
Procurar auxílio médico: caso nenhuma das medidas
apresentadas acima diminuam ou aliviem os efeitos causados
pela exposição excessiva ao agente químico, a vítima deverá ser
conduzida de imediato a um serviço de atendimento médico
especializado.

1.4 Intestinal
Não ingerir líquidos, principalmente água: tal conduta
só agravaria a atuação do ácido clorídrico sobre as mucosas;
Procurar auxílio médico imediato a fim de se proceder
à lavagem estomacal: medida a ser administrada por pessoal
especializado, em face da exigência de equipamento e
treinamento adequados.

219
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

2. AGENTES LACRIMOGÊNEOS PIMENTA (OC)

2.1 Dermal
Voltar-se contra o vento: a aeração promove a desconta-
minação. O vento contra o rosto e demais partes do corpo
afetadas pela exposição ao agente, funcionará como um
descontaminante mecânico, retirando as partículas que
estiverem sobre a epiderme;
Polvilhar nas áreas afetadas materiais absorventes,
tais como talcos e farinhas: medida indicada somente para
quando o agente pimenta estiver no estado líquido;
Aplicar nas áreas afetadas compressas com álcool: a
capsaicina poderá ser dissolvida, bastando para isso limpar as
áreas afetadas, com um pano macio ou algodão esterilizado,
embebidos em álcool. O emprego da água não é muito indicado
como um método eficiente de descontaminação, haja vista ela
potencializar os efeitos agressivos da capsaicina;
Aplicar nas áreas afetadas, pomadas anestésicas, à
base de prilocaína e/ou lidocaína: este método, não pode ser
considerado na verdade, como um descontaminante, pois
somente aliviará a sensação de queimação, provocada pelo
agente pimenta;
Procurar auxílio médico: caso nenhuma das medidas
apresentadas acima diminuam ou aliviem os efeitos causados
pela exposição excessiva ao agente químico, somente a
aplicação de um antiinflamatório e um anestésico, como voltarem
e lisador trarão alívio à vítima.

220
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

2.2 Ocular
Voltar-se contra o vento: a aeração promove a
descontaminação. O vento contra os olhos funcionará como um
descontaminante mecânico, retirando as partículas que
estiverem sobre a superfície ocular;
Lavar os olhos com água corrente (à temperatura
ambiente) em abundância: medida indicada somente para
aplicação imediata, logo após a exposição ao agente;
Aplicar nos olhos, compressas com água boricada:
além de descontaminante, esta medida tem também, um caráter
anti-séptico, sendo talvez, a mais recomendada para a
descontaminação ocular;
Aplicar nos olhos, colírios anestésicos, à base de
lidocaína e/ou prilocaína: o mesmo colírio empregado pelos
soldadores de chapas de metal. Não possui ação
descontaminante, sendo, entretanto, bastante eficiente contra as
dores nos olhos causadas pela exposição excessiva ao agente;
Procurar auxílio médico: caso nenhuma das medidas
apresentadas acima diminuam ou aliviem os efeitos causados
pela exposição excessiva ao agente químico, a vítima deverá ser
conduzida de imediato a um serviço de atendimento médico
especializado, a fim de que as partículas possam ser retiradas
por um oftalmologista.

221
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

2.3 Pulmonar
Retirar-se do ambiente contaminado: respirar ar puro;
Aplicar oxigênio (a 100%) umidificado, além de outros
processos de ventilação com o auxílio de broncodi-
latadores: medida a ser administrada por pessoal especializado,
em face da exigência de equipamento e treinamento adequados;
Procurar auxílio médico: caso nenhuma das medidas
apresentadas acima diminuam ou aliviem os efeitos causados
pela exposição excessiva ao agente químico, a vítima deverá ser
conduzida de imediato a um serviço de atendimento médico
especializado.

2.4 Intestinal
Não ingerir líquidos, principalmente água: tal conduta
só potencializaria os efeitos da capsaicina sobre as mucosas;
Procurar auxílio médico imediato, a fim de proceder à
lavagem estomacal: medida a ser administrada por pessoal
especializado, em face da exigência de equipamento e
treinamento adequados.

222
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPÍTULO V – EQUIPAMENTOS E ARMAMENTOS


UTILIZADOS PELA TROPA DE CDC

1. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL


(EPI)

1.1 Capacete: dois tipos de capacetes são recomendados


para as operações de choque: capacetes balísticos e capacetes
antitumulto. A constituição de cada tipo varia de acordo com o
fabricante, sendo que o primeiro protege contra munições letais e
o segundo contra não letais (pedras, paus, vidros etc.).

1.2 Caneleira antitumulto: as caneleiras devem ser


usadas por todos os integrantes da tropa de choque. Têm por
objetivo proteger o operador contra pancadas em obstáculos
físicos e de objetos arremessados contra a tropa. Não possuem
proteção balística.

223
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.3 Colete balístico: os coletes mais comumente


utilizados pelas polícias são constituídos por tecido aramida,
divididos basicamente em duas partes: uma destinada à proteção
do peito e a outra à proteção das costas.

1.4 Máscara de proteção respiratória: a máscara de


proteção respiratória, ou simplesmente máscara contra gases, é
um equipamento de proteção individual que permite a
permanência do operador em ambiente saturado por gases
específicos, conforme o tipo de filtro utilizado, sem que inspire ar
contaminado. É o principal meio de proteção individual, tanto em
ambiente químico, quanto biológico ou nuclear.

224
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

1.5 Cassetete ou Bastão: podem ser empregados em


diversos tamanhos e materiais. Os de madeira, com tamanho
grande (aproximadamente 1m), suportam o peso do escudo
durante formações de defesa e têm impacto psicológico maior
que os de materiais flexíveis. Os flexíveis, por sua vez, facilitam o
manejo e são mais resistentes aos impactos.

2. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA


(EPC)

2.1 Escudo: dois tipos de escudos são recomendados


para as operações de choque: escudos balísticos e escudos
antitumulto. A constituição de cada tipo varia de acordo com o
fabricante, sendo que o primeiro protege contra munições letais e
o segundo contra não letais (pedras, paus, vidros etc.).

225
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

2.2 Extintor de incêndio: visa socorrer o operador


porventura atingido por coquetel molotov ou outros artefatos
incendiários, ou livrar a tropa de choque de pequenas barricadas
de fogo em rebeliões, em estabelecimentos prisionais ou
reintegrações de posse, rurais ou urbanas. A extinção de fogo em
militares também pode se dar por outros meios, como mantas
antichamas ou com a técnica de rolamento.

2.3 Kit de primeiros socorros: o kit de primeiros


socorros é usado para os casos de lesão leve em que pode ser
feito um primeiro atendimento, devendo sempre que possível
existir um policial treinado em primeiros socorros dentro do
pelotão de choque.

3. ARMAMENTOS

3.1 Projetor cal. 12 p/ cartuchos de munição química:


usado para lançamento de munições calibre 12. Seu uso
depende do tipo de munição a ser disparada, o que deve ser
observado, pois se utilizado incorretamente, pode causar morte
ou ferimentos graves nas pessoas atingidas.

226
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

3.2 Espingarda de repetição cal. 12: utilizada pelo


atirador e pelo segurança do pelotão, carregada com munições
de impacto controlado, a fim de assegurar que manifestantes ou
detentos rebelados não se aproximem da tropa.

227
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

3.3 Lançador cal. 37/38mm de munições não letais:


utilizado para lançamento de toda a linha de munições cal. 37 /
38mm, tal como algumas munições de impacto controlado, bem
como algumas granadas fumígenas.

228
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

3.4 Lançador cal. 40mm de munições não letais:


utilizado para lançamento de toda a linha de munições cal. 40mm,
tal como algumas munições de impacto controlado, bem como
algumas granadas fumígenas.

229
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPÍTULO VI - GRANADAS E MUNIÇÕES DE


IMPACTO CONTROLADO

1. CONCEITO DE GRANADA

A palavra granada começou a ser utilizada no início do


século XVI, e designava certos projéteis ocos semelhantes às
bombas. Os primeiros registros dessa denominação foram
encontrados em crônicas espanholas, que mencionavam com
frequência as granadas como projéteis de grande eficácia,
usadas em 1596, em Coloma, na guerra de Flandres.
Antes, porém, por volta de 1538, eram usados em atritos
regionais na França e posteriormente na Inglaterra, engenhos de
argila, dotados de pavio embebido em óleo vegetal ou animal,
tendo como carga interna pólvora negra. Esses engenhos eram
iniciados ateando-se fogo no pavio ou mecha.
Já durante a I grande guerra mundial (1914-1918)
apareceram engenhos totalmente modificados pelas tecnologias
alemã e norte-americana.
Atualmente a maioria das Polícias Militares adotam o
conceito de granada como sendo um artefato bélico de uso
restrito ou proibido com peso inferior a um quilograma, com o
objetivo de facilitar seu transporte e lançamento.

230
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Dentro desse conceito, a peculiaridade do peso distingue


as granadas de outras bombas. A importância de ser inferior a um
kilograma justifica-se para que a granada possa ser transportada
em grande quantidade pelo seu operador, além do fato de facilitar
a sua projeção quando a mesma for lançada manualmente.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS GRANADAS

O objetivo dessa classificação é orientar o agente de


segurança de forma generalista para que esse conheça
superficialmente as granadas, podendo identificá-la e conhecer
sua usabilidade antes mesmo de realizar o teste. Ademais,
garante o mínimo de conhecimento técnico para que possamos
realizar o estudo individual de cada uma delas.

3. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO

Quanto ao tipo as granadas são classificadas em


defensivas e ofensivas.

231
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

3.1 Granadas defensivas: utilizadas para causar dano,


lesão ou morte ao inimigo, possuem um aparato externo
composto por metal pesado em torno de seu corpo denominado
cinta de estilhaçamento ou fragmentação. Para explodir, é
necessário um componente químico de alta velocidade de
transformação denominado alto explosivo, localizado em sua
ogiva, responsável pela carga de arrebentamento. São
conhecidas como granadas militares e são de uso restrito das
Forças Armadas;

3.2 Granadas ofensivas: utilizadas para diminuir a


capacidade combativa e operativa do oponente, não possuem
cinta de estilhaçamento ou fragmentação, sendo que, quando
deflagrarem, serão projetados estilhaços compostos de PVC
flexível ou borracha butílica prensada, com baixo potencial lesivo
(desde que respeitado as distâncias de segurança). Sua carga de
arrebentamento é composta por um baixo explosivo. São
conhecidas como granadas policiais e são de uso permitido das
forças que detém poder de polícia quando de serviço
operacional.

4. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO
FUNCIONAMENTO

Quanto ao funcionamento as granadas são classificadas


em fumígenas, explosivas e mistas.

232
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4.1 Granadas fumígenas: são aquelas que produzem


algum tipo de fumaça. Essas fumaças podem ser: lacrimogênea,
de cobertura ou de sinalização.
a) Lacrimogênea: o objetivo do agente químico
lacrimogêneo será o de causar o desconforto ao oponente,
diminuindo sua capacidade combativa e operativa através da
irritação ocular, dermal, nas vias aéreas superiores, além de
poder comprometer o sistema gástrico e pulmonar quando em
longas exposições. Os agentes lacrimogêneos utilizados pela
PMGO são o CS (ortoclorobenzilmalononitrilo) e o OC
(oleoresina de capsaicina). Cabe salientar que nenhuma granada
fumígena lacrimogênea possui distância de segurança, cabendo
apenas a orientação do operador através da direção do vento.
b) Cobertura: a fumaça apresenta uma alta densidade
devida à queima de metais pesados (zinco, níquel, ferro, etc),
proporcionado a formação de uma parede, teto ou cortina de
fumaça, impedindo a visualização da tropa e possibilitando a sua
movimentação tática no terreno. A fumaça é composta por uma
mistura hexacloretana que, inspirada em grande quantidade,
pode cristalizar no organismo culminado em doenças a longo
prazo.
c) Sinalização: a fumaça produzida por esta granada
possui uma composição inócua (elementos graxosos, pólvora de
base simples e lactose com corante), podendo ser inspirada sem
consequências à saúde. Tem como objetivo a identificação da
Tropa no terreno para apoio aéreo e eventual resgate de feridos
ou como fogos de preparação, para identificação da direção do

233
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

vento quando do emprego de outras granadas. Os corantes são


nas cores azul, vermelha, laranja e amarela, com o objetivo de
contrastar com o terreno, facilitando a localização.
Desde que as granadas fumígenas funcionem da
maneira para qual foram projetadas, não haverá risco de
explosão. Porém, a utilização inadequada, a alteração artesanal
do produto ou um eventual defeito do fabricante poderá criar a
característica explosiva, de natureza defensiva, já que seu corpo
é constituído de alumínio e a velocidade de transformação é
desconhecida. Exemplo: a obstrução do orifício de escape de
gases poderá ocasionar o alívio descontrolado da pressão no
interior do corpo da granada fumígena, ocasionado uma
explosão mecânica.

4.2 Granadas explosivas: seu objetivo será o de diminuir


a capacidade combativa e operativa do oponente através da
deflagração de sua ogiva, causando um impacto psicológico,
direcionando a multidão para um local seguro, fora da zona de
ação, local este denominado de vias de fuga. Estas granadas
possuem atualmente duas colunas de retardo (uma no capacete
e outra no corpo da granada), proporcionado a ejeção do
capacete antes de sua deflagração, impedindo a sua projeção
como estilhaço. Ademais, o seu corpo é revestido de borracha
butílica prensada, produzindo, quando da sua deflagração,
estilhaços com baixo potencial lesivo (desde que respeitadas as
distâncias de segurança preceituadas pelo fabricante).

234
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

As granadas explosivas se dividem em três:


a) Convencionais (outdoor)
· Seu tempo de retardo é de três segundos com
variação de 0,5 segundos para mais ou para menos;
· Sua carga de arrebentamento (ogiva) é composta por
dez gramas de pólvora branca;
· Seu raio de segurança é de dez metros.
b) Indoor
· Seu tempo de retardo é de 1,5 segundos com variação
de 0,25 segundos para mais ou para menos;
· Sua carga de arrebentamento (ogiva) é composta por
quatro gramas de pólvora branca;
· Seu raio de segurança é de cinco metros.
c) Multi-impacto
· Seu tempo de retardo é de três segundos com variação
de 0,5 segundos para mais ou para menos;
· Sua carga de arrebentamento (ogiva) é composta por
dez gramas de pólvora branca;
· Seu raio de segurança é de dez metros;
· Granada ofensiva com características defensivas.

235
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

4.3 Granadas mistas: como o próprio nome induz o


raciocínio. Possuem os efeitos explosivo e lacrimogêneo, porém,
obrigatoriamente, lacrimogêneo. O efeito lacrimogêneo é
considerado primário e o explosivo, secundário. Logo, através da
deflagração, será formada uma nuvem com o referido agente
químico. Cabe salientar que qualquer outro tipo de nuvem que
não seja lacrimogênea caracterizará a granada como explosiva.
As granadas mistas se dividem em três:
a) Convencionais (outdoor)
· Seu tempo de retardo é de três segundos com
variação de 0,5 segundos para mais ou para menos;
· Sua carga de arrebentamento (ogiva) é composta por
dez gramas de pólvora branca;
· Seu raio de segurança é de dez metros.
b) Indoor
· Seu tempo de retardo é de 1,5 segundos com variação
de 0,25 segundos para mais ou para menos;
· Sua carga de arrebentamento (ogiva) é composta por
quatro gramas de pólvora branca;
· Seu raio de segurança é de cinco metros.
c) Multi-impacto
· Seu tempo de retardo é de três segundos com variação
de 0,5 segundos para mais ou para menos;
· Sua carga de arrebentamento (ogiva) é composta por
dez gramas de pólvora branca;
· Seu raio de segurança é de dez metros;
· Granada ofensiva com características defensivas.
236
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

5. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À PROJEÇÃO

5.1 Granadas projetadas manualmente: estas granadas


poderão ser projetas através do arremesso: lançamento frontal,
lançamento parabólico ou lançamento rasteiro. Cabe salientar
que em alguns locais algumas granadas devem
preferencialmente ser projetas rasteiramente, como é o caso das
granadas que possuem o corpo de alumínio, pois a projeção
aérea poderá obstruir a tampa de proteção, fazendo com que
uma granada fumígena lacrimogênea venha a deflagrar pelo
alívio descontrolado da pressão, com características defensivas.

5.2 Granadas projetadas por artefato próprio: estas


granadas necessitam de uma projetor específico para serem
lançadas até o local desejados para serem produzidos seus
efeitos específicos. O disparo será sempre parabólico, visto que o
objetivo será de levar a granadas até o local propício para
diminuir a capacidade combativa e operativa da massa, afetando
todo o coletivo social. Possuem dois calibres distintos, quais
sejam:
a) Calibre 12: as granadas deverão ser lançadas com um
cassetete projetor. Pra esse tipo de granada não se recomenda a
utilização da espingarda gauge 12.
b) Calibre 38.1, 37/38 ou 40mm: as granadas deverão
ser lançadas por um lançador específico. Cabe salientar que,
quanto ao funcionamento, todas as granadas utilizadas para o
calibre em questão serão fumígenas.

237
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

6. MECANISMO DE ACIONAMENTO DAS


GRANADAS MANUAIS

6.1 Acionamento por capacete com espoleta ogival de


tempo (EOT): constitui, atualmente, o mecanismo de
acionamento mais utilizado nas granadas manuais. Recebe tal
denominação pois o principal componente neste acionamento
será a espoleta ogival de tempo.
Conforme a sequência de funcionamento, observamos
que após a retirada do pino e do grampo de segurança, será
liberado o percutor que atingirá a referida espoleta. A deflagração
da espoleta provocará a queima de uma tampa de borracha
localizada na parte anterior do capacete, possibilitando a entrada
de oxigênio pelo orifício de respiro, completando o tetraedro do
fogo e a ignição da primeira coluna de retardo (composto de
queima lenta). Ao final da coluna de primeiro retardo, a chama
sairá pelo orifício de centelha e iniciará o funcionamento no
interior do corpo da granada, sofrendo variações conforme o
modelo.

7. MUNIÇÕES DE IMPACTO CONTROLADO

São aquelas munições com as quais o operador tem a


possibilidade de controlar os efeitos a serem causados na pessoa
que será atingida.

238
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

São as munições de elastômero (borracha butílica


prensada ou borracha industrial), bem como as munições de jato
direto de CS e de OC.Embora o objetivo dessas munições sejam
diminuir a capacidade combativa e operativa do oponente
causando lesões pontuais, não se pode ignorar o fato desse tipo
de artefato causar a morte das pessoas atingidas.
Para tanto, é necessário que o operador tenha o
conhecimento, sabendo diferenciar os tipos, modelos,
diferenciação por calibre, bem como o emprego tático de cada
tipo de artefato, sempre seguindo as recomendações trazidas
pelos manuais do fabricante, principalmente no que se refere a
distância de utilização e área corporal a ser atingida.

239
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPÍTULO VII - PROCEDIMENTOS DE


SEGURANÇA NO TRANSPORTE E MANUSEIO DE
GRANADAS

1. SEGURANÇA NO TRANSPORTE

Todas as granadas, quando recebidas, devem


permanecer envolvidas no invólucro plástico do fabricante. Tal
medida impede eventuais funcionamentos inesperados durante
o transporte deste material bélico.
Em caso de retirada do invólucro e não utilização na
ocorrência, devemos manter as seguintes orientações:
1.1 Granadas manuais com funcionamento do tipo
EOT: o operador deverá colocar um pino sobressalente no orifício
de segurança, localizado no capacete, no sentido contrário ao
original, realizando o travamento por cima da haste de
segurança. Em caso de liberação involuntária do pino original, o
operador terá condições de recolocá-lo sem expor sua
segurança. O pino sobressalente só deverá ser retirado quando a
granada for colocada dentro do bornal, momentos antes da
ocorrência. Se houver possibilidade, as granadas deverão ser
armazenadas em caixas específicas com compartimentos
individuais, evitando que eventuais acidentes desloquem as
mesmas no interior deste recipiente, causando um
funcionamento involuntário. Cabe salientar que, se existir
disponibilidade, deverá haver duas caixas de granadas (uma

240
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

para as de funcionamento do tipo EOT e outra para as granadas


projetadas por artefato próprio).

2. SEGURANÇA NO MANUSEIO

2.1 Granadas manuais de funcionamento do tipo EOT:


o pino e o grampo de segurança somente poderá ser retirado
quando for dada a ordem de lançamento da granada em questão.
Caso o pino seja retirado e ocorra a contraordem,
impedindo o lançamento, o operador deverá procurar um local
seguro para fazê-lo, não colocando o pino original em hipótese
alguma, pois o percutor poderá ser liberado involuntariamente,
causando um incidente. Em caso de operação em
estabelecimento prisional ou em outro local fechado, onde não
haja espaço pra o lançamento, deverá ser realizado o
procedimento de emergência, qual seja:
· Colocar um clipes de alumínio mais especo no orifício de
segurança, procedimento este feito por outro operador, pois o
granadeiro deverá continuar segurando a granada;
· O operador de apoio deverá enrolar uma fita crepe
entorno da alça de segurança, sendo esta liberada lentamente
pelo granadeiro; e
· A granada será transporta em separado até um local
seguro, onde o granadeiro realizará seu desmantelamento.

241
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

2.2 Granadas projetadas por artefato próprio: o


lançador deverá manter o cano do artefato próprio em plenas
condições de uso, manutenido e desobstruído, evitando que as
granadas projetadas emperrem no cano do armamento. O
lançador deverá conferir o orifício de escape de gases das
granadas fumígenas lacrimogêneas lançadas por artefato
próprio, evitando que as mesmas venham a apresentar uma
explosão mecânica pela falta desse recurso. O lançador deverá
observar o local que será projetada a granada, evitado locais
onde ocorra a penetração de seu corpo (terrenos pantanosos,
por exemplo), pois essa, nestas condições, também poderá
deflagrar.

242
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

CAPÍTULO VIII - DESMANTELAMENTO DE


GRANADAS MANUAIS

1. INTRODUÇÃO

Assim como o emprego de tais artefatos deve obedecer a


rigorosos critérios técnicos, a limpeza da área onde tais itens
forem utilizados também é importante para evitar danos
posteriores a terceiros.
Em situações de normalidade nas quais as granadas
funcionam exatamente conforme o esperado, quando for
possível, a tropa de choque deve recolher fragmentos, tais como
alça de segurança, partes depotadas, pedaços do corpo de
borracha butílica, que posteriormente possam vir a ser coletados
por pessoal não capacitado para operar/manusear tal tipo de
material.
Em situações de anormalidade, nas quais as granadas
lançadas, principalmente as explosivas, não deflagrarem, é
preciso recorrer ao desmantelamento das mesmas.
Desmantelar significa tornar completa e confiavelmente
inertes as granadas que não deflagrarem (“tijolos quentes”) por
motivos diversos e normalmente alheios à vontade do operador.
Quanto ao desmantelamento, poderemos ter diversos
tipos, ou seja, a maneira pela qual a granada será destruída ou
inutilizada, tornando-se inerte. Para se alcançar esses tipos de
desmantelamento devem ser usados processos diversos.

243
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Tradicionalmente no meio militar a escolha e o emprego


dos tipos e dos processos varia conforme a situação, o terreno e
os meios disponíveis, além da peculiaridade de cada força para
desmantelar seu material bélico falho. Portanto, os tipos e
processos contemplados nesse capitulo não esgotam o assunto.
Ressalta-se também que há diferenças entre o
desmantelamento de granadas com carga explosiva e o de
granadas de queima (fumígenas).
É imprescindível que o desmantelamento de granadas
somente seja realizado por pessoal habilitado e treinado para tal,
sob risco de acidentes graves ou mortes.

2. CONCEITO DE DESMANTELAMENTO

É a inutilização de uma granada explosiva ou mista falha,


que seja considera como “UXO” (unexploded ordnance),
conhecido usualmente como tijolo quente.
A maioria da doutrina ensina que para a granada falha
estar nas condições acima citadas, é necessário que seu
capacete ainda esteja no corpo da granada após seu
lançamento. Caso o corpo estiver separado do capacete, este
poderá ser manipulado livremente, cabendo ao operador
observar o orifício de respiro de capacete e, caso estiver intacto,
realizar a percussão forçada do mesmo.

244
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

No entanto, sabe-se que as granadas explosivas e mistas


possuem duas colunas de retardo, e quando do seu lançamento
ela chegar a ejetar o capacete (conjunto EOT), significa que
houve a produção de uma centelha de fogo que acionou a carga
de depotagem e consequentemente poderá acionar a segunda
coluna de retardo e posteriormente sua carga de
arrebentamento, provocando sua deflagração.
Portanto, embora alguns estudos demonstrem que para
uma granada explosiva ou mista seja considerada “tijolo quente”
seu capacete precisa estar no corpo da granada, a melhor técnica
recomenda que também seja considerada “tijolo quente” nos
casos que o capacete esteja separado do corpo da granada, por
questões de segurança, uma vez que seu manuseio nessas
condições poderá causar sérios acidentes devido à possibilidade
de sua deflagração, situação que também autoriza seu
desmantelamento.

3. DESMANTELAMENTO DE GRANADAS
FUMÍGENAS

3.1 Identificação de uma granada fumígena falha: após


seu lançamento, a granada não vem a funcionar. A granada pode
ter falhado ou estar em funcionamento, porém com seus orifícios
de escape de gases obstruídos.

245
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

3.2 Procedimento:
a) Após cinco minutos do lançamento, realizar uma
aproximação e observação (sem manipulação) da granada;
b) Se os orifícios de escape de gases estiverem rompidos
e queimados, a granada funcionou, podendo ser manipulada;
c) Se os orifícios de escape de gases estiverem intactos,
porém, a granada apresentar características visuais externas
normais, ocorreu falha interna e a granada não funcionou,
podendo ser manipulada;
d) Se os orifícios de escape de gases estiverem intactos,
porém, a granada apresentar um aumento de volume corpóreo,
aliado á alta temperatura externa e trepidação no local, a granada
está em funcionamento, mas com os orifícios de escape de gases
obstruídos. O operador deverá:
• Afastar-se imediatamente do local;
• Realizar um isolamento perimetral de 25 metros;
• Aguardar a explosão desta granada pelo alívio
descontrolado da pressão (explosão mecânica);

4. DESMANTELAMENTO DE GRANADAS
EXPLOSIVAS E MISTAS

4.1 Tipos de desmantelamento: são os recursos que,


utilizados através de um procedimento, causarão o
desmantelamento das granadas, quais sejam:

246
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

a) Desmilitarização: é o processo de secção (divisão)


dos componentes da granada de forma que seu acionamento não
ocasione seu funcionamento. Exemplo desta técnica é a retirada
do capacete do corpo de uma granada com EOT. A retirada do
pino e grampo de segurança não acarretará no seu
funcionamento.
b) Deflagração: esta técnica consiste na utilização de um
outro baixo explosivo ou qualquer outro artefato ou objeto com o
objetivo de gerar a sensibilização e deflagração do tijolo quente.
c) Detonação: esta técnica consiste na utilização de um
alto explosivo para sensibilizar e deflagrar a granada falha. Os
exemplos deste processo são os procedimentos operacionais de
desmantelamento utilizando a placa de secção ou ferradura e o
cone de “munroe”, estudados no subitem posterior.
d) Imersão: consiste em acondicionar o material bélico
em grandes profundidades. Em mares, rios ou lagos a fim de que
a ação da água torne seus componentes inativos.

4.2 Processos de desmantelamento: são rotinas


operacionais utilizadas para desmantelar as granadas através
dos tipos acima citados, quais sejam:

247
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

a) Combustão: a utilização de material combustível


ocasionará a desmilitarização ou a deflagração da granada. Este
procedimento é o mais rudimentar para desmantelar granadas,
porém, exige um número mínimo de material, qual seja, um pano
embebido com material combustível (gasolina, por exemplo).
Após a colocação do pano em chamas na granada a mesma será
seccionada ou deflagrará pelo calor. Recomenda-se a utilização
deste processo quando não existir equipamentos ou a tropa não
possuir treinamento qualificado para realizar outros processos
de desmantelamento.

Foto 63 - Desmantelamento por Foto 64 - Desmantelamento por


combustão (lateral). combustão (frente).

248
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

b) Disparo de calibre 12 (munição letal): pode gerar a


desmilitarização (secção) ou a deflagração da granada falha.
Consiste na utilização do disparo de munição letal calibre 12 a ser
realizado no terço superior do corpo da granada com o objetivo
de desmilitarizá-la. Se o disparo for realizado no meio do corpo
ou no capacete, a granada poderá deflagrar, resolvendo o
problema, porém, expondo a célula de desmantelamento que
está muito próxima do corpo da granada. A célula consiste em 01
atirador e 01 escudeiro com EPI completo de choque,
preferencialmente de proteção balística. O escudeiro se
posicionará a 45º do corpo da granada, a uma distância máxima
de trinta centímetros. O atirador poderá atirar tanto por cima
como pela lateral do escudeiro dependendo de sua precisão e de
sua rápida proteção com o escudo. Os disparos serão realizados
até que se desmilitarize ou provoque sua deflagração.

Foto 65 - Desmantelamento por disparo de Foto 66 - Tijolo quente.


calibre 12.

249
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

c) Simpatia: tal processo consiste em lançar ao lado da


granada a ser desmantelada outra granada explosiva ou mista a
fim de forçar a ogiva da primeira a entrar em funcionamento pela
ação da onda de choque.
d) Placa de secção ou ferradura: este método ocasiona
apenas a detonação do UXO (tijolo quente), visto que trabalha
com altos explosivos. Consiste na utilização de uma placa de
papelão ou madeirite com um corte longitudinal no tamanho do
corpo de uma granada e um orifício na sua metade. Será
colocado cordel detonante (alto explosivo) no corte e montado
um sistema pirotécnico de acionamento com espoleta comum. O
acionamento do estopim acionará a espoleta e
consequentemente o cordel detonante, explodindo também a
granada falha. Este método encontra obstáculos na falta de
material e treinamento, porém, sua eficácia é de 100% e o risco é
mínimo, pois, no momento da detonação, o operador se encontra
longe do local, dependendo do tamanho do estopim que deixar
para tal mister.

Foto 67 - Desmantelamento por placa de Foto 68 - Desmantelamento por placa de


secção (por cima). secção (frente).

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e) Cone de “munroe”: este método também ocasiona,


apenas, a detonação do “tijolo quente”. Trabalha com o “efeito
munroe”, onde o cordel detonante, assumindo a forma de um
cone, terá o efeito potencializado, utilizando menos material para
obter o mesmo efeito de desmantelamento. O sistema de
acionamento será o mesmo da placa de secção, ou seja, o
pirotécnico, utilizando um cone de metal revestido com o cordel
detonante. A abertura do cone será direcionada para o “tijolo
quente”, deflagrando-o após o acionamento do procedimento
aqui descrito. Este procedimento é mais eficaz que o relativo à
placa de secção pois em nenhum momento ocorrerá a
manipulação do artefato não explodido, pois o cone possuirá
hastes moldáveis que se aproximarão o máximo possível da
granada sem tocá-la.

Foto 69 - Desmantelamento por cone de Foto 70 - Desmantelamento por cone de


munroe (frente). munroe (por cima).

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CAPÍTULO IX - MÁSCARA DE PROTEÇÃO


RESPIRATÓRIA

1. INTRODUÇÃO

A máscara de proteção respiratória, máscara contra gases


ou respiradores de ar são equipamentos de proteção respiratória
que permitem a permanência do operador em ambiente gasado
ou parcialmente gasado, sem que se inspire ar contaminado. É o
principal meio de proteção individual, tanto em ambiente químico
quanto bacteriológico. É destinado a purificar o ar, além de
proteger os olhos, rosto e aparelho respiratório contra os agentes
químicos.
No serviço policial militar, compreende um equipamento
individual que permite a permanência em atmosfera gasada sem
que inspire ar contaminado.
O seu funcionamento consiste em forçar a passagem do ar
por um elemento filtrante que irá purificá-lo, tornando-o
respirável.

2. CARACTERÍSTICA

A máscara de proteção respiratória é um aparelho filtrante


de proteção individual e divide-se em três partes: máscara
propriamente dita, elemento filtrante e bolsa de transporte.

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2.1 Máscara propriamente dita: é constituída pela parte


facial de borracha à qual se adaptam as seguintes peças:
a) Facial moldada com visor panorâmico: parte externa
de borracha ou silicone que garante a vedação necessária aos
contornos da face.
b) Semi facial: parte interna, também de borracha ou
silicone, onde se encontra a boca e nariz.
O semi facial é de borracha moldada, com duas válvulas
de expiração e caixas respectivas, é internamente conjugado à
parte facial da máscara com o fim de reduzir, ao mínimo, o espaço
morto geométrico e fisiológico e proporcionar menos fadiga ao
homem.
c) Válvula de inspiração da semi facial: conduzem o ar
para dentro da semi facial, permitindo o acesso ao aparelho
respiratório.
d) Dispositivo de fixação (aranha): responsável pela
condução, fixação e ajustagem da máscara, através dos tirantes
(correias) e alça de transporte.
O dispositivo de fixação é substituível e ajustável por meio
de tirantes (elástico e fivelas), sustentado por tiras resistentes
com inscrição em decalcomania do modelo e data anual de
fabricação e contém ainda, um cadarço de sustentação. Os
tirantes superiores e médios, direito e esquerdo, são ajustáveis a
cabeça por fivelas constituídas de passadores de metal e
tranquetas, e suas extremidades são rematadas por terminais
metálicos. As tiras de cadarço resistente, em número de seis, se
prendem à máscara propriamente por meio de ilhó e de
braçadeiras de reforço.

253
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

e) Traqueia (válvula de inspiração): para ligar a máscara


ao elemento filtrante e permitir apenas a entrada do ar na
máscara.
A traqueia compreende um tubo de borracha corrugado,
cuja extremidade livre se une ao filtro por meio da luva de união
que se compõe de duas peças: uma exterior , que se atarraxa ao
gargalo do filtro e outra interior, ligada à traquéia, dotada de uma
arruela de vedação, de borracha, que assenta na superfície
plana do gargalo do filtro. A traquéia é adaptada à máscara
propriamente dita pela outra extremidade que é reforçada pelo
tubo metálico.
f) Válvula de expiração: permite, após a troca gasosa a
nível pulmonar, apenas a saída do ar de dentro da máscara.

2.2 Elemento filtrante: é a parte da máscara responsável


pela purificação do ar a ser respirado dentro da máscara,
tornando o ar respirável. Divide-se em:
a) Filtro mecânico: constituído de papel filtro (tela de
arame com algodão) sendo responsável por reter partículas
sólidas e líquidas, principalmente aerodispersóides;
b) Filtro químico: constituído de diversas substâncias
químicas, principalmente carvão vegetal, sendo responsável
pela neutralização dos gases e vapores de agentes químicos;
O filtro químico destina-se à filtração dos agentes
químicos através de carvão ativado e granulado químico,
intimamente misturados, sustentado pelas telas metálicas
revestidas de algodão e acamada pelas molas de ajustagem.

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

c) Filtro Combinado: é a junção do filtro mecânico e


químico.
A validade do filtro varia conforme o modelo de máscara e
o respectivo filtro utilizado. De modo geral, quando seu envelope
plástico não é violado, a validade é maior. Se o envelope for
violado, é preciso consultar os manuais específicos para se
determinar a validade conforme o tipo de exposição. De qualquer
forma, sempre que se sentir o cheiro do agente contra o qual se
deseja a proteção, é recomendado sair da área contaminada e
trocar o elemento filtrante.

2.3 Bolsa de transporte: a bolsa de transporte é


normalmente utilizada para o transporte da máscara através da
alça de transporte ou pela alça auxiliar, ajustada ao corpo pela
cintura. A bolsa é confeccionada em lona impermeável, sendo
utilizada também para conservação do equipamento.

3. MANEJO, COLOCAÇÃO E AJUSTE

3.1 Colocação da máscara: a posição inicial deve ser


com a máscara pendurada ao pescoço pela alça de transporte,
que deverá estar ajustada na altura do abdômen. Os quatros
tirantes laterais deverão permanecer distendidos e o tirante
central, responsável pela regulagem do dispositivo de fixação,
deverá estar previamente ajustado. Este tirante (central) possui
um tipo de encaixe diferente, que permite a regulagem e a
liberação imediata do tirante através de uma presilha que pode
ser desconectada.

255
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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Inicia-se a colocação posicionando a máscara junto ao rosto e


introduzindo primeiro a parte correspondente ao queixo, sendo
que em seguida será passado o dispositivo de fixação por trás da
cabeça. Nesta posição deverá ser conferido o posicionamento da
máscara a fim de se procurar uma melhor posição e eliminar a
interferência do cabelo.

3.2 Ajuste da máscara: com as duas mãos, agir sobre os


tirantes laterais inferiores, tracionando-os ao mesmo tempo para
trás. Procedimento análogo deverá ser adotado no tocante aos
tirantes laterais superiores. Neste momento deverá ser verificado
se o dispositivo de fixação está centralizado na parte posterior da
cabeça e se a máscara está perfeitamente ajustada e vedada
através da realização do teste de vedação ou hermeticidade.

3.3 Retirada: inverte-se as operações mantendo-se a


mesma sequência , retirando o tirante central e afrouxando os
laterais, primeiro os inferiores depois o superiores. Para a
operação de afrouxamento dos tirantes laterais deve-se agir
sobre as fivelas com os polegares, empurrando-as
simultaneamente para frente.

4. TESTE DE HERMETICIDADE (VEDAÇÃO)

Realizado para verificar possíveis entradas de ar devido


ajustagem incorreta e a ruptura ou outros danos no dispositivo de
fixação.

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Consiste em vedar a válvula de inspiração, obstruindo-a com a


palma da mão, e inspirar bruscamente. Ou vedar a válvula de
exalação e expirar bruscamente. Caso haja passagem de ar pela
vedação da máscara significa o mal ajustamento e vedação da
máscara.
a) Método de pressão negativa;
b) Método de pressão positiva.

5. DESCONTAMINAÇÃO

Deve ser realizado sempre que a colocação da máscara


for realizada em ambiente gasado ou mesmo quando se perceber
a presença do gás dentro da máscara. Consiste em retirar o
elemento filtrante e obstruir com a palma da mão a válvula de
expiração, realizando em seguida um forte sopro. O ar
contaminado que se encontra dentro da máscara será expulso
pela vedação. Em seguida deve-se colocar o elemento filtrante
rapidamente.

6. ARMAZENAMENTO E MANUTENÇÃO

As máscaras de proteção respiratória devem ser


guardadas em local frio e fresco, evitando-se mudanças bruscas
de temperaturas e elevado grau de umidade no local de
armazenamento.

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

É aconselhável que sejam guardadas na embalagem


original. Se isto não for possível as máscaras devem ser
penduradas de cabeça para baixo, impedindo, assim, que a
poeira se aloje nas reentrâncias que se ajustam á face. Isto pode
ser feito pendurando a máscara no interior de um armário, em
dois suportes, tipo anzol cabideiro, pela válvula de segurança ou
pelo queixo do filtro. A cinta do filtro deve estar à entrada do filtro,
quando nesta posição.
Mudanças de temperatura danificarão o filtro, mesmo
estando selado, fazendo-o vazar e assim permitindo a absorção
da umidade do ar. Sendo boas as condições de armazenagem, o
filtro funcionará com eficiência até três anos, desde que os lacres
não tenham sido removidos. No caso de remoção, o filtro deverá
ser substituído em um ano.
Verdadeiramente, nada se pode dizer em definitivo com
ralação ao tempo exato de vida útil desses filtros quando
armazenados. Nota-se, entretanto, que o filtro não perde a
eficiência abruptamente. O processo é gradual e depende da
temperatura, umidade, tempo de uso efetivo e grau de
concentração do agente químico contra o qual é usado.
A parte da máscara que se adapta à face deve ser limpa
cuidadosamente, após cada vez que for usada. A limpeza deve
ser feita, mantendo-se a máscara de cabeça para baixo. Passa-
se, inicialmente, um pano úmido e depois outro seco. A máscara
deverá retornar ao local de armazenagem em condições de ser
usada em qualquer eventualidade.

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6.1 Regras de conservação referentes ao armazena-


mento e manutenção: chegado ao local de destino as máscaras
devem ser guardadas em local seco e fresco.
Não se deve empilhar as máscaras uma por cima da outra,
a fim de evitar deformações nas mesmas.
A parte facial, a traqueia e as válvulas merecem trato
especial uma vez que se constituem de borracha moldada. Sem o
devido cuidado esse material antes do prazo pré-estabelecido
pelo fabricante ficará envelhecido, podendo ressecar e
consequentemente provocar a inutilização da máscara.
Caso a máscara ao ser utilizada entre em contato com
água, quer seja de chuva ou até mesmo devido a expiração deve
ser enxugada com um pano seco, dependurada ao ar livre,
abrigada do sol e quando seca polvilhada com talco antes de ser
guardada.
Não se deve deixar a máscara secar ao sol ou ao calor,
porque motiva o envelhecimento prematuro da borracha e
deforma os visores.
Na limpeza da máscara e no seu uso, é necessário todo
cuidado com as válvulas, principalmente a de expiração. Nessa
válvula não se deve tocar senão para substituí-la. As diversas
peças de uma máscara não devem ser desmontadas para
limpeza e tampouco para instrução, ficando esta prática proibida
por pessoal desqualificado. Somente devem ser desmontadas
quando da troca de alguma peça.

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

Os derivados de petróleo atacam e deterioram


rapidamente a borracha e por isso é terminantemente proibido o
uso de gasolina, óleos ou graxas na limpeza ou conservação das
máscaras.
A carga do filtro inutiliza-se com a umidade, motivo pelo
qual é necessário ter com a máscara atenção especial. A tampa
do recipiente e válvula de inspiração deve estar sempre fechada.
A máscara não tem tempo de duração determinado, tudo
depende do trato e do uso, porém, pelos ensaios de laboratórios é
prevista a duração de cinco anos.

6.2 Recomendações especiais: o filtro é de efeito


absorvente e neutralizante polivalente, porém, não deve ser
utilizado contra o óxido de carbono e o amoníaco. Sua vida
depende de vários fatores: concentração do gás na atmosfera
contaminada, natureza do gás, condições de armazenamento,
etc. Por isso, não pode ser preestabelecida a sua duração. Pelos
ensaios de laboratório é prevista uma duração eficaz mínima de
cinco horas para as concentrações mais prováveis de emprego.
Deve o visor ser limpado com flanela, pelo lado de dentro
da máscara, retirando-se toda a poeira e umidade.

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7. INSPEÇÃO PRELIMINAR E CONDUÇÃO

Para uma boa utilização da máscara de proteção


respiratória, sem que haja problemas imprevistos, faz-se
necessário uma verificação completa de seus componentes e
dispositivos de funcionamento periodicamente ou antes de sua
utilização. Desse procedimento resultará a eficácia da utilização
do equipamento e a segurança do próprio operador.
Contudo devemos frisar que de nada adiantaria uma
rigorosa inspeção em todo o dispositivo e componentes da
máscara se durante a condução não observarmos princípios
básicos de conservação desse equipamento. Se não forem
respeitados esses princípios, a máscara apesar de não ter
apresentado problemas durante a inspeção preliminar poderá
apresentar problemas no momento de sua utilização.
Dentro desse contexto alguns procedimentos que devem
ser adotados, como os testes de vedação e limpeza, bem como
não deixar a máscara exposta ao sol ou ao calor porque motiva o
envelhecimento prematuro da borracha e deforma os visores.
Quando estiver sendo transportada não se deve deixar a
máscara diretamente sobre o chão, deve ser acondicionada em
uma bolsa, posta longe da ação do tempo, guardada em local
seguro, sempre que possível dependurada pelas alça de
transporte da bolsa em que estiver armazenada. Somente devem
ser colocadas em armários ou prateleiras quando secas, com as
bolsas em pé e lado a lado.

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Durante a condução faz-se necessário todo o zelo com os


visores e óculos uma vez que são confeccionados de material
plástico e estão sujeitos a deformações e arranhões irreparáveis.
A carga do filtro inutiliza-se com a umidade, motivo pelo
qual é necessário ter com a máscara atenção especial. A tampa
do recipiente e a válvula de inspiração devem estar sempre
fechadas, contudo faz-se necessário a verificação do filtro
periodicamente para evitar incidentes no momento de sua
utilização. Somente para exame ou substituição deve retirar-se o
filtro, não devendo ser retirado em nenhum outro caso.
Recomenda-se a utilização da máscara sempre por um
mesmo operador, pelas seguinte razões:
a) Higiene: ficando a máscara em íntimo contato com o
rosto poderá ser veículo de moléstias. De ano para ano, porém,
deverá ser desinfetada com álcool. O mesmo deverá fazer-se
quando houver necessidade de distribuí-la a outro indivíduo.
b) Funcionamento: sendo a máscara sempre usada pelo
mesmo homem, ela se adaptará melhor, no fim de certo tempo ao
seu rosto, não havendo necessidade de constantes ajustagens
do dispositivo de fixação o que contribui para sua maior
durabilidade.
Com o uso, no fim de algum tempo, a máscara pode
inutilizar-se no todo ou em parte, não obstante o cuidado que com
ela se tenha tido. Deve-se então providenciar a substituição das
peças que possam ser substituídas ou quando isso não for
possível a substituição da máscara deve ser providenciada.

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

Observamos portanto a importância da inspeção


preliminar, com ela o militar é capaz de detectar com
antecedência problemas que no momento de sua utilização
complicariam extremamente a ação e proteção do próprio
operador.

263
37
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

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MINAS GERAIS. Polícia Militar. Caderno doutrinário 10.


Operações de Controle de Distúrbios. Manual Técnico
Profissional PMMG: 2013.
MINAS GERAIS. Polícia Militar. Caderno doutrinário 12.
Instrumento de Menor Potencial Ofensivo. Manual Técnico
Profissional PMMG: 2013.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Manual de
Diretrizes Nacionais para Execução de Mandados Judiciais de
Manutenção e Reintegração de Posse Coletiva. 2008.
NELSON, D. L., COX, M. M. Lehringer: Princípios de bioquímica,
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SÃO PAULO. Polícia Militar. Manual de Espetáculos Públicos


PMESP: 1998.
SARDELLA, Antônio. ; FALCONE, Marly. Química Geral. 1. ed.
São Paulo: Ática, 2007. Vol. Único.
VOGEL, Arthur I. Análise Química Quantitativa. 6º ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2002.

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MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE

ORAÇÃO DO CHOQUEANO

Óh senhor dos exércitos,


emana de ti a nossa missão e o nosso dever,
tu que és a sabedoria infinita,
daí–nos os conhecimentos específicos da nossa função,
a disciplina e o autocontrole para empregá–los,
a resistência ao desconforto da fadiga,
a flexibilidade e a confiança para sobrepujar,
a determinação e a coragem para vencer,
e se preciso for, óh Deus,
pereceremos pela fidelidade à doutrina,
assim, a moral, a dignidade e a forca do choqueano,
ecoarão pela eternidade,
e quando caminhar em direção a vós,
terei a certeza de que serei um homem de choque,
nesta e em outras vidas,
pela paz e pela ordem,
CHOQUE !!!

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