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REVISÃO

Neuroimunomodulação: sobre o diálogo entre os


sistemas nervoso e imune
Neuroimmunomodulation: the cross-talk between
nervous and immune systems
Glaucie Jussilane Alves,1,2 João Palermo-Neto1,2

Resumo
Objetivo: Trabalhos de pesquisa provenientes do campo da neuroimunomodulação vêm tornando explícitas as intrincadas
relações existentes entre o sistema nervoso central e o sistema imune. Uma revisão bibliográfica foi realizada com o objetivo de
descrever as bases de estudo da neuroimunomodulação. Modelos experimentais: Sabe-se, hoje, que estados emocionais
como ansiedade e depressão são capazes de modificar a atividade do sistema imune como também o fazem o estresse e fármacos
com ação no sistema nervoso central. Comportamento doentio: Os comportamentos apresentados por um organismo doente
devem ser encarados como decorrência de estratégias homeostáticas de cada indivíduo. Possíveis mecanismos de sinaliza-
ção do sistema imune para o sistema nervoso central: Grande destaque tem sido atribuído para a participação do eixo
hipotálamo-pituitária-adrenal, do sistema nervoso autônomo simpático e das citocinas nas sinalizações entre o sistema nervoso
central e o sistema imune. Conclusão: O presente artigo pretende mostrar a relevância dos fenômenos de neuroimunomodulação;
ele faz uma análise crítica das influências do sistema nervoso central sobre o sistema imune e vice-versa.

Descritores: Neuroimunomodulação; Estresse; Sistema hipotálamo-hipofisário; Sistema pituitário-adrenal; Sistema nervoso simpático

Abstract
Objective: Several papers arriving from the neuroimmunomodulation field are showing the relevant relationships between the
nervous and the immune systems. A review of studies was carried out to describe the bases of the studies on neuroimmunomodulation.
Experimental models: It is clear nowadays that emotional states such as anxiety and depression change immune system
activity, an affect also observed after both stress and use of nervous system acting drugs. Sick behavior: The behavior displayed
by sick organisms might be thought as being a consequence of homeostatic strategies. Possible mechanism of the action by
means of immune system to nervous system: A very big emphasis is being given to Hipothalamus-pituitary-adrenal axis,
simpathetic nervous system and cytokines participation on nervous system and immune system relationships. Conclusion: The
present revision intend to show some essential studies in the neuroimmunomodulation field; it makes a critical analysis of the
mutual relationships between nervous system and immune system.

Descriptors: Neuroimmunomodulation; Stress; Hypothalamus-hypophyseal system; Pituitary adrenal system; Sympathetic


nervous system

1
Grupo de Pesquisa em Neuroimunomodulação, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
2
Laboratório de Farmacologia Aplicada e Toxicologia, Departamento de Patologia, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Universidade de São Paulo (USP), São Paulo (SP), Brasil

Financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Correspondência


Nível Superior (CAPES/DS), Fundação de Amparo à Pesquisa do João Palermo-Neto
Estado de São Paulo (FAPESP 99/04228-7, FAPESP 04/14128-0) Laboratório de Farmacologia Aplicada e Toxicologia
e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
(CNPq 504583/2003-4 e 477621/2004-0). Universidade de São Paulo
Conflito de interesses: Inexistente Rua Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, 87
Submetido: 11 Janeiro 2007 05508-000, São Paulo, SP, Brasil
Aceito: 27 Março 2007 Tel: (55 11) 3091-8775 Fax: (55 11) 3091-7829
E-mail: jpalermo@usp.br

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Introdução adrenal (HPA) – é um dos responsáveis por vários dos elos


O estudo das interações entre os sistemas imune (SI) e ner- entre estes dois sistemas.5 Participam ainda dessa resposta,
voso central (SNC) tem despertado o interesse de inúmeros endorfinas, tireotrofinas, prostaglandina, hormônio do cresci-
grupos de pesquisa. Esse interesse e os dados dos trabalhos mento e, principalmente, o sistema nervoso autônomo simpá-
realizados acabaram por resultar na concepção de uma gran- tico (SNAS).
de área de pesquisa conhecida como Psiconeuroimunologia A ativação do eixo HPA e a conseqüente produção dos
ou Neuroimunomodulação. Esta área estuda os mecanismos glicocorticóides durante o estresse são um dos principais
através dos quais esses sistemas trocam informações, mecanismos responsáveis pelas alterações da resposta imune
influenciando-se mutuamente, com evidentes implicações encontradas no decorrer deste processo. Sabe-se serem os
fisiológicas e patológicas. glicocorticóides capazes de inibir a transcrição de inúmeras
Segundo a definição de Ader, a Psiconeuroimunologia vem citocinas, como de interleucina 1 (IL-1), IL-13, IL-5, IL-6, IL-
a ser a ciência que estuda as interações entre o comporta- 8, fator de necrose tumoral (TNF) e fator estimulante de colô-
mento, as funções neurais e endócrinas e os processos imu- nia (GM-CSF). 6 Inibem, ainda, a migração/quimiotaxia de
nes. 1 Parte da premissa de que a adaptação orgânica a desa- eosinófilos e de neutrófilos.7 Talvez por isso tenha sido con-
fios endógenos ou exógenos seja o produto de um único e cluído, numa meta-análise dos trabalhos que estudaram em
integrado sistema em que cada uma das partes evoluiu para humanos a relação entre o estresse e parâmetros
executar uma função especializada. Conseqüentemente, a imunológicos, que a presença de estresse estava positivamente
imunorregulação não pode ser entendida completamente sem correlacionada à leucocitose, diminuição no número de célu-
que se leve em consideração o organismo como um todo e os las NK, aumento na relação CD4+/CD8+ e diminuições nas
meios externos e internos no qual as respostas comportamentais atividades de células T e NK.8
e imunes ocorrem. Um dos mecanismos mais relevantes de modulação da res-
A compreensão dos mecanismos fisiológicos, implicados posta imune pelo estresse via ativação do eixo HPA desenvol-
na regulação dos sistemas imune e nervoso, vem constituin- ve-se por alterações no chamado balanço TH1/TH2.9 Nesse
do há muito tempo o principal foco de atenção de grande contexto, as respostas imunes são reguladas por células apre-
par te da pesquisa biomédica. Porém, muita da atenção sentadoras de antígenos (monócitos/macrófagos, células
despendida no entendimento destes processos, feita dendríticas e outros fagócitos) – as quais são componentes da
anteriormente de maneira isolada e fragmentada, vem ce- resposta imune dita inata – e também por linfócitos das
dendo espaço para um estudo mais sintético e integrado das subclasses TH1 e TH2, que compõem a resposta chamada
complexas relações existentes entre eles. De fato, veio à tona adquirida. Basicamente, o que diferencia essas duas popu-
a percepção de que esses sistemas são partes de uma rede lações de linfócitos é o perfil de citocinas por eles libera-
de controle muito mais ampla.2 das. 10 Assim, a subpopulação de linfócitos TH2 secreta
citocinas como IL-12, Interferon-γ (IFN-γ) e TNF-α; essas
Revisão de literatura citocinas atuam como promotoras da atividade imune celu-
A influência da atividade do sistema neuroendócrino sobre lar. Já a subpopulação de linfócitos TH2 libera, entre outras,
o sistema imune foi explicada magistralmente por Hans Seyle IL-4, IL-9, IL-10 e IL-13, que estimulam a atividade imune
em um artigo que se tornou um marco na história do estudo humoral.11 Nesse sentido, quando produzidas, IL-12 e TNF-α
do estresse. 3 Seyle descreveu o desenvolvimento de uma aumentam a resposta imune inata ou TH1 e inibem as res-
síndrome decorrente da exposição de um animal a um con- postas do tipo humoral ou TH2.11 As interleucinas IL-4 e IL-
junto muito diversificado de estímulos nocivos, que incluía 10 produzem efeito oposto, isto é, deslocam o equilíbrio TH1/
exposição ao frio, injúria tecidual, excesso de exercícios e TH2 para o padrão TH2. Considerando-se esse balanço, o
intoxicações. Recorda-se que os achados de necroscopia ca- estresse - via secreção de glicocorticóides - favorece as res-
racterísticos dessa síndrome incluíam hipertrofia das glân- postas do tipo TH2. 12
dulas adrenais, aparecimento de úlceras gástricas e, curio- Os glicocorticóides, atuando sobre monócitos, macrófagos
samente para a época, atrofia de órgãos linfóides, como timo, e células dendríticas, inibem a produção de IL-12, TNF-α e
baço e linfonodos. Como tais achados eram independentes INF-γ, direcionando a diferenciação dos linfócitos para o per-
do estímulo empregado, Seyle concluiu que representavam fil TH2.13 Com isso, observa-se uma diminuição da resposta
uma resposta orgânica à injúria, denominando-os coletiva- imune celular e um aumento daquela dita humoral; nesta
mente de ‘síndrome de adaptação geral’, posteriormente cha- situação, aumentam, no paciente estressado, a susceptibili-
mada de estresse. dade às alergias e às doenças auto-imunes mediadas por
Desse trabalho nasceram dois conceitos fundamentais so- anticorpos.10 Trabalho de Salomen e Ankrant exemplifica esta
bre o estresse: 1) a resposta aos estressores tinha caráter situação de forma muito criativa. Esses autores correlacionaram
adaptativo e representava uma tentativa do organismo de aco- a história de vida e a personalidade de seus pacientes com a
modar-se a uma nova situação; e 2) ela não dependia do presença e/ou intensidade de sintomas de artrite reumatóide.
estímulo, isto é, era estereotipada.4 Como essa síndrome pode Concluíram que, embora todos eles possuíssem sorologia po-
ser gerada por estímulos físicos e psicológicos e como tem sitiva para essa doença auto-imune, ela se manifestava ape-
decorrências tanto comportamentais quanto endócrinas, in- nas naqueles considerados mais ansiosos ou deprimidos em
cluindo-se aqui a influência destas sobre a atividade de ór- testes de avaliação psicológica.14
gãos linfóides sobre células imunes, parece natural supor que
o SNC e o SI interajam na preparação do organismo para Modelos experimentais
acomodar mudanças impostas pelo estressor. Zhou et al. mostraram que ratos submetidos a estressores
Sabe-se, atualmente, que diversos estímulos provenientes (como choque nas patas) apresentavam um aumento dos ní-
do SNC são capazes de modular uma resposta imune. O siste- veis plasmáticos de ACTH, de corticosterona e de IL-6. Estes
ma endócrino – e, em especial, o eixo hipotálamo-pituitária- mesmos autores mostraram a importância dos glicocorticóides

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para a ocorrência desse fato, uma vez que ratos adrenalectomizados nais (quimioterapia e radioterapia, por exemplo) com ou-
e submetidos à mesma situação de estresse apresentaram um tros ligados ao uso de psicofármacos, de acompanhamento
menor aumento dos níveis plasmáticos de IL-6.15 Cao e Lawrence psicológico e, até mesmo, religioso; enfim, por situações
mostraram que camundongos submetidos a um estresse agudo que, ao reduzir os níveis de ansiedade dos pacientes, pos-
por frio e contenção apresentaram aumento dos níveis séricos de sibilitam uma melhora clínica. 24 Há, no entanto, que se
corticosterona, IL-6 e IFN-γ, e também um maior número de prestar atenção quanto ao uso de ansiolíticos. De fato,
colônias viáveis de Listeria monocytogenes no baço e no fígado mostrou-se em animais de laboratório que benzodiazepínicos
após uma infecção experimental; mostraram, desta forma, a im- como o diazepam, por atuar em receptores benzo-
portância do estresse na modulação dos processos imunes e no diazepínicos periféricos (PBR), podem modificar processos
desenvolvimento de uma infecção.16 Neste sentido, um estudo imune/inflamatórios, 25 aumentando até mesmo o cresci-
realizado por Portela et al. mostrou que ratos previamente sen- mento do tumor de Ehrlich.26
sibilizados por ovalbumina (OVA) e submetidos a um estresse por Outro importante mecanismo ativado durante o estresse
choque nas patas e a um desafio subseqüente com OVA, apre- está ligado ao SNAS. A estimulação deste sistema leva à
sentaram níveis elevados de ansiedade e maior número de liberação de noradrenalina nos terminais nervosos simpá-
leucócitos no lavado broncoalveolar quando comparados a ani- ticos e à secreção de adrenalina pela adrenal.27 As fibras
mais não estressados; relataram, desta forma, uma clara corre- simpáticas têm íntimo contato com os órgãos linfóides como,
lação entre estresse e resposta anafilática pulmonar, um modelo por exemplo, o baço. 28 Outros órgãos e células imunes,
clássico de asma.17 como o pulmão, macrófagos alveolares e linfócitos
Outra abordagem tem se mostrado extremamente interessante circulantes, possuem alta densidade de β2-adrenoceptores.
na compreensão da influência de núcleos do SNC sobre respos- Brough-Holub et al. mostraram que ratos submetidos a
tas imunes em curso: aquela que faz uso de lesões experimen- estresse apresentaram maior liberação de IL-1β por
tais. Nesse sentido, a contribuição do grupo de Jankovic foi muito macrófagos alveolares; mostraram também que este efeito
relevante, ao demonstrar que lesões do locus ceruleus, núcleo era revertido pelo bloqueio prévio da atividade do SNAS e,
do tronco encefálico que tem a maior concentração de neurônios em especial dos β 2 -adrenoceptores, minutos antes da
noradrenérgicos no SNC, levavam a uma diminuição tanto da aplicação do estresse.29
produção de anticorpos contra albumina como do número de Del Rey et al. estudaram animais inoculados com um
células T CD4+ circulantes e, ainda, a uma atrofia do timo e a superantígeno chamado Staphylococcal Enterotoxin B
uma supressão da hipersensibilidade tardia à albumina.18 (SEB). Mostraram que os animais tratados com o mesmo
Estudos de neuroimunomodulação também têm sido realiza- apresentaram um aumento da proliferação de linfócitos T
dos para analisar mecanismos envolvidos com a progressão de esplênicos e dos níveis plasmáticos de IL-2; essas altera-
tumores. Assim, mostrou-se em humanos a existência de um ções diminuíam quando os animais eram previamente tra-
forte vínculo entre presença de estresse, alterações da função tados com 6-hidroxi-dopamina (6-OHDA), uma substân-
imune e sensibilidade ao câncer. 19 Palermo-Neto, Massoco e cia que induz denervação simpática. 30 Animais tratados
Robespierre de Souza, nesse sentido, relataram alterações com 6-OHDA por via intra-cérebro-ventricular (i.c.v.) apre-
comportamentais, imunológicas e de resistência ao crescimento sentaram uma diminuição tanto dos níveis de adrenalina
tumoral produzidas por estresse físico e psicológico em camun- e noradrenalina no hipotálamo como também da prolife-
dongos adultos. Neste trabalho, mostramos que um estresse psi- ração de linfócitos sanguíneos e de esplenócitos, da pro-
cológico, gerado pelo ato de observar um outro animal receber dução de IL-2 e de IFN-γ e da expressão de mRNA para
choque inescapável, produzia manifestações comportamentais, IL-2 em esplenócitos. Neste mesmo trabalho, os autores
redução dos índices de espraiamento e de fagocitose de ainda observaram que as alterações imunes por eles rela-
macrófagos peritoneais e aumento do crescimento do tumor tadas não estavam relacionadas apenas à ativação de eixo
ascítico de Ehrlich.20 Curiosamente, mostramos em outro traba- HPA, visto serem também eliminadas por simpatectomia
lho que camundongos estressados durante a fase pré-natal (últi- cirúrgica. Evidenciava-se assim, e mais uma vez, a im-
mo terço da gestação) apresentaram aumento dos níveis de portância dos mecanismos simpáticos na modulação da
ansiedade, diminuição dos índices de espraiamento e fagocitose resposta imune. 31
por macrófagos peritoneais e, também, aumento do crescimento Hugo Besendovisky, na década de 70, também avaliou
do Tumor de Ehrlich.21 Strange et al. relataram que camundon- as interações entre os sistemas nervoso e imune; porém, o
gos machos submetidos a estresse psicossocial e inoculados com fez em sentido oposto. Em 1975, demonstrou que a imu-
um tumor andrógeno responsivo (AR SC115) apresentavam me- nização de animais com diferentes antígenos induzia mu-
nor resposta à quimioterapia e menor sobrevida, dependendo dos danças neuroendócrinas e de atividade no SNC. Nascia,
efeitos observados do tipo de estresse aplicado.22 Sá-Rocha mos- então, o outro braço da neuroimunomodulação: o estudo
trou em nossos laboratórios que animais submissos mantidos em dos efeitos de produtos originários de processos imune/in-
uma hierarquia social estável apresentavam diferenças no compor- flamatórios sobre a atividade do SNC.
tamento, na neuroquímica e respondiam de forma diferenciada a Já se demonstrou que citocinas como a IL-1 podem ser
estímulos imunes. 23 Em especial, os animais submissos apre- sintetizadas dentro do SNC, tendo ali importante papel em
sentavam, em relação aos dominantes, um aumento de ansieda- funções anteriormente descritas como exclusivas do siste-
de medida comportamentalmente, um maior número de ma nervoso, como as modulações de emoções, de com-
metástases do melanoma murino experimental B16F10 e uma portamentos e da memória. 32 Um trabalho realizado por
menor atividade de células NK no baço. Evidências como estas Basso et al. em nossos laboratórios mostrou aumento de
são freqüentemente pontuadas na área de estudo chamada de marcação fós em áreas do SNC diretamente relacionadas
psico-oncologia. com o comportamento ansioso e com a emoção (como o
Alguns trabalhos realizados em seres humanos têm buscado núcleo paraventricular do hipotálamo e o núcleo central
avaliar a necessidade de completar os tratamentos convencio- da amígdala), após um único desafio oral com OVA em

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camundongos tornando-os alérgicos ao antígeno. 33 Idênti- hydrophila), procuram aumentar sua temperatura corpórea
co fato foi observado por Costa-Pinto et al. após o uso de buscando permanecer em locais mais aquecidos, um fenô-
um antígeno intranasal (OVA) em camundongos OVA-sen- meno denominado de ‘febre comportamental’; se privados da
sibilizados. 34 chance de optar por esses locais quentes, os animais apre-
Neste sentido, partindo-se do princípio de que há influên- sentam níveis de mortalidade muito maiores que aqueles co-
cia de mediadores do sistema imune sobre o SNC induzindo a locados à temperatura ambiente mais alta que a fisiológica.37
ativação do eixo HPA, a resposta por eles desencadeada pas- Camundongos que receberam um agente infeccioso por via
sa, então, a fazer parte do repertório daquelas que são cha- intraperitoneal (Listeria monocytogenes) e cuja anorexia foi
madas coletivamente de adaptativas ou de síndrome de adap- contornada por alimentação forçada por gavagem sobrevivem,
tação geral ao estresse; essas respostas envolviam classica- em média, metade do tempo que aqueles alimentados
mente apenas estímulos físicos ou psicológicos. Como defini- ad libitum e submetidos ao mesmo procedimento de passa-
do por Blalock, o sistema imune funcionaria, nessa situação, gem da sonda gástrica.38
como um sistema sensorial adicional, difuso, dinâmico e em Apesar de Hart referir-se por diversas vezes ao comporta-
constante adaptação, que capacitaria o SNC a receber e pro- mento de animais doentes, o termo ‘comportamento doentio’
cessar estímulos e mensagens que, de outro modo, não foi cunhado apenas alguns anos mais tarde por Stephen Kent,
seriam percebidos pelas vias sensoriais clássicas.35 trabalhando no grupo de Dantzer e Bluthe.39 Neste trabalho,
Os estudos sobre os efeitos de citocinas na regulação de os autores discorreram sobre a compreensão dos mecanismos
respostas no SNC passaram, então, a compreender duas fac- que geram as alterações comportamentais e analisaram os
ções ou enfoques diferentes e complementares: a tentativa de possíveis interesses eventualmente gerados por este fato (de-
isolamento de moléculas e das vias essenciais para a sinaliza- senvolvimento de terapias para a reversão do estado doentio).
ção do SI para o SNC, e o estudo das alterações Os autores usaram, pela primeira vez, o termo “comporta-
comportamentais no contexto em que se inserem, ou seja, mento doentio” para se referir ao conjunto de alterações
como parte do repertório de comportamentos expressos pelos comportamentais que acompanhavam grande número de pro-
animais. Neste sentido, começa a ficar cada vez mais claro cessos patológicos que ocorriam aparentemente sem ligação
que as alterações de comportamento decorrentes de uma in- fisiopatológica; referiram-se, ainda, a comportamentos modi-
fecção não são conseqüências de uma depressão inespecífica ficados durante a doença, dentre os quais: ocorrência de alte-
do SNC, mas sim, de um conjunto de adaptações específicas rações no padrão do sono, perda aparente do interesse por
e muito bem organizadas nesse sistema. atividades cotidianas e positivas, como a busca por alimento,
perda do contato social, e do interesse sexual. Falam os auto-
Comportamento doentio res da geração de um estado denominado de anedonia, ca-
A primeira tentativa de estruturação conceitual acerca do racterizado pela falta de busca do prazer somada à incapaci-
comportamento de animais doentes veio de Benjamin Hart, dade aparente de percebê-lo ou apreciá-lo.40
que compilou informações de diversas espécies animais aco- Nascida então, da análise de processos infecciosos de várias
metidos por processos patológicos. Ele agrupou alguns acha- origens, a história do comportamento doentio foi inicialmente
dos comuns a todas as espécies e processos estudados que marcada pelo estudo do efeito de produtos bacterianos sobre o
incluíam febre, letargia ou prostração, perda de apetite e di- comportamento. Dentre os produtos bacterianos analisados, o
minuição do consumo de água, diminuição de locomoção em LPS, um lipossacarídeo de parede de Bactérias gram-negati-
geral (mas com maior importância daquela dirigida à explora- vas, foi e é o mais utilizado; analisaram-se também os efeitos
ção ambiental) e, entre outros sinais e sintomas, redução de de citocinas inflamatórias como IL-1, IL-6 e TNF-α, cuja rele-
autolimpeza em roedores. A opinião de Hart foi clara: o con- vância está bem descrita nos processos inflamatórios. Mos-
junto de alterações apresentadas por animais doentes, coleti- trou-se assim, que a redução induzida por administração de
vamente denominadas de comportamento doentio, estava longe LPS no consumo de alimentos dava-se mediante a produção
de ser o resultado de uma depressão geral e inespecífica do de IL-1 por ele estimulada.41 Este fenômeno foi posteriormen-
SNC; correspondia a um conjunto organizado de modifica- te confirmado em várias espécies de animais de experimenta-
ções fisiológicas e comportamentais; isto é, existia uma base ção e mediante outros estímulos. Deste modo pode-se con-
biológica específica (e não patológica) para o comportamento cluir que animais doentes não estão incapacitados de realizar
dos animais doentes. No mesmo trabalho foram listadas pos- tarefas ou de responder a estímulos ambientais; apenas não o
síveis vantagens (aparentemente paradoxais) das alterações fazem dada a baixa prioridade que estas tarefas têm em um
comportamentais para os animais acometidos de doenças tais determinado contexto. Desse ponto em diante, foram incluí-
como diminuição do gasto energético fisiológico com digestão das na gama dos processos que podem gerar comportamento
de comida (anorexia), menor perda de calor e exposição a doentio outras situações patológicas, como crescimento de
possíveis predadores (prostração) e geração de um ambiente neoplasias e doenças auto-imunes.
menos favorável à proliferação de patógenos, favorecida pela Resultados recentes de nosso grupo de pesquisa corrobo-
atividade de células imunológicas (febre).36 ram o caráter motivacional e adaptativo das alterações
Mesmo evitando-se uma análise dos fenômenos assim des- comportamentais em animais doentes. Daniel Cohn observou
critos baseados na presunção de sua função, um fato torna- alterações comportamentais causadas pelo LPS em camun-
se claro: as alterações que acompanham processos infeccio- dongos dominantes e submissos acomodados em duplas está-
sos são adaptativas e contribuem para uma recuperação mais veis; descreveu um maior efeito do LPS em animais dominan-
rápida e para a sobrevivência dos animais acometidos. Dois tes que, após o tratamento, apresentaram maior letargia e
exemplos clássicos e elegantes dessa afirmação são descritos diminuição da busca por interação social (com um submisso
a seguir. Lagartos, que obviamente não desenvolvem febre na tratado com salina) que os animais submissos (quando a situa-
acepção clássica do termo por serem pecilotermos, depois de ção era invertida, ou seja, quando o submisso recebia LPS e o
inoculados com um patógeno bacteriano (Aeromonas dominante solução salina). Assim, as obrigações sociais de

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um animal subordinado a um outro dentro de uma dupla tal- que funcionariam como interface entre o sistema imunológico
vez impeçam a expressão do comportamento doentio, refletin- e o SNC, sem a necessidade da transferência direta do mediador
do este fato na maior prioridade do animal naquele momento para dentro deste (por exemplo, citocinas ligando-se a seus
para desempenho de outras atividades.42 Em seu conjunto, os receptores no endotélio da microvasculatura cerebral, geran-
comportamentos apresentados por um animal que são passí- do mensageiros lipídicos como os prostanóides, que podem
veis de influência por contingências imunes devem ser en- transitar através de barreiras).43
carados como decorrência de estratégias homeostáticas de O contato íntimo estabelecido entre macrófagos, células
cada indivíduo, em função da espécie e do momento da his- dendríticas e mastócitos com as ramificações do nervo vago
tória de vida do mesmo. Neste contexto, e tomados os devi- fazem com que essas células, que respondem à estimulação
dos cuidados com extrapolações, poder-se-ia justificar alguns com produção e secreção de uma ampla gama de mediadores
comportamentos humanos. Assim, por exemplo, uma mãe inflamatórios (incluindo-se aqui as citocinas, os derivados do
que apresenta “comportamento doentio” em função de uma ácido araquidônico e as aminas vasoativas), possam servir de
virose pode deixar de freqüentar uma festa para a qual tenha ponte entre sinais locais (parácrinos) e o nervo vago.44 Assim,
sido convidada; porém, não deixaria de cuidar e/ou de ama- vários experimentos buscaram o esclarecimento da importân-
mentar o seu filho. cia do vago nessa via de sinalização por citocinas, mediante
sua eliminação cirúrgica. Tanto as respostas comportamentais
Possíveis mecanismos da sinalização do SI para SNC como a febre derivada da administração de IL-1 foram supri-
Adrian Dunn revisou e agrupou os possíveis mecanismos midas (ao menos parcialmente) pela vagotomia
através dos quais o SI sinalizaria o SNC, destacando: 1) uma subdiafrágmática; esta vagotomia também se mostrou eficaz
ação direta dos mediadores do SI nos locais onde a barreira na prevenção da redução dos níveis NA hipotalâmica e na
hematoencefálica é mais permeável, como nos órgãos ativação do eixo HPA induzidas por IL-1. Em muitos casos, a
circunventriculares (que recebem esse nome por se localiza- resposta comportamental parecia estar dissociada da endócrina.
rem nas proximidades dos ventrículos cerebrais e cujo endotélio No entanto, as evidências relativas à relevância desta sinali-
é fenestrado; 2) uma ação de mediadores do SI em aferências zação vagal em cada uma das respostas comportamentais após
periféricas do SNC, como nas terminações do nervo vago, IL-1 ainda são controversas.45
(sem sombra de dúvidas, o mais estudado quanto à capacida- Neste sentido, e de maneira geral, parece que a dependên-
de de sinalização de respostas inflamatórias ou imunológicas cia de mecanismos nervosos ou humorais na sinalização do SI
para o SNC); e 3) uma ação de mediadores do SI em locais para o SNC quando de um “comportamento doentio” estaria

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relacionada a muitas variáveis, como via de administração da citocinas.54 Já se associaram leucocitose e disfunções imu-
molécula estudada (processos localizados tendem a depender nes com sintomas de esquizofrenia e a demência com doen-
mais de vias nervosas), parâmetro comportamental estudado ças auto-imunes.55 Por outro lado, e como já comentado, o
(alterações endócrinas são mais influenciadas por mecanis- estresse e a depressão têm sido associados no ser humano a
mos humorais), além, obviamente, do mediador estudado e reduções de imunidade,56 progressão dos sintomas de uma
da sua concentração (doses baixas não alcançam níveis infecção por HIV57 e até mesmo com a recuperação de quei-
séricos suficientes). Mesmo assim, parece cada vez mais maduras.58 Finalmente, cabe comentar que o estresse gerado
claro que se trata de um sistema com alta redundância, em pelo ato de acompanhar um paciente com enfermidade crô-
que vários mecanismos podem gerar respostas semelhantes nica tem sido associado a alterações de imunidade inata e
e que várias respostas dependem de mais de um mecanismo humoral, queda de resistência orgânica e aparecimento de
de sinalização. 46 sintomas neurológicos e psiquiátricos, como depressão.59 Nesse
As conseqüências da expressão de um comportamento so- sentido, vale lembrar que a depressão é talvez a causa mais
bre o estado do sistema imunológico podem funcionar como freqüente de sofrimento emocional e piora da qualidade de
um modulador do próprio comportamento e vice-versa, su- vida do ser humano.60 Assim, nos parece, como já afirmado
gerindo novamente que o sistema imune seja uma aferência por Ader,1 que o envolvimento de outras áreas da pesquisa e
de importância para o SNC. Neste contexto, experimentos da psiquiatria ou da clínica médica com a Neuro-
recentes em nosso laboratório utilizando camundongos que imunomodulação seja mais intenso quando forem mais bem
conviveram com animais doentes (portadores da forma identificadas e manipuladas as variáveis que governam os pro-
ascítica do tumor transplantável de Ehrlich) por 11 dias cessos imunorregulatórios.
mostraram que os animais desenvolveram leucopenia e fica-
ram mais propensos ao desenvolvimento do mesmo tumor
experimental, ao fim do período de convívio com o compa-
nheiro doente. 47 Estudando este modelo, mostramos bem uma
redução da atividade de neutrófilos, uma redução nos níveis Referências
1. Ader R. On the development of psychoneuroimmunology. Eur J
de noradrenalina e um aumento do turnover desse
Pharmacol. 2000;405(1-3):167-76.
neurotransmissor no hipotálamo de companheiros de ani- 2. Costa-Pinto FA, Basso AS, De Sa-Rocha LC, Britto LR, Russo M,
mais doentes. 48 Estes resultados nos levaram a sugerir que Palermo-Neto J. Neural correlates of IgE-Mediated Allergy. Ann N Y
as alterações observadas eram decorrentes de um aumento Acad Sci. 2006;1088:116-31.
de atividade catecolaminérgica no SNC e, provavelmente, 3. Reiche EM, Nunes SO, Morimoto HK. Stress, depression, the immune
de uma ativação do SNAS. system, and cancer. Lancet Oncol. 2004;5(10):617-25.
4. Selye H. A syndrome produced by diverse noxious agents. Nature.
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Conclusão
5. Licinio J, Frost P. The neuroimmune-endocrine axis:
Estes e outros dados de literatura suportam a existência de pathophysiological implications for the central nervous system
comunicações diretas e bidirecionais entre o SI e o SNC. A cytokines and hypothalamus-pituitary-adrenal hormone dynamics.
Figura 1 mostra um esquema ilustrativo desta interação. Os Braz J Med Biol Res. 2000;33(10):1141-8.
trabalhos nesta área têm contribuído de forma marcante para 6. Guyre PM, Girard MT, Morganelli PM, Manganiello PD. Glucocorticoid
o entendimento da regulação/modulação das respostas effects on the production and actions of immune cytokines. J Steroid
adaptativas do organismo frente ao estresse ou a doenças. Biochem. 1988;30(1-6):89-93.
7. van Overveld FJ, Demkow UA, Gorecka D, Zielinski J, De Backer
Neste contexto, apesar de recente, enquanto área organizada
WA. Inhibitory capacity of different steroids on neutrophil migration
do conhecimento, a Psiconeuroimunologia ou a Neuro- across a bilayer of endothelial and bronchial epithelial cells. Eur J
imunomodulação vem acumulando um corpo de dados e de Pharmacol. 2003;477(3):261-7.
conhecimentos suficientes para justificar a idéia, agora ine- 8. Zorrilla EP, Luborsky L, McKay JR, Rosenthal R, Houldin A, Tax A,
quívoca, de que existem extensas relações entre os sistemas McCorkle R, Seligman DA, Schmidt K. The relationship of depression
imune e nervoso. Tais relações neuroimunes não devem ser and stressors to immunological assays: a meta analytic review.
desprezadas ou subestimadas em qualquer área da pesquisa Brain Behav Immun. 2001;15(3):199-226.
9. Kiecolt-Glaser JK, Marucha PT, Atkinson C, Glaser R. Hypnosis as
biomédica, pois podem ser responsáveis por fenômenos ainda
a modulator of cellular immune dysregulation during acute stress.
pouco compreendidos e considerados até mesmo como J Consult Clin Psychol. 2001;69(4):674-82.
anedóticos ou como artefatos de técnicas ou de diagnóstico 10 . Elenkov IJ, Wilder RL, Chrousos GP, Vizi ES. The sympathetic nerve—
em um passado ainda recente.49 an integrative interface between two supersystems: the brain and
A integração de modelos biológicos e psicológicos vêm se the immune system. Pharmacol Rev. 2000;52(4):595-638.
tornando cada vez mais importante para a neurologia e a psi- 11 . Abbas AK, Murphy KM, Sher A. Functional diversity of helper T
quiatria. 50 Assim, por exemplo, alguns trabalhos têm lymphocytes. Nature. 1996;383(6603):787-93.
12 . Iwakabe K, Shimada M, Ohta A, Yahata T, Ohmi Y, Habu S, Nishimura
correlacionado a presença de citocinas no SNC com
T. The restraint stress drives a shift in Th1/Th2 balance toward Th2-
neurodegeneração e demência.51 Crianças com doenças alér- dominant immunity in mice. Immunol Lett. 1998;62(1):39-43.
gicas cutâneas ou asma apresentam níveis plasmáticos eleva- 13 . Blotta MH, Dekruyff RH, Umetsu DT. Corticosteroids inhibits IL-12
dos de cortisol em reposta ao estresse e são mais suscetíveis à production in human monocytes and enhance their capacity to
depressão.52 O uso de INF-α e de IL-2 para o tratamento de induce IL-4nsyntesis in CD+4 lymphocytes. J Immunol.
infecções virais humanas pode vir acompanhado pelo apare- 1997;58(12):5589-95.
cimento de alterações psiquiátricas e cognitivas que variam 14 . Solomon GF, Amkraut AA. Psychoneuroendocrinological effects on
the immune response. Annu Rev Microbiol. 1981;35:155-84.
desde déficits pequenos de atenção até delírios e psicoses.53
15 . Zhou D, Kusnecov AW, Shurin MR, Depaoli M, Rabin BS. Exposure
Sintomas depressivos que incluem disforia, anedonia e de- to physical and psychological stressors elevates plasma interleukin
samparo, bem como apatia, lentidão de raciocínio e fadiga já 6: relationship to the activation of hypothalamic-pituitary-adrenal
foram relatados em pacientes submetidos à imunoterapia com axis. Endocrinology. 1993;133(6):2523-30.

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