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FACULDADE INTERNACIONAL DA PARAIBA

ESCOLA DE SAÚDE
BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL
PROFª Ms. DALLIANA GRISI

EVELLY ANDRESSA DANTAS DA SILVA

ANÁLISE CRÍTICA

NETTO, J. P. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. 7º Ed. São Paulo: Cortez,


2009.

No final do livro Capitalismo Monopolista e Serviço Social do autor José Paulo Netto,
podemos apreciar um apêndice citando as cinco notas a propósito da “questão social”. O
Serviço Social tem como cerne o estudo da “questão social” trazendo como intervenção
profissional as suas variadas expressões. Ao longo da sua história o Serviço Social, desde a sua
gênese, passou e passa por renovações, claro, de acordo com as situações vividas em cada
época. Por ter se reconhecido como classe para si e começando a estar ao lado da classe
trabalhadora a profissão se torna mais sensível para entender a situação existente da sociedade,
principalmente dos menos favorecidos buscando os direitos que o Estado e a classe burguesa
fazem questão de esquecer que existem, quando se trata da garantia para o pobre miserável.

A “questão social” que surgiu diante das contradições entre o capital e trabalho, na
atualidade o seu aprofundamento cai de forma indispensável no âmbito profissional. Como
objeto de estudo dos Assistentes Sociais a sua base teórica durante a intervenção deve estar
completamente firme e isso se dá através da formação nas academias e da convivência com
outros profissionais nos espaços sócios-ocupacionais. A “questão social”, vale ressaltar, não se
apresenta como um conceito único, mas que carrega diversas compreensões e atribuições de
acordo com a situação de cada indivíduo.

As cinco notas acerca da “questão social”, apresentadas por Netto, baseado na tradição
teórico-politica que segundo o autor ele ainda se situa- a tradição marxista. No primeiro ponto
ele traz a história da chamada expressão da “questão social”. Surge através do processo de
industrialização na Europa Ocidental, iniciada na Inglaterra no séc. XVIII. Mesmo com o
crescimento industrial, consequentemente deveria aumentar a renda e melhorar a qualidade de
vida dos operários, só que esse sonho estava/está difícil de ocorrer. O que cresceu foi o lucro
nos bolsos dos burgueses. Com o crescimento na produção das fábricas o fenômeno chamado
pauperismo também crescia e só afetava a população mais pobre, os operários.
No segundo ponto abordado, a expressão da “questão social”, na segunda metade do
séc. XIX, deixa de ser usada por críticos e “desliza lenta, mas nitidamente para o vocabulário
próprio do pensamento conservador”, em que a “questão social” passa a ser naturalizada. Todas
as suas expressões, ou seja, a desigualdade, fome, desemprego, doença, entre outros passaram a
ser vistas de forma natural e quando esses “problemas” são tratados como situação normal já
caímos no conforto do comodismo em que estamos tão acostumados a ver tais fatos que já não
surpreendem mais, perdendo assim o desejo e a vontade de lutar por algo melhor. Depois de tal
processo, vivenciado pelos trabalhadores, em 1848 “foi a passagem em nível
histórico-universal, do proletariado da condição de classe em si a classe para si. As vanguardas
trabalhadoras acederam no seu processo de luta, à consciência política de que a “questão social”
está necessariamente colada à sociedade burguesa: somente a supressão desta conduz à
supressão daquela. Ou seja, somente com o fim da sociedade burguesa, a “questão social”
também acaba.

Apesar do seu reconhecimento de classe, como diz no terceiro ponto, a compreensão


teórica dos processos acerca da “questão social” e o seu melhor entendimento tardou a chegar
nos trabalhadores. Nesta terceira nota é refletida a análise marxiana no seu processo de
desenvolvimento da chamada questão social. “Somente com o conhecimento rigoroso do
‘processo de produção do capital’ Marx pôde esclarecer com precisão a dinâmica da “questão
social”, consiste em um complexo problemático muito amplo, irredutível a sua manifestação
imediata como pauperismo”. Através da análise marxiana foram considerados pontos
fundamentais no entendimento sore a “questão social” em que está, está ligada a exploração na
relação entre o capital e o trabalho.

No penúltimo ponto foi destacado as “três décadas gloriosas” vividas pelo capitalismo
depois da Segunda Guerra. Para Keynes, esse momento é conhecido como “anos de ouro”. Na
construção do Welfare State -Estado de bem- estar social- implantado em alguns países da
Europa Ocidental e na Europa nórdica, se tornou o ápice da economia capitalista em que tudo
aparentemente estava favorável. Mas para os marxistas as melhorias ocorridas durante esse
processo “não alteravam a essência exploradora do capitalismo” nas vidas das massas
trabalhadoras, em que o pauperismo ainda permanecia, só que de forma disfarçada.
Infelizmente, para o capital, na terceira década de ascensão econômica essa dinâmica capitalista
começou a balançar, em que taxas de lucros foram reduzidas, também pelo fato do ascenso do
movimento operário diante daquelas novas condições. O que se deu? A implantação no
neoliberalismo em que a participação do Estado era mínima deixando o mercado tomar conta da
economia. Toda a imagem de cordeiro que parecia o capital, foi desconstruído diante dessa nova
percepção e assim foi descoberto uma nova concepção de pobreza e uma nova “questão social”.

No quinto e último ponto se conclui as teses apresentadas anteriormente em que


“inexiste qualquer nova questão social”. O que temos são as novas expressões que ainda
permanecem no meio societário em que a sua extinção só ocorrerá na supressão do capital. Nas
suas considerações Netto indica duas observações para breves debates. A primeira diz respeito a
uma nova organização societária “que vá além dos limites do capital”- o comunismo. Na
extinção do capital pode-se assegurar o “livre desenvolvimento da personalidade de cada um
seja a condição do livre desenvolvimento da personalidade de todos.” A segunda observação diz
respeito ao Serviço Social. Como a “questão social” é o nosso objeto de estudo, sem ela não há
sentido para a profissão. Levando em consideração a realidade pela qual estamos passando, o
Serviço Social ainda tem um longo caminho de intervenção e busca de diretos trabalhando junto
a classe trabalhadora para melhores condições de vida.

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