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Viabilidade das Usinas Hidrelétricas Reversíveis

no Mercado de Curto Prazo

Alvaro Augusto Waldrigues de Almeida

Universidade Tenológica Federal do Paraná

RESUMO

As Usinas Hidrelétricas Reversíveis constituem o Sistema de Amastecimento de


Energia mais presente no mundo, mais baratas e menos poluentes, além de terem
tecnologia completamente dominada. Tais usinas ainda não são presentes no Brasil,
devido aos enormes reservatórios das Usinas Hidrelétricas do país. Contudo, com a
expansão da demanda, as Reversíveis podem adiar a construção de Hidrelétricas na
Amazônia. As Reversíveis poderão ainda atuar no Mercado de Curto Prazo a ser
implantado no Brasil em 2021, valendo-se das variações diárias de preços deste.
Palavras-chave: Fazenda Eólica, Mercado de Curto Prazo, Preço de Liquidação de
Diferenças, Sistema de Armazenamento de Energia, Usina Hidrelétrica Reversível.

ABSTRACT
Pumped-Storage Hydroelectricity are the most common Energy Supply System in the
world, cheaper and less polluting, in addition to having completely dominated
technology. Such plants are not yet present in Brazil, due to the huge reservoirs of the
country's Hydroelectric Plants. However, with the expansion of demand, the Pumped
plants may postpone the construction of Hydroelectric plants in the Amazon. Pumped
plants may also operate in the Short Term Market to be implemented in Brazil in 2021,
taking advantage of the daily price variations of this.
Keywords: Wind Farm, Spot Market, Difference Settlement Price, Energy Storage
System, Pumped-Storage Hydroelectricity.
1. INTRODUÇÃO
As Usinas Hidrelétricas Reversíveis (UHRs) constituem o Sistema de
Armazenamento de Energia mais comum, representando 98,5% dentre os 170.043 MW
existentes de tais sistemas. Elas estão presentes em países como EUA, China e Japão
e em vários países da Europa. No momento elas não estão presentes no Brasil, mas
vários autores, como Canales et al. (2015), discutem as perspectivas da aplicação
desta tecnologia ao Setor Elétrico Brasileiro (SEB). Estes autores comentam que a
tendência no SEB é do aumento da participação das Usinas Eólicas (EOLs),
Fotovoltaicas (FV) e Usinas Hidrelétricas convencionais (UHEs) a fio d’água, o que
provocará a redução da capacidade de regularização do sistema. Uma possível solução
para este problema, de modo a adiar a construção de usinas na Amazônia, é a
construção de Usinas Termelétricas (UTEs). As UHRs, por outro lado, são mais baratas
e menos poluentes e poderiam atuar de forma sazonal, estratégia que seria semelhante
à da construção de usinas amazônicas, mais caras e de maiores impactos ambientais.
As UHRs poderiam ainda valer-se de um futuro mercado com preços horários, a ser
implantado em 2021.

2. UHRs no Setor Elétrico Brasileiro (SEB)


A construção de UHRs no Brasil iniciou-se muito cedo, com as usinas de Vigário
(1952, turbinas de 90,8 MW e bombas de 72,0 MW), Pedreira (1939, turbinas de 78,5
MW e bombas de 42,6 MW), Edgar de Souza (1955, turbinas de 14,8 MW e bombas de
13,3 MW) e Traição (1940, turbinas de 7,3 MW e bombas de 9,4 MW). Com o tempo, o
crescimento populacional e a entrada em operação de UHEs de grande porte, estas
usinas foram desativadas ou transferidas para outras empresas, como é o caso da UHR
Pedreira, que pertence agora à Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE),
também sendo conhecida como Usina Elevatória de Pedreira.
A situação tende a mudar. Em 2019 a Empresa de Pesquisa Energética, EPE
(2019), publicou um estudo de inventário de UHRs com resultados preliminares para o
estado do Rio de Janeiro. A EPE conclui que é possível construir 15 UHRs no Rio de
Janeiro, com capacidade instalada total de 21,1 GW, energia armazenada igual a
63.326 MWh, energia consumida igual a 83.936 MWh, ciclo de operação diário, tempo
mínimo de bombeamento de 4 horas por ciclo, 3 horas de geração por ciclo e
rendimento global igual a 75% (EPE, 2019).
A EPE menciona que as UHRs “constituem uma tecnologia que permite oferta
de potência com a flexibilidade necessária para o atendimento à variação da carga no
curto prazo, além de oferecer benefícios sistêmicos relacionados à economia ,
segurança e qualidade no fornecimento de energia elétrica (serviços ancilares), a sua
participação na cesta de ofertas da matriz elétrica brasileira poderá constituir, num (sic)
futuro próximo, uma expansão do sistema elétrico de forma econômica e sustentável.”
Tais variações de curto prazo, provocadas pela intermitência de geração das EOLs e
FVs, podem ser corrigidas por meio de sistemas de armazenamento, dentre os quais
as UHRs são as únicas que podem ser construídas em potências acima de 3.000 MW,
como é o caso de Bath County, nos EUA.
Em seu estudo a EPE também menciona que uma implantação de preços
horários de energia poderia indicar mais adequadamente quando as UHRs deveriam
gerar e quando deveriam armazenar. O Mercado de Curto Prazo (MCP) brasileiro, a
ser implantado no início de 2021, poderá vir a produzir as variações diárias de preços
necessárias para sinalizar o enchimento e esvaziamento do reservatório da UHR e é
discutido na seção a seguir.

3. Preços de Curto Prazo


Em dezembro de 2017 a Comissão Permanente para Análise de Medologias e
Programas Computacionais do Setor Elétrico (CPAMP) iniciou a implantação dos
preços horários do MCP. Em 2019 foi determinado o início de uma “operação sombra”
de modo a se avaliar os possíveis impactos dos preços horários na operações de
contabilização e liquidação da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE),
bem como na operação do Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS). Estes preços
horários são frequentemente denominados “preços sombra” e serão aqui denominados
Preços de Curto Prazo (PCP).
No Sistema Interligado Nacional (SIN) o despacho operacional de usinas acima
de 50 MW é realizado centralizadamente pelo ONS e não descentralizadamente por
meio de um leilão de curto prazo, como acontece em mercados termelétricos. Isso
acontece porque o maior “agente operacional” do SIN é a hidrologia. Em vez disso, o
Custo Marginal de Operação (CMO, utilizado pelo ONS) e o Preço de Liquidação de
Diferenças (PLD, utilizado pela CCEE) são calculados por meio de uma cadeia de
modelos de computador. No momento o NEWAVE opera em um intervalo de
discretização mensal e o DECOMP em um intervalo semanal ou mensal. O DESSEMP,
introduzido pela operação sombra está sendo utilizado desde abril de 2014 para fins de
avaliação e poderá operar em intervalos de 1/2 hora ou uma hora. Todos os três
modelos são homogados pela ANEEL.
As operações mensais de contabilização e liquidação realizadas pela CCEE
podem ser definidas como um “despacho comercial”, no qual os agentes do mercado
procuram se planejar melhor para os meses vindouros. Tendo-se os PCPs, que nada
mais são do que os PLDs calculados de maneira horária, esse despacho pode ser
realizado “intraday” do ponto de vista dos agentes, sejam eles geradores, consumidores
livres ou comercializadoras de energia. A diferença entre estes preços calculados pela
CCEE e os preços de outros mercados, calculados por meio de leilões, é que aqui todos
os agentes atuam como “price takers”, ou seja, podem reagir aos preços, mas não pode
alterá-los. Contudo, da mesma forma que ocorre em outros mercados, a finalidade do
PCP é tornar o MCP mais eficiente.
A Figura 1 mostra os Preços de Curto Prazo do Nordeste no ano de 2019.
Apenas o submercado do Nordeste é mostrado porque ele contém uma capacidade
eólica instalada e será utilizado para um estudo na seção seguinte. Quanto ao ano de
2019, ele foi escolhido por conter todos os meses (a operação sombra iniciou-se em
abril de 2018 e o ano de 2020 ainda não havia se encerrado durante a relização do
presente Congresso). Para fins de comparação, o PLD semanal utilizado atualmente
também é mostrado.
Figura 1 – Preços de Curto Prazo e PLD semanal do Nordeste, ano de 2019
FONTE: O Autor

As Figuras 2 e 3 ilustram, respectivamente, as curvas de carga de dois dias


confrontadas com as curvas de PCPs de dois dias. Em 01/04/2020 o preço acompanha
a carga, enquanto em 26/09/2020 o preço parece “imune” às variações da carga. De
fato, uma análise cuidadosa dos PCPs do Nordeste mostra que eles permaneceram
constantes dentro de 14,2% dos dias de 2019 e variaram menos de 5% em 26,6% dos
dias. Também é muito comum que o PCP permaneça em um patamar reduzido entre
0h e 8h ou no máximo entre 0h e 17h, quando começa a se elevar até um patamar no
qual permanece até aproximadamente as 23h. Em outros casos os preços se
comportam de maneira contrária ao que se espera, permanecendo elevados antes das
12h e reduzindo-se depois. Sendo assim, pode haver um descompasso diário entre
preços e níveis dos reservatórios da UHRs.
Figura 2 – Preço de Curto Prazo e Carga Figura 3 – Preço de Curto Prazo e Carga
01/04/2019 - segunda-feira 26/09/2019 – quarta-feira
FONTE: CCEE (2020); ONS (2020) FONTE: CCEE (2020); ONS (2020)

4. Viabilidade das UHRs: Estudo de caso


Sabendo-se que a variação horária dos PCPs não é aquela desejada para as
operações da UHRs, podem-se construir um modelo hipotético, que apresente as
variações e sazonalidades desejadas e permita o refinamento da análise.
O modelo aqui apresentado é separado em duas partes, uma que apresenta
três ciclos dentro de um ano e outra que apresenta dois ciclos dentro de um dia. O
modelo dos preços anuais, que permanecem positivos durante todo o ano, será:

𝑃𝑎 (ℎ) = 𝑃4𝑎 × ℎ4 + 𝑃3𝑎 × ℎ3 + 𝑃2𝑎 × ℎ2 + 𝑃1𝑎 × ℎ + 𝑃0𝑎 (1)

onde:

𝑃0𝑎 = 40,2722932; 𝑃1𝑎 = 0,355346752;


𝑃2𝑎 = −2,05411 × 10−4; 𝑃3𝑎 = 3,95138 × 10−8 ;
𝑃4𝑎 = −2,34028 × 10−12.

O modelo dos preços diários é:

𝑃𝑑 (ℎ) = 𝑃4𝑑 × ℎ4 + 𝑃3𝑑 × ℎ3 + 𝑃2𝑑 × ℎ2 + 𝑃1𝑑 × ℎ (2)

onde 𝑃1𝑑 = −9,04, 𝑃2𝑑 = 1,589, 𝑃3𝑑 = −0,0817 e 𝑃4𝑑 = 0,0013.


Finalmente, o preço completo do modelo (PMod), obtido a partir da série
histórica de 2019 e contendo variações diárias e anual, vem das Equações (1) e (2):

𝑃𝑚𝑜𝑑 (ℎ) = 𝑃𝑎 (ℎ) + 𝑃𝑑 (ℎ) (3)

onde 1 ≤ ℎ ≤ 8760.

A Figura 4 ilustra o modelo completo de PMod, contendo as variações diárias


e anual. Tomado isoladamente, o ciclo diário é um polinômio de quarto grau que
permanece negativo entre 1h e 10h e se torna positivo entre 10h e 24h, atingindo o
máximo em 17h30, capturando aquela que deveria ser a variação de preços em um
mercado de despacho pelos preços, e permitindo as operações diárias de enchimento
e esvaziamento dos reservatórios, como descrito por Bettega (2020) e sua UHR
hipotética.

Figura 4 – Modelo Completo do Preço (R$/MWh)


FONTE: O Autor

A Tabela 1 mostra os dados do sistema em estudo. Notem-se que a UHR


apresenta uma limitação de 800 MW em sua bomba e turbina, respectivamente. Tais
limitações não se devem aos equipamentos em si, mas aos reservatórios da UHR. Os
valores da Carga e da EOL foram escolhidos, arbitrariamente para os fins desde estudo,
de modo a corresponderem a 10% dos valores daqueles do submercado Nordeste e
ruzindo uma RTB igual a 75% para a UHR.

Tabela 1 – Dados para o estudo de caso

Item Valor

Potência nominal da turbina (PUHR_T) (MW) 800,00


Potência nominal da bomba (PUHR_B) (MW) -800,00
Potência nominal da EOL (PEOL) (MW) 1.460,00
Fator de capacidade da EOL (CFEOL) 30,00%
Carga nominal (MW) 1.320,00
FONTE: O Autor

O balanço comercial da CCEE é mostrado na Figura 5 e contém quatro


agentes. A fazenda eólica (EOL) entrega energia para a Carga e também para a bomba
da UHR, quando necessário. Por outro lado, a UHR entrega energia para a EOL e para
a Carga, também necessário. Quando os limites de potência da UHR forem atingidos a
UHE será acionada, de modo a corrigir o balanço. Notem-se que no SIN o despacho
operacional, realizado pelo ONS, é separado do despacho comercial, realizado pela
CCEE. Aqui o aspecto comercial foi preferido porque desejam-se analisar o melhor tipo
de precificação da UHR no caso estudado. Além disso, a opção comercial permite que
os agentes não estejam necessariamente conectados entre si. Por exemplo, a EOL foi
considerada no Nordeste apenas pelo fato de que a maior base eólica encontram-se
neste submercado. Contudo, qualquer um dos outros agentes poderia estar em outro
dos três submercados. Em particular, deve existir um pequeno contrato bilateral entre
UHR e UHE, pois esta deverá fornecer o adicional de energia quando aquela atingir
800 MW.
Figrua 5 – Balanço comercial equivalente para o estudo de caso
FONTE: O Autor

As Figuras 6 e 7 mostram, respectivamente, as energias geradas pela EOL,


pela UHE e pela UHR durante um ano, assim como a energia consumida pela Carga e
pela UHR durante um ano. Os gráficos foram separados em dois para fins de clareza e
percebem-se a variação sazonal e complementar entre EOL e UHR.

FIGURA 6 – Carga e geração diários FIGURA 7 – Gerações diárias da UHR


da EOL (GWh) e da UHE (GWh)
FONTE: O Autor FONTE: O Autor

As curvas de carga e geração mostradas nas Figuras 6 e 7 podem ser agora


precificadas de duas formas: a partir a partir do PCP e a partir do PMod , de modo a
possibilitarem a contabilização e liquidação na CCEE. Os resultados trimestrais e anual
são mostrados na Tabela 2.
Tabela 2 – Resultados dos Custos, em mil R$
Tipo de Precificação
Intervalo
Planta
considerado PCP PMod Diferença (%)
UHR 292.853,68 242.894,19 17,1%
EOL 159.701,60 199.305,83 -24,8%
1° Trimestre
UHR+EOL 452.555,28 442.200,02 2,3%
UHE 23.845,27 22.221,23 6,8%
UHR 108.970,65 121.816,81 -11,8%
EOL 130.699,83 182.581,68 -39,7%
2° Trimestre
UHR+EOL 239.670,47 304.398,49 -27,0%
UHE 9.886,15 7.012,10 29,1%
UHR -15.071,88 -17.814,60 -18,2%
EOL 538.375,71 495.146,52 8,0%
3° Trimestre
UHR+EOL 523.303,83 477.331,91 8,8%
UHE 141,92 76,86 45,8%
UHR 163.928,79 148.732,02 9,3%
EOL 706.522,94 728.435,16 -3,1%
4° Trimestre
UHR+EOL 870.451,74 877.167,18 -0,8%
UHE 2.097,40 3.208,94 -53,0%
UHR 550.681,23 495.628,42 10,0%
EOL 1.535.300,09 1.605.469,19 -4,6%
Ano de 2019
UHR+EOL 2.085.981,31 2.101.097,60 -0,7%
UHE 35.970,74 32.519,12 9,6%

FONTE: O Autor

5. CONCLUSÕES
A Tabela 2 indica que as diferenças de precificação, quando feitas pelo PCP e
pelo PMod, podem ser expressivas, especialmente no caso do segundo trimestre. Tal
diferença já era esperada, pois nos primeiros dois trimestres de 2019 que o PCP
apresentada maior volatilidade. Contudo, a diferença diminui quando se analisam o ano
todo. Quando se somam os resultados obtidos por EOL e UHR, a menor diferença entre
os dois tipos de precificação aparece quando se consideram o ano todo (-0,7%).
Uma boa conclusão que se pode tirar aqui é a seguinte: os PCPs de 2019 não
apresentam as variações horárias e “intradays” necessárias para se otimizar as
operações de enchimento e esvaziamento dos reservatórios das UHRs, a serem
refletidas nas operações comerciais da CCEE. Contudo, estes preços defasados das
curvas de carga tendem a se compensar ao longo do ano, indicando uma sazonalidade
que pode ser aproveitada pela UHR e pela EOL. Tal ganho anual fica mais evidente
quando se confrontam os PCPs do mercado sombra com os PMods do modelo aqui
apresentado. Esta análise deve ser refeita para os anos futuros, especialmente após o
início de 2021, quando o mercado de preços horários estiver em operação, mas pode
servir de base para que UHR e EOL estudem suas operações na CCEE.

REFERÊNCIAS
BETTEGA, R. Influência das Usinas Hidrelétricas Reversíveis no desempenho do
Sistema Interligado Brasileiro, 2020. Curitiba, PR: Tese (Doutorado em Engenharia
de Recursos Hídricos e Ambiental) Universidade Federal do Paraná - UFPR.
CANALES, F. A.; BELUCO, A.; MENDES, C. A. B. Usinas hidrelétricas reversíveis no
Brasil e no mundo: Aplicação e perspectivas. Revista Eletrônica em Gestão,
Educação e Tecnologia Ambiental, v. 19, n. 2, p. 1230–1249, 2015.
CCEE. CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. Preço Horário
Sombra. Disponível em: <https://bit.ly/2NR7vcD>. Acesso em: 20/6/2020.
EPE. EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Estudo de inventário de Usinas
Hidrelétricas Reversíveis (UHR): Metodologia e resultados preliminares para o Estado
do Rio de Janeiro. , 2019.
ONS. OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Histórico da Operação.
Disponível em: <http://www.ons.org.br/paginas/resultados-da-operacao/historico-da-
operacao>. Acesso em: 20/6/2020.

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