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Discentes: Ana Carolina Alvarenga (21104349), Dante Dalcegio Aurili (21100205), Eric da

Rosa de Oliveira (21102290) e Sara Furtado Pereira (21100225)


Docente: Profa. Dra. Grazielly Alessandra Baggenstoss 2023.2

Ética Profissional – Atividade 02

a) Escolher uma categoria a ser analisada (gênero, raça, diversidade funcional,


regionalidade, etc.) (1,0)
Categoria: Gênero

b) Observar e indicar quais as normas jurídicas relacionadas à categoria escolhida


(sugiro duas normativas, resoluções internas da UFSC ou lei geral) (3,0)
A Universidade Federal de Santa Catarina publicou, em agosto de 2023, a Resolução
Normativa nº 181, que “dispõe sobre a Política Institucional de Ações Afirmativas de acesso,
concursos, permanência qualificada para pessoas que se autodeclaram transexuais, travestis,
transmasculinas, transgêneras e/ou não binárias e sobre o enfrentamento da transfobia no
âmbito da Universidade Federal de Santa Catarina”, propondo-se a ser “instrumento de
promoção da equidade, sem discriminações, abrangendo a identidade e/ou expressão de
gênero no que diz respeito aos princípios de dignidade da pessoa humana e de inviolabilidade
da intimidade e da vida privada, bem como no combate dos preconceitos, da discriminação e
das violências por razão de identidade de gênero, mediante uma política de ampliação do
acesso e de estímulo à permanência das pessoas trans”.
Ainda, a UFSC disponibilizou, em outubro de 2023, consulta pública da Minuta de
Resolução Normativa que estabelece a Política Institucional de Equidade de Gênero da
Universidade Federal de Santa Catarina. Já em sua (atual) primeira versão, estabelece como
objetivo “promover a equidade de gênero em todas as instâncias institucionais, fomentando
ações educacionais e a construção de um ambiente inclusivo e igualitário pautado na cultura
de respeito às mulheres e pessoas gênero-dissidentes”.

c) Descreverem práticas relacionadas aos domínios de poder estrutural (1,5), disciplinar


(1,5), cultural (1,5) e interpessoal (1,5).
Em relação ao domínio disciplinar do poder, uma prática que acontece nas
Universidades é a proibição imposta às alunas mães em relação a amamentação de seus filhos
na sala de aula, muitas vezes sendo destratada pela nudez ao prover a necessária alimentação
do bebê. Deve, então, ser mantido e ampliado o Serviço de Apoio a Amamentação
(SAAM/PROAFE), para que essas mães possam amamentar livremente seus filhos em
qualquer lugar.
Uma prática de domínio cultural de poder que infelizmente se tornou corriqueira tanto
nas Universidades, como ao redor do mundo todo, é a tentativa infundada de tentar justificar o
assédio, tentando lhe atribuir um caráter jocoso para mascarar a situação real e de
constrangimento que esses comentários constantes e gestos obscenos são, alegando que era
“apenas uma brincadeira”, ou que ela “interpretou errado”, buscando assim diminuir a voz da
mulher na hora de sua defesa.
Tratando-se do domínio estrutural do poder, uma prática relacionada ao tema gênero
pode ser verificada na análise das diferentes perspectivas de ascensão profissional dentro do
mesmo meio. Segundo o relatório Women in the Workplace, da consultoria McKinsey em
parceria com a ONG LeanIn.Org, mulheres brancas ocupam 21% dos cargos C-Level, contra
61% dos homens brancos. Nesse contexto, torna-se mais claro por que uma professora ou
aluna em nossa universidade geralmente acaba tendo mais dificuldade de se destacar no meio
acadêmico: há um mecanismo de controle sobre o fator de gênero na constituição estrutural
das instituições de poder em nossa sociedade.
Esse preconceito se origina de uma visão cultural que atribui à mulher um papel de
personagem secundário, enquanto ao homem um papel de protagonista. Ou seja, enquanto
uma mulher com alto desempenho é vista como “esforçada”, um homem na mesma posição se
passa por “gênio”, insinuando diferentes perspectivas de crescimento
Justamente nesse contexto que surge o chamado teto de vidro, e justamente por causa
desse fenômeno que uma professora ou aluna em nossa universidade acaba tendo mais
dificuldade de se destacar no meio acadêmico. Assim, há um domínio informal na perspectiva
de gênero quanto ao acesso a determinados cargos ou posições, uma espécie de
monopolização do “respeito”. Esse fenômeno é bem visível em nossa universidade,
especialmente no CCJ, porquanto, flagrantemente, a maioria dos professores são homens
brancos. Ademais, essa diferença aumenta mais ainda quando olhamos para os professores
que ocupam altos cargos da administração pública, nesse contexto praticamente todos são
homens. Realidade que é fielmente replicada pelo TJSC, onde dos 94 desembargadores
apenas 14 são mulheres.
Por fim, quanto ao domínio interpessoal do poder em nosso meio, verifica-se um
desdobramento do conceito anteriormente descrito. Acontece que as diferenças de “respeito”
atribuídos a pessoas com diferentes funções os imbui de um nível diferente de
“credibilidade”. Por causa disso homens e mulheres na mesma posição acabam
experienciando o meio de formas diferentes.
Entre sujeitos de diferentes posições sociais, contudo, essa diferença fica maior ainda.
Por exemplo, é notório que atualmente acontece inclusive uma campanha contra assédio de
professores se desenrolando pela UFSC. Cartazes estão postados por toda universidade com
dizeres como “se falar pra alguém vai perder a bolsa”. Em suma, a própria forma como a
campanha é feita demonstra que há uma diferença na maneira de se experienciar credibilidade
entre os gêneros. É claro, entre acreditar em um professor respeitado ou em uma vítima de
assédio geralmente somos pelo meio a acreditar no professor e ver a vítima como “buscadora
de atenção”. Na verdade, o próprio fator da “credibilidade” acaba intimidando as vítimas a
denunciarem abusadores ou agressores.

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