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Buddhas e Bodhisattvas

Buda Shakyamuni (Shì jiā móu ní Fó). É o mestre original e


fundador do Budismo; o Buda histórico que nasceu há mais de dois mil e quinhentos anos
na Índia Setentrional.

Buda Amitabha (Āmítuó Fó). O Buda Amitabha é o Mestre da Terra Pura Ocidental.
Como Bodhisattva, realizou quarenta e oito grandes votos. Criou a Terra Pura para que os
seres viventes que constante e sinceramente repetem seu nome possam renascer nesse local
após suas mortes físicas.

Na Terra Pura, eles continuarão recebendo os ensinamentos budistas.

Buddha da Medicina

Bhaiṣajyaguru: o Buddha da Medicina


Bhaiṣajya-guru-vaiḍūrya-prabhā-rāja, ou “Mestre Supremo da Medicina do Brilho
Cristalino de Lápis-lazúli”, é um dos buddhas mais amplamente conhecidos dentro da
tradição Mahāyana. Em chinês, chama-no de Yào shī fó (藥師佛); e Yakushi butsu, em
japonês. Em tibetano, recebe o nome de Sanggye Menla (སངས་རྒྱས་སྨན་བླ). Cura, restauração,
liberação quanto às múltiplas formas de tormento e opressão, auxílio frente às necessidades
básicas da vida, e sucesso nas aspirações mundanas, dentre outros aspectos, são itens
associados aos votos deste Iluminado.
No «Sutra do Buddha da Medicina», a história desse buddha é descrita por Śākyamuni
como resposta direta à pergunta do bodhisattva Mañjuśrī. Em sua questão, Mañjuśrī pedia
ao Buddha Śākyamuni que discursasse sobre os méritos e virtudes de outros buddhas para
que seres do futuro, ao tomarem conhecimento dessas qualidades, pudessem eliminar suas
obstruções kármicas; para que pudessem se inspirar e praticar em concordância, obtendo
benefícios. Após citar diferentes buddhas de diferentes direções, o sutra dedica especial
ênfase a explicar os votos e práticas do Buddha da Medicina.
Em linhas gerais, os votos desse Iluminado abrangem os seguintes pontos:
1) Ajudar seres de todas as direções a alcançar a buddhidade;
2) Aclarar suas mentes para que despertem;
3) Provê-los com suas necessidades materiais;
4) Corrigir suas visões errôneas e guiá-los ao correto caminho;
5) Ajudar os que agiram nocivamente a restaurar sua conduta;
6) Auxiliar a tratar os que sofrem por deficiências ou problemas físicos;
7) Aliviar os que sofrem de escassez e enfermidades;
8) Prover méritos para que pessoas descontentes com o atual gênero possam renascer com o
gênero almejado;
9) Ajudar a sanar aflições e mazelas mentais;
10) Ajudar a liberar os que sofrem opressão;
11) Aliviar os que sofrem de fome e sede;
12) Amparar com roupas e abrigo os que sofrem com falta de proteção.
Mediante esses votos, o Buddha da Medicina se destaca por seu estreito vínculo com todos
os seres que sofrem de preocupações mundanas, assolados por sofrimentos imediatos e
muitas vezes materiais. Em seu sutra, são descritas práticas que se centram na recordação
desse Iluminado a fim de criar méritos, diminuir obstáculos kármicos e obter, assim,
condições de melhoria da vida. Por essa mesma razão, ele recebe também o título de
“Buddha da Medicina que Afasta Infortúnios e Amplia a Longevidade” (消災延壽藥師佛).
Seu mantra é amplamente conhecido e recitado nas mais variadas escolas buddhistas.

Bodhisattva Avalokitesvara

Bodhisattva Avalokitêśvara – o Bodhisattva da Grande Compaixão.

Avalokitêśvara, em sânscrito, pode ser traduzido como “Mestre que Contempla o Mundo”.
Em chinês, costuma ser chamado de Guān shì yīn (觀世音), “aquele que contempla os sons
do mundo”; ou Kanzeon em japonês. Às vezes chamam-no abreviadamente por Guān yīn
ou Kannon, nessas respectivas tradições. O mesmo nome é traduzido como Chenrezik (སྤྱན་
རས་གཟིགས་) em tibetano.

Avalokitêśvara é descrito como o bodhisattva que personifica a grande compaixão e


amorosidade. Sempre atento ao sofrimento dos seres, contemplando a todos que pode
ajudar, ele é retratado como infatigável no seu trabalho de beneficiar criaturas de todas as
direções. Buddha Śākyamuni o apresentou como incomparável em méritos e vitudes, bem
como na variedade de métodos que emprega para prestar auxílio. O Sutra Lótus
(Saddharmapuṇḍaríka Sūtra) se refere a ele como capaz de se manifestar de diferentes
formas, humildes ou empoderadas, masculinas ou femininas, humanas e não-humanas, a
fim de encaminhar os seres à Iluminação. Por isso mesmo, inclusive, algumas de suas
representações assemelham-se a um homem e outras, a uma mulher.

No Kāraṇḍavyūha Sūtra, Buddha retrata a história e os feitos deste bodhisattva desde


tempos imemoriais. Segundo a narrativa, ele seria uma manifestação espontânea de outro
buddha, o qual existira há inumeráveis eras passadas e que, mesmo após sua completa
realização, continua se manifestando sob a forma de um bodhisattva para não faltar com
auxílio e suporte aos seres necessitados.

Em várias tradições, recomenda-se a prática de recitar o nome de Avalokitêśvara e nele


estabelecer a própria concentração. Isso, tendo em vista que ao estabelecer uma conexão
kármica com o bodhisattva é possível não apenas emulá-lo, seguindo seu exemplo de
compaixão, mas é também possível receber os benefícios diretos de suas bênçãos: ou seja,
mediante tal conexão, os méritos do bodhisattva poderiam afluir e amparar o praticante que
construiu vínculos consigo.

Bodhisattva Mahastamaprapta

Bodhisattva Mahāsthāmaprāpta – o Bodhisattva do Grande Poder.

Em sânscrito, «mahā» significa “grande”; «sthāma» é “poder, estamina ou força”; e


«prāpta» pode ser traduzido como “chegar, obter, ou estar dotado de”. Assim,
Mahāsthāmaprāpta é “Aquele Dotado de Grande Poder”. O bodhisattva personifica a força
da concentração e da sabedoria, representando o vigor das qualidades hábeis na superação
de todos os males.
Na tradição chinesa costuma ser conhecido como Dàshìzhì (大勢至), ou Daiseishi em
japonês. Já nas escolas tibetanas é mais frequentemente retratado na figura de Vajrapāṇi
(chak na dorje, ཕྱག་ན་རྡོ་རྗེ་), o qual seria uma de suas manifestações.

Este Bodhisattva do Grande Poder é frequentemente representado junto com


Avalokitêśvara, cada qual a um lado do Buddha Amitabha – seu respectivo professor. Em
suas mãos é comum de se encontrar uma longa flor de lótus, símbolo que personifica a
emancipação, a transposição de todas as máculas, e a força da sabedoria.

No Śūraṅgama Sūtra, o bodhisattva revela seu método especial de prática: a constante e


firme concentração nas qualidades dos buddhas. E assim, sugere também aos praticantes
que sempre mantenham suas mentes firmemente estabelecidas na lembrança do Buddha;
desse modo, poderiam naturalmente se tornar cada vez mais iguais ao Iluminado.

Bodhisattva Ksitigarbha

Bodhisattva Kṣitigarbha – o Bodhisattva dos Grandes Votos.

O nome Kṣitigarbha, em sânscrito, é a junção dos termos «ksiti», que significa terra, e
«garbha», que significa ventre ou matriz ou depositário (i.e., algo que origina e que abriga).
Entende-se, portanto, como “Aquele que Abriga a Terra”. O nome é uma referência à sua
qualidade mais singular: os votos firmes e inabaláveis que ele sustenta em benefício dos
seres. Tão sólidos e extensos quanto a própria terra, esses votos oferecem suporte e
acolhimento aos mais aflitos.

É nas tradições chinesas e japonesas que Kṣitigarbha se tornou amplamente conhecido.


Referem-se a ele como Dìzàng púsà (地藏菩薩) ou Jizō bosatsu, respectivamente.

No “Sutra sobre os Votos Originais do Bodhisattva Kṣitigarbha” (kṣitigarbha bodhisattva


pūrvapraṇidhāna sūtra), o Buddha Śākyamuni descreve os feitos e qualidades deste grande
ser. Segundo a narrativa, vida após vida, Kṣitigarbha atuou como filho e filha obsequiosos,
tratando de buscar incansavelmente por formas de salvar seus pais. Por isso mesmo, ele é
tomado como um forte exemplo de amor filial e gratidão no Buddhismo.

Ainda mais, comoveu-se profundamente ao avistar as formas mais severas de sofrimento e


decidiu, com inabalável firmeza, que se dedicaria a ajudar os seres abandonados e que
adentraria os locais mais difíceis para auxiliar justamente aqueles que mais sofrem.
Kṣitigarbha, assim, realizou seu tão notório e difícil voto: adentrar até mesmo os reinos
infernais para ajudar os seres que ali se afligem. São dele as palavras:

“Quando os seres estiverem todos à salvo, poderei então usufruir da Iluminação. Mas
enquanto os infernos não estiverem vazios, eu não desfrutarei da realização final – a
Buddhidade” (眾生度盡,方證菩提;地獄未空,誓不成佛).

No mesmo sutra, Buddha Śākyamuni explica que o bodhisattva já tomou este voto há
miríades de milhares de milhões de eras atrás e que, ainda hoje, segue firme em sua
empreitada de beneficiar a todos. Por haver assim acumulado tantos méritos e virtudes, e
por ter uma conexão tão forte com os seres deste mundo, Kṣitigarbha é apontado por
Buddha como um forte benfeitor. Segundo o sutra, viajantes poderiam concentrar-se no
bodhisattva para completar suas travessias em segurança; e também, pessoas que desejam
beneficiar seus parentes falecidos poderiam, dentre outras opções, fazer oferendas e
homenagens a este grande ser para gerar méritos que amparem tais familiares. Por essa
última razão, deve-se dizer, é comum encontrar imagens de Kṣitigarbha em cemitérios ou
em locais que abrigam cinzas dentro dos monastérios: concentrando-se no bodhisattva, as
pessoas ali praticam e dedicam méritos aos seus entes queridos que se foram.

Bodhisattva Samantabhadra

Bodhisattva Samantabhadra – o Bodhisattva da Grande Conduta.

Em sânscrito, «samanta» significa algo universal, que pervade todas as direções; e


«bhadra» seria algo bom, digno, benevolente. Assim, Samantabhadra é aquele de “Bondade
Universal”. Conhecem-no em chinês como Pǔ xián pú sà (普賢菩薩), ou como Fugen
bosatsu em japonês. No Tibete, seu nome é traduzido como Kun tu bzang po (ཀུན་ཏུ་བཟང་པོ་).

Samantabhadra é muitas vezes retratado a um dos lados de Buddha Śākyamuni,


representando a ênfase na prática contemplativa e nas ações virtuosas. Ao outro lado
costuma estar Mañjuśrī, o bodhisattva da grande sabedoria.

No Sutra Avatamsaka, este Bodhisattva da Bondade Universal é descrito como um


praticante de conduta humilde e sumamente positiva. A despeito de sua elevada realização,
ele viajaria pelas dez direções para continuar fazendo oferendas aos iluminados de todas as
partes, para continuar prestando respeitos e homenagens; enfim, para continuar servindo.
Samantabhadra não abandona nenhuma das práticas mais básicas, e assim incentiva todos
os demais praticantes a lapidar uma conduta humilde e compassiva, sem ceder à
negligência ou à arrogância.

Seus 10 famosos votos servem como referência para elucidar o caminho de todos os
bodhisattvas. Dentre eles se destacam atitudes como: respeitar universalmente todos os
seres; nunca deixar de fazer doações e oferendas com generosidade; incentivar as atividades
positivas e celebrar até mesmo os menores progressos alheios; confessar quaisquer
pequenas falhas e corrigi-las de imediato; jamais deixar de exercitar as práticas dos sábios
iluminados; criar condições para que o Dharma permaneça no mundo e que todos dele se
beneficiem, etc.

Frequentemente retratado sobre um elefante de seis presas, ele personifica a maestria das
Seis Pāramitās – as perfeições de conduta de todos os bodhisattvas.

Bodhisattva Manjusri

Bodhisattva Mañjuśrī – o Bodhisattva da Grande Sabedoria.

O termo «mañju» significa algo belo, esplêndido, maravilhoso; «śrī» é um termo para
auspiciosidade, virtude e poder. Assim, Mañjuśrī seria “Aquele que é Esplêndido e
Auspicioso”. Ele personifica a própria Perfeição da Sabedoria, lembrando-nos com seu
nome que a sabedoria é o que há de mais esplêndido e auspicioso: se a cultivarmos, dela
virão os benefícios mais elevados.

Na tradição chinesa costumam chamá-lo de Wénshū (文殊); Monju em japonês.


Comumente chamado de Jam pel yang em tibetano (འཇམ་དཔལ་དབྱངས).

O Bodhisattva da Grande Sabedoria é retratado, tal como Samantabhadra, sempre a um dos


lados de Buddha Śākyamuni. Nos sutras Mahāyāna, são vários os discursos onde ele
aparece eliminando dúvidas, expondo equívocos, esclarecendo os pontos mais sutis dos
ensinamentos, além de cortar fora todos os tipos de apegos e visões errôneas. Até por isso,
não raro ele se mostra segurando uma espada de «vajra» nas mãos: representativa da
sabedoria que atravessa todos os obstáculos e liberta os seres de seus aprisionamentos.

Em algumas imagens ele assume forma monástica, noutras aparece como um jovem em
vestes reais. Por essa razão, também, Mañjuśrī é geralmente chamado de Príncipe do
Dharma. Quase sempre vai assentado sobre um vigoroso leão, inspirando ao mesmo tempo
ares de leveza e majestosidade.

Com este exemplo em mente, praticantes podem recitar seu nome ou seu mantra a fim de
eliminar os obstáculos no cultivo da sabedoria. Juntamente com Avalokitêśvara,
Kṣitigarbha e Samantabhadra, ele é um dos quatro mais enfatizados bodhisattvas
(especialmente na tradição buddhista da China).

Bodhisattva Maitreya

Bodhisattva Maitreya – o próximo buddha

Bodhisattva Maitreya (em sânscrito; Metteyya em pali) é reconhecido em todas escrituras


buddhistas com sendo “o Buddha Futuro”, o próximo a se Iluminar depois de Buddha
Śākyamuni. Seu nome significa “O Amoroso”. Entende-se que tal será a característica mais
marcante de seu estilo de ensino: sua destacada bondade amorosa, sua benevolência para
com todos os seres.
Em chinês, chamam-no de Mílè Púsà (彌勒菩薩), ou Miroku Bosatsu em japonês. Seu
nome vai traduzido como Champa (བྱམས་པ) em tibetano. E, também nas origens, textos
indianos se referem a ele como “Ajita” (o invencível) – este seria outro de seus epítetos.
Segundo a profecia legada por Buddha Śākyamuni, Maitreya aparecerá num futuro
sumamente longínquo (fala-se até mesmo de milhares de milhões de anos em algumas
fontes). Diferentemente do cenário áustero enfrentado por Buddha Śākyamuni, Maitreya
virá a este mundo numa época de indizível prosperidade e elevado padrão ético. No «Sutra
Pronunciado pelo Buddha sobre a Completa Iluminação de Maitreya» (佛說彌勒大成佛
經), explica-se que o buddha-por-vir realizará a difícil tarefa de observar a impermanência
numa época de extensa longevidade, extensas facilidades e alegrias quase celestiais.
Contemplando profundamente a natureza transitória do mundo, o buddha-por-vir
proclamará um verso:
“Todas as formações são impermanentes, essa é a realidade do nascimento e da morte. Com
a cessação de nascimento e morte, a (real) Felicidade se encontrará na serenidade do
nirvana”. 『諸行無常,是生滅法;生滅滅已,寂滅為樂。』

E assim fazendo, trilhará o caminho do monge renunciante. Após atingir a Buddhidade,


ensinará incontáveis seres, encaminhando-os à Completa Liberação tal como fora feito por
seu antecessor Śākyamuni.
Muitos praticantes buddhistas fazem votos de se encontrar com o Buddha Maitreya em suas
vidas futuras, para aprender com ele e avançar rumo à Completa Iluminação. Tal costume
não é restrito à tradição Mahāyāna. Como exemplo, pode-se citar o grande mestre
Buddhaghoṣa, autor do tratado «Visuddhimagga» da escola Theravāda: ele próprio também
expressou seu voto de alcançar a liberação na presença de Maitreya. Segundo os sutras, se
um praticante toma sinceramente refúgio na Joia Tríplice e pratica os cinco preceitos,
fazendo votos de encontrar-se com o futuro buddha, tal já configuraria uma causa suficiente
para realizar sua aspiração.

Bodhisattva Skanda (Wéi tuó Púsà, 韋馱菩薩) – guardião


localizado à direita. Reconhecido como um dos oito guerreiros divinos, manifesta-se como
um general majestoso com sua armadura. Antes de entrar no Nirvana, Buda ordenou ao
general que permanecesse neste mundo para proteger o Buddhadharma (ensinamento de
Buda). Logo após a morte do Buda, suas relíquias foram roubadas por malvados demônios.
O Bodhisattva Wéi tuó os dominou e recuperou as relíquias de Buda. Wéituó Púsà é o
devoto guardião do Dharma, guardando fielmente os tesouros budistas e os objetos do
Dharma.

Bodhisattva Sangharama
(Qié lán Púsà) – localizado à esquerda.
Historicamente, foi conhecido como um grande guerreiro chinês do Reino de Shu, durante
a era dos três reinos (Wei, Shu, Wu 220-265 d.C.). Guān Yŭ foi reconhecido e respeitado
pelas pessoas pela sua lealdade e justiça desinteressada. Durante a Dinastia Sui (581-618 d.
C.), mais de duzentos anos depois, o Venerável Mestre Zhi Yi estava decidido em construir
um mosteiro budista na montanha de Yù Quán. Um dia enquanto meditava, lhe apareceu
Guān Yŭ. Logo, Guān se comprometeu em apoiar o budismo e transformar o terreno
ondulado existente numa planície para facilitar a construção do mosteiro. Guān Yŭ
reapareceu e tomou refúgio para se converter em budista seguindo os cinco preceitos. É
conhecido como o “Bodhisattva Qié lán”, o devoto guardião dos mosteiros.
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