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Arifureta Shokugyou de Sekai Saikyou – Capítulo 22

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Hajime sentiu seu corpo inteiro envolvido por algo quente e macio. Era uma
sensação muito nostálgica. Esta era a sensação de uma cama. Uma almofada
estava gentilmente colocada entre sua cabeça e costas. A maciez das penas
envolveu o corpo dele. Sua consciência grogue foi lançada na confusão.

“O que é isto? Isto deveria ser um Calabouço… por que tem uma cama…”

Ele estava todo atrapalhado enquanto sua consciência ainda não estava
totalmente desperta. Contudo, ele não conseguia mover sua mão direita. Ela
estava cercada por uma sensação macia que era diferente da cama. A palma
dele estava presa em algo quente e macio.

“O que é isto?”

Hajime moveu sua mão enquanto ainda estava com os olhos fechados. Ele
sentiu uma certa elasticidade entre seus dedos e era algo mole quando ele
tocava. Só essa interessante sensação foi o bastante para incentiva-lo a
continuar tocando…

— … ahn…

Por algum motivo, um suspiro sedutor pôde ser ouvido. Nesse momento, parte
de sua consciência voltou a ele.

Hajime notou enquanto se levantava em pânico que ele realmente estava em


uma cama. A cama tinha um lençol branco e parecia luxuosa e tinha até um
dossel[1]. Parecia que a cama estava em um pavimento de pedra no terraço de
um átrio[2]. Uma brisa refrescante atingiu o rosto de Hajime e o dossel. O
perímetro dele estava cercado de pilares e uma fina cortina. Você consegue
imaginar uma cama no meio do templo de Partenon[3]? O espaço inteiro estava
preenchido por uma luz acolhedora que ele não via há muito tempo.

Ele estava confuso. Há um momento ele estava em uma luta desesperada


contra a Hidra no Calabouço.

“Onde eu estou? Este lugar… não me diga que isto é o além…”

Neste lugar que parecia tão solene, um pensamento sinistro cruzou a mente
dele. Os pensamentos de Hajime foram interrompidos por uma voz amorosa ao
lado dele.
— … hn… Hajime… au…

— !?!?!?

Enquanto Hajime estava confuso, ele se virou debaixo do lençol. Sem estar
usando nem uma única peça de roupa, Yue estava agarrada no braço direito de
Hajime e dormia completamente nua. Ele finalmente notou que até mesmo ele
estava nu.

— De fato… esta é uma ótima forma de acordar… isso não está certo!

O confuso Hajime se repreendeu por seus pensamentos estúpidos. Yue


começou a se mexer.

— Yue, acorde. Yue.

— Hnnnn…

Quando ele tentou acorda-la, ela se curvou e balançou sua cabeça inquieta. A
mão direita dele estava entre as coxas de Yue e estava se aproximando de um
local perigoso.

— Ku… não me diga que isto é mesmo o além… eu estou no Céu?

Hajime estava dizendo coisas estúpidas de novo, ele tentou soltar sua mão
direita, mas todas as vezes…

— … hn… hn…

Yue ofegava sedutoramente.

— Ku. Se acalme eu. Não importa quão velha ela é, a aparência dela ainda é a
de uma criança. É impossível ficar excitado! Eu com certeza não sou
um lolicon!

Hajime tentou se persuadir disto, enquanto sua expressão estava à beira de


virar a de um pervertido. Ele desistiu de tentar libertar sua mão direita e
tentou acordar a causa do problema, mas não teve sorte.

Gradualmente, ele começou a ficar irritado. Hajime não conseguia resolver a


situação confusa e tinha uma veia pulsando em sua testa enquanto a via
dormindo tão calmamente.

A irritação dele culminou em…


— Já chega, se levante! Sua princesa vampira erótica!

Ele invocou a Capa do Relâmpago. Descargas elétricas começaram a surgir em


sua mão direita.

— !?!?!?Ababababababa!

Yue ficou assustada com o choque. Ela soltou o braço de Hajime e finalmente
abriu os olhos, enquanto ela se contorcia.

— … Hajime?

— Yeah. É o Hajime-san. Dorminhoca, se levante…

— Hajime!

— !?!?!?

Ela acordou e abriu bem seus olhos quando viu Hajime. No momento seguinte,
ela pulou em cima de Hajime. Completamente nua. Hajime tremeu.

Yue enterrou seu rosto no pescoço de Hajime. E ele notou que ela estava
fungando. Ele decidiu que não havia nada a fazer e apenas acariciou a cabeça
dela com um sorriso.

— Me desculpe, parece que eu te preocupei demais.

— Yeah… eu estava preocupada…

Parecia que ela não queria parar de abraça-lo por um tempo. Ele a deixou fazer
isso até que ela ficasse satisfeita porque ela queria cuidar dele. Hajime
continuou a acariciar a cabeça dela gentilmente.

Quando Yue se acalmou depois de alguns minutos, Hajime perguntou sobre o


que tinha acontecido. A propósito, ele fez Yue se cobrir com o lençol.

— Então, o que aconteceu depois daquilo? Onde estamos?

— … depois disso…

Ela disse que depois da batalha, ela se sentiu atordoada pelo esgotamento de
Poder Mágico e se aninhou ao lado do inconsciente Hajime. Então, as portas
duplas da sala se abriram sozinhas. Reforços? Yue ficou vigilante, mas nada
apareceu. Quando ela começou a se recuperar aos poucos, ela decidiu
atravessar a porta.
A Água Sagrada estava curando Hajime lentamente. Ainda assim, ele estava
em uma situação perigosa com todos aqueles ferimentos sérios. Seu corpo
resistente escapou da morte, mas ela não sabia quando a Água Sagrada
derrotaria o veneno da Hidra. Os dois estariam acabados se um novo monstro
aparecesse. Mesmo assim, ela precisava verificar o local.

E nas profundezas da nova sala…

— …Morada dos Traidores.

Havia um vasto espaço com uma bela casa no meio. Assim, ela confirmou que
não havia perigo. Yue encontrou uma cama e levou o inconsciente Hajime para
ela e cuidou dele. Recentemente, o Cristal Divino estava diminuindo
consideravelmente a quantidade de Água Sagrada que liberava. Hajime
continuou bebendo a Água Sagrada.

O líquido finalmente derrotou as toxinas e foi capaz de mostrar seu costumeiro


poder de restauração. Yue eventualmente ficou exausta.

— … entendo, você tomou conta de mim. Obrigado, Yue.

— Hn!

Quando Hajime expressou sua gratidão para ela, os olhos de Yue brilharam
com a alegria que estava no fundo de seu coração. Ela estava sem nenhuma
expressão no rosto, mas seus olhos diziam tudo.

— Aliás… por que eu estou pelado?

Ele estava curioso. O despertar que ele tentou fugir. Hajime não odiava Yue…
ele apenas queria preparar seu coração. Intimamente, ele apenas murmurou
isso para si mesmo.

— … você estava sujo… eu te limpei…

— … por que você está lambendo os lábios?

Yue tinha um sorriso fascinante, parecido com o que ela mostrava depois de
chupar sangue e lamber seus lábios. Por algum motivo, o corpo dele
estremeceu.

— Por que Yue estava dormindo do meu lado? Aliás… pelada…

— … fufu…
— Espere, do que você está rindo? Você fez alguma coisa? Não lamba seus
lábios!

Enquanto Hajime estava a questionando intensamente, Yue não respondeu e


apenas continuou encarando Hajime com um olhar sensual.

Hajime se questionou por um tempo, mas ela estava com uma expressão feliz
enquanto permanecia quieta. Ele decidiu desistir de interroga-la e foi explorar
o local. Yue o entregou algumas roupas de alta qualidade que ela encontrou.
Eram roupas de homem. Provavelmente eram do traidor. Hajime confirmou sua
recuperação, se vestiu com as roupas e se preparou só por precaução.

Quando suas preparações terminaram, ele olhou para trás e encontrou Yue
vestida. Ela estava…

… com um única camisa cortada.

— Yue… o que você está querendo?

— ??? O tamanho não encaixava.

Oh. Roupas masculinas certamente não encaixariam na altura de apenas um


metro e quarenta de Yue. Contudo, seus peitos com tamanhos apropriados e
pernas puramente brancas estavam à mostra. A imagem dela era tão
sensacional, ao contrário de sua aparência infantil, pela forma como Yue se
comportava e agia. Hajime estava com problemas para decidir onde devia
manter seus olhos.

— … se é natural, então é ainda mais assustador…

Ele não tinha certeza se ela estava planejando isso, ou se aconteceu de forma
natural. Hajime apenas sabia que ela era terrível em vários sentidos.

Deixando o quarto, ele ficou impressionado com o cenário ao seu redor.

Primeiramente, a luz do Sol atingia seus olhos. Ela não era natural porque eles
estavam no subterrâneo. Havia um globo que tinha uma base em forma cônica
conectado com o teto e ele estava brilhando lá. Ele se sentiu ligeiramente
aquecido porque não parecia ser artificial como as luzes fluorescentes. Hajime
involuntariamente o chamou de “Sol”.

— … ele se torna algo parecido com uma Lua quando é de noite.

— Sério…
A seguir, o agradável som de água entrou em seus ouvidos. No fundo da sala
havia uma porta que levava para uma sala que parecia um pequeno estádio. Na
parede dos fundos desta sala havia uma cachoeira. Uma enorme quantidade de
água caía do teto e se juntava com o riacho que corria para dentro de uma
caverna. O vento gelado cheio de íons negativos[4] que vinha da cachoeira
transmitia uma ótima sensação. Quando ele olhou com mais atenção para a
água, havia peixes nadando lá. Possivelmente, os peixes vieram de algum rio
subterrâneo.

Há alguma distância do riacho, havia um enorme campo. Nada parecia ter sido
plantado lá… ele apenas se espalhava pelos arredores. Poderia ser um curral
para animais. Não havia sinais de animais, mas havia recursos no local para
eles se tornarem autossuficientes. Muitas variedades de plantas cresciam
nesse lugar.

Hajime estava no lado oposto do riacho e do campo. Ele se sentiu encorajado a


caminhar até a construção adjacente ao quarto. A construção parecia ser feita
de pedra processada e não era uma residência.

— … eu chequei um pouco. Há muitos quartos que não abrem…

— Entendi… Yue, não baixe sua guarda.

— Okay…

A casa de pedra era branca e sua textura era como cal[5]. Tudo parecia muito
limpo. Na entrada, havia uma esfera de luz que estava no topo de um pedestal
que se projetava até o teto. Hajime estava deslumbrado com isso porque ele
esteve na escuridão por muito tempo. Parecia ser uma construção com três
andares e com um átrio no topo.

Primeiramente, eles queriam olhar o térreo. Eles encontraram uma lareira,


carpetes macios, uma sala de estar com um sofá, uma cozinha e um banheiro.
Não havia sinais que apontavam para a ideia de que esses itens foram
negligenciados ao longo dos anos. Não havia sinais de vida… mas isso o dava a
sensação de voltar para casa depois de uma viagem. Hajime pensou que ela
não tinha sido usada por muito tempo. Ninguém vivia aqui, mas ela ainda
estava conservada…

Hajime e Yue continuaram sua exploração com cautela. Quando eles foram
para o interior, eles estavam no exterior de novo. Havia um buraco neste lugar
enorme e uma escultura de leão estava posicionada dentro da água. Perto da
escultura estava uma formação mágica. Quando ele colocou Poder Mágico na
formação, água quente saiu da boca aberta do leão. O leão parecia ser capaz
de arrumar água de algum lugar.
— Um banho. Isto é ótimo. Quantos meses se passaram desde que eu tomei um
banho?

Ele relaxou seu rosto involuntariamente. No início, Hajime não se importava


com a sujeira que estava em seu corpo. Como ele estava preocupado com a
irritação em sua pele, ele pensou em algo. Água foi reunida usando uma
gigantesca formação mágica que ele gravou e ele limpou seu corpo com ela.

Entretanto, Hajime era um japonês. Ele não era uma exceção ao vício por
banhos. Depois de verificar a área e garantir que era seguro, ele não pôde
fazer nada além de sorrir.

Observando esse Hajime, Yue disse…

— … entrar? Juntos…

— … me deixe fazer isso sozinho.

— Mu…

Yue chutou a água quente com seus pés descalços. Hajime recusou porque se
eles entrassem juntos ele não seria capaz de relaxar. O rosto dela mostrava o
quão descontente ela estava.

Os dois logo descobririam uma sala de estudos e uma oficina no segundo


andar. Contudo, parecia que selos impediam que as portas dessas salas fossem
abertas. Sem outra escolha, eles continuaram sua busca.

Os dois seguiram para a sala dos fundos do terceiro andar. Havia apenas uma
sala no terceiro andar. Quando eles abriram a porta para entrar, havia um
círculo mágico requintado e delicado com sete a oito metros de diâmetro
gravado no chão no meio da sala. O desenho era algo que eles nunca tinham
visto antes. Era um esplêndido padrão geométrico que parecia uma obra de
arte.

No entanto, havia algo ainda mais notável. Do outro lado da formação mágica
estava uma figura sentada em uma cadeira suntuosa. A figura era um cadáver.
Ele já era um esqueleto e tinha uma incrível túnica negra bordada com ouro
em seu corpo. Não havia nenhum fio amarrado nele e ele parecia ser um objeto
de uma casa mal-assombrada.

O corpo segurava sua cabeça enquanto se inclinava na cadeira. Ele se


decompôs nessa postura. O que esta pessoa pensava desta sala com apenas
uma formação mágica? Por que ele escolheu este lugar, ao invés do quarto ou
a sala de estar?
— … suspeito… o que você quer fazer?

Yue estava ponderando sobre o que fazer com o corpo. Esta pessoa
provavelmente era um dos traidores. Não havia sinais de sofrimento na figura
que descansava na cadeira. Parecia que ela estava esperando alguém.

— Bom, se quisermos voltar a superfície, eu acho que esta sala é a resposta. Os


selos na biblioteca e na oficina resistiram a minha Transmutação… então
temos que investigar. Yue, espere aqui e se algo acontecer, eu vou confiar em
você.

— Okay… tome cuidado.

Hajime andou até a formação mágica. No momento em que ele pisou no centro
dela, uma luz branca como a neve subitamente preencheu a sala.

Graças a intensidade, Hajime fechou seus olhos. Algo invadiu a cabeça dele
após isso e ele sentiu que o tempo que ele passou no abismo era apenas
lembranças de outra vida.

A luz logo se apagou e Hajime abriu seus olhos. Diante de seus olhos… havia
um jovem homem com roupas negras.

Notas

[1] Canópia, ou dossel, é uma armação de madeira ornamentada, forrada ou


não de tecidos, usada sobre altares, tronos, leitos e etc. com fins de proteção
e/ou ostentação.

[2] Átrio era o principal aposento dos primeiros templos da Roma Antiga.
Atualmente, representa um pátio na entrada de uma casa ou prédio, como um
grande salão de recepção.

[3] O Partenon foi um templo dedicado à deusa grega Atena, construído no


século V a.C. na Acrópole de Atenas, na Grécia Antiga, por iniciativa de
Péricles, governante da cidade, projetado pelos arquitetos Calícrates e Ictinos
e decorado em sua maior parte pela oficina do escultor Fídias, que também
executou a estátua criselefantina (marfim e ouro) da deusa patrona da cidade,
Atena Partenos, presente no interior do templo na época.

[4] Os íons negativos são a razão pela qual nos sentimos extremamente bem
em contato com a natureza. Eles se formam, por exemplo, próximo a
cachoeiras, quando moléculas de água se chocam com rochas e seus elétrons
acabam escapando, se unindo a outras partículas próximas. Quando o átomo
ou molécula resultante desta fusão tem mais elétrons do que prótons, é criada
uma carga negativa, que forma o íon negativo, comprovadamente benéfico
para a saúde humana.

[5] A cal, também chamada cal viva, cal virgem ou óxido de cálcio, é uma
substância que, em condições ambientes, é um sólido branco. A cal é utilizada
na construção civil para elaboração de argamassas e preparação dos processos
de pintura.

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