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i
Abstract
The study of canine mammary tumours has a high scientific and clinical interest,
constituting one of the most common neoplasia in female dogs and presenting
clinicopathological features similar to those of human breast cancer. Its high
morphological diversity is a challenge in terms of diagnosis. In this study, 16 female
dogs were observed in Baixo Vouga Veterinary Hospital in a six-month period
presenting mammary nodular lesions which were analysed both by cytology and
histopathology. The present study aimed to compare the reliability of cytology obtained
by fine needle aspiration biopsy in relation to histopathology, considered as the “gold
standard” diagnostic method in canine mammary neoplasms. Most dogs were mixed-
breed, an average age of 11 years and presented multiple lesions (especially at
abdominal glands). From the 31 cases analysed by cytology, 16.1% (n=5) were
considered benign lesions, 58.1% (n=18) malignant and 25,8% (n=8) cases were
considered inadequate for diagnosis. There was an agreement in most cases, only one
case was discordant. Considering the valid cytological diagnoses, statistical analysis
showed a specificity of 100% and a sensitivity of 94.74%, VPP of 100%, VPN of 80%
and a diagnostic accuracy of 95.65%. Despite the reduced sample number, this study
confirms the reliability of cytological analysis in canine mammary cancer diagnosis.
Yet, this technique does not replace histology, which must be performed in order to
obtain the final diagnosis.
ii
Índice Geral
iii
4.1.4. Tamanho ........................................................................................................ 29
4.2. Caracterização citológica das lesões .................................................................... 29
4.3. Caracterização histológica das lesões .................................................................. 30
4.4. Análise comparativa entre a citologia e a histopatologia ..................................... 33
5. Discussão .................................................................................................................... 36
6. Conclusão ................................................................................................................... 41
7.Bibliografia .................................................................................................................. 42
iv
Índice de Figuras
Fig. 1 Caso 5, nódulos de tamanho inferior a 1cm, localizados na M3E ...................... 27
Fig. 2 Caso 7, nódulos localizados entre M1 e M2E .................................................... 27
Fig. 3 Caso 8, presença de múltiplos nódulos ao nível da M4 e M5 ............................. 27
Fig. 4 Caso 9, nódulo com 7,5 cm na M5E ................................................................... 27
Fig. 5 Caso 10, nódulo de 8 cm localizado na M3E ...................................................... 27
Fig. 6 Caso 11, nódulo com 9 cm localizado entre M4 e M5E ..................................... 27
Fig. 7 Representação gráfica da distribuição das cadelas por raça ................................ 28
Fig. 8 Representação gráfica da distribuição das idades na população em estudo ........ 28
Fig. 9 Representação gráfica da distribuição da localização das lesões ........................ 29
Fig. 10 Representação gráfica da distribuição das neoplasias mamárias quanto ao
comportamento biológico ............................................................................................... 30
Fig. 11 Caso 3, Adenoma complexo.............................................................................. 34
Fig. 12 Caso 3, Adenoma complexo.............................................................................. 34
Fig. 13 Caso 7, Carcinoma complexo............................................................................ 34
Fig. 14 Caso 7, Carcinoma complexo............................................................................ 34
Fig. 15 Caso 8, Carcinoma tubulopapilar ...................................................................... 34
Fig. 16 Caso 8, Carcinoma tubulopapilar ...................................................................... 34
v
Índice de Quadros
Quadro 1 Classificação histológica das neoplasias mamárias malignas caninas e breve
descrição (adaptado de Misdorp 2002; Lana et al.,2009; Marconato et al.,2009;
Goldschmidt et al., 2011). .............................................................................................. 10
Quadro 2 Classificação histológica das neoplasias mamárias benignas caninas e breve
descrição (adaptado de Misdorp 2002; Goldschmidt et al., 2011). ................................ 11
Quadro 3 Estudos sobre o exame citológico como meio de diagnóstico (adaptado de
Sontas et al, 2012) .......................................................................................................... 21
Quadro 4 Método de cálculo dos testes de validação diagnóstica (adaptado de Varallo,
2013). .............................................................................................................................. 25
Quadro 5 Características clinicopatológicas observadas para cada um dos casos
analisados simultaneamente para citologia e histologia ................................................. 31
Quadro 6 Comparação dos resultados obtidos por citologia e histopatologia em
neoplasias mamárias caninas .......................................................................................... 35
Quadro 7 Comparação dos resultados obtidos por citologia e histopatologia em
neoplasias mamárias caninas, encontrando-se discriminados os tipos histológicos
diagnosticados ................................................................................................................ 35
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Lista de Siglas e Abreviaturas
AC: acurácia
CDK: Quinase ciclina-dependente
COX 1: Ciclooxigenase 1
COX 2: Ciclooxigenase 2
Cm: centímetros
E: especificidade
FN: Falso negativo
FP: Falso positivo
G: Gauje
GH: Hormona de crescimento
M1: glândula mamaria 1
M2: glândula mamaria 2
M3: glândula mamaria 3
M4: glândula mamaria 4
M5: glândula mamaria 5
MGG: May Grünwald Giemsa
OVH: ováriohisterectomia
OMS: Organização Mundial da Saúde
mL: mililitros
PAAF: Punção aspirativa com agulha fina
PG: Prostaglandina
PGs: Prostaglandinas
PRL: Prolactina
S: sensibilidade
TMN: tumor, linfonodo e metástase
UTAD: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
VN: Verdadeiro negativo
VP: Verdadeiro positivo
VPN: valor preditivo negativo
VPP: valor preditivo positivo
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Agradecimentos
Aos meus avós; à Dona Rosa e ao Paulo pela dedicação, apoio, incentivo, pela força,
amor, por sempre acreditarem, por TUDO.
À minha orientadora, Professora Doutora Adelina Maria Gaspar Gama Quaresma pela
paciência, oportunidade, responsabilidade, apoio e amizade ao longo deste percurso.
Ao meu Co-orientador, Dr. Hugo Corte Real Vilhena pela ajuda, ensinamentos,
paciência e oportunidades de aprender oferecidas durante esse período.
Ao Prof. Dr. António Silvestre, pela ajuda preciosa na análise estatística dos resultados.
À Professora Doutora Alexandra Esteves por todo o apoio, pela força, por me ter
recebido tão bem, e acima de tudo por não me ter deixado desistir.
À Dona Elvira por todo o carinho, protecção. Jamais esquecerei o seu sorriso e olhar
maternal.
Aos meus amigos, Rafa, Lita, Bomboca, Leonor, Joh, Zé Diogo; Natacha, Ricardo,
Breno, João Agostinho, João Martins, Sara Vasconcelos, Dany, Cláudia, Isa, Aniana,
Maria João Garcia (a nossa “salvadora”)
viii
Revisão Bibliográfica
1.1. Introdução
O termo neoplasia refere-se a uma proliferação descontrolada e persistente de células de
qualquer tecido do organismo, que não respondem aos mecanismos normais de controlo
de crescimento celular associando-se, por norma, a uma alteração genética (Cotran et
al., 2004). As designações de neoplasia e de tumor são frequentemente utilizadas
indistintamente para indicar uma proliferação benigna ou maligna; no entanto estes
termos são erradamente utilizados como sinónimos, sendo a designação de tumor mais
ambígua, referindo-se unicamente a um aumento anormal do volume de uma parte ou da
totalidade de um tecido, o qual também pode ser devido a uma acumulação de líquido
ou uma reacção inflamatória (Cotran et al., 2004).
A importância do estudo das neoplasias mamárias na cadela tem vindo a aumentar nos
últimos anos por ser muito frequente na rotina clínica dos animais de companhia
(Fonseca e Daleck, 2000). Os tumores mamários são uma das neoplasias mais comuns
nas cadelas, com uma incidência três vezes superior quando comparado com os tumores
de mama nos humanos (Cassali et al 2007). Por outro lado, devido às semelhanças em
alguns aspectos com as neoplasias da mama da mulher, são importantes aliados na
compreensão dos mesmos (Cassali et al 2007). Muitos estudos baseiam-se na cadela
como modelos para a mulher (MacEwen, 1990; Zappulli, 2005), uma vez que as
neoplasias mamárias da espécie canina e humana partilham várias características
epidemiológicas, morfológicas, clinico-patológicas e bioquímicas (Kumaraguruparan et
al., 2006).
As neoplasias da mama são as mais frequentes na cadela, representando cerca de 52%
dos processos neoplásicos, sendo que destes, 41 a 53% correspondem a neoplasias
malignas (Andrade et al., 2010). No caso dos machos, afecta apenas um por cada
noventa e nove fêmeas (Misdorp, 2002; Rutteman et al., 2003; Guim et al., 2007; Lana,
et al., 2007). A incidência aumenta em cadelas submetidas a tratamento com
progestagénios inibidores do estro e diminui com a prática da ovariohisterectomia
1
(OVH) (Simon et al 2009; Varello, 2013). O risco de desenvolvimento de neoplasias
malignas em cadelas esterilizadas antes do primeiro cio é de 0,05%, aumentando para
8% se for esterilizada depois do primeiro cio e para 26% depois do segundo cio, a partir
daí não se verificam alterações em termos de riscos em realizar a castração (Lana et al.,
2009). Afecta principalmente fêmeas geriátricas, com idade média de aparecimento
entre os 8 e os 10 anos, podendo contudo, surgir em animais com menos de 5 anos
(Millanta et al., 2005). Não existe uma predisposição racial evidente, embora as raças
de caça sejam apontadas por alguns autores como tendo uma maior predisposição para
esta doença (Millanta et al., 2005). Na génese destas neoplasias estão envolvidos
factores de natureza genética, ambiental e hormonal. A quantificação da incidência de
neoplasias malignas é condicionada pelo facto de os animais com nódulos mamários
indolentes e de pequenas dimensões (tipicamente benignos) serem poucas vezes levados
à consulta e/ou raramente sujeitos a extirpação cirúrgica, aumentando, desse modo, a
proporção de neoplasias malignas que chegam ao laboratório de histopatologia
(Misdorp, 2002; Rutteman et al., 2003).
2
A irrigação sanguínea das glândulas mamárias origina-se principalmente nas artérias
torácica interna, torácica lateral e pudenda externa. As três glândulas craniais são
supridas craniolateralmente pela artéria torácica lateral, e profundamente pela artéria
epigástrica superficial cranial e ramos perfurantes das artérias intercostais (com origem
na torácica interna). Os dois pares caudais são supridos pela artéria epigástrica
superficial caudal (origem na artéria pudenda externa) e profundamente pelos ramos das
artérias abdominal cranial e ilíaca circunflexa profunda. As artérias e veias formam
anastomoses, originando os plexos arteriais e venosos (Luiz et al., 2002; Pereira, 2003).
Em termos histológicos, as glândulas mamárias são glândulas compostas
tubuloalveolares apócrinas (Banks, 1993; Junqueira e Carneiro, 2004; Fossum, 2007),
sendo consideradas glândulas sudoríparas modificadas (Banks, 1993). Cada glândula
mamária é formada por lóbulos, separados entre si por septos de tecido conjuntivo
denso e tecido adiposo. A secreção proveniente de cada lóbulo drena para o ducto
interlobular e depois para o ducto galactóforo (Junqueira e Carneiro, 2004) ou lactífero
(Peleteiro, 1994). Os ductos lactíferos podem confluir e formar uma dilatação ampolar
designada por seio lactífero ainda antes de atingirem o mamilo. Cada um destes últimos
ductos abre directa e independentemente no mamilo, em número variável (Peleteiro,
1994; Junqueira e Carneiro, 2004). Na cadela, cada mamilo pode ter até 20 aberturas
distintas, cada uma relacionada com um sistema de ductos e glândulas (Tyler, 2002).
O revestimento dos ductos galactóforos é formado por uma dupla camada de células
epiteliais cúbicas ou cilíndricas baixas (Banks, 1993; Peleteiro, 1994; Weigelt et al.,
2005; Solano-Gallego, 2010). Os ductos intralobulares são revestidos por um epitélio
cúbico simples, embora as porções iniciais apresentem um epitélio cilíndrico simples
(Banks, 1993; Peleteiro, 1994). As células que constituem o epitélio de revestimento
dos ductos são denominadas de células epiteliais luminais (Misdorp et al., 1999). Os
ductos interlobulares, por seu lado, são revestidos por um epitélio simples cúbico que
assenta numa membrana basal (Weigelt et al., 2005). Os ductos maiores e os menores
são rodeados por fibras elásticas e músculo liso e por tecido conjuntivo reticular,
respectivamente (Solano-Gallego, 2010).
A organização estrutural da mama varia consoante a maturidade sexual da fêmea, sendo
diferente na fêmea impúbere e púbere, sofrendo também alterações durante a gravidez e
lactação (Banks, 1993; Peleteiro, 1994; Junqueira e Caneiro, 2004) e durante as
diferentes fases do ciclo éstrico (Rehm et al., 2007).
3
Na fase pré-púbere, a glândula mamária sofre pouco desenvolvimento estando a sua
velocidade de crescimento de acordo com a velocidade do crescimento corporal
(crescimento isométrico), mantendo-se deste modo até ao início da actividade ovárica
que precede a puberdade. Na puberdade, antes do primeiro ciclo éstrico, o parênquima
mamário começa a crescer a uma taxa mais rápida do que o crescimento corporal
(crescimento alométrico) (De Los Monteros et al., 2004).
Aquando da puberdade, o aumento do nível de estrogénios provoca, a nível mamário,
um maior crescimento e ramificação dos ductos lactíferos, para além duma acumulação
de tecido adiposo e conjuntivo (Peleteiro, 1994; Junqueira e Caneiro, 2004), embora
esta suceda de forma pouco marcada na cadela comparativamente ao que ocorre na
mulher. Assim sendo, o volume externo das glândulas mamárias da espécie canina
aumenta apenas ligeiramente e sobretudo as mamas abdominais caudais e inguinais
(Peleteiro, 1994). Após a fecundação e no decorrer da primeira gestação, ocorre a
maturação das glândulas mamárias permitindo que estas atinjam a sua capacidade
funcional completa. O crescimento é rápido e é feito durante a gestação devendo-se à
secreção aumentada e sincronizada das hormonas esteróides como o estrogénio e a
progesterona (Weigelt et al., 2005). A acção da progesterona desencadeia a proliferação
das células epiteliais da porção terminal dos ductos intralobulares, formando assim os
alvéolos secretores (Peleteiro, 1994; Junqueira e Carneiro, 2004), que são revestidos por
um epitélio cilíndrico simples. O componente secretor é assim formado pelo epitélio
alveolar e por parte das células epiteliais dos ductos intralobulares (Banks, 1993). Na
fêmea lactante, os ductos e alvéolos estão bastante distendidos e desenvolvidos, porém
no fim da lactação a maioria dos alvéolos é reabsorvida e a mama diminui de volume.
As hormonas directamente envolvidas na lactogénese são a prolactina, a
somatomamotropina placentária e os glucocorticóides, e indirectamente estão
envolvidos os estrogénios, a progesterona e a somatotropina. A oxitocina actua
directamente sobre as células mioepiteliais (Peleteiro, 1994). Por sua vez, no final da
lactação, os septos interlobulares constituídos por tecido conjuntivo, aumentam de
espessura (Cavalcanti et al., 2006).
4
1.3.1 Factores hormonais
Os factores hormonais são os mais amplamente estudados e têm um papel fundamental
na carcinogénese mamária na cadela (Pérez-Alenza et al., 2000). O desenvolvimento
destes tumores é hormono-dependente; por essa razão observam-se diferenças
significativas entre cadelas castradas e não castradas, relativamente ao risco de
ocorrência de tumores mamários (Lana et al., 2009). Os factores hormonais implicados
na génese tumoral são os estrogénios, a progesterona, os androgénios, a prolactina e a
hormona de crescimento (Da Silva et al., 2004).
A progesterona e os estrogénios desempenham um papel importante no controlo do
crescimento e evolução das glândulas mamárias, daí serem importantes no
desenvolvimento de neoplasias mamárias. A exposição prolongada a progesterona
estimula a proliferação do epitélio mamário (Thuróczy et al., 2007). Uma das funções
desempenhadas pelos estrogénios, que contribui para o crescimento das neoplasias
mamárias, baseia-se no estímulo à produção do factor de crescimento do endotélio
vascular (Dabrosin et al., 2003; Illera et al., 2006).
A influência destas hormonas na carcinogénese explica porque os tumores mamários
ocorrem quase exclusivamente em fêmeas e porque se detectam nos machos neoplasias
testiculares dependentes da produção de estrogénios (sertolinomas) (Misdorp, 2002).
O tecido mamário normal contém receptores para estrogénio e progesterona em
concentrações relativamente altas. Alguns estudos demonstraram que as neoplasias
benignas mantêm elevados níveis de receptores para estrogénios, ao passo que as
malignas exibem uma diminuição significativa (Lana et al., 2007; Rutteman et al.,
2003). Também os receptores para progesterona aparecem diminuídos nas neoplasias
malignas (Lana et al., 2007). Os carcinomas mamários com maior diferenciação
revelaram níveis mais elevados de receptores hormonais que os carcinomas mais
indiferenciados, de pior prognóstico (Misdorp, 2002). Verifica-se uma perda da
dependência em estrogénio e progesterona nas neoplasias mamárias malignas, tornando-
se estas mais agressivas e menos diferenciadas (Lana et al., 2007).
Relativamente aos androgénios, estes contribuem também para o crescimento
neoplásico, podendo ser produzidos nas glândulas mamárias normais e neoplásicas, tal
como os estrogénios. Por isso, alguns autores consideram o tecido mamário como um
tecido endócrino (Illera et al., 2006).
O envolvimento da glândula hipofisária na tumorigénese tem sido objecto de estudo,
pelo facto de controlar a secreção de prolactina (PRL) e da hormona de crescimento
5
(GH), fundamentais ao normal desenvolvimento e funcionamento da glândula mamária.
A PRL tem um papel crucial na actividade secretora, facilitando a acção mitótica do
estrogénio, originando um aumento do número de receptores de estrogénio (Fonseca e
Daleck, 2000). Os níveis de PRL sanguíneos e tecidulares encontram-se mais elevados
em glândulas com neoplasias malignas, do que em glândulas mamárias normais (Lana
et al., 2009). Ao nível dos tecidos tumorais mamários, parece existir uma correlação
positiva e forte entre os níveis da PRL e os das hormonas esteróides. Os diferentes
estudos sugerem que a maior parte da PRL detectada não é de origem hipofisária. É
possível que esta hormona seja então produzida localmente pelas células que sofreram
transformação neoplásica, actuando de forma autócrina e parácrina (Queiroga et al.,
2005). O tamanho e a taxa de crescimento neoplásico encontram-se relacionados com os
níveis tecidulares de prolactina e das hormonas esteróides, permitindo concluir que estes
compostos estimulam a proliferação celular, principalmente no que diz respeito aos
tumores mamários malignos (Queiroga et al., 2005).
6
(CDK) responsáveis pela progressão ordenada das células nas diferentes fases do ciclo
celular. As mutações nos genes que codificam estas proteínas favorecem a proliferação
celular descontrolada (Da Silva et al., 2004). A expressão do oncogene HER-2,
responsável pela codificação de receptores para factores de crescimento, aparece
aumentada em neoplasias malignas, no entanto, nas benignas tal não foi observado
(Lana et al., 2009).
Níveis anormais de expressão de genes mediadores da apoptose, de genes reparadores
do ADN, de proto-oncogenes e de genes supressores tumorais, entre outros, estão
envolvidos na génese tumoral mamária, constituindo estes genes e as respetivas
proteínas codificadas possíveis alvos terapêuticos. No entanto, é necessário aprofundar a
investigação nesta área (Klopfleisch et al., 2011).
7
Nas células dos mamíferos existem duas isoenzimas referentes à ciclooxigenase: a
COX-1 e a COX-2. A COX-1 é responsável pela produção de prostaglandinas (PGs)
que controlam as funções fisiológicas, estando presente na maioria dos tecidos. A COX-
2 é induzida por citoquinas, factores de crescimento, oncogenes e por promotores
tumorais. Esta isoenzima não é detectada na maioria dos tecidos normais mas nos
processos inflamatórios e tecidos neoplásicos contribui para a síntese de PG. Um estudo
realizado em cadelas revelou a ausência de expressão da COX-2 em tecidos mamários
normais, observando-se um aumento da sua expressão em tumores mamários benignos e
em maior percentagem ainda em malignos (Lana et al., 2007). Estudos sugerem um
envolvimento das COX-2 na proliferação e no desenvolvimento das neoplasias,
contribuindo para a sua progressão (Selmi et al., 2007). A COX-2 encontra-se em vasos
neoformados no interior das neoplasias mamárias, como também na vasculatura pré-
existente ao redor destes tumores. Acredita-se que exista uma relação entre a alfa-V
beta-3 integrina e a COX-2 porque a inibição da COX-2 por anti-inflamatórios não
esteróides (AINEs) inibe essa integrina e consequentemente as proteínas da família das
GTPases envolvidas na angiogénese (Cdc42/Rac) (Tan et al., 2004).
8
Inflamatório é considerado o mais agressivo do grupo das neoplasias malignas.
Apresenta-se como uma doença de evolução rápida e elevada mortalidade (Marconato
et al.,2009). Este carcinoma pode afectar uma, parte ou até mesmo as duas cadeias
mamárias. Verifica-se um crescimento rápido das massas mamárias, envolvendo várias
glândulas e a sua pele. Exprime-se por calor, eritema, espessamento, dor e edema dos
membros próximos às lesões, devido à obstrução dos vasos linfáticos.
Histologicamente, possui características de carcinoma com escassa diferenciação assim
como infiltração de leucócitos e neutrófilos (Lana et al.,2009).
Os diferentes tipos histológicos encontram-se discriminados nos quadros 1 e 2.
Relativamente às lesões não neoplásicas (hiperplasias/displasias), agrupam-se em
hiperplasia ductal; hiperplasia lobular que se subdivide em hiperplasia epitelial e
adenose; quistos; ectasia ductal; fibrose focal e ginecomastia (Misdorp et al., 1999).
1.5 Tratamento
As opções de tratamento dependem do estádio em que se encontra a neoplasia. Entre
elas citam-se a excisão cirúrgica, a quimioterapia, a radioterapia, a hormonoterapia, a
imunoterapia ou combinações destas. A cirurgia é o tratamento de eleição para todos os
tumores mamários caninos, excepto para o carcinoma inflamatório. A excisão cirúrgica
permite o exame histopatológico do tumor, podendo ser curativa e ainda melhorar a
qualidade de vida do doente (Queiroga e Lopes, 2002). Em medicina veterinária, a
radioterapia é muito utilizada nos países em que está disponível por ser um método não
invasivo podendo ser usado como tratamento único ou paliativo nos casos onde a
cirurgia é impossibilitada (Cirillo, 2008). A imunoterapia consiste no tratamento dos
tumores mamários pelo uso de anticorpos. As células possuem antigénios específicos na
superfície e os anticorpos correspondentes ligam-se a essas moléculas e, dessa forma,
inibem o crescimento do tumor. O mecanismo que se torna efetivo é um sinal destrutivo
enviado por anticorpos para dentro da célula neoplásica iniciando a sua destruição
(Cirillo, 2008).
9
Quadro 1 Classificação histológica das neoplasias mamárias malignas caninas e breve descrição
(adaptado de Misdorp 2002; Lana et al.,2009; Marconato et al.,2009; Goldschmidt et al., 2011).
10
Quadro 2 Classificação histológica das neoplasias mamárias benignas caninas e breve descrição
(adaptado de Misdorp 2002; Goldschmidt et al., 2011).
1.5.1 Cirurgia
A excisão cirúrgica é a abordagem terapêutica de referência para os tumores mamários
em canídeos, exceptuando os casos de neoplasias inoperáveis, tais como os carcinomas
inflamatórios, nódulos de grandes dimensões ou nas situações em que são detectadas
metástases à distância (Lana et al., 2007; Misdorp, 2002). As vantagens da excisão
tumoral prendem-se com os factos, de poder ser curativa, poder melhorar a qualidade de
vida do animal, evitar a progressão da doença e de permitir o exame histológico
(Hedlund, 2008). A selecção da técnica cirúrgica depende do número de lesões e da sua
localização na cadeia mamária, das características clínicas do tumor (tamanho,
11
aderência, ulceração), do estado clínico do doente, avaliação dos linfonodos regionais e
da experiência do cirurgião (Fossum et al., 2002; Misdorp, 2002).
O objectivo da cirurgia oncológica mamária canina é a extirpação completa da neoplasia
com margens livres de tecido neoplásico através da técnica mais simples, não
esquecendo uma possível extensão da neoplasia pelo sistema linfático local (Lana et al.,
2009).
1.5.2 Quimioterapia
Todos os animais que possuírem um risco elevado de desenvolver carcinomas ou
sarcomas metastáticos, devido à presença de factores que agravam o prognóstico,
devem receber uma terapêutica adjuvante com quimioterápicos, devendo os prós- e os
contras ser discutidos com os seus proprietários (Bergman, 2007).
Não há estudos clínicos que demonstrem qual o melhor quimioterápico ou o melhor
protocolo terapêutico para os tumores mamários caninos e a grande heterogeneidade
verificada nestes tumores dificulta a caracterização da quimiossensibilidade dos
diferentes tipos histológicos. A dificuldade na utilização destes fármacos é acrescida
pelo facto de nem sempre as metástases à distância terem as mesmas características do
tumor primário, nem reagirem da mesma forma à quimioterapia (Queiroga e Lopes,
2002). Os principais quimioterápicos utilizados em neoplasias mamárias são a
ciclofosfamida, a doxorrubicina e o 5-Fluouracil (Simon et al., 2006). Para além destes,
existem outros menos utilizados, como a vincristina, que pode ser associada à
doxorrubicina e ciclofosfamida; a mitoxantrona, em substituição da doxorrubicina,
devido à cardiotoxicidade e o metotrexato, associado à ciclofosfamida e ao 5- Fluouracil
(Cirillo, 2008).
1.5.3 Radioterapia
A radioterapia é um método capaz de destruir células tumorais pelo uso de feixes de
radiações ionizantes. Uma dose pré-calculada de radiação aplicada durante um
determinado período de tempo na neoplasia promove a destruição das células
neoplásicas, evitando alterações nas células vizinhas normais (Morris e Dobson, 2001).
No caso de tratamentos em animais, há pouca informação disponível relativamente à
utilização de radiação. No entanto, a radioterapia tem-se mostrado interessante na
redução do tamanho, permitindo a sua posterior remoção cirúrgica. A radioterapia não
12
desempenha um papel relevante no caso de tumores malignos que são totalmente
excisados (Lana et al., 2009).
1.5.4 Hormonoterapia
Os benefícios da realização de ovariohisterectomia (OVH) em fêmeas jovens, para
prevenção do aparecimento destes tumores estão já aceites e documentados (Lana et al.,
2009). A realização da OVH em pacientes com tumores mamários só parece ser
relevante nos animais jovens (com menos de dois anos de idade), com o objectivo de
inibir o reaparecimento de neoplasias mamárias benignas ou com o pretexto de
promover uma quebra na estimulação hormonal do tecido mamário, conduzindo à sua
regressão, de modo a facilitar o reconhecimento de novas lesões neoplásicas (Rutteman
e Kirpensteijn, 2003). A supressão do estímulo hormonal na idade adulta, através da
OVH, não apresenta qualquer efeito benéfico a nível mamário, mesmo associado à
excisão tumoral (Fonseca e Daleck, 2000).
1.5.5 Imunoterapia
A imunoterapia é muitas vezes descrita como uma terapia biológica, bioterapia ou
modificação da resposta biológica, surgindo com base na compreensão dos processos
imunológicos antitumorais. A certeza de que os linfócitos T citotóxicos, os linfócitos T
auxiliares e as células B podem actuar sinergicamente para a rejeição imunológica das
neoplasias tem contribuído para o desenvolvimento da imunoterapia (Gentschev et al.,
2009). Foi desenvolvido um estudo para testar a utilização do vírus vacinal oncolítico
(GLV- 1h68) no tratamento de tumores mamários caninos, verificando-se que infectou e
destruiu com êxito linhas celulares de adenoma mamário canino in vitro e inibiu a
proliferação tumoral em xenotransplantes (Gentschev et al., 2009).
As células dendríticas que apresentam antigénios tumorais na sua superfície
possibilitam ao sistema imunitário responder adequadamente e desenvolver uma
imunidade antitumoral específica pela produção de células efectoras que podem agredir
e provocar a lise das células tumorais (Gyorffy et al., 2005). As células “Natural Killer”
(NK) e as células T citotóxicas (activadas pelas citocinas) evidenciaram ter um
potencial terapêutico no tratamento de diferentes neoplasias em canídeos (Funk et al.,
2005). Comprovou-se ainda que os anticorpos IgG caninos demonstraram capacidade de
reconhecer antigénios de células tumorais em cultura (Bird et al., 2011).
13
1.5.6 Terapias adjuvantes
Outros medicamentos utilizados como terapia adjuvante incluem o uso de inibidores da
COX-2 (AINEs). Estes contribuem não só para a diminuição da dor, como apresentam
efeito anti-tumoral, uma vez que aproximadamente 50% destas neoplasias apresentam
sobre-expressão de cicloxigenases (Rassnick, 2005; Lorimier, 2007). Demonstrou-se
ainda que estes fármacos têm a capacidade de sensibilizar os tecidos mamários
neoplásicos aumentando o efeito da radioterapia (Clifford, 2005). O inibidor das COX-2
mais estudado em medicina veterinária oncológica é o piroxicam (Morrison, 2007),
aconselhado em neoplasias mais agressivas como o carcinoma inflamatório (Queiroga e
Lopes, 2002). Alguns autores defendem a administração de desmopressina (um
derivado sintético da hormona anti-diurética com propriedades hemostáticas) no período
pós-cirúrgico, uma vez que parece diminuir a recorrência local e reduz a disseminação e
sobrevivência de células tumorais residuais, aumentando o período livre de doença e o
período de sobrevivência total (Hermo et al., 2008). A suplementação de aminoácidos
(glutamina, cisteína, arginina) ajuda na eficácia dos agentes citostáticos, aumenta a
resposta imunitária anti-tumoral e favorece a cicatrização dos tecidos (Ogilvie, 2006). A
utilização de ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa aumenta a qualidade de vida
dos canídeos mastectomizados e estimula a sensibilidade à quimioterapia e radioterapia
(Ogilvie, 2006).
1.6.1 Citologia
A citologia aspirativa não é uma técnica recente de diagnóstico, contudo a aplicação em
Medicina Veterinária de forma rotineira só se observou nos últimos vinte anos (Cassali
et al., 2007). A punção aspirativa teve inicialmente uma boa adesão mas devido ao facto
de se acreditar que a punção neoplásica poderia levar à disseminação de células
neoplásicas pelos tecidos, acabou por cair um pouco em desuso (Meyer, 1996).
A citopatologia estuda as alterações relacionadas com as células enquanto entidades
integradoras de processos patológicos. Os objectivos da citologia baseiam-se na
14
distinção entre processos inflamatórios, hiperplásicos e neoplásicos; e identificação de
locais de metástase, de forma a actuar rapidamente em relação ao tratamento e
monitorização de possíveis recidivas locais (Magalhães et al., 2001). Uma das
finalidades do exame citológico é a classificação das lesões, ajudando no diagnóstico,
prognóstico e tratamento (Raskin, 2003).
As imagens que a citologia nos apresenta são a duas dimensões: observam-se os limites
celulares, o núcleo e o nucléolo são evidentes, e as junções celulares encontram-se bem
marcadas (Peleteiro et al., 2006). Antes de iniciar uma colheita para exame citológico,
devem-se obter informações sobre a história clínica do animal e evolução da lesão
(sobretudo em relação à velocidade de crescimento). A lesão deve ser caracterizada
relativamente à localização, dimensão, consistência, sensibilidade dolorosa, presença de
líquido no aspirado, características do aspirado e facilidade na obtenção de material para
execução do esfregaço (Meyer, 1996). Os achados clínicos identificados no exame
clínico ou história pregressa que indicam malignidade de uma neoplasia são: o tamanho,
crescimento rápido e recente, infiltração dos tecidos vizinhos, presença de eritema e
edema (Allen et al., 1986).
Como o nome indica, a citologia aspirativa é um método que permite aspirar uma
pequena porção de tecido por intermédio duma agulha, cujo fino calibre possibilita
intervir com um traumatismo mínimo para o animal. A técnica consiste em dispersar o
material da colheita numa fina camada sobre uma lâmina, com o objectivo de obter uma
monocamada de células (Peleteiro et al., 2006). Depois de depositar o material na
extremidade de uma lâmina limpa, faz-se uma compressão suave e deslizamento de
outra lâmina sobre o material para se obter uma monocamada de forma a facilitar a
observação ao microscópio óptico (Meyer, 2003).
Para se obter uma boa amostra citológica é importante obter um elevado número de
células, preservar a sua arquitectura, utilizando métodos não traumáticos na recolha e
execução do esfregaço (Masserdotti, 2006).
As lâminas a enviar para o laboratório devem ser bem acondicionadas num porta-
lâminas e mantidas distantes de recipientes que contenham formol, uma vez que os seus
vapores alteram a integridade da amostra. Nesse caso, as células nucleadas podem surgir
com uma aparência azulada, com pouco detalhe celular, e os eritrócitos azul-
esverdeados (Meyer, 1996).
A recolha do material deve ser feita em várias áreas da mesma lesão e a partir de
diferentes lesões no mesmo animal, quando existentes, devido à heterogeneidade
15
tecidular característica das lesões mamárias. O melhor local para obter amostras mais
representativas é na periferia da lesão, porque a zona central é constituída na sua
maioria por material necrosado, podendo dificultar o diagnóstico. Devem evitar-se
também as áreas flutuantes da lesão, porque do material recolhido pode apenas resultar
um líquido de baixa celularidade (Solano-Gallego, 2010).
Na citologia veterinária podem ser usadas diferentes colorações. Diferem umas das
outras relativamente aos tempos de realização e estruturas celulares que evidenciam. Os
corantes mais utilizados são os provenientes do método de Romanowsky (Diff-Quick,
Wright, Giemsa, May-Grünwald-Giemsa e Leishman) (Meyer, 2003). A utilização da
técnica de coloração de Romanowsky é muito utilizada porque os procedimentos são
rápidos e de fácil execução. Estes corantes coram bem as células, evidenciando o
núcleo, nucléolo e o citoplasma (Magalhães et al., 2001).
A citologia tem sido, de uma forma geral, uma valiosa ferramenta de diagnóstico
(Peleteiro et al., 2009). Apresenta-se como uma técnica pouco dolorosa, de fácil
repetibilidade, não requerendo material sofisticado, anestesia ou sutura, evitando assim
os riscos anestésicos e pós-cirúrgicos, assim como as complicações tardias associadas
(Magalhães et al., 2001; Peleteiro e Rodrigues, 1991; Sangha et al., 2011). Em medicina
veterinária, a maior parte dos patologistas utiliza-a preferencialmente por ser
considerada uma técnica simples, barata, inócua e rápida (Peleteiro, 1994). Uma outra
vantagem da citologia é o facto do processamento do material obtido não ser necessário,
uma vez que é de imediato espalhado sobre uma lâmina (Peleteiro e Rodrigues, 1991).
O exame citológico de aspirados oriundos da glândula mamária é muito vantajoso
relativamente à diferenciação entre lesões não neoplásicas (hiperplasias, quistos),
neoplásicas e inflamatórias (mastites) (Barton, 1983).
Através de uma avaliação citológica cuidadosa e conhecimento do comportamento
tumoral podem ser obtidas informações valiosas no que diz respeito à origem do tumor
e o seu potencial de malignidade (Alleman, 2003). Possibilita ainda um diagnóstico
rápido em que os resultados são considerados bastante fiáveis permitindo um
diagnóstico de elevada precisão (Mills e Griffiths, 1984). O exame citológico por
punção aspirativa com agulha fina (PAAF), pré- ou em pleno acto cirúrgico, é um bom
meio de diagnóstico prático, pela sua rapidez e facilidade de execução (Eich et al.,
2000), permitindo definir a técnica cirúrgica mais apropriada, ou o estabelecimento de
margens cirúrgicas mais amplas (Meyer, 1996; Magalhães et al., 2001; Simeonov e
16
Stoikov, 2006). É também considerada uma técnica muito útil na identificação dos
linfonodos suspeitos de metástases (Zuccari et al., 2001).
A aplicação clínica do exame citológico por PAAF é muito útil em várias situações. No
caso de uma neoplasia inoperável, o diagnóstico citológico pode evitar a necessidade de
realizar uma biópsia confirmativa (Allen et al., 1986). Em pacientes com vários nódulos
mamários, sabendo quais são benignos e malignos, a citologia pode fornecer
informações úteis de como deve ser feita a cirurgia (Allen et al., 1986). A citologia
permite ainda, um diagnóstico fiável no caso de recorrência de tumores malignos,
extirpados, evitando a necessidade de uma nova intervenção cirúrgica para obter um
diagnóstico (Allen et al., 1986).
Contudo, a citologia tem as suas limitações: a observação da arquitectura global da
lesão neoplásica, assim como informação acerca da capacidade invasiva da lesão em
relação aos tecidos vizinhos, não é possível. Uma das principais limitações da
citopatologia relaciona-se com a descrição das neoplasias, que não é específica, sendo
as lesões reconhecidas apenas como carcinoma ou sarcoma (Magalhães et al., 2001).
Alguns autores não consideram a PAAF a técnica de diagnóstico mais indicada, porque
a maioria dos tumores da cadela são mistos, sendo necessária a obtenção de amostras de
vários pontos de aspiração (Peleteiro, 1994; Zuccari et al., 2001). De qualquer forma, a
diferenciação do material benigno em relação ao maligno não provocaria alterações no
procedimento cirúrgico (Zuccari et al., 2001).
1.6.2 Histopatologia
A análise histopatológica é a técnica de eleição no diagnóstico, devendo ser realizada
em todas as circunstâncias, porque determina o prognóstico com elevada precisão
(Peleteiro et al., 2009). De um modo geral, a histopatologia é realizada sobre a
totalidade do tumor, visto que em medicina veterinária a excisão cirúrgica é o
tratamento de eleição (Peleteiro, 1994).
Para além da sua importância na classificação das lesões, o exame histopatológico
permite avaliar a arquitectura tecidular, a infiltração dos tecidos adjacentes, vasos
linfáticos e sanguíneos, por parte das células neoplásicas. Fornece informação
pormenorizada sobre o grau de diferenciação, presença ou ausência de pleomorfismo,
índice mitótico e presença ou ausência de necrose. Permite ainda avaliar se as margens
cirúrgicas de segurança foram adequadas (Cassali, 2009).
17
Para um correcto exame histopatológico é necessário analisar amostras provenientes de
vários pontos do tumor, devendo abranger não só tecido tumoral, como também zonas
de transição entre as lesões e os tecidos aparentemente sãos. Assim é possível avaliar o
grau de invasão local e da reacção inflamatória envolvente, e analisar lesões de displasia
mamária, que frequentemente acompanham os tumores (Peleteiro, 1994).
Os tumores são classificados da seguinte forma: bem diferenciados (Grau I),
moderadamente diferenciados (Grau II) e fracamente diferenciados (Grau III) com base
na formação de túbulos, atipia nuclear e índice mitótico (Cassali, 2009).
18
descrição citológica realça com rigor a arquitectura da lesão, para além da aparência do
núcleo e do citoplasma (Alleman, 2003; Masserdotti, 2006). É importante referir que a
arquitectura das células em citologia pode, ou não, manter a arquitectura que
originalmente tinha nos tecidos, quando são colhidas e preparadas apropriadamente
(Masserdoti, 2006). Pode afirmar-se que a utilidade da citopatologia e da histopatologia
dentro da clínica médica é igualmente importante, uma vez que se complementam
(Magalhães et al., 2001).
19
Alguns autores referem que a citologia tem grande interesse, porque ajuda a identificar a
natureza da lesão: neoplásica, inflamatória ou hiperplásica, afastando possíveis
diagnósticos diferenciais como mastite, lipoma e mastocitoma (Queiroga e Lopes, 2002;
Lana et al., 2009; Sangha et al., 2011). Por outro lado, também é importante na
avaliação dos linfonodos regionais e de órgãos que são sede de metástases à distância
(Solano-Gallego, 2010). A maioria dos estudos considera o exame citológico bastante
fiável relativamente à capacidade para emitir um diagnóstico de malignidade (Allen et
al. 1986; Hellmén e Lindgren, 1989; Peleteiro, 1994; Zuccari et al, 2001; Sangha et al.,
2011; Sontas et al, 2012). No quadro 1. estão sumariados vários estudos onde se
observam os valores em percentagem da sensibilidade, especificidade, valor preditivo
positivo, valor preditivo negativo e acurácia sobre o exame citológico como meio de
diagnótico em tumores mamários de cadelas. No entanto, o mesmo não se verifica
relativamente a uma lesão benigna, pelo facto da citologia aspirativa obtida ser pobre
em células, podendo apresentar vários elementos típicos duma mama normal,
nomeadamente adipócitos, sangue e algumas células de revestimento ductal. A emissão
de um diagnóstico de neoplasia maligna por vezes também pode ser difícil, quando se
obtém um número reduzido de células na recolha. Neste caso, o tumor maligno pode até
assumir a aparência duma neoplasia benigna (Peleteiro, 1994).
20
Quadro 3 Estudos sobre o exame citológico como meio de diagnóstico (adaptado de Sontas et al, 2012)
Hellmen 76 84 Nd Nd MGG Nd 11 94 65 Nd Nd 79
and
Lindgren
1989*
21
2. Objetivos
22
3. Material e métodos
3.1 Material
Neste estudo foram acompanhados 16 canídeos do sexo feminino que se apresentaram
no Hospital Veterinário do Baixo Vouga entre o período de 1 de Setembro de 2013 a 28
de Fevereiro de 2014. Nos 16 canídeos foram identificadas clinicamente 31
neoformações de localização mamária variada, nas quais foi realizada a avaliação
citológica e histopatológica.
O material colhido foi enviado para o Laboratório de Histologia e Anatomia Patológica
da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro onde foi posteriormente analisado.
De cada animal foi recolhida informação relativamente à sua identificação (nome,
idade, raça); localização e tamanho das lesões mamárias, a qual foi registada em fichas
individuais.
Na maioria dos casos as lesões foram identificadas previamente pelos proprietários;
noutros casos, foi o médico veterinário a detectá-las, através do exame físico com
palpação durante a consulta. Após a identificação da lesão, o procedimento a seguir foi
alertar o proprietário para a necessidade do diagnóstico, assim como para as
possibilidades terapêuticas. O tratamento sugerido em todos os casos foi a remoção
cirúrgica da lesão com amplas margens de segurança.
3.2 Metodologia
A execução da punção aspirativa foi realizada após a exérese cirúrgica. Esta técnica foi
realizada através da introdução de uma agulha de 22 G no interior da lesão, utilizando
uma seringa de 5 ml em posição de repouso. O êmbolo foi retraído 3 a 4 vezes
provocando pressão negativa. Para evitar a entrada do material puncionado para o
interior da seringa, recolocou-se o êmbolo da mesma novamente na posição inicial ou
de repouso. Para transferir o material para a lâmina, a agulha (contendo a colheita) foi
retirada da seringa. Esta foi preenchida com ar tracionando caudalmente o êmbolo. A
agulha foi novamente colocada no canhão da seringa e o êmbolo empurrado para a
frente, fazendo com que o material aspirado fosse depositado na superfície de uma
lâmina de vidro. Esta encontrava-se limpa e desengordurada, sendo manipulada sempre
pelos bordos de forma a evitar contaminação da amostra. De acordo com as dimensões
23
da massa, realizaram-se duas ou mais punções; para cada lesão, foram enviadas para
análise 3 a 4 preparações, consoante a quantidade de material que fosse possível
recolher.
Todas as lâminas foram identificadas com o nome do animal e da localização da lesão.
Após secagem ao ar, procedeu-se à fixação para preservação imediata da estrutura
celular e conservação dos detalhes citopatológicos, utilizando a coloração de
Romanowsky - Diff-Quick. Este é composto por 3 soluções: metanol (fixador), eosina
(corante ácido/aniónico) que cora as proteínas com carga positiva/básicas de vermelho e
tiazina (frequentemente o azul de metileno) que cora o ADN de azul. As lâminas foram
mergulhadas sequencialmente em cada uma destas soluções, durante cerca de 16
segundos, pela ordem anteriormente referida. Retirou-se o excesso de corante numa
rápida passagem por água destilada ou corrente. Após secagem, as lâminas foram
acondicionadas num porta-lâminas de forma a garantir condições de conservação ideais
até à sua chegada ao laboratório.
Todas as preparações citológicas foram examinadas e classificadas por um patologista
veterinário em microscópio de luz, sem conhecimento do resultado histopatológico
correspondente. O diagnóstico citológico teve em consideração as diversas preparações
disponíveis de cada lesão, tendo sido verificada a qualidade da preparação e as
características morfológicas citológicas. As amostras foram classificadas em três
grupos: neoplasia benigna, neoplasia maligna e amostra inadequada/insuficiente
(amostra com representação de número inferior a 5 aglomerados de células, cada um
com 5 a 10 células) (Allen et al., 1986; Colodel et al., 2012). Uma lesão foi classificada
como maligna quando a maioria das células apresentava pleomorfismo marcado e mais
de 20% apresentavam no mínimo três critérios de malignidade nucleares, como
anisocariose, aumento da relação núcleo:citoplasma, angulação e variação no número de
nucléolos. (Simon et al., 2009). Não constituiu objetivo deste trabalho a diferenciação
citológica entre lesões neoplásicas simples vs. complexas vs. mistas.
Relativamente à histopatologia, a peça de mastectomia ou nodulectomia foi geralmente
enviada na íntegra para análise histopatológica, fixada em formol tamponado a 10%;
quando tal não foi possível, foi enviado material representativo da lesão/lesões, tendo
sido evitadas regiões com necrose/hemorragia. O material foi processado segundo o
processamento de rotina para microscopia de luz, procedendo-se ao diagnóstico das
lesões neoplásicas mamárias de acordo com a classificação proposta pela OMS para
neoplasias de mama de cadela (Misdorp et al., 1999).
24
3.3 Análise estatística
A análise citológica foi testada em relação ao teste padrão (histopatologia), no sentido
de analisar o seu valor na deteção de neoplasias malignas mamárias (sendo o
diagnóstico de neoplasia maligna considerado positivo e o diagnóstico de neoplasia
maligna considerado negativo). Assumindo que o teste-padrão é válido, o resultado do
teste em análise (citologia) pode estar correto (concordância entre testes) [verdadeiro-
positivo (VP) e verdadeiro-negativo (VN)] ou incorreto (não concordância entre testes)
[falso-positivo (FP) e falso-negativo (FN)]. A validade do teste foi medida pelas taxas
de VP entre os tumores malignos (sensibilidade) e VN entre os benignos
(especificidade) (Zuccari et al., 2001). Foi determinado o valor preditivo positivo (VPP)
e negativo (VPN) e a acurácia (exatidão) diagnóstica da análise citológica. O VPP
calculou-se com base na probabilidade da lesão ser maligna na avaliação histológica
quando o resultado citológico foi maligno; o VPN calculou-se tendo em conta a
probabilidade da lesão ser benigna na avaliação histológica quando o resultado
citológico foi benigno. A acurácia (exatidão) diagnóstica corresponde à proporção dos
casos corretamente diagnosticados por citologia (Varallo, 2013) (Quadro 2).
Quadro 4 Método de cálculo dos testes de validação diagnóstica (adaptado de Varallo, 2013).
Histopatologia
Citologia Positiva Negativa
Positiva a b
Negativa c d
Sensibilidade=a/(a+c); especificidade=d/(b+d); VPP=a/(a+b); VPN=d/(c+d);
acurácia=(a+d)/(a+b+c+d)
25
4. Resultados
4.1.1 Raça
A maioria das cadelas incluídas no estudo foi de raça indeterminada (SRD, sem raça
definida), representando 75% da totalidade da amostra (n=12). Cada uma das raças
puras representadas (Doberman, Cocker spaniel, Pastor Alemão e Caniche) constituiu
6,3% (n=1) dos animais. Os dados relativos à raça encontram-se na Fig.7.
4.1.2. Idade
Relativamente ao parâmetro idade, verificou-se uma média de idades de 11 (idade
mínima de 2 anos e máxima de 16 anos). A idade em que se observou maior incidência
foi 13 anos com 31,3% (Fig. 8).
26
Fig. 1 Caso 5, nódulos de tamanho inferior a Fig. 2 Caso 7, nódulos localizados entre M1 e
1cm, localizados na M3E M2E
Fig. 3 Caso 8, presença de múltiplos nódulos Fig. 4 Caso 9, nódulo com 7,5 cm na M5E
ao nível da M4 e M5
Fig. 5 Caso 10, nódulo de 8 cm localizado na Fig. 6 Caso 11, nódulo com 9 cm localizado
M3E entre M4 e M5E
Fig 1-6: Aspecto macroscópico de neoplasias mamárias observadas ao longo deste trabalho,
caracterizadas por diferentes tamanhos e localizações.
27
6,3% 6,3%
6,3% SRD
Doberman
Cocker
75,0%
6,3% Pastor Alemão
Caniche
12,5% 6,3%
6,3% 2
8
18,8%
10
31,3%
11
12,5%
12,5% 12
13
16
4.1.3. Localização
Quanto à localização das neoplasias observou-se que a localização mais comum foi nas
glândulas mamárias abdominais 64,5% (n=20); seguida das inguinais com 25,8% (n=8)
e por fim as torácicas com 9,7% (n=3) (Fig. 9).
28
9,7%
Mama
Abdominal
25,8%
64,5% Mama Inguinal
Mama Torácica
4.1.4. Tamanho
As lesões analisadas pelas técnicas em estudo caracterizaram-se por um tamanho médio
de 2,5 cm (mínimo de 0,7 cm e máximo de 12 cm).
29
4.3. Caracterização histológica das lesões
Dos 31 casos analisados por citologia e histologia, 5 foram classificados a nível
histológico como benignos (16,1%) e 26 como malignos (83,9%) (Fig. 10).
16,1%
Maligno
83,9% Benigno
30
No Quadro 5, podem observar-se em pormenor as características clínico-patológicas da
população em estudo, sendo possível verificar que a neoplasia maligna mais
frequentemente diagnosticada foi o carcinoma tubulopapilar (n=12, 46,2 %), seguido do
carcinoma complexo (n=8, 30,8%), carcinoma sólido (n=3, 11,5%). O carcinossarcoma,
o carcinoma em adenoma complexo e o fibrossarcoma representam cada um 3,9%
(n=1).
Tamanho Diagnóstico
Caso nº Idade Raça Local Diagnóstico Citológico
(cm) Histológico
M3 1,8 Carcinoma sólido Neoplasia epitelial maligna
Carcinoma
1 13 SRD M4 0,8 Neoplasia epitelial maligna
tubulopapilar
Carcinoma
M5 2 Neoplasia epitelial maligna
tubulopapilar
Adenoma
M4D 2 Neoplasia epitelial benigna
complexo
Carcinoma em
M2-3E 1,2 adenoma Neoplasia epitelial benigna
3 11 Cocker complexo
Carcinoma
4 13 Caniche M3 11 Neoplasia epitelial maligna
tubulopapilar
Tumor misto
M3 1 Neoplasia epitelial benigna
benigno
5 2 SRD
Adenoma
M3 0,7 Neoplasia epitelial benigna
complexo
Carcinoma
M1-M2 4,5 Neoplasia epitelial maligna
complexo
7 13 SRD
Carcinoma
M5 2 Neoplasia epitelial maligna
complexo
31
Quadro 5 (cont.): Características clinicopatológicas observadas para cada um dos casos
analisados simultaneamente para citologia e histologia.
Tamanho Diagnóstico
Caso nº Idade Raça Local Diagnóstico Citológico
(cm) Histológico
Carcinoma
M4D 7 Neoplasia epitelial maligna
tubulopapilar
Carcinoma
8 11 Doberman M4E 6 Neoplasia epitelial maligna
tubulopapilar
Carcinoma
M5E 9 Neoplasia epitelial maligna
tubulopapilar
Carcinoma
10 12 P Alemão M3E 9 Material Insuficiente
complexo
Carcinoma
M4-5E 4,5 Neoplasia epitelial maligna
tubulopapilar
11 10 SRD
Carcinoma
M3-4D 2 Neoplasia epitelial maligna
tubulopapilar
Carcinoma
M4D 4 Material Insuficiente
complexo
12 12 SRD
Carcinoma
M4E 4 Material Insuficiente
complexo
Adenoma
M4E 0,5 Neoplasia epitelial benigna
complexo
13 8 SRD
Carcinoma
M5E 0,7 Neoplasia epitelial maligna
tubulopapilar
Carcinoma
Neoplasia epitelial maligna
tubulopapilar
14 13 SRD M3 4 Processo inflamatório-
Mamite
mamite
piogranulomatosa
Carcinoma
M2E 1 Neoplasia epitelial maligna
tubulopapilar
Carcinoma
M3E 3 Material Inadequado
tubulopapilar
15 13 SRD
Carcinoma
M3D 1,7 Material Inadequado
complexo
Carcinoma
M5D 0,8 Material Inadequado
complexo
Carcinoma
16 10 SRD M3 11 Neoplasia epitelial maligna
complexo
32
No que diz respeito às neoplasias benignas, foram diagnosticados o adenoma complexo
(n=2, 40%), o tumor misto benigno (n=2, 40%) e o fibroadenoma (n=1, 10%).
33
Fig. 11 Caso 3, Adenoma complexo Fig. 12 Caso 3, Adenoma complexo
34
Quadro 6 Comparação dos resultados obtidos por citologia e histopatologia em neoplasias mamárias
caninas
Diagnóstico histológico
Quadro 7 Comparação dos resultados obtidos por citologia e histopatologia em neoplasias mamárias
caninas, encontrando-se discriminados os tipos histológicos diagnosticados
Diagnóstico histológico
Carcinoma em adenoma
Benigno (n=5) Adenoma complexo (n=2)
complexo (n=1)
Tumor misto benigno (n=2)
Maligno (n=18) Carcinoma tubulopapilar (n=11)
Carcinoma complexo (n=3)
Carcinoma sólido (n=3)
Carcinossarcoma (n=1)
Amostra
Fibroadenoma (n=1) Carcinoma complexo (n=5)
inadequada/insuficiente (n=8)
Carcinoma tubulopapilar (n=1)
Fibrossarcoma (n=1)
Total 5 26
35
5. Discussão
36
acurácia de 92,86% para a deteção de neoplasias malignas. Também Sontas et al. (2012)
referem que foi possível determinar uma especificidade de 100%, sensibilidade de
96,2%; VPP de 100%, VPN de 66,7% e acurácia de 96,5% num estudo envolvendo 55
canídeos fêmeas. Num outro estudo mais recente levado a cabo por Varallo (2013), os
resultados obtidos em 57 cadelas revelaram 83,9% de sensibilidade, 100% de
especificidade, 100% de valor preditivo positivo (VPP), 91 % de valor preditivo
negativo (VPN) e 84,1% de acurácia da técnica citológica em detectar neoplasias
mamárias malignas.
Os estudos efetuados consideram que o exame citopatológico é um método fiável que
visa a análise de possíveis alterações na morfologia celular de um tecido para, assim,
estabelecer um diagnóstico definitivo ou presuntivo (Varallo, 2013). Por outro lado, a
citologia obtida por PAAF é um procedimento clínico rápido, de fácil execução, pouco
dispendioso, não invasivo e que não requer equipamentos sofisticados. Por estas razões,
a PAAF é uma técnica muito utilizada na prática clínica, para o estabelecimento do
diagnóstico de lesões neoplásicas e não neoplásicas (Cassali et al, 2007).
Neste trabalho, em oito (25,8%) lesões não foi possível emitir um diagnóstico
citológico. Esta percentagem é semelhante à apresentada por Sontas et al. (2012), cujas
amostras inadequadas na análise atingiram os 27,7%. Tal como no nosso trabalho, estes
autores, ao considerarem estas análises para o cálculo dos testes de validação, provocam
a diminuição dos seus valores, que descem para sensibilidade de 60,7%, VPN de 15,4%
e acurácia diagnóstica 63,3% (Sontas et al., 2012).
De facto, deve existir uma preocupação acrescida com os procedimentos de colheita de
material e respectivo envio para o laboratório de referência, os quais devem ser
realizados de forma adequada, no sentido de se obter um diagnóstico citológico
conclusivo. O acondicionamento dos esfregaços em porta-lâminas apropriados, e o
afastamento destes de locais com possíveis vapores de formol é muito importante para a
preservação do material, pois os vapores de formol alteram o material da amostra,
modificando os detalhes celulares e as afinidades tintoriais da amostra (Sontas et al.,
2012). A informação acerca da localização da lesão e do tipo de tecido é extremamente
útil para a emissão de um diagnóstico de boa qualidade. Idealmente, quem deve efectuar
a colheita de material para exame citológico deve ser a pessoa que vai observar a lâmina
ao microscópio (Simon et al., 2009). Importa referir que neste estudo não foi o
patologista a realizar a PAAF, pelo que foi de extrema importância a identificação dos
esfregaços enviados.
37
A citologia aspirativa de uma neoplasia benigna é por vezes de difícil interpretação;
geralmente os esfregaços obtidos são pobres em células; contêm elementos típicos da
mama normal (adipócitos, sangue, e algumas células de revestimento ductal) e células
inflamatórias. Neste estudo, as amostras pouco celulares, e portanto inconclusivas,
corresponderam a carcinomas complexos e a fibroadenomas. Por outro lado, as
neoplasias diagnosticadas como malignas caracterizaram-se por hipercelularidade,
enquanto as benignas se apresentaram moderadamente celulares. A citologia aspirativa
de uma neoplasia maligna na qual se tenha obtido um número muito reduzido de
células, não só dificulta o diagnóstico correcto pela fraca probabilidade de encontrar
formas citológicas anormais, como pode assumir, à partida, a aparência de uma
neoplasia benigna (Simon et al, 2009). Por outro lado, a maioria dos tumores mamários
é complexo ou misto, o que nem sempre permite uma colheita adequada e está
associada a uma população heterogénea, nem sempre representada na citologia.
Também a presença de células necrosadas, sangue ou macrófagos e a presença de
grande quantidade de líquidos durante a colheita das amostras pode dificultar a obtenção
de um bom esfregaço (Sontas et al., 2012).
Uma limitação apontada à análise citológica é a impossibilidade de esta fornecer
informações sobre a arquitectura geral da massa aspirada e de não estabelecer a relação
das células com os tecidos vizinhos (Simon et al., 2009; Sontas et al 2012; Varallo
2013).
Relativamente à análise histológica, verificou-se que 83,9% das lesões eram malignas e
16,1% benignas, ou seja, o número das neoplasias malignas superaram de longe as
benignas. No estudo de Colodel et al. (2012), obtiveram-se resultados semelhantes: os
carcinomas representaram 84,6% dos nódulos mamários, enquanto que os tumores
benignos, representaram apenas 9,7%. Outros estudos referiram que cerca de um terço a
metade das neoplasias mamárias caninas corresponderam a neoplasias malignas
(Misdorp, 2002), sendo as neoplasias malignas frequentemente sobrediagnosticadas.
Neste trabalho, a maioria das lesões apresentou um diâmetro superior a 3 cm, sendo
provavelmente lesões que surgiram há bastante tempo, o que terá permitido a sua
evolução neoplásica.
Dentro do grupo dos carcinomas simples (constituídos por um único tipo de célula
epitelial), o tipo histológico que predominou foi o carcinoma tubulopapilar; seguiram-se
os carcinomas complexos e os de tipo especial. A literatura refere que os carcinomas
são as neoplasias mais frequentes, assumindo padrões histológicos distintos,
38
nomeadamente sólido ou tubulopapilar. Apesar dos valores de sensibilidade elevados
para a citologia observados neste e noutros trabalhos prévios, o exame histopatológico é
o de eleição para a identificação das características de uma neoplasia, pois permite
avaliar o grau histológico, a invasão linfática e vascular (Varallo, 2013). Possibilita
ainda o exame da arquitetura e dos padrões de crescimento da neoplasia, ao analisar um
fragmento do tecido neoplásico; permite a observação da sua relação com os tecidos
circundantes, bem como a correta caracterização e diferenciação dos tipos celulares
envolvidos (Magalhães et al., 2001; Varallo, 2013) Desta forma, proporciona o
diagnóstico conclusivo na maioria das situações neoplásicas (Varallo, 2013) permitindo
estabelecer o comportamento biológico da neoplasia e o prognóstico para um animal
específico (Cassali et al., 2011).
A multiplicidade lesional, característica dos tumores mamários da cadela, cria
dificuldades específicas. Ao colher-se um fragmento não há garantias de que a zona
seleccionada seja a que apresenta malignidade mais elevada e mesmo quando se retira
material na íntegra, a partir de uma ou mais neoplasias, há sempre a possibilidade de
não serem escolhidas as zonas mais representativas da lesão (Sontas et al., 2012). Desta
forma, é fundamental retirar amostras de vários pontos da lesão, procurando igualmente
abranger zonas de transição entre o processo lesional e os tecidos aparentemente sãos;
esta larga abrangência pretende não só permitir ao anatomopatologista a apreciação do
grau de invasão local e da reacção inflamatória envolvente, mas também possibilitar a
avaliação da existência de lesões de displasia mamária, que com frequência
acompanham as neoplasias (Simon, 2009). Estes cuidados na recolha dos fragmentos
são particularmente importantes, dado que as neoplasias da mama da cadela atingem,
por vezes, dimensões muito consideráveis, dificultando o seu envio integral para o
laboratório. A dimensão dos tumores também pode criar problemas na escolha das áreas
a biopsiar, pelo que nos casos de lesões volumosas ou múltiplas, devem ser colhidas
múltiplas amostras (Simon et al., 2009). No presente estudo, foram colhidas múltiplas
preparações de cada nódulo sempre que possível, razão pela qual não houve um número
superior de diagnósticos inconclusivos.
Quanto à caracterização etária das cadelas com neoplasias mamárias, obteve-se uma
média de 11 anos, sendo que a faixa com maior percentagem foi a de 13 anos (31,3%
n=5). Também Varallo et al. (2013) observaram que cadelas com 9, 10, 11 e 12 anos de
idade desenvolveram neoplasias mamárias com maior incidência. A apresentação
clássica da doença inclui fêmeas de meia-idade a idosas, entre sete a doze anos de idade,
39
e com o envolvimento de mais de uma glândula (Rutteman et al., 2001; Misdorp, 2002;
Varallo et al., 2013), à semelhança do observado no presente estudo.
Relativamente à localização dos tumores de mama, verificou-se que a grande
percentagem surge nas mamas abdominais com 67,6% dos casos, seguido pelas
glândulas inguinais com 20,6% dos animais e por fim as glândulas torácicas com
11,8%, à semelhança dos estudos realizados por Cassali et al. (2007), Simon et al.
(2009). Sontas et al. (2012) e Varallo (2013) observaram que as mamas abdominais
eram as mais afectadas, seguidas das inguinais e torácicas. Este aspecto não está
relacionado com o comportamento tumoral, mas com o maior volume destas glândulas e
com as correspondentes alterações proliferativas em resposta aos estrogénios (Varallo,
2013). Sontas et al., (2013) refere que não se conhece a razão pela qual a frequência nas
glândulas mamárias abdominais é maior.
Observou-se que a raça indeterminada foi a que apresentou uma maior percentagem
(75%) de indivíduos com neoplasias em relação às raças Caniche, Doberman, Cocker,
Pastor Alemão com 6,3%. No entanto, importa referir que a maioria dos animais
atendidos no Hospital Veterinário do Baixo Vouga são de raça indeterminada, sendo por
isso difícil afirmar se existe ou não predisposição nestes animais em relação aos de raça.
No estudo de Simon et al., (2009) também se verificou que a raça indeterminada foi a
que apresentou maior percentagem em relação às outras raças, com 36%. O número de
mamas afectadas por animal, foi em média de 2 mamas. Os estudos afirmam que é
frequente existir mais de uma glândula atingida.
Este estudo demonstra a validade da citologia relativamente à histopatologia, o teste de
referência, no diagnóstico de neoplasias malignas mamárias caninas. Salvaguardando-se
o facto de não substituir a avaliação histopatológica, que é sempre aconselhada pelo
médico veterinário após extirpação cirúrgica (muitas vezes curativa), a citologia pode
ser particularmente útil em determinados casos, nomeadamente quando há dúvidas
acerca da natureza neoplásica da lesão (lesões difusas ou carcinomas inflamatórios
inoperáveis); em casos de recorrência; quando há linfadenomegalia regional (os
linfonodos também devem ser aspirados); quando está em causa a eutanásia do animal.
40
6. Conclusão
41
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