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Projeto de Pesquisa

Fogo natural ou incêndio no Pantanal?

Integrantes

Guilherme Giovane Ribeiro de Moraes – guid.giovane@gmail.com


Agnes Escobar de Souza – agnes.escobar24@gmail.com

Campo Grande – MS
Biologia - Ecologia

1.Resumo:
O fogo tem sérias consequências para a conservação dos ecossistemas terrestres e aquáticos, como
também para a saúde humana. Milhões de espécimes têm sofrido com as queimadas no bioma
Pantanal, que de modo direto são mortos pelo fogo, mas que de modo indireto sofrem as
consequências das queimadas, como falta de alimentos, abrigos e parceiros reprodutivos, entre
outros impactos. Contudo, é comum ouvirmos que o fogo em alguns biomas é natural, inclusive até
necessário para sua manutenção. Por outro lado, há relatos de incêndios causados de maneira
proposital ou acidental pela ação humana. O objetivo do nosso trabalho é identificar e buscar o que
pode ser considerado fogo natural ou incêndio decorrentes de ação antrópica. Considerando que é
estabelecido que o fogo natural se inicia com raios, iremos comparar o número de raios que
atingiram o Pantanal sul-mato-grossense nos últimos dois anos com focos de incêndio e ocorrência
de chuvas. Esperamos observar que, para ser considerado fogo natural, em locais e datas com
incidência de raios e chuvas, haverá maior incidência de fogo, da mesma forma que, em locais sem
incidência de raios, os focos de fogo decorrem de ação antrópica.

Palavras-chave: Queimadas; Impacto ambiental; Biodiversidade; Mato Grosso do Sul.


2.Introdução:

O fogo em ambientes nativos ocorre de maneira tanto natural, como


antropogênica, com diferenças de parâmetros como área queimada e regimes de queima
(Bowman et al., 2021). Melhorar o conhecimento acerca das causas de incêndios
florestais e savânicos é fundamental para se pensar em estratégias tanto de prevenção
como de manejo integrado do fogo, de se minimizar o tamanho e custos das queimadas e
tomar ações rápidas para que sejam apagados (Ganteaume et al., 2013). Além disso, ao
se identificar a origem das causas do fogo, pode-se indicar aos tomadores de decisão as
melhores estratégias para mitigação do mesmo através de políticas públicas e
fiscalização. Pode-se ainda contribuir para diminuir a propagação de informações
equivocadas por parte da mídia, redes sociais e senso comum sobre origem do fogo e as
melhores políticas para sua prevenção. A narrativa de que esses focos de incêndio são em
sua maioria naturais é muitas vezes baseada na opinião de pessoas que não são
especialistas da área ou em observações pontuais (Doerr & Santín, 2016).
No bioma Pantanal, entre os anos de 1985 a 2020, 57,5% de sua área total foi
queimada, tornando-o o bioma brasileiro que mais foi queimado proporcionalmente a sua
área total durante esse período (Mapbiomas, 2022). Em 2020, 26% do território
pantaneiro foi consumido pelo fogo, atingindo principalmente a Serra do Amolar no
Pantanal Sul (LASA/UFRJ,2020). Além das inúmeras consequências ambientais, esses
incêndios também podem gerar prejuízos materiais e humanos como redução da
fertilidade do solo, redução da resistência de árvores ao ataque de pragas, perda de
produção, entre outros. Tratando-se de danos ambientais, podemos citar a redução da
biodiversidade, facilitação da erosão, redução da proteção de nascentes, desequilíbrio dos
ecossistemas, etc (SOS Pantanal, 2021). Estima-se que no ano de 2020 XX milhões de
vertebrados foram mortos com as queimadas neste bioma.
Os raios são a única causa natural comprovada capaz de dar origem a focos de
fogo. Eles são as descargas elétricas que se conectam ao solo durante tempestades,
enquanto os relâmpagos são todas as descargas elétricas geradas por nuvens, que se
conectam ou não ao solo.

3.Justificativa:

Levando-se em consideração o potencial de danos que os incêndios florestais e


savânicos podem causar tanto para o ambiente natural quanto para o ser humano, é de
fundamental importância que se identifique as causas primárias de seus focos. Como os
fogos naturais sempre tem sua origem em faíscas geradas a partir da incidência de raios,
torna-se relativamente simples correlacionar esta variável a quantidade de focos de fogo.
Caso o fogo no Pantanal seja de origem natural em sua maioria, então o padrão e regime
observados na incidência de raios devem ser semelhantes ao padrão de focos de fogo.
Caso, a partir dessa análise, seja possível identificar que o fogo no Pantanal tem causa
antrópica em sua maioria, então os tomadores de decisão devem promover estratégias de
conscientização, educação, punição e fiscalização para evitar catástrofes durantes as
estações secas de cada ano.
4.Objetivos:

• Objetivo geral
Compreender se a origem do fogo no Pantanal do Mato Grosso do Sul é de causa
natural ou antrópica.

• Objetivos específicos:
Correlacionar os focos de fogo do Pantanal do Mato Grosso do Sul nos últimos dois
anos com a incidência de raios.

5.Metodologias:

O Pantanal é a maior área úmida do mundo e se distribui entre os estados de MS


e MT, além dos países Bolívia e Paraguai, sua economia é baseada na pecuária, turismo,
pesca e mineração. O bioma possui uma rica biodiversidade (Tomas et al., 2019), que
devido a suas características abriga uma grande variedade de espécies animais e vegetais.
Foram registradas mais de 260 espécies de peixes, 122 de mamíferos, 93 de répteis, 656
de aves e 1032 de borboletas (WWF, 2022). Entre os animais, a região é muito importante
para a conservação de aves migratórias e mamíferos ameaçados de extinção como onça
pintada, tatu-canastra, anta, tamanduá-bandeira, lobo guará entre outros.
O período chuvoso no Pantanal compreende os meses de novembro a março, com
pluviosidade média anual de 1100 mm. A paisagem é determinada, principalmente pelos
pulsos anuais de cheias e vazante (Adámoli 1986). A vegetação é composta por campos
de gramíneas, formações florestais e vegetação aquática (Prance & Schaller 1982).
Segundo Pivello et al. (2021), a maior parte do bioma é considerada um ecossistema
dependente do fogo, o que significa que o sistema é resultado de uma longa história onde
o fogo tem um papel importante na seleção de espécies e influenciando processos
ecológicos, como floração e frutificação. Entretanto, quando o fogo é ocasionado fora de
época e sem relação com o período chuvoso/maior quantidade de raios, aqui será
considerado como incêndio, ou incêndio antrópico, capaz de causar grandes impactos
negativos irreparáveis ao ecossistema e a economia local.
Os dados de incidência de fogo no Pantanal sul-mato-grossense serão extraído do
sistema ALARMES. Os mapas de área de queimada do sistema ALARMES são
produzidos diariamente de forma automática com resolução espacial de 500m
(Cerrado/Pantanal) utilizando imagens do sensor Visible Infrared Imaging Suite (VIIRS),
focos de calor derivados do mesmo sensor, e técnicas de aprendizado de máquina
profundo (Deep Learning) através do algoritmo BA-NET (Pinto et al., 2020). Esse
sistema foi criado pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA), da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a plataforma é acessível para os
diferentes públicos e oferece dados diários da área queimada no Pantanal (LASA, 2022)
Os registros de ocorrência chuvas e quantidade de raios, serão extraídos da base
de dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) e comparados com a ocorrência
de focos de fogo. Embora tenha sido criado oficialmente em 1995, o Grupo de
Eletricidade Atmosférica (ELAT) tem sua origem nas pesquisas científicas e tecnológicas
em eletricidade atmosférica desenvolvidas no INPE desde 1979 na área de Ciências
Espaciais e Atmosféricas. O ELAT é o primeiro grupo de pesquisa sobre raios criado no
Brasil e faz parte do Centro de Ciências do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais. É considerado uma referência mundial nas pesquisas sobre
eletricidade atmosférica.

6.Resultados esperados e/ou obtidos:

Dentro do que se espera, de que o fogo no Pantanal é parte natural e importante para o
desenvolvimento do bioma, as pesquisas realizadas ao longo do projeto com o objetivo
de comparar o padrão e regime de raios ao longo do ano e a incidência de fogo, irá analisar
a relação entre o quantitativo de raios e de queimadas na região estabelecida dentro do
período de dois anos. São esperados dois possíveis cenários nas expectativas de tal
gráfico, sendo que no primeiro cenário a curva deste acompanhará a relação do primeiro
aspecto observado com relação ao segundo, sendo ambos diretamente proporcionais, o
que acarretará no resultado que se espera para a confirmação de uma ação natural. O
segundo cenário que se espera é exatamente contrário ao primeiro, sendo essa uma análise
de relações inversamente proporcionais entre a quantidade de raios e as queimadas, ou
seja, quanto maior a quantidade de raios, menor a quantidade de queimadas, o que indica
que as queimadas que ocorrem na mesma época de maior incidência de raios são resultado
de ação antrópica.

7.Conclusões:

O presente projeto ainda não possui conclusões devido seu caráter inicial.

8.Referências Bibliográficas:

Adámoli,, J.A., 1986. A dinâmica de inundações no Pantanal. In Anais do I Simpósio


sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal. CPAP Embrapa, Corumbá, p.
51-62.

LASA, 2022. Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais.


https://lasa.ufrj.br/alarmes/ Acessado em 08.08.2022

Pinto, M. M., Libonari , R., Trigo, R. M., Trigo, I. F.; Dacamara, C. C., 2020. A deep
learning approach for mapping and dating burned areas using temporal sequences of
satellite images. ISPRS JOURNAL OF PHOTOGRAMMETRY AND REMOTE
SENSING, v. 160, p. 260-274.
Pivello, V.R., Vieira, I., Christianini, A.V., Ribeiro, D.B., da Silva Menezes, L., Berlinck,
C.N., Melo, F.P.L., Marengo, J.A., Tornquist, C.G., Tomas, W.M., Overbeck, G.E., 2021.
Understanding Brazil’s catastrophic fires: causes, consequences and policy needed to
prevent future tragedies. Perspect. Ecol. Conserv.
https://doi.org/10.1016/j.pecon.2021.06.005.

Prance, G.T. & Schaller, G. B., 1982. Preliminary study of some vegetation types of the
Pantanal, Mato Grosso, Brazil. Brittonia 34: 228-251

Tomas, W.M., et al., 2019. Sustainability Agenda for the Pantanal Wetland: Perspectives
on a Collaborative Interface for Science, Policy, and Decision-making, Tropical
Conservation Science. https://doi.org/10.1177/1940082919872634.

WWF, 2022. World Wide Fund for Nature


https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/pantanal/bioma_p
antanal/especies/ Acessado em 08.08.2022

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