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Escolhidos os nomes dos novos elementos da tabela periódica

Eles devem se chamar nihônio, moscóvio, tennessino e oganessono.

RICARDO ZORZETTO | Edição Online 13:29 10 de junho de 2016

Os quatro elementos acrescentados à tabela periódica em dezembro de 2015 já têm um


provável nome oficial. A União Internacional de Física Pura e Aplicada (Iupap) e a
União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac) recomendaram nesta quarta-
feira (08/06) que o elemento químico 113 seja chamado de nihônio, o 115 de moscóvio,
o 117 de tennessino e o 118 de oganessono.

O nome de um elemento pode se referir a um conceito ou personagem mitológico; a um


lugar ou região geográfica; a um mineral ou substância similar; a uma propriedade do
próprio elemento químico; ou a um cientista.

Uma comissão internacional de químicos e físicos indicada pelas duas instituições havia
analisado as evidências de que esses novos elementos existem e a primazia da
descoberta. Agora, seguindo a tradição, a comissão sugere que sejam aceitos os nomes
indicados pelos grupos que produziram os novos elementos.
Foi sugerido que seja adotado o nome de nihônio, de símbolo Nh, para o elemento
químico de número 113. Nihon é uma das duas formas de dizer “terra do sol nascente”
em japonês e homenageia o país em que esse elemento químico foi descoberto em 2004.
No Instituto Riken, pesquisadores conseguiram as provas mais robustas de que haviam
produzido o agora dito nihônio ao lançar, a velocidades altíssimas, átomos de zinco
contra um alvo de bismuto.

Também foi promovendo colisões de dois elementos químicos mais leves – o cálcio e o
amerício – que, naquele mesmo ano, pesquisadores da Rússia e dos Estados Unidos
obtiveram um elemento químico contendo 115 prótons em seu núcleo. Esse elemento
passa a ser conhecido como moscóvio (Mc). É uma referência à capital russa, Moscou,
vizinha à cidade de Dubna, onde está instalado o Instituto Conjunto de Pesquisa Nuclear
(JINR), local em que foi feita parte dos experimentos.

A comissão internacional decidiu homenagear o estado norte-americano do Tennessee


ao atribuir o nome tennessino (Ts) ao elemento de número 117. No Tennessee estão
sediados o Laboratório Nacional Oak Ridge e a Universidade Vanderbilt, que já haviam
descoberto outros elementos químicos além deste, obtido a partir da colisão de íons de
potássio e berquélio.

O elemento químico 118, o oganessono ou Og, homenageia Yuri Oganessian, físico


nuclear de origem armênia que coordenou a descoberta de vários novos elementos no
JINR em Dubna. Em 2007, os pesquisadores de Dubna, trabalhando em colaboração
com equipes dos Estados Unidos, bombardearam com potássio um alvo composto do
elemento químico califórnio, produzindo o oganessono.

Oganessian é um dos autores de uma hipótese conhecida como ilha de estabilidade.


Segundo essa proposta, elementos pesados contendo determinado número de partículas
– prótons, de carga elétrica positiva, e nêutrons, sem carga elétrica – em seu núcleo
seriam mais estáveis e existiriam por mais tempo do que outros. Essa é a segunda vez
que se atribui o nome de um pesquisador vivo a um elemento químico. Antes do
oganessono, a Iupac havia chamado de seabórgio o elemento químico de número 106
por causa de seu descobridor, o químico norte-americano Glenn Seaborg – ele estava
vivo na época da nomeação e morreu em 1999.
Espaços preenchidos

Esses quatro elementos reconhecidos no final de 2015 completam os espaços vazios na


sétima e última linha da tabela periódica, o quadro que organiza os elementos
conhecidos até o momento e os agrupa segundo suas propriedades físicas e químicas
(ver Pesquisa FAPESP nº 240). Os elementos 113, 115, 117 e 118 integram o grupo dos
superpesados. Seus números correspondem à quantidade de prótons que cada um
contém em seu núcleo – esse total é o chamado número atômico, que determina muitas
das propriedades dos elementos e distingue um do outro. No caso dos elementos
superpesados, esse número é muito maior do que o dos elementos encontrados
espontaneamente na natureza. “Esses elementos desintegram-se muito rapidamente e só
são obtidos por meio de colisões produzidas em aceleradores de partículas”, conta a
física Alinka Lépine-Szily, professora sênior da Universidade de São Paulo (USP) e
presidente da comissão de física nuclear da Iupap. Para identificar os novos elementos,
é preciso detectar as partículas que eles emitem no momento da desintegração.

Os nomes propostos pela Iupap e pela Iupac ainda não são definitivos. Pelos próximos
cinco meses eles ficarão disponíveis para consulta e contestação pública. “Acho muito
difícil que sejam alterados”, diz Alinka. “Por tradição, os nomes são sugeridos pelos
grupos que fizeram a descoberta e passam por uma extensa averiguação para verificar se
não coincidem com o de compostos já conhecidos.”

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