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A competição pelo pioneirismo na síntese dos elementos e pela honra de escolher o nome que caberia
a cada novo elemento ganharia até o nome especial de ‘a Guerra dos Transférmios’. A denominação,
um tanto ampla, se refere aos transférmios, elementos com número atômico (número de prótons)
superior ao do férmio (100). Na verdade, a disputa se concentrou no intervalo de 104 a 109. Alguns com
mais polêmica e troca de nomes, e outros em que um lado acabou prevalecendo mais fortemente.
A chamada ‘Guerra dos Transférmios’ se concentrou mais nos elementos no intervalo de 104 a 109
A União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac, na sigla em inglês) sempre esteve no meio da
polêmica por ser a instituição responsável pela padronização internacional na química. Mas, em uma
era marcada pelas descon anças, quem seria o verdadeiro pioneiro na síntese dos novos elementos?
Como veri car a veracidade de técnicas complicadas, trabalhosas e que normalmente produziam
elementos e isótopos (variantes desses elementos) com curto tempo de duração (meia-vida) – não
passando de poucos segundos?
Os elementos de maior número atômico na tabela periódica não são encontrados na Terra e precisam
ser sintetizados arti cialmente em laboratório. Os processos demandam equipes muito bem
treinadas e equipamentos muito caros. Os principais centros de pesquisa que participaram em algum
momento nessas disputas foram o Joint Institute for Nuclear Research, em Dubna (Rússia); a
Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA); e o grupo do Centro GSI Helmholtz de Pesquisa com
Íons Pesados, em Darmstadt (Alemanha).
Elemento 104
Em 1964, pesquisadores da então URSS alegaram ter êxito na síntese do elemento 104 e o batizaram
de ‘kurchatóvio’, em homenagem ao físico russo Igor VasilyevichKurchatov. Já um grupo de Berkeley
disse ter obtido a síntese do elemento em 1969. O nome dado pelos norte-americanos foi o de
https://cienciahoje.org.br/artigo/a-guerra-fria-na-tabela-periodica/ 1/4
21/11/2020 Ciência Hoje | A Guerra Fria na tabela periódica
‘rutherfórdio’, para lembrar o físico e químico Ernest Rutherford (1871-1937). Este último foi o nome
o cializado pela Iupac.
Neste vídeo, o químico britânico MartynPoliakoff conta um pouco mais sobre o rutherfórdio e a sua
relação com Rutherford.
Elemento 105
Pesquisadores soviéticos divulgaram terem tido sucesso na síntese do elemento em 1968, e o
chamaram de ‘nielsbório’, em referência ao físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962). O anúncio da
síntese pelos norte-americanos veio em 1970; o elemento foi por eles batizado de ‘hâhnio’, como
forma de homenagear ao químico alemão Otto Hahn (1879-1968). Dessa vez, ainda em 1970, a Iupac
decidiu por um terceiro nome: ‘dúbnio’, em alusão à então cidade soviética Dubna, sede do Instituto
Central de Investigações Nucleares.
MartynPoliakoff conta, neste vídeo, que a opção pelo nome dúbnio talvez tenha sido uma barganha
entre os atores na disputa pelo pioneirismo do elemento.
Elemento 106
Novamente na dianteira, químicos soviéticos anunciaram a síntese do elemento em junho de 1974. Os
norte-americanos vieram logo em seguida, com um suposto sucesso, em setembro do mesmo ano. Os
primeiros não chegaram a propor um nome o cial para o elemento; cabendo aos EUA sugerirem a
denominação ‘seabórgio’, que foi adotada pela Iupac.
O seabórgio foi assim batizado em homenagem ao químico nuclear norte-americano Glenn T. Seaborg
(1912-1999), como comenta Martyn Poliakoff neste vídeo.
Elemento 107
Em uma era marcada pelas A primeira síntese do elemento foi anunciada em 1976 por
cientistas soviéticos. Em 1981, foi a vez de pesquisadores
descon anças, quem seria o alemães declararem, em Darmstadt, ter obtido o novo
verdadeiro pioneiro na síntese elemento, que batizaram de ‘nielsbório’ – o mesmo nome
dos novos elementos? anteriormente proposto para o elemento 105. Em 1994, a Iupac
decidiu pelo nome bóhrio.
Neste vídeo, Martyn Poliakoff faz uma visita ao centro de pesquisas GSI para mostrar o acelerador que
produz o hássio e então contar um pouco mais sobre a sua história.
O elemento 119, provisoriamente batizado de ununênio, é o próximo desa o de síntese, com trabalhos
que já se iniciaram no Japão, feitos por uma equipe de pesquisadores liderados pelo físico Hideto
Enyo.