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Conceitos de Física D

Elementos de Óptica e Física Moderna

Prof. J. Fernando M. Rocha


Óptica e Física Moderna

Uma abordagem
histórica, fenomenológica, matemática e conceitual
Bibliografia (Ver “Programa da Discipolina”)
 
Bibliografia Básica
 
HOLTON, G, ROTHERFORD, F. J. e WATSON, F. G., Projecto de Física – Luz e
Eletromagnetismo, Unidade 4 (Harvard Project Physics), Lisboa: Fundação Calouste
Gulbekian, 1985. Disponível em: <http://www.lacic.fis.ufba.br/Ensino.html>
 
HOLTON, G, ROTHERFORD, F. J. e WATSON, F. G., The Project Physics Course – Models of
the Atom, Unit 5 (Harvard Project Physics). New York. Holt, Rinehart and Winston, Inc., 1975.

GILBERT, A. Origens Históricas da Física Moderna, Lisboa: Fundação C. Gulbenkian, 1982.


 
ROCHA, J. F. M. Origem e Evolução do Curso de Física, Licenciatura, noturno, da
Universidade Federal da Bahia – o caso das disciplinas Física Básica III e IV. 2014. 711 p.
Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências.
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014. (Ver Apêndice 4 – Textos Complementares
números: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12; páginas 393 a 491). Disponível em: <
https://ppgefhc.ufba.br/sites/ppgefhc.ufba.br/files/tese_final_0.pdf>.
 
ROCHA, J. F. M. (org.) et al. Origens e Evolução das Ideias da Física. 2ª. Ed. Salvador:
EDUFBA, 2015. (Capítulos III, IV e V).
 
CASSIDY, D.; HOLTON, G.; RUTHERFORD, J. Understanding Physics. New York: Spring-
Verlag New York Inc. 2002.
 
Bibliografia Complementar
 
NEWTON, I. Óptica. Tradução de André Koch Torres Assis. São Paulo: EDUSP. 1996.
 
ROSMORDUC, J. De Tales a Einstein – História da Física e da Química, Editora Caminho,
1983.
 
HOLTON, G; BRUSH, S. G. Introduction to Concepts and Theories in Physical Science.
2A. Ed. EUA (Massachusetts): Addison-Wesley Publishing Company, 1973. (Partes G e H)
 
PIRES, A. E. T. Evolução das ideias da Física. 2ª. Ed. São Paulo: Editora Livraria da Física,
2011.
 
MAGIE, W. F. A Source Book in Physics. Cambridge, Massachusetts: Harvard University
Press, 1969 (págs. 265-386 – Textos originais de vários cientistas).
 
BASSALO, J. M. F. Crônicas da Física. Belém: Editora Universidade do Pará. Tomo 2, 1990.
 
POLKINGHORNE, J. C. O Mundo dos Quanta. Portugal: Publicações Europa-América, 1984.
 
PESSOA JR., O. Conceitos de Física Quântica. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2006.
v. 1.
 
TIPLER, P. Física, 2ª Ed., Rio de Janeiro: Editora Guanabara Dois, 1984. vol. 2b.
• Vídeos Educativos

• Luz e Cor
Tópicos: a) O que é a luz (15 min.); b) Luz e cor (14 min.); c) Polarização
da luz (11 min.)
 
• Ondas Estacionárias, Holografia e Raios Catódicos
Tópicos: a) Ondas Estacionárias (11 min.); b) Introdução à Holografia (17
min.)

• Dualidade onda-corpúsculo: Volume 1 (10 minutos cada tópico)


Tópicos: a) O modelo de partícula; b) O modelo de onda; c) O modelo
eletromagnético
 
• Dualidade onda-corpúsculo: Volume 2 (10 minutos cada tópico)
Tópicos: a) A idéia do quantum; b) Fótons; c) Ondas de matéria
• GREF – Grupo de Reelaboração do Ensino de Física –
Eletromagnetismo - (Livro do Professor)
O livro do aluno pode ser encontrado no seguinte endereço eletrônico:
 
http://axpfep1.if.usp.br/~gref/pagina01.html

• Projecto Física - Luz e Eletromagnetismo – Unidade 4 – Coleção


Harvard
Pode ser encontrado no endereço eletrônico:

www.lacic.fis.ufba.br/Ensino.html 
 

• Caderno Brasileiro de Ensino de Física


 
http://www.fsc.ufsc.br/xxef
QUESTÕES
 

1) Física, o que é?
 
2) Qual o objeto de estudo da Física? Quais os limites de seu
campo de ação?
 
3) Onde e quando teve sua origem?
 
4) Por quais caminhos se desenvolvia a Física, por volta do
ano 1600 d.C.? E a partir de então?
 
5) Quais as grandes áreas que se desenham para a Física no
século XXI?
A Física é uma ciência que se propõe a
compreender e, sobretudo, a elaborar uma
descrição quantitativa dos fenômenos da
Natureza.

Espera-se que tais objetivos sejam alcançados


a partir de um pequeno número de princípios
simples e fundamentais.
Observação:

O adjetivo grego, physikós (masc.), physiké


(fem.) physikón (neutro) significa “natural,
relativo a natureza ou produzido pela
natureza”

(o termo física deriva provavelmente do


neutro plural physiká, “as coisas relativas à
natureza”).
Observação:

A palavra ciência, do latim scientia, do verbo scire,


designa o saber certo.

Desde Aristóteles, a ciência se define por conhecimento do


necessário, do universal, do certo. Mas o conhecimento
admitido como certo ou científico deve satisfazer determinados
critérios.
• Não é fácil definir seu campo de ação, porque ela não
tem contornos bem definidos e se encontra em
contínua evolução.

Há algum tempo se dizia que a Física estudava os


fenômenos da natureza não viva, nos quais não
houvesse participação de aspectos químicos. Mas esta
é uma definição aproximada e talvez simplista.

O que de fato diferencia a Física da Química e da


Biologia não é propriamente o objeto de estudo e sim
o modo de estudá-lo.
Apesar do pensamento grego antigo não fazer separação
entre a Filosofia e a Ciência - havia apenas o conceito de
Filosofia – foi principalmente na Grécia antiga, e regiões
próximas, que foram feitos os primeiros estudos dos
fenômenos naturais, particularmente dos fenômenos
astronômicos, e não seria exagero se dizer que os primeiros
“físicos” (do mundo ocidental, pelo menos) foram os filósofos
gregos pré-socráticos que viveram por volta do século VI a.C.,
aos quais Aristóteles chamava de physiológoi, ou seja,
“estudiosos da natureza”. Tais estudos se constituíram no
germe da Ciência de modo geral e da Física em particular.
Observação:

Até o século XVII, a filosofia e a ciência estavam


interligadas. Nesse século, entretanto, a física e a
química desenvolveram-se dentro de uma nova
concepção de ciência, iniciada com a chamada
revolução científica.
Posteriormente o mesmo aconteceu com as
ciências biológicas.
As chamadas ciências humanas nasceram no
século XIX.
• Por volta de 1600, o progresso e o desenvolvimento da Física
se faziam por dois caminhos diferentes.

Um era o da Física herdada da tradição grega e que, conforme


nos diz Mario Schenberg, incluía as áreas que já tinham tido
um desenvolvimento importante na Antigüidade e na Idade
Média e eram relativamente matematizadas, como é o caso da
Óptica e talvez da Acústica, isto se considerarmos a
Harmônica (relacionada à música) como um ramo da Acústica.
A Estática e a Hidrostática eram um pouco matematizadas.

A Astronomia não era um ramo da Física; era outra ciência.


Notas:

Pitágoras estabeleceu relações matemáticas entre as


notas das escalas musicais gregas e os comprimentos
de uma corda vibrante ou de uma coluna de ar, como
numa flauta;

Roger Bacon, no século XIV, a fim de explicar a visão e


outros fenômenos ópticos, dá um tratamento
matemático a sua noção de força. Ele submete forças a
um tratamento quantitativo no segundo capítulo de seu
De multiplicatione specierum. (ver Concepts of Force, M.
Jammer, p. 61).
O outro caminho era o da hoje chamada ciência baconiana, ou seja, da
física experimental, que valorizava a observação e a experiência como
fontes de conhecimento, e cujo principal expoente foi o inglês Francis
Bacon (1561-1626).

Apesar da importância adquirida pela experimentação nessa época, isto


não nos deve levar a pensar que antes do século XVII a filosofia natural
não valorizasse a observação dos fenômenos da natureza, pois, conforme
nos diz C. Z. Cameniestzki:

“qualquer estudioso que tenha um mínimo contato com a obra de Aristóteles ou com seus seguidores medievais sabe
que a filosofia escolástica é firmemente alicerçada na observação e no dado sensível imediato. O papel de Galileu nesse
aspecto não foi o de introduzir o dado empírico-sensitivo no pensamento científico, mas o conteúdo que a observação
passou a ter para a ciência”.
“qualquer estudioso que tenha um mínimo contato com a
obra de Aristóteles ou com seus seguidores medievais sabe
que a filosofia escolástica é firmemente alicerçada na
observação e no dado sensível imediato. O papel de Galileu
nesse aspecto não foi o de introduzir o dado empírico-
sensitivo no pensamento científico, mas o conteúdo que a
observação passou a ter para a ciência”.
Com Galileu, a observação passou a ser a experimentação.
Para Galileu, a Natureza revela seus segredos quando as
perguntas são formuladas matematicamente.

Não bastava mais observar as coisas, mas sim


“construir o fenômeno”, ou seja, formular uma
pergunta inserida num contexto teórico a qual
receberá como resposta um número, um ente
matemático.
Notas:

A importância que Aristóteles dava a observação na Biologia,


por exemplo, fica bem caracterizada no seu estudo do
desenvolvimento embrionário do pinto. Ele usou o método da
observação controlada para estudar a embriologia do pinto,
onde pretendia descobrir a seqüência do desenvolvimento dos
órgãos, abrindo a cada dia alguns ovos que estavam sendo
chocados, com o objetivo de fazer comparações.

Aristóteles insistiu na importância da observação em outras


ciências que não a Biologia, notadamente na Astronomia. Para
mostrar, por exemplo, que a forma da Terra era mais ou menos
esférica. Aristóteles usou o argumento da forma da sombra da
Terra lançada sobre a Lua. (ver O Nascimento de uma Nova
Física, B. Cohen).
EQUAÇÕES DE MAXWELL

εo E·dS = q

B·dS = 0

B·d = oεodE/dt + oi

E·d = – dB/dt
Onda Eletromagnética
As soluções mais simples da equação de onda
são ondas do tipo senoidal.

O estudo das propriedades dessas ondas simples


é relevante para o conhecimento das ondas
eletromagnéticas, pois é possível encontrar
soluções mais gerais mediante a soma ou
integração de ondas planas monocromáticas.
  A função de onda da onda senoidal
 
A forma de onda mais simples possível tem um perfil que pode ser representado por uma função
senoidal.
Uma onda senoidal é criada, por exemplo, agitando-se a extremidade de uma corda em um movimento
harmônico simples a qual tomará a forma da figura abaixo. Com tal agitação esta forma de onda se
mantém constante e deslocando-se para a direita.
 
   
 
 

No instante t=0, a curva cruzando a origem (x=0) pode ser descrita matematicamente por
 
y = Asen(kx) = Asen(2π/λ) x

  A constante positiva k é importante para garantir que o argumento do seno seja admissional (expresso em
radianos).
É claro que o valor de y é o mesmo quando x é aumentado por um número inteiro de λ, logo λ é o
comprimento de onda.
Se a onda se deslocar para a direita com uma velocidade v, a função
de onda em um tempo posterior t é:
 

y=Asen[(2π/λ)(x-vt)]
 

ou seja, a onda senoidal desloca-se de uma distância vt no tempo t.

Ver figura no slide adiante:


Em R´: y=Asen(2π/λ)x´
Em R: y=Asen[(2π/λ)(x -vt)]; x = x´ + vt → x – vt = x´;

O deslocamento (y) do ponto x no instante t é igual ao


deslocamento (y) do ponto x=0 no instante t-x/v.
No referencial R´: y´= Asen (2π/λ) x´ )
No referencial R: (x = x´ + vt → x – vt = x´; y=Asen[(2π/λ)(x-
vt)]
Se o deslocamento transversal não for zero em x=0 e
t=0, a função de onda é expressa, geralmente, na forma
y=Asen(kx-ωt+θ)

onde ω=2πv/λ ; k = 2π/λ

T=λ/v

 
 
 
Propagação retilínea versus fenômeno de difração
 
Propagação retilínea
 
Fenômeno de difração

A óptica geométrica é o conjunto de fenômenos ópticos em situações nas quais os efeitos


de difração e interferência são desprezíveis.
Propagação retilínea versus fenômeno de difração – Continuação
 

Uma imagem é nítida quando, para cada ponto do objeto, se obtém


um único ponto imagem, conforme figura abaixo.

A qualidade de uma imagem depende da quantidade de luz. Se


ampliarmos o furo da caixa, uma grande quantidade de luz entra,
porém a imagem fica borrada. Por outro lado se diminuirmos muito
o furo, a imagem também fica borrada.
 
No caso do furo grande, podemos interpretar a situação
dizendo que a cada ponto do objeto corresponde um pequeno
círculo na imagem.
No segundo caso, dizemos que a luz se difratou ao passar pelo
orifício. (Ao projetar instrumentos ópticos, cabe aos profissionais
do ramo minimizar estes e outros efeitos indesejáveis).
FISICA, Vol. II - ALONSO & FINN , CAPITULO 21

Em quais situações acima (retângulos) os efeitos de difração são


desprezíveis?
DIFRAÇÃO X INSTRUMENTOS ÓPTICOS
(CÂMARA ESCURA)
Medida da velocidade da luz
 
Roemer – 1676

•A medida do intervalo de tempo entre dois eclipses sucessivos


de um dos satélites de Júpiter, realizada com a Terra
movendo-se nas proximidades H, (em direção a L) permitiu a
Roemer organizar uma tabela de horários dos eclipses para o
ano inteiro, mas, para a sua surpresa, os eclipses não estavam
ocorrendo nos horários previstos pela sua tabela e sim depois.
 
i) - Com a Terra nas vizinhanças de H, o intervalo de tempo
entre eclipses era, digamos, T.
(O período verdadeiro é de 42,5 horas).

ii) Com a Terra nas vizinhanças de E havia um atraso de


aproximadamente 22 minutos em relação ao previsto pela Figura de um resumo dos
tabela construída para intervalos de tempo obtidos com a trabalhos de Roemer, publicado
em 1730.
Terra movendo-se nas vizinhanças de H.
 
Roemer:
“Eles são menores quando a Terra se move em
direção a Júpiter e mais longos quando ela se
afasta”.
 
E Roemer conclui:

“a luz gasta cerca de 10 minutos para percorrer a


distância do Sol à Terra; ela não viaja
instantaneamente, como afirma o Sr. Descartes”.
Römer atribuiu este intervalo de tempo ao tempo gasto pela luz para percorrer o diâmetro da órbita da
A primeira estimativa da velocidade da luz
 

Terra, o qual se constitui a única diferença geométrica entre a primeira e a segunda observação.

De acordo com Armando Gilbert (ver Origens Históricas da Física Moderna), com um valor grosseiro de
305 milhões de quilômetros e outros erros, Römer determinou pela primeira vez uma velocidade da
luz obtendo um valor da ordem de 350.000 km/s.

Pouco depois de Römer, o físico holandês, C. Huygens, com base em suas próprias estimativas do
diâmetro da órbita da Terra, calculou a velocidade da luz utilizando os dados de Römer e encontrou
um valor de aproximadamente 200.000km/s, em unidades atuais.

Somente em 1727 é que uma segunda medição da velocidade da luz viria a ser feita pelo astrônomo
inglês James Bradley, com base nas medidas da aberração da luz das estrelas..
Foucault e a velocidade da luz na água

Foucault – mostrou que velocidade da luz na água é men or que no ar:

Considere os trajetos G-E1-G (ar) e G-E2-G (água).

Caso a velocidade da luz na água fosse menor que no ar, ela iria realizar o trajeto G-E2–G em mais
tempo e deveria produzir uma imagem da fenda mais deslocada que a imagem I1, obtida no trajeto 1.

Isto foi o que Foucault constatou.


Vejamos como (Barthem, R., A Luz. São Paulo. Editora Livraria da Física, 2005):
 
- A luz proveniente de uma fenda F é focalizada pela lente L1 em um
espelho plano G situado em uma das faces de um eixo ortogonal girante.

- Na posição fixa G1, a luz se propaga até o espelho côncavo E1 e retorna


ao espelho G.

- O mesmo ocorre com o espelho plano na posição G2, onde a luz


atravessa o tubo cheio de água, após ter sido corretamente focalizada
com o auxílio de uma segunda lente L2.
Em cada uma das duas posições, a imagem da fenda é formada na
posição I, após a luz ter sido refocalizada pela lente L1, e desviada pelo
semiespelho SE.
 
Com o eixo em rotação, a luz, após ser desviada em direção aos espelhos
E1 e E2 conforme a superfície do eixo se encontre nas posições G1 ou G2,
respectivamente, retorna a G, que terá efetuado uma pequena rotação
devido ao tempo decorrido para a luz percorrer cada trajeto.
 
A imagem obtida através do trajeto 1 seria formada na posição I1. O
trajeto 2 implica a propagação da luz pela água. Então ...
Exercícios

Exercício 1 – A Luz e a Circunferência da Terra

No ano de 250 a.C., o sábio grego Eratóstenes (279-195 a.C.), ao ler um papiro
na Biblioteca de Alexandria (da qual era também diretor), teve a idéia de
como calcular a circunferência da Terra. Esta era uma idéia extraordinária,
pois, na época, muitos sábios pensavam que a Terra era plana. De acordo com
Carl Sagan, o texto do papiro dizia essencialmente o seguinte::
 
“[...] ao sul da cidade de Siena, próximo à primeira catarata do Nilo, ao
meio dia de 21 de junho varetas retas verticais não produzem sombra.
No solstício de verão, o dia mais longo do ano, quando as horas avançam
para o meio dia, as sombras das colunas do templo diminuem de
tamanho. Ao meio dia elas deixam de existir. O reflexo do Sol pode então
ser visto na água, no fundo de um poço profundo, quando está
exatamente sobre a cabeça do observador.
Após tomar conhecimento dos fatos,
Eratóstenes teve inicialmente o cuidado de
verificar se nesta mesma data de 21 de junho
ocorria o mesmo fenômeno, em Alexandria,
cidade onde ele estava. Como isto não se
verificou, já que em Alexandria a vareta tinha
uma sobra de um certo comprimento, então
Eratóstenes levantou a hipótese de que a Terra
seria não plana como muitos pensavam, mas
curva.

Com o objetivo de medir a sua circunferência,


ele contratou uma pessoa para medir a passos
a distância entre Siena e Alexandria (que
obteve o valor de 800 km). A partir desta Figura adaptada do livro Cosmos, de Carl Sagan.
medida e de considerações geométricas O ângulo A é de 7,2º, aproximadamente.
análogas às indicadas na figura ao lado,
concluiu que a circunferência da Terra deveria
medir 40.000km. (O valor aceito hoje é de
40.076km).
Calcule o valor encontrado por Eratóstenes
(use a figura).
Curiosidade:

No século I d.C., o geógrafo alexandrino, Strabo, escreveu:


 
“[...] “Eratóstenes diz que se a extensão do Oceano Atlântico não
fosse um obstáculo, poderíamos facilmente passar pelo mar da
Ibéria para a Índia. É bem possível que na zona temperada possa
existir uma ou duas terras habitáveis”.
 
Sagan, C., Cosmos, New York. Ballantine Books, p. 8.

 
Exercício 2 - Após experiência realizada em sala, propõe-se:
 
Coloque um lápis de 7,00mm de diâmetro sobre um papel branco paralelamente
ao piso do quintal de sua casa, num dia de Sol (aproximadamente a pino).
 
a) Levante o lápis lentamente e verifique a que altura, em relação ao piso, há o
desaparecimento completo da sombra (não confundir com penumbra).
b) A partir do resultado do item anterior e sabendo que a distância média do Sol
à Terra é de 1,5x1011 m, determine o diâmetro do Sol.
c) Explique a perda gradativa da nitidez antes de ocorrer o desaparecimento da
sombra.

3– a) Comparar as hipóteses necessárias para as soluções de 1 e 2.

b) Que figura você esperaria se formar quando um feixe de luz laser é barrado
parcialmente por um lápis colocado perpendicularmente à direção de
propagação do feixe?
Curiosidade - Primeiros relógios

Primeiros instrumentos de medida das horas foram criados provavelmente no Egito


antigo - o relógio de Sol - e foram denominados pelos romanos de horologium de onde
veio a palavra relógio.

Relógio de sol só media hora diurna. Os astrônomos egípcios criaram um instrumento


para medir as horas da noite - o relógio de água - posteriormente denominado clepsidra.
Primeiro registro de fração de hora vem da Grécia antiga, onde se usava a clepsidra para
medir tempo de discurso dos advogados.

A ampulheta veio em substituição às clepsidras nas regiões em que a água congelava.

Relógio de Sol Clepsidra Ampulheta


Modelos e Representações

Discussão complementar - se houver tempo


Modelos e Representações

Os modelos são representações das coisas e não as coisas!


 
A interação da luz com a matéria é um dos temas mais
importantes da Física.
No estudo dessa interação, geralmente um modelo de
matéria e de luz é proposto de forma que permita
interpretar microscopicamente os vários fenômenos físicos
e as aplicações tecnológicas deles decorrentes.
• É preciso ter cuidado, entretanto, para não confundir a
matéria com sua interpretação.

• Quando propomos um modelo de átomo, estamos


formulando uma hipótese sobre como seria algo que
sequer podemos ver.

• Dessa maneira, a interpretação ou o modelo depende


não só dos dados experimentais de que dispomos, mas
também da imaginação espacial e matemática, bem
como da intuição sobre a natureza, porque os modelos
são representações das coisas e não as coisas.
O Problema da Natureza da Luz:

Onda ou Partícula?
 
-
O Problema da Natureza da Luz: Onda ou Partícula?
 

- Dicotomia versus dualidade onda corpúsculo -

1) O que é uma teoria física?

Qual ou quais os objetivos de uma teoria física?

O que é um modelo físico?

E uma hipótese?

E uma lei?

E um princípio?
Modelo – é uma representação de um sistema físico. Não é
apenas uma réplica reduzida de um objeto; significa também uma
idéia, uma imagem.

modelo abstrato – esquema mental para organizar e explicar


observações
 
modelo material – replica reduzida de um objeto

O modelo atômico pode ser tomado como exemplo de um


modelo físico.

Nenhum modelo é perfeito: tanto o modelo abstrato feito de idéias, quanto o


modelo material de plástico e arame, por exemplo, não são de todo fieis. Por
isso são testados para verificação de quanto se aproximam da coisa real.
Dito de outro modo:

• É um conjunto de hipóteses sobre a estrutura


ou comportamento de um sistema físico pelo
qual se procura explicar ou prever dentro de
uma teoria física as propriedades do sistema.
Hipótese – é uma proposição que geralmente pode ser testada;
 
Lei – é um enunciado ou relação matemática que procura
descrever o comportamento da Natureza.
 
Princípio – é uma afirmação abrangente (uma lei de caráter
geral) que engloba diversas áreas da Física e não depende de
nenhuma afirmação anterior.
 
Teoria – é uma construção mais geral formada por leis,
princípios, hipóteses e modelos que procura interpretar e
sobretudo unificar um dado domínio de fenômenos naturais.
Relaciona fenômenos que parecem não estarem relacionados.
2) Influência das concepções mecânicas na Física:
 
Modelo mecânico – a partir do século XVII e pelo
menos até o século XIX, prevaleceu a convicção
entre os cientistas de que o mundo e tudo em que
nele existe seria constituído por matéria em
movimento; isto levou os cientistas a procurarem
modelos mecânicos que se aplicassem à luz e ao
eletromagnetismo também.
 
 
Exemplos de modelos mecânicos para a luz:
 
-Modelo corpuscular da luz - usado para explicar,
por exemplo, o modo como esta se reflete no
espelho (como bola de pingue-pongue).
(A Óptica Geométrica é essencialmente um modelo de partículas)

-Modelo ondulatório da luz - usado também para


explicar seu comportamento na reflexão,
refração etc.
Questão: Até que ponto o modelo ondulatório
ou o modelo corpuscular é adequado para
explicar o comportamento da luz?
3) O que é a luz? (Qual a sua natureza?)
 
3) O que é a luz? (Qual a sua natureza?)
 

Como se apresenta, em forma de partícula ou onda?


4) O problema da natureza da luz desde suas origens
 
a.C. - gregos
 
- em tempos passados, a luz era freqüentemente
confundida com visão;
(“O Sol espreita por entre as nuvens”)

 
- na Grécia antiga, o interesse principal era compreender o
mecanismo da visão, ou melhor, entender o que deveria
existir no espaço compreendido entre os nossos olhos e os
objetos que vemos, sem entretanto, o aprofundamento das
ideias sobre a natureza da luz.
 
Natureza corpuscular (?)
 
- entre os filósofos da antiguidade prevalecia a crença de que a luz
tinha uma natureza corpuscular.

Demócrito (460-357 a.C.) - baseado no seu conceito de atomicidade,


acreditava que o feixe luminoso provinha dos objetos e penetravam
nos olhos para formar a imagem
 
Pitágoras, ou melhor, os pitagóricos presumiam que a visão era
causada por algo emitido pelo olho; um “fluxo visual”.
 
Platão (428-348) – adotava uma teoria intermediária,
admitia a existência de raios emanados dos olhos e raios referentes à luz
do dia (fonte externa) e atribuía “a sensação a que nós chamamos ´ver`”
a raios que resultavam da união e conciliação dos anteriores, ao longo
da linha de visão, após estes tocarem em, ou ser tocado por algo.
De acordo com Platão:

“Desse modo, quando a luz do dia cerca o fluxo da visão, o


semelhante recai sobre o semelhante, tornam-se compactos
unindo-se e conciliando-se num só corpo ao longo do eixo da
visão; o que acontece onde quer que aquele fogo que sai do
interior contate com o que vem do exterior. Assim, gera-se uma
homogeneidade de impressões, pois o todo é muito
semelhante; se esse todo tocar em algo ou se algo tocar nele,
distribui os seus movimentos por todo o corpo até a alma, e
produz a sensação a que nos chamamos ´ver`”.

• Extraído do livro Timeu (p. 119). Disponível em:


<https://docviewer.yandex.com/view/0/?
*=yUtunlFhySdmEbq62YIo0xCqa7J7InVybCI6InlhLWRpc2stcHVibGljOi8vemN2cFFNdjNBL0lYK2FEaWdoaklHTytwTV
pBOUJLSmsrN0ZTMnNlM0FzQT0iLCJ0aXRsZSI6IlRpbWV1IC0gUGxhdMOjby5wZGYiLCJ1aWQiOiIwIiwieXUiOiIyN
DU2Njc0NzExNDk1NjU2Njg1Iiwibm9pZnJhbWUiOmZhbHNlLCJ0cyI6MTQ5NTY1NjcxMjAxMH0%3D>
Natureza ondulatória (?) -

Aristóteles (384-322 a.C.) – para Aristóteles, a luz decorria de


uma atividade em determinado meio.
 
Da mesma forma que

- a voz humana põe em movimento o ar ambiente que agita


algum elemento do ouvido,

- o objeto luminoso vibra, pondo em movimento um meio


indefinido – a que ele chamou de diáfano- o qual por sua vez
provocaria o movimento de humores que fariam parte da
composição do olho.
A respeito da concepção dos pitagóricos,
Aristóteles indagava:
 
“Se a visão tivesse efeito quando a luz saísse
do olho, como de uma lâmpada, por que não
seria igualmente possível a visão no escuro?”
1038 d.C - Al Hazen, físico e matemático iraquiano

– também rejeitava a idéia dos “raios visuais” dos pitagóricos.

1500 d.C. (aproxima.) - Leonardo da Vinci

– especulou sobre a possibilidade da luz ter um caráter ondulatório


ao notar a semelhança entre os ecos sonoros e a reflexão da luz.

Século XVII
 
- o caráter filosófico do conflito entre as ideias pitagórico-
platonistas de um lado e das idéias aristotélicas, do outro,
predominou até o século XVII, quando passou para o plano
científico com os trabalhos de:
Século XVII

René Descartes (1637) – visão/transmissão de caráter corpuscular / velocidade


da luz maior nos meios mais densos

Pierre de Fermat (1661) – velocidade da luz é menor nos meios mais densos
 
Isaac Newton (~1670) – ver Descartes
 
Cristiaan Huygens (1678) – visão ondulatória / velocidade menor nos meios
mais densos
 
Outros.
 
Até a primeira metade do século XVII
 
o progresso científico e tecnológico no ramo da Óptica envolvia
essencialmente os fenômenos de
 
- reflexão – Euclides (?) (323-285 a.C.) e Al Hazen (1038 d.C.)
 
- refração – Willebroad Snell (matemático holandês/entre
1621 e 1625)
 
- Thomas Hariot (matemático inglês/por volta de 1616)

- Descartes - Fermat – Newton – Huygens


 
A partir da segunda metade do século XVII
 
outros fenômenos importantes da Óptica foram descobertos
experimentalmente:

- difração (1665) – Francesco Grimaldi – italiano


 
- interferência (1665) – Robert Hooke/Robert Boyle – ingleses

- polarização (1678) – Huygens – holandês


 
Os fenômenos de difração e interferência – que são essencialmente
ondulatórios – não podiam ser explicados, satisfatoriamente, a partir do
conceito de raio luminoso e do modelo da luz como um feixe de
partículas

 
Século XVIII
 
– as teorias de Newton para explicar os fenômenos
luminosos – supostamente puramente corpusculares –
prevaleceram por todo esse século devido ao prestígio que
Newton gozava na comunidade científica, apesar de não
explicarem, satisfatoriamente, os fenômenos de difração e
interferência.
 
Século XIX –
Início do século XIX

Como consequência, surgem, no início do século XIX, os


defensores a teoria ondulatória da luz, isto é, da
explicação dos fenômenos envolvendo a luz a partir do
conceito de onda luminosa:

Thomas Young – experiência da dupla fenda

Jean Augustin Fresnel – propagação retilínea versus


fenômeno de difração
Meados do século XIX
 
Em meados do século XIX, Foucault mostra, pela primeira vez, que
a velocidade da luz em meios mais denso que o ar é menor que a
velocidade da luz em meios menos densos, confirmando as ideas
de Huygens e outros.
 
Maxwell – 1855-1873 - a luz é uma onda de natureza
eletromagnética
 
Hertz – 1887
- confirmação das previsões de Maxwell

- descoberta do efeito fotoelétrico


(1872?/russo/Alexandre Stoletov)
Século XX
 
Einstein – 1905
– modelo corpuscular para explicar o efeito fotoelétrico
– dualidade onda-corpúsculo para o fóton
 
Louis de Broglie – 1924
– dualidade onda-corpúsculo para partículas materiais
 
Erwin Schrödinger – 1925
– usa a idéia proposta por L. de Broglie e formulou sua famosa
equação de onda, conhecida hoje como equação de Schrödinger
 
Clinton Davisson e Lester Germer – 1927 –

confirmação da hipótese de L. de Broglie com a realização


da experiência de difração de elétrons

Jönsson – 1961

– confirmação da hipótese de L. de Broglie com a realização


da experiência da fenda dupla de Young para elétrons.
LUZ
 

O que é a luz?
 
Como se apresenta, em forma de partícula ou onda?
 
 
Em termos bem simples, a luz é uma forma de energia. Ela não é onda
(clássica) nem partícula (clássica). Ela é composta por fótons que são
partículas especiais, às quais estão associada propriedades
ondulatórias.
 
Grande parte dos fenômenos luminosos pode ser estudada admitindo-
se que a luz seja uma propagação ondulatória. Mas nem todos.
 
 
Reflexão

Discutindo alguns resultados experimentais


Imagens de um objeto multiplicadas por associação de espelhos

Imagens de um objeto multiplicadas por associação de espelhos


 
Uma propriedade importante de todas as imagens formadas por
superfícies refletoras ou refratoras é que uma imagem pode servir
como objeto para a formação de outra imagem para uma segunda
superfície ou dispositivo óptico.
 
A idéia de que uma imagem formada por um dispositivo óptico
pode servir como objeto para a formação de outra imagem para
um segundo dispositivo é de importância fundamental na óptica
geométrica.

Esta idéia é usada, por exemplo, para localizar a imagem que sofre
duas refrações sucessivas nas superfícies curvas de uma lente.
Permite também entender a formação de imagens em dispositivos,
contendo combinações de lentes tais como um microscópio ou um
telescópio. 
Nota:

Uma rede de refletores de canto (dois espelhos mutuamente


perpendiculares; figura acima) foi colocada na Lua pela nave
espacial Apolo. Com este sistema pode-se medir a distância Terra-
Lua com erro inferior a 0,15m. Mostre que os raios refletidos por
estes espelhos são paralelos aos raios incidentes, enviados da Terra.
Raio de luz
Conceito

Um raio é uma linha traçada no espaço com a


direção de propagação do fluxo de energia radiante.
De acordo com o modelo corpuscular:
 
1) Um raio de luz é uma linha traçada no espaço na direção em que as
partículas se deslocam.

2) Reflexão - Na reflexão, os ângulos de incidência e de reflexão são iguais


(Lei da Conservação do Momento Linear? Da componente horizontal? Ver livro da Coleção Harvard));

3) Refração - A refração envolve mudança de velocidade das partículas


quando passam de um meio para outro.
Quando é uma força atrativa que está a atuar, o
módulo da velocidade aumenta e o raio se aproxima da
normal;
De acordo com o modelo ondulatório:
 
1) Um raio de luz é uma linha traçada no espaço perpendicularmente à linha das
cristas das ondas. Este raio representa a direção segundo a qual um conjunto de
ondas paralelas se propaga.

2) Reflexão - Na reflexão o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão;

3) Refração - A refração envolve uma mudança da velocidade e do comprimento de


onda quando a onda muda de meio.
Quando a velocidade diminui o comprimento de onda também diminui e o raio
aproxima-se da normal (ar-vidro, por exemplo).
Dicotomia onda x corpúsculo
- Reflexão e Refração -

Preliminares:

Considere um feixe de luz incidindo na superfície de separação de


dois meios. O que acontece quando a luz encontra tal superfície?
(ar-vidro, por exemplo)

A resposta a esta questão difere conforme se adote a teoria


corpuscular ou a teoria ondulatória para a luz. E é isso o que
vamos ver a seguir.
 
 
Raio de luz nos modelos corpuscular e ondulatório

No modelo corpuscular:
 
Um raio de luz é uma linha traçada no espaço na
direção em que as partículas se deslocam.
No modelo ondulatório:
 
Um raio de luz é uma linha traçada no espaço
perpendicularmente à linha das cristas das ondas
Este raio representa a direção segundo a qual um
conjunto de ondas paralelas se propaga.
Raio de luz –

Um raio é uma linha traçada no espaço na


direção de propagação do fluxo de energia
radiante. (Óptica, Eugene Hecht, p. 92)

É mais um utensílio matemático que um conceito físico


ESTUDO DA REFLEXÃO DA LUZ

Euclides de Alexandria (323-285 a.C.) matemático grego –


 
Em seu livro denominado Catóptrica, Euclides descreve o
comportamento do feixe luminoso refletido por espelhos
planos côncavos e convexos e, admitindo a trajetória retilínea
para este feixe, além de elementos de geometria, demonstrou
a lei da reflexão da luz (Bassalo, Tomo 5, p. 13):

- o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão;


 
No seu livro Óptica, para saber a altura de uma dada elevação
quando o Sol não está brilhando a pino, Euclides escreve:
[Óptica de Euclides, Traduzido por Harry Edwin Burton, Journal of the Optical Society of America, vol. 35, pp. 357 a 372 (1945)]
Figura x – Figura extraída do Óptica de Euclides.

“Seja uma certa elevação, AB, e seja o olho G


[...]. Agora, desde que o raio GL tenha incidido e
o raio LA tenha se refletido, eles são refletidos a
iguais ângulos, como foi dito no Catóptica, então
o ângulo GLT é igual ao ângulo ALB. Mas Figura x – Figura extraída do
também o ângulo ABL é igual ao ângulo GTL; e o Óptica de Euclides.

ângulo remanescente LGT é igual ao ângulo


remanescente LAB. Então os triângulos ALB e
GLT têm os mesmos ângulos. [...]”  
 
• [Óptica de Euclides, Traduzido por Harry Edwin Burton, Journal of the Optical Society of America, vol. 35, pp.
357 a 372 (1945)]

De acordo com J. M. F. Bassalo, Crônicas da Física (Tomo II, p. 563), esta lei só
viria a ser completada mais de mil anos depois pelo físico e matemático
iraniano Abu-ali Al Hasen Ibn Al Haythan (Al Hazen) ao afirmar que (1038
d.C.)
Notas

- O termo Catóptrico, refere-se a uma sistema em que ocorre


reflexão da luz, contrapondo-se a dióptrico que é um sistema
em que ocorre refrações.

- Newton entendia por um raio de luz

“as partes mínimas da luz e as que tanto são sucessivas nas


mesmas linhas como simultâneas em várias linhas”
[Óptica, p. 39, Definição I].
- Note que essa visão de raio de luz é indiferente ao
modelo que está sendo usado para descrever o
comportamento da luz. Na página 202 do Óptica,
Newton afirma:

“Os raios de luz, sejam eles corpúsculos


projetados ou apenas movimento ou força
propagados, se movem em linhas retas ...”
Obtenção da lei de reflexão de três modos diferentes
 

1) O modelo corpuscular e a lei da reflexão da luz


 
Questão: seria possível prever que os ângulos de
incidência e reflexão são iguais, com base no
modelo corpuscular?

Para responder a esta questão devemos primeiro


considerar as características da superfície:
 
Uma superfície de vidro, por exemplo, é rugosa, e Figura x - Superfície de
um espelho vista através
pequenas esferas de matéria deveriam dispersar- de um microscópio
eletrônico. A superfície é
se em todas as direções. Não refletiriam nem um filme de alumínio de
espessura de 3-micro.

refratariam unidirecionalmente. Aumento de 26.000


vezes. Extraída de
Projecto Física
Em razão de dificuldades como esta, Newton argumentou que deveria
existir
“alguma propriedade do corpo, distribuída uniformemente pela sua
superfície e que atuaria sobre o raio sem contato direto” para que
houvesse a reflexão ou refração.

O modelo mais simples seria o de uma força repulsiva que atuasse


apenas na direção normal à superfície.

À medida que a partícula de luz se aproximasse de um outro meio, teria


em primeiro lugar que vencer a força (propriedade) repulsiva.

(Se conseguisse, encontraria então uma força atrativa e a velocidade


aumentaria num meio mais denso).
DISCUSSÃO DA LEI:
O sistema em análise será o de uma partícula

em movimento sobre a qual, em algum instante,


atua uma força exercida perpendicularmente
pela superfície.
(Ver exercício 13.7 da Coleção Harvard)

As componentes do momento da partícula incidente são:


pi = pisenθi i - picosθi j
As componentes do momento da partícula após ser refletida são:
pf = pfsenθf i + picosθf j

A força repulsiva devido à superfície refletora é perpendicular à direção da componente x


do momento da partícula incidente, isto é,
Fsuperfície refletora ┴ px
 
Sendo assim, a componente x do momento da partícula, px, não sofre alteração (a
componente y, py, sofre alteração) o que implica em pxi = pxf :
 
pi senθi = pf senθf
Por razões pedagógicas, vamos agora modelar a luz de
dois modos diferentes para vermos o que podemos
obter:

- supondo a luz constituída por partículas análogas


às partículas clássicas
(Ver exercício 13.7 da Coleção Harvard)

- supondo constituída por partículas não clássicas, os


fótons. (Ver Hecht, Óptica, p. 130)
a) Supondo a luz constituída por partículas análogas às partículas
clássicas:
 

Neste caso, o módulo do momento da partícula poderia ser


escrito na forma: p=mv:
 

Se a força repulsiva exercida pela superfície refletora, não efetua


trabalho sobre a partícula, então, pelo teorema trabalho-energia:
 
W = ΔEcin = 0 → Ecin inicial = Ecin final
 

Do resultado anterior, pi2/2m = pf2/2m → pi = ± pf


 
(Rigorosamente pi = ± pf, mas o sinal negativo não tem significado aqui)
  
Sendo assim, senθi = senθf → θi = θf
CQD
Logo após publicar seu primeiro trabalho em Óptica, Newton sofreu severas
críticas de R. Hooke por ter defendido a corporeidade da luz (luz como
substância material).
Como já citamos, em um artigo de 1672, em resposta às críticas de Hooke,
Newton admite a corporeidade da luz, mas o faz, conforme ele diz, sem uma
certeza absoluta:

 
“É verdade que, em minha teoria, defendo a corporeidade da luz;
mas eu o faço sem uma certeza absoluta, como a palavra talvez dá
a entender; e o faço como não mais que uma conseqüência muito
plausível da teoria não como uma suposição fundamental ...”
 

[Newton I., Phil. Trans. 18, 5084 (1672)] [Silva, F. W. O. da, Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 31, n 1, 1601 (2009), p. 4]
No livro “Sutil é o Senhor...”: a ciência e a vida de Albert Einstein, Abraham Pais diz que [pág. 482]:
 

“Ocasionalmente, tem-se especulado que o fóton pode ter


uma massa pequena, não nula. Portanto a informação
experimental direta sobre a massa do fóton é uma questão
de interesse. A melhor determinação desta massa provém de
observações astronômicas. O limite superior atual é de 8x10-
49
g”
No Óptica, publicado em 1704, Newton não defendeu
abertamente a materialidade da luz.
Nas chamadas Questões, e em outras partes, apresentou
discussões conceituais sobre a interação da luz com outros corpos
por forças agindo à distância.

Na ¨Questão 1”, ele diz:


 
“Não atuam os corpos sobre a luz à distância, e pela sua ação
encurvam os seus raios, e não é esta ação (caeteris paribus)
mais forte quando a distância é menor?”
 
Ano de 1919 – Em uma reunião conjunta da Royal Society e Royal Astronomical
Society (realizada algumas semanas depois da famosa reunião de 6/11 em foi
anunciado o resultado das medidas da deflexão da luz em Sobral e Ilha de
Príncipe), Joseph John Thonsom, declarou: [Pais, p. 361].
 

“A deflexão da luz pela matéria sugerida por Newton na


primeira de suas questões, seria, por si só, um resultado de
importância científica de primeira ordem, é ainda mais
importante quando este valor está de acordo com a lei da
gravitação proposta por Einstein.”
b) Considerando a luz formada por partículas não clássicas:
 

Isto corresponde a considerar a luz constituída por fótons.


 
Neste caso, o módulo do momento da partícula poderia ser escrito na forma:
p=h/λ.
 

(a relação p = hν/c = h/λ, para o fóton, foi desenvolvida nos trabalhos de


Einstein entre 1909 e 1916 e foi escrita explicitamente, pela primeira vez, por
Stark, em 1909).
 

 
Suponhamos que este fóton seja um entre os bilhões de fótons que
constituem o feixe (laser, por exemplo) e vejamos a dinâmica que estaria
associada ao movimento deste fóton.
 
De resultados experimentais sabe-se que é possível transmitir o
momento de um feixe luminoso para um meio material (1901). (ver
figura adiante)

Tendo em conta que a componente x do momento, é conservada (como


obtido anteriormente), então podemos escrever:

pxi = pxf ou pi senθi = pf senθf  


Como o meio é o mesmo,
λi = λf e pi = pf

 Logo, senθi = senθf → θi= θf


Notas:

Esta é uma representação demasiado simples; tem valor


apenas pedagógico. Note que não foi feita aqui nenhuma
referência à probabilidade que um fóton tem de seguir uma
dada trajetória, nem à estrutura atômica do meio.

(Ver E. Hecht, Óptica, p. 130)


2) O modelo ondulatório e a lei da reflexão

A teoria de Huygens é baseada numa construção geométrica chamada


princípio de Huygens.
Todos os pontos de uma frente de onda devem ser considerados
como fontes puntiformes para produção de ondas esféricas
secundárias; depois de um certo tempo t a nova posição da frente de
onda é a superfície que tangencia essas ondas secundárias.
Nas palavras de Huygens:

“O ponto C da onda AC, em um certo tempo, avançará para o ponto B


no plano AB, ao longo da linha CB, que supõe-se vindo da centro
luminoso e que conseqüentemente é perpendicular a AC. Ora, nesse
mesmo espaço de tempo, o ponto A da mesma onda, que foi impedido
de comunicar seu movimento para além do plano AB, pelo menos em
parte, deve ter continuado seu movimento na matéria que está
acima desse plano, e isso em um alcance igual a CB, produzindo sua
onda esférica particular de acordo com o que foi dito acima.” ...
Considere uma onda plana refletindo numa superfície.
De acordo com a construção de Huygens:

Considere os triângulos alp e a`lp

Estes triângulos têm os lados lp comuns e


al = a`p = λ . Portanto eles são iguais e

θ1= θ1`
que é a lei de reflexão 
Princípio de Huygens
 

Huygens concebeu seu princípio no contexto de um éter


que preencheria todo o espaço. Em suas próprias palavras:
 
“No estudo da propagação destas ondas deve-se
considerar que cada partícula do meio através do qual
a onda evolui não só transmite o seu movimento à
partícula seguinte, ao longo da reta que parte do ponto
luminoso, mas também a todas as partículas que a
rodeiam e que se opõem ao movimento. O resultado é
uma onda em torno de cada partícula e que a tem
como centro.” (Hecht, p.87)
 
O princípio de Huygens foi proposto sem uma
justificativa de sua validade. No século XIX
Fresnell modificou este princípio e pouco depois
Kirchhoff mostrou que o princípio de Huygens
decorre diretamente da equação de onda:

dando-lhe, portanto, uma base matemática


De acordo com Huygens, cada ponto de uma frente de onda
é uma fonte puntiforme. Mas isto não poderia ser pois,
neste caso, existiriam ondas propagando-se para trás.
Huygens apenas ignorou estas ondas.

Ao aperfeiçoar o método de Huygens, Kirchhoff relacionou


a intensidade das ondículas com um ângulo, e a intensidade
das mesmas é nula quando se propagam para trás.
 
3) O Princípio de Fermat e a lei da reflexão
 
- Teria sido Heron de Alexandria, provavelmente no século II a.C., o
primeiro a encontrar a lei da reflexão da luz a partir do princípio de
que

“um raio de luz que passa por dois pontos, havendo-se refletido
entre eles, o faz de tal modo que o trajeto seja o mais curto possível”

para o qual o ângulo de incidência deve ser igual ao ângulo de


reflexão.
- Para Fermat (ampliando o princípio de Heron),

a luz ao propagar-se de um ponto para outro, o faz


pelo caminho para o qual o tempo de percurso é
mínimo, mesmo que para isso, tenha de desviar-se
relativamente ao caminho mais curto
(Precursores do princípio da mínima ação?)
Um raio liga dois pontos fixos A e B passando por um ponto P.

O comprimento total é: l = √(a2 + x2) + √[b2 + (d-x)2]

De acordo com Fermat, P terá uma posição tal que o tempo de


percurso seja mínimo ou, equivalentemente, l deve ser um
mínimo (dl/dx = 0) já que t=l/c e c é uma constante:

dt/dx = (1/c) dl/dx

donde x/√(a2 + x2) = (d-x) / √[b2 + (d-x)2]

ou

senθ1 = senθ1` → θ1 = θ1` que é a lei da reflexão.


Vejamos o que diz o próprio Heron, no seu Catóptrica:
“Praticamente todos os que escreveram   sobre dióptrica e óptica estavam em
dúvida por que os raios provenientes  de nossos olhos são refletidos por
espelhos e por que as reflexões são em ângulos iguais. Agora, a proposição
de que nossa vista se dirige em linhas retas provenientes do órgão da visão
pode ser justificada da seguinte forma. Qualquer coisa que se mova com
velocidade imutável move-se em linha reta. ... Em razão da força propulsora,
o objeto em movimento luta para percorrer a distância mais curta possível,
pois ele não têm tempo para movimento mais lento, isto é, para movimento
numa trajetória mais longa. A força propulsora não permite tal retardo. E
assim, em razão de sua rapidez, o objeto tende a mover-se na trajetória
mais curta. Mas a mais curta de todas as linhas, tendo o mesmo ponto
final, é a linha reta. ... Agora pela mesma razão, isto é, por uma
consideração da rapidez da incidência e da reflexão, nós provaremos que
estes raios são refletidos a iguais ângulos no caso dos espelhos plano e
esférico. Para nossa prova, devemos novamente fazer uso das linhas de
mínimo.

Yousgrau, W. and Mandesltam, S., Variational Principles in Dynamics and Quantum Teorie. New York. Dover Publications. 1968, p. 5.]
Na época de Heron, o método usado pelos filósofos para fazer
demonstrações teóricas era o método geométrico, o que perdurou até
pelo menos o século XVII. A metodologia usada por Huygens, por
exemplo, no seu “Tratado sobre a luz”, foi ainda essencialmente
geométrica. Se, entretanto, usarmos os recursos do cálculo diferencial e
integral, inventado no século XVII, veremos que a lei da reflexão pode ser
obtida do princípio de Heron de forma extremamente simples. Para isto,
considere a Figura xx onde se vê um raio ligando dois pontos A e B
passando pelo ponto P. O comprimento total do trajeto entre os pontos A
e B é expresso por:

l = √(a2 + x2) + √[b2 + (d-x)2]


 

De acordo com Heron, P terá uma posição tal que o tempo de percurso
seja mínimo, ou seja, l deve ser um mínimo. Derivando a expressão para
l e igualando a zero (condição de para achar o extremo da função)
ficamos com:

x/√(a2 + x2) = (d-x) / √[b2 + (d-x)2]


 
Este resultado pode ser expresso também em termos dos ângulos θ1 e
θ2, que os raios incidentes e refletidos, respectivamente, fazem com a
normal ao plano:
 
semθ1 = senθ1` → θ1 = θ1` que é a lei da reflexão.
Propagação Retilínea versus Teoria Ondulatória
Newton já observava ser difícil explicar a propagação retilínea com base na
teoria ondulatória.
 
Qual a explicação de Huygens para a propagação retilínea?
  
a) Primeiro vamos introduzir o conceito de envoltória.

O que é uma envoltória de uma família de superfícies?


 
Considere todas as ondas secundárias emanadas de pontos da frente de
onda inicial não obstruídos por obstáculos (ver figura).
 
A frente de onda num instante posterior é a envoltória dessas ondas
secundárias.

- A envoltória é uma superfície que é tangente a todas as superfícies da


família
b) Considere a figura abaixo, em que há um obstáculo obstruindo
parcialmente a onda. Como é gerada a envoltória, nesse caso?
 
 
Neste caso, a envoltória CE (na figura ao lado) é gerada apenas pelos
pontos de HI (entre H e I) não obstruídos e por isto fica limitada pelos raios
extremos AC e AE que passam pela abertura (e então a propagação seria
retilínea).
 
Existiria luz na região da sombra, segundo Huygens?
(Resp.: Sim)

Propagação retilínea, segundo


Embora exista penetração de ondas secundárias na região de sombra, a
Huygens. Figura adaptada do
envoltória
seu livro. é interrompida em C e E, e ondas secundárias sem envoltória,
segundo Huygens, são fracas demais para serem percebidas.
A ideia básica de Huygens, com base em seu princípio, é a
de que cada onda secundária isoladamente é demasiado
fraca para produzir efeitos perceptíveis. Só produzem
efeitos na envoltória Σ, porque sobre ela muitas ondas
secundárias vizinhas se reforçam.
(Ver M. Nussenzveig, p. 5)

 
Huygens:
“E, assim, vemos as razões pelas quais a luz ... se propaga
somente em linha reta, de modo que não ilumina nenhum
objeto, a menos que esteja livre em percurso retilíneo entre
estes e a fonte”.
 
(Huygens parece não acreditar ou desconhecer a existência da difração)
Exercícios

1. Qual o “absurdo” do postulado quântico?


2. Como resolver a contradição posta pelo postulado quântico?
3. Qual a diferença entre modelo, hipótese e teoria física?
4. Qual (is) a(s) concepção (ões) dos gregos sobre a luz?
5. O que é um raio de luz?
6. Consegue-se formar um feixe luminoso cada vez mais estreito
fazendo-o passar através de fendas cada vez mais estreitas?
7. Encontre a lei da reflexão da luz a partir do modelo corpuscular
(Lei da Conservação do Momento Linear), do modelo ondulatório
(Huygens) e a partir do Princípio de Fermat.
8. Que razões tinha Roemer para pensar que o eclipse de
determinado satélite de Júpiter se observaria mais tarde de que o
previsto?
9. Qual foi a conseqüência mais importante do trabalho de Roemer?
10. Dizem que o espelho inverte a direita e a esquerda. Por que o espelho não
inverte também em cima e embaixo?
 

a) O objeto O é a mão esquerda;


sua imagem I é a mão direita;
b) Estudos de um objeto refletido,
formado de três flechas

Questão - É mais certo dizer que o espelho troca a parte da frente pela parte
de trás ao invés da direita pela esquerda? Não seria mais apropriado, neste
caso, falar em imagem reversa em lugar de imagem inversa?
 
Observação: Formação de imagem virtual de um objeto por um espelho plano
 
Seares/Zemansky-Young/Freedmann, Física IV, 2005:
“Um observador que esteja vendo apenas os raios refletidos pela superfície e que não
sabe que está vendo uma reflexão pensa que os raios estão emanando do ponto em que
se forma a imagem”. Um ponto-imagem seria apenas uma forma conveniente de
descrever as direções dos diversos raios refletidos.

A. Máximo e B. Alvarenga, Física, Vol. 2, 2006, pág. 162:


“O nosso cérebro, ao receber o feixe refletido na superfície do espelho, tem a ilusão de
que ele provem de um ponto situado atrás do espelho. Isto acontece porque ele está
habituado a perceber que qualquer ponto luminoso emite um feixe luminoso
divergente. A imagem fornecida é, pois, uma ilusão da ação conjunta dos nossos olhos e
do nosso cérebro que costuma ser denominada “ilusão de óptica”. Toda imagem virtual
que percebemos é uma conseqüência de um processo como este, uma percepção
ilusória do nosso cérebro”.
 
Questão – E quanto à máquina fotográfica? Ela também pensa que os raios estão
emanando do ponto em que se forma a imagem? Ela também teria uma percepção
ilusória da imagem virtual?
Refração da luz

Explicando os experimentos
Considere a figura
Note que

n = senθ2 / senθ1

n = p / p`

ou p` = p / n
Supondo ângulo de incidência, pequeno, tgθ
≈ senθ p` = p / 1,33
n1senθ1 = n2senθ2
Questão:
Para que ângulo de incidência na interface água-acrílico vai
haver reflexão total na interface acrílico-ar?
Para que ângulo de incidência na interface água-acrílico vai haver
reflexão total na interface acrílico-ar?
Considere a figura
Considere a figura

Supondo ângulo de incidência, pequeno:


tgθ ≈ senθ
Considere a figura
Lei dos senos

n = senθ2 / senθ1

Supondo ângulo de incidência, pequeno,


tgθ ≈ senθ
Considere a figura
Lei dos senos

n = senθ2 / senθ1

Supondo ângulo de incidência, pequeno, tgθ


≈ senθ

n1senθ1 = n2senθ2;
Considere a figura
Lei dos senos

n = senθ2 / senθ1

Supondo ângulo de incidência, pequeno, tgθ


≈ senθ

n1senθ1 = n2senθ2;
Considere a figura
Lei dos senos

n = senθ2 / senθ1

n = p / p`

ou p` = p / n
Supondo ângulo de incidência, pequeno, tgθ
≈ senθ p` = p / 1,33
n1senθ1 = n2senθ2;
Refração da luz

Aspectos históricos
REFRAÇÃO DA LUZ

O que é a refração?
 
Em Óptica, a refração é um fenômeno que resulta da mudança da
velocidade da luz quando esta atravessa a superfície de separação de dois
meios transparentes diferentes

Do latim refractu, que significa “quebrado”

Definição de índice de refração: n = c/v

v é a velocidade média da luz no meio


(Ver Serway e Jewett, Princípios de Física, V. 4)
Século I a.C. – Cleomedes –
 
Apesar de haver referências anteriores (Platão, Aristóteles,
Euclides, Posidônio Rodio), parece ter sido o primeiro a
estudar seriamente o fenômeno da refração

Experimento da moeda no fundo de um recipiente


inicialmente vazio que pode se tornar visível ao se
colocar água. Pela mesma razão poderíamos ver o Sol
após estar abaixo do horizonte.
 
Conhecia também o fato de que o feixe se aproxima da
normal quando passa de um meio menos denso para um
meio mais denso (não conseguia explicar o porquê)
Século II d.C. - Cláudio Ptolomeu -

-Na sua obra podem ser encontrados os conceitos mais perfeitos e os cálculos
mais exatos referentes à Óptica, na Antigüidade.
 
-Método experimental de abordagem dos fenômenos;
 
-Tentativa de estudar analiticamente o fenômeno de refração através de tabelas
de índices de refração relativas a diversos meios (ar-vidro, ar-água, água-vidro)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Θi (o) θr (o) θi / θr senθi/senθr

• 10 8 1,25 1,25
• 20 15 ½ 1,29 1,28
• 30 22 ½ 1,33 1,30
• 40 29 1,38 1,32
• 50 35 1,43 1,34
• 60 40 ½ 1,48 1,33
• 70 45 ½ 1,54 1,32
• 80 50 1,60 1,29
Θi (o) θr (o) θi / θr senθi/senθr

3,00 2,25 1,33 1,33


5,00 3,75 1,33 1,33
Ptolomeu notou que, para pequenos ângulos, a relação entre os
mesmos permanece constante.

Não chegou à lei dos senos.


Século XI (1038 d.C.) – Al Hazen

Corrige algumas deduções de Ptolomeu sobre refração


   
Século XVII –
 
Thomas Hariot, manuscritos de 1616 – Museu Britânico
 
Willebroad Snell, entre 1621 e 1625 – descoberta experimental
(resultados amplamente divulgados por Huygens)
 
René Descartes, 1637– dedução teórica 

encontram a expressão correta da lei dos senos da refração:


n= seni / senr
Kepler, 1604 - já tinha tentado estabelecer relações
trigonométricas para explicar o fenômeno da refração tendo
chegado à expressão:

i - r = k1i + k2/cosr

  A trigonometria só foi usada na Óptica a partir do século XVII.


Até o século XVI era usada na Astronomia e na Geometria. Foi
fundada por Hiparco de Niceia, por volta de 140 a.C.
A descoberta da chamada lei de Snell-Descartes foi um dos
grandes momentos da Óptica.

Sua divulgação abriu as portas para a Óptica aplicada


contemporânea ao permitir a compreensão de como os raios
são refratados ao atravessar a fronteira entre dois meios.
Observações:
- O índice de refração depende das propriedades do meio e da cor da luz.

- Se a incidência for oblíqua e o meio isotrópico o fenômeno de refração


evidencia-se por um desvio sofrido pela luz ao atravessar tal superfície de
separação.
 

- Se o meio não for isotrópico (como é o caso da calcita) a situação é


diferente. Neste caso, a luz pode não mudar de direção mesmo com
incidência oblíqua e pode mudar de direção mesmo com incidência normal
(os meios isotrópicos são aqueles em que as
propriedades físicas ou fisico-químicas independem da
direção em que são observadas)
Obtenção da lei da refração da luz por três modos diferentes:

Descartes / Huygens / Fermat


Apesar de Descartes considerar a luz como pressão propagada
instantaneamente num meio sutil permeando todo o espaço

(ele pensava a luz como sendo similar à pressão num líquido; como um
distúrbio propagado rapidamente por meios mecânicos de um local para
outro),

ele faz a dedução da lei da refração a partir de uma analogia


entre o que ele chama a ação da luz e o movimento de uma
bola.
De acordo com Whittaker (1973):

“Descartes apresenta a lei como uma dedução teórica. Isso,


contudo, ele foi capaz de fazer somente com a ajuda de
analogia: quando raios encontram corpos ponderáveis, ´eles
estão sujeitos a serem refletidos ou parados do mesmo modo
que o movimento de uma bola ou uma pedra impactando em
um corpo`; pois ´é fácil acreditar que a ação ou inclinação
para mover, que eu disse que deve ser tomada por luz,
deveria seguir nisso as mesmas leis que o movimento´.
(Dioptrique, Discours primier) Então ele substitui luz, cuja
velocidade de propagação ele acredita ser sempre infinita,
por um projétil cuja velocidade varia de um meio para
outro. [...]”
(WHITTAKER, 1973, p. 10)
No Discurso Segundo da sua Dioptrique, Descartes
(1969, p. 265) faz uma comparação entre a ação da luz
e o movimento de uma bola num meio

(“a ação da luz segue a esse respeito as mesmas leis que o movimento da bola”),

e afirma que a luz passa mais facilmente através dos


meios mais refringentes, geralmente mais densos, do
que através dos meios menos refringentes.
Vale lembrar, entretanto, que, já no século XVII, Newton
afirmava que luz não podia constituir-se apenas em ação.

Na obra Mathematical Principles of Natural Philosophy,


Livro II, Seção VIII, Proposição 41, Teorema 32, (relativa
ao movimento propagado através de fluidos), publicado
em 1687, Newton mostra que “uma pressão não se
propaga através de um fluido em direções retilíneas exceto
quando as partículas do fluido estão sobre uma linha reta”.

Também no Escólio, ao final da Proposição 50, Newton


escreve: “Pois como a luz é propagada em linhas retas, é
certo que ela não pode consistir apenas em ação”.
Há de se perguntar então o que estaria faltando
para completar o modelo de Descartes para a luz.

De acordo com Gilbert (1982, p. 86), a teoria de


Descartes “era uma teoria mista e complexa em
que intervinha uma transmissão de caráter
corpuscular ligada a uma emissão vibratória
retirando à luz qualquer natureza material, mas
exigindo um meio elástico, o éter, para se
transmitir”.
1) O modelo de Descartes (de transmissão de caráter corpuscular) e a
lei da refração

Considere a figura:

Hipóteses de Descartes:
1) o componente tangencial da velocidade dos corpúsculos não muda; cada
corpúsculo ao chegar a interface entre dois meios de densidades diferentes é
arremessado violentamente em direção ao meio mais denso, por uma pancada
normal à superfície (analogia de Descartes com uma bola de tênis). (ver Nota do de
Rodapé de André Assis Koch, tradutor do livro Óptica, de Newton)

2) A velocidade total (e não o componente normal da velocidade) do corpúsculo é


aumentada ou diminuída numa razão constante pela pancada, qualquer que seja
i, isto é, vr=nvi , onde n é uma constante característica do meio (o índice de
refração)
2) O modelo de Huygens (ondulatório) e a lei da refração

Comentário de Leibniz em carta a Huygens – 12-22/6/1694

“Certamente o Sr. Hooke e o Padre Pardies não podiam chegar


à explicação das leis da refração pelos pensamentos que
possuíam sobre as ondulações. Tudo consiste no modo que vós
utilizastes de considerar cada ponto do raio como irradiante, e
de compor uma onda geral com todas essas ondas auxiliares”.

Leibniz reconhece que o passo fundamental foi o que conhecemos hoje como
“princípio de Huygens”.

Cadernos de História e Filosofia da Ciência – Suplemento 4/1986. Tratado sobre a Luz de Christiann Huygens. Nota de
rodapé do tradutor (Robert M. Andrade), p. 23 do.
Refração - Huygens

Depois de discutir como concebe a transparência dos corpos, Huygens diz [...
, p. 32]:

“Passemos agora à aplicação dos efeitos da refração, supondo, como


o fizemos, a passagem de ondas de luz através dos corpos
transparentes, e a diminuição de velocidade que essas ondas aí
sofrem.

Figura w – Extraída do “Tratado sobre a luz”, de Huygens


• A principal propriedade da refração é a seguinte: se um raio de luz,
como AB está no ar, e cai obliquamente sobre a superfície polida de
um corpo transparente como FG, ele se quebra no ponto B de
incidência, de modo que faz um ângulo CBE (com a reta DBE que
corta a superfície perpendicularmente) menor do que o ângulo ABD
(que fazia com a mesma reta quando estava no ar) E a medida
desses ângulos é encontrada descrevendo um círculo de centro B,
que corta os raios AB e BC. Pois as perpendiculares AD e CE traçadas
nos pontos de intersecção sobre a reta DE (as quais são chamadas
senos dos ângulos ABD e CBE) possuem entre si uma certa razão
que é sempre a mesma em todas as inclinações do raio incidente,
para um corpo transparente determinado. No vidro ele é muito
próxima de 3 para 2, n água muito próxima de 4 para 3 e assim é
diferente em outros corpos diáfanos”
• “Para explicar então as razões desses
fenômenos segundo nossos princípios, seja a
reta AB, que representa uma superfície plana,
que limita os corpos transparentes que se
encontram para C e para N. Quando digo
plano isto não significa uma continuidade
perfeita, mas tal como foi entendida tratando
da reflexão, e pela mesma razão. Que a linha Figura X – Adaptada do “Tratado
AC representa uma parte da onda de luz cujo sobre a luz”, de Huygens. As linhas
AC e NB foram escurecidas para
centro seja suposto tão longe que essa parte destacar a mudança de direção
dos raios
possa ser considerada como uma linha reta
(uma onda plana). O ponto C da onda AC, em
um certo intervalo de tempo, terá avançado
até o plano AB, seguindo a reta CB, que se
deve imaginar proveniente do centro
luminoso e que consequentemente cortará AC
em ângulos retos.[...]”
• Ora, ao mesmo tempo o ponto A chegaria a G
pela reta AG, igual e paralela a CB e toda a
parte da onda AC estaria em GB se a matéria
do corpo transparente transmitisse esse
movimento da onda tão depressa quanto o
éter. Mas suponhamos que ele transmite
esse movimento menos velozmente, então a
onda se espalhará desde o ponto A por uma
distância menor, proporcional a sua
velocidade nesse meio. Essa onda é
representada pela circunferência SNR, cujo
centro é A.
Se considerarmos depois outros pontos H
da onda AC ocorrerá que, ao mesmo
tempo em que o ponto C chegou a B, eles
não somente terão chegado à superfície
AB, mas terão gerado, dos centros K, ondas
particulares representadas na figura por
circunferências cujos raios são
proporcionais a velocidade da onda no
meio e todas essas circunferências
possuem por tangente comum a linha reta
BN que é a propagação da onda AC no
momento em que seu lugar C chegou a B.
As considerações acima permitem-nos dizer
que a frente de onda AC deu origem à frente
de onda refratada NB.
• Como o tempo necessário para a luz percorrer a distância d1 entre C e B, no
meio 1, é igual ao tempo para percorrer a distância d2 entre N e A, no meio
2, e se v1 e v2 (ou vi e vr) são as velocidades nos meios 1 e 2 então

t=d1/v1 = d2/v2
 
Mas pela Figura x, os triângulos ACB e ANB dão:
 
d1=dist(AB) senθi e d2 = dist(AB) senθr

logo
senθ1 / senθ2 = n = v1 / v2

Este resultado é diferente daquele obtido pelo modelo corpuscular, onde n


= vr / vi, como já foi anunciado.
 
O modelo ondulatório e a lei da refração - continuação
 
Considere uma onda plana incidindo na interface ar-vidro, como na figura:
 

As frentes de onda da figura estão relacionadas entre si pela construção


de Huygens. A seta (o raio) que representa a direção da onda é
perpendicular a frente de onda.
Por conveniência supõem-se que as frentes de onda estão
afastadas entre si de 1, o comprimento de onda do meio 1.
 

Seja v1 a velocidade da luz no meio 1 e v2 a velocidade da luz no


meio 2.

Hipótese de Huygens:

A velocidade da luz no ar é maior do que a velocidade da


luz no vidro (meio mais denso; meio mais refringente): v2 < v1
.
Considere o tempo t (=/c) durante o qual a onda de Huygens se
move do ponto e até atingir o ponto c. A luz originária de h
propagando-se no vidro a uma velocidade menor atingirá uma
distância menor:
3) Fermat e a lei da refração

No seu Tratado de Máximos e Mínimos, Fermat afirmou:

“Para demonstrá-la [referindo-se à lei da refração de


Descartes] tem sido necessário apoiar-se no postulado de que
o movimento da luz se efetua mais facilmente e com maior
velocidade nos meios densos que nos meios rarefeitos. Porém
este postulado parece em contradição com o bom senso.
Partindo do princípio oposto temos caído na lei de Descartes.
Nossa demonstração se apoia no postulado que afirma que a
natureza se conduz pelos caminhos mais fáceis e não por
linhas mais curtas.”
Considere um raio de luz vindo de A passando por C após refração em B:

O tempo t de percurso é dado por:


t = (l1/v1) + (l2/v2)

O Princípio de Fermat requer que o t seja mínimo:

dt/dx = d{(1/v1) √(a2+x2) + [(1/v2) √[a2+(d-x)2]}/dx = 0

que resulta em:


(1/v1) [x/ √(a2+x2)] = (1/v2) [(d-x)/√[a2+(d-x)2)]

ou, pela figura: (1/v1) senθ1 = (1/v2) senθ2

Considere c a velocidade da luz no vácuo. Por definição, (c/v)=n, o índice


de refração do meio 1 relativo ao vácuo. Logo

n1 senθ1 = n2 senθ2 lei da refração


Se
y = (a2+x2)1/2 ou y = (a2+x2)n ; n=½

y` = n (a2+x2)n-1 (2x)

logo

y` = 2x . 2(a2+x2)-1/2 = x / (a2+x2)1/2
Caminho óptico:

Se multiplicarmos ambos os lados da equação t=(l1/v1)+


(l2/v2) por c, obtemos:

ct = n1 l1 + n2 l2

onde o produto nl, do índice de refração pela distância


percorrida, denomina-se caminho óptico.

Como c é constante, minimizar o tempo equivale a


minimizar o caminho óptico, e este é um resultado
importante.
A lei da refração e o princípio do tempo mínimo, de Fermat
- continuação -

Fermat e outros filósofos do século XVII conheciam (mesmo


que alguns não a aprovassem) a ideia de Heron de que a
Natureza age pelas vias mais curtas.

Fermat percebeu que este princípio permitia obter a lei da


reflexão, mas não a da refração e, visando adequá-lo para
este propósito, ampliou o princípio admitindo que a
natureza age pelas vias as mais curtas e as mais fáceis.
A referência explícita ao tempo já se encontra numa carta ao
filósofo cartesiano de la Chambre (Marin Cureau), datada de 1657.
Diz Fermat:

“Com efeito, do mesmo modo que ao especular sobre os


movimentos naturais dos graves, Galileu mede as razões
destes tanto pelos tempos que pelo espaço, do mesmo
modo, não consideraremos o espaço ou as linhas mais
curtas, mas aquelas que podem ser percorridas o mais
comodamente e no tempo o mais curto”
 
  [...] [Barros M. A., Uma análise histórica do princípio de Fermat e suas implicações no ensino da reflexão e refração da luz.
http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xviii/sys/resumos/T0424-1.pdf. Acesso em 01.03.2011]:
Para Fermat, portanto, a luz, ao se propagar de um ponto
para outro, o faz pelo caminho para o qual o tempo de
percurso é mínimo, mesmo que, para isso, tenha de desviar-
se relativamente ao caminho mais curto.
Mas é em outra carta enviada a de la Chambre, em 1º de janeiro de 1662, que Fermat
anuncia a dedução da lei da refração, a partir do princípio do tempo mínimo:

“Mas o prêmio do meu trabalho foi extraordinário, o mais imprevisto e


o mais feliz que já me aconteceu. Porque, depois de ter passado por
todas as equações, multiplicações, antíteses e outras operações de meu
método, e de haver por fim concluído o problema – que o senhor pode
ver em folha separada -, encontrei que meu princípio fornecia justa e
precisamente a mesma proporção das refrações que Descartes havia
estabelecido. Fiquei tão surpreso com um evento tão inesperado que a
custo sai de meu espanto. Repeti minhas operações algébricas diversas
vezes e sempre o sucesso foi o mesmo, ainda que minha demonstração
suponha que a passagem da luz pelos corpos densos seja mais difícil
que nos corpos menos densos, o que eu creio ser muito verdadeiro e
indisputável, embora Descartes suponha o contrário”.
 
Moreira, I. de C., Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 21, no. 1, Março, 1999.]
O recurso matemático usado por Fermat para sua dedução da lei
da refração foi o método de achar máximos e mínimos, inventado
por ele mesmo. Nós não reproduziremos os passos de Fermat.

Faremos uso aqui do cálculo diferencial e integral, inventado logo


depois da morte de Fermat, o que ocorreu em 1665. Fermat
formula o problema nos seguintes termos:
“Dados dois pontos A e C e a reta DB, devemos encontrar um
ponto na reta DB a qual se conduz as retas CB e BA, sendo que
para minimizar o tempo, a luz busca percorrer uma trajetória
maior no meio menos denso, no qual tem velocidade maior (AB)
e inversamente percorre uma trajetória menor no meio mais
denso, onde terá uma velocidade menor (BC). O ponto B
encontrado pela construção deste problema será o ponto onde
se fará a refração”

[Barros M. A., Uma análise histórica do princípio de Fermat e suas implicações no ensino da reflexão e refração da luz.
http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xviii/sys/resumos/T0424-1.pdf. Acesso em 01.03.2011].
Considerando que o tempo
para a luz viajar de A para C
seja dado por (ver figura):
 
t = (l1/v1) + (l2/v2)
 
Pelo princípio do tempo
mínimo, devemos achar o
valor de x, expresso em
termos dos parâmetros
dados, que minimiza a
função t=t(x) (ver figura).
Devemos ter, então:
 
dt/dx = d{(1/v1) √(a2+x2) + [(1/v2) √[a2+(d-x)2]}/dx = 0
 
que resulta em:
(1/v1) [x/ √(a2+x2)] = (1/v2) [(d-x)/√[a2+(d-x)2)]

ou, pela figura:

(1/v1) senθ1 = (1/v2) senθ2


 

Definindo o índice de refração absoluto por n=c/v, onde c é a velocidade da luz


no vácuo, teremos:

n1 senθ1 = n2 senθ2 lei da refração


 
Se
y = (a2+x2)1/2 ou y = (a2+x2)n ; n=½

y` = n (a2+x2)n-1 (2x)

logo

y` = 2x . 2(a2+x2)-1/2 = x / (a2+x2)1/2
Caminho Óptico

Por outro lado, se multiplicarmos ambos os lados


desta equação t=(l1/v1)+(l2/v2) por c, obtemos:

ct = n1 l1 + n2 l2
 
onde o produto nl, do índice de refração pela
distância percorrida, denomina-se caminho óptico.
Como c é constante, minimizar o tempo equivale a
minimizar o caminho óptico, e este é um resultado
importante. 
A dedução de Fermat recebeu severas criticas dos
cartesianos, especialmente do filósofo Clerselier. Para este:

“tratar-se-ia de um princípio moral e não físico, de natureza


teleológica e, portanto, inaceitável na ótica cartesiana. O
princípio colocaria também a natureza em uma indecisão.
Por que ela não seguiria a trajetória mais curta, a reta, se
segue as vias mais curtas e simples? Qual seria o caminho
mais simples: o mais rápido ou o mais curto? E como a
natureza sabe o caminho a escolher? E o raio de luz, estando
já no ar, como poderá saber para onde se inclinar se meios
diferentes (água ou vidro) forem colocados na sua frente?”
 
Moreira, I. de C., Fermat X Cartesianos: Uma economia na natureza?. In: Saul Fuks. (Org.). Descartes
400 anos: Um legado científico e filosófico. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, p. 145-169, 1998. Citado
também por Moreira, I. de C., Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 21, no. 1, Março, 1999.
• Argumento teleológico – aquele que relaciona um fato com
sua causa final. Argumento segundo o qual um objeto ou
sistema se orienta em direção a metas que devem ser
alcançadas.

• Originalmente, era uma noção segunda a qual todo


acontecimento era causado pela vontade de alguma entidade
sobrenatural.
 

 
• Teleologia – é o estudo filosófico dos fins, ou seja, dos
objetivos, das finalidades. Doutrina segundo a qual o mundo é
um sistema de relações entre os meios e os fins.
A idéia de causas finais.

A critica desenvolvida por Clerselier ao princípio do tempo mínimo pode


ser enquadrada dentro das críticas da época à ideia das causas finais,
uma ideia essencialmente metafísica.

A idéia de causas finais remonta a Grécia antiga e foi usada por


Aristóteles em diversas situações, como, por exemplo, na sua cosmologia,
onde a causa final do movimento de um corpo pesado seria a de chegar
ao centro do universo.

A ideia de causas finais em Aristóteles estava associada a um princípio de


simplicidade ou economia, de acordo com o qual a natureza realiza seus
fins da forma mais simples possível.
 
Silva, A. P. B. da e Martins, R. de A., Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 29, no. 4, p. 625-633, (2007)
A física do século XVII, entretanto, criticou e abandonou o uso da ideia
de causas finais.

Mas há exceções, como é o caso de G. W. Leibniz (1646-1716) que,


segundo Silva e Martins, defendia a existência de dois modos
independentes de se estudar a física: através das causas eficientes,
analisando o modo como os efeitos são produzidos; ou através das
causas finais.

Para Leibniz, a natureza seguiria os caminhos mais simples e


econômicos, o que permitia associar a existência de máximos e mínimos
às causas finais.
 
Finalmente, devemos salientar que desde o século XVIII (pelo
menos), já se sabia que não existe um princípio de tempo mínimo.

D`Alembert (l717-1783), por exemplo, escreveu na Enciclopédia:


 
“Vimos no artigo Causas finais que o princípio do tempo
mínimo falha na reflexão sobre os espelhos côncavos”.
 

De fato, o princípio de Fermat precisa ser corrigido.

Note que na dedução da lei da refração feita acima anulamos a


derivada e isto, por se só, não garante que o valor obtido para x
seja aquele que minimiza a função; este poderia ser um mínimo,
um máximo ou um ponto de inflexão.
O enunciado correto do princípio de Fermat é que

o caminho óptico é estacionário (e não mínimo) em


relação a pequenas variações.
Isto significa que quando comparado com caminhos
próximos, os desvios são de segunda ordem,
conforme pode ser inferido da expressão abaixo,
obtida por desenvolvimento em série da função
f=f(x) [...]: Nussenzveig, M., ..., p. 13]
 

δf = f(xo+δx) – f(xo) = f`(xo) δx + (1/2) f``(xo) (δx)2 + ...


• Exercícios
 
1. Em que consiste a refração da luz? Qual o significado físico do índice de
refração?
2. Encontre a lei da refração da luz a partir do modelo corpuscular (Descartes),
do modelo ondulatório (Huygens) e do Princípio de Fermat.
3. Qual a diferença essencial entre os pressupostos de Fermat e os resultados de
Descartes na dedução da lei da refração. Como foi resolvido este conflito?
4. Como a determinação da velocidade da luz na água, devida a Foucault decidiu
entre as teorias ondulatória e corpuscular?
5. É dado um cubo de vidro. a) Como se pode determinar a velocidade da luz de
uma lâmpada de sódio, dentro do vidro? b) No vidro, velocidade da luz
amarela é maior que a velocidade da luz vermelha? Considere a ralação v=c/n
e o fato de que o índice de refração depende do comprimento de onda da luz
6. A luz tem a) comprimento de onda, b) freqüência, c) velocidade. Qual dessas
quantidades permanece inalterada, se é que isto acontece com alguma delas,
quando a luz passa do vácuo para dentro de uma lâmina de vidro?
7. O que ocasiona a miragem? Terá isto alguma coisa a ver com o fato de que o
índice de refração do ar não é constante, mas varia com a sua densidade?
8. Um feixe de luz passa do líquido X para o vidro Y e volta novamente para o
líquido X. Em que meio, X ou Y, a velocidade é maior? Para resolver esta
questão, você se baseou nas ideias de Descartes ou de Huygens? Porque?
9. Um raio de luz passa do óleo para o vidro. Se a velocidade da luz é v 1 no óleo e
v2 no vidro, qual a relação entre o seno do ângulo de incidência, sen1, o seno
do ângulo de refração, sen2, e as velocidades v1 e v2, de acordo com Huygens?
10. Um raio de luz entra em um pedaço de vidro plano fazendo um ângulo de 60
graus com a normal. Se n=1,5, qual o ângulo de saída do raio no outro lado do
vidro? As faces do vidro são paralelas.
11. Na reflexão e na refração, por que os raios refletidos e refratados pertencem
ao plano definido pelo raio incidente e a normal a superfície? Você pode pensar
em algumas exceções?
12. O índice de refração de um material depende do comprimento de onda da
onda eletromagnética que incide sobre o material. Suponha que o índice de
refração de um material para a luz violeta (=4000 A) seja igual a 1,515 e que
para a luz vermelha (=7000 A) seja igual a 1.505. Calcule a razão entre a
velocidade de uma luz vermelha e a velocidade de uma luz violeta deste
material.
13. Se a luz tem uma natureza ondulatória, quais as modificações que se verificam
na velocidade, comprimento de onda e freqüência da luz quando esta passa da
água para o ar?
14. Resolver os problemas do livro “Projecto de Física”: 13.2, 13.4 a 13.13.
• O caminho óptico entre dois pontos pode ser menor que a distância
geométrica?
• Roemer observou que quando a Terra se deslocava de uma posição A
(entre o Sol e Júpiter) para a posição B (diametralmente oposta, na sua
órbita), havia um atraso de vários minutos na observação de um eclipse
de um satélite de Júpiter.
A que era devido este atraso?
• Sabendo que a distância média da Terra ao Sol é de 1,45 x 10 8 km, e
considerando que agora a velocidade da luz é conhecida, determine em
minutos o valor deste atraso. Compare com aquele obtido por Roemer.
• Foucault encontrou para a velocidade da luz na água um valor maior,
menor ou igual a c?
• Qual a prova que mostrou definitivamente que o modelo corpuscular da
luz atribuído a Newton (!) não podia explicar todos os aspectos da
refração?
Apêndice - Refração

No caso do fóton não ser refletido e sim transmitido, seu comprimento de onda, λ, muda de valor ( de
λi para λf) e a equação
 
pi sen θi = pf senθf
se reduz a
(1/λi) senθi = (1/λf) senθf

Multiplicando ambos os membros por c/f, obtemos


 
(c/fλi) senθi = (c/fλf) senθf
 
Como v=fλ, então
ni senθi = nf senθf onde ni=c/vi e nf=c/vf
 
→ senθi / senθf = nf / ni

Combinando com a equação anterior dada por


 
pi senθi = pf senθf → senθi / senθf = pf / pi
 
Obtemos finalmente
nf / ni = nfi = pf / pi !
 
Quando nfi > 1, pf > pi
Experiência diversas feitas desde a época de Foucault (1850)
mostram que quando nfi > 1, a velocidade de propagação se
reduz de fato no meio de transmissão apesar de o momento
aumentar, o que sugere aumento de massa efetiva do fóton!

Esta representação é muito simples. Não faz referência à


probabilidade que um fóton tem de seguir uma determinada
trajetória nem faz referência à constituição atômica da
matéria.
Apesar de simplista é atraente do ponto de vista pedagógico.
 
 
Ver
E. Hecht, Óptica, pág. 130, Fundação G. Gubenkian e também
F. R. Tangherlini, “On Snell`s Law and the Gravitational Deflection of Light”, Am J. Phys. 36, 1001 (1968).
Consultar também
R. A. Houston, “Nature of Ligt”. J. Opt. Soc Am 55, 1186 (1965)
Ver
E. Hecht, Óptica, pág. 130, Fundação G. Gubenkian

e também:

F. R. Tangherlini, “On Snell`s Law and the Gravitational


Deflection of Light”, Am J. Phys. 36, 1001 (1968).

Consultar também:

R. A. Houston, “Nature of Ligt”. J. Opt. Soc Am 55, 1186


(1965)
Materiais de Índice de Refração Negativo

Scientific American Brasil, agosto de 2006,


por John B. Pendry e David R. Smith
 
O início
 
Em 1968, o cientista russo Victor Veselago idealizou materiais com índice
de refração negativo com base na relação eletromagnética

n = c/v = ± c √(εμ),

onde ε e μ expressam, respectivamente, o grau de resposta dos elétrons


do material ao campo elétrico e ao campo magnético aplicado.

Veselago mostrou que se ε e μ são negativos, n também deve ter sinal


negativo

(Neste caso os elétrons se movem na direção oposta à força aplicada pelos


campos elétricos e magnéticos).
• Mesmo procurando durante anos, Veselago
não encontrou nada que tivesse as
propriedades eletromagnéticas desejadas e
seu projeto caiu no esquecimento.
“Metamateriais”
 
Em meados dos anos 90, porém, cientistas do Imperial
College de Londres e da Marconi Materials Technology, na
Inglaterra,

perceberam que um “material” com índice de refração


negativo, conforme pensado por Veselago, não precisa ser
um pedaço homogêneo de substância

o material poderia adquirir suas propriedades


eletromagnéticas de pequenas estruturas que coletivamente
criam efeitos impossíveis de se obter individualmente.

Estas estruturas foram chamadas de “metamateriais”.


Características

Materiais com índice de refração negativos são,


portanto, construídos a partir de estruturas
diminutas (menores que o comprimento de onda
utilizado) cuidadosamente confeccionadas.

Não são um pedaço homogêneo de substância.


 
Em 2000, cientistas da Universidade da Califórnia produziram,
pela primeira vez, uma combinação de metamateriais que
possuía a curiosa propriedade de refração negativa.

Embora a maioria dos experimentos com metamateriais tenha


sido realizada com micro- ondas, eles devem no futuro usar
comprimentos de onda menores, como o infravermelho e a
luz visível.

(O principal requisito para um metamaterial é que seus


elementos constituintes sejam significativamente menores
que o comprimento de onda usado).
 
 
• A possibilidade de refração negativa fez os físicos
reexaminar praticamente todo o eletromagnetismo.

Fenômenos básicos antes considerados completamente


entendidos – como refração e o limite de difração –
têm agora novas nuances no contexto dos materiais de
índice negativo.
A ressonância, ou a tendência de um sistema oscilar com
grande amplitude numa freqüência particular, é a chave
para se obter uma refração negativa.
 
Uma resposta negativa a um estímulo elétrico pode ser
obtida artificialmente em um metamaterial através da
confecção de pequenos circuitos projetados para imitar
a resposta elétrica ou magnética de um material
convencional.

Um circuito chamado ressoador em anel aberto serve


como exemplo (ver figura).
 
Em circuitos ressoadores em anel aberto, podem ser
induzidas correntes circulares análogas ao magnetismo num
material comum, quando estes são atravessados por fluxos
magnéticos variáveis.

Também como no caso do eletromagnetismo convencional,


num arranjo linear de fios de metal um campo elétrico
oscilante pode induzir correntes para frente e para trás.
 
Se um campo abaixo da frequência de ressonância é
aplicado ocorre uma resposta positiva normal. Logo acima
da frequência de ressonância a resposta é negativa (da
mesma forma que ocorre com um balanço).
Aplicações
 
Uma barra de material com índice de refração
negativo poderia agir, por exemplo, como uma
“superlente”,

ou seja, como um dispositivo capaz de criar


imagens que distinguem detalhes menores que
os permitidos pelo limite de difração dos
elementos ópticos de índice positivo.
 
O Princípio de Fermat e o Princípio de Maupertuis - Discussão

Questão 1 - O problema da braquistócrona ou o problema da curva de


decida mais rápida (braquisto/crono –menor/tempo).
Considere a figura abaixo:

Qual o caminho (curva) através do qual um corpo descendo de A para B


levará o menor tempo possível?
 
R.: Pode-se mostrar que esta curva é uma cicloide. Ser braquistócrona
significa que a ciclóide é a curva de descida mais rápida entre dois
pontos A e B, a alturas diferentes, num plano vertical.
Questão 2 – O problema da tautócrona
(tauto/crona – igual/tempo)

Considere a figura abaixo (Uma cicloide virada para cima):


 
 
 
 
 

Partindo de M e N, no mesmo instante, com velocidades iniciais iguais a


zero, qual corpo chegará primeiro ao ponto P?
 
R.: Como a cicloide tem a propriedade de ser tautócrona, então os corpos
chegarão ao mesmo tempo, mesmo percorrendo distâncias diferentes,
partindo de alturas diferentes! .
 
Questão 3 – Como traçar a cicloide?
 
R.: Em uma roda de bicicleta marque um ponto com um
giz de forma que possa ser visto de lado. A curva
descrita por este ponto, quando a bicicleta se desloca é
chamada cicloide.
Confronto dos Modelos de Partícula e de Onda Luminosa
 

I – O Problema Matemático
 
a) A cicloide e algumas de suas propriedades - um pouco de história
 
A curva denominada ciclóide é uma das mais famosas da Matemática. Ela
tem várias propriedades curiosas muitas das quais foram descobertas no
século XVII. Galileu, por exemplo, foi um dos matemáticos que se
interessaram pelas propriedades da ciclóide. Ele tentou comparar a área de
um círculo com a área determinada por um arco de ciclóide e a reta sobre a
qual rodou o círculo. Para isto recortou as figuras da ciclóide e do círculo
(que lhe deu origem) em madeira e, pesando-as, encontrou que a área da
ciclóide é (praticamente) 3 vezes a área do círculo - no que estava correto –
mas conjeturou que tinha de ser π vezes a área do círculo. Logo em
seguida, o francês Roberval e o italiano Torricelli, este discípulo de Galileu,
mostraram que tal área era exatamente 3 vezes a área do círculo, para
surpresa de Galileu!
• Foi Huygens que, ainda o século XVII, descobriu ter a ciclóide a
propriedade de ser tautócrona. A propriedade da ciclóide de ser
braquistócrona foi descoberta por Johann Bernoulli, que a
anunciou através de um desafio aos matemáticos, publicado no
mês de junho de 1696, na primeira revista matemática,
denominada Acta Eruditorium, que tinha sido fundada por
Leibniz.
Nas próprias palavras de Jehann Bernoulli.
“Convidam-se os matemáticos a resolver
 
UM NOVO PROBLEMA
 
Dados os pontos A e B num plano vertical, determinar para uma partícula
móvel M o caminho AMB ao longo do qual, descendo pelo próprio peso,
ela vai do ponto A ao ponto B no tempo mais breve possível.
Para estimular, nos amantes de tais trabalhos, o desejo de encontrar a
solução desse problema, pode assinalar-se que a questão proposta não
consiste, como poderia parecer, numa mera especulação sem utilidade
alguma. Contra o que se pensaria à primeira vista, tem grande utilidade
noutros ramos da ciência, tais como a mecânica. Entretanto, para evitar
qualquer juízo prematuro, pode fazer-se notar que, embora a linha reta
AB seja com certeza a mais curta entre os pontos A e B, não é o caminho
percorrido em tempo mínimo. No entanto, a curva AMB, cujo nome eu
darei se ninguém o descobrir até o final deste ano, é uma curva bem
conhecida dos geômetras”.
Leibniz, que era o editor dessa revista, resolveu o problema no
mesmo dia, mas como outros matemáticos importantes da
época não tomaram conhecimento do mesmo no prazo
estipulado por Bernoulli, então Leibniz convenceu este a
prolongar o prazo e enviar o problema por carta “aos
matemáticos mais argutos que florescem em todo o orbe”.
Leibniz previu que este problema seria resolvido por Jakob
Bernoulli, irmão mais velho de Johann, Newton, Huygens e
pelo marquês de l´Hospital (ele não sabia que Huygens havia
falecido em 1695). Ao que parece, Newton resolveu o
problema também no mesmo dia em que o recebeu.

15 Ozamiz, M. de G., Aventuras Matemáticas, Editora Gradiva, Lisboa, 1986


b) O germe do Cálculo das Variações
 
A solução dada por Johann Bernoulli ao problema da
braquistócrona foi baseada no Princípio do Tempo Mínimo de
Pierre de Fermat (ver o item a seguir) e foi considerada muito
engenhosa. Na verdade, este problema genial formulado por
Johann Bernoulli foi provavelmente inspirado no Princípio de
Fermat e se tornou um clássico na física-matemática. Mas a solução
mais profunda foi aquela dada por Jakob Bernoulli a qual se
constituiu no germe de um novo ramo da análise matemática,
denominado por Leonard Euler, num trabalho apresentado à
Academia de Berlim, em 1756, de cálculo das variações, que teve
um grande papel no desenvolvimento do formalismo matemático
da Mecânica (Mecânica Analítica) e da Física de modo geral.
II – O Problema Físico
 
a) A luz e o Princípio do Tempo Mínimo de Fermat
 
Entre 1637, logo após a publicação do Dióptrica, o grande
matemático francês Pierre de Fermat iniciou uma polêmica sobre
a dedução de Descartes da lei dos senos da refração, para o que
este se baseou no modelo corpuscular da luz. Nesse trabalho,
Descartes, partindo de determinadas hipóteses, concluiu que a luz
deveria viajar com velocidade maior nos meios mais densos.
Fermat achava que as idéias de Descartes pareciam estar em
contradição com o bom senso e, como alternativa, propôs, seu
famoso princípio de tempo mínimo, o qual se revelaria bastante
fecundo no desenvolvimento da Física. Em suas próprias palavras:
 
“Para demonstrá-la [referindo-se à lei de Descartes]
tem sido necessário apoiar-se no postulado de que
o movimento da luz se efetua mais facilmente e
com maior velocidade nos meios densos que nos
meios rarefeitos. Porém este postulado parece em
contradição com o bom senso. Partindo do princípio
oposto temos caído na lei de Descartes. Nossa
demonstração se apóia no postulado que afirma
que a natureza se conduz pelos caminhos mais
fáceis e não por linhas mais curtas”
 
O trabalho de Fermat foi publicado postumamente, em 1679, nas suas
Obras.
b) O Princípio de Ação (ou Princípio de Ação Estacionária)
 
O princípio de Fermat, assim como o princípio
de percurso mínimo de Heron, que lhe
antecedeu, e o princípio de ação mínima de
Maupertuis, que lhe sucedeu, são uma versão
científica de uma espécie de princípio de
economia da natureza, que seria própria da
Natureza, conforme nos indica Rosmorduc.
Tal princípio de economia aparece em várias formas em
Aristóteles a exemplo da afirmação: “A natureza nada faz
inutilmente”. Aparece nos trabalhos de Leonardo da Vinci
(1452-1519) e também nas obras de outros filósofos
importantes. Em Leonardo da Vinci pode-se ler: “A
natureza, para realizar um ato toma sempre o caminho
mais curto”. Estas são apenas duas citações, mas outras
tantas existem. Tal noção de economia da natureza,
entretanto, não é mais que a tradução filosófica de um
certo número de observações, a exemplo da constatação
de que a água corrente numa encosta segue o caminho
mais curto que lhe for possível tomar.
16
Rosmorduc, J., De Tales a Einstein- História da Física e da Química. Lisboa,
Editorial Caminho, 1983.
No início do século XVIII, os cientistas tinham
muitos exemplos de que a natureza otimiza
algumas quantidades importantes. Havia indícios
da existência de um princípio geral segundo o qual
toda dinâmica de um sistema físico ocorre na
otimização de algo: seja o tempo, a distância, a
velocidade ou outras grandezas físicas. O problema
passou a ser então o de investigar se havia algo
universal cuja otimização quantitativa fosse capaz
de reger todas as dinâmicas.
Um dos primeiros a responder a este questionamento
genérico foi o cientista francês Pierre Louis Moreau
de Maupertuis (1698-1759) que propôs, por volta de
1744, um princípio fundamental da Física que ficou
conhecido como Princípio de Ação Mínima o qual
implica na minimização do produto da quantidade de
movimento, mv, e a distância percorrida, s, ao que ele
chamou de ação, A=mvs. Se a velocidade não for
constante e o caminho percorrido for uma curva, a
ação de Maupertuis é obtida pela integral

A=mvds
Na verdade, conforme se pode ver no seu artigo
de 1744 ( ), Maupertuis inicialmente definiu ação
como o produto da velocidade pelo caminho
percorrido e só depois é que ação foi escrita como
o produto da quantidade de movimento pelo
caminho percorrido. Vejamos o que diz
Maupertuis no seu artigo de 1744:
“Falta explicar agora o que entendo por quantidade de
ação. Quando um corpo é levado de um ponto a outro é
necessário para isto uma certa ação. Esta ação depende da
velocidade que o corpo tem e do espaço que percorre, mas
ela não é nem a velocidade nem o espaço tomados
separadamente. A quantidade de ação será tanto maior
quanto maior for a velocidade do corpo e quanto maior for
o caminho percorrido. Ela é proporcional a soma dos
espaços multiplicados cada um pela velocidade com a qual
o corpo os percorre. É essa quantidade de ação que é aqui o
verdadeiro dispêndio da Natureza e o que ela economiza o
mais possível no movimento da luz.”
17
Maupertuis, P. L. M., Mém. de lA’cad. (1744), p. 417; P.L.M.
Maupertuis, Historire de l`Académie Royale dês Sciences, année
M.DCCXLIV, avec les Memoires de Mathématique et de Physique
tirez des Registres de cette Académie, 417 (1748). A tradução e
análise desse trabalho foi feita por I. C. Moreira, Revista Brasileira
de Ensino de Física, 21, 171 (1999).

18
Whittaker, E., A History of the Theories of Aether and Electricity.
New York: Humanities Press, 1973, p. 97.
A descoberta de Maupertuis foi inspirada certamente na polêmica
que se seguiu aos trabalhos de Fermat e Descartes. Conforme
salienta Whittaker, os argumentos da teoria corpuscular da luz,
abraçados por Descartes e outros convenceram Maupertuis que,
neste particular, Descartes estava certo, mas ele desejava
preservar para a ciência o belíssimo método pelo qual Fermat
deduziu seus resultados. Com este objetivo, ele modificou o
princípio de Fermat para que o mesmo concordasse com a teoria
corpuscular (ou física newtoniana) e, ao invés de supor que a luz
segue a trajetória mais rápida ele supôs que.

“a trajetória descrita é aquela para a qual a quantidade de ação


é mínima”.
Esta ação ele definiu ser proporcional à soma dos espaços
descritos, cada um multiplicado pela velocidade com que
ele é atravessado. Ao invés de escrever a expressão de
Fermat
dt ou ds/v
 
onde ds é um elemento de trajetória, Maupertuis escreveu
vds
 
como a quantidade que deve assumir o valor mínimo
quando a trajetória de integração é a trajetória real da luz
Note que a lei da refração pode ser deduzida a partir da
expressão de Maupertuis, desde que o v de Maupertuis,
que denota a velocidade da luz de acordo com a teoria
corpuscular é proporcional ao recíproco do v de Fermat,
que denota a velocidade de acordo com a teoria
ondulatória da luz. A lei da refração obtida por
Maupertuis no citado artigo de 1744 é a mesma que a
obtida por Descartes (com a velocidade maior nos
meios mais densos).

Na sua dedução Fermat tinha formulado a hipótese de que as resistências (o


inverso da velocidade da luz) dos meios mais densos eram maiores que as dos
meios menos densos.
Essa proposta de Maupertuis foi depois desenvolvida por ele mesmo e
também por Euler e Lagrange.

Ainda em 1744, Euler escreveu o princípio de ação mínima de


Maupertuis na forma (m=constante):
 
δvds = δv2dt = 0

note que ds= (ds/dt)dt, e m=const.


Euler tem o reconhecimento de ter sido o primeiro a dar uma
interpretação dinâmica ao princípio de Maupertuis, mas é a
Lagrange que é dado o crédito de ter sido o primeiro a aplicá-lo à
Mecânica. Entre 1760 e 1761, Lagrange, partindo das
contribuições de Maupertuis e Euler, formulou o seu princípio de
mínima ação, expresso na forma,

δTdt = 0

com a integral sendo realizada entre os instantes t 1 e t2


 
e o aplicou a um conjunto de partículas. Lagrange foi capaz
inclusive de deduzir a segunda lei de Newton ao aplicar o Cálculo
das Variações (desenvolvido entre 1750-1755) a seu princípio,
com a condição adicional de que a energia total do sistema de
partículas é constante (T + V = E)
Simeon-Denis Poisson considerava o princípio de mínima ação uma regra de
caráter secundário mas, estudando as aplicações desse princípio à Mecânica,
propôs uma modificação na chamada equação de Euler-Lagrange que tinha
sido obtida em 1788 e que era estão escrita na forma

d/dt(∂T/∂(dqi/dt) – ∂T/∂qi + ∂V/∂qi =0.

Para isso, ele definiu a função L=T-V (algo como uma energia cinética efetiva),
conhecida hoje como função lagrangeana, e reescreveu a equação de Euler–
Lagrange em termos de L  

d/dt(∂L/∂(dqi/dt) – ∂L/∂qi =0.

19 Na sua dedução Fermat tinha formulado a hipótese de que as resistências (o inverso da velocidade da luz) dos meios mais densos

eram maiores que as dos meios menos densos.


Em 1835, o físico e astrônomo irlandês Sir William Rowan
Hamilton chegou à forma atual básica e mais usada do
princípio variacional da Mecânica que ganhou a denominação
de princípio de Hamilton
 
δS = δ  (T-V) dt = 0 entre os instantes t1 e t2
 
Tendo em conta que para alguns fenômenos na Natureza, a
ação é maximizada ao invés de minimizada (o que já se sabia
desde a época de Maupertuis), ele preferiu falar em Princípio
de Ação Estacionária ao invés de Princípio de Mínima Ação.

 
Desde o início, Maupertuis tinha a percepção das raízes
metafísicas de suas ideias e não considerava esta influência
indevida, chegando a proclamar seu princípio de Lei Universal
da Natureza e o considerava a primeira prova científica da
existência de Deus. Outros princípios de conservação (da
massa, da energia, da quantidade de movimento etc.) também
tiveram origens semelhantes, atingindo apenas gradualmente
uma formulação científica clara.
 
O Princípio de Mínima Ação e a 2ª. Lei de Newton

• Considere a função L das variáveis de movimento


de um sistema conservativo (L é chamada
lagrangeana). Por simplicidade, nosso sistema
será constituído por uma partícula em movimento
em uma direção x, sujeita a um potencial V:

• L ≡ T-V, L = L(t, x(t), xt(t)),


com xt(t) ≡ dx(t)/dt

• E = T+V, E = (m/2)(xt(t))2 + V(x(t))


A integral no tempo da lagrangeana do sistema entre dois instantes
t1 e t2 é denominada ação S do sistema:

S = ∫ L dt S = ∫ [(m/2) (xt(t))2 - V(x(t)] dt

entre t1 e t2

O problema de minimizar a ação S é diferente do problema de


minimizar a função f(x), porque o argumento da grandeza S
consiste em uma função e não em número como, ocorre com f(x).

Note que S é uma função de função - S é dito ser um funcional:


Argumento Se função Se funcional

x (número) f(x) (um número)  

x(t) (função)   S(x(t)) (um número)


Minimização do funcional S

• Como ponto de partida, tomemos o teorema de Taylor, um


conhecido teorema do cálculo de máximos e mínimos de uma
função segundo o qual uma função analítica f(x) pode ser
expandida em série em torno do ponto xo, na forma:
 
f(xo + Δx) = f(xo) + (1/1!) f’(xo) Δx + (1/2!) f ‘’(xo) Δx2 + ...

 
• Se xex é um ponto em que f(x) é um extremo, então

(1/1!) f’(xe) Δx = 0
e ficamos com
 
f(xex + Δx) - f(xex) = (1/2) f ``(xex) Δx2 + ...
f(xex + Δx) - f(xex) = (1/2) f ``( xex) Δx2 + ...
 
O que diz esta equação?

Ela diz que, quando o argumento se desloca de um valor Δx em


relação a um ponto extremo, a função não sofre nenhum acréscimo da
ordem de Δx, qualquer acréscimo é de segunda ordem ou ordem
superior!
 
Similarmente ao caso do extremo da função, suporemos que a função
X(t) que otimiza o funcional S seja conhecida. Neste caso, qualquer
outra função
 
x(t) = X(t) + u(t)

que for testada no lugar de X(t) tira o funcional S da sua situação


ótima, mas o funcional não sofrerá acréscimo proporcional à função
u(t). A figura adiante mostra os movimentos possíveis da partícula.
Uma partícula
sujeita a um
potencial V(x) está
na posição x1 no
instante t1. A função
X(x) que descreve o
movimento é tal
que a ação S da
partícula no
intervalo (t1, t2) é
mínima.
• Considere então o funcional:
•  
• S = ∫ (T-V) dt = ∫ [(m/2) (xt(t))2 - V(x(t))] dt integral entre t1 e t2
•  
• onde
• T = (m/2) xt2 = (m/2)Xt2 + m Xt ut + (m/2) ut2
•  
• V = V(X) + V’u + V’’u2/2 + …
•  
• Considerando que se pretende analisar apenas os incrementos proporcionais a
u, podemos desprezar u2 e ut2, o que resulta em:
•  
•  
• S = SX + ∫ [ (m/2) Xt ut ] dt - ∫ V’u dt integrais entre t1 e t2
•  
•  
• onde SX = ∫ [ (m/2) Xt2 – V’(X) ]dt integrais entre t1 e t2
• A integral ∫ [ (m/2)Xt ut ] dt

pode ser resolvida por partes (ver tabela de integrais).

Logo:
 

∫ [ (m/2) Xt ut ] dt = Xt u - ∫ m Xtt u dt

integrais entre t1 e t2

Note que (pela tabela) Xt u = Xt ut + Xtt u


• Mas u(t1) e u(t2) são pontos fixos, o que significa que u(t1) = u(t2) = 0.
Sendo assim:
 

S = SX - ∫ (Xtt+ V’) u dt integral entre t1 e t2

• Mas o termo proporcional a u deve ser nulo, logo qualquer que seja a
forma desta função isto só será possível se

Xtt + V’ = 0 ou d2X/dt2 = - V’ = F CQD

Esta equação mostra que o movimento descrito por X(t) que otimiza a
ação é exatamente a segunda lei de Newton.
Índice de Refração e Cor

O índice de refração não depende só das


propriedades do meio. Depende também da
própria cor, ou melhor, do comprimento de
onda da luz.
Luz e Cor
Luz e Cor

No início da década de 1660 Newton propôs uma reordenação


radical da relação entre luz e cor:

De acordo com R. Westfall (A Vida de Isaac Newton, 1995, p. 56):

“Enquanto a opinião aceita considerava a luz branca


como simples e as cores como modificações dela,
Newton afirmava que a luz que provocava as sensações
de cores individuais é simples e que a luz branca é uma
mistura complexa.”
Cores aparentes dos objetos

Nessa época, Newton se interrogou:


- Por que os objetos parecem ter cores diferentes?
- Por que é que o céu é azul, a relva verde e o pigmento
de pintura amarelo ou vermelho?

Ele propôs um resposta simples (1672):

Que as cores de todos os Corpos Naturais


têm apenas como origem isto ... Refletem uma
espécie de luz em maior quantidade do que
outra...”
Misturar pigmentos é diferente de misturar feixes coloridos
 
Os corpos que vemos podem ser classificados como luminosos ou
iluminados.
 
Processos de obtenção de cor

- o processo aditivo –
- que resulta da superposição de feixes de luz emitidos por corpos
(luminosos) aquecidos.
(Todos os corpos aquecidos (T(K)≠0) emitem fótons de calor, chamados fótons térmicos ou de calor e luz, cuja
freqüência cresce com a temperatura).

- o processo subtrativo –
- onde uma (ou mais de uma) cor é removida do feixe pelo corpo
iluminado.
A cor é uma propriedade da luz?

Do objeto? Dos dois? De nenhum dos dois?

  1 - A cor de um objeto depende do modo como o objeto reflete os


raios de diferentes cores que o atingem. (Coleção Harvard, pág. 19).
 
2 - ... a cor de um objeto depende não apenas do objeto (cores que
ele é capaz de refletir) mas também da cor da luz que o ilumina (B.
Alvarenga, 2000, pág. 268).

3 - A cor não é um atributo do objeto, mas da luz que o ilumina.


(Gaspar, pág. 178).
 
4 - A cor não é uma propriedade da luz, mas sim uma manifestação
eletroquímica do sistema sensorial – olho, nervos, cérebro. As
cores constituem respostas subjetivas fisiológicas e psicológicas do
homem a freqüências que se estendem do vermelho (384THz) ao
violeta (769THz). (Eugene Hecht, Óptica, pág. 79).
 
5 - A cor não é realmente uma propriedade da luz ou dos objetos
que refletem luz. É uma sensação que surge dentro do cérebro.
(Timothy H. Goldsmith, Scientific American Brasil, Agosto/2006).

6 - A visão de cores é um processo psicofísico: depende das


características físicas da luz que chega ao olho e do processamento
dessa luz pelo sistema visual. (Ciência Hoje, v. 12, n. 67, out/1990)
Os diferentes comprimentos de onda ou as diferentes
freqüências da luz correspondem fisicamente a cores
diferentes. Entretanto, sua percepção pelo olho e sua
interpretação pela mente dependem de fatores
fisiológicos e psicológicos.
(Ver José de L. Acioli, em Física Básica para Arquitetura).
 

É no mínimo surpreendente que uma variedade de


misturas de freqüências diferentes possa evocar a
mesma cor ao sistema sensorial olho-cérebro.
(Eugene Hecht, Óptica, pág. 79).
A experiência mostra que qualquer cor pode ser
obtida pela combinação de quaisquer três cores
espectrais com a ressalva de que nenhuma dessas
três possa ser obtida pela combinação de duas.

Não existe um único conjunto de cores primárias.


No processo aditivo, estas são geralmente azul,
verde e vermelho.

A variação de intensidade dessas cores permite


obter diferentes tonalidades de cor.
Existem muitos pares de feixes luminosos (por exemplo,
vermelho de 656nm e azul ciano de 492nm) que
produzem a sensação de “brancura”, nem sempre sendo
o olho humano capaz de distinguir um branco do outro.
 
Um feixe de luz vermelha (com um máximo em 690 THz,
por exemplo) superposto a outro feixe, este verde (com
máximo nos 549 THz) provocará, acredite-se ou não,
uma percepção de luz amarela, mesmo que não haja
quaisquer freqüências na faixa do amarelo.
Esta é a razão pela qual uma tela de televisão
incorpora apenas três tipos de fósforos: vermelho,
verde e azul. Para ser mais preciso deveríamos dizer,
por exemplo, “a luz que é vista como amarela” e
não “luz amarela”.
 
A luz é a fonte de todas as cores. Os pigmentos são
apenas refletores, absorvedores e transmissores de
cores.
 
(Ver também Edwin H. Land, Scientific American, maio/1959).
O preto é cor?

Consideremos as afirmações de

E. Hecht (Óptica, pág. 127) e de


 
xxxxxxx (Física, Vol. 3, pág. 334).
 
Através das afirmações de Hecht é possível concluir que podemos ver
preto pela ausência de luz (absorvida inteiramente no processo de
subtração).
 

“Todas as cores (incluindo o vermelho, verde e azul) podem ser produzidas fazendo passar luz através de várias combinações de
filtros magenta, ciano e amarelo (Ver figura sobre filtros cromáticos). São estas a cores primárias para misturas subtrativas, as
principais numa caixa de tintas. São as cores básicas dos corantes usados em fotografia e nas tintas de impressão. Teoricamente, se
se misturarem todas as cores subtrativas primárias (quer combinando tintas, quer sobrepondo filtros) não se obtém nem luz, nem
qualquer cor – é o preto. Cada filtro elimina uma região do espectro e, em conjunto, absorvem-no inteiramente. ...
Se a gama de freqüências absorvidas se distribuir no visível, o objeto parece preto. Isto não quer dizer que não ocorram reflexões –
imagens refletidas podem ser vistas numa peça de couro preto envernizado, e uma superfície preta polida também reflete, só que
nesse caso a reflexão é difusa. Misturando-se tinta azul vermelha e verde obtém-se tinta preta”. (Eugene Hecht, Óptica, pág. 127).
O preto é cor?

“Todas as cores (incluindo o vermelho, verde e azul) podem ser


produzidas fazendo passar luz através de várias combinações de
filtros magenta, ciano e amarelo (Ver figura sobre filtros cromáticos).
São estas a cores primárias para misturas subtrativas, as principais
numa caixa de tintas. São as cores básicas dos corantes usados em
fotografia e nas tintas de impressão. Teoricamente, se se misturarem
todas as cores subtrativas primárias (quer combinando tintas, quer
sobrepondo filtros) não se obtém nem luz, nem qualquer cor – é o
preto. Cada filtro elimina uma região do espectro e, em conjunto,
absorvem-no inteiramente. ...
Se a gama de freqüências absorvidas se distribuir no visível, o objeto
parece preto. Isto não quer dizer que não ocorram reflexões –
imagens refletidas podem ser vistas numa peça de couro preto
envernizado, e uma superfície preta polida também reflete, só que
nesse caso a reflexão é difusa. Misturando-se tinta azul vermelha e
verde obtém-se tinta preta”. (Eugene Hecht, Óptica, pág. 127).
Agora compare com o que diz um outro autor:
 
“Uma das idéias menos compreendidas em ciência é a da cor negra. É comum, até
em livros didáticos, a afirmação de que o preto é ausência de cor: um corpo
negro não emitiria radiação alguma. Como eles são vistos, então?
[...] Suponha que um corpo iluminado pela luz branca do Sol absorva [processo
subtrativo?] fótons de todas as faixas de freqüências, menos as do vermelho, azul
e amarelo (?), que são, então refletidas. Quando os fótons das freqüências dessas
cores somam-se na nossa retina, vemos a cor negra (Ver figura anexa). Por isso,
podemos dizer que esse corpo emite a cor negra, como se emite qualquer outra
cor”. (Vol. 3, pág. 334).
 
(Note que o autor não afirma que este é um resultado experimental!
Começa dizendo “Suponha que ...” A afirmação do autor não pode
ser repetida sem uma comprovação, pois está em forte discordância
com o que os “livros didáticos” costumam afirmar!)

 
Exercícios: Luz e Cor
1) Os experimentos apresentados no filme sugerem que a luz se comporta como
partícula ou como onda?
 
2) Como a luz é produzida por uma fonte luminosa? Como a luz da maior parte das
fontes de luz artificiais difere da luz produzida pelo laser? (Ver Projecto de Física, da
Coleção Harvard)

3) A coloração observada após a luz branca atravessar um prisma se deve às


propriedades do prisma ou às propriedades da luz? Descreva a experiência realizada
por Newton, na qual ficou evidenciado que um prisma de vidro não acrescenta
impurezas à luz que passa através dele.
 
4) Teria sido Newton o primeiro a observar a dispersão da luz branca ao atravessar um
prisma? Do ponto de vista etimológico, qual o significado da palavra espectro?
 
5) Como explicaria Newton a cor de uma camisa azul? E de uma camisa amarela?
6) Considere as afirmativas abaixo:
 
- Podemos ver o amarelo se uma radiação monocromática amarela atingir
nossa retina.
- Podemos ver o amarelo se duas radiações uma verde e outra vermelha
atingirem, ao mesmo tempo, a nossa retina.
Pergunta-se: As duas afirmativas são verdadeiras? Apenas uma é verdadeira?
 
7) A cor é uma propriedade da luz, do objeto, de ambos ou de nenhum dos dois?
 
8) Uma aparente contradição: Se a luz amarela e a luz azul são complementares
e (por serem complementares) dão o branco por adição, porque a mistura de
pigmentos amarelos e azuis cianos aparece verde?
 
9) Se as luzes vermelha, verde e azul forem sobrepostas, qual será o resultado
cromático? É possível obter-se a mesma cor misturando-se pigmentos
vermelhos, verdes e azuis? Por que? O preto é cor?
10) Por que a luz transmitida por um vidro colorido tem a mesma cor
que o vidro reflete, e isto não acontece com uma lâmina muito fina de
ouro que reflete o amarelo e transmite o azul esverdeado? (Projecto de
Física: Cores “em profundidade” produzidas por absorção seletiva
versus cor “à superfície” produzida por reflexão seletiva).
 
11) Seriam 7 as cores do arco-íris?
 
12) Note que se enchermos o espaço próximo a nós de gotículas de
água, poderemos visualizar um mini arco-íris de circunferência
completa. Para isto, posicione–se com o Sol às suas costas e borrife
água a sua frente com uma mangueira de regar jardim.
Questão: Seria possível visualizar, na Natureza, pelo menos em
princípio, um arco-íris completo? (Suponha o observador viajando de
avião, por exemplo).
 
 
13) Por que é que a teoria da cor, de Newton, foi atacada pelos
filósofos da Filosofia da Natureza?
 
14) Qual cientista primeiro mostrou experimentalmente que
diferentes comprimentos de onda correspondem a diferentes cores?

15) Porque a experiência de Foucault (de 1850) fez com que fosse
definitivamente abandonado o modelo (clássico) corpuscular da luz?
Exercício sobre a cor amarela com luz monocromática e não monocromática

1) Problema do livro Física, vol 2, de A. Maximo e B. Alvarenga:


Suponha que a bandeira do Brasil seja colocada num quarto escuro e iluminada com luz
monocromática amarela. Diga a cor com a qual se apresentarão as seguintes partes da
bandeira:
a) o círculo central; b) o losango; c) a faixa central e d) o restante da bandeira.
Respostas do livro: a) preto, b) amarelo, c) amarelo e d) preto

2) Se num quarto escuro fizermos incidir luz monocromática amarela sobre flores amarelas
tipo narcisos silvestres (exemplo extraído do livro Física Conceitual, pág. 456), que têm
ressonância no azul, com qual cor estas flores se apresentarão? (Resposta: as flores se
apresentarão amarelas. Ver também GREF, vol 2 pág. 259).
 
3) Se num quarto escuro fizermos incidir luz verde e vermelha, simultaneamente, sobre
flores amarelas, que têm ressonância no azul, com qual cor estas flores se apresentarão?
(Resposta: as flores se apresentarão amarelas, mesmo não tendo sido iluminadas com luz
amarela).
 
4) Se num quarto escuro fizermos incidir luz vermelha sobre flores amarelas, que têm
ressonância no azul, com qual cor estas flores se apresentarão? (Resposta: as flores se
apresentarão vermelhas).
5) Suponha que a bandeira do Brasil seja colocada num quarto escuro e iluminada com
luz monocromática amarela. Suponha que os pigmentos amarelos da bandeira brasileira
têm as mesmas características daqueles dos narcisos silvestres. Diga a cor com a qual se
apresentarão as seguintes partes da bandeira:
a) o losango;
b) a parte externa ao losango
 
6) Suponha que a bandeira do Brasil seja colocada num quarto escuro. Se fizermos incidir
sobre esta bandeira luz verde e vermelha, simultaneamente, de que cor observaríamos
o losango? Suponha que os pigmentos amarelos da bandeira brasileira têm as mesmas
características daqueles dos narcisos silvestres.
 
7) Suponha que a bandeira do Brasil seja colocada num quarto escuro e iluminada com
luz monocromática azul. Suponha que os pigmentos amarelo da bandeira brasileira têm
as mesmas características daqueles dos narcisos silvestres. Diga a cor com a qual se
apresentarão as seguintes partes da bandeira:
a) o losango;
b) a parte externa ao losango. 

Observação: Os resultados obtidos na investigação da interação cor-luz x cor-pigmentos nem sempre são satisfatórios, pois geralmente usamos como fonte de luz
colorida lâmpadas incandescentes com bases coloridas que funcionam como filtro para a luz emitida pelo filamento e cartões coloridos por pigmentos impuros
(GREF, Vol. 2, pág. 260).
Newton e as cores do espectro
Newton e as cores do espectro

Newton concluiu a sua teoria das cores em 1671 e publicou seu primeiro
trabalho sobre esse tema no ano seguinte, no Philosophical Transactions,
através de uma carta ao Editor de Cambridge para ser comunicada à R. Society:

“Para cumprir minha promessa anterior, devo sem mais cerimônias


adicionais informar-lhe que no começo do ano de 1666 (época em
que me dedicava a polir vidros ópticos de formas diferentes da
esférica), obtive um prisma de vidro triangular para tentar observar
com ele o célebre fenômeno das cores. Para este fim, tendo
escurecido meu quarto e feito um pequeno buraco na minha janela
para deixar passar uma quantidade conveniente de luz do Sol,
coloquei o meu prisma em sua entrada para que ela [a luz] pudesse
ser assim refratada para a parede oposta. Isso era inicialmente um
divertimento muito prazeroso: ver as cores vívidas e intensas assim
produzidas, mas depois de um tempo dedicando-me a considerá-las
mais seriamente, fiquei surpreso por vê-las.[..]”
Mais adiante Newton afirma:

“Cores não são qualificações da luz derivadas de refrações ou reflexões


dos corpos naturais (como é geralmente acreditado), mas propriedades
originais e inatas que são diferentes nos diversos raios. Alguns raios são
dispostos a exibir uma cor vermelha e nenhuma outra; alguns uma
amarela e nenhuma outra, alguns uma verde e nenhuma outra e assim
por diante. Nem há apenas raios próprios e particulares para as cores
mais importantes, mas mesmo para todas as cores intermediárias.
A espécie de cor e o grau de refrangibilidade próprio de qualquer tipo
particular de raio não são mutáveis pela refração ou reflexão de corpos
naturais nem por qualquer outra coisa que pude observar até agora.
Quando qualquer tipo de raios foi bem separado daqueles de outros tipos,
ele depois reteve obstinadamente sua cor, apesar de meus maiores
esforços para mudá-la. Refratei-o com prismas e refleti-o com corpos que
na luz do dia eram de outras cores. Interceptei-o com filmes coloridos de
ar entre duas placas de vidro comprimidas; transmiti-o através de meios
iridiados com outros tipos de raios, e limitei-o de várias formas; e contudo
nunca pude produzir qualquer cor nele.”
A observação experimental do fenômeno inverso ao da dispersão
das cores do espectro pelo prisma foi feita por Newton, e sobre
isso, ainda nesse mesmo artigo, ele escreve:

“Mas a composição mais surpreendente e maravilhosa foi aquela


da brancura. Não há nenhum tipo de raio que sozinho possa exibi-
la. Ela é sempre composta...
Frequentemente tenho observado que fazendo convergir todas as
cores do prisma e sendo desse modo novamente misturadas como
estavam na luz antes da sua incidência sobre o prisma,
reproduziram luz inteiramente e perfeitamente branca...
Disso portanto vem que a brancura é a cor usual da luz, pois a luz é
um agregado confuso de raios dotados de todos os tipos de cores,
como elas [as cores] são promiscuamente lançadas dos corpos
luminosos.”
Apesar do espectro não mostrar cores nitidamente
limitadas, Newton também teve a ideia de estabelecer
relações entre elas e os sons da escala musical, dividindo as
infinitas cores do espectro em sete grupos de cores: (todos
os graus de) vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e
violeta. Ainda hoje, é comum a divisão do espectro em sete
cores, mas é preciso notar que esta relação com os sons é
artificial, e a diferenciação das cores é arbitrária. A distinção
entre o azul e o anil é forçada e, conforme nos diz Silva, foi
tal distinção que permitiu a Newton a introdução desse
número sete. Como não temos um critério preciso para
definir determinada cor, é desnecessária a preocupação com
o número e a denominação das cores do arco-íris.
 
Visão em Cores
Visão em Cores
Questões

- Quando foi formulada a primeira teoria marcante sobre as


cores?

- Quais são as principais teorias atuais que descrevem a visão


em cores?

- De acordo com a chamada teoria tricromática de Young-


Helmholtz, existem três tipos de receptores na nossa retina,
sensíveis às luzes de cores vermelha, verde e azul.
Do ponto de vista atual, o que diferencia um cone do outro?
- Como é possível medir a sensibilidade dos cones à luz?
Quando isto foi feito pela primeira vez?

- Quando, pela primeira vez, foram identificados os


genes (pedaços do DNA) para os pigmentos humanos
(cones)?
- Quantos tipos de células cônicas têm

- os mamíferos
- as aves
- os répteis
- grandes macacos africanos
- os seres humanos

- Por que um animal com um único tipo de cone, como a


salamandra, não ver em cores?

 
- Em uma arena o touro reage ao vermelho do pano, ou ao
movimento do pano agitado pelo toureiro? Em outras
palavras: o touro ver em cores?
- Em que o sistema visual dos vertebrados difere do
sistema visual dos invertebrados?

- A análise do DNA pode nos dar informações de como


evoluíram (mudaram) os pigmentos dos cones dos
vertebrados (anfíbios, répteis, aves e mamíferos).
Como isto pode ser feito?
(Qual a importância da proteína opsina, nesse processo?)
Discussão

Século XVII
 

1671 –

A primeira teoria marcante sobre cores é de Newton, que iniciou


o estudo sobre o fenômeno das cores em 1666.
 
 

Até a época de Newton, acreditava-se que a luz branca – como a


luz solar – era uma luz pura, formada por uma cor única.

E atribuíam sua coloração mostrada ao atravessar um certo meio


(o prisma de vidro, por exemplo) a alguma coisa neste meio, que
mudava as propriedades da luz, dando-lhe cor.
1704 - Óptica – Newton

“Questão 27. Não são errôneas as hipóteses até


aqui aventadas para explicar os fenômenos da
luz por novas modificações dos raios? Pois esses
fenômenos dependem não de novas
modificações como se tem suposto, mas das
propriedades originais e imutáveis dos raios.”
Newton, no Óptica:

Pois ficou provado (Proposição 1, Parte 2) que as


mudanças produzidas por refração não resultam
de quaisquer novas modificações dos raios
determinados por essa refração e ..

Ver também p. 134 – Prop. 7, Teorema 5.


Foi Newton quem mudou totalmente este conceito ao
provar que o prisma simplesmente decompunha a luz em
seus componentes.

Para Newton, a luz branca é uma mistura heterogênea de


todas as cores.

A teoria de Newton sobre a luz branca produziu um


grande impacto na concepção que o homem tinha de cor.

Até o século XVII, muitos fenômenos, a exemplo do arco-


íris, ficavam sem explicação satisfatória devido a erros nos
conceitos sobre as causas das cores.
 
Por muito tempo, a teoria das cores de Newton
foi severamente criticada por muitos filósofos,
inclusive por Johann W. Goether (1749-1832).
A teoria de Newton sobre as cores admitia que a
retina podia conter inumeráveis receptores de
luz, cada qual reagindo a um estímulo cromático
único e enviando ao cérebro um sinal
apropriado.

 
[Mueller, C. G. e Rudolph, M. Luz e Visão, Biblioteca Científica Life. Livraria José Olimpio
Editora. Rio de Janeiro, 1968, p. 129].
1801

Young rejeitou a ideia de que o olho tem um “número infinito de partículas”,


cada qual capaz de reagir apenas a uma única cor

e considerou necessário haver apenas três tipos diferentes de receptores,


cada qual reagindo a uma das três cores principais.
 

Estas cores constituiriam um conjunto de cores primárias que,


adequadamente combinadas, dariam toda a escala cromática.
 
(Não existe um único conjunto de cores primárias).
 
 

(De acordo Gilbert, A., Origens Históricas da Física Moderna, p. 95, para Young as cores principais seriam o
vermelho, o verde e o violeta)
1851
 
- Hermann L. F. von Helmholtz (físico e fisiologista alemão)
 
- aperfeiçoa a teoria de Young
 
- A teoria tricromática de Y-H considera três tipos de
pigmentos (os cones) que seriam os responsáveis,
respectivamente, pela absorção preferencial do vermelho,
do verde e do azul.

(Conforme veremos adiante, Maxwell, em 1959, propôs o azul no lugar do


violeta, admitido por Young. - Ver Crônicas da Física, Bassalo, J.M.F., Tomo 2, p. 598)
1859
 
J. C. Maxwell produziu seu principal trabalho sobre cores
 
- confirmou a teoria tricromática de Y-H.
 
- demonstrou que as cores do espectro solar poderiam ser obtidas combinando-
se adequadamente o vermelho, o verde e o azul e não o violeta como admitiu
Young.
 
- mostrou também que a cegueira de certas pessoas para cores era devida ao fato
de elas não serem capazes de reconhecer a cor vermelha.
 
Até então a teoria de Y-H era atacada principalmente pelo fato de existirem
pessoas que não distinguem o verde do vermelho
 

(daltonismo: dificuldade de distinguir cores, especialmente o verde do vermelho)


- Este trabalho de Maxwell serviu de base para
o desenvolvimento da fotografia em cores.
Daltonismo: O que é?

• A retina humana possui pigmentos que


permitem que as mais diversas cores sejam
percebidas pelo olho.

• Em casos de daltonismo, chamado


cientificamente de discromatopsia, um (ou
mais) desses pigmentos está ausente ou
diminuído. Como resultado, o indivíduo tem
percepção alterada das cores dos objetos ao
seu redor. A causa da alteração é genética e
está relacionada ao cromossomo recessivo X.
Tipos de daltonismo

Protanopia
• Com diminuição ou ausência do pigmento vermelho, o indivíduo com
protanopia vê tonalidades de marrom, verde ou cinza no lugar do
vermelho. E quando o objeto tem tons de verde, ele parece vermelho
ao daltônico. É o tipo mais comum.

Deuteranopia
• Ao invés de enxergar verde, o indivíduo com deuteranopia vê
marrom.

Tritanopia
• Quem tem esse tipo de daltonismo tem percepção alterada das cores
azul e amarelo. O azul passa a ser visto em tonalidade diferente da
original, o amarelo vira rosa e a cor laranja não é percebida.
1870 – (década de 1870)
 
Karl Ewald Konstantin Hering (1834-1918)
 
Cria a teoria das cores oponentes
- principal teoria antagonista da teoria de Young-Helmoltz
 
Hering fez muitas pesquisas sobre a cegueira das cores e não
conseguiu harmonizar a teoria de Y-H com suas descobertas
 
Hering afirma que os receptores da retina são meros absorvedores
de luz – que ele chamou “matéria captadora”

e que a discriminação de cores começa nos mecanismos de


codificação localizados depois da retina ao longo do sistema óptico.
Os codificadores pretos e brancos podem enviar sinais misturados ao cérebro,
mas as cores dos outros codificadores opõem-se mutuamente e não se
misturam.

 
Hering propôs que amarelo-azul representam sinais opostos assim como o
vermelho-verde.
 
Isto facilitou a explicação sobre o por quê da existência de quatro cores
primárias psicofísicas no lugar de três:
azul, verde, amarela e vermelha misturada com a violeta clara!
 

A teoria de Hering tem base em alguns fenômenos, a exemplo de:


 
- efeito pós-imagem;
 
- o fato de luz vermelha com luz verde resultar em amarelo
Desenvolvimento das pesquisas nos
últimos 50 anos
1969 – conformação da teoria de Y-H?

Foram avaliadas pela primeira vez as


sensibilidades espectrais dos três pigmentos
visuais (cones) dos seres humano.

(um desses estudos foi realizado na Universidade Johns Hopkins University


School of Medicine e do Howard Hughes Medical Institute)
Medindo a sensibilidade do olho das células foto receptoras do das abelhas

Para medir a resposta ao estímulo insere-se na célula uma micropipeta de vidro com solução
eletricamente condutora (KCl) ligada a um sistema amplificador de registro. Assim pode-se medir a
ddp entre a região em contato com a ponta da micropipeta e qq ponto de referência (geralmente
na cabeça). Ciência Hoje – out/1990.
Década de 1980: identificação dos genes dos cones

Jeremy Nathans, um pesquisador da Johns Hopkins University


School of Medicine e do Howard Hughes Medical Institute,

- identificou os genes (pedaços do DNA) para os pigmentos


visuais (cones) humanos

A partir da sequência do DNA (cadeia de


nucleotídeos) desses genes, determinou
a cadeia de aminoácidos que forma cada
proteína de pigmento.

 
A molécula de DNA é constituída por uma seqüência de nucleotídeos que, por sua vez, é
formada por três tipos diferentes de moléculas (um açúcar (pentose), um grupo fosfato e uma
base nitrogenada; ver figura abaixo) e contém a informação genética codificada.
Molécula de DNA
A “fita” de DNA é
formada pela ligação
entre os nucleotídeos
Cada molécula de DNA contém vários genes
dispostos linearmente ao longo da cadeia. Um gene é
(um pedaço do) a menor parte do DNA capaz de
decodificar uma proteína; é uma sequência de
nucleotídeos da molécula de DNA que contém
informações para a síntese de uma proteína.
 
 
James Watson e Francis Crick postularam um
modelo tridimensional para a estrutura do DNA,
baseando-se em estudos de difração de raios-X.
No modelo da dupla hélice, o DNA consiste de duas
cadeias helicoidais de DNA, enroladas ao longo de um
mesmo eixo.
 
 
O pareamento das bases de cada fita se dá de
maneira padronizada, sempre uma purina (adenina e
guanina) com uma piramidina, especificamente:
adenina com timina e citosina com guanina.
Moléculas de DNA e moléculas de proteínas

Os genes localizam-se nos cromossomos contidos no interior dos núcleos celulares e são formados
por um tipo especial de molécula orgânica denominada ácido desoxirribonucléico (DNA).

Tanto as moléculas de DNA como as moléculas de proteínas


são formadas por subunidades. No DNA, as subunidades são
os nucleotídeos e nas proteínas, os aminoácidos. A
seqüência de nucleotídeos e de aminoácidos são colineares,
isto é, os nucleotídeos no DNA estão arranjados em uma
ordem correspondente a ordem dos aminoácidos na
proteína que ele especifica. A molécula de DNA é formada
por duas cadeias complementares de nucleotídeos,
espiraladas.
Os desoxirribonucleo-tídeos (nucleotídeos do DNA)
apresentam um grupo fosfato, um açúcar (desoxirribose) e uma
base nitrogenada púrica (adenina e guanina) ou pirimídica
(timina e citosina). Os nucleotídeos de uma cadeia estão unidos
entre si por meio de ligações açúcar-fosfato na parte externa da
molécula.

Internamente, encontram-se os nucleotídeos, dispostos aos


pares e ligados por pontes de hidrogênio, adenina, em uma
cadeia pareando com timina em outra cadeia, e guanina,
fazendo par com citosina. Os genes, por serem pedaços de
DNA, estão estruturados em uma seqüência de nucleotídeos.
Durante o funcionamento do gene (produção de proteínas),
o DNA constrói um outro tipo de ácido nucléico, o RNA,
que irá atuar como intermediário entre a informação
genética e a síntese protéica. O RNA, como o DNA,
também é formado por nucleotídeos, mas apresenta duas
diferenças: o esqueleto de açúcar-fosfato contém ribose e a
base timina é substituída por uracila, que faz par com a
adenina.
As sequências genéticas revelaram que os pigmentos
sensíveis aos comprimentos de onda médio e longo
estão situados próximos uns dos outros no cromossomo
X e são quase idênticos.
 
A diferença decorre da substituição em apenas três dos
364 aminoácidos responsáveis pela formação de cada
proteína.
O gene do pigmento sensível ao comprimento de
onda curto localiza-se no cromossoma Y.
 
Obs.
Algumas mulheres têm quatro tipos de pigmentos
visuais em vez de três.
Meados da década de 1990
 
As comparações desses três genes dos pigmentos com
os genes de outros animais forneceram dados sobre a
história dos cones.
 
Pela análise do DNA de animais vertebrados (anfíbios,
répteis, aves e mamíferos) de espécies
contemporâneas é possível retroceder no tempo e
descobrir como os pigmentos dos cones (células
especiais da retina) desses animais mudaram a medida
que evoluíam.
 
Como isso é feito?

Isso é feito especificamente pelo exame da


sequência de bases de nucleotídeos (ou
“letras” de DNA) nos genes que codificam as
proteínas chamadas opsinas.

(ver também Gerald H. Jacobs e Jeremy Nathans, Scientific American Brasil, Maio/2009)
A história dos cones vista através do DNA

A evolução da visão dos vertebrados foi estudada através


de uma proteína chamada opsina.
 
As opsinas já existiam antes da emergência dos grupos de
animais que povoam a Terra atualmente.
 
Um cone (célula especial da retina dos vertebrados) é
distinguido do outro através das variantes dessa proteína.
 
(Note que os vertebrados têm células cônicas e os invertebrados têm células retinulares)
Antes de 274 milhões de anos atrás –
- os vertebrados possuíam 4 tipos de cones cada um com um
pigmento diferente
 
Entre 274 e 65 milhões de anos –
- os primeiros mamíferos perderam 2 dos 4 tipos de células cônicas
que seus ancestrais possuíam (provavelmente viviam num ambiente
de pouca luz);

- mas a maioria das aves e dos répteis e muitos peixes conservaram


os 4 tipos de células cônicas que possuíam;

Após 65 milhões de anos atrás -


- os primatas do Velho Mundo – os grandes macacos africanos e os
seres humanos – recuperaram um terceiro cone após a extinção dos
dinossauros (65 milhões de anos atrás).
(ver também (Timothy H. Goldsmith, Scientific American Brasil, Agosto/2006)
Como se pode saber que há 274 milhões de anos os
primeiros mamíferos perderam dois dos quatros
cones que possuíam?
Dois tipos de visão em cores dos mamíferos
Região de
aceleração
humana

(ver slide adiante)


Escaneando o genoma

Fragmento com 118


letras de código
conhecida como
“Região de aceleração
humana – Har1”.

Note que a sequência


entre chimpanzés e
galinhas diferem
apenas em 2 letras.

A Har1 em humanos e
chimpanzés difere em
18 letras, indicando que
conquistou uma nova
função importante em
humanos.
A Visão das Cores nos Vertebrados
A Física e a Biologia

Questão:

- Em uma arena, o touro reage ao vermelho do pano, ou ao


movimento do pano agitado pelo toureiro? Em outras palavras, o
touro ver em cores?
 
Para responder a esta pergunta, é útil entendermos como se formou a
visão dos vertebrados e particularmente a dos mamíferos,
considerando que o touro é um mamífero.

Tomemos como referência o artigo de


Timothy H. Goldsmith, Scientific American Brasil, Agosto/2006
 
Considere a retina dos vertebrados
 
A retina dos vertebrados é uma camada de neurônios que transmite
os sinais visuais ao cérebro. Nessa retina, existem tipos especiais de
células denominadas células cônicas (os cones).

A visão das cores nos vertebrados depende das células cônicas. Cada
cone tem um pigmento (proteína localizada na membrana) que
consiste em certa variante da proteína opsina, ligada a uma
molécula pequena chamada retinal (intimamente relacionada à
vitamina A).

Nos invertebrados existem 3 tipos de células receptoras especiais


denominadas células retinulares.
(ver também Ciência Hoje, v. 12, n. 67, out/1990)
célula cônica (fica na retina;
é uma camada de neurônios)
pigmento

As opsinas são proteínas antigas


que existiam antes da emergência
opsina dos grupos predominantes de
(proteina) animais que povoam a Terra
atualmente. Elas (isto é, suas
variantes) distinguem um cone do
retinal outro e dessa forma
proporcionaram um meio de
estudar a evolução da visão das
(molécula pequena) cores

Quando o retinal absorve luz (fótons) a energia acrescentada faz o


retinal mudar de forma e isto desencadeia uma sucessão de
eventos moleculares que levam à excitação da célula cônica.

Esta excitação, por sua vez, ativa neurônios da retina, que assim
dispara impulsos no nervo óptico que transmite a informação ao
cérebro.
Sozinha a célula não consegue informar ao cérebro
qual comprimento de onda causou sua excitação.

No gráfico a seguir as duas linhas verticais se


elevam de comprimentos de onda que são
absorvidos da mesma maneira pelo pigmento 560.
Ambos causam a mesma reação no pigmento e,
portanto, a mesma excitação não conseguindo
revelar ao cérebro o comprimento de onda da luz
absorvida.
 
 
Para ver em cores o cérebro precisa comparar as
reações de duas ou mais classes de cones
contendo pigmentos visuais diferentes.

Um pigmento visual pode absorver dois


comprimentos de onda de maneira igual mas
embora seus fótons tenham energia diferentes, o
cone não pode distingui-los porque ambos
causam mudança no formato no retinal
desencadeando a mesma sucessão molecular.
O cone conta apenas os fótons que absorve e
não distingue um comprimento de onda do
outro. Pode ser excitado da mesma forma por
uma luz intensa em um comprimento de onda
relativamente mal absorvido e por uma luz fraca
em outro comprimento de onda absorvido.
Para responder à questão inicialmente formulada, devemos considerar que:
 

- a visão em cores dos vertebrados depende das células cônicas da retina;


 
- muitas aves, a maioria dos répteis (lagartos, tartarugas, ...) e muitos peixes possuem 4
tipos de células cônicas;
 
-os primeiros mamíferos, entre 274 e 65 milhões de anos atrás, perderam 2 dos 4 tipos de
células cônicas que seus ancestrais possuíam (provavelmente viviam num ambiente de
pouca luz); (Ver figura)
 
- a maioria dos mamíferos (quase todos os não primatas) possui apenas dois tipos de
células cônicas. Dois pigmentos dos cones: um com sensibilidade máxima para o violeta e o
outro sensível em comprimento de onda longos (na faixa do verde);
 
 
Os primatas atuais do Velho Mundo – os grandes macacos africanos e os seres humanos –
recuperaram um terceiro cone após a extinção dos dinossauros (65 milhões de anos atrás);
 
Os cones dos humanos são sensíveis principalmente ao verde, vermelho e azul.
Respondendo à questão sobre a visão do touro
 
 
Em uma arena, o touro reage ao vermelho do pano, ou ao movimento do pano agitado pelo toureiro?
Em outras palavras, o touro ver em cores?
 
Vimos que:
 
- A maioria dos mamíferos possui apenas dois tipos de células cônicas (Timothy H. Goldsmith,
Scientific American Brasil, Agosto/2006).
 
- Entre os mamíferos, o que se sabe é que os primatas têm os cones sensíveis ao verde, ao azul e ao
vermelho.
 
- são necessários no mínimo dois tipos de cones para distinguir cores.
 

Como nos mamíferos existem geralmente dois pigmentos dos cones: um com sensibilidade máxima
para o violeta e o outro sensível em comprimentos de onda longos (na faixa do verde e não do
vermelho) ... então ...
(o vermelho tem comprimento de onda maior que o violeta e o verde)
 
Uma resposta mais afirmativa talvez possa ser dada medindo-se a sensibilidade das células
fotorreceptoras do olho do touro! Isto poderia ser feito em analogia com o que segue.
O sentido da visão e da visão em cores

- ontem e hoje -
• Ontem –
– Como Newton explicava o sentido da visão e da visão
em cores?
 
• A primeira proposta de uma teoria ondulatória
das cores, com base num modelo ondulatório
periódico, foi formulada por Newton. Ele analisou
a possibilidade de um modelo desse tipo ao
discutir possíveis interpretações das cores do
espectro e isto foi feito em um artigo publicado no
Philosophycal Transaction, em 1672.
Nesse artigo, Newton escreveu:

“Se de alguma maneira essas [vibrações do éter] de


diferentes grandezas forem separadas uma da outra, a maior
[maior comprimento de onda, em nossa linguagem] gerará
essa sensação de uma cor vermelha, e a menor ou mais
curta de um violeta profundo, e as intermediárias de cores
intermediárias, do mesmo modo que os corpos, de acordo
com seus diferentes tamanhos, formas e movimentos excitam
no ar vibrações de diferentes grandezas que, de acordo com
essas grandezas produzem vários tons no som”.

• [Newton, I. Mr. Isaac Newton answer to some consideration upon his doctrine of light and colors.
Philosophical Transaction, 7:5084-103, p. 5088] [Martins, R. de A., Nota de Rodapé, p. 21 do Tratado
sobre a Luz de Christiaan Huygens. Cadernos de História e Filosofia da Ciência, Suplemento 4/1986.]
Nesse parágrafo, como se vê, Newton
considera que as vibrações do éter, de
diferentes grandezas, poderiam gerar as
sensações de diferentes cores.
a) O sentido da visão
 
Dentro de sua teoria da luz, Newton explicava o sentido da
visão a partir da hipótese de que a incidência dos raios de luz
( ) sobre o fundo do olho excitava vibrações na retina. Essas
vibrações se propagavam ao longo das fibras sólidas dos nervos
ópticos para o cérebro gerando o sentido da visão (ver Questão
12).

• “Os raios de luz, sejam eles corpúsculos projetados ou apenas movimento ou força
propagados, se movem em linhas retas ...”; Óptica, p. 202. Newton diz também o que
entende por raios de luz: “Entendo por raios de luz, as partes mínimas da luz e as que
tanto são sucessivas nas mesmas linhas como simultâneas em várias linhas” [Óptica, p.
39, Definição I].
• Óptica, Newton:
 
“Questão 12. Os raios de luz, ao incidir sobre o fundo dos
olhos, não excitam vibrações na túnica retina? Vibrações
essas que, propagando-se ao longo das fibras sólidas dos
nervos ópticos para o cérebro, geram o sentido da visão?
Pois como corpos densos conservam o seu calor por um
longo tempo e os corpos mais densos conservam o seu calor
por maior tempo, as vibrações das suas partes são de
natureza duradoura e, portanto, podem propagar-se ao
longo das fibras sólidas da matéria densa uniforme até uma
grande distância para transmitir ao cérebro as impressões
produzidas em todos os órgãos dos sentidos. [...]”
• Para ele, as vibrações excitadas decorreriam
da pressão exercida pela luz no fundo do olho
da mesma forma que a pressão e movimento
do dedo em qualquer canto dos olhos de uma
pessoa no escuro ver um círculo de cores
quando move o olho em direção oposta ao
dedo (ver Questão 16).
• b) O sentido da visão em cores

Para Newton a sensação das várias cores poderiam ser produzidas pelas
vibrações de várias grandezas excitadas pelas várias espécies de raios:

“Questão 13. As várias espécies de raios não podem produzir


vibrações de várias grandezas que, de acordo com suas grandezas,
excitam sensações de várias cores, da mesma maneira que as
vibrações do ar, de acordo com suas várias grandezas, excitam
sensações de vários sons? E, particularmente, não excitam os raios
mais refratáveis as vibrações menores para produzir uma sensação
de violeta vivo e escuro, e os menos refratáveis as maiores, para
produzir uma sensação de vermelho vivo e escuro? E as várias
espécies intermediárias de raios não excitam vibrações de várias
grandezas intermediárias para provocar sensações de várias cores
intermediárias?”.
De acordo com Newton, para a variedade de
cores ser produzida bastaria que os raios de
luz fossem corpos de tamanhos diferentes.
(Questão 29)
 
O sentido da visão em cores ontem e hoje

Hoje –

Como é explicado o sentido da visão em cores hoje?

Para responder a esta indagação considere a retina dos


vertebrados e a estrutura:

retina / nervo-óptico / cérebro


A retina dos vertebrados é uma
camada de neurônios que
transmite os sinais visuais ao
cérebro.
 
Nessa retina, existem tipos
especiais de células
denominadas células cônicas
(os cones).
 
A visão das cores nos
vertebrados depende das
células cônicas.
Nos invertebrados existem 3 tipos de células
receptoras especiais denominadas células
retinulares.

(ver também Ciência Hoje, v. 12, n. 67, out/1990)


A absorção de um fóton pela molécula retinal

Cada cone tem um pigmento que lhe é


característico (uma proteína, localizada na
membrana). Esta proteína tem a ela ligada
uma molécula pequena chamada retinal.
• Quando o retinal absorve
luz (fótons) a energia
célula cônica (fica na retina
acrescentada faz o retinal pigmento que é uma camada de
neurônios)

mudar de forma e isto


desencadeia uma sucessão opsina
(proteina)

de eventos moleculares retinal

que levam à excitação da


célula cônica. Esta
(molécula
pequena)

excitação, por sua vez, ativa


neurônios da retina, que
assim dispara impulsos no
nervo óptico que transmite
a informação ao cérebro.
• Sozinha a célula não consegue
informar ao cérebro qual
comprimento de onda causou
sua excitação.

• No gráfico ao lado as duas


linhas verticais se elevam de
comprimentos de onda que são
absorvidos da mesma maneira
pelo pigmento 560. Ambos
causam a mesma reação no
pigmento e, portanto, a mesma
excitação não conseguindo
revelar ao cérebro o
comprimento de onda da luz
absorvida.
Para ver em cores o cérebro precisa comparar as
reações de duas ou mais classes de cones
contendo pigmentos visuais diferentes.

(Um pigmento visual pode absorver dois diferentes


comprimentos de onda de maneira igual, mas embora seus
fótons tenham energia diferentes, o cone não pode
distingui-los porque ambos causam mudança no formato do
retinal, desencadeando a mesma sucessão molecular).
 
 
O cone conta apenas os fótons que absorve e não
distingue um comprimento de onda do outro.
Pode ser excitado da mesma forma por uma luz
intensa em um comprimento de onda
relativamente mal absorvido e por uma luz fraca
em outro comprimento de onda absorvido.
“Questão 29. [...] Para se produzir toda a variedade
de cores e graus de refringência, basta que os raios
de luz sejam corpos de tamanhos diferentes, os
menores dos quais podem produzir violeta, a mais
fraca e a mais escura das cores, e ser mais
facilmente desviados da trajetória reta pelas
superfícies refratoras; e os restantes, à medida que
se tornam cada vez maiores, podem produzir as
cores mais fortes e mais lúcidas (azul, verde,
amarelo e vermelho) e ser desviados cada vez mais
dificilmente.[...]”
Questão 14. Não podem a harmonia e a
discordância das cores resultar das proporções das
vibrações propagadas através das fibras dos nervos
ópticos para o cérebro, assim como a harmonia e a
discordância dos sons resultam das proporções das
vibrações do ar? Pois algumas cores, se forem
vistas juntas, são agradáveis umas às outras, como
as do ouro e do anil, enquanto outras desagradam.
 
O fenômeno das cores em
películas delgadas
O fenômeno das cores em
películas delgadas
Ainda Luz e Cor

Como visto, no início da década de 1660 Newton propôs uma


reordenação radical da relação entre luz e cor:

De acordo com R. Westfall (A Vida de Isaac Newton, 1995, p. 56):

“Enquanto a opinião aceita considerava a luz branca


como simples e as cores como modificações dela,
Newton afirmava que a luz que provocava as sensações
de cores individuais é simples e que a luz branca é uma
mistura complexa.”
Cores aparentes dos objetos

Newton se interroga:
- Por que os objetos parecem ter cores diferentes?
- Por que é que o céu é azul, a relva verde e o pigmento
de pintura amarelo ou vermelho?

Ele propôs um resposta simples (1672):

Que as cores de todos os Corpos Naturais


têm apenas como origem isto ... Refletem uma
espécie de luz em maior quantidade do que
outra...”
Cores em películas transparentes delgadas
Primeiras observações

Robert Boyle (1663) e Robert Hooke (1665) -


físicos ingleses
 
1665 – Hooke – no livro Micrografia
 

- relata observações de franjas coloridas


(realizadas com ajuda de um microscópio)
produzidas por corpos transparentes finos
iluminados com luz branca, a exemplo de:
 
a) Lâminas de mica
 
Raios refletidos a partir das superfícies superior e
inferior de uma lâmina fina (de mica, por
exemplo).
  
 
 
 
 
b) Lâminas de ar entre dois pedaços de vidro
comprimidos um contra o outro

Acima, franjas produzidas por um


filme de ar entre duas lâminas de
microscópio (fotografia de E.H.).
Ao lado, anéis de Newton com
duas lâminas de microscópio
(fotografia de E.H.).
Observações:

- as cores que recobrem as manchas de óleo em


pavimentos de asfalto molhado e as cores da
bolha de sabão são a manifestação mais comum
do fenômeno de interferência. As cores do arco-
íris, por sua vez, resultam de refração e reflexão (e
também dispersão) nas gotículas de água.

- o microscópio composto foi inventado por volta de 1590, provavelmente pelo


holandês Zacharias Janssen.
Newton e as cores em películas finas

Newton começa a estudar o livro de Hooke, Micrografia, já em 1665.

Dedicou muito tempo de sua vida à pesquisa das propriedades da luz.

Nascimento – Natal de 1642


Matricula-se na Universidade em 1661 (junho).
Torna-se Bacharel em Artes em 1665.
1704 – Newton escreve no seu livro denominado Óptica (p. 154):

“Observações concernentes às reflexões, refrações e cores dos corpos


transparentes delgados”
“Foi observado por outros que as substâncias transparentes (como vidro,
água, ar, etc.), quando se tornam muito finas ao serem sopradas em
bolhas, ou quando são de outra maneira transformadas em lâminas,
exibem várias cores de acordo com a sua espessura, embora com um
espessura maior elas pareçam claras e incolores. No Livro I, abstive-me
de tratar dessas cores porque pareciam mais difíceis de considerar e não
eram necessárias para estabelecer as propriedades da luz ali discutidas.
Mas como elas podem levar a outras descobertas para completar a teoria
da luz, especialmente quanto à constituição das partes dos corpos
naturais, das quais dependem suas cores ou transparências, faço aqui um
exame delas. Para tornar Este discurso breve e claro, descrevi primeiro o
essencial de minhas Observações e depois as considerei e fiz uso delas.
As observações são estas: [...] ”
Newton

- a partir dos resultados experimentais de Hooke


(e Boyle), Newton percebeu que este fenômeno
poderia ser melhor observado, colocando uma
lente plano-convexa tangencialmente sobre uma
lâmina de vidro.
 
- os “anéis” coloridos obtidos dessas experiências
foram cuidadosamente estudados por Newton e
são conhecidos hoje por “anéis de Newton”
• Em (b), Anéis de Newton obtidos a partir do
(a)

arranjo mostrado em (a). Note que em (b) a


lâmina fina é de ar e tem largura variável.
No artigo de 1675, “Hypothesis of Light” (ver nota 63 da
Óptica), a primeira figura que Newton apresenta de anéis é a
seguinte:

(a)

Nesta figura, AHQ representa a superfície de um vidro


esfericamente convexo que está apoiado em um vidro
plano AIR; AIRQHA é uma camada de ar entre os
vidros. Os vários anéis que ele observa quando vê
esses vidros por cima, sobre A, estão também
(b) representados na figura. Ao redor de A observa-se
uma mancha preta, pois segundo Newton quase
nenhuma luz chega aos olhos, sendo toda ela
transmitida. Segue-se um anel colorido ao redor de c,
depois outro anel preto ao redor de E e assim
sucessivamente.
No artigo de 1675, “Hypothesis of Light” (ver nota 63, da Óptica), a primeira figura
que Newton apresenta de anéis é a seguinte:

Nesta figura, AHQ representa a superfície de um vidro esfericamente


convexo que está apoiado em um vidro plano AIR; AIRQHA é uma camada
de ar entre os vidros. Os vários anéis que ele observa quando vê esses
vidros por cima, sobre A, estão também representados na figura. Ao redor
de A observa-se uma mancha preta, pois segundo Newton quase nenhuma
luz chega aos olhos, sendo toda ela transmitida. Segue-se um anel colorido
ao redor de c, depois outro anel preto ao redor de E e assim
sucessivamente.
Newton - artigo “Hipothesis of Light” (1675)

Ver em:

http://www.newtonproject.sussex.ac.uk/view/text
s/normalized/NATP00002
(acesso em 06/05/2012)
Moysés Nussenzveig – importante físico brasileiro (UFRJ)
– Curso de Física Básica (1998)

- Newton deu uma explicação ondulatória da origem de tais


anéis em termos de onda que associava aos “acessos de fácil
reflexão” e “acessos de fácil transmissão”
(“acessos”?; fits é traduzida também como “estados”).

- Estes acessos seriam periódicos, regulados por uma onda


que se propagava juntamente com o raio
 
PSSC -
- partículas luminosas tinham propriedades que variavam
periodicamente com o tempo.
André Koch (tradutor do Óptica, de Newton) –

- Newton foi também “o primeiro a estabelecer e provar


(e não simplesmente supor ou especular) sem sombra
de dúvidas, a periodicidade de um fenômeno óptico a
partir de medidas precisas, ou seja, experimentalmente”.

(ver também Westfall, pp. 171-175 e 216-222).


Onda ou corpúsculo?

Hooke e Newton divergiam quanto à explicação dada


para esses fenômenos:

Hooke (e outros, a exemplo de Huygens):

– luz era um fenômeno ondulatório


 
Newton
- formulou a teoria dos “acessos”, acreditava que o aspecto
corpuscular da luz era o mais importante

(Isto é o que, em geral, se pensa hoje!).


1672 – Hooke –

“a luz é produzida por vibrações de um meio sutil


e homogêneo e este movimento se propaga por
impulsos ou ondas simples e de forma
perpendicular à linha de propagação”
 

por esta últimas palavras, Hooke poderia ser considerado o


primeiro a propor a hipótese das ondas transversais para a
luz, isto se não as tivesse negado posteriormente, conforme
nos afirma P. Schurmann, em História de la Física.
A necessidade de um meio de propagação da luz:
o éter luminífero

- a consequência imediata da concepções da luz como


onda é a introdução da idéia de um meio
luminífero.
 
- Huygens, em 1678, melhorou e ampliou a hipótese
ondulatória da luz proposta por Hooke e pelo padre
jesuíta Ignácio Pardiès (1636-1673).

(Pardiès era professor de matemática em Paris e


faleceu antes de completar seus trabalhos).
 
- em analogia com o som (o som não se propaga
no vácuo), Huygens defendeu a existência de um
meio luminoso, fluido - batizado de éter
luminífero - presente tanto no vácuo, como no ar,
no vidro etc., meio este com características tais
que explicasse a grande velocidade da luz, a qual
ele já sabia que era da ordem de 227.000km/s.
- Boyle já havia testado a propagação da luz no
vácuo após ter conseguido fazer vácuo com a
ajuda da bomba inventada pouco tempo antes
pelo alemão Otto von Guericke e que ele tinha
aperfeiçoado.
Película espessa

Somente quando a placa for “delgada”, o que


implica d não ser maior que alguns comprimentos
de onda da luz, é que se produzirão as franjas do
tipo descrito, isto é, franjas que parecem
localizadas na película e associadas com a variação
da sua espessura.
Película espessa - continuação

Nas películas muito espessas (da ordem de 1cm), a


diferença de percurso entre dois raios equivalerá a
alguns comprimentos de onda e a defasagem em
um dado ponto da película variará rapidamente,
mesmo para pequenos afastamentos desse ponto.

Em películas finas, a diferença de fase em um ponto


também se mantém para pontos aproximadamente
próximos. Para o caso de películas espessas ...
Ver também Halliday, p. 183
Questão:

Como a teoria dos “acessos de fácil reflexão e


acesso de fácil transmissão”, de Newton,
explicaria os chamados “anéis de Newton”?
Resposta

De acordo com tal teoria

Todo raio de luz, em sua passagem através de qualquer


superfície refratora, assume uma certa constituição ou
estado transitório que ao longo da trajetória do raio
retorna em intervalos iguais e faz com que em cada
retorno o raio tenda a ser facilmente transmitido
através da próxima superfície refratora e, entre os
retornos, a ser facilmente refletido por ela.

e que
e que

esta reflexão e refração alternada depende de


ambas as superfícies de cada lâmina, porque
depende de suas distâncias.
Note que no caso do arranjo da lente plano-
convexa, apoiada numa superfície de vidro
plana, a espessura da lâmina de ar varia à
medida que se afasta do centro da lente, daí as
reflexões e refrações alternadas.
• O fenômeno das cores em películas delgadas
já era conhecido e estudado desde o século
XVII. Mas foi somente a partir de 1801, após
os trabalhos de contribuições de Thomas
Young, que o mesmo foi melhor
compreendido.
Questão 17

Se uma pedra for lançada em água estagnada, as ondas


assim explicitadas continuam a surgir durante algum
tempo no lugar onde a pedra caiu na água e dali se
propagam em círculos concêntricos a grandes distâncias
sobre a superfície da água. E as vibrações ou tremores
excitados no ar pela percussão continuam durante algum
tempo a mover-se a grandes distâncias a partir do lugar
de percussão em esferas concêntricas.
Questão 17 - continuação

E, de maneira semelhante, quando um raio de luz incide


sobre a superfície de qualquer corpo transparente, e ali é
refratado ou refletido, não podem as ondas de
vibrações, ou tremores, ser excitadas no meio refrator
ou refletor no ponto de incidência e continuar a surgir ali
e a se propagar por tanto tempo quanto continuam a
surgir e a se propagar, quando são excitadas o fundo dos
olhos pela pressão ou movimento do dedo ou pela luz que
procede da brasa nas experiências mencionadas acima?
Continuação

E essas vibrações não se propagam a grandes distâncias a


partir do ponto de incidência? E elas não ultrapassam os
raios de luz, e, ao ultrapassá-los sucessivamente, não os
colocam nos estados de fácil reflexão e fácil transmissão
acima descritos? Pois se os raios se esforçam por afastar-se
da parte mais densa da vibração, eles podem ser
alternadamente acelerados e retardados pelas vibrações
que os alcançam.
 
Ver também Newton, ÓPTICA, pág. 214, prop. 18, e notas de aula sobre “Anéis de
Newton”.
Difração

Difração – O que é?
Desvio sofrido pela luz em relação a direção de propagação
retilínea ao passar para além de um obstáculo, tal como uma
agulha, ou as bordas de uma fenda, isto é, ao ser parcialmente
interrompida.
A descoberta da difração - 1664 - Grimaldi

- Francesco Grimaldi descobre o fenômeno acima mencionado, a que


denominou de difração da luz

Grimaldi

- fez passar um feixe de luz por dois orifícios (situados uma atrás do outro)
o qual, em seguida, atingia um anteparo branco.

no anteparo observou uma região iluminada além daquela que deveria


existir se a luz se propagasse em linha reta. É como se a luz se encurvasse
ao passar pelo orifício.

- fez uma feixe de luz incidir sobre um pequeno obstáculo produzindo


efeitos não esperados pela Óptica geométrica.

(Ver também Nota do Tradutor da Óptica de Newton, p. 236)

Ver outras ilustrações adiante:


Alguns resultados experimentais de Grimaldi
Alguns resultados experimentais semelhantes
aos que foram obtidos neste laboratório
Sears
Difração da luz por um disco opaco,
mostrando o ponto brilhante no centro da
sombra.
(De M. Cagnet, M. Françon e J.C. Thierr,
Atlas of Opticala Phenomena, Figure 33,
Springer-Verlag, Berlin, 1962). (Tipler)
Em 1818, Fresnel apresentou uma teoria ondulatória que explicava a
difração, ao participar de um concurso patrocinado pela academia
Francesa. Na oportunidade Simon D. Poisson mostrou que ela
predizia um ponto luminoso no centro da sombra de um disco, o que
seria aparentemente impossível de ser obtido na prática.

Logo depois, D. F. Arago obteve experimentalmente tal ponto


luminoso (hoje chamado ponto de Poisson ou ponto de Arago). O
ponto de Poisson já tinha sido observado, em 1752, por Maraldi, mas
seu trabalho passou completamente despercebido.
A Descoberta da Difração
- Conforme Relatada por Grimaldi -

Francesco Maria Grimaldi nasceu em


Bolonha, em 1618 (faleceu em 1663).
Ele pertenceu à Ordem dosa Jesuítas,
tendo sido professor de matemática em
Bolonha. Era um experimentador
entusiasmado em ciências naturais e é
conhecido como o descobridor do
fenômeno da difração.
As figuras que seguem foram
apresentadas em seu livro Physico-
mathesis de Lumine, Coloribus et Iride,
publicado em 1665, após a sua morte.
   
Ao se referir à Difração da Luz (Proposição I) ele escreve:

“Luz é propagada ou difundida não somente


diretamente, por refração, e por reflexão, mas
também de uma quarta maneira – por difração”.
Relato de Grimaldi do que ele chama primeiro experimento 
O que Grimaldi chama de primeiro experimento, é relatado nos
seguintes termos:
“Um buraco muito pequeno AB (Fig. 63) é feito numa veneziana
[janela feita de tábuas de madeira] e através dele a luz do Sol de um
céu muito limpo é admitida numa sala fechada, de forma a ser
escura. A difusão dessa luz será um cone ou aproximadamente um
cone, ACDB.”
(Ver figura)
Relato de Grimaldi do que ele chama segundo experimento

“Uma abertura é feita, talvez da largura de um dedo, numa veneziana (janela feita
de tábuas de madeira) de uma sala escura e nesta abertura é colocada uma fina
placa opaca AB (Fig. 65), e através de uma abertura muito estreita CD nesta placa
luz do Sol é admitida e forma um cone de luz.”
“Então a luz que entra através do buraco GH novamente forma um cone ou
quase um cone. Quando este é cortado ortogonalmente ou é bloqueado
por uma superfície lisa banca aparecerá sobre esta superfície uma base
iluminada IK notavelmente maior que aquela que os raios marcariam se
fossem transmitidos em linha reta através do mesmo lado, como CGL e
DHM e mesmo aqueles que passam pelo lado oposto DGN e CHO.”  
Observação:
Possível relação entre a descoberta de Grimaldi e a
descoberta T. Young.

Em um dos seus artigos publicados em 1803, relatando a


descoberta do fenômeno luminoso na experiência da fenda
de interferência

dupla, T. Young escreve:

“Eu fiz um pequeno buraco numa veneziana


[janela feita de tábuas de madeira], e o cobri
com um pedaço de papel espesso, que eu
perfurei com uma agulha. (...)”
1675 – Newton –
Por volta de 1672, Newton interessou-se
seriamente pelos resultados experimentais
de Grimaldi (e também de Hooke) sobre
difração e, após realizar suas próprias
experiências, escreveu sobre este fenômeno
num artigo publicado no ano de 1675
(primeira menção pública dele sobre
difração), onde apresentou a seguinte figura:

(ver também Óptica, de Newton, Nota do Tradutor, p. 235)


- luz do Sol entrando numa sala por um
pequeno orifício HK e chegando até o papel
PQ

- quando um objeto mno intercepta parte da


luz formam-se seis fileiras de cores RST VXY

- observa-se também que as sombras do


objeto mno é diferente daquela que deveria
existir se a luz se propagasse em linha reta
(devido à luz que ocorre na região VZ)
1704 – Newton escreveu no Óptica

“Grimaldi nos mostrou que, se deixarmos um feixe de luz solar


entrar em um quarto escuro através de um orifício minúsculo,
as sombras das coisas nessa luz serão maiores do que o
seriam se os raios passassem pelos corpos em linhas retas, e
que essas sombras têm três franjas, faixas ou fileiras
paralelas de luz colorida adjacentes a elas. Mas se o orifício
for alargado as franjas se alargarão e se encontrarão umas
com as outras de modo que não será possível distingui-as.
Essas sombras e franjas largas têm sido consideradas por
alguns como decorrentes de refração ordinária do ar, mas
sem um exame adequado do assunto. De fato, as
circunstâncias relativas ao fenômeno, até onde me foi dado
observar são as seguintes: [...]”
 
- nesta passagem da Óptica, Newton só se refere às franjas externas
(adjacentes à sombra), contudo, de acordo com o André Assis,
tradutor da Óptica (p.236), Grimaldi também observou e
representou em suas figuras as franjas internas (que aparecem
dentro da sombra) além das franjas externas (adjacentes à sombra).

- Newton procurou explicar a inflexão (difração) em termos de forças mútuas (só


sensíveis a pequenas distâncias) entre os corpos materiais e a partícula de luz;
forças essas análogas, para ele, às que atuariam na refração da luz. (Questão 29?)
Newton - 1686

Curiosamente, nos Princípios Matemáticos de Filosofia Natural


(1686) Newton descreveu a inflexão (difração) apenas em situações
em que a luz seguia trajetórias curvas em direção à sombra.
(É bem verdade que depois ele não fala mais nelas)

Após discutir “o movimento de corpos muito pequenos quando


agitados por forças centrípetas que tendem para as várias partes de
qualquer corpo maior”, Newton escreve:
  Newton escreve:
“Essas atrações guardam uma grande semelhança com as reflexões e
refrações da luz realizadas em uma dada razão das secantes, como foi
descoberto por Snell; e, consequentemente, em uma dada razão dos senos
como foi mostrado por Descartes. Pois é hoje certo, a partir do fenômeno dos
satélites de Júpiter, confirmado pelas observações de diferentes astrônomos,
que a luz propaga-se em sucessão e requer cerca de sete a oito minutos para
viajar do Sol à Terra. Além disso, os raios de luz que estão em nosso ar (como
foi mais tarde descoberto por Grimaldi), admitindo luz em um quarto escuro
através de um orifício, experiência que eu também tentei), em sua passagem
próximo às angulosidades dos corpos sejam eles transparentes ou opacos (tais
como as bordas circulares ou retangulares de moedas de ouro, prata e bronze,
ou de facas, ou de pedaços quebrados de pedra ou vidro), são dobrados ou
defletidos em torno daqueles corpos como se fossem atraídos para eles; e
aqueles raios que, em sua passagem, aproximam-se o máximo dos corpos são
os mais defletidos, como se fossem os mais atraídos; fato este que eu mesmo
cuidadosamente observei. [...]”
Princípios Matemáticos de Filosofia Natural, Livro I, Seção XIV, Escólio ao fim da Proposição 96, Teorema 50:
Newton 1704 - A figura abaixo, extraída da Óptica, em que
Newton mostra a trajetória dos raios de luz ao passar perto de
um fio de cabelo, induz-nos a pensar que a luz estaria sendo
repelida pelo fio de cabelo, fazendo com que a sombra fosse
maior do que seria se a luz se propagasse em linha reta.

Figura 1, do Livro II, Parte I, da Óptica.


 
A luz estaria sendo repelida pelo fio de cabelo.
Depois que publicou os Princípios Matemáticos de
Filosofia Natural, em 1686, Newton ainda voltou a fazer
experiências sobre o fenômeno de difração até os
primeiros anos da década de 1990, quando então
interrompeu tais trabalhos.

O projeto de Newton estava incompleto (como ele mesmo


afirma) quando publicou o Óptica em 1704.
 
1704 - Diz Newton, na página 250 da Óptica:

  “Quando fiz as Observações precedentes [sobre inflexão], tinha


a intenção de repetir a maioria delas com mais cuidado e
exatidão e de fazer algumas novas para determinar a
maneira como os raios de luz se curvam ao passar perto dos
corpos para produzir as franjas de cores com as linhas
escuras entre elas. [grifo nosso] Mas então fui interrompido e
não posso pensar em submeter essas coisas a novas
considerações. E como não terminei essa parte do meu
projeto, concluirei propondo apenas algumas questões, na
expectativa de que uma pesquisa adicional seja feita por
outros.”
Mário Schenberg – físico brasileiro importante:

- Newton conhecia a experiência fundamental de Grimaldi e portanto


não poderia ignorar o aspecto ondulatório da luz.

“O homem era terrível, porque achava que de alguma maneira o


aspecto corpuscular deveria ser o mais importante. Dizia que havia o
aspecto ondulatório, sem dúvida, mas de certo modo, a luz deveria
ser composta de partículas. Isto é o que nós pensamos hoje em dia,
que a luz é composta de fótons, o que não quer dizer que eles não
tenham propriedades ondulatórias. [grifo nosso] Newton teve ainda
a intuição de que a existência de fenômenos de difração por fenda
estaria ligada a um “acesso” do corpúsculo de entrar ou não pela
fenda. Não sei se já existia a palavra probabilidade, mas ele usou a
palavra inglesa fits. A partícula tinha fits e podia ir para um lado ou
para o outro. Ele achava que havia ainda outros aspectos não
bastante esclarecidos, que deveriam estar ligados a alguma coisa, um
certo meio, que seria o éter”
Propagação retilínea versus difração
- Augustin Fresnel -
 
Uma das razões para a forte objeção de Newton à (primitiva) teoria
ondulatória da luz decorria do fato facilmente constatado de que a luz se
propaga em linha reta a exemplo de um feixe de luz numa sala
empoeirada.
1817 – Fresnel
 
- retomando as concepções ondulatórias de Huygens e usando o
denominado princípio de interferência, calculou matematicamente
as figuras de difração para os mais diversos obstáculos e aberturas.
 
- esclareceu, por exemplo, que a difração se torna cada vez menos
acentuada a medida que as dimensões da abertura se tornam
progressivamente maior do que o comprimento de onda.
 
- A propagação retilínea observada no nosso cotidiano resulta do
fato que a luz tem comprimento de onda pequeno.
 

- o princípio da interferência tinha sido introduzido por T. Young, por volta de 1801,
independentemente, e só depois Fresnel tomou conhecimento dos trabalhos de Young.
 
Ilustração de um caso geral de difração
Princípio de Huygens-Fresnel

O princípio de Huygens ignora muitas das características das


chamadas ondas secundárias (o comprimento de onda, por
exemplo), atendo-se apenas à envolvente. Ele é insuficiente para
contabilizar todos os detalhes do processo de difração. 

- as ondas sonoras contornam facilmente objetos de grandes


dimensões (postes, árvores etc.) enquanto estes, quando
iluminados, projetam sombras bem definidas;

- o princípio de Huygens, entretanto, prevê a mesma


configuração para as ondas difratadas em ambas as situações
  Fresnel corrigiu esta deficiência do princípio de Huygens
quando introduziu o princípio da interferência,
acrescentando que a amplitude da onda difratada, em cada
ponto do espaço é dada pela superposição de todas as
ondas secundárias (tendo em conta suas amplitudes e fases
relativas)
- portanto, pode-se calcular a intensidade luminosa
em C, subdividindo-se a frente de onda em áreas
elementares, cada uma das quais se torna fonte de
onda secundária de Huygens. Em seguida, somam-
se as perturbações ondulatórias.
Questão –
Supondo conhecidas as dimensões da fenda
(largura a) e o valor do comprimento de onda ()
da onda incidente, como prever a posição em que
se localizarão os mínimos (e máximos) de
intensidade de luz?

- este tipo de problema será abordado posteriormente.


Difração de Fraunhofer X Difração de Fresnel

A difração de Fraunhofer é mais fácil de ser tratada


matematicamente.

a) Uma fenda B feita num anteparo é iluminada por


luz proveniente da fonte S. No ponto P do anteparo
C a intensidade depende da intensidade e das
fases relativas da luz que passa pelas diversas
partes da fenda.

b) Se a distância da fenda B à fonte S e ao anteparo


C for muito grande, tanto a luz que incide em B
quanto a luz que emerge de B são constituídas por
ondas planas de modo que os cálculos de difração
se tornam mais simples.

c) Em laboratório, em vez de deslocar a fonte e o


anteparo, é mais conveniente usar lentes
convergentes, conforme é indicado; desse modo a
luz que incide sobre B e a luz que emerge de B são
constituídas por raios paralelos.
Dificuldades para se observar a difração –
 
a) a maioria das fontes possui áreas extensas
b) efeitos são diminutos
c) as fontes luminosas ordinárias não são monocromáticas
 
Observando a difração -
 

- utilizar uma fonte suficientemente intensa


(uma lâmpada de alta potência irradiando através de um pequeno orifício
é suficiente);

- mais fácil é usar um laser.


 

Sombra de um lápis
analisar a sombra de um lápis quando iluminado por uma fonte
pontual; note uma região pouco usual em torno do corpo do lápis, e
mesmo faixas fracamente iluminadas no meio da sombra.
Difração associada a obstáculos transparentes -
 
- não é normalmente considerada; não é muito comum.
 
Exemplo – Pode ser provocada por:
 
a) gotas de chuva nas lentes dos óculos de alguém que
conduz um automóvel à noite
 
b) uma gota de água ou saliva numa chapa de vidro
colocada bastante próxima do olho e olhada
diretamente através dela para uma fonte pontual (para
observar franjas claras e escuras)
Coerência

– Propriedade das ondas que mantêm um diferença de fase constante no tempo


Interferência – O que é?
 
A interferência óptica é um fenômeno que consiste na superposição de duas ou mais ondas de luz
com a geração de um efeito luminoso que difere da simples soma dos efeitos de cada onda em separado.
Interferência

A descoberta de Thomas Young


Interferência

1800-1803 –Thomas Young – inglês

- foi só a partir deste período que a teoria ondulatória foi


colocada em firme base experimental. A base matemática seria
dada por Fresnel por volta de 1817, após fazer suas próprias
experiências de difração de interferência
 
- médico e especialista em muitos campos da ciência; interessou-
se pelo estudo da luz e do som ao estudar a visão e a audição.

- obteve com o uso da luz resultados semelhantes ao que se


obtinha ao fazer passar por dois orifícios ondas produzidas na
água! Luz se comporta como onda!
Interferência

1800-1803 –Thomas Young – inglês

- foi só a partir deste período que a teoria ondulatória foi


colocada em firme base experimental. A base matemática seria
dada por Fresnel por volta de 1817, após fazer suas próprias
experiências de difração de interferência
 
- médico e especialista em muitos campos da ciência; interessou-
se pelo estudo da luz e do som ao estudar a visão e a audição.

- obteve com o uso da luz resultados semelhantes ao que se


obtinha ao fazer passar por dois orifícios ondas produzidas na
água! Luz se comporta como onda!
- fenômenos aparentemente diversos passaram a ser explicados a
partir de um mesmo princípio: princípio da interferência

  “quando duas ondulações, com origens diferentes, se


propagam exata ou muito aproximadamente ao longo da
mesma direção, o seu efeito conjunto é uma combinação
dos movimentos de cada uma”

- comparou a teoria de Newton (corpuscular?) com a de Huygens


e mostrou que seus resultados poderiam ser explicados pela
teoria ondulatória; explicou também as cores das películas finas e
o efeito dispersivos das redes;

- apesar de ser um pouco cético a respeito de sua teoria,


argumentou que o próprio Newton fizera diversas afirmações
apoiando uma teoria da luz que tinha alguns aspectos de uma
teoria ondulatória.
• Questão:
Será que Newton aplicaria a teoria dos “acessos de fácil transmissão” e dos
“acessos de fácil reflexão” para explicar o resultado da experiência da dupla fenda
com luz? E da experiência com uma fenda?

• Experiência da dupla fenda


- Young – foi estimulado a fazer esta experiência a partir de observações
relacionadas à interferência de ondas de água e de pulsos de som, nos quais
percebera que havia regiões de destruição e regiões de reforço dessas ondas.
(ver artigo de 1807, sobre “Interferência de luz”)

Desenho efetuado por Thomas Young e que


mostra os efeitos de interferência
provocados pela sobreposição das ondas.
As zonas alternadas de reforço e de
cancelamento podem ver-se melhor se nos
Ondas geradas numa tina de colocarmos de modo a que os nossos olhos
ondas por duas fontes fiquem perto da margem direita da figura e
pontuais. olharmos através de um ângulo
praticamente rasando o diagrama. (1807)
• “Interferência de Luz” – T. Young - 1807
“Supondo que a luz de qualquer cor dada consiste em ondulações
de uma certa largura, ou de uma dada frequência, segue que essas
ondulações devem ser responsáveis por aqueles efeitos que nós já
examinamos no caso de ondas de água e pulsos de som. Foi
mostrado que duas séries iguais de ondas de água, procedendo de
centros próximos um do outro, podem ser vistas anulando os efeitos
uma da outra em certos pontos, e em outros pontos reforçando-os; e
o batimento de dois sons foi explicado por similar interferência. Nós
agora aplicaremos os mesmos princípios para a união e extinção
alternada de cores”.
(Extraído do artigo de T. Young, de 1807, sobre Interferência de Luz – republicado no livro A Source Book In Physics por W. F. Magie)
Experimento da fenda dupla. A
luz passa por uma fenda,
chamada de colimadora (para
tornar o feixe apropriado) e, em
seguida, por duas fendas
paralelas, na barreira.

A figura de interferência é
mostrada no anteparo. Curioso
é que a franja escura (indicada
por P na figura) tornar-se-á
iluminada, caso seja fechada
uma das fendas na barreira!

Note que a franja escura surge


como resultado da interferência
destrutiva dos feixes que
passam pelas duas fendas. Em
lugar de fendas longas e
estreitas, Young usou dois
pequenos orifícios feitos com
alfinete.
• Young fez passar um feixe luminoso (luz do Sol) através de dois orifícios
construídos em um papel grosso (feitos com alfinete) e então obteve,
pela primeira vez, em um anteparo, uma figura de interferência
luminosa composta de faixas claras e escuras, alternadamente.

• Para conseguir um feixe luminoso adequado, fez a luz passar,


inicialmente, em um obstáculo com um único orifício.

Na experiência de interferência de T.
Young, a luz difratada do orifício S0
incide sobre os orifícios S1 e S2 no
anteparo B. As luzes difratadas destes
dois orifícios se superpõem na região
entre os anteparos B e C, produzindo
uma configuração da interferência sobre
o anteparo C.
O que ocorrerá com as franjas de interferência se a largura da fenda S 0
for aumentada gradativamente?
A técnica moderna para a obtenção de figuras de interferência utiliza
fendas longas e estreitas em lugar de pequenos orifícios.

As ondas incidentes em P estavam


em fase nas fendas S1 e S2.
Posição dos máximos e mínimos de interferência
(A matemática do problema?)

Caso particular: duas fontes pontuais (fenda bem estreita /


largura a<<λ), ou seja, apenas duas fontes de ondas secundárias.

As ondas provenientes das


fendas combinam-se em P, um
ponto arbitrário sobre o
anteparo. O ângulo θ localiza o
ponto P. Na realidade, D>>d. As
dimensões foram alteradas para
maior clareza. Sendo assim, r2 é
aproximadamente paralelo a r1.
De modo geral, uma franja brilhante está centrada em qualquer ponto
onde a diferença de trajeto seja um número inteiro de comprimentos de
onda. Isso é, se r1–r2=m, onde m=0, 1, 2, ..., então forma-se uma
franja brilhante.

Os ângulos m que localizam os centros das franjas brilhantes são


dados por:
 
d senθm = ± mλ (m= 0,1,2,...)
 
Os ângulos que localizam os centros das franjas escuras são dados por:
 
d senθm = ± (m´ + ½)λ , (m= 0,1,2,...)
Lembretes

1 – para a observação de franjas de interferência no


anteparo as ondas que saem de S1 e S2 para P devem ter
um diferença de fase bem definida, que permaneça
constante no tempo (ver coerência)

2 – a expressão que dá a distribuição da intensidade da


luz na figura de interferência da fenda dupla não será
apresentada aqui devido a dificuldades matemáticas;
ficaremos satisfeitos, por enquanto, com a expressão
das posições angulares das franjas brilhantes e escuras
(máximos e mínimos)
As equações anteriores podem ser usadas na determinação
do comprimento de onda da luz. Citando Thomas Young:
 
“Pela comparação de várias experiências, conclui-se
que a largura das ondulações [isto é, o comprimento
de ondas] que constituem a luz da extremidade
vermelha deve ser suposta no ar, como valendo
cerca de um 36 avos do milésimo da polegada e, a
da violeta, como na ordem de um 60 avos do
milésimo da polegada; a média de todo o espectro,
com respeito à intensidade da luz, é de um 45 avos
do milésimo da polegada”.
 
O valor obtido por Young para o comprimento de
onda médio efetivo, presente na luz solar
(1/45.000 polegadas), pode ser tomado como
5.700 Å, o que concorda razoavelmente bem com
o comprimento de onda (5.550Å) para o qual a
vista tem sensibilidade máxima.
Não se deve supor que o trabalho de Young tenha sido aceito
sem crítica. Um de seus contemporâneos, evidentemente um
seguidor ferrenho da teoria corpuscular da luz, escreveu:
 
“Desejamos elevar nossa débil voz contra inovações
que não podem ter outro efeito senão o de refrear o
progresso da Ciência, e renovar todos aqueles
fantásticos fantasmas da imaginação, que Bacon e
Newton expulsaram do seu templo. Esse trabalho não
contém nada que mereça o nome de experiência ou
descoberta”.
 
É desnecessário dizer que a posteridade decidiu a favor de
Young.
Muitas fendas
- o que acontece se em vez de duas fendas houver
um número maior de fendas?

Ondas de fendas adjacentes percorrem distâncias que diferem


de dsenθ para atingir o Ponto P no anteparo. Neste caso
particular dsenθ = λ, de modo que se produz um máximo de
interferência em P.
- a condição de máximo continua a ser a mesma (basta pensar que
as fendas vão sendo tomadas duas a duas)
 
d sen = m  (m=0, 1, 2, ...)
 
os máximos são mais nítidos (o efeito da superposição é maior).

Verifica-se que a localização dos máximos principais é


determinada somente pela razão λ/d; não depende do número de
fendas, N.
 
Se o número de fendas for muito grande (digamos 600 por
milímetro) temos a
 
chamada rede de difração (ver aula adiante)
- no caso da luz incidente ter várias cores ao mesmo

tempo (várias freqüências / comprimentos de onda –

lâmpada de mercúrio, por exemplo) a rede de difração

permite a separação dos componentes. 


Poucos dispositivos foram tão importantes para o
desenvolvimento da Física Moderna como a rede de difração

- para se construir uma rede de difração, normalmente faz-se


sulcos, ou ranhuras, paralelos e igualmente espaçados em
uma superfície plana de vidro (rede de transmissão / temos
nos laboratório desta disciplina) ou de metal (rede de
reflexão).

- as ranhuras espalham luz e são suficientemente opacas de


forma que o espaço entre as ranhuras se comporta como uma
fenda

- No Lab. de FIS 142 temos rede com o espaçamento entre as fendas d=1,750 m.
Exercício
Qual a distância linear entre dois máximos adjacentes no anteparo da figura 8 apresentada
anteriormente? O comprimento de onda  vale 633nm; o espaçamento entre as fendas é de 2mm
e a distância D entre o par de fendas e o anteparo é de 5,3m.
Suponha que o ângulo  seja suficiente pequeno para que se possa usar a aproximação sen ≈ tan
 ≈ , onde  é expresso em radianos.

Supondo D>>d e θ suficientemente pequeno:


 
sen θ ≈ tg θ ≈ θ = y/D
 
Para máximos de interferência:

d sen θ = mλ (m= 0,1,2,...)


Logo:
(mλ)/d = (ym)/D → ym = (mλD)/d

Para dois máximos consecutivos a distância linear (no anteparo) é:


 
y m+1 – ym = (m+1) (λD)/d – (mλD)/d = (λD)/d
 
Δy = (633 x 10-9m x 5,3m)/2 x 10-3m Δy = _____ mm?
Problema

– Qual a expressão matemática que descreve as franjas da figura da


esquerda?
 

Para responder, suponha a luz incidindo normalmente sobre uma cunha de


ar formada entre duas chapas de vidro e escreva a expressão matemática
para os máximos de interferência em função de x, do comprimento da
chapa e da espessura máxima da cunha.

(Relembrar a experiência em que se viu faixas alternadas, claras e escuras,


quando se olhava as lâminas, de cima).
Exercícios sobre interferência em duas fendas

1. Qual o comprimento de onda da luz produzida pelo lazer (hélio-neônio) no


Laboratório desta disciplina, considerando que o espaçamento entre as fendas foi
de aproximadamente .... (2mm), a distância linear entre os dois máximos foi
avaliada em ..... (2mm) e a distância entre o anteparo e o par de fendas foi de
aproximadamente ... (5,8m)? Suponha que o ângulo  seja suficientemente
pequeno para que se possa usar a aproximação sen~tan~, onde  é expresso em
radianos.
Compare com o valor indicada que é de 633nm.

 
2. Duas fendas estreitas, separadas por uma distância d, estão iluminadas por luz de
comprimento de onda λ, e a figura de interferência é observada num anteparo
colocado a uma grande distância L (L>> d). O m-ésimo máximo de interferência está
a uma distância ym do máximo central, medido sobre o anteparo. (a) Mostrar que y m
é dado aproximadamente por ym = mλL/d. (b) Com λ= 600nm, L= 2m e d=1mm,
calcular o número de franjas brilhantes por centímetro, sobre o anteparo.
3. (Ver o exercício 2.) Quando se usa luz de comprimento de onda de 589
nm, e quando o anteparo está a 3m das fendas, existem 28 franjas brilhantes
por centímetro, sobre o anteparo. Qual a separação entre as fendas?

4. A luz incide com um ângulo ø em relação à normal sobre um plano que


contém duas fendas separadas por d (ver figura). Mostrar que os máximos
de interferência são localizados pelos ângulos θ dados por senø + senθ = m(λ
/d).

5. A luz de um lazer de hélio-neônio, de comprimento de onda 633 nm,


incide normalmente sobre um plano que contém duas fendas. O primeiro
máximo de interferência está a 82 cm do máximo central sobre um anteparo
colocado a 12,0 m de distância (d). Calcular a separação entre as fendas.

6. Resolver os Problemas: 13.14, 13.15, 13. 16 e 13.18 do “Projecto Física”,


volume 4.
Interferência em Película Fina
Interferência em Película Fina
1704 – Newton escreve no seu livro denominado Óptica (p. 154):

“Observações concernentes às reflexões, refrações e cores dos corpos


transparentes delgados”
“Foi observado por outros que as substâncias transparentes (como vidro,
água, ar, etc.), quando se tornam muito finas ao serem sopradas em
bolhas, ou quando são de outra maneira transformadas em lâminas,
exibem várias cores de acordo com a sua espessura, embora com um
espessura maior elas pareçam claras e incolores. No Livro I, abstive-me
de tratar dessas cores porque pareciam mais difíceis de considerar e não
eram necessárias para estabelecer as propriedades da luz ali discutidas.
Mas como elas podem levar a outras descobertas para completar a teoria
da luz, especialmente quanto à constituição das partes dos corpos
naturais, das quais dependem suas cores ou transparências, faço aqui um
exame delas. Para tornar Este discurso breve e claro, descrevi primeiro o
essencial de minhas Observações e depois as considerei e fiz uso delas.
As observações são estas: [...] ”
Considere um feixe de luz incidindo sobre uma película
delgada transparente (mica, por exemplo), sob pequenos
ângulos, em relação à normal.

- parte da luz reflete-se na superfície superior e parte


entra na película.
- Qual raio é ou quais raios são responsáveis pelo
aparecimento das cores?
 
Newton: - um raio refletido na segunda superfície

Young: - dois raios refletidos; um refletido na primeira e


outro na segunda superfície, produzindo interferência.
 
Como ele justifica isso?

Ele usa a teoria dos “acessos de fácil reflexão” e


de fácil transmissão” (Óptica, 210)
De acordo com tal teoria...

Todo raio de luz, em sua passagem através de qualquer


superfície refratora, assume uma certa constituição ou
estado transitório que ao longo da trajetória do raio
retorna em intervalos iguais e faz com que em cada
retorno o raio tenda a ser facilmente transmitido através
da próxima superfície refratora e, entre os retornos, a
ser facilmente refletido por ela.

Em outro parágrafo adiante (pág. 211) ele diz:


Newton, Óptica, 1704, página 211:

“Esta reflexão e refração alternada depende


de ambas as superfícies de cada lâmina,
porque depende de suas distâncias.Pela
Observação 21, se molharmos uma ou
outra superfície de uma lâmina fina de
moscovita [um tipo de mica], as cores
produzidas por essa reflexão e refração
alternada tornam-se mais fracas; portanto,
elas dependem de ambas as superfícies.
Assim ela se efetua na segunda superfície,
pois caso se efetuasse na primeira, antes de
os raios chegarem à segunda ela não
dependeria desta última”.
• “Além disso ela é influenciada por alguma ação ou
tendência propagada da primeira para a segunda,
porque do contrário, na segunda, ela não
dependeria da primeira. E essa ação ou tendência,
em sua propagação, cessa e retorna a intervalos
iguais, porque em toda a sua trajetória ela faz com
que o raio a uma dada distância da primeira
superfície tenda a ser refletido pela segunda, e a
uma outra a ser transmitido por ela, isso a intervalos
iguais e por uma mudança inumerável. [...]”
“Que tipo de ação ou tendência é essa, se
consiste num movimento circular ou vibratório
do raio, ou do meio, ou de alguma outra coisa,
não o indago aqui. [grifo nosso] Aqueles que se
negam a admitir quaisquer novas descobertas,
exceto as que conseguem explicar por uma
hipótese [reflexo das controvérsias que durante anos opuseram Newton a
Hooke e a Huygens], poderão supor que,
poderão supor que, ...

assim como as pedras ao cair na água conferem a esta um


movimento ondulatório, e assim como todos os corpos
produzem vibrações no ar por percussão, assim os raios de luz,
chocando-se com qualquer superfície refratora ou refletora,
produzem vibrações no meio ou substância refratora ou
refletora [o éter; ver Questão 18 adiante] e, assim fazendo, agitam as
partes sólidas do corpo refrator ou refletor e, agitando-o,
fazem com que o corpo se torne morno ou quente ();

continua
que as vibrações assim produzidas se propagam no meio ou
substância refratora da mesma maneira que as vibrações se
propagam no ar para causar o som e se movem mais rápido
do que os raios, de modo a ultrapassá-los; e que, quando
qualquer raio está naquela parte da vibração que contribui
para o seu movimento, ele irrompe facilmente através de uma
superfície refratora, mas quando está na parte oposta da
vibração, que lhe impede o movimento, é facilmente refletido;
e, por conseqüência, que todo raio tende sucessivamente a ser
facilmente refletido ou facilmente transmitido por toda
vibração que o ultrapassa.”
Newton, continuação:

“Mas se tal hipótese é verdadeira ou falsa é coisa que não


considero aqui. Contento-me com a simples descoberta de
que os raios de luz tendem alternadamente, por uma ou
outra razão, a ser refletidos ou refratados por um grande
número de mudanças regulares.”
• Newton concebe os raios de luz do seguinte modo:

“Por raios de luz entendo as partes mínimas da luz e as que


tanto são sucessivas nas mesmas linhas como simultâneas em
várias linhas.”
(Óptica, Definição I, p. 39).

Note que aqui Newton considera a luz abstratamente, sem afirmar


que o corpúsculo de luz é corpóreo, material. Descobrir o que
seriam as partes mínimas da luz continua a ser um grande desafio
ainda hoje, quando se fala em fótons.

Numa carta ao amigo Besso, em 1951, Einstein escreve:


Numa carta ao amigo Besso, em 1951, Einstein escreve:

“Cinquenta anos de ponderação não me


trouxeram mais próximo da resposta à pergunta:
o que são os fótons? Hoje em dia qualquer um
acredita que a conhece – mas se engana”.

‘[Nussenzveig, Curso ministrado na Escola “Jorge André Swieca”, Campinas, 1994] [Hecht, E., Óptica, Lisboa. Fundação Calouste
Gulbenkian, 1991].
• Calor, para Newton, está associado ao movimento vibratório
das partículas microscópicas, conforme pensamos hoje. Para
ele calor não era uma substância material, como outros
pensavam e que, ao final do século XIII, era chamada calórico.
As Experiências de Airy, Foucault e Fizeau

A interpretação que os defensores da teoria corpuscular


deram aos trabalhos de Newton, aliada ao prestígio que o
nome de Newton tinha (e continua tendo) no meio da
comunidade científica, fez prevalecer, por todo o século
XVIII, a teoria corpuscular da luz.

Nessa época, a comunidade científica não se permitia


imaginar que as partículas luminosas pudessem ter
aspectos ondulatórios. Para ela, a experiência certamente
decidiria pela concepção ou corpuscular ou ondulatória.
A experiência realizada pelo inglês Sir George B.
Airy, em 1833, e, principalmente, as experiências
realizadas por Fizeau e Foucaut, em 1850, levariam
à confirmação de que Huygens é que estaria certo.

A experiência de Airy está relacionada ao hoje


conhecido fenômeno de interferência.
Considerava-se uma placa delgada sobre a qual
fazia-se incidir luz em um determinado ângulo.
Pela teoria ondulatória, as cores em placas delgadas
eram decorrentes da interferência entre a luz refletida
pela primeira e segunda superfícies da placa.

Pela teoria corpuscular, essas cores eram produzidas


somente pela luz refletida pela segunda superfície da
placa. Se, de algum modo, a reflexão na primeira
superfície fosse impedida e se a teoria ondulatória fosse
correta, não seria observada a formação de cores. Com
a sua experiência, Airy confirmou as previsões da
teoria ondulatória.
O Princípio de Interferência (de T. Young) e as cores das películas delgadas
Problema
O que deveríamos esperar observar, por reflexão se olhássemos para
uma película muitíssimo fina (parte superior da figura) sobre a qual
fizéssemos incidir luz na direção próximo a normal à película?
Suponha uma diferença de caminho muito menor que o comprimento de
onda.

Esperaríamos ver luz refletida, pois as ondas


estariam em fase (para uma diferença de caminho Na figura, uma película de sabão é
tão pequena). Isto, entretanto, não ocorre! sustentada por uma espira de arame. Na
parte superior da figura aparece um
trecho preto. Este trecho resulta do fato
da película, por drenagem, ser tão fina
Se isto não ocorre, a reflexão na primeira superfície no local, que produz interferência
deve ter características diferentes da reflexão na destrutiva entre as ondas refletidas das
duas superfícies. (ver analogia com
segunda superfície! ondas numa corda)
Newton e a perda do poder refletor das lâminas muito finas
(Óptica, p. 213)
O problema das diferentes densidades do meio
Analogia com ondas numa corda

Para facilitar abordagem do problema anterior, é conveniente fazer uma


analogia entre o comportamento de uma onda luminosa na interface de
dois meios de propriedades ópticas diferentes e de uma onda mecânica
num ponto de junção de duas cordas de diferentes densidades lineares.

Na parte superior da figura o pulso


incidente está na corda mais pesada.
Na parte inferior da figura a onda
está na corda mais leve.
Além da diferença de caminho, dois fatores determinam a
natureza da interferência:

- a dependência do comprimento de onda com o índice de refração

- a mudança de fase na reflexão

Por analogia com a corda:


Para que dois raios se combinem (figura) para dar

- um máximo de intensidade, admitindo incidência quase


normal, devemos ter:

- um mínimo

(ar-película-ar)
Problema - Vidro não refletor
 

O fenômeno de interferência é
frequentemente usado para reduzir a
reflexão na superfície do vidro. Isto é feito
recobrindo-se a superfície do vidro por
películas finas de substâncias transparentes,
como MgF2 (n=1,38).

Qual deve ser a espessura necessária dessa


película, para produzir um mínimo de
reflexão no centro do espectro visível (550
nm)?
Resolução:

ar-película-vidro
Outra aplicação tecnológica: leitora de discos ópticos
Exercícios sobre interferência (película fina)
• Anéis de Newton. Numa experiência de anéis de Newton, a lente tem um raio
de curvatura R de 8,0 metros e diâmetro de 2,0 cm. (Admitir λ=500 nm).
– Quantos anéis serão produzidos?
– Quantos anéis seriam vistos se o dispositivo fosse imerso em água (índice de
refração igual a 1,33)?

• Uma argola de arame é mergulhada em água com sabão e depois mantida da


vertical, de modo que o filme de água e sabão fica na vertical. Observado por
reflexão, com luz branca, a parte superior do filme parece negra. Explique a
razão. Abaixo da região negra aparece, bandas coloridas. A primeira delas será
vermelha ou azul? Descreva a aparência da película vista com luz transmitida.
 
• Uma película delgada, de material transparente, com índice de refração 1,30,
é usada como um recobrimento não-refletor sobre uma superfície de vidro
com índice de refração 1,50. Qual deverá ser a espessura da película para que
o filme seja não-refletor para luz de 600nm (no vácuo)?
Exercícios sobre Interferência (Película Fina)
 

1. Deseja-se cobrir um pedaço de vidro plano (n=1,50) com um material transparente (n=1,35) de modo
que a luz de comprimento de onda 600nm (no vácuo), incidindo normalmente, não seja refletida. Como
é que isto pode ser feito?
 
2. Anéis de Newton.
Suponhamos que a lente plano-convexa (apresentada nas Notas de Aula) apoiada numa lâmina de vidro,
rigorosamente plana, tem raio de curvatura R. Suponhamos também que a mesma seja iluminada de
cima por luz de comprimento de onda . Considere o aparecimento de franjas circulares de interferência
em função do comprimento de onda  e do raio de curvatura (anéis de Newton), associadas com a
camada de ar, de espessura variável, existente entre a lente e a lâmina.
 

- Obtenha uma expressão matemática que relacione o comprimento de onda  com o raio de curvatura
R e com os raios dos máximos de interferência.
 

(Lembrar que o raio do fundo da película de ar, e não o de cima, sofre uma mudança de fase , porque
ele é refletido por um meio de maior índice de refração).
 
 
3. Anéis de Newton
Numa experiência de anéis de Newton, a lente tem um raio de curvatura R de 8,0 metros e diâmetro de
2,0 cm. (Admitir =500nm)
a) Quantos anéis serão produzidos? b) Quantos anéis seriam vistos se o dispositivo fosse imerso em
água (n=1,33)?.
4. Uma argola de arame é mergulhada em água com sabão e depois
mantida da vertical, de modo que o filme de água e sabão fica na
vertical. Observado por reflexão, com luz branca, a parte superior do
filme parece negra. Explique a razão. Abaixo da região negra
aparece, bandas coloridas. A primeira delas será vermelha ou azul?
Descreva a aparência da película vista com luz transmitida.
Problema – Qual a expressão matemática que descreve as franjas da figura
da esquerda, em função de x, do comprimento da chapa (L), da espessura
máxima da cunha (t) e do comprimento de onda da luz (λ)? (Supor L>>t)
 

Para responder, suponha a luz incidindo normalmente sobre uma cunha de ar


formada entre duas chapas de vidro.

(Relembrar a experiência em que se viu franjas coloridas quando se olhava as


lâminas, de cima). 
Fenda Única

Como encontrar a posição dos mínimos de difração?


Fenda Única

Como encontrar a posição dos


mínimos de difração?

19 – 11. Figura de difração de ondas retas que passam


através de uma fenda,e, abaixo, figura de interferência
de uma linha de fontes pontuais igualmente espaçadas
que se estendem ao longo da fenda. Próximo às fontes,
o efeito de separação das fontes produz alguma
diferença nas figuras. A grandes distâncias, as duas
figuras são iguais.
E se a abertura, a, não for suficientemente pequena,
comparada com o comprimento de onda, λ?
Como encontrar a posição dos mínimos de difração?
 
  Se a não for muito menor que  (a<< λ), temos que levar em conta
a largura a da fenda.
 
Para compreendermos como se forma o padrão (figura) de
difração da fenda única podemos substituir mentalmente a fenda
de largura a por várias fendas elementares cada uma delas com
largura menor.
 
Quanto mais fendas elementares forem usadas, menor serão suas
larguras e mais precisas serão nossas conclusões.
 
Suponhamos a fenda dividida em 12 fendas elementares:
 
  Primeiro mínimo (ver figura)

- dividindo a fenda a em duas zonas iguais, obtemos o primeiro mínimo de


difração:
Ondas emergindo em fase de uma fenda de
largura a.

Escolher θ de forma que Δ seja meio


comprimento de onda.

Para chegar a tela as ondas provenientes da fenda elementar 7 percorrem


meio comprimento de onda a mais que as ondas da fonte elementar 1
(interferência destrutiva); idem para 8 e 2, e assim por diante.
 
Logo (1/2) a senθ = λ/2 →
a senθ = λ 1o mínimo
Será que para esta mesma fenda a
dividida de 12 fendas elementares é
possível encontrar um segundo mínimo
para um outro ângulo θ ?
Segundo mínimo
 
- dividindo agora a fenda em 4 zonas iguais com raios partindo da margem superior de cada
uma delas, obteremos o segundo mínimo de difração.
 
Para chegar à tela, as ondas provenientes da fenda 4 percorrem meio comprimento de onda
mais do que as ondas da fenda elementar 1; idem para a fenda 5 com 2; 6 com 3; 10 com 7, e
assim por diante.

Logo, ¼ a senθ = λ/2

a senθ = 2 λ, 2º mínimo
 
Prosseguindo o raciocínio, dividindo a fenda em 6, 8, 10,... zonais iguais,
obteremos:
a senθ = ± mλ (m = 1,2,3,...)
Mínimos a senθ = ± mλ (m=1,2,3,...)

Máximos? a senθ ≈ ± (2m+1)λ/2 (m=1,2,3,...)


  Note que

- se a >> λ, a luz passa pelo orifício projetando a forma


geométrica da fenda.

a senθ = m λ

senθ = m λ/a  θ ≡ 0º  óptica geométrica

  - se a ~ λ o efeito de difração se acentua.


 
- se a << λ a franja central ocupa todo o hemisfério.
Questão 1

Estabeleça em expressão para a largura Δy do máximo central de difração (distância


entre os mínimos com m = ±1), em função do comprimento de onda λ, da largura a da
fenda e da distância L entre a fenda e o anteparo, Suponha a >> λ, na figura abaixo.

Resp: a senθ = mλ
 
senθ = y/√(L² + y²)

y = (λL)/(a² - λ²)1/2
 
Como a >> λ e m=1
 
y= (λL)/a
 
Se 2y = Δy 

Δy = (2λL)/a
 
Questão 2
 
Uma fenda (de largura a) é iluminada com luz laser (λ=633nm).
Qual a largura da fenda capaz de produzir o primeiro mínimo na
posição y=25mm (medida em relação ao centro do máximo central).
A distância entre a fenda e o anteparto L é de 4,2m. Veja figura.
 

A partir da questão anterior:


 
a = (2λL)/Δy = (2 . 6,33x10-7 . 4,2) / 2 (0,025)
 
= 0,11 mm
 
Exercícios sobre difração
  

1 - Estabeleça em expressão para a largura y do máximo central de


difração (distância definida pelos mínimos m = +1 e m = -1).
Suponha a largura da fenda a maior que .
  
2 - Em uma das experiências sobre difração realizada no Laboratório
desta disciplina, iluminamos uma fenda com luz laser de
comprimento de onda  (=633nm). Um anteparo foi colocado a
uma distância de ... (4,3m) da fenda. Considerando que a distância
y entre os dois primeiros mínimos, medida no anteparo, foi de .....
(3cm), pergunta-se: Qual a largura da fenda?
 
 
3 - Veja o gráfico da Intensidade de Corrente versus Posição
Angular obtido no Laboratório desta disciplina (em aula anterior,
sobre difração).
 
A partir do valor da abertura da fenda ... (a=5,0cm) e do valor
do comprimento de onda da microonda ... (=2,8cm)
utilizados para a obtenção do gráfico Intensidade de Corrente
versus Posição Angular, calcule a posição angular  para a qual
ocorre o primeiro mínimo de difração e compare com o
resultado experimental. (Resultado experimental: para m=1,
1=35º e para m=2, 2 =73º).
4 - Qual o valor da largura de uma fenda iluminada com luz vermelha
(λ=6.500 angstrons) a fim de que o primeiro mínimo corresponda a
θ=30º?
 
5 - A equação asenθ = mλ, e a equação dsenθ = mλ, são às vezes
confundidas uma com a outra. Dê o significado dos símbolos em cada
equação e explique a aplicação de cada uma delas.
 
6 - Luz de comprimento de onda de 600nm incide sobre uma
fenda comprida estreita. Calcular o ângulo do primeiro
mínimo de difração se a largura das fendas é: 0,1mm; e b)
1mm.

7 - Uma figura de difração e interferência de Fraunhofer,


numa fenda dupla, é observada com luz de 500nm. As fendas
estão separadas por d=0,1mm e tem largura a. Achar a largura
a se o quinto máximo de interferência estiver no mesmo
ângulo que o primeiro mínimo de difração. Neste caso quantas
franjas brilhantes serão vistas no máximo central de difração?
Difração – largura do máximo central
 
Considere a figura:

Achar uma expressão para a largura do máximo central.


 
1 - Os ângulos que localizam os mínimos de m=1 são dados por:

senθ = [(±1)λ] / a
2- Pela figura

senθ = y/√(y² + L²) (ou λ/a = y/L (se L>>y e L>>a)


 
3 – Logo, λ/a = y / √(y² + L²)  y = (L λ) / √(a² - λ²)
 
4 - Se a>>λ (0,30mm >> 0,00059mm, ou a = 508λ)

 
y ≈ (L λ)/a y = L / 508 

5 - A largura do máximo central será: Δy = (2 L λ) / a

onde Δy = 2y, Δy = 3,4mm

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