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Jacques e Janine Vallee

DESAFIO A CIÊNCIA

O ENIGMA DOS DISCOS


VOADORES
global editora
COPYRIGHT ©1979 by
Global Editora e Distribuidora Ltda.

EDITORES: Luiz Alves Jr. e José Carlos Venâncio

TRADUÇÃO: Maria Lúcia Azevedo e Eneas Theodoro Jr.


REVISÃO: Armandina Venâncio
CAPA: Carlos Clémen
MONTAGEM: Geraldina Isler
ARTE FINAL: Marcos Duarte
FOTOLITOS: Paulo Boccatto e Nicolau Couto

Publicado por acordo com


CONTEMPORARY BOOKS, INC. - CHICAGO - U.S.A.

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global editora e distribuidora ltda.
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Impresso na Editora Parma Ltda.


Rua da Várzea, 394 - SÃO PAULO - BRASIL
N.° DE CATÁLOGO – 1162
ÍNDICE

Prefácio por J. Allen Hynek


Introdução

UM
Do Novo México a Nova Zelândia
O Caso do Balão Experimental
O Caso das Bólides Falsas
O Caso do Jantar Interrompido
O Caso da Câmara Automática
O Caso da Máquina Inteligente
O Caso dos Esquimós Assustados
O Caso dos Engenheiros Franceses
O Caso do Raio de Luz Ofuscante
O Caso dos Catedráticos Australianos
O Caso do Disco Giratório
O Caso dos Visitantes da Nova Zelância

DOIS
Mais Peças para o Quebra-Cabeça
Um Problema Frustrador
Um Enorme Objeto com muitas Luzes
Aterrissagem no Novo México
O "Jellyfish" da Pensilvânia
Duas Observações Extraordinárias
“Piões Voadores" no Sul
Outro "Jellyfish"
Aterrissagens na Virgínia
A Explosão
A Onda que não tem mais fim

TRÊS
Há uma abordagem cientifica?
História da Controvérsia
As Diversas Tendências
Classificação das Observações
Um procedimento Sistemático
Uma Ideia Extraordinária
Considerações Sobre Probabilidades
A Teoria do Grande Círculo

QUATRO
Extraindo Dados
Siga as Linhas
Seleção de Relatórios Significantes
O Primeiro Catálogo
As Redes Existem
Em Desafio a Ortotenia
Nós Simulamos uma Onda
Um Resultado Surpreendente
Conclusões sobre a Teoria de Linha-Reta

CINCO
O Sinal e o Barulho
A Extensão do Problema
Como as Ondas Evoluem
Sinais Celestes
Os Exolicadores

SEIS
O Reconhecimento de um Estudo
Levantamento de Experiências Anteriores
Registro e Compilação
Meteoros e Estrelas Cadentes
Satélites Artificiais
Planeta Vénus

SETE
Um Mundo de Relatórios
Acontecimentos em Perspectiva
O Período Americano
O Período Europeu
O Mundo Inteiro
Ondas Anteriores a 1954
A Onda Global de 1954
A Onda de 1957
Conclusão

OITO
Ciclos de Atividade
Existe urna Lei Secreta?
Variações Cíclicas
As Visões e o Ciclo Marciano
Um Problema Difícil

NOVE
À Procura de Padrões
Uma Questão de Método
Ocasião e Duração das Observações
O "Marciano" ao Crepúsculo
O Padrão por detrás das Aterrissagens
A Aterrissagem em Premanin

DEZ
O Problema Tecnológico
Nuvens em Forma de Charuto
Pobreza de Hipóteses
Proporções e Formatos
Características de Voo
Efeitos Secundários
O Caso do Lago Raven Dam
Sobre uma Ponte de Ferro

CONCLUSÃO
A Solução aonosso Alcance
Uma Proposta de Pesquisa
APÊNDICES
PREFÁCIO

Qual seria a responsabilidade do cientista ac deparar com observações


que não parecem ser apenas um desafio mas muitas vezes uma afronta à
ciência? Como livrar-se dessa responsabilidade? O fenômeno UFO
apresenta-nos tal problema. Para a maioria dos cientistas que não tem
conhecimento do assunto, a não ser através de especulações da imprensa
popular, essa é uma área “intocável”. “Discos voadores”, decerto produto de
mentes imaturas, imaginativas ou até mesmo desiquilibradas, o
“playground” dos pseudo-cientistas e dos quase místicos, o refúgio dos
excêntricos.
Será que é verdade? Claro, se forem aplicados princípios científicos,
todos nós defenderemos com vigor, é preciso tempo para investigar o
assunto com cuidado — para investigar e examinar. Mas tempo é
exatamente o que os cientistas de hoje — em alguns aspectos as pessoas
mais ocupadas do mundo — não têm! Quem pode passar o tempo
vagueando através de histórias aparentemente tolas, histórias extravagantes,
quimera e lengalenga, quando tantas coisas urgentes exigem a atenção
imediata do cientista?
Como astrônomo, provavelmente nunca teria tomado 'conhecimento do
assunto se não tivessem me pedido oficialmente para fazer tal coisa. Nos
últimos 18 anos tenho agido como consultor científico da Força Aérea dos
Estados Unidos sobre a matéria de objetos voadores não identificados -
UFO’s. Como consequência de meu trabalho, nos volumosos arquivos da
Força Aérea e em maior proporção nas investigações pessoais de diversos
casos intrigantes e entrevistas com testemunhas de ótima reputação, há
muito tempo tomei consciência de que o assunto UFO não pode ser
repudiado só porque é considerado simples absurdo. Absurdos ocorrem, não
há dúvida, e identificações errôneas de objetos conhecidos, que muitas
pessoas honestas relatam como Ufo’s. Mas não há um “sinal” no “barulho”,
uma agulha no palheiro? Não seria, exatamente, nossa função tentar isolar o
verídico do absurdo? Através do trabalho cauteloso, em toneladas de
pechblenda, Madame Curie isolou uma pequena quantidade de rádio - mas a
importância daquela minúscula quantidade fez o mundo tremer.
Cheguei à conclusão (falando agora pessoalmente e não na qualidade de
oficial), depois de ter trabalhado muitos anos com “toneladas” de relatórios,
que existe um sinal, um “rádio” na “pechblenda”, esperando para ser
extraído. Os autores desse livro chegaram à mesma conclusão através de um
caminho um pouco diferente. Se a validez científica na totalidade do
fenômeno UFO provar ser um sinal físico ou psicológico — ou até mesmo
um fenômeno até agora desconhecido - será sob todos os aspectos um
desafio à ciência.
Talvez eu devesse ter falado antes, 18 anos é muito tempo. Mas é
necessário mais provas para que uma ideia num campo revolucionário seja
aceita, quer seja evolução biológica, relatividade ou mecânica quântica;
muito diferente do que quando simplesmente se dá mais um passo num
campo científico aceitável. Além disso, astrônomos estão entre os cientistas
mais conservadores. A sua percepção de tempo é tão grande que eles,
naturalmente, esperam o momento propício para propor ou aceitar ideias
revolucionárias, principalmente se estas forem consideradas
sensacionalistas para a imprensa e para o povo.
Não obstante, recentemente fui censurado por corresponder com
pessoas cuja integridade respeito, acusado de ter fracassado em chamar a
atenção de meus colegas sobre a importância dos dados da força aérea a
respeito dos UFO’s. Se for necessário qualquer defesa, em vista da natureza
explosiva e controversa do assunto, esta seria, sem dúvida, de que eu
chamei a atenção para o constante crescimento de relatórios feitos por
pessoas inteligentes de diversos países. Em 1952, perante a Sociedade ótica
Americana ressaltei a natureza importante de certos tipos de relatórios sobre
UFO’s (artigo publicado no Journal of the Optical Society of America, em
abril de 1953).
Além disso, permanece o fato de que durante anos tenho dedicado
pessoalmente parte de meu tempo a esse assunto, ato este que seria
irracional se não sentisse que valesse a pena ser examinado. Há muito que
estou consciente de que o fenômeno UFO é global e tem capturado a
atenção de muitas pessoas racionais. Inúmeros cientistas têm me contado,
em particular, de seus interesses e suas disposições para maiores
investigações do problema.
Uma investigação científica torna-se possível quando o fenômeno a ser
estudado apresenta padrões e regularidades, quando é um assunto para
classificação. Os autores mostram que um sistema de classificação (o início
de muitos ramos científicos) do fenômeno UFO é possível e, de fato, cada
tipo identificado mostra um padrão de frequência diurno diferente. Seu
catálogo com 500 casos deveria ser, particularmente, do interesse dos
cientistas. Não adiantaria traçar um paralelo com os primeiros catálogos de
fontes de radiação eletromagnética: a grande maioria das entradas foram
oticamente não identificadas; somente métodos mais avançados de análise e
observação revelaram que algumas delas era radiogaláxias e outras eram o
novo enigma, fontes quasi-estelares. O atual catálogo de casos UFO
consiste, com raras exceções, de itens não identificados; alguns querem
saber se o paralelo com o catálogo de fontes de radiação eletromagnética
persiste. Certamente, nenhum progresso pode ser feito sem estudo
científico. Como os autores mostram, os cientistas “cobertos de dignidade”
têm, com frequência, recusando a estudar os relatórios. A verdade é que
muitos dos meus colegas que despojaram-se de suas dignidades o suficiente
para darem uma boa olhada nos relatórios, juntaram-se à crescente fila de
cientistas perplexos: em particular, demonstram sério interesse em relação
ao fenômeno, mas publicamente, escolheram, como o assunto em si,
permanecer não identificados, relutantes em exporem-se ao escárnio e
gracejos que acompanham o assunto. Esse livro será de grande valor para
eles em particular, e para todos aqueles que fomentaram o espírito
verdadeiro de Galileu. Eles buscam e procuram, examinando até mesmo
aquelas ideias que parecem fantasiosas e estranhas, pois sabem quão
estranho e fantasioso o termo “energia nuclear” teria sido para um físico há
100 mil anos atrás. Estão prontos a aceitar um novo desafio à ciência.

J.Allen Hynek Presidente,


Departamento de Astronomia e
Diretor Observatório Dearbom, Northwestern University
INTRODUÇÃO

A matéria desse livro é o estudo científico das observações de “discos-


voadores” ou “objetos voadores não identificados”, que têm sido relatados
no mundo inteiro.
Para estabelecer uma abordagem precisa e analítica a um assunto que
durante tanto tempo foi alvo de crítica, tivemos que abandonar a
terminologia sensacionalista que a imprensa Lhe tem reservado. Não é
possível, no presente momento, submeter os “discos-voadores” a um estudo
científico, ou mesmo definí-los. Entretanto, o fato de que desde 1946
inúmeras pessoas em todos os países têm feito relatórios pormenorizados de
acontecimentos, os quais consideram estranhos, misteriosos e algumas
vezes até mesmo aterrorizantes, merecem atenção. Enquanto que muitos
relatórios determinados através de investigações conduzem a eventos
naturais, pretendemos demonstrar que quando os inevitáveis erros e óbvios
embustes são eliminados, os relatórios revelam características comuns,
possuem alto grau de coerência interna e parecem expor as testemunhas a
uma série de circunstâncias incomuns.
A causa desconhecida desses relatórios é designada através desse
trabalho pelo termo “Fenômeno UFO”.
O fenômeno UFO tem sido assunto de sérias preocupações das
autoridades somente nos Estados Unidos. A Força Aérea dos Estados
Unidos criou uma organização para investigar os relatórios e alguns
cientistas americanos agindo em âmbito individual, têm examinado os
arquivos e relatado suas opiniões e descobertas. Acreditamos que esses
estudos estejam abertos à crítica, pois são baseados em dados nos quais
nenhuma tentativa de classificação tem sido feita; observações significantes
permanecem abafadas pela inadvertência ou interpretações errôneas, em
que a localização dos eventos tem sido muito vaga e o sistema oficial de
coleta de dados tem introduzido efeitos de seleção óbvios que ninguém
procurou corrigir ou mesmo descrever.
Esse livro enfatiza a natureza global do fenômeno, mostrando como as
observações europeias elucidaram casos observados na América e em
outras partes do mundo. Foram principalmente as observações francesas
sobre uma pequena área tratadas pormenorizadamente, que revelaram um
excelente grau de precisão, e os métodos desenvolvidos para estudá-las são
vistos como sendo aplicáveis ao fenômeno como um todo.
Nossas investigações foram baseadas em extenso material tirado dos
arquivos gerais da Força Aérea dos Estados Unidos, de compilações
particulares e oficiais na Europa, e de dados que reunimos pessoalmente
desde 1961.
Adotamos um princípio no qual consideramos cada relatório como uma
fonte de três categorias de informações:

(1) informação na localização da observação


(2) informação sobre a hora da observação
(3) informação sobre a descrição do fenômeno.

A informação sobre a localização da aparição é objetiva: independe do


número de testemunhas, idade ou fidedignidade das mesmas. A informação
da hora é também objetiva, mas seu estudo é mais complexo. A informação
sobre a descrição do fenômeno não é somente difícil de ser analisada, mas é
de natureza extremamente subjetiva; envolve conhecimento das condições
de observação, condições meteorológicas predominantes, instrumentos à
disposição de observadores etc, e todas as observações de natureza física
existentes: velocidade, forma, cor, dimensão e funcionamento em geral dos
objetos. Por essa razão o livro é dividido, depois de dois capítulos
introdutórios designados a dar ao leitor informações sobre a natureza global
e estranha do fenômeno, em três partes principais.
Na primeira parte começamos nossas análises de padrões e leis gerais
que apoiam as observações através do estudo de informações relativas ao
espaço e à distribuição topográfica das observações. Na segunda parte a
informação da hora é considerada, e a variação na frequência da observação
é discutida, em alguns detalhes, com uma retrospectiva da história moderna
do fenômeno e ilustrada com observações tiradas dos arquivos. Finalmente
as características físicas dos objetos relatados são analisadas e o problema
da origem e da natureza do fenômeno UFO é apresentado.
Além do mais, ao sugerir novas linhas de pesquisas e aperfeiçoamento
no processo de relatar e investigar as observações, tentamos avaliar as
interpretações generalizadas do fenômeno e predizer o que isso poderá
representar para a espécie humana.
Capítulo Um - DO NOVO MÉXICO A NOVA ZELÂNDIA

O CASO DO BALÃO EXPERIMENTAL

Com a finalidade de afastar qualquer aura de mistério que possa


envolver a matéria desse livro, começaremos com alguns exemplos de
histórias de uma série verdadeira de observações. Nosso primeiro
documento data de 16 de janeiro de 1951. Não foi relatado à Força Aérea
dos Estados Unidos até um ano mais tarde e foi introduzido nos arquivos da
força aérea com erro de um ano na data, até nova investigação feita por
agentes especiais da força aérea, datado de 23 de maio de 1952, seguido por
uma nova entrevista de duas testemunhas, estabelecendo assim a data exata.
A observação ocorreu em Artesia, Novo México. O diretor do
Aeroporto Municipal de Artesia, que estava entre aqueles entrevistados,
revelou que na hora da observação, haviam mais cinco homens presentes. O
grupo estava observando um balão que havia sido solto por dois
engenheiros da General Mills. Quando o balão alcançou uma altitude
superior a cem mil pés, eles notaram “alguns objetos em forma de disco
próximos ao balão”. O diretor do aeroporto afirmou ter observado dois
objetos que pareciam estar tão alto, ou mais alto ainda do que o suporte do
balão artificial (embora o relator reconheça não haver um modo de
estabelecer isso). Outra testemunha, o diretor de uma companhia de
eletricidade, acredita que eles estivessem “muito mais alto do que o balão.”
O balão movia-se em direção leste. Os objetos moviam-se para sudeste
e, em nenhum momento, ficaram imóveis. Eles diminuíam e aumentavam a
velocidade: quando deixaram as proximidades do balão, fizeram-no com
extrema velocidade “cobrindo um arco de aproximadamente 45° em dois ou
três segundos e desapareceram de vista”. Pareciam ter duas ou três vezes o
tamanho do balão, o qual naquela altitude tinha cento e dez pés de diâmetro.
A velocidade angular relatada revela uma estimativa da velocida.de
verdadeira dos objetos (supostamente a mesma altitude do balão) de oito a
doze quilômetros por segundo, aproximadamente a velocidade de escape à
superfície da terra.
Mais tarde, foi relatado que os objetos espalharam-se, reagrupando-se
novamente perto do balão. Quando partiram, fizeram-no em uma fila única.
Em nenhum momento passaram entre os observadores e o balão. O diretor
do aeroporto, que ocupava aquela posição já há cinco anos e tinha sido
piloto durante três, estava certo de que os objetos não eram aeronaves de
qualquer tipo conhecido.
Pareciam “discos arredondados e achatados”, de cor cinza claro. Não
deixaram rasto condensado ou qualquer outra vaporização visível.
Outra testemunha declarou que os objetos pareciam oblongos e ao
partirem moviam-se numa velocidade alta constante, geralmente da direção
norte para sul, através de um arco de 50° no céu. Afirmou, também, que um
objeto seguiu o outro. Não acreditou serem aeronaves: pareciam ter “duas
vezes o tamanho do balão, o qual tinha mais de cem mil pés”. Acrescentou
ainda, que os objetos eram de um cinza claro e não refletiam o brilho da luz
do sol. Uma terceira testemunha afirmou que “definitivamente não eram um
reflexo ou uma formação de nuvens”, descreveu os objetos como tendo uma
superfície convexa, sendo muito mais comprido do que largo, e de cor cinza
claro, “com uma coloração rosada como a cerração”. À primeira vista, ele
disse, pareciam estar movendo-se vagarosamente (ou indo-se embora) e
então fizeram uma volta abrupta de 90°, e “deixando uma espantosa
sensação de aumento gradual de velocidade” desapareceram de vista.
Um dos homens do grupo era um funcionário da General Mills,
designado para o projeto como fotógrafo. Às 9:30 daquela manhã, ele e o
piloto, também designado para o projeto do balão, enquanto seguiam o
balão com um avião de pesquisa, viram “um objeto redondo que
permanecia imóvel no céu, nas proximidades, mas a considerável distância
acima do balão à deriva”.
No mesmo dia, às 11:00 da manhã enquanto juntavam-se ao grupo no
Aeroporto Municipal de Artesia, o fotógrafo notou dois objetos, descritos
como tendo uma cor apagada e a uma altura muito elevada, vindo do
noroeste em direção ao balão. Voaram “ao redor e acima do balão” e,
depois, partiram para nordeste. O espaço de tempo foi de mais ou menos 40
segundos. Os dois objetos pareciam discos arredondados, do tamanho
aproximado ao que tinham visto de manhã cêdo, moviam-se em formação
de voo, lado a lado, mas um deles um pouco atrás do outro, a uma distância
de 8 a 6 vezes o diâmetro do disco. Quando os discos aproximaram-se do
balão, viraram-se tendo como base suas extremidades não podendo ser
vistos naquela posição. O piloto e outra testemunha viram apenas a partida
dos objetos, que foram descritos como sendo de um esquisito branco opaco.
Ele é diplomado em engenharia aeronáutica, pela Universidade de
Minnesota, foi piloto da força aérea durante quase 3 anos e na época da
observação estava fazendo pesquisa aeronáutica há um ano. Seu emprego
consistia em seguir balões de pesquisa com um avião, tinha 20/20 de visão
nos dois olhos e nunca havia usado óculos.
As conclusões da força aérea nesse caso podiam muito bem servir como
uma ilustração até mesmo de maior valor do que o relatório em si. Lia-se:
“Todos os procedimentos lógicos foram desenvolvidos e apresentados,
maiores investigações não serão consideradas. Fechado.”

O CASO DAS BÓLIDES FALSAS

Nos últimos anos, relatórios como os acima mencionados tomaram-se


na verdade banalidades nas conversas particulares e na imprensa pública.
Mas. o leitor não deve pressupor, baseando-se neste fato, que o fenômeno
que estamos estudando seja especificamente, contemporâneo. A prova de
sua existência em épocas mais antigas é avassaladora e são reconsiderados
em diversos livros. Como segundo exemplo escolhemos um desses antigos
relatórios.
No Comptes Rendus, da Academia Francesa de Ciências, em 17 de
janeiro de 1898, aparece o segqinte artigo:

Meteorologia.
Observação de bólides duplas em Vannes, a 3 de janeiro de 1898. Observado por M.
Georget, apresentado por M. O. Callandreau.
No dia 3 de janeiro, enquanto, voltava para casa, por volta das 8 :40 da noite, vi a nordeste,
a uma altura de 30 a 40°, um meteoro luminoso, muito brilhante, da mesma cor do planeta
Marte, movendo-se a uma velocidade relativamente vagarosa através do céu. Seguiu para o
norte, desaparecendo no horizonte a um ponto em que formava um alinhamento com as estrelas
Zeta e Eta da Ursa Maior, atrás das colinas situadas ao norte de Vannes, cerca de 8 a 10
quilômetros de distância e uns 110 metros mais alto que a cidade.
Fez uma trajetória de 45° em cinco ou seis minutos, durante esse tempo perdeu o brilho
uniformemente como aconteceria com um corpo luminoso se esse partisse. Ao desaparecer
pôde-se ver um clarão amarelo ou avermelhado.
Pude examinar esse meteoro alguns minutos com um pequeno telescópio de 30 mm.
(telescópio terrestre de Soulier). Parecia ser formado por dois corpos luminosos, A e B, situados
aproximadamente à mesma altura A, o mais brilhante, ficava na frente. Peculiaridade digna de
nota: o movimento do B foi afetado por oscilações súbitas, que duraram cerca de meio segundo.
Foram contadas quatro ou cinco oscilações por minuto. Esses objetos davam a impressão de dois
balões conjuntos.

Callandreau acrescenta a seguinte observação:


A observação feita pelo Comandante Georget é muito importante. Deveria ser comparada a uma
outra observação feita por Schmidt, talvez única na data. Esse astrônomo viu em 19 de outubro
de 1863 uma bólide que seguia um curso extremamente vagaroso. Ele pode estudá-la através de
um pesquisador de cometa e declarou serem dois objetos.

Tais observações não são excepcionais. Objetos similares foram vistos e


intencionalmente registrados por astrônomos, através dos séculos XVIII e
XIX. Tais relatórios tornaram-se tão numerosos no início do século XX que
Flammarion, o grande astrônomo francês, criou um nome novo para eles:
bradytes, ou seja, meteoros extraordinariamente vagarosos.
Excelentes observações de tais objetos são encontradas no periódico
L’Astronomie, de Flammarion. Além disso, muitas publicações sobre
astronomia na Europa e nos Estados Unidos têm reunido relatórios
semelhantes.
Em 1908, outro astrônomo francês, Lucien Libert, apresentou um
catálogo constando de 1.368 meteoros observados durante o período de
novembro de 1896 a novembro de 1904, na Trigésima Sétima Sessão da
Associação Francesa para o Desenvolvimento da Ciência, ocorrida em
Clermont-Ferrand. Entre esses meteoros haviam objetos excepcionalmente
brilhantes que mereciam sem dúvida alguma o nome de “bólides” e Libert
fez uma apresentação à parte à sociedade, de vinte e cinco desses notáveis
objetos. O leitor verá que pelo menos cinco deles eram realmente incomuns.
Devemos salientar primeiro, que Libert não era um observador casual
do espaço. Ele introduziu seu discurso declarando que desde novembro de
1896 vinha observando e documentando meteoros em todas as ocasiões
possíveis “dependendo de sua saúde e condições do tempo” e agradecia a
sociedade por ter lhe concedido uma subvenção especial para continuar seu
trabalho astronômico." Então prosseguiu calmamente com as seguintes
declarações.

No dia 4 de julho de 1898, estava em meu observatório quando de repente, às 7:00 horas,
10 minutos e 18 segundos, vi um corpo luminoso aparecer acima de uma árvore, ao norte do
horizonte. Tinha uma linda coloração amarelo-dourado e era uma esfera perfeita. Seu diâmetro
era 1/4 do da lua. Esse objeto apareceu ao norte-nordeste, elevou-se vagarosamente no céu,
atingiu o zénite e então começou a perder o brilho enquanto descia em direção à linha do
horizonte. Desapareceu a uma altura de 30° acima da Unha do horizonte, na direção oeste-
sudoeste, perto de Vénus, às 7:0Q horas, 22 minutos e 44 segundos. Sua duração, portanto, foi
de 12 minutos e 26 segundos. E sem dúvida alguma a observação de maior duração que já vi.
Pouco tempo depois desapareceu aumentando sua velocidade... Um barulho muito forte de
explosão foi ouvido segundos depois de seu desaparecimento.
Em 29 de junho de 1898, à 1:00 hora e 3 minutos da madrugada, uma bólide de movimento
extremamente vagaroso deslizou em 60 segundos de Hércules para a Ursa Maior. Seu diâmetro
era 25 segundos de arco. Ela era branca e muito brilhante.
Em 6 de maio de 1899, às 8:30 da noite, uma magnífica bólide de cor amarela, rodeada por
uma saraivada de centelhas, que movimentavam-se vagarosamente, apareceu na constelação de
Balança. Ainda não estava- completamente escuro e era difícil determinar pontos de
comparação. Apenas Júpiter e Spica estavam visíveis. Essa bólide tinha um formato bastante
peculiar e não vejo nada melhor para compará-la do que a cabeça de um girino. Havia um ponto
muito brilhante na frente e uma cauda com movimentos rapidíssimos de ondulação.
Em 7 de junho de 1899, às 9:00 horas, 25 minutos e 32 segundos da noite, uma bólide
amarela, muito vagarosa, com a dimensão de Vênus, sem deixar nenhum rastro, foi de
Ophiuchus a Escorpião em doze segundos.
A 9 de fevereiro de 1902, às 7:40 horas da noite, observei juntamente com MM. Schoux,
Marcei Libert e Lucien Briand uma bólide extraordinária, da magnitude de Vénus. Ela partiu da
posição de Capella, a um ponto que estimei estar a cinco horas de ascensão vertical e mais 45o
de declinação, e continuou numa linha reta em direção a Persei, a qual alcançou em três
segundos. Tendo alcançado as proximidades dessa estrela, subitamente, mudou de direção,
descreveu uma espécie de acrobacia aérea e seguiu em direção de Aldebaran com uma trajetória
em linha curva. Antes de desaparecer, dividiu-se em três ou quatro objetos de aproximadamente
segunda magnitude. A totalidade da observação foi de vinte segundos. O ponto em que
desapareceu foi cerca de 4 horas, 50 minutos de ascenção vertical e mais 20° de declinação. A
bólide deixou um rastro que durou de um a um minuto e meio.

Essa bólide, de certo muito irregular, aparece documentada na Figura 1.


Fig. 1 — Trajeto da bólide observada por Libert em 4 de julho de 1898.

O CASO DO JANTAR INTERROMPIDO

Numa segunda-feira, 27 de outubro de 1952, às 2:30 da manhã, um


senhor que fazia uma refeição ligeira, pão e queijo cremoso, no Aeroporto
de Marignanse, teve que interromper sua modesta refeição. O homem era
Gabriel Gachignard, um funcionário da alfândega, e sua refeição inacabada
foi o ponto de partida para uma série de investigações por policiais e
oficiais franceses e investigações mais discretas feitas por um grupo de
cientistas franceses. A primeira investigação foi liderada por Jean Latappy.
Gachignard contou-lhe a seguinte história:

“Durante a noite de domingo do dia 26 para 27 de outubro de 1952, por volta da meia-
noite, uma súbita ventania ao sul limpou o céu, que em seguida ficou novamente coberto, como
se fosse chover. Lá pelas 2:00 horas da manhã, encontrava-me no hangar; estava a serviço desde
as 8:00 horas. Como tinha dormido durante a noite estava bem acordado, linha ido pegar um
sanduíche, pão e queijo cremoso. Saí para comê-lo num banco, ao ar livre. Esses bancos ficam
num terraço de cimento em frente ao hangar. O terraço é separado da pista de decolagem (aonde
os aviões ficam estacionados) por gamelas de cimento com flores. Pretendia, ao terminar de
comer, ir até ao escritório de controle, para certificar-me de que o avião de correspondência de
Argel iria aterrissar às 2:30, como me tinham dito. Na realidade, isso foi um erro, esse tipo de
serviço é interrompido nas noites de domingo.”
“O aeródromo delineava-se na escuridão à minha frente, mas conheço de cor todos os
cantos do lugar, e de qualquer modo aquele imenso lugar nunca fica totalmente escuro. É tão
claro no Midi, que pode-se sempre distinguir os contornos. A pista de decolagem em direção ao
hangar, atrás de mim, estava levemente iluminada pelas letras de um sinal de néon vermelho, de
30 pés de comprimento e 3 pés de altura, onde se lê “Marseille.” “Não eram mais do que três
minutos depois das 2 - o avião de correspondência Nice-Paris, marcado para partir aquela hora,
tinha acabado de decolar - quando de repente, à minha esquerda, vi uma pequena luz que parecia
estar se aproximando da pista. Não era muito brilhante, mas bastante visível e clara, mesmo no
escuro. Parecia estar à velocidade de um avião a jato pronto para aterrissar, talvez 150 milhas
por hora. ' Primeiro pensei sei uma estrela cadente, e que eu estivesse errado a respeito da
distância e da velocidade; o fundo do campo perdia-se na escuridão e eu não conseguia ver com
exatidão onde começava o céu.”
“Entretanto, cerca de meia milha à esquerda, na extremidade da pista, há um prédio
chamado “Two Barreis” devido a seu formato e, eu vi a luz, que ainda parecia estar se
aproximando, passando sobre o prédio a apenas 10 metros (30 pés). Seu percurso era
absolutamente reto, sem nenhuma oscilação e descia gradualmente em direção ao solo. Por um
momento passou à minha frente, e então vi que não era estrela cadente coisa alguma, era algo
que voava de verdade.”
“Tudo aconteceu muito depressa, sem que eu tivesse tempo para pensar.”
“A luz nem bem tinha passado por mim quando tocou o solo e, de repente, parou
completamente, sem diminuir a velocidade. Uma parada mortal a 150 milhas por hora, sem
transição! Estava a umas 100 jardas à minha direita. No exato momento em que tocou o
gradeado da pista, ouvi um barulho seco, como se fosse um som surdo, não metálico. O barulho
que faz quando se assenta alguma coisa diretamente no solo. Esse foi o primeiro som que ouvi, a
aproximação tinha sido feita num silêncio total.”
"Então, compreendi, que o objeto não era um avião, porque não havia diminuído a marcha
nem rodado no solo. Quinze ou vinte segundos tinham se passado desde que a coisa aparecera e
lá estava ela. Não era um avião, mas também não era simplesmente uma luz, porque eu havia
escutado um barulho. Era alguma coisa sólida. Levantei-me imediatamente e fui em sua direção,
claro que em parte tomado pela curiosidade, mas também, porque faz parte do meu trabalho."
“Levei quase 30 segundos para andar metade da distância e, foi durante esse tempo que
descobri que a luz pertencia a um imenso objeto. Este imenso objeto transparecia, com pouca
clareza, contra o fundo mais iluminado do pequeno ,e amarelo edifício Metro. Esse edifício
impedia-me de ver a faixa de aterrissagem, a faixa está sempre bem iluminada, mas,
infelizmente, não dava para iluminar o lugar em que se encontrava o objeto.”
"O objeto era escuro, mais escuro que a sombra a seu redor. De que era feito? Não „tenho a
mínima ideia e, apesar de todas as perguntas que me fizeram sobre o objeto, não posso
responder-lhes nada. Podia, muito bem, ser feito de metal ou papelão."
"Usando como marco as distâncias e dimensões dos prédios situados atrás do objeto, a
única coisa que conseguimos foi estimar a altura do objeto, 3 pés e, seu comprimento, 15 pés.
Tinha o formato de uma bola de futebol, com as extremidades pontudas. As extremidades eram
as únicas partes claramente visíveis, porque a luz fraca do neon delineava-as vagamente na
sombra. Eram muito pontudas, muito afiladas. A curva, na parte inferior do objeto, estava em
completa escuridão, o que impediu-me de ver se haviam rodas.”
“Não pude ver nada, então, não posso dizer nada sobre eles. Na parte superior também
haviam sombras, não pude, então, distinguir coisa alguma A única coisa de que tenho certeza, é
que a luz que vi desde o começo provinha de quatro aberturas, perfeitamente quadradas, oito a
doze polegadas de cada lado. Elas eram colocadas sobre uma linha, que não era reta, mas curva,
seguindo a curva superior do charuto, de tal modo que a extremidade superior das aberturas
parecia estar nivelada à parte superior da máquina ”
“As quatro aberturas formavam um grupo centralizado, exatamente no meio daquela coisa;
assim, as janelas no extremo oposto à direita e à esquerda estavam à mesma distância das duas
extremidades pontudas. Elas estavam colocadas aos pares, havia a mesma distância entre as
janelas de cada par, enquanto que o espaço entre as duas janelas internas era maior. As duas
janelas nas extremidades me pareciam um pouco inclinadas.”
“Atrás dessas janelas, uma luz estranha tremeluzia. Não era constante nem fixa ou intensa
mas de um branco suave, quase leitoso. Parecia sair por trás daquelas janelas, mudando de cor,
ora azul ora verde, num fundo opaco. De qualquer modo não eram suficientemente fortes para
iluminar as partes escuras do objeto. A intensidade era sempre a mesma, não variando quando o
objeto se movia. Por outro lado, não parava de “tremer”, fazendo um movimento semelhante às
ondas do mar. Observei tudo isso enquanto caminhava em direção ao objeto. Mas, de repente,
quando estava a 50 jardas de distância vi um fluxo de faíscas ou melhor um feixe de pequenas
partículas brancas incandescentes, que jorravam por debaixo da parte de trás, à minha esquerda.
De qualquer modo não iluminavam o bastante para que eu pudesse distinguir melhor o formato
do objeto. Esse fluxo faiscante dirigia-se em direção ao solo.”
“Isso durou apenas um segundo e, ao mesmo tempo, o charuto decolou tão subitamente e
com tamanha força que perdi o controle e afastei-me 5 a 6 pés. Durante aquele segundo, não
tinha ideia do que poderia acontecer, se a máquina iria disparar chamas ou me atropelar!
Certamente, achei que ali havia perigo. E, além disso, mesmo que não pudesse “vê-los”
claramente já que a máquina encontrava-se nas sombras do edifício eles podiam ver
perfeitamente minha silhueta desenhada contra a luz do sinal de néon. Q fluxo de faíscas e a
partida foram acompanhadas por um ligiero barulho, um espécie de silvo, como um foguete.
Não houve corrente ou deslocamento de ar, nem declinação descendente preliminar. É verdade,
eu estava a 50 jardas de distância. Mas, não demorou mais de dois a três segundos para que o
objeto desaparecesse e, exatamente, na direção oposta de sua chegada. Assim como sua
velocidade ao aproximar-se tinha sido moderada, a velocidade de sua partida foi terrível. Não
houve nem mesmo manifestação de aceleração, instantaneamente mudou a uma velocidade
espantosa, impossível de calcular. O ângulo de ascensão era pequeno; como quando chegou, a
máquina passou pelo espaço numa amplitude de 30 a 40 jardas, entre o edifício de operações e o
edifício de controle de pista. Essa passagem fica alinhada ao gradeado de aterrissagem onde ele
havia aterrissado. Depois de ter decolado não poderia tê-lo seguido com os olhos, a não ser pelo
jato de partículas brancas que fluíam da parte detrás, já que as janelas e suas luzes não eram
mais visíveis no lugar cm que me encontrava. Pude ver que quando voava entre os dois edifícios
ainda estava muito baixo, mais baixo que a altura do telhado dos edifícios, que tinham mais ou
menos 30 pés. Logo a seguir as luzes desapareceram sobre o lago de Berre, que fica no fim do
aeroporto, do outro lado da rua.”

O funcionário da alfândega imediatamente tentou encontrar outra


testemunha' que pudesse confirmar sua observação. Mas não havia ninguém
na pista de decolagem. Todos dormiam no edifício do aeroporto pois não
havia movimento aquela hora. Finalmente, às 2:15 da manhã encontrou o
agente da Air France, o Sr. Dugaunin. “Meu Deus, como você está pálido!”,
exclamou Dugaunin, antes do outro ter dito uma só palavra. Gachignard
contou-lhe sua história. Telefonaram para a torre de controle, mas ninguém
tinha visto nada. A torre dificilmente observa qualquer área, exceto a pista
principal, onde todos os aviões aterrissam e decolam. Além do mais, pela
narrativa de Gachignard o “charuto” parecia ter vindo e ido embora a uma
altura muito baixa para ser visto -- talvez até mais baixo que a própria torre,
que fica a 45 pés do solo.
“Então, fui o único a ver aquilo; se há alguém num aeroporto à noite,
sem dúvida alguma será um funcionário da alfândega”. Essa foi a conclusão
da história de Gachignard, como contada a Latappy.
Um cientista francês, doutor em física, prosseguiu a investigação, em
particular, quando já tinha passado a excitação a respeito da história. Ele
encontrou-se com Gachignard e interrogou-o novamente a respeito de suas
declarações anteriores tentando conduzi-lo a acrescentar detalhes ou a
contradizer-se:

Pedi que me contasse a história do Aeroporto de Marignane e fingi que sabia de tudo
apenas superficialmente, tendo lido nos jornais há muito tempo. Bem, o relatório feito por esse
excelente homem (o qual submeti a todas as questões possíveis, tentando pegá-lo em
contradição) coincide exatamente com as declarações feitas anteriormente.
Parece que culparam-no por não ter atirado no “objeto” com seu revolver 6.35. “Mas”,
disse ele, “a 50 metros eu não podia. Além do mais, estava correndo atrás da coisa e, então,
quando vi as faíscas saírem da parte detrás fiquei surpreso, e de repente decolou com aquele
barulho, foi tão rápido que fiquei branco de rnedo.”
Perguntei-lhe de que cor era, ele continuou:
- Devia ser escuro, porque somente a parte de cima era visível (estava iluminada pelo sinal
de néon) e, também, as extremidades, que eram pontudas como uma bola de rúgbi. Mas haviam
as janelas... Bem, digo janelas, porque pareciam com janelas, ficavam na parte superior do
objeto, passando por diversas cores, verde, azul, vermelho, mas não eram muito claras. Eram
translúcidas e não era muito brilhantes; de qualquer maneira não eram como uma luz.
- E danificou o solo ao aterrissar?
- Naquela noite, fomos até lá, com uma lanterna para ver se a grama estava marcada. Não
vimos nada. Mais tarde “eles” vieram de Paris com instrumentos de controle e disseram que a
grama estava um pouco queimada naquele lugar.
- As luzes das janelas apagaram quando da partida?
- Não, de modo algum. Só tive tempo para ver que elas aumentavam mas, logo em seguida,
ficou apenas uma luzinha, que corria através do céu e depois nada.
- E as faíscas, ao decolar, pode descrevê-las?
- Essas faíscas eram uma espécie de ziguezague que saíam da parte de trás, por debaixo do
objeto. Pareciam pequenos raios. Aí, foi que me apavorei. Veio do sul e foi-se embora na
direção norte, tomou um curso exatamente a norte.
- Quão grande ele era?
- Isso pudemos calcular com precisão pela distância em que estava. Tinha de 4,50 a 5
metros de comprimento, se me lembro bem e devia ter 1,20 m de altura, mas isso não posso
dizer-lhe com precisão, porque a parte inferior não estava visível.
- Acreditaram em você, quando relatou o que tinha visto?
- Meu chefe acreditou, os repórteres dos jornais também. Mas alguns dos policiais não
acreditaram. Teria eu algum interesse em inventar uma história dessas? No fundo, acharam que
era verdade pois eu estava verde de medo quando fiz o relatório à torre de controle. Quando a
gente está comendo não dá para dormir, não é mesmo?”

Por enquanto, toda a história é baseada no relatório de Gachignard. Ele


é uma testemunha séria e íntegra e não há porque duvidar de sua palavra.
Mas, ele estava sozinho.
O que Gachignard não sabia é que a 10 quilômetros ao sul do campo
aéreo duas crianças, Xavier Beloeuvre e sua irmã (com 11 e 10 anos na
época) acordaram com um assobio muito agudo, produzido por um objeto
em forma de disco, o qual, disseram, voou por cima da casa deles.

- “Olhamos pela janela, eles contaram, e vimos, claramente, um disco que apareceu em
perspectiva, quer dizer nós mais propriamente o vimos como uma elipse. Era iluminado por
fontes que não eram regularmente espaçadas no disco mas eram fontes claramente distintas. E
como alongavam-se todas na mesma direção, como a cauda de um cometa, parecia óbvio que o
objeto estava em rotação... O que vimos ia em direção a Marignane. Nossa posição era,
exatamente na linha de viagem de um objeto que teria vindo do mar em direção ao campo aéreo.
As luzes eram constantes de um azul meio arroxeado.

A forma era de disco, de dimensão tal que parecia maior que a lua cheia
e movia-se vagarosamente.”
Devemos salientar aqui, que um disco com 5 metros de diâmetro teria
tido o diâmetro aparente da lua cheia (meio grau) se visto a 600 metros de
distância. A descrição é, portanto, compatível com as dimensões calculadas
em Marignane. Gachignard deu ao pesquisador um esboço do objeto como
ele tinha visto. Mostramo-lo na Figura 2.
Fig. 2 — Objeto de Marignane conforme esboço feito por Gachignard.

O CASO DA CÂMARA AUTOMÁTICA

As 3 séries de observações mencionadas anteriormente, foram


escolhidas entre milhares de observações porque cada uma mostra um traço
específico ou exemplos de traços comumente encontrados em relatórios
sobre o fenômeno UFO. 0 próximo caso é interessante sob outro aspecto:
não pelo que a testemunha descreveu, mas porque não houve nenhuma
testemunha.
Antes de comentarmos esse intrigante caso, primeiramente vamos
relatar uma observação ocorrida em Montlucon, a 21 de abril de 1957, da
1:45 às 2:30 da manhã, pelas senhoras Gilberte Ausserre e Rolande Prevost.
Essas testemunhas viram um objetivo hemisférico, de cor amarelada, no
céu. Seu diâmetro aparente aumentou até ficar do tamanho da lua cheia e,
então, o objeto sumiu, isto é, de repente desapareceu da vista das
testemunhas, reaparecendo alguns minutos mais tarde, a um ponto situado à
direita da primeira posição em que tinha sido visto. Essa nova observação
durou cerca de 5 minutos, então, sumiu de novo por mais 5 minutos,
voltando novamente. Às 2:30 da manhã tinha desaparecido por completo.
Da parte inferior do objeto emergiam diversos filamentos de cores verde e
roxa, espalhadas como um leque como pode-se ver no esboço da Figura 3,
retirado do relatório das testemunhas. O brilho era ofuscante e o formato
lembrava um “Jellysfish” (“Jellyfish” significa em português medusa). Um escritor
francês tomou emprestado essa expressão do relatório de Montlucon e o
nome tornou-se clássico na literatura UFO, por essa razão devemos usar a
mesma terminologia no presente trabalho. As testemunhas de Montlucon
acrescentaram que em algumas de suas reaparições o objeto tinha perdido
seu aspecto “jellyfish” e parecia um objeto de corpo duplo.
Aime Michel comentando o incidente de Montlucon salienta que
observações semelhantes ocorreram em 1954 em outras regiões da França,
(principalmente, em Lievin, Rue, Marcoing, Armentieres, Milly,
Champigny, Cor- bigny, Montbeliard) mas esses relatórios não despertaram
interesse, exceto na imprensa local, inundada por relatórios de outros tipos.
A característica permanente desses relatórios é, entretanto, difícil de se
explicar num plano puramente psicológico. Somos levados a admitir a
realidade de um fenômeno objetivo com características constantes e
reproduzíveis.

Fig. 3 - trsboço do objeto visto em Montlucon em 12 de abril de 1957.

O caso de Montlucon é, também, invocado em defesa da hipótese de


que observações de objetos “jellyfish” e objetos “duplos” devem ser
tratados conjuntamente e estudados como uma categoria. Quanto a esse
aspecto o documento obtido em Forcalquier por uma câmara automática
merece atenção especial. Surge como que para eliminar quaisquer dúvidas
sobre a realidade do fenômeno UFO e fornece maiores informações do que
se poderia esperar de um documento fotográfico. E mostra também, a
mentira da afirmação que “os astronautas não têm documentos do fenômeno
UFO”, uma declaração cuja falsidade será exposta diversas vezes neste
livro.
As fotografias de Forcalquier foram tiradas por um astrônomo francês,
Roger Rigollet, especialista em estudos de meteoros do Centro Nacional
Francês de Pesquisas Científicas (C.N.R.S.). Seu trabalho tem sido matéria
de diversas publicações científicas e seus instrumentos foram descritos na
revista Science-et-Vie (abril, 1958). Em frente a uma máquina fotográfica é
colocado um obturador, que gira de tal maneira, causando a interrupção do
raio de luz, 8 vezes por segundo. Enquanto as estrelas deixam rastros cujas
interrupções não são visíveis por estarem muito próximas, os meteoros,
entretanto, deixam como rastros pontos cuja distância entre um e outro
proporciona os meios para calcular a velocidade angular da “estrela
cadente”. Um segundo obturador protege o instrumento a cada 4 minutos,
produzindo interrupções que são visíveis nos rastros das estrelas e são
usados para determinar a orientação do sistema de instrumentos com
relação ao céu.
Na noite de 3 de maio de 1957, dois desses instrumentos foram
colocados em operação e deixados sem supervisão. Quando os registros
foram analisados no dia seguinte, mostravam duas manchas pequenas, mas
bem definidas. Exames detalhados dos negativos demonstraram que as
imagens eram objetos reais e, não como poderia se pensar defeitos na
emulsão, já que as duas câmaras registraram o mesmo fenômeno. O formato
das duas manchas era diferente, porque uma das câmaras estava em rotação
e a outra parada.
A análise das fotografias apresenta os seguintes elementos: algum
objeto luminoso esteve na esfera de ação dos instrumentos às 22:38 e, outro
objeto - ou o mesmo — deu, novamente, uma imagem às 22:41.
Exames feitos nos negativos da câmara fixa mostraram uma
protuberância luminosa na parte inferior do objeto. Entre as duas
exposições, o objeto (se foi o mesmo) deve ter sido escuro. O vestígio
deixado por fonte desconhecida é radicalmente distinto daquele de um
meteoro, de um balão iluminado ou de um avião.

O CASO DA MÁQUINA INTELIGENTE

Na semana anterior ao incidente de Montlucon, a mais extraordinária


das observações ocorreu em Vins-sur-Caramy (Var). É um dos casos melhor
documentado nos arquivos europeus. Foi investigado extensamente pela
polícia francesa: os gendarmes, a polícia marítima de Toulon, consultores
científicos de Lyons e Paris e, finalmente, o DST, equivalente francês ao
FBI americano, visitaram o lugar onde se passou o acontecimento e
reuniram amostras do solo, fotografaram o local e executaram múltiplas
análises. A imprensa não deu muita cobertura ao caso. Mas aqui,
novamente, as investigações científicas particulares suplementaram os
achados publicados e não publicados.
Vins é uma pequena vila em Midi, perto de Brignoles. Dois habitantes
de Vins, a senhora Garcin e a Senhora Rami encontravam-se na Rodovia
Estadual 24, não muito longe do castelo de Vins, que fica a 1 quilômetro ao
leste da vila. De repente, um barulho ensurdecedor assustou-as e ao
virarem-se depararam com um objeto inacreditável.
A coisa estava voando, vagarosamente, sobre a intersecção da Rodovia
24 e da rodovia que conduz a Brignoles (Figura 4). Estava apenas a alguns
pés acima do solo. Eram 3:00 da tarde.

O objeto tinha a forma de um pião ou de um cone, com a parte afilada


para baixo. Todas as descrições das dimensões correspondem: não tinha
mais do que 1 ou 1,50 metros de altura e cerca de 1 metro de diâmetro.
Tinha uma série de aditamentos ou melhor “antenas”, que vibravam com
rapidez; com a ressonância dessas vibrações uma das placas da rodovia na
intersecção vibrou fortemente. A placa metálica foi a fonte do barulho de
trovão que chamou a atenção das testemunhas.
Mais tarde a senhora Rami declarou: “Parecia um grande pião. Na parte
superior haviam diversas hastes metálicas, que pareciam antenas de
automóvel”. As duas mulheres gritaram quando o objeto tocou o solo.
A 300 metros dali, um homem que trabalhava na encosta também ouviu
o barulho e pensou que 2 carros tinham acabado de colidir na rodovia. Era
Louis Boglio, membro da câmara municipal em Vins. Ele declarou: “Ouvi
um barulho muito alto e pensei que fosse um acidente de carros. Corri para
o local aonde pensei que tivesse ocorrido o desastre e vi uma nave metálica
a qual arremessou-se no ar.”
O objeto permaneceu perto do solo apenas alguns segundos e, então,
saltou a uma distância de 200 metros, voando sobre uma outra placa da
rodovia que, imediatamente, começou a vibrar como a primeira (Figura 4).
Vários comentários podem ser feitos no que diz respeito a essa
observação. Primeiro, as testemunhas eram conhecidas por sua
fldedignidade: sua boa fé foi determinada pela investigação oficial e seu
caráter pessoal foi confirmado pelos oficiais de local e, em particular pelo
prefeito de Vins. Segundo, distâncias e dimensões puderam ser estimadas
com precisão através das declarações das testemunhas. As observações à
luz do dia e o objeto estava bastante próximo ao solo, fornecendo pontos de
comparação com os objetos em segundo plano. Terceiro, houve grupos
independentes de testemunhas, duas pessoas na vila vizinha, La Moutonne,
que relataram terem visto o objeto voando.

O CASO DOS ESQUIMÓS ASSUSTADOS

Abaixo citamos um trecho de um relatório escrito por um pesquisador


de Copenhagen, depois de uma série de investigações no distrito de
Kangatsiaq, na costa ocidental de Greenland, ao sul de Egedesminde:

No dia 4 de outubro de 1957, encontrava-me num pequeno lugar


chamado Niaqor- marssuk, situado no fiorde Arfersiorfik, no distrito de
Kangatsiaq. Entre as 150 a 200 pessoas que vivem lá (todos esquimós) 2 ou
3 delas sabem falar dinamarquês. Eles vivem de caça e pesca.
Na conversa entre o pesquisador e os nativos surgiu o assunto de aviões
e aeronaves em geral; a passagem de um avião era um acontecimento
excepcional para os moradores da vila. Durante essa conversa surgiram
diversos fatos interessantes:

No dia 13 de agosto de 1957, por volta das 13:00 horas (hora local) algumas crianças viram
algo vindo (talvez flutuando) vagarosamente do leste; geleiras interiores situam-se naquela
direção. “Voava bem mais alto que a altura normal de um avião”.
Investiguei para descobrir o que isso significava. Eles disseram que voava mais alto do que
o cúmulo e mais baixo que os cirros. Como o céu estivera completamente limpo e permanecera
assim durante todo o dia, a estimativa deve ter sido incerta, já que não sabiam nada sobre o
tamanho exato do objeto.
Eles afirmavam que era um “tanto grande”, isto é, maior que um avião. É preciso lembrar
que a atmosfera polar é particularmente transparente.
Houve dúvida, também, quanto à distância. Quatro pessoas que caçavam em caiaques a 10
quilômetros ao leste de Niaqornarssuk, também tinham visto aquela coisa na parte oriental do
céu. Alguns afirmaram estar a 50 quilómetros de distância, outros que estava mais próximo.
O formato era elíptico. Houve discussão sobre a possibilidade de ser de forma circular
quando visto bem acima do nível da cabeça. Não podemos rejeitar esse fato. A imagem de dois
pires fundos colocados juntos parecia aceitável. Neste caso o objeto deveria estar em posição
horizontal na atmosfera parada. B. estava inclinado a pensar que este fora o caso.
Era da cor "de um pote de alumínio totalmente novo” e, mesmo a luz do dia tinha um
brilho-radiante; talvez, alguém sugeriu, fosse o reflexo do sol. Nessas regiões 67° - 68° norte) o
sol se põe muito tarde durante o verão e à meia-noite ainda é crepúsculo. Podia-se ver. quando o
sol estava baixo, que o objeto continuava a brilhar muito. Além do mais. parecia emitir luz de
algum ponto dos dois lados, azul-esverdeada à esquerda e vermelha à direita. Essa questão foi
bastante discutida. Perguntei se o objeto estava em rotação, mas a opinião foi que não, porque os
pontos coloridos eram constantes.
B. viu o objeto às 7:00 horas da noite, quando tinha acabado seu trabalho na loja. A esta
hora quase todos tinham visto o objeto, mas não há provas de que tenha sido observado em
outro lugar. Ele notou que o objeto movia-se vagarosamente de um lado para o outro, como um
pêndulo suspenso no ar. Essa avaliação foi feita por intermédio de uma antena sem fio. A noite,
elevou-se vagarosamente e por volta da meia-noite não se podia vê-lo mais.
Continuando minha investigação, o velho Qapak Jeremiassen contou-me que entre 24 e 25
de setembro, por volta da meia-noite ou talvez um pouco mais tarde, ele e sua mulher acordaram
com uma forte luz vermelha que iluminava todo o quarto. Eles pensaram que estava pegando
fogo na casa. pois o brilho era incandescente como o carvão inglês, (o carvão da Groelândia
provoca menos luz e calor). Olhando pela janela, viram um objeto redondo passando através do
céu. do este para oeste. Era "grande” (não consegui saber quão grande) e voava com rapidez.
Parecia um disco circular vermelho com um ponto branco no meio e as extremidades eram de
um branco esmaecido ou muito claro. Qapak mal podia suportar a luz. Estava a 200 metros de
altura e passou no local a uma distância de 6 ou 7 quilômetros. Pode ser apurado, comparando-
se com as ilhas vizinhas que também estavam iluminadas. O casal de idade ficou apavorado com
a aparição e não contou nada a ninguém.
Nada se disse a respeito dos dois fenômenos. Esses dois acontecimentos não foram
relatados em nenhum lugar. Os esquimós ficaram surpresos ao saberem que coisas semelhantes.
ocasionalmente, são vistas em outras partes do mundo.
Quero enfatizar que aquele povo, caçador que é, deve ser acreditado pela excelente
capacidade de observação.

O CASO DOS ENGENHEIROS FRANCESES

Os jornais franceses (em particular “France-Soir” e ”Le Dauphine


Libere”, de 20 de setembro de 1957) publicaram as observações feitas por
dois engenheiros de Grenoble, no dia 16 de setembro de 1957, por volta das
5:15 da tarde. O diretor de uma importante empresa industrial foi a
testemunha principal. Um de seus assistentes, o senhor B., estava com eles,
quando ouviram o som de um avião a jato. Olharam para cima e mais tarde
relataram:

Ficamos surpresos ao ver 4 naves pretas que pararam no céu a grande altitude. Não tinham
a forma de aeronave ou helicóptero. Eram objetos circulares, que davam a impressão de estarem
balançando no espaço. Eu sei o que é um balão, fiz experiências com balões. As naves que
estávamos observando não tinham em comum com os diversos tipos de balões.
Nossa curiosidade chegou ao máximo, quando um dos objetos, de repente, mergulhou
verticalmente a grande velocidade e, então, desapareceu no mais completo silêncio. Mas nossas
emoções estavam apenas começando. Ali permaneceram 3 objetos, claramente, visíveis no céu.
De súbito, um objeto branco soltou-se sozinho de um deles e, "flutuou” durante 5 a 7 minutos.
Então, abruptamente, uma das naves arremessou-se com violência para oeste, seguida por esse
“satélite” que pareceu tê-la alcançado. Finalmente os dois últimos objetos partiram,
verticalmente, a uma velocidade espantosa e perderam-se de vista.
Enquanto comentávamos a respeito dessas observações um 5º objeto, com a mesma forma
circular, vindo do leste, cruzou o céu a alta velocidade perdendo-se de vista sobre Saint-Eynard.
Isso ocorreu 5 minutos depois da primeira aparição.

Os autores desse relatório ocupam posições de responsabilidade em


Grenoble e são inteiramente dignos de confiança. Declaram estar
“surpresos” pelo que viram, que foi também observado por diversas outras
pessoas.

O CASO DO RAIO DE LUZ OFUSCANTE

“New Zeland Herald” de 21 de outubro de 1957 publicou um relatório


de uma observação feita por 4 habitantes das Ilhas Fidji. A declaração foi
obtida através de R.O. Aveling, um funcionário da Igreja Adventista local,
que observou uma luz diferente no céu na noite em que os 4 fidjianos viram
a aparição. Aveling viu um objeto luminoso, aparentemente a uma altura de
5 mil pés, entre as ilhas Beqa e Viti Levu. A princípio essa luz permaneceu
imóvel, depois começou a deslizar, vagarosamente pelo céu durante mais ou
menos 5 minutos e, então, desapareceu por completo, embora não houvesse
nenhuma nuvem.
Os 4 Fidjianos relataram terem visto um objeto descendo do céu, perto
da ilha de Nawaca, a 8 milhas de Naboulalu, a sudoeste de Vanua Levu. De
acordo com o relatório feito por um funcionário do governo da província de
Buanhas o incidente ocorreu às 3:00 horas da tarde. As testemunhas, 2
casais de meia-idade, encontravam-se num barco de motor a popa. Ao
verem o objeto pensaram a princípio que fosse um avião em dificuldades e
decidiram aproximar-se dele.

Quando os fidjianos chegaram mais perto encontraram-no suspenso no ar, a 20 pés acima
do mar. Parecia estar girando e eles contaram terem distinguido o que parecia ser a figura de um
homem de pé, do lado de fora do objeto. A figura emitia uma luz muito brilhante no barco - uma
luz tão forte que lhes turvou a vista e eles se sentiram fracos.
Quando o barco estava a 100 metros do objeto rotativo, a figura desapareceu e o objeto,
então, elevou-se num rápido movimento vertical e logo desapareceu de vista.
O relatório enfatiza que os quatro concordam nos pormenores. Eles vivem numa região
bastante isolada, não tendo acesso a livros cósmicos ou a literatura sobre discos- voadores.

O CASO DOS CATEDRÁTICOS AUSTRALIANOS

Em 8 de novembro de 1957 o serviço de telégrafos (Reuters, AFP) - a


única fonte de informação disponível na região — transmitia uma notícia
referente a uma observação feita por 3 astrônomos, no Observatório de
Mount Stromlo, de um objeto mais brilhante do que Vénus, que cruzava a
parte ocidental do céu, às 17:02, no dia 7 de novembro:

O Dr. Przybylsky viu o objeto, que era de um vermelho brilhante, mover-se vagarosamente
e permanecer imóvel durante 2 minutos. Sua velocidade era muito baixa para ser um meteorito e
os 2 satélites soviéticos já tinham feito sua travessia. O objeto em questão foi visto, também, por
2 colegas do Dr. Przybylsky. Nenhum cientista no Observatório tinha observado antes tal objeto.

O “artigo” acrescentou que o Professor Przybylsky aguardava,


impacientemente, notícias de outros observatórios que deveriam ter
observado o mesmo objeto.
No dia seguinte, uma série de observações, excepcionalmente
detalhadas, foram feitas por astrônomos franceses. Essas observações nunca
chegaram a preocupar os cientistas.

O CASO DO DISCO GIRATÓRIO

Esse incidente envolveu 4 grupos independentes de testemunhas, numa


área de 40 milhas de diâmetro (Figura 5).
A sequência de observações começou por volta das 18:45, no dia 8 de
novembro de 1957, quando uma criança, o filho do Sr. Berneyron -
catedrático da universidade em Orgueil, voltou para casa muito assustado e
relatou a observação de um objeto brilhante, de cor alaranjada que havia
ficado suspenso no ar por pouco tempo e depois decolara em direção ao sul.
Esse objeto tinha sido visto na direção leste. A criança foi capaz de seguir a
trajetória do objeto a olho nu, viu quando ele descreveu um círculo em
plano vertical para, então perder-se na distância. De acordo com o mesmo
relatório o objeto era circular, de formato semelhante a uma cúpula. A parte
inferior era de um vermelho brilhante e a superior amarela. O objeto parecia
estar rodando a uma velocidade variável e deixara um pequeno rastro
amarelo. A duração da observação foi de um minuto.
Tendo contado sua experiência, a criança saiu de novo e quase que
imediatamente viu o fenômeno uma vez mais. Desta vez, rumo a noroeste, a
uma altura de 70° (essas posições foram obtidas durante as investigações
que seguiram). O objeto viajava a alta velocidade alcançando rapidamente o
horizonte.
Ao mesmo tempo, J. L. Chapuis, do Observatório de Toulouse, estudava
o céu para determinar se as condições atmosféricas eram boas para
observações fotoelétricas, quando de repente, viu uma luz de forma oval
emergir por detrás de um prédio e seguir um curso a oeste até que elevou-se
no céu, para então descrever um círculo fechado e continuar a subir até
perder-se de vista.

Fig. 5 — Mapa das observações na região de Toulouse, 8 de novembro de 1957.

Imediatamente, Chapuis pôs em funcionamento um pequeno telescópio


e, como o objeto reapareceu (ponto C, na Figura 6), foi capaz de localizá-lo
através do aparelho como “um ponto amarelo luminoso de magnitude-2,
forma elíptica, ausência absoluta de cintilação, extremidades bastante
pronunciadas observadas contra o céu, deixando um pequeno rasto”. O
instrumento usado ampliava mais ou menos 30 vezes o tamanho do objeto.
Como a imprensa local relatara essa observação (com numerosas
incorreções) o jornal “La Depeche du Midi” recebeu uma carta de Hubert
Boyer, eletricista de Montauban (veja Figura 5), que foi publicada no dia 13
de novembro. Parte dessa carta é aqui traduzida:

Primeiro fui surpreendido por um clarão brilhante semelhante a luz de raio ou farol de
automóvel a pequena distância; imediatamente olhei para cima e vi o objeto que cruzava a “Rue
de la Republique”... Estimei estar a uma altura de 500 metros.

Fig. 6 — Trajetória do objeto de Toulouse conforme visto do observatório.

Como a rua em questão se orienta de noroeste a sudoeste o objeto que


Boyer viu às 18:50 seguia uma trajetória sul-norte.
Finalmente, outras testemunhas naquela área entraram em contato com
o Diretor do Observatório de Toulouse, Dr. Paloque, para relatarem
observações idênticas. Essas testemunhas eram membros da Sociedade
Astronômica Francesa, que tinham observado de diversos locais, a leste de
Toulouse. Viram um objeto brilhante seguir um longo curso descendente em
direção a noroeste.
Essa observação é evidentemente excepcional, não apenas pela
qualidade das testemunhas mas porque duas delas (Berneyron e Chapuis)
viram o objeto duas vezes. Essa intrigante série de observações leva-nos à
seguinte análise:
1 - Por volta das 18:35, o jovem Berneyron viu a leste um objeto suspenso
no ar, a curta distância, depois voou em direção ao sul, descreveu um
círculo fechado e perdeu-se de vista.
Também, como cientista consultor da Força Aérea dos Estados Unidos,
carrego uma responsabilidade única: qualquer declaração que faça sobre a
importância do fenômeno UFO, a não ser que seja sustentada por uma
evidência esmagadora, carrega o perigo de “mobilizar a credulidade
mundial”, como um colega da universidade tão habilmente colocou.
Reconheço a responsabilidade em aceitar o convite dos autores para
escrever o Prefácio desse livro. Foi, tão somente, o respeito que sinto pelos
autores como sérios pesquisadores e a contínua e crescente massa de
inexplicáveis relatórios UFOS’s que induziram-me a aceitar. Com o passar
dos anos adquiri uma espécie de reputação como “retratador” de relatórios
UFO’s. Se tal nasceu do meu desejo honesto de encontrar uma explicação
natural e racional para o estímulo que dá origem aos relatórios,
procedimento este, frequentemente, coroado com sucesso, então, devo
carregar tal reputação. Se, entretanto, originou-se da crença de que
deliberadamente adotei uma abordagem Procustiana, reduzindo aqui
esticando ali uma evidência, para fazer um ajustamento forçado para
explicar satisfatoriamente relatórios UFO’s a qualquer custo, então esta é
uma carga bastante injustificada.
Tendo participado durante quase dois anos na investigação de relatórios,
tenho ainda que escrever um livro sobre o assunto, principalmente porque
não há provas físicas em defesa do fenômeno. Entretanto, se fosse escrever
esse livro hoje, provavelmente seguiria o mesmo caminho que os presentes
autores. Os Vallee apresentam uma quantidade formidável de evidências no
que diz respeito à natureza global do fenômeno UFO, mas, apesar disso não
chegam a nenhuma conclusão definitiva. Como eles mesmo afirmam: “É
preciso compreender que as observações que examinamos... não têm valor
em si próprias. São importantes e merecem ser estudadas, somente porque
cada uma delas é a ilustração de um fenômeno que vem se manifestando
desde maio de 1946 em todos os países do mundo”. Além do fato dos
relatórios possuírem surpreendente semelhança entre si, continuam a ser
feitos por pessoas de boa reputação, o que torna imperativo a realização de
uma pesquisa científica. Devido à natureza global de todo o fenômeno essa
pesquisa deveria ser executada sob os auspícios das Nações Unidas. As
implicações psicológicas do fenômeno UFO no mundo dos negócios,
certamente faz com que mereça ser estudado. Não faz nenhuma diferença,
nesse aspecto, qual seja a realidade física desse assunto; é o impacto que
provoca nas mentes das pessoas em muitas nações que torna o fenômeno
potencialmente importante no equilíbrio psicosociológico do mundo.
É óbvio que meu interesse, como astrônomo, na totalidade do fenômeno
é puramente científico. Alguns leitores podem muito bem estranhar que um
assunto aparentemente extravagante seja acessível à investigação científica.
O que constitui prova científica nesse campo? Os autores apresentam um
argumento convincente: o fenômeno UFO pode ser estudado através dos
avançados métodos de investigação dos cientistas físicos, dos sociólogos e
psicólogos. Em todos esses métodos o computador eletrônico tem papel
notório.
2 - Por volta das 18:40, Chapuis, em Toulouse, viu o objeto aparecer ao
norte, elevar-se no céu a oeste de sua posição, fazer um círculo fechado e
elevar- se. A duração total desta observação foi de 20 segundos, como
determinado pelo Dr. Bouigue, astrônomo do Observatório de Toulouse,
durante a investigação.
3 - Depois do desaparecimento do objeto, imediatamente após descrever o
círculo (que foi visto ao sul por Bemeyron e a oeste por Chapuis), a criança
teve tempo de correr até em casa e o astrônomo de pôr seu pequeno
telescópio em funcionamento. Mas Chapuis viu o objeto erguer-se a oeste,
enquanto Bemeyron declara que o objeto dirigia-se a noroeste.
4 - Astrônomos amadores observaram um objeto brilhante que fez um longo
curso descendente em direção a noroeste, comprovando assim, a declaração
da criança. Entretanto, Chapuis viu o objeto no telescópio dirigir-se para o
oeste e ele não poderia ter errado.
Consequentemente, a primeira conclusão a que chegamos é que as
observações devem ser consideradas em 3 partes: a chegada do objeto e o
círculo descrito foram vistos por Beneyron e Chapuis, a parte da elevação
(C - D, na Figura 6) foi vista, somente por Chapuis e a partida do objeto foi
vista novamente pela criança e pelos astrônomos amadores.
5 - Às 18:50, Boyer viu o objeto sobre Montauban.
Essa interpretação da sequência é coerente com a análise feita num
relatório de circulação limitada compilado pelos astrônomos franceses:

Diversas observações ocorreram numa área razoavelmente extensa, a sudoeste. Nenhum


deles abarcou o fenômeno todo como foi visto pelo Sr. Chapuis. (A observação em Orgueil não
era do conhecimento dos autores desse primeiro relatório). Entretanto, confirmam o
desaparecimento em B e o reaparecimento em C, sendo a direção BC a mesma. Alguns
relataram uma trajetória claramente descendente, bastante longa, mas em direção a noroeste. O
edifício que obstrui a observação nessa direção pode ter impedido Chapuis de vê-lo.

Com essa informação é possível demarcar a trajetória do objeto com


alguma precisão e dois comentários se fazem convenientes:

1 - Como a observação de Chapuis durou cerca de 20 segundos e a da


criança aproximadamente um minuto, o objeto viajou do ponto X ao B
(Figura 5) a uma velocidade aproximada de um quilômetro por segundo
(3.600 quilômetros por hora).
2 - Quando o objeto perdeu-se de vista em B, encontrava-se ao sul, como
visto de Orgueil — mais ou menos 30 milhas de distância — enquanto
Chapuis estava olhando um tanto ao sul do oeste. Por essa razão deve ter
sido extremamente luminoso - fato confirmado pela declaração de Boyer
comparando seu brilho com o de um raio e pela descrição do
reaparecimento do objeto, feita pela criança, “no meio de um imenso clarão
de raio”.
Resumindo, as características do objeto em termos de luminosidade e
velocidade são as de um meteorito, mas a sua baixa altura (determinada
pela comparação das linhas de observação dos diversos pontos), o
fenômeno da descrição do círculo e a série de desaparecimentos e
reaparecimentos, força-nos a rejeitar essa hipótese. Além do mais, devemos
enfatizar a coerência das descrições de forma (definitivamente elíptica), cor
(laranja, vermelho e amarelo, vermelho em Montauban) e rasto visto pela
criança, a olho nu, na abordagem mais próxima e, também, observado por
Chapuis no telescópio.
Finalmente, a observação de Chapuis foi publicada nos jornais locais de
tal modo distorcida que o público seria incapaz de descobrir o curso
verdadeiro do objeto através do relatório dado pela imprensa, e as
observações dos astrônomos amadores que viram a partida do objeto em
direção a noroeste nunca foram publicadas. Eles não poderiam ter
conhecimento dos relatórios de Bemeyron ou de Boyer naquele momento.
A clareza e coerência dessa observação múltipla exige a atenção de
qualquer cientista objetivo.

O CASO DOS VISITANTES DA NOVA ZELÂNDIA


Para completar nosso breve retrospecto dos diversos tipos de relatórios
com os quais deparamos, vamos dar uma olhada num exemplo isolado de
um caso extremo, exemplo esse que oferece uma descrição detalhada de um
“corpo”.
Conforme relatada no jornal “Evening Mail” de Nelson, Nova Zelândia,
na manhã do dia 13 de junho de 1959, a senhora Frederick Moreland saiu
para tirar leite das vacas em sua fazenda perto de Blenheim. O senhor
Moreland trabalha na Estação Woodbourne da Real Força Aérea de Nova
Zelândia.
Ao atravessar o “paddock” a senhora Moreland notou de repente uma
luz verde brilhante entre as nuvens, aquilo chamou-lhe a atenção pois não
havia lua. Já do outro lado do “padock” viu duas imensas luzes verdes
descendo rapidamente:

Notei que tudo ao meu redor estava iluminado por uma luz verde, inclusive o “paddock”.
Era uma espécie de cor horrível. A primeira coisa que pensei foi: “Eu não devia estar aqui. ”
Então, Corri para o meio das árvores (um bosquezinho de pinheiros do outro lado do “paddock”
de 3 acres). Fiquei ali observando.
Um brilho em forma de pires, com duas luzes verdes encravadas na parte de baixo, desceu.
O ar ficou muito quente. Duas fileiras de jatos, bem no meio do objeto, expeliam chamas de
uma cor alaranjada. Pareciam girar em direções opostas. A coisa tinha mais ou menos 20 a 30
pés de diâmetro. Ficou suspensa no ar na altura do telhado. Os jatos pararam e uma luz foi acesa
em alguma coisa que parecia ser um telhado de fibra de acrílico, vidro ou domo, que brilhava. A
superfície inferior parecia ser de metal acinzentado. Um zunido indistinto soou no ar enquanto o
objeto flutuava.
Haviam dois homens ali, usando roupas colantes de um material brilhante. A única coisa
em que posso pensar para descrever aquilo seria folha de alumínio. Capacetes opacos cobriam-
lhes os ombros. Não pude ver os rostos. Um dos homens levantou-se e colocou as mãos a sua
frente como estivesse se inclinando para olhar para baixo. Ele, então, sentou-se. Depois de 1
minuto ou 2, os jatos começaram outra vez, levemente inclinados no começo, aí a coisa moveu-
se verticalmente a alta velocidade e desapareceu por entre as nuvens. Ao fazê-lo, ouviu-se por
um momento um som agudo muito alto.
Estava tão atordoada que fiquei ali no meio das árvores sem saber o que fazer. Havia um
cheiro estranho no ar, podia-se dizer que era um cheiro semelhante ao de pimenta. Finalmente,
decidi entrar e tirar leite das vacas.
Enquanto ordenhava fiquei pensando. Sentia-me meio perturbada e confusa, não sabia o
que fazer. Então, voltei para casa e acordei meu marido, que não riu de mim, como eu temia,
mas perguntou-me: - Você telefonou para a polícia ou para o departamento aéreo? Respondi-lhe
que não e ele foi telefonar para a polícia.

A testemunha recebeu a visita da polícia e do representante da Real


Força Aérea. Um engenheiro de aeronaves, D. Thynne, também entrevistou-
a e pediu-lhe para fazer um esboço detalhado do objeto. R. Healey, Oficial
de operações e F. Simpson, piloto, também acompanharam a investigação
como eles mesmo disseram com a “mente aberta”. Thyne disse estar
“disposto a acreditar que pudesse haver alguma coisa ali. A maioria das
pessoas, aqui, estão interessadas e estão abertas para o fato. Não o
ridicularizam e estão ansiosos em considerá-lo”.
O catedrático I. L. Thomsen, Diretor do Observatório Cárter mostrou-
se interessado no relatório da senhora Moreland. Declarou:

“Esse é sem dúvida alguma um relatório incomum, diferente da série de relatórios sobre
objetos estranhos vistos no céu. A Força Aérea enviou-me um relatório sobre o incidente de
Blenheirn antes que partisse de Wellinton para Nelson, mas ainda não tive tempo para estudá-
lo."
“Gostaria, logo que possível, entrevistar a pessoa em questão, depois de todos os
acontecimentos que ela descreveu."
O Sr. Thomsen, disse que apesar dos relatórios de discos-voadores em geral, e das diversas
notificações a respeito, não ouviu ainda um caso convincente que provasse a existência deles,
mas está pronto para ouvir novas evidências sobre o caso.

Essa é exatamente a atitude correta que o cientista, ao deparar com uma


série de fenômenos ao mesmo tempo tão variada e surpreendente, deve
adotar.
Acabamos de ver relatórios dos quatro cantos do mundo - Europa, Nova
Zelândia, Ilhas Fidji, Estados Unidos, Groelândia, Austrália. Ao invés de
considerá-los um de cada vez, isolados do contexto sociológico e físico que
os apoia, vamos começar nossos estudos num nível mais generalizado,
despindo-os do pesado sensacionalismo que a imprensa lhes tem reservado
e buscar conceitos gerais aplicáveis aos desconcertantes aspectos do
fenômeno — pois seu caráter fantástico pode ser apenas uma extensão de
nossa ignorância.
Capítulo Dois - MAIS PEÇAS PARA O QUEBRA-CABEÇA

UM PROBLEMA FRUSTRADOR

No dia 10 de agosto de 1964, uma aeronave americana parou na pista de


decolagem secundária do Aeroporto de Wake Island, no meio do Oceano
Pacífico, entre o Havai e as Filipinas. A tripulação aguardava instruções da
torre de controle; não tinham nada para fazer, a não ser olhar para o céu já
escuro. Então, alguém notou o objeto. Era apenas uma luz tremeluzente, de
cor avermelhada e parecia aproximar-se da pista como se estivesse
preparando para aterrissar. Mas os controladores de tráfego esperaram em
vão por um sinal de rádio identificável.
A fonte desconhecida de luz parecia ter parado acima do campo de
aviação, ficou suspensa no ar, e então, retomou seu curso, para depois voar
ao acaso durante alguns segundos “como um grande pássaro” e, finalmente,
foi- se embora em direção a noroeste. A torre de controle foi taxativa em
suas declarações: o objeto não era um avião, nem um balão meteorológico.
Pássaros não carregam equipamento de iluminação. Conclusão: não
identificado. Uma peça nova para o quebra-cabeça, um novo caso para se
acrescentar aos quase 700 oficialmente cadastrados como “desconhecidos”
nos arquivos da Força Aérea dos Estados Unidos e mais de 5.000 nas
coleções particulares daqueles que têm coletado relatórios no mundo
inteiro.
Será que o objeto de Wake Island tinha realidade física? Será que foi
produto de reflexão atmosférica, miragem ou quem sabe uma deformação
in- comum de uma fonte de luz convencional, como por exemplo, uma
estrela ou um planeta, quem sabe devido a uma inversão de temperatura?
Poderia ter sido algum objeto material, como um pássaro, uma aeronave ou
um pedaço de papel branco, refletindo uma luz no solo, que o vento levou
embora? Ou era uma máquina de controle, e em caso positivo, quem a
controlava? Tais problemas têm intrigado, confundido e frustrado cientistas
durante 20 anos.
A maioria dos relatórios são incompletos. As testemunhas esquecem-se
da data exata, não registram com precisão a hora e a duração. Os jornais,
aproveitando-se disso, tendem então a exagerar detalhes que acham
“fantásticos” e com frequência transformam estrelas cadentes em “discos-
voadores”. Isso faz dos arquivos oficiais uma fonte indispensável de
informação, eles contêm um núcleo sólido de dados, uma série de
observações cujos autores são conhecidos, tendo sido bastante investigados
e algumas vezes até mesmo muito detalhadamente. Não são de modo algum
mantidos em segredo, mas os departamentos oficiais envolvidos não lhes
dão publicidade, principalmente para proteger as testemunhas de qualquer
tormento que possa vir a resultar da revelação de suas observações.
Em 18 de agosto de 1964, uma aeronave militar americana voava sobre
o Oceano Atlântico. Tinha alcançado um ponto a mais de 300 quilômetros a
leste de Dover, quando de repente a tripulação observou um objeto
luminoso difuso logo adiante. Como o diâmetro aparente da “coisa”
aumentasse, uma colisão parecia iminente e o piloto abruptamente mudou o
curso do avião. O objeto não mudou seu curso ou trajetória. Continuou em
linha reta, passando a 150 metros abaixo da aeronave, fez o que parecia ser
uma curva em ângulo reto e perdeu-se de vista.
Somente com muita dificuldade as explicações comuns ajustam-se a tais
relatórios. Alguns grupos de amadores superentusiasmados, rapidamente
rotulam toda luz estranha no céu como “disco-voador”. Em suas
publicações esses objetos incomuns são naves controladas, veículos de
civilizações interplanetárias ou interestelares que vieram para estudar nosso
planeta.
Não se pode negar que a ciência moderna - principalmente com o
recente progresso em conhecimento astronômico permite alimentar tais
teorias. O número de planetas que gozam de condições semelhantes às da
terra é estimado em “vários bilhões”, somente em nossa galáxia. A
possibilidade de visitantes ao nosso sistema solar por seres de outros
lugares foi computada: é esmagadora. Supõe-se que tais raças sejam
tecnicamente mais avançadas que o homem e provavelmente estão na nossa
frente, até mesmo no que diz respeito à inteligência. Decerto a ideia de que
fenômenos aéreos raros possam ser produto de uma tecnologia avançada
não poderia surpreender os cientistas, os quais há muito tempo atrás
aceitaram a ideia de que deve existir vida em todo o universo. Entretanto,
como qualquer hipótese, essa teoria “extraterrena” tem que ser provada para
ser aceita. Em ciência não existem coisas como acreditar à primeira vista.
As provas definitivas reais e físicas de um controle inteligente por trás dos
objetos misteriosos deixam muito a desejar.
Certamente, é fácil de se imaginar que os dois relatórios acima
mencionados originaram-se através de um desenvolvimento tecnológico
superior do espaço externo, mas antes que qualquer outra ideia avançada
desse tipo indique outras possibilidades de natureza mais convencional é
preciso que ela seja investigada. Esses fenômenos poderiam ser causados
por forças físicas pouco conhecidas ou pela combinação de tais forças? Se
este for o caso, então, estudando-se cuidadosamente os relatórios
provenientes de testemunhas inteligentes, distintas e tecnicamente
competentes será possível adquirir novos conhecimentos sobre as leis da
natureza. Descobertas importantes nessa direção induziram a Força Aérea
Americana a coletar observações de uma maneira sistemática durante quase
20 anos. Como um grande número de relatórios provêm de pessoas
qualificadas seria absolutamente não científico rejeitar suas observações,
simplesmente porque “soam fantásticas”; desta maneira uma grande
quantidade de informações valiosas estaria perdida.
O cientista moderno, mesmo que seja altamente céptico à possibilidade
de visitantes do espaço externo, em geral está ciente de suas
responsabilidades para com a sociedade e ignorar um fenômeno tão
constante e coerente seria decerto arriscar-se muito.
Cientistas fora dos Estados Unidos têm interpretado erroneamente o
silêncio da comunidade científica americana e a relutância da Força Aérea
dos Estados Unidos em admitir que um número suficiente de observações
não foram identificadas para justificar um estudo especial, sugerindo que a
totalidade do fenômeno fora definitivamente “explicado”. Como o público
americano sabe, naturalmente, nada está mais longe da verdade. Não
somente as atividades do projeto da força aérea continuam
ininterruptamente desde 1948, como o número de casos insolúveis tem
aumentado. Essa variação segue uma lei peculiar: algumas vezes passam-se
meses sem que haja um único relatório ao mesmo tempo bem documentado
e inexplicável por efeitos comuns e, então, uma onda assola o país inteiro.
Esse foi o caso do verão de 1965, o apogeu de um número crescente de
relatórios que começaram em maio de 1964 e não diminuíram até princípio
de 1966. O Centro de Informação Técnica Aeroespacial (ATIC) que está
localizado na Base da Força Aérea de Wright-Paterson, Dayton, Ohio, e
coleta tais observações registrou 17 relatórios em janeiro de 1964, 25 em
fevereiro, 18 em março, 41 em abril (um aumento significante em relação
ao mês anterior), 80 em maio, 34 em junho, 106 em julho, mais de 100 em
agosto, 34 em setembro, 22 em outubro.
Representamos graficamente na Figura 7 o número de relatórios que
chegaram ao nosso conhecimento (não somente de fontes americanas) para
esse período que parecia merecer estudos sérios. Esse gráfico dá uma
indicação das variações significantes apresentadas pelo fenômeno, quando o
estudo de evidentes interpretações errôneas é rejeitado.
Os autores desse livro tiveram bastante sorte em acompanhar algumas
das investigações feitas dentro desse período de observações nos Estados
Unidos. Para os pesquisadores já acostumados com as observações
europeias de 1954 e 1957, as observações americanas de 1964 e 1965 foram
fascinantes.
UM ENORME OBJETO COM MUITAS LUZES

Até fins de março de 1964 a situação da “frente UFO” tinha sido


bastante calma. Foram relatadas observações da África, Brasil e,
principalmente Austrália em janeiro e fevereiro, mas muitos davam
informações insuficientes. A maioria dos relatórios americanos foram
facilmente identificados como balões, meteoros, espaço-naves, etc. A Grã-
Bretanha e a Argentina também contribuíram com diversas observações
definidas de maneira desfavorável.
A primeira observação significante do período aqui estudado ocorreu
perto de Monticello, Wisconsin, no dia 3 de abril de 1964. Um jovem
antropologista e sua família foram as testemunhas. Encontravam-se numa
pequena estrada que conduzia a Argyle, a mais ou menos 2 quilômetros a
oeste de Monticello, quando viram o objeto pela primeira vez.
O que viram não lhes causou surpresa, duas luzes que piscavam
intensamente lá embaixo na linha do horizonte, pareciam ser simplesmente
as luzes vermelhas no alto de um carro qualquer de polícia, que encontrava-
se numa colina. Mas as luzes pareciam chegar mais perto e erguerem-se no
céu. As testemunhas, então, viram duas luzes piscando, uma vermelha e
outra verde, e um imenso clarão branco por detrás. Assustaram-se pensando
que fosse um avião prestes a espatifar-se no solo. Mas o objeto não caiu.
Observavam-no na direção sul, à sua esquerda, com uma série de fontes
luminosas, principalmente verde e vermelha e com algumas luzes brancas
mais difusas e uma enorme luz amarela ou azulada. Toda a coisa parecia
estar muito próxima; parecia “uma árvore de Natal à noite”. À medida que
eles prosseguiam novas luzes tornaram-se visíveis e o objeto que estava,
então, quase imóvel pareceu girar devagar, com a parte detrás elevando-se
para o céu acima das 4 luzes vermelhas, que pareciam pertencer a um avião
(Figura 8).
A partir de seu movimento relativo na abordagem mais próxima as
testemunhas estimaram que o objeto não estava a mais do que algumas
centenas de jardas de distância, talvez tão perto quanto 100 jardas. Parecia
um enorme objeto sólido sustentando uma quantidade enorme de fontes de
luz.
As testemunhas diminuíram a velocidade consideravelmente e naquele
exato momento o objeto executou uma manobra estranha, como que
observando-os. Eles desligaram os faróis. Não havia barulho algum. Muito
assustadas mas decididas a descobrir o que era aquele objeto, as
testemunhas ligaram o carro novamente e viraram na entrada da fazenda
mais próxima, voltando a alcançar a “coisa”. Ao aproximar-se dele (agora
de frente para o leste) o objeto começou a mover-se e de repente decolou.
Dirigiam na velocidade máxima permitida na rodovia, mas em vão, em
poucos segundos o objeto ergueu-se muito no céu e pôde-se ver apenas um
brilho vermelho difuso bem além de Monticello; num instante desapareceu
por completo.
Pesquisas da força aérea mostram que a observação durou pelo menos 5
minutos. Levando em consideração as diversas manobras executadas pelas
testemunhas, 10 minutos seria uma estimativa melhor. A hipótese de um
helicóptero (sugerida pela manobra vertical) foi discutida minuciosamente,
mas foi rejeitada por diversas razões. Primeira, houve ausência total de
barulho. O rádio do carro estava tocando baixinho (não houve estática ou
interferência durante a observação) e o barulho de um helicóptero teria sido
ouvido. O diâmetro aparente do objeto era muito grande para um
helicóptero. Não haviam luzes de aterrissagem, o que seria inconcebível
para um helicóptero em uma missão à noite, tão perto do solo (parte do
objeto foi vista abaixo das linhas telefônicas no lado sul da rodovia, e parte
acima).
As testemunhas foram entrevistadas demoradamente. A conversa
mostrou que a ideia de uma “nave misteriosa” era totalmente de mau gosto
para eles, e todas as possíveis causas naturais foram examinadas.

O número de observadores, seus medos, as diferentes reações


individuais, equilíbrio mental obviamente excelente e a sucessão lógica de
interpretações que lhes veio em mente - carros de polícia, avião - mostra
que a observação não pode ser produto de alucinação: Finalmente, a
coerência geométrica da disposição ordenada das luzes elimina a ideia de
uma miragem ou fenômeno atmosférico. A noite estava calma e o objeto
não podia ter sido um balão científico; um balão não pode decolar tão
rapidamente depois de ter se arrastado perto do solo por tão longo tempo.
A observação foi relatada exclusivamente ao serviço militar e as
testemunhas evitaram publicidade com muita cautela. Seu relatório é
comentado, aqui, pela primeira vez.
A NUVEM CHARUTO

Passaram-se meses sem um único relatório significante, e apenas 6 dias


após o incidente de Monticello, apareceu outro caso. Em Ardmore,
Oklahoma, às 22 horas do dia 9 de abril de 1964 alguém relatou ter visto
um enorme objeto, com várias cavidades pequenas ou “janelas”, que ficou à
vista cerca de 10 segundos e pareceu, então, dissolver-se no espaço.
Infelizmente era muito pouco para que a investigação continuasse: a
testemunha estava sozinha e a duração da observação foi curta.
Dois dias mais tarde ocorreu outra observação de caráter altamente
incomum. O objeto e seu comportamento eram, entretanto, típicos de uma
espécie de fenômeno aéreo, reconhecido primeiramente por Michel num
estudo feito sobre os casos franceses de 1954.
Por falta de um termo melhor, Michel denominou esse fenômeno de
“nuvem charuto” o qual tem sido observado na Grã-Bretanha, America do
Sul, Estados Unidos, Austrália, Polônia, e União Soviética.
Mas poucas descrições foram tão detalhadas como a que foi feita pela
família de um fisioterapeuta de New York, que estava fazendo um
piquenique no dia 11 de abril de 1964, às 6:30 da tarde. Haviam 4
testemunhas e a observação durou 45 minutos. Envolvia um objeto escuro
de forma oblonga, que assumiu uma posição vertical e foi visto através de
binóculos como “quase que em ebulição”, com pequenas nuvens de fumaça
que fluíam continuamente do corpo principal da nuvem preta. A certa
altura, o objeto emitiu um feixe de luz e lançou-se para a frente a uma
velocidade muito alta, depois voltou a seu curso, do mesmo modo.
Finalmente pareceu dividir-se em diversos objetos menores.
Um fato interessante a respeito dos relatórios de abril de 1964 foi a
ausência total de publicidade: 3 relatórios significantes sucederam-se
rapidamente, mas nenhum deles foi publicado na época como, também, não
conseguiram chamar a atenção dos grupos locais de amadores de UFOs. O
caso Monticello fora quase uma aterrissagem. Sinais mais evidentes não
tardariam a aparecer.

ATERRISSAGEM NO NOVO MÉXICO

Uma observação ocorrida em 24 de abril de 1964, serviu como ponto de


partida para uma série de relatórios de valores desiguais que foram
misturados pelos jornais para dar um quadro de grande confusão. Na
verdade, sabe-se claramente o que aconteceu naquele dia: às 6:00 da tarde,
em Socorro, Novo México; alguma nave material com o formato
semelhante a um ovo, aterrissou no deserto.
A testemunha foi Lonnie Zamora, polícia estadual. Ele viu um objeto
emitindo uma luz brilhante que, rapidamente, perdia a altitude no céu, ali no
deserto. Assustando, porque havia uma cabana de dinamite nas
proximidades, dirigiu-se para o deserto e alcançou o topo de uma colina a
tempo de ver um objeto branco ou prateado, apoiado em 4 pernas desiguais
numa ravina. Duas figuras de pequena estatura (“que podiam ser ou
crianças grandes ou adultos pequenos”) estavam perto do objeto vestidos
inteiramente de branco. Zamora, para ver melhor, teve que aproximar-se de
uma colina, mas, quando o objeto ficou à vista novamente, as duas figuras
tinham desaparecido e a nave decolou fazendo um barulho atordoante. O
policial só teve tempo de colocar o carro entre si e o objeto, quando este
elevou-se verticalmente, parou no espaço e foi-se embora. A observação
durou vários minutos.
O caso é interessante porque a conclusão a que chegaram os
pesquisadores é positiva: Zamora não mentiu, nem teve uma alucinação,
alguma coisa realmente aterrissou alí. Os policiais que atenderam ao
chamado de Zamora foram os primeiros a chegar no local e entraram na
ravina (veja Ilustração VIII). Marcas profundas feitas no solo e vestígios de
calcinação eram evidentes.
A investigação também revelou que a nave, ou o que quer que fosse,
não fora construída por amadores: ela aterrissou num terreno irregular, foi
fixada finalmente em quatro pernas de comprimentos desiguais, de tal modo
como que para colocar seu centro de gravidade na melhor posição. Tal
equipamento de aterrissagem, obviamente, seria o ideal para um módulo
lunar e, acreditou-se que o objeto era alguma nave secreta de construção
americana. Análises espectroscópicas das áreas calcinadas, entretanto,
evidenciaram-se negativas, e o método de propulsão mostrava-se totalmente
diferente de qualquer coisa que pudéssemos produzir. Nos dias que se
seguiram os jornais espalharam a história mas faltavam detalhes
fundamentais. Foi dito que Zamora tinha visto um “disco voador” e seus
pilotos; mas não foi nem mesmo considerada a possibilidade de que a nave
pudesse ter sido de construção terrestre.
Não há explicação satisfatória a considerar sobre a observação de
Socorro. Seu significado principal seria como que o ponto de partida de um
novo interesse sobre o assunto UFO. O número de relatórios detalhados
nesse período, entretanto, não se compara às ondas de 1954 ou 1957. O que
tivemos foi uma série relativamente densa de observações localizadas de
um fenômeno cuja natureza e origem eram desconhecidas.
Em 15 de maio de 1964, um professor e mais quatro testemunhas em
Lewistown, Montana, viram um enorme objeto circular voando na frente do
carro deles. Seu curso foi comparado a uma “rolha de cortiça na água”. O
objeto pôde ser observado durante quatro minutos, virou-se em direção a
oeste e perdeu-se de vista. A onda de 1964 tinha realmente começado.

O “JELLYFISH” (medusa) DA PÊNSILVÂNIA

Às 10 horas da noite, do dia 26 de maio de 1960, um “objeto


estacionário com uma cúpula cuja extremidade inferior emitia uma luz
esbranquiçada” foi observado perto de Palmerton, Pensilvânia. Um objeto
menor, do formato de um disco, fazia manobras ao redor do maior e podia-
se vê-lo intermitente. Finalmente, pareceu fundir-se à nave principal, que
partiu em direção leste. Esse relatório lembra-nos o “caso dos engenheiros
franceses” onde um fenômeno semelhante foi descrito. O objeto foi
observado por duas famílias de Palmerton. Infelizmente, não foi feito
nenhum relatório à força aérea, e assim temos que confiar nos relatos
publicados pela imprensa.
Se esse relatório fosse confirmado, possibilitaria uma nova ilustração do
fenômeno “jellyfish” de Michel. Claro que a natureza do objeto e o
significado de seu comportamento não podem ser discutidos sem se
questionar a importância da totalidade do fenômeno UFO, que é o objetivo
desse livro. Por hora, estamos somente tentando reunir relatórios para
maiores investigações e familiarizar-nos com o material, que parece ser o
geral, mais representativo do fenômeno que planejamos estudar.
Em 5 de junho de 1964, 4 testemunhas (incluindo 3 cadetes da Escola
Superior da Força Aérea) dirigiam-se a Texarkana, às 2 horas da manhã,
quando viram um objeto que parecia estar girando e emitia uma luz laranja-
avermelhada, que não era ofuscante. Para observar com maior facilidade as
4 testemunhas sairam do carro e decidiram, depois, dirigir para mais perto.
Por um minuto o brilho do objeto aumentou uniformemente e, então, o
objeto voou tão rápido que os olhos não puderam segui-lo. Durante esse
período relatórios de “discos”, objetos em forma de charuto, voando ou
parados no solo, suce- deram-se rapidamente. O caso mais interessante veio
de Ohio, em junho. Em seguida, toda uma série de observações, ocorreu no
sul.

DUAS OBSERVAÇÕES EXTRAORDINÁRIAS

Duas observações excepcionais ocorreram na região de Toledo, Ohio,


em 12 e 13 de junho de 1964. A primeira começou às 22:15 e durou nada
menos que 1 hora e 50 minutos. Durante esse período, o chefe de polícia,
Richard Crawford viu 3 vezes um estranho objeto cintilante, que emitia
luzes de diversas cores, ficando algumas vezes completamente escuro. O
mesmo objeto foi observado em outro lugar por um segundo policial; os
dois relatórios correspondiam em todos os aspectos. No momento de
melhores condições de observação o objeto encontrava-se a mais ou menos
750 pés de distância e seu diâmetro foi calculado em 90 pés.
Crawford, que estava a uma milha de distância de Elmore, no
cruzamento das Rodovias 51 e Nissen, viu o objeto primeiro. Estava parado,
brilhava, e uma espécie de halo de meia milha de diâmetro cercava-o. Ficou
à vista durante 20 minutos, brilhando no silêncio, mas o objeto partiu assim
que um holofote lhe foi apontado. Foi visto, novamente, bem acima da
Escola Harris Elmore, meia hora antes da meia-noite, a uma altitude de 100
pés, voando rapidamente a noroeste, em direção à cidade de Genoa. Fez um
barulho semelhante a uma bala atravessando o ouvido de uma pessoa.
Crawford avisou outro policial, Carl Soenichsoen, pelo rádio, dando-lhe a
posição aproximada do objeto e pediu a Soenichsoen para encontrá-lo num
local determinado. Soenichsoen chegou lá primeiro e vislumbrou o objeto.
Quando Crawford chegou a coisa ainda estava lá, emitindo rajadas
periódicas de luzes, a uma frequência de mais ou menos uma por segundo.
Logo em seguida partiu novamente, mudando de curso a alta velocidade.
Perdeu-se de vista em poucos segundos.
O segundo caso de Toledo teve apenas uma testemunha. Nenhum
relatório oficial foi apresentado, mas foram obtidas informações detalhadas
através de comunicação pessoal com os pesquisadores. A testemunha
voltava do trabalho às 21:15, do dia 13 de junho, quando avistou 3 objetos
estranhos acima de um campo de trigo. Pareciam mover-se vagarosamente a
uma altura de 1.000 pés. Pelo que se pôde determinar no escuro eram do
tamanho e do formato de “cabinas de helicóptero” (a testemunha, primeiro,
pensou que fossem helicópteros). Tinham uma luz branca e um brilho
avermelhado. Quando a testemunha aproximou-se dos objetos ouviu um
barulho grave, surdo e contínuo. Em seguida, atravessou o campo de trigo
tentando segui-los. Eles pararam sobre um enorme celeiro e quando a
testemunha encontrava-se a 150 jardas de distância, os objetos, de repente,
começaram a girar em tomo do celeiro, em alta velocidade. O diâmetro do
círculo que estavam descrevendo era mais ou menos da dimensão da
construção e eles permaneceram ali. Quando a testemunha finalmente
alcançou o celeiro os objetos tinham ido embora.

PIÕES VOADORES NO SUL

Como é muitíssimo improvável que a população de Wellford, Carolina


do Sul, tenha tido conhecimento sobre os detalhes da observação ocorrida
em Vins-sur-Camary, em 1957 (veja o “Caso da Máquina Inteligente”,
página 14), o caráter genuíno do incidente que segue é óbvio.
Em 29 de junho de 1964, um pouco antes da meia-noite um homem de
Wellford dirigia na Rodovia Estadual 59, na Geórgia, entre Gainesville e
Lavonia. Um objeto de coloração âmbar voou sobre seu carro, deu um salto
no ar acima do veículo, voltou mais duas vezes parecendo “observar os
faróis” quando pulou na frente do carro que avançava. A coisa “fez tanto
barulho quanto um milhão de silvos de cobras”, deixando um odor
semelhante a líquido de embalsamar. Era do tamanho do carro, tinha 6 pés
de altura e girava. As extremidades externas sustentavam estranhos
dispositivos, que pareciam antenas. O objeto emitiu uma tremenda onda de
calor e pôde-se ver uma luz amarela brilhando através de alguma espécie de
abertura, na parte inferior.
Esse objeto estranho seguiu o carro da testemunha por duas milhas.
Quando o motorista, B. E. Parham, parou o veículo e desligou os faróis, o
objeto elevou-se no céu com um movimento de “oscilação” e perdeu-se de
vista.
Uma observação semelhante ocorreu na semana seguinte em Tallulah
Falis, Geórgia. Dessa vez houve inúmeras testemunhas. Nove pessoas, que
residiam em três casas diferentes, viram o objeto e Fizeram um relatório
detalhado a respeito. Segundo J. Ivester, seu aparelho de televisão começou
a funcionar de maneira estranha e logo em seguida foi impossível assistir o
programa. Ele desligou o aparelho e a família saiu para tomar um pouco de
ar puro. Eram 9:00 horas da noite. De repente, viram um objeto voando bem
acima do nível da copa das árvores, chegando a poucas centenas de jardas
da casa; parecia ter parado sobre a casa do vizinho, no jardim da senhora
Russel Mickinan. Estava um silêncio total. Apenas a parte inferior ficara
claramente visível, era de um vermelho brilhante. O objeto tinha o formato
de uma xícara e as testemunhas puderam ver 3 luzes: vermelha, branca e
uma outra vermelha, dispostas paralelamente. As luzes vermelhas
piscavam. Quando o objeto elevou-se essas luzes apagaram-se (ou deixaram
de ser vivíveis) enquanto que uma forte luz verde apareceu na parte inferior,
lançando uma luz misteriosa
sobre todo o campo. Este estranho objeto deixou um odor que pode ser
comparado a “fluido de freio” ou “líquido de embalsamar”. Ninguém foi
capaz de identificá-lo de maneira definida, mas o xerife do Condado de
Habersham, A. J. Chapman percebeu imediatamente ao chegar, alguns
minutos depois da observação.

OUTRO “JELLYFISH” (medusa)

Em 20 de julho de 1964, inúmeras testemunhas, inclusive policiais,


observação durante horas as evoluções de diversos objetos “como o formato
de guarda-chuvas” voando sobre Madras, Oregon. Os objetos às vezes
permaneciam imóveis para daí a pouco arremessarem-se no ar a uma
velocidade incrível. Eram de uma cor avermelhada quando parados e
mudavam de cor quando aumentavam a velocidade. São poucos os detalhes
dessa observação, a qual não foi relatada oficialmente. Mas naquele mesmo
dia, um pouco mais cedo, ocorreram duas observações excepcionais em
Illinois.
A primeira ocorreu às 4:45 da manhã na Rodovia Estadual 101 de
Illinois. A testemunha, um escriturário de um departamento administrativo
estadual, dirigia-se a leste, cerca de 4 milhas a oeste de Littleton, quando
viu um objeto elevar-se acima da copa das árvores. Parecia estar em
processo de decolagem. A princípio, pensou ser um foguete e notou até
mesmo que sua composição deveria ser muito potente, pois os jatos que
soltava pareciam ser de cor vermelha arroxeada. Além disso, viu que o
objeto tinha o formato de meia esfera (Figura 10) e o que pensou serem
“jatos” eram na verdade uma espécie de cone luminoso, que se abria na
parte inferior do objeto dando a impressão de que estava subindo sobre
chamas. O objeto subiu muito alto no céu, depois fez uma volta e
defrontou-se.com ele. Parecia um círculo escuro com um anel luminoso,
que lhe fez lembrar um girassol com pétalas amarelas. Isso durou apenas
alguns segundos, o objeto fez outra volta, subiu no céu e desapareceu. Na
abordagem mais próxima, o diâmetro aparente do objeto era o mesmo da
lua cheia. A testemunha foi capaz de determinar a duração da observação
(não menos que 60 segundos) a partir dos sinais ao longo da rodovia
conhecida e, também por lembrar-se que estava dirigindo a 55 milhas por
hora. Não ouviu barulho algum. A região de onde o objeto parecia ter
decolado é bastante agreste e praticamente inacessível. Por último é
interessante ressaltar o mecanismo da luz emitida pelo objeto; no começo
pareciam “chamas” lançadas da parte detrás do objeto, mas quando ele
acelerou a luz se tomou três vezes menor e perdeu o brilho, mudando ao
mesmo tempo para uma coloração azul-amarelada.
Exatamente 15 minutos mais tarde um senhor da força aérea, que
encontrava-se a 8 milhas a oeste de Clinton, Iowa ou seja 120 milhas ao
norte da primeira observação, viu uma luz incomum no céu; desligou o
motor do carro e ficou escutando, mas não pôde ouvir nenhum barulho que
viesse do objeto, o qual viajava na direção norte-nordeste. Permaneceu à
vista por um minuto completo e em seguida desapareceu. A testemunha
também descreveu o objeto: um cone grande, tendo a parte superior muito
brilhante, que ficava cada vez mais difuso na base e misturava-se com o
fundo do céu.

ATERRISSAGENS NA VIRGÍNIA

Depois do verão de 1964, as atividades UFO permaneceram acima de


seu nível de 1963, mas poucas observações chegaram ao conhecimento do
público. A maioria dos incidentes tiveram apenas publicidade local ou
nenhuma publicidade. As características de uma onda, entretanto, ainda se
faziam presentes e o crescente aumento no número de relatórios de
aterrissagem no início de 1965, um dos principais fatores no
desenvolvimento do fenômeno, tornou-se — e permanece —
particularmente proeminente.

Em janeiro de 1965, a zona oriental dos Estados Unidos experimentou uma comoção, cuja
importância foi convenientemente ofuscada pela extraordinária renovação de atividades que
ocorreram poucos meses mais tarde,

escreveu Donald Hanlon em “Significance of the January 1965 Virgínia


Flap”. De fato, cerca de 25 observações ocorreram entre fins de novembro
de 1964 e janeiro de 1965. Esses relatórios de fídedignidade variável
tiveram, entretanto, um interesse único como Hanlon observou, em vista de
sua forte correlação geográfica.
O primeiro relatório de aterrissagem foi feito por um trabalhador
industrial que afirmara ter observado no dia 19 de janeiro, às 18:15, 2
objetos voadores circulares, suspensos no ar a baixa altura sobre uma área
onde se pratica arco e flecha em Brands Fiat, Virginia. O objeto menor, com
mais ou menos 20 pés de diâmetro, aterrissou a 18 jardas da testemunha, de
onde surgiram três seres, tendo cerca de 40 polegadas de altura. A
testemunha declarou que articulavam sons ininteligíveis, voltaram para a
nave e foram-se embora.
Esse tipo de relatório não pode ser considerado de maneira alguma
como um caso típico de observações americanas de anos anteriores e por
isso mesmo merece atenção especial. Um estudo detalhado do fenômeno
em seus aspectos físicos e sociológicos será feito mais tarde nesse livro.
A esse relatório seguiram-se diversos casos secundários que passaram
despercebidos. Em 26 de novembro de 1964, a senhora F. Rosenburg viu
uma bola de fogo brilhante perto do solo, nas proximidades de Grand
Valley, Pensilvânia. Em 12 de janeiro de 1965, às 18:30 horas um objeto
amarelo brilhante foi visto durante dois minutos pelo senhor e senhora
Milliner, relações públicas da NASA, na Ilha Wallops, Maryland. Dois dias
mais tarde James Myers, em Norfolk, Virginia, relatou ter visto um objeto
circular levantando- se do solo à meia-noite. Em 15 de janeiro, às 22:00
horas Charles Knee, Jr., de Concorde, New Hampshire, perdeu o controle de
seu carro entre Enfield e Wilmot, New Hampshire, quando o motor morreu
e as luzes se apagaram. Ao sair do carro ouviu um som agudo muito alto e
viu uma luz brilhante cruzar o céu. Em 23 de janeiro, às 20:45, dois
executivos que dirigiam em direções opostas na Rodovia Federal 60 perto
de Toano, Virginia, afirmaram que seus carros pararam ao aproximar-se de
um enorme objeto, em forma de cone, suspenso no ar sobre um campo nas
adjacências. Dois helicópteros do exército foram supostamente enviados do
Fort Lee para investigar. Em 25 de janeiro, um policial e diversas pessoas
em Marion, Virginia, observaram um objeto que decolava de um bosque na
colina. Seus relatórios indicam que foram encontradas marcas no solo.
As observações da Virginia - uma série crescente de boatos e incidentes
fortemente correlacionados com muitos detalhas estranhos à experiência das
testemunhas — contêm todas as características do problema. Apresentam-
nos, também, um resumo do problema, o qual foi observado em grande
escala alguns meses mais tarde.
A EXPLOSÃO

A súbita acumulação compacta de relatórios observados depois de 31 de


julho de 1965 nos Estados Unidos e Europa é extremamente difícil de
registrar. Os relatórios de observações que enchiam as páginas dos teletipos
em Wright Field eram frequentemente completos e bem documentados.
Algumas bases da força aérea encaminhavam grupos de relatórios ao invés
de formulários individuais para poupar tempo, devido ao grande número de
UFOs rastreados pelo seu pessoal. Essas observações extraordinárias —
muitas das quais foram classificadas como “não identificadas” - davam a
impressão de uma frente avançando do Texas ao Colorado e Kansas e
depois para os estados mais ao norte, em questão de poucas horas.
Durante a noite do dia 1 para 2 de agosto, por exemplo, repartições
governamentais de algumas partes do Texas, Novo México, Oklahoma e
Kansas foram inundadas por relatórios de objetos voadores não
identificados. Segundo um funcionário do Condado Sedgwick, em Wichita,
Kansas, a estação meteorológica registrou diversos deles a uma altura de 6 a
9 mil pés. O patrulheiro da Rodovia Oklahoma disse que a Base da Força
Aérea Tinker registrara na tela de radar até quatro dos objetos, de uma só
vez. Sua altura fora estimada por volta de 22 mil pés. Choviam relatórios de
Pecos, Monahans, Odessa, Midland, Fort Worth, Canyon City e Dalhart,
Texas; Chickasha, Shawnee, Cushing, Buymon e Chandler, Oklahoma; e
Oxford, Belle Plaine, Winfield, Caldwell, Mulvane e Wichita, Kansas.
Oficiais da polícia em Oklahoma observaram objetos voando em
formação de losango na área de Shawnee, As testemunhas que estavam em
3 carros de patrulha diferentes, viram os objetos por 30 minutos e
afirmaram que eles mudaram de cor, do vermelho para o branco e para um
azul esverdeado.
Um pouco depois da meia-noite, no dia 2 de agosto, Bob Campbell,
fotógrafo de reportagem da estação KXWI-TV em Sherman, Texas, que
acompanhava a conversa de policiais em seu rádio de ondas curtas ouviu os
patrulheiros das Rodovias Oklahoma e Texas discutindo a respeito de
relatórios de um objeto voador não identificado, localizado em radar em
Oklahoma, que dirigia-se em direção à fronteira do Texas. Em seguida,
ouviu que o objeto tinha sido visto por um policial ao sul de Durant. Foi
descrito como uma luz brilhante de coloração azul e branca. Campbell
pegou sua máquina fotográfica Speed Graphic 4x5 e foi até a cidade para
encontrar-se com o chefe de polícia Peter McCollum. Os dois homens
sairam em busca do objeto, encontrando-o suspenso no ar, 13 milhas a leste
de Sherman e uma milha a leste de Bells, na Rodovia 82. Suas extremidades
eram bem definidas e foi visto a uma altura de 45° a noroeste. Campbell
arrumou sua câmara e tirou 4 fotos de aproximadamente 2 minutos cada,
com 3 minutos de intervalo.
O negativo das fotografias foi examinado por consultores científicos da
força aérea e por peritos em fotografias astronômicas e revelou rasto de
estrelas embora um tanto indistinto. A partir desses rastos foi determinado
que o movimento vertical de pequena amplitude notado na parte interna do
imenso objeto luminoso era real e, que o diâmetro aparente do mesmo era
de 2 graus ou seja 4 vezes o diâmetro aparente da lua cheia. A agudeza das
extremidades da área luminosa e a intensidade da luz foram mais tarde
calculadas a partir de diversos testes fotográficos fornecidos por Campbell.
Eram fotografias do céu à noite, de Vénus e de uma luz de rua a uma
distância conhecida. Foram tiradas poucos dias depois da observação UFO,
com a mesma câmara e o mesmo tipo de filme. Apesar da grande
quantidade de material técnico, assim reunido o objeto de Sherman continua
não identificado.
Numa declaração embaraçosa, a força aérea tentou explicar a súbita
explosão de observações como ilusões atmosféricas. Sugeriu-se ter havido
uma inversão de temperatura na região durante as noites em questão e, que
tal condição teria produzido fortes efeitos de cintilação. Mas as 4 estrelas
arroladas pelo porta-voz da força aérea como as mais prováveis fontes de
identificação errônea, estavam abaixo da linha do horizonte, quando da
observação em Oklahoma. Além do mais, a explicação não levou em conta
os ângulos de movimento e características locais dos vários fenômenos,
demonstrados pelos grupos independentes de observadores, que permitiam
triangulação.
A conclusão da força aérea faz lembrar um outro veredicto publicado
anteriormente pelo Projeto Blue Book, que merece ser citado. Em 27 de
maio de 1965, um civil que morava em Economy, Pensilvânia, observou
durante quase 2 minutos, às 2.1:40 horas, um imenso objeto no céu. Parecia
ser composto por duas grandes esferas, uma em cada extremidade, com
mais 3 ou 4 esferas menores no meio. Pôde-se ver, claramente, o objeto
girando ou rodando, da esquerda para a direita. Foi, também, descrito como
inclinado a um ângulo de 15 graus, permitindo uma visão tridimensional. A
conclusão da força aérea foi:

Aeronave. Observação característica de aeronave. Nenhuma tentativa de identificação


precisa. Considerado como possível observação de aeronave. Nenhum dado foi apresentado
indicando que o objeto possa NÃO ser aeronave.

A ONDA QUE NÃO TEM MAIS FIM

O fenômeno continua a propagar-se pelo país e ao redor do mundo por


um lado, com relatórios de observações perturbadoras e algumas vezes
chocantes, por outro lado com “explicações” totalmente inacreditáveis
propostas pelos departamentos oficiais. Chegaram relatórios da Austrália
(onde houve um espantoso aumento no número de relatórios logo no
começo de junho), da França (onde nos primeiros dias de junho surgiu o
relatório de aterrissagem, melhor documentado desde 1954), da América do
Sul (onde montanhas e planícies — cobertas de neve - contribuíram com a
maior quota de observações desmentindo assim, a teoria de que observações
UFO sempre ocorreram no verão, a “época de estagnação”. A maioria deles
continham informações extremamente valiosas, porque a qualidade dos
observadores melhorava consideravelmente; enquanto que os relatórios de
1950 e 1952, geralmente vinham de fazendeiros e soldados das forças
armadas que não tinham tido as melhores condições de observação; as
observações de 1965, num espantoso número de casos, vinham de cientistas
e observadores treinados tecnicamente, de policiais equipados com rádios
bidirecionais ou de engenheiros. Quando os “esclarecedores” não mudavam
seus procedimentos antiquados e continuavam a tratar com desdém o
desprezível fenômeno, que permanecia não identificado, seus métodos
começaram a mostrar sinais definitivos de obsoletismo. Corria um boato
nos círculos científicos de que talvez a opinião pública nesse e nos demais
países tinha sido enganada no que diz respeito às verdadeiras proporções e
natureza dos fenômenos relatados. Esses boatos repercutiram em muitos
editoriais e um fluxo constante de observações continuou a manifestar-se.
Em setembro e outubro de 1965 New Hampshire foi o cenário de uma
sucessão de incidentes que foram cuidadosamente investigados e
documentados por John Fuller, numa série de artigos para Saturday Review
(“Trade Winds”, 2 de outubro de 1965 e 16 de abril de 1966) e na revista
Look (22 de fevereiro de 1966) como também no livro de sua autoria
Incident at Exeter. Na edição de Saturday Review, de 16 de abril de 1966,
Fuller escreveu:

O caso de Exeter é um ótimo exemplo. O incidente ali. . . aconteceu no dia 3 de setembro


de 1965, por volta das 2:00 horas da manhã (foi testemunhado primeiramente por um recruta da
Marinha, Norman Muscarello, que jogou-se ao chão a fim de evitar que o objeto o atingisse) e
mais tarde, aproximadamente, às 3:00 horas da manhã pelos oficiais Bertrand e Hunt. O objeto
(aparentemente 100 pés de diâmetro, brilhava com luzes trêmulas, o silêncio era total) passou a
alta velocidade, tão perto do oficial Bertrand que ele caiu no chão e puxou o revólver.
O relatório oficial ao Projeto Blue Book, do Diretor do Serviço Administrativo da Base
Pease da Força Aérea, em Portsmouth, New Hampshire concluiu com o seguinte parágrafo:
“Dessa vez foi impossível determinar a causa provável dessa observação. Os três
observadores parecem ser pessoas estáveis e dignas de confiança, especialmente os dois
soldados. Examinei a área e não consegui descobrir nada que pudesse ter sido a causa provável
do incidente”.

O porta-voz do Pentágono permitiu a publicação de sua “explicação”


em 27 de outubro. Segundo a “Gazette” de Haverhill, Massachusetts:

O porta-voz disse que os diversos relatórios originados de “múltiplos objetos na área”, para
eles significa um exercício a grande altitude do Comando Aéreo Estratégico saindo de Westover,
Massachusetts. Um segundo fato importante é o que denomina-se “inversão climática”. O porta-
voz do Pentágono disse que esse fenômeno natural, causa “oscilação e cintilação de estrelas e
planetas”. O porta-voz disse: “Acreditamos que o que as pessoas viram naquela noite eram
estrelas e planetas em formações incomuns”.

Precisamos, aqui, fazer uma pausa. Citar mais relatórios não iria
acrescentar coisa alguma. As fronteiras do inacreditável foram penetradas,
tanto por relatórios descrevendo experiências e fenômenos que parecem
sem precedentes na história científica, como também, por explicações que
se levadas a sério exigiriam uma completa destruição dos conceitos
científicos em vigor.
Nenhuma pessoa pode aceitar de imediato os fenômenos testemunhados
durante os últimos 20 anos como “visitas” do espaço exterior; mas também,
não pode uma inversão de temperatura, tal como a que pode ter ocorrido em
setembro sobre New Hampshire fazer com que estrelas e planetas assumam
aquilo que o porta-voz do Pentágono, desprezando corajosamente 40
séculos de conhecimento científico, ousa chamar de “formações incomuns”!
Mas não devemos perder a paciência. Como cientistas temos uma
responsabilidade que de longe ofusca, e muito, aquela dos porta-vozes
oficiais e, precisamos compreender que as observações examinadas nesses
dois capítulos não têm valor em si; elas são importantes e merecem ser
estudadas porque cada uma delas elucida o fenômeno manifestado em todos
os países do mundo desde maio de 1946, desafiando os cientistas com uma
série de problemas que têm recebido apenas soluções parciais.
Muitos relatórios, na verdade um número bastante grande, são
obviamente o resultado de erros simples por parte de testemunhas
inexperientes ou interpretações errôneas de combinações incomuns de
circunstâncias envolvendo objetos convencionais. Entre os fenômenos aqui
revisados, entretanto, não são poucos os casos onde causas naturais comuns
devem ser rejeitadas da lista de possíveis explicações.
Será que isto constituiria prova de que o fenômeno está sob controle
inteligente e, possivelmente, de origem extraterrena? Certamente que não.
Mas pode essa hipótese ser completamente rejeitada?
Poderia ser rejeitada se e somente se baseando-se numa análise global
de observações bem documentadas alguém provasse que o fenômeno apesar
de seu aspecto extraordinário fosse apenas a combinação de efeitos
conhecidos.
Portanto, é essencial para o cientista que vier a se envolver na tarefa de
explicar o fenômeno UFO, familiarizar-se com as fases típicas do
mecanismo UFO (consideradas no capítulo um) e com o desenvolvimento
atual dos aspectos físicos e sociológicos, apresentados nesse capítulo. Com
esse “background” podemos dispensar os detalhes secundários dos
relatórios individuais e os esforços patéticos dos “esclarecedores” oficiais e
ir direto ao problema real; como constituir métodos de investigação
científica aplicáveis ao fenômeno.
Capítulo Três - HÁ UMA ABORDAGEM CIENTIFICA?

HISTÓRIA DA CONTROVÉRSIA

As designações “disco voador”, “objeto voador não identificado”,


“objeto misterioso no céu”, “objeto aéreo não convencional”, etc, usadas
para rotular o fenômeno são-lamentáveis, porque todas contém em si a ideia
de que há um objeto material na fonte das observações manifestadas. Essa
ideia foi introduzida e propagada pela imprensa muito antes que os
cientistas tivessem a chance de avaliar a evidência, examinar os fatos e
estabelecer um sistema coerente de investigação. Isso contribuiu muito para
desviar a atenção dos pesquisadores a respeito de um assunto cuja própria
terminologia parecia colocá-lo mais no campo da sociologia ou, até mesmo,
da psicologia, do que da astronomia ou física.
O estágio inicial em que o fenômeno poderia ter sido matéria de
investigações sistemáticas, em larga escala, passou rapidamente. A
excitação do público, o frenesi da imprensa e a confusão ou favor das
autoridades governamentais, sejam elas políticas ou militares estavam
ligadas a toda tentativa de interpretação das observações. Um jornalista ou
pesquisador que tomasse qualquer posição, era no mínimo coberto por
protestos, discussões e recusas por parte de grupos que não tinham nenhuma
ligação com os interesses da ciência e os propósitos das investigações
científicas.
As explicações oficiais tornaram-se cada vez mais vagas. Em pouco
tempo os pesquisadores podiam exprimir seus pensamentos somente em
particular, enquanto que ao mesmo tempo expunham-se a todos os riscos de
interpretações jornalísticas e renunciavam à serenidade tão necessária para
manter seus estudos de modo objetivo.
Toda pesquisa séria fora das áreas definidas em locais de elevada
altitude era proibida. Como resultado o problema ainda não foi submetido a
nenhuma investigação que merecesse o nome e o poderoso mecanismo da
ciência moderna ainda não foi de modo algum aplicado a um fenômeno,
cujas manifestações são escrupulosamente registradas por um departamento
militar do governo dos Estados Unidos, que o vê unicamente como uma
ameaça em potencial à segurança.
AS DIVERSAS TENDÊNCIAS

A apresentação do fenômeno quanto à opinião e limitação de pesquisas


sérias dentro da estrutura oficial provocou uma separação nos círculos
científicos. Em discussões particulares surgiram duas tendências, ambas
baseadas em restrições mentais subjetivas cujo fundamento é discutível.
O primeiro desses grupos, inconscientemente irritado pela ideia de que
alguém que não fosse de vida terrena pudesse estar pretendendo colonizar o
espaço, sugere a influência das comunicações das massas sobre conceitos
sociais modernos, o controle da “media” por homens não conhecedores da
ciência, a maleabilidade e inconstância do público e, finalmente, o apetite
do homem moderno pelo fantástico, alimentado pela literatura e cinema,
como os fatores que obstruem as tentativas para localizar a fonte do boato.
Eles tendem a atribuir o fenômeno inteiramente a alucinações, embustes ou
interpretações errôneas de forças naturais.
Tomando como seu ponto de partida indicações da física planetária,
obtidas nos limites extremos dos meios atuais de observação e fazendo
extrapolações perigosas, esse grupo sustenta a teoria de que a vida evoluída
nos planetas e principalmente em Marte, é impossível. Partindo até mesmo
de bases menores plausíveis, eles declaram “irracional” as viagens
interestelares. Finalmente, denunciam como “contrário à ciência” a
atribuição dos movimentos observados a um objeto material em conexão
com o fenômeno UFO, apesar do fato de que nenhuma, teoria satisfatória de
gravidade tenha sido ainda sugerida e, também, apesar de que certas
contradições fundamentais entre as principais teorias físicas em vigor não
tenham sido ainda resolvidas.
O segundo grupo, bem menor em número, enfatiza, e com bastante
razão, a fragilidade da ideia de que a vida é limitada ao nosso planeta - uma
ideia que do ponto de vista psicológico lembra-nos a Idade Média, quando
teorias cosmológicas colocaram a terra no centro do universo. A ciência,
geralmente, refuta ideias tão limitadas e antropocêntricas.
Infelizmente, as pessoas que pertencem a esse grupo, baseando-se
exclusivamente nisto, são geralmente induzidas a acreditar que um objeto
seja a fonte do fenômeno UFO e continuam a adivinhar as complexidades
do problema sem primeiro incluir em seu trabalho as precauções necessárias
para uma investigação realmente objetiva.
A grande maioria das pessoas cientificamente orientadas, cuja
curiosidade tenha sido sistematicamente desencorajada, guardam, em
grande parte para si, seus julgamentos, declarando não existirem bases
sólidas para qualquer tipo de pesquisa válida.
A situação é bastante diferente fora do domínio severo da ciência
oficial. As emoções presentes em qualquer expansão de nossa visão do
mundo na direção do fantástico - e principalmente a possibilidade de uma
solução extra-terrena ao problema que estamos estudando — favoreceram o
desenvolvimento de diversos grupos e organizações. Essas organizações
têm sua quota de aventureiros, mágicos e profetas, bem como um grande
número de pessoas fascinadas pelo aspecto “mágico” da ciência moderna,
agarradas a imagens apresentadas pelos jornais e revistas, aonde, com um
certo caráter pitoresco, a aspiração profunda do homem em direção a novos
horizontes espirituais encontra expressão.

CLASSIFICAÇÃO DAS OBSERVAÇÕES

O trabalho apresentado aqui baseia-se na ideia de que as duas


tendências opostas, cujos pontos de vista citamos, vêm prejudicando a
natureza verdadeira do fenômeno — uma por negar a realidade material de
um objeto na origem e a outra por afirmá-la.
Os relatórios têm recebido interpretações essencialmente subjetivas, não
científicas e totalmente contraditórias, de tal modo que inúmeros casos
considerados como certos por um grupo são completamente rejeitados pelo
outro. Com tamanha diversidade de opiniões no que diz respeito aos dados
básicos, os argumentos podem no fim das contas, ser verificados somente
através de um estudo sistemático e perseverante, necessariamente extenso,
da topografia das manifestações, combinado com pesquisas estatísticas
dentro de sua classificação no tempo. Devemos reconhecer a existência do
“fenômeno UFO”, mesmo se os UFOs não forem objetos reais; as
observações parecem fornecer leis definidas a respeito das manifestações
relatadas, condições das observações e características secundárias
produzidas. Qualquer que seja a natureza física de seus elementos
constituintes, os quais ainda precisam ser vistos, essa evidência constitui um
fenômeno para o qual métodos de investigação científica podem ser
aplicados.
A primeira questão a ser estabelecida é o método usado para classificar
as observações. Embora sejam relatadas de maneiras diferentes, podem ser
reduzidas a um número limitado de tipos bem definidos cujas características
sucedem-se repetidamente em todos os aspectos de nossa área de estudos,
isto é, todas as observações ocorridas ao redor do globo desde 1946 até o
presente.
Identificamos os tipos seguintes:
Tipo I — observação de um “objeto raro”, esférico, discóide ou de
forma mais complexa, sobre ou perto do solo (máximo: altura de uma
árvore). Essa imagem pode ou não ser associada a “rastos” - efeitos físicos
de ordem térmica, luminosa ou puramente mecânica.
Observações do Tipo I são encontradas em todos os países durante toda
a história do fenômeno. Um exemplo de observações Tipo I é dado através
do depoimento de um oficial da Província Senate, Buenos Aires, na
Argentina.
Esse homem dirigia ao longo de uma rodovia de Unusue a Bolivar, no dia 8
de agosto de 1958, quando o motor de seu carro parou de repente. O relógio
do painel marcava 1:27 da manhã. A testemunha saiu para verificar a causa
da avaria, mexeu no distribuidor e, então tentou dar partida no carro, mas
em vão. Foi aí que notou a uma distância de 300 a 400 metros, o que pensou
ser uma máquina avançando em sua direção, relativamente devagar.
Desligou os faróis e ficou observando o objeto, que era "achatado na parte
de trás” e emitia uma luz fraca fosforescente. Relatou ter ouvido um assobio
suave como o som de um ventilador. Esse som variava com as diferentes
evoluções que o objeto fazia. A "máquina” parecia ter um domo ou cabina
que emitia uma luz azulada ofuscante. Finalmente, a coisa ergueu-se com
uma velocidade irregular e partiu em direção ao sul. Ao voltar para o carro
a testemunha verificou que o motor pegara novamente.
Às 17:30, em 20 de maio de 1959, perto de Tres Lomas, na Província La
Pampa, Argentina, dois homens que estavam caçando viram a uma distância
de 150 metros o que parecia ser um objeto discóide parado no solo.
Descreveram-no como uma máquina cuja carroçaria parecia ser de alumínio
ou ter a superfície de metal prateado ou mesmo "um vidro brilhante que
tenha perdido seu lustro”. Sua altura foi estimada entre 2 e 2,50 metros.
Parecia ter uma cúpula de um metro de raio. Depois que o objeto partiu
verificaram que a grama ficara achatada.
Um estudo dos jornais franceses, outono de 1954, revelou inúmeras
observações desse tipo que não foram relatadas em livros ou periódicos
especializados. Por exemplo, no dia 5 de outubro, testemunhas que se
encontravam a 10 quilômetros de Beaumont, perto de Clermont-Ferrant,
França, descreveram uma “máquina” que perdera sua luminosidade ao
aproximar-se deles. Quando o objeto encontrava-se a 150 metros de
distância, sentiram “uma sensação estranha” e ficaram "como que presos no
lugar”. Sentiram, também, um cheiro “semelhante ao de nitrobenzeno”.
Essa aparição ocorreu às 15:45.
Às 23:00 horas do mesmo dia, o senhor e a senhora Guillemoteau, perto
de La Rochelle, viram uma máquina, de 2 a 3 metros de altura e 5 metros de
diâmetro, que elevou-se verticalmente depois de ter ficado suspensa no ar
durante alguns minutos a uma altura de um metro. Afirmam terem
encontrado marcas de óleo na grama.
Observações desse tipo algumas vezes assumem uma forma mais
dramática, provocando violenta reação nervosa nas testemunhas. Em 16 de
outubro de 1954, em Thin-le-Moutier, França, um objeto aterrissou a 30
metros de uma mulher, a testemunha desmaiou. Conta-se que
posteriormente adquiriu uma doença de pele por ter ficado exposta ao
objeto. Tais observações são, tambem, relatadas em conexão com as
observações americanas de 1957 e 1964/65.
Relatamos aqui esses depoimentos simplesmente para ilustrar o que
pode-se encontrar na imprensa e arquivos oficiais; no momento não
expressaremos nenhuma opinião importante a respeito dessas declarações,
da sinceridade daqueles que as relataram ou da fidedignidade do fenômeno
descrito.
Tipo II: observação de um “objeto raro”, de formação cilíndrica vertical,
no céu. Esse fenômeno recebeu vários nomes como “nuvem charuto” e
“nuvem esfera”.
Dentro da estrutura do tipo II geralmente distinguimos duas categorias,
II-A e II-B. A primeira inclui relatórios de objetos que correspondem à
descrição acima, movimentando-se de maneira irregular através do céu. O
segundo grupo reúne documentos de natureza semelhante nos quais o objeto
fica parado e dá origem a fenômenos secundários.
Os casos a seguir são observações do tipo II-A. Em Pouilly, perto de
Dole, França, às 18:00 horas do dia 18 ou 19 de julho de 1952, moradores
de Pouily e Venarey viram “um objeto comprido, não tinha asas nem
protuberâncias, emitia uma luz forte que piscava a intervalos regulares, e
dava origem a uma fumaça branca muito espessa, que dispersava-se
rapidamente”. As testemunhas descreveram esse objeto como tendo 30
metros de comprimento, na posição vertical e acompanhado por um ruído
surdo e contínuo bastante alto.
Em 27 de novembro de 1954 entre 4:15 e 4:30 da tarde na Praça
Vermelha, em Moscou, testemunhas viram “uma máquina de forma
cilíndrica”, movendo-se em direção a noroeste, a uma altitude de 200 a 300
metros. As testemunhas relataram que a coisa elevara-se a uma velocidade
semelhante a um jato, tomando uma posição vertical.
Exemplos de observações do tipo II-B são fornecidas por “nuvens
charutos”, cuidadosamente documentadas por Michel. Todas essas
observações foram verificadas por nós perante as fontes originais. Um dos
relatórios mais completos é o de uma observação ocorrida ao sul de Paris, lá
pelas 20:00 horas, em 22 de setembro de 1954. O senhor Rabot, açougueiro
em Ponthierry, dirigia ao longo da rodovia N.7 quando de repente avistou
um objeto vermelho, de forma circular com uma espécie de fumaça
luminosa que saía dele. O objeto parecia estar a uma altura considerável,
movia-se vagarosamente e majestosamente em todas as direções. Rabot
ficou ali observando-o durante vários minutos, depois entrou no carro e
voltou para Ponthierry, mantendo o objeto à vista. Em Ponthierry
comunicou à autoridade local, que também vira a coisa desaparecer a
grande velocidade por entre as nuvens. Na mesma hora, a senhora
Gamundi, de Paris, que voltava de Fontainebleu pela rodovia N. 7, também
viu o fenômeno e parou o carro para observá-lo. Ela descreveu-o como um
charuto cercado por nuvens, de cor vermelha, parado na posição vertical,
acrescentou que o objeto soltou mais de meia dúzia de objetos menores, em
forma de disco, que saíam um atrás do outro da parte inferior do “charuto” e
desapareceram rapidamente. O objeto, finalmente partiu quando um avião
comercial cruzou o céu.
Tipo III - a observação de um “objeto raro” de forma elíptica, discoide
ou esférica parado no céu. Aparições tipo III - A .são aquelas em que a
imobilidade do objeto ocorre entre 2 períodos de movimento e está
associada a descida irregular do objeto nas proximidades do solo
(movimento de “folha-morta”).
A observação ocorrida em Ales, França, às 11:45 da manhã em 9 de
outubro de 1954 deve ser classificada dentro do Tipo III. Várias
testemunhas, entre elas o senhor Taurelle, que trabalha no Riche Hotel,
viram um objeto que girava ficar suspenso no céu; logo começou a mover-
se de novo, aumentando rapidamente a velocidade até perder-se de vista. A
observação em Yaounde, República dos Camarões, a 26 de outubro de
1954, testemunhada por inúmeras pessoas que moravam naquela cidade,
inclusive o diretor do hospital, pertence também a essa categoria. Um
cachorro chamou a atenção das testemunhas ao rosnar para um “enorme
disco de iluminação brilhante”, parado a baixa altitude no céu. Esse
“objeto” tinha o formato de um cogumelo e carregava na parte inferior um
cilindro que balançava no ar.
O relatório feito por Nicetta Edmond e diversas outras pessoas de uma
observação em Anduze, França, no dia 2 de outubro de 1954, é um exemplo
da observação do Tipo III - A. Segundo as testemunhas “uma volumosa
massa circular que parecia estar em rotação e exibia alternadamente luzes
vermelhas e azuis” pairava no céu; posteriormente desceu com um
movimento oscilante.
Algumas observações são difíceis de se classificar dentro do Tipo III -
A, principalmente aquelas que se referem à observação de um “objeto”
imóvel, que começa a descer, para novamente, elevando-se depois e assim
por diante. Tais fenômenos são relatados com frequência e deveriam ser
examinados à luz de uma classificação mais completa. Leitores interessados
em desenvolver uma “história natural” do fenômeno em bases formais
encontrarão nosso extenso sistema de classificação no Apêndice IV.
Entretanto, a presente apresentação informal é suficiente aos propósitos de
nossas considerações aqui.
Um exemplo de um caso de difícil classificação é o depoimento da
testemunha ocular, senhor Gauci, datado de 23 de novembro de 1952. A
observação aconteceu em Belle-Ile, França, na rodovia Locqmaria, num
lugar chamado “La Butte”. A testemunha descreveu uma “bola luminosa”,
com o diâmetro aparente muito grande (diversas vezes o tamanho da lua
cheia) que parecia às vezes tornar-se achatada, e perder sua cor alaranjada
para ficar meio esbranquiçada. Desceu gradualmente indo para a direita
depois de algum tempo, para então erguer-se novamente ao seu ponto de
partida original. Passou por essa sequência 4 ou 5 vezes e depois
desapareceu a sudoeste.
Tipo IV - observação de um “objeto raro” movendo-se continuamente pelo
ar, não obstante sua aceleração, variação de cores ou rotação.
As observações do tipo IV são obviamente motivo de maior cautela, já
que podem envolver confusões no que diz respeito aos aspectos físicos do
fenômeno entre os quais estão os efeitos invocados para “explicar” as
manifestações relatadas: causas não-material, tais como, bolas de fogo,
reflexos, miragens, distorções de corpos astronômicos por fenômenos
atmosféricos; e causas materiais; tais como, meteoros, aparelhos voadores
construídos pelo homem, balões meteorológicos, pássaros, fragmentos de
rocha carregadas pelo vento, e nuvens; esse último grupo atualmente inclui,
também, satélites artificiais da terra.
Opiniões várias foram manifestadas sobre esse assunto. H. Haffner, por
exemplo, atribui os “discos voadores” a descarga de eletricidade
atmosférica enquanto que na França o Professor E. Schatzman declarou que
diversos tipos de alucinações e ilusões óticas podem ser a origem dos
relatos. Nos Estados Unidos, o Professor D. Menzel tem se dedicado ao
estudo do mecanismo de condições naturais que podem responder por
relatórios falsos e ecos irregulares de radar.
Esses estudos são extremamente valiosos porque fazem com que seja
possível atribuir um número considerável de observações a condições
convencionais conhecidas. Todavia, acreditamos que legitima a reconsiderar
o problema em sua totalidade sem visar a priori incorporá-lo a condições
convencionais.
As estatísticas que reúnem casos do tipo IV serão prejudicadas por erros
dessa natureza mas para as observações pertencentes aos primeiros três
tipos, principalmente aquelas classificadas como tipos I, II-B e III-A, as
únicas interpretações possíveis (além de uma causa objetiva ainda
desconhecida) são alucinações e embustes.
O método que propomos a empregar fornece-nos critérios para estimar
os prováveis erros nos diferentes tipos de observações por levá-los em
consideração enquanto examina o fenômeno como um todo.

UM PROCEDIMENTO SISTEMÁTICO

O fenômeno UFO tem sido motivo de estudo analítico preliminar em


diversos países. Esse estudo tem sido conduzido tanto por cientistas
profissionais atuando em âmbito individual sem ajuda das comissões
investigadoras oficiais como por vários grupos amadores.
Esses cientistas sugeriram que ao invés de analisarmos separadamente
cada parte da evidência, deveríamos estudar as manifestações como um
todo para determinar se há uma luz geral no que diz respeito à topografia
das observações. A pesquisa nessa direção feita por Michel, que foi o
primeiro a aplicar métodos analíticos ao fenômeno UFO tem sido muito
difundida. Michel publicou suas conclusões depois de um estudo longo e
cuidadoso da “onda” francesa do outono de 1954. Essas conclusões podem
ser resumidas como segue, em relação ao sistema de classificação
apresentado acima:

1. Os pontos em questão são distribuídos ao longo de linhas retas qualquer


que seja o tipo de observação a que estejam associados.
2. Quando as observações de qualquer dia determinado incluam uma ou
mais manifestações do tipo II, as figuras geométricas associadas à
distribuição dos alinhamentos das redes de formato estelar, têm um ou
diversos pontos de convergência.
3. Quando o ponto de intersecção de 2 alinhamentos é ele próprio um ponto
de observação o fenômeno observado nesse ponto é geralmente do tipo III-
A.
4. Nenhuma classificação seletiva dos diversos tipos de observações ou da
cronologia das manifestações ao longo de uma linha determinada é
observada; isso parece excluir a possibilidade de que os alinhamentos
resultem de uma série de relatos de testemunhas em conformidade com a
linha de movimento de um único objeto.

Esses pontos podem ser comprovados através de uma análise intensa e


honesta dos documentos compilados. Eles usam somente informações na
localização das aparições, o que, como vimos, é o aspecto mais acessível e
objetivo.
Portanto, o primeiro propósito do presente trabalho seria fazer um
exame crítico dessas conclusões, isto é, um estudo da distribuição das
observações ao longo dos alinhamentos e a organização das linhas em redes
de forma estelar. Se as linhas podem ou não ser inteiramente atribuídas ao
caso, pode então ser discutido em termos matemáticos.

UMA IDEIA EXTRAORDINÁRIA

Se as conclusões de Michel forem falsas - se a forma dos alinhamentos


for pura ilusão — as observações devem ser explicadas individualmente.
Se, entretanto, forem corretas, proporcionam um ponto de partida valioso
para o estudo de um fenômeno que pode ser crítico, não apenas para um
ramo da ciência, mas para a visão de todo o mundo e nos permitirá julgar o
depoimento das testemunhas contra um critério sólido.
Entre os alinhamentos que Michel traçou há um em particular que
chama a atenção à primeira vista. Tomá-lo-emos como exemplo.
Somente no dia 24 de setembro de 1954, a imprensa francesa revelou as
seguintes observações, aqui relacionadas com suas classificações:
Lantefontaine, Tipo IV; Le Puy, Tipo IV; Langeac, Tipo IV; Tulle, Tipo IV;
Ussel, Tipo I; Gelles, Tipo IV; Vichy, Tipo IV; Lencouacq, Tipo I; Bayonne,
Tipo III.
Pelo menos metade desses relatos testemunhados seriam rejeitados
dentro dos limites do critério oficial comum. As observações do Tipo IV em
particular poderiam ser julgadas como insuficientemente documentadas.
Além do mais, os fenômenos relatados em Tulle e Lencouacq foram vistos
apenas por uma testemunha. A observação de Gelles foi de “uma máquina
luminosa, com formato de charuto que atravessou o céu a alta velocidade e
sem produzir som algum”. Devemos excluí-la imediatamente como sendo
um meteoro?
Está claro que o problema consiste no método. Rejeitar uma medida
feita em um fenômeno físico conhecido e reproduzível é certamente
permissível quando uma nova medida pode melhorar a precisão, mas
rejeitar uma parte de um depoimento relacionado a um fenômeno
desconhecido despoja-nos de uma certa quantidade de informação sobre o
fenômeno e significa que a quantidade perdida é insignificante. Mas como
podemos afirmar que seja realmente insignificante, se, contudo, o fenômeno
é desconhecido?
O que Michel faz é o seguinte. Ele traça uma linha reta de Bayonne até
Vichy (veja figura 12). Essa linha passa por Lencouacq, Tulle, Ussel e
Gelles; dos 9 grupos de observações 6 estão ao longo de uma mesma e
única linha reta. Traçando uma linha reta de Le Puy a Tulle, vemos que
passa por Langeacq. Nenhum fenômeno comum (a soltura de um balão,
aeronave voadora, etc.) será levado em conta nesse sistema. Para
convencermo-nos disso, basta olharmos as horas. As observações de
Bayonne e Vechy datam de algum período à tarde. A aparição de Lencouaq
ocorreu quatro horas mais tarde. A observação de Gelles foi no começo da
noite. A de Ussel aconteceu ainda mais tarde e o caso de Tulle às 23:00
horas. Além do mais, a observação de Bayonne envolve 3 objetos, enquanto
que os outros relatórios falam de um único fenômeno.
O problema apresentado de imediato é a estimativa da probabilidade de
tal distribuição ocorrer por acaso.

CONSIDERAÇÕES SOBRE PROBABILIDADES

De alguns anos para cá, a hipótese de Michel tem sido largamente


comentada e aplicada aos relatórios UFOs em todo o mundo. O. Fontes, C.
Vogt e A. Ribera (veja figura 13) publicaram mapas mostrando “redes”
surpreendentemente semelhantes às descobertas por Michel para os
relatórios vindos do Brasil, Argentina e Espanha, respectivamente. Em
1961, um dos autores desse livro notou relações semelhantes entre pontos
de observação na África do Norte enquanto conduzia uma pesquisa para
sistematização de padrões nas observações da África. O número de pontos
nas linhas parece excluir a possibilidade de que a rede surgiu por mero
acaso. Numa carta para o editor de Flying Saucer Review, em maio de
1962, Dr. M. Davis ressaltou:

Uma questão óbvia que deve ter ocorrido a muitos leitores seria: Quão provável seria que
“alinhamentos” similares àqueles observados, pudessem ser encontrados a partir de uma série de
observações totalmente aleatórias?

Para responder a essa questão, Davis propôs uma série de fórmulas que
representavam o número de linhas de 3 ou 4 pontos para supor-se ao mero
acaso, com a finalidade de determinar o número total de pontos usados no
estudo e a exatidão de sua localização no mapa. Quando aplicadas as redes
aqui em discussão, entretanto, essas fórmulas na verdade confirmavam a
ideia de que a rede não poderia ter sido produzida unicamente ao acaso.
A impressão de que as redes eram genuínas continuou a crescer durante
anos. Na sua. avaliação de "ortotenia” (nome dado por Michel ao fenômeno
de linha reta), C. Maney da NIC AP (Comissão Nacional de Investigação de
Fenômenos Aéreos) escreveu:

"O mapa número 7 de Michel, utilizando 31 observações, exclusivamente no dia 2 de


outubro de 1954. mostra uma multiplicidade de linhas, na verdade. 9 linhas ortotênicas cruzando
em Poncey, um pouco a noroeste do centro geográfico da França. E, novamente, Michel ressalta
que na noite de 2 de outubro um grande “charuto iluminado” foi observado na intersecção, em
Poncey. Parece ser uma interpretação plausível de tal alinhamento geométrico único, que um
programa bem organizado de exploração sobre as características da região da França estava
sendo realizado por inteligências extraterrenas”.

Recentemente, alinhamentos “ortotênicos” foram pesquisados a partir


de pontos de observações nas regiões ao sudoeste dos Estados Unidos,
dentro da estrutura da investigação conduzida pela APRO (Organização de
Pesquisas de Fenômenos Aéreos) na onda americana de 1964. Entrementes,
a realidade da “ortotenia” fora questionada em novas bases.
O primeiro desafio veio do catedrático D. Menzel que enviou vários
artigos, relacionados à teoria de Michel, a Flying Saucer Review Britânico
(Flying Saucer Review: 21 Cecil Court, Charing Cross Road, London, W.
C. 2, Great Britain).
O primeiro desses artigos apareceu na publicação de março/abril de
1964 sob o título de “Os Discos Voadores movimentam-se em linhas
retas?”.

De todos os exemplos dados pelos crédulos em relação aos fenômenos para provar que os
discos voadores realmente existem, um dos complexos mais intrigantes é a Ortotenia, a
ocorrência de observações de discos oriundas de lugares que caem sobre uma mesma linha reta.

O artigo ressalta as precauções preliminares que deveriam ser tomadas


num estudo estatístico dessa espécie. Menzel enfatiza principalmente a
dificuldade em lidar com material tal como casos UFO cujas datas e
localizações muitas vezes não são precisas. Baseando-se nessas
observações, ele desenvolveu uma série de fórmulas novas e aplicando-as
no caso das observações francesas discutidas por Michel, mostrou que
quase todas as linhas eram duvidosas, principalmente aquelas de 3 pontos.
Mesmo à luz dessa nova análise, entretanto, a linha de 6 pontos de
Bayonne-Vichy (frequentemente referida como “BAVIC”) permaneceu
inexplicável.
A eficácia dos ataques de Menzel sobre as hipótese de Michel foi de
algum modo reduzida pela natureza de suas conjecturas no que diz respeito
ao método de investigação usado por aqueles a favor da teoria da linha reta:

Vamos supor por exemplo, que apareça uma linha de 4 pontos cruzando um mapa. Ele
gostaria de ter algumas observações a mais para confirmar a realidade dessa linha. Seria fácil
escrever a alguns amigos, ao jornal local ou ao agente postal de várias dessas cidades, pedindo
informações sobre observações em uma determinada data. Com certeza, chegariam duas
respostas: a linha de quatro pontos indicaria 6 pontos. E o estatístico amador impressiona-se
com seus poderes proféticos e com a veracidade da linha

A superfluidade dessa crítica foi demonstrada em investigação feita por


nós mesmos quanto à importância dessas redes. Nesse estudo, começamos a
partir de bases completamentes diferentes. A primeira coisa que fizemos, na
tentativa de avaliar a teoria de Michel, foi verificar os relatórios originais
um por um. Essa investigação revelou que Michel tinha agido de boa fé e
que seu trabalho de documentação era surpreendente; foram descobertas
também várias confirmações de observações que ele usou em seu livro
como relatórios adicionais, que não eram de seu conhecimento naquela
época. Nossa segunda tarefa foi estimar os alinhamentos com precisão para
verificar se os pontos situavam-se realmente na linhas. Nossa última
investigação foi uma nova avaliação do papel desempenhado ao acaso na
geometria das redes. Os resultados descobertos são analisados no capítulo
quatro. Eles surpreenderam-nos mas ao mesmo tempo, demonstraram que
os ataques pessoais a Michel e a seus métodos eram injustificados e fora de
propósito, como o são todas reações emocionais na avaliação de um fato
científico.

A TEORIA DO GRANDE - CIRCULO

Estimativas estatísticas do tipo apresentado por Davis, Menzel e


Mebane e estimativas baseadas tão somente em fórmulas matemáticas não
podem fornecer uma prova verdadeira da existência ou da não existência de
alinhamentos significantes. Elas simplesmente chamam a atenção para o
fato de que atribuir a priori as observações ao caso é imprudente e não
científico porque o critério de estatística elementar que resolveria a questão
de uma vez por todas encontra séria resistência.
Esse fato aparece de maneira ainda mais distinta se fizermos
contraprovas, espalhando pontos ao acaso num mapa da França. Na mesma
época da publicação do livro de Michel, diversos cientistas conhecidos
expressaram a opinião de que se tais contraprovas fossem feitas mostrariam
claramente que pontos tomados ao acaso poderiam muito bem formar
alinhamentos. O fato de que essas contraprovas nunca foram na verdade
executadas leva-nos a pensar que o resultado foi considerado inevitável. A
única experiência desse tipo publicada antes de nosso trabalho, é de
Mebane, que aparece no Apêndice da edição americana do livro de Michel.
O resultado a que Mebane chegou,
bem como nossas tentativas anteriores para estudar o problema, confirma a
tenuidade em atribuir um alinhamento de 6 pontos ou mesmo 5 pontos ao
mero acaso.
A própria noção de alinhamento é vaga e inadequada. Michel ao
introduzi-la, ressaltou que como resultado de um grande número de relatos
de testemunhas oculares reunidos para a onda de 1954, a investigação
começou a partir de um cenário local, onde um alinhamento pudesse ser
mostrado por meio de um mapa. Às observações que envolviam o território
francês, foram acrescentados relatórios provenientes da Grã-Bretanha,
Itália, Espanha, Rússia, Polônia, etc. Desse modo a noção de alinhamento,
que é introduzida naturalmente na escala local, não tem mais significado
algum. O problema será estabelecer a curva da qual o alinhamento faça
parte. Encontrando essa curva poderemos examinar as possíveis conexões
entre os alinhamentos traçados sobre os países vizinhos e, talvez até mesmo
investigar numa escala planetária, se o fenômeno tem leis gerais acessíveis
aos nossos métodos de pesquisa.
Ao observarmos um alinhamento, se assinalarmos os pontos de
aparições (definidos por sua longitude e latitude, as quais precisam ser
exatamente conhecidas) num gráfico aparece uma curva bem clara. A
hipótese mais natural, então, é a que Michel propôs baseando-se em nossos
primeiros cálculos: teoriza que os alinhamentos são setores locais de
grandes circunferências geodésicas.
Embora a hipótese do grande círculo suja a hipótese mais simples a que
podemos chegar, visto que o grande círculo é a figura mais simples na
esfera, é óbvio que invalida os métodos anteriormente utilizados por
pesquisadores para representar alinhamentos com equipamentos simples.
Exige cálculos, embora elementares (porque são puramente geométricos)
bastante volumosos e exige um grupo de técnicas e dados nunca antes
considerados em relação ao problema UFO.
Em outras palavras, independente do interesse que uma teoria intrigante
como a “ortotenia” provoca, é a primeira aplicação organizada de um
método cientifico à análise de objetos voadores não identificados. A
hipótese de Michel proporciona uma passagem extraordinária de acesso a
um problema que até agora parecia condenado à irracionalidade.
Capítulo Quatro - EXTRAINDO DADOS

SIGA AS LINHAS

A controvérsia sobre as possibilidades que se espalhavam nas páginas


das publicações sérias devotadas ao problema UFO, logo mostrou
claramente que as formulações em vigor eram tão somente propostas
rudimentares ao assunto. A superfície sobre a qual as observações são
distribuídas pode ser de forma irregular e a exatidão de cada localização é
variável. Na maioria dos casos (com exceção daqueles do Tipo I) a
localização não pode ser obtida através de mensuração direta no solo.
Consequentemente, é necessário estabelecer um método mais amplo que
leve esses fatos em consideração. Acima de tudo é preciso ter em mente que
o problema não está em verificar a existência de um alinhamento ou alguns
alinhamentos específicos, mas sim encontrar um método geral aplicável ao
fenômeno de linha reta como foi exposto por Michel.
A fim de estipular os alicerces desse método geral (sendo conhecido um
certo número de pontos de observações para um dia determinado) propomos
determinar com precisão, através de cálculos numéricos, os parâmetros do
círculo máximo da terra que passa através desses pontos e essa curva de
modo que possa ser facilmente demarcada em um planisfério. Esse
problema de geometria esférica foi levantado de maneira pormenorizada,
por nós, no livro Recent Developments in Orthotenic Research. A aplicação
desse método permite-nos verificar que o círculo de fato representa as
observações, calcular o grau de precisão realmente obtido (calculando a
divergência de cada aparição a partir do meio do grande círculo) e verificar
a disposição dos alinhamentos em redes. Somente baseando-se nesses
resultados a questão do papel desempenhado pelo acaso nas redes pode ser
discutido de maneira proveitosa.
O período para o qual nossa atenção será dirigida é aquele em que os
alinhamentos foram produzidos: 24 de setembro a 15 de outubro de 1954.
Não é da alçada do presente trabalho investigar se outras linhas quaisquer
podem ser traçadas baseando-se em observações feitas antes ou depois
desse período; nosso propósito é desenvolver um, critério através do qual
possamos julgar se de fato existem ou não os alinhamentos declarados
como existentes.
Já mencionamos as aparições de 24 de setembro, com a linha Bayonne-
Vichy (Figura 12); outro alinhamento foi produzido para 26 de setembro e
dois para 27 de setembro, este último com 2 relatórios interessantes do
Tipo I (Foussignargues e Premanon) e um do Tipo II (Rixheim). Para 29 de
setembro há mais três alinhamentos, mas o período importante são as
primeiras semanas de outubro. Foi organizado em torno de três séries de
relatórios. Esses são documentos de 2 a 4 de outubro (“rede Poncey”), de 7
de setembro (“rede Montlevicq”) e de 11 de outubro. Um número
considerável de observações corresponde a cada uma dessas datas e parece
que esses pontos caem ao longo de alinhamentos que cruzam-se com
precisão formando “estrelas”. Depois de 11 de outubro o fenômeno começa
a decrescer na França, embora sejam observados alinhamentos para as
distribuições de 12, 14 e 15 de outubro. A verificação dessas redes é
essencial, mas primeiro precisamos ter maiores conhecimentos a respeito
das próprias observações e das informações que possam ser extraídas dos
relatórios.

SELEÇÃO DE RELATÓRIOS SIGNIFICANTES

A seleção de observações que possam produzir dados úteis a uma


análise do fenômeno é uma operação delicada: podemos esperar maiores
discussões sobre essa questão. Se tentarmos registrar em um mapa a
localização exata dos pontos de observação, imediatamente encontraremos
duas categorias de relatórios para os quais essa operação é difícil. Com o
primeiro grupo a dificuldade provém da natureza incompleta dos relatórios
recebidos. Com grande frequência, por exemplo, os jornais dão o local de
origem da testemunha, mas omitem o lugar aonde ocorreu a observação. No
segundo grupo, a testemunha ocular é situada satisfatoriamente no local da
observação, mas o fenômeno em si mesmo é vago. Muitas observações do
tipo IV e observações de outro tipo, feitas de aeronaves em voo,
frequentemente têm de ser excluídas dos estudos topográficos por esta
razão.
Assim descobrimos que as observações que produzem dados seguros
para fazer tais cálculos provêm dos Tipos I, II e III, geralmente fáceis de
localizar quando o observador encontrava-se no solo.
O fenômeno do Tipo IV, como já explicamos, dificulta a determinação
de um ponto exato por duas razões. Primeiro, porque isso ocorre a tal altura
que sua distanciada testemunha só pode ser determinada de maneira muito
superficial; segundo, porque um de seus aspectos característicos é o
movimento contínuo, desde seu aparecimento até seu desaparecimento,
assim as coordenadas de um ponto da trajetória não podem ser usadas
arbitrariamente.
Os fenômenos do Tipo I, II e III sempre têm uma certa extensão
espacial mas qualquer que seja a complexidade da trajetória, caracterizam-
se por uma espécie descontínua de comportamento e a descontinuidade
define as coordenadas de um ponto único. Para o fenômeno do Tipo I esse
ponto é o
local aonde o “objeto” foi descrito como “tendo estado parado no solo” ou o
lugar exato dos rastos se estes forem obtidos (como no caso de Socorro).
Para os fenômenos do Tipo II, que são geralmente visíveis sobre uma área
relativamente grande por causa do tamanho e brilho da imagem, o ponto
que usamos é definido pela soltura de “objetos secundários”, se esses forem
obtidos através dos relatórios. Para os fenômenos do Tipo III, o movimento
de pêndulo e a parada súbita são descontinuidades precisas e bem definidas
através das quais pode-se estabelecer as coordenadas.

O PRIMEIRO CATÁLOGO

Os inúmeros cálculos necessários para verificar as leis profetizadas por


Michel exigiam uma lista segura de observações que apresentassem
coordenadas, datas e tipos na medida do possível livres dos efeitos de
seleção. Infelizmente tal catálogo não existia na literatura UFO. Todos os
escritores sobre o assunto parecem ter suas próprias teorias a provar e cada
um focaliza a atenção em relatórios que dão uma ilustração conveniente de
suas ideias. Assim a maioria dos livros apresentam um quadro incompleto.
Existem algumas compilações e essas são, infelizmente, deficientes em
informações úteis. Todas as fontes devem ser seguidas e verificadas
cuidadosamente.
Consequentemente, fomos obrigados a usar a codificação das
observações espalhadas em diversas listas, frequentemente não editadas, e
planejar as coordenadas para o maior número de pontos úteis possíveis para
formar o primeiro catálogo sem nenhuma garantia séria, de precisão. Foi
necessário estabelecer um limite de extensão dessa lista e decidimos usar
somente 500 observações porque o trabalho de codificação e computação
coordenada é importante. Por outro lado, esses 500 casos (catalogados no
Apêndice III) são mais do que meramente uma amostra; do ponto de vista
de distribuição de hora, os casos de 1954 formam a parte principal do
catálogo, principalmente aqueles suficientemente bem definidos para serem
usados no cálculo das redes. Mas, a fim de preservar o aspecto geral do
fenômeno, incluímos as observações mais comumente citadas nos trabalhos
especializados nesse assunto e, até mesmo, um certo número de
observações antigas - por exemplo, a explosão de um corpo misterioso na
taiga siberiana, em 1908.
Procuramos apresentar uma série bastante completa de casos dos Tipos
I, II e III; tais casos são teoricamente os mais representativos do fenômeno.
Esses relatórios foram selecionados de um extenso material: coleções de
jornais diários, acessíveis através das agências de notícias em Paris;
arquivos pessoais de observações antigas compiladas por Raymond Veillith,
editor do vigoroso periódico Lumieres dans la nuit, Charles Garreau,
jornalista profissional com um periódico local vendido no leste da França, e
Roger Vervisch; compilações antigas de dados similares feitos pelo grupo
independente de investigações Ouranos, sob a direção de Marc Thirouin; o
catálogo extraordinário de Guy Quincy em aterrissagens, uma apresentação
clara e sistemática das observações; os arquivos de Michel, um
surpreendente volume de documentos e, claro, a excelente apresentação de
material feita por Michel em seus dois livros. Em aditamento usamos o
material publicado por Mebane, Keyhoe e E.J. Ruppelt, como também as
publicações lançadas pela APRO para os acontecimentos nos Estados
Unidos. Finalmente, incluímos material documentário obtido no decorrer de
nossas investigações, principalmente testemunho de oficiais, jamais cedidos
à imprensa.
No catálogo as observações são relacionadas de maneira cronológica,
numeradas sucessivamente e codificadas como descritas no livro de nossa
autoria How to Classify and Codify UFO Sightings. Esses dados são
perfurados em cartões IBM, seguindo o formato padrão, para subsequentes
manipulações de computador. Esse catálogo foi concluído em 1962. Desde
então, houve um grande progresso tanto na seleção dos casos
representativos UFO como na esquematização de códigos de computador
para pesquisas nessa área. Em 1963/64 foi desenvolvido um catálogo ainda
maior, contendo mais de 3.000 observações; a maioria dos estudos
discutidos posteriormente nesse livro foram baseados nessa nova lista.
Entretanto, nosso propósito aqui é somente ilustrar como surgiu a
necessidade de informações padronizadas no decorrer das discussões a
respeito da hipótese de Michel, para a qual voltamos agora.

AS REDES EXISTEM

Agora que estamos de posse de uma lista precisa de coordenadas das


observações do período estudado por Michel, podemos empreender uma
verificação sistemática de suas afirmações. Diversas pessoas tentaram,
muito antes de nós, conseguir esta verificação juntando os pontos com as
linhas retas traçadas sobre mapas detalhados. Esse caminho pode levar-nos
apenas a resultados vagos, confusos e incertos. O cálculo dos grandes
círculos, ao contrário, dá-nos uma tabela exata, permitindo que a posição
das linhas seja demarcada com precisão nos mapas. A distância média dos
locais de observações da linha mediana Bayonne-Vichy, por exemplo,
descobriu-se ser menos de 1 quilômetro, resultado este que nos encorajou a
calcular todas as outras linhas retas. Muitas delas, conforme verificado,
demonstraram semelhante precisão. Quando marcávamos grandes redes em
mapas locais, o fenômeno anunciado por Michel era confirmado de maneira
absoluta: as linhas cruzavam-se com um alto grau de precisão no centro das
redes de “forma estelar”.
A precisão desses cruzamentos foi o achado importante. No caso da
rede de 2 de outubro, descobrimos que o menor círculo que podíamos traçar
tocando todos os alinhamentos estava sem dúvida centralizado em Poncey e
tinha um raio de 600 metros, enquanto que o círculo contendo todos os
pontos de cruzamento das linhas tinha um raio de 4 quilômetros. Mas no
caso de Montlevicq, obtivemos um resultado decididamente inferior (1,4 e
5,0 quilômetros, respectivamente) e na terceira rede (11 de outubro) não nos
pareceu ter ocorrido o cruzamento das estrelas.
A essa altura tinhamos comprovado as afirmações de Michel, as linhas
retas - que tinham sido tratadas como indignas de atenção por vários
cientistas (Um cosmólogo francês disse a Michel: “Suas linhas retas não
existem, porque discos-voadores não existem!”) - apareceram em nossos
computadores com uma precisão incrívele nos dois casos de real
importância, também foram verificadas as redes em forma de estrela.
Apesar de todos os nossos esforços no sentido de descobrir mais fatos sobre
a disposição fundamental, estrutura interna profetizada pela teoria de
Michel, fracassamos em obter quaisquer resultados, embora praticamente
quase todas as aparições constantes do catálogo tivessem sido consideradas
atentamente e comparadas pelo computador a cada linha possível na rede.
Para achar a resposta deste mistério tivemos primeiro que dar uma outra boa
olhada na ideia global de “ortotenia” — e o papel que o acaso possa ter
desempenhado no projeto das redes.

EM DESAFIO A ORTOTENIA

Embora houvesse um campo de ação apropriado para melhor determinar


o local exato das observações, o material que tínhamos disponível
mostrávamos que os cálculos dos grandes círculos foram bem
fundamentados, pelo menos no que diz respeito à França. As observações
relatadas como estando ao longo dos arcos dos grandes círculos estavam
realmente alinhadas e os alinhamentos demarcados para formar redes de
fato intersectavam-se com satisfatória precisão, pelo menos no que se refere
às redes principais (2 e 7 de outubro). As observações de Michel são
consequentemente conetas.
Mas há muito mais. Logo que Michel tomou conhecimento do resultado
de nossos cálculos do círculo Bayonne-Vichy (BAVIC) no final de agosto
de 1961, ele notou um fato que sem dúvida alguma parecia digno de nota: a
linha cruzava a Espanha, Brasil e Argentina, três países aonde tinham
ocorrido importantes “ondas”. Ela passava sobre a Nova Zelândia cruzando
a área montanhosa perto de Wellington, onde tinham sido feito relatos em
um número bastante incomum, e dividia Nova Guiné ao meio, cruzando a
região do notável fenômeno ocorrido em 1959. Parecia, portanto, que
BAVIC não era tão somente um alinhamento incomum bem definido tendo
como base as observações francesas, mas estipulava também, um vinculo de
valor excepcional entre os períodos mais significantes da história UFO
(excluindo as ondas americanas). Essa conexão está ilustrada na Figura 14,
onde demarcamos BAVIC como uma linha mundial. Ela foi a base de uma
teoria generalizada apresentada por Michel como “ortotenia global”, a
hipótese de que existia uma disposição fundamental nas manifestações do
fenômeno UFO dentro de uma escala planetária. O conhecimento dessa
disposição poderia dar-nos uma compreensão considerável da natureza do
fenômeno em si. Um entendimento dessas leis ajudaria, talvez, a determinar
se a causa das observações era natural ou artificial e qual seria sua origem.
A ideia de uma estrutura de alinhamentos, entretanto, ao libertar-nos de
um emaranhado, tão somente arrastou-nos a outro. Pode parecer que temos
aqui uma chave de certa importância, mas será que isso é realmente
verdade? Que existência podemos atribuir a esses grandes círculos? A que
fato físico podemos vincular o alinhamento? O fenômeno aparece
exclusivamente nos grandes círculos? Será que tudo isso não acrescenta
maiores complicações numa situação já infestada de incertezas?
Devemos concluir, então, que a maioria dos alinhamentos
(principalmente aqueles de 3 pontos) ocorrem ao mero acaso, mas que
grandes círculos bem definidos como o BAVIC são realmente significantes?
Se tal for verdade, então a acumulação cada vez maior de informação
deveria revelar a eetrutura dos alinhamentos com maior precisão. Mas a
pesquisa feita com esse objetivo não foi encorajadora. Na França, as linhas
cruzam inúmeros pontos de observação para os quais insuficientes
pesquisas têm sido feitas; áreas com numerosas observações merecem um
exame minucioso antes que sejam adotadas coordenadas. Na América do
Sul e Nova Guiné, onde nossos correspondentes representaram
graficamente a projeção da BAVIC, através de cópias das tabelas do
computador, nenhuma das estruturas que eles descobriram parecia manter
uma orientação preferida ao longo do grande círculo de BAVIC. Testes
semelhantes de outros grandes círculos que atravessaram a Itália foram,
também, negativos. Ao tentarmos mostrar a existência de uma estrutura
interna, enquanto permanecíamos dispostos a aceitar como significante um
alinhamento no qual novos pontos aparecessem a qualquer intervalo de
tempo, encontramos nossos esforços dificultados pela densidade das linhas.
Portanto chegou a hora de reconsiderarmos inteiramente o problema e
perguntar se o papel desempenhado pelo acaso na formação das redes não
foi talvez radicalmente subestimado, não somente pelos defensores da
“ortotenia” mas, até mesmo, por seus oponentes, cujas fórmulas são
incapazes de justificar o fenômeno das redes de forma estelar de Michel. O
problema proposto aqui é típico de uma série inteira de questões que podem
ser solucionadas de uma maneira sistemática somente pelo uso de métodos
impessoais; o que precisamos é uma técnica de “botão de pressão”
automática, sem nenhum preconceito humano, capaz de descrever a
situação completamente, sem apresentar logo de início as simplificações
excessivas exigidas pelos cálculos manuais. O método que convém ao
estudo de um problema dessa espécie é a simulação.

Fig. 14 — BAVIC traçada como uma linha mundial.

NÓS SIMULAMOS UMA ONDA

A fim de simular as redes de alinhamentos produzimos pontos ao acaso


numa superfície esférica representando a França, isto é, uma superfície
imaginária de geometria e dimensões comparáveis empenhados em mostrar
todos os alinhamentos ou, para ser mais exato, todos os grandes círculos nos
quais incidam pelo menos três desses pontos. Isso exigiu um método
inteiramente automático para eliminar o fator psicológico do
experimentador em perceber a organização das linhas.
Fig. 15 — Uma dificuldade comum no estudo dos alinhamentos:
A está alinhado com B e C mas C não está alinhado com A e B.

Esse elemento psicológico foi consideravelmente subestimado nos


testes estatísticos sugeridos por Mebane, Davis e Menzel para verificar a
validade dos alinhamentos. E inclusive envolve a própria definição da
noção de “linha reta”, como pode ser visto na Figura 15, onde temos 3
pontos de aparição A, B e C. Se a falta de precisão em cada ponto é,
digamos, meia milha, cada “observação” deve na verdade ser representada
como um disco de meia milha de raio. Assim, encontram-se casos onde o
alinhamento BC pode passar por A, enquanto que o alinhamento AB não
passa por C.
Na Figura 16, A e B estão tão próximos um do outro que uma série
inteira de pontos C pode formar o alinhamento de tal modo que o centro do
disco B estará no “corredor” AC. Nessas figuras o tamanho dos pontos foi
bastante exagerado, mas pode-se ver que mesmo em situações reais os erros
serão considerados.
Se não é praticamente possível considerar tal fenômeno em formulação
matemática é também impossível eliminar a tendência de se fazer uma
seleção subjetiva (não obstante inconsciente) entre os alinhamentos, quando
se está frente a um mapa onde 20 ou 30 observações estão marcadas com
alfinetes coloridos e tenta-se desesperadamente distinguir a estrutura. O
poder da imaginação, tão precioso no início de um novo processo no campo
da pesquisa faz do cérebro humano um instrumento indigno de confiança ao
verificar hipóteses. Aqui o computador é uma ferramenta profícua.
Dada qualquer distribuição de pontos sobre uma superfície, o
aparecimento de alinhamentos entre esses pontos é um problema de critério.
Como o número de pontos incluídos na distribuição, seu tamanho e a forma
da superfície podem variar, o material a considerar deve referir-se a casos
concretos. Decidimos “simular” uma onda comparável com aquela de 1954
na França, seguindo uma técnica que é desenvolvida pormenorizadamente
no Apêndice II. Desse modo comparamos as redes teóricas com as redes
verdadeiras. Os resultados foram bastante interessantes.

UM RESULTADO SURPREENDENTE

Nossa primeira pergunta foi, o que aconteceria às “redes” formadas por


distribuições puramente aleatórias se deixássemos que a precisão e o
número de observações se alternassem a um razoável limite de variações?
Outra função interessante a ser descoberta seria a variação no número das
observações isoladas com parâmetros idênticos.
Depois de pesquisar diversos experimentos preliminares com
distribuições de importância média, examinamos os resultados dados por
estruturas de 30 pontos com critério de distância de 1,0 e 2,5 quilômetros.
Tirando 1, 2, 3 pontos da rede inferimos a distribuição em estágios
diferentes, isto é, com 30 pontos, 29, 28 etc. As curvas obtidas (média das
experiências feitas) são mostradas na Figura 17.
As Figuras 18 a e b mostram redes aleatórias produzidas pelo
computador. Essas estruturas não são sob nenhum aspecto inferiores às mais
complexas redes desenvolvidas como provas da teoria de linha reta. Para
qualquer distribuição com mais de 25 pontos, a percentagem de
observações isoladas torna-se praticamente zero. Todas as observações
foram, então, situadas nos alinhamentos e a probabilidade da formação de
redes bastante complexas tornou-se, de repente, extremamente elevada.
Michel estava certo ao afirmar: “O importante não é saber o que há por
trás da Ortotenia, mas reunir provas documentárias suficientes para
determinar de uma vez por todas se este é ou não um fato real”. Essas
experiências mostraram que as estruturas de alinhamentos são fatos reais,
mas não provaram que podem ser explicadas isoladamente, ao acaso.
O caminho seguido aqui é especialmente conveniente para se comparar
as distribuições reais com aquelas que surgem de pontos aleatórios. Tudo o
que temos a fazer é dar à máquina as coordenadas das observações reais, ao
invés de números casuais e deixá-la trabalhar árduamente na enfadonha
tarefa de computar e selecionar todos os alinhamentos possíveis. A Figura
19 mostra a rede de Montlevicq (a estrutura descoberta por Michel para as
observações francesas de 7 de outubro de 1954) conforme “redescoberta”
pela máquina eletrônica em 4 minutos. Há somente uma ou duas diferenças
mínimas entre essa rede e aquela publicada por Michel, fato este que
constitui outro tributo ao cuidado excessivo e precisão com os quais os
pesquisadores franceses conduziram a análise.
Se compararmos essa rede com aquelas obtidas ao acaso (Figura 18)
podemos traçar a seguinte tabela:

nº de linhas
6 5 4 3 pontos
0 0 4 24 na Figura 18 (precisão de 1 km)
0 1 5 20 na Figura 18 (precisão de 2.5 km)
1 0 0 21 na rede Montlevicq

Esses números podem ser interpretados como uma indicação de que a


precisão real nas observações autênticas é de distribuição de 2,5
quilômetros; assim não há razão para se fazer distinção entre as estruturas
de alinhamento obtidas baseando-se em observações reais e aquelas que
surgem como resultado casual. O fenômeno de intersecção em forma de
estrela perde completamente seu caráter excepcional para distribuições com
um grande número de pontos.
Na rede verdadeira (Figura 19) há um alinhamento de 6 pontos, dois dos
quais na realidade estão muito próximos um do outro.

Tal alinhamento merece ser matéria de um estudo especial.


Infelizmente, encontramos aqui o mesmo obstáculo mencionado no
decorrer das avaliações preliminares, já que insuficiente consideração
oficial foi dada às observações; na maioria das vezes os únicos dados à
nossa disposição são as descrições feitas pelos jornais. Parece-nos incerto
poder atingir o ponto essencial do problema e determinar de uma vez por
todas a questão da existência de alguns alinhamentos (como BAVIC)
porque a posição de todos os pontos é determinada com uma imprecisão de
aproximadamente meia milha ou menos.
Portanto, somos da opinião que atribuir as redes de estrelas como a de
Montlevicq, ao acaso não constitui a anulação definitiva da existência de
alguma estrutura orgânica como aquela suposta por Michel. Isso
simplesmente revela um conflito entre a precisão exigida pelo método
matemático e a informação incompleta que temos das observações em si.
Além disso, seria perigoso exigir dos dados que possuímos mais do que eles
são capazes de fornecer. As experiências descritas aqui simplesmente
mostram que o próximo estágio nessa pesquisa — a qual já vem sendo
energicamente criticada nos Estados Unidos e França — é uma nova busca
de informações sobre as aparições em si.

CONCLUSÕES SOBRE A TEORIA DE LINHA RETA

Os resultados que acabamos de apresentar serão provavelmente


considerados por alguns como uma negação total da teoria de alinhamentos.
Não devemos ser tão categóricos, porque nossos dados ainda não foram
verificados independentemente por outros grupos de cientistas e porque
fomos drasticamente confinados pela quantidade de tempo de computador
que poderíamos dedicar a esse projeto fora da assistência oficial. Além
disso, nenhuma conclusão geral como a não existência de certos
alinhamentos pode ser tirada do presente trabalho. A análise executada
estabelece simplesmente que entre os alinhamentos apresentados, a grande
maioria, se não todos, devem ser atribuídos ao puro acaso. Nas duas redes
em forma de estrela que verificamos vemos tão somente a superposição de
efeito aleatório e a dispersão comumente associada com observações do
Tipo II, que fora tão bem estabelecida por Michel.
O fato permanece, uma vez mais estamos frente a frente com o
problema original: o estudo de observações individuais como relatórios. A
primeira chave geral do mistério que parecia ter-se apresentado evaporou-se
ante nossos olhos; embora o trabalho continue baseado em certos detalhes
das descobertas de Michel, essa pode ser a ocasião para uma nova
evidência, a elucidação que o problema “ortotenia” UFO parecia anunciar
não aconteceu. Então, para que dedicar tanto tempo à teoria de linha reta?
O ponto a que chegamos é que, se por um lado a teoria de linha reta,
tanto quanto podemos afirmar, não é a chave do mistério, uma quantidade
de conhecimento foi acumulada e um grande edifício de técnicas foi
construído e esse desenvolvimento vai muito além da conclusão negativa da
hipótese da linha reta.
A grande importância da teoria de Michel permanece, porque afastou o
problema do dilema onde crédulos e não crédulos tinham-no enterrado
durante 15 anos. Sacudiu muitos cientistas que anteriormente não viam
nada nos relatórios que a ciência pudesse analisar. Ortotenia não é a solução
final, mas é uma saída explêndida em direção ao estudo científico e ao
objetivo dos relatórios. Pela primeira vez, um debate calmo e imparcial
reuniu oponentes e defensores das diferentes interpretações dos relatórios -
de Menzel a Michel - em uma controvérsia do mais elevado calibre. Pela
primeira vez, hipóteses foram apresentadas, analisadas, testadas e rejeitadas
por estudiosos do fenômeno. O assunto UFO foi assim tirado da lista de
“fenômenos excêntricos” e “acontecimentos estranhos” - como contos de
bruxaria e histórias de casas mal assombradas - e colocado à luz da análise
científica.
Graças à mente fértil de Michel, o estudo dos UFOs hoje não é mais
uma área de boatos tumultuados, teorias incontroláveis e hipóteses
injustificadas. Foi por causa do estudo do fenômeno de linha reta que a
primeira classificação de observações UFO e o primeiro sistema de
codificação foram introduzidos, 5 anos atrás.
Foi para verificar os alinhamentos que o primeiro catálogo foi planejado
e foram escritos aproximadamente 20 programas diferentes de computador,
para uma variedade de máquinas.
Como as descrições escritas pelas testemunhas foram despidas da aura
sensacionalista acrescentada pelos jornais, reduzidas a fatos nus,
convertidas em números e códigos, localizadas em mapas e processadas,
lentamente esses relatórios perderam suas características inacreditáveis.
Cessaram de ser motivo de perplexidade e ridículo, não eram mais mero
assunto para a crença de alguns e descrença de outros, tornaram-se
elementos de informação, partes de dados científicos.
O problema com o qual defrontamos não é mais a verificação global de
uma quantidade enorme de redes mas o estudo pormenorizado de relatórios
locais e de leis notáveis seguidas pelo fenômeno no seu desenvolvimento de
tempo e manifestações físicas. Os outros aspectos permanecem para ser
elucidados e envolverão discussões mais complexas; mas o estudo do
mistério da linha reta deu-nos ferramentas para atacar esse novo desafio
com um certo grau de confiança.
Capítulo Cinco - O SINAL E O BARULHO

A EXTENSÃO DO PROBLEMA

Nos capítulos Três e Quatro tratamos da situação no espaço de UFOs


observados desde 1946, sem considerar as particularidades apresentadas por
cada relatório, limitando-nos assim na busca de uma possível lei que
envolva a distribuição topográfica das observações. Iremos agora ampliar
esse estudo, propondo em primeiro lugar como o fenômeno afigura-se para
a testemunha.
O “disco-voador” (um objeto material real, um fenômeno físico
conhecido interpretado erroneamente ou mesmo uma aparição) é a imagem
de um objeto de complexidade variável e comumente derivado de uma
forma esférica, às vezes elipsoide, discoide, ovoide, fusiforme, cilíndrica ou
em forma de cone. Essa imagem é a do objeto completo, cuja superfície
visível que suporta a resistência do ar parece ter somente um papel
secundário no movimento (como antagônico as asas de um avião).
A característica do movimento é frequentemente ilusória
(principalmente em casos do Tipo IV). Quando associados a forma esférica
ou “manda-la” (gota de lágrima), essa simulação parece dar uma sensação
confusa e aflitiva como uma alucinação ou delírio, não somente na
testemunha, mas em menor intensidade no pesquisador que a interroga e na
pessoa que lê seu depoimento. Reações e observações de "discos-voadores”
consequentemente parecem complexas e incompatíveis com uma análise
racional direta. É interessante notar que foi um psicanalista, Jung, que deu
os primeiros passos no estudo do fenômeno. Embora suas conclusões
lancem pouca luz sobre a natureza física e a existência material dos
"discos”, elas permitem um melhor entendimento da atmosfera psicológica
criada pelos relatórios e do estado espiritual no qual os círculos científicos
estabeleceram suas opiniões:
Essa opinião é na verdade moldada a partir de observações de natureza
vaga e generalizada sobre as possibilidades de interpretações errôneas de
objetos feitos pelo homem ou as várias causas físicas prováveis de
produzirem as imagens. A maioria dos cientistas que nada sabem sobre o
fenômeno - e não vêm nada nele a não ser relatórios de testemunhas
iludidas por visões de meteoros, balões e aeronaves, juntamente com
embustes fotográficos perpetrados por alguns — preferiram negar a
existência dos "objetos discos” e mantêm que todas as observações podem
ser atribuídas a alucinações, miragem, erros e brincadeiras. Discutiremos
essa atitude mais tarde em relação a alguns exemplos específicos.

COMO AS ONDAS EVOLUEM

Ao passarmos do exame de relatórios individuais para o estudo da


evolução do problema como um todo desde 1946, uma característica
importante do fenômeno UFO foi revelada: as observações não são
distribuídas casualmente no tempo. Longos períodos podem passar sem um
caso novo, a menos que os jornais de diversos países sejam examinados
muito cuidadosamente. Então, uma vez mais o problema reaparece na
primeira página dos jornais e assume um caráter sensacionalista, que
desencoraja as pessoas de bom senso a estudá-lo. Outras vezes, quando a
imprensa se cansa de um assunto tão explorado, somente através de uma
paciente montagem de arquivos com fichas oriundas de relatórios
particulares é que se nota uma alteração súbita na densidade das
observações sobre um determinado período, estabelecida diversos anos
depois do acontecimento.
Essa característica é importante somente nos casos de teorias
relacionadas à forma ou funcionamento cinemático dos objetos, pois
quaisquer tentativas de explicar o fenômeno terão que levar em
consideração essas variações nos números de relatórios os quais são
denominados “ondas”.
Nenhuma das ondas limitou-se a uma região particular do globo.
Entretanto, cada uma tem tido seu apogeu em uma região definida. A onda
de 1946 teve seu ponto mais alto na Escandinávia; as de 1947, 1950 e 1952
foram observadas principalmente nos Estados Unidos, mas também deram
origem a um número bastante grande de casos na França, onde o outono de
1954 foi particularmente rico em relatórios bem definidos. Em 1956, todo o
globo experimentou um ressurgimento de casos, enquanto que os Estados
Unidos tiveram um súbito apogeu em 1957. A América do Sul, aonde
haviam ocorrido inúmeras observações durante ondas anteriores, logo
passou a encabeçar as outras regiões do globo. Enquanto 1962 fora um ano
ativo, 1963 foi um dos mais calmos jamais registrado. Tanto 1964 como
1965 foram anos ativos. Enquanto estamos escrevendo (primavera de 1966)
a onda que alcançou seu ponto máximo no verão de 1965 ainda se faz sentir
ao redor do mundo e não há nenhum sinal de que a atividade esteja para
interromper-se.
O desenvolvimento de uma onda em qualquer país determinado em
geral ocorre independentemente de acontecimentos registrados em outra
parte; as notícias a respeito somente alcançam o público do país em questão
muito mais tarde. Os jornais abarrotam-se de relatórios uma vez que o
interesse da opinião pública desperta durante os primeiros casos
importantes, mas não parece haver qualquer influência psicológica de um
país sobre o outro quanto a esse aspecto. Frequentemente, quando uma onda
evolui é acompanhada por um acontecimento incomum na imprensa,
alguma coisa de “fenômeno” em si: o assunto aparece nos jornais somente
mais tarde e dura muito mais tempo do que na realidade; no início a
imprensa demora em aceitá-lo, depois tenta prolongar sua existência.
No decorrer de nossas pesquisas verificamos que o quadro da evolução
do fenômeno, obtido através do estudo de relatórios de um único país, é
extremamente pobre. Os departamentos oficiais que investigam o fenômeno
UFO nos Estados Unidos parecem que ainda não compreenderam isso.
Naturalmente, tanto num panorama global como local uma história
muito extensa interrompe a lei da variação, encoraja as testemunhas de
observações recentes a tornarem seus relatórios públicos e, claro, cria um
mercado ideal para embustes de todas as espécies. Consequentemente, é de
se esperar certas interrupções temporárias na variação média observada.
Como nossa tarefa aqui é descrever a evolução do problema em suas linhas
principais, não entraremos nesses efeitos secundários.

SINAIS CELESTES

Segundo Jung, a ideia de máquinas lenticulares que podiam executar


evoluções silenciosas e rápidas existia muito antes dos tempos modernos;
vestígios delas são encontrados em boatos e lendas de um passado tão
remoto, que Jung colocou-as no quadro geral de “inconsciente coletivo” da
humanidade, pondo-as na mesma condição do fenômeno moderno.
Por exemplo, numa época em que havia pouca distinção entre
acontecimentos físicos, verdades morais e experiências espirituais, e quando
as ideias não eram, como são hoje, separadas em categorias (científicas,
éticas, teológicas, filosóficas etc), Hildegard, de Bingen, escreveu em seu
livro de visões Scivias sobre 1145:

Vi uma grande estrela mais esplêndida e bonita e com ela uma extraordinária profusão de
centelhas que caíam, as quais seguiam a direção sul juntamente com a estrela E observaram-NO
em SEU trono quase como algo hostil e afastando-se DELE preferiram voltar-se para o norte. E
de repente estavam todas aniquiladas, transformadas em carvão preto.... e lançadas nas
profundezas do oceano e não pude mais vê-las.

Essa observação ilustrada pela bela imagem de estrelas caindo no mar é


interpretada por Hildegard como significando a Queda dos Anjos.
Em seu notável livro From Magic to Science (Dover, 1957) um dos
trabalhos mais penetrantes no aparecimento e desenvolvimento do espírito
científico, Charles Singer ao comentar sobre Scivias observa:

Os círculos concêntricos aparecem em inúmeras observações. É nessa forma concêntrica


que Hildegard mais frequentemente retrata o Todo-Poderoso e a ideia aparece novamente na
décima-primeira miniatura, a qual ele descreve como “uma luz muito brilhante e dentro dela a
configuração de uma forma humana da cor da safira que resplandecia suavemente mas com um
brilho cintilante.” Aparições desse tipo são registradas com frequência.

Em outra parte do livro Singer comenta:

Todas ou quase todas as aparições apresentam certas características comuns. Em todas um


traço proeminente é um ponto ou um grupo de pontos de luz que vislumbram e movimentam-se
geralmente de maneira ondulante e são na maioria das vezes interpretados como estrelas ou
olhos flamejantes. Em inúmeros casos, uma luz maior que as outras exibe uma série de círculos
concêntricos de aparência oscilante....Frequentemente. as luzes dão a impressão de estarem
trabalhando, fervendo ou fermentando, e são descritas por muitos visionários, de Ezequiel em
diante.

A referência a Ezequiel é bastante apropriada: as descrições do


visionário do século XII convergem para aquelas dos profetas antes de
Cristo. Tocamos aqui em um ramo fundamental da inspiração humana, que
culminou com Dante e para a qual contribuíram outros grandes pensadores
como Paracelso (que viveu de 1491 a 1541 e não desconhecia as obras de
Hildegard). Essas observações eram frequentemente cheias de força e
beleza como se pode ver em outra descrição feita por Hildegard; esta é
acrescida a uma curiosa gravura da alma (usada por Jung em seu livro sobre
discos voadores) representada por uma “esfera de fogo” que desce para
possuir o corpo de uma criança:
Eu vi que muitos redemoinhos possuíram a esfera e trouxeram-na em direção a terra, mas
com renovada força voltou para cima e chorosa perguntou:
- Eu, errante que sou, onde estou?
- Nas sombras da Morte.
- E para onde vou?
- Rumo aos pecadores.
- E qual é minha esperança?
- Aquela de todos errantes.

É difícil englobar ao mesmo tempo relatos de testemunhas antigas e


modernas, considerando que evidências detalhadas estão por vir; de
qualquer modo, a frequência de observações antes do século XIX não indica
qualquer sucessão segura de ondas. Podemos somente observar que certos
anos ou épocas têm sido mais ricos em visões do que outros; o período de
1916-44 foi um dos mais pobres, fato pouco conhecido, mas que lança as
visões atuais dentro de um contraste ainda maior.
Posteriormente voltaremos ao assunto dos casos que datam de antes de
1946, pois já que se referem ao mesmo problema fundamental, apresentam
diversas questões sérias, não obstante o tipo de interpretação dispensado à
cada um deles. Sua distribuição geográfica cobre todos os continentes.
As observações de 1946 e 1947 mostram forte correlação geográfica,
sendo centralizada na Escandinávia (originalmente na Suécia, Dinamarca e
sobre o Mar Báltico) e nos Estados Unidos, respectivamente. Entre as
observações de 1947 que se nos depararam, todavia, existem 3 oriundas da
França: Col de Serresem abril, Montusson em julho e Les Moutiers em
agosto. Seu ponto máximo foi claramente definido em julho e o número de
casos cresceu muito além da média durante junho e julho de 1947.
O interesse da imprensa americana foi disparado por um relatório feito
em 24 de junho de 1947 por um executivo, Kenneth Arnold. Foi então que
começou a primeira investigação pela Força Aérea dos Estados Unidos.
Uma declaração atribuindo o incidente de Arnold a alucinação acabou com
a investigação no dia 4 de julho, bem no dia em que a onda pareceu ter
alcançado seu auge. Ao mesmo tempo, G. Kuiper, astrônomo, declarou que
o fenômeno descrito não correspondia a nenhum tipo de meteoro conhecido
e ficava patente tratar-se de algum objeto feito pelo homem.
O problema da investigação do fenômeno UFO apresentava-se
claramente a partir daquele momento. A reação comum dos círculos
científicos e do público geral, ainda muito impressionados com o sigilo que
envolvera o Projeto Manhattan — preparação da bomba atômica - era julgar
o exército responsável pela fabricação das “máquinas”, enquanto que a
interminável sucessão de relatórios de testemunhas oculares procedentes de
pilotos militares levaram a força aérea a excluir - pelo menos em conversas
particulares - ideias tais como alucinações, protótipos sendo testados por
alguma entidade de pesquisas americana ou aeronaves espiãs de outro país.
Mas era difícil provar que o fenômeno era de origem natural.
Fazia-se necessário uma nova explicação oficial (ou melhor dizendo
interpretação) com a intenção de tranquilizar o público (que não estava
muito satisfeito com a teoria de “alucinação”). Foi estabelecida uma
comissão por uma ordem de 30 de dezembro de 1947, assinada pelo
Secretário da Defesa James Forrestal. Sob a autoridade do Comando
Material Aéreo na Base da Força Aérea de VVright Field essa comissão,
tinha entre seus membros o Dr. J. Allen Hynek, então astrofísico, membro
da Ohio State University, em Dayton.
Apesar de ser designada oficialmente como uma sociedade de pesquisa,
essa comissão nunca esteve em posição de definir exatamente sua própria
linha de ação. Apesar dos esforços de seus membros científicos, a comissão
adotou o caráter de um centro de investigação, designado a prover a força
aérea com interpretações de relatórios individuais, em vez de um centro de
pesquisa propriamente dito. Ao mesmo tempo a existência dessa comissão
oficial impedia outros pesquisadores científicos de considerar estudos
independentes, orientados de maneira mais dinâmica em direção a pesquisa.
A luta entre a força aérea e os cientistas continuou por detrás do
panorama de 1948 a 1966 e pode ser delineada a partir das afirmações
publicadas por ambas as partes. A situação ou foi interpretada erroneamente
pelos escritores populares do assunto UFO ou lhes passou totalmente
despercebido. Hynek tem sido o mais manifestante dos cientistas
intimamente ligados ao Projeto Blue Book, em suas tentativas de ampliar a
política investigadora oficial. Perito em satélites artificiais (organizou o
atual sistema de rastreamento mundial para os Estados Unidos em 1957) e
autoridade internacionalmente conhecida em evolução estelar, ele aceitou a
responsabilidade de investigar relatórios UFO apesar das fortes críticas de
seus colegas cientistas e dos constantes ataques desagradáveis nos panfletos
dos crentes. Durante 19 anos com o Projeto Blue Book investigou mais de
700 casos nesse campo, algumas vezes passando vários dias em lugares
afastados onde tinham ocorrido observações enigmáticas. Seu nome é
citado em todo relatório importante dos arquivos da força aérea. Esteve com
Ruppelt em Bismarck em 1953, Levelland em 1957, Socorro (visitou 3
vezes) e Monticello em 1964, apenas para mencionar alguns casos.
Conversou, também, por telefone com inúmeras testemunhas de
observações que a força aérea decidiu não investigar. Sua posição dentro do
“santuário secreto” proporcionou-lhe uma conscientização global —
demonstrou que conhecia os arquivos do Blue Book melhor que qualquer
um na força aérea e estava muito mais informado a respeito das observações
francesas de 1954 e da situação UFO no exterior do que qualquer outra
pessoa dos grupos “amadores” da América — mas isso não lhe dava
poderes reais para melhorar a política existente. Desde 1952, tem
aproveitado todas as oportunidades para chamar a atenção da comunidade
científica para a relevância do problema e tem se esforçado para convencer
a força aérea de que a atividade do Projeto Blue Book tem que ser
planejada, mas suas recomendações sempre foram ignoradas.
Somente em 1965, quando colocou o assunto perante o Secretário da
Força Aérea, conseguiu que a Câmara Consultiva Científica reconsiderasse
o tratamento oficial do problema. As conclusões da Câmara justificaram
inteiramente os esforços contínuos de Hynek e suas repetidas afirmações de
que o problema UFO era fundamentalmente um problema científico.
Enquanto escrevemos, a força acaba de transferir a tarefa de investigar os
casos mais significantes para a equipe de cientistas universitários. Dezenove
anos depois da criação da comissão original, uma nova fase foi, então,
iniciada no estudo das observações nos Estados Unidos.
Em 7 de janeiro, o Comandante Thomas Mantell da Guarda Nacional de
Kentucky morreu em circunstâncias dramáticas, que foram amplamente
divulgadas, ao tentar interceptar um objeto não identificado. Por outro lado,
o número de casos permaneceu estacionário e em 1949 diminuiu. Em 27 de
dezembro de 1949 a comissão dispersou-se. Numa declaração feita a 27 de
dezembro de 1949 foi descretamente admitida a existência real dos objetos
não identificados e a possibilidade de sua origem extraterrena. As
declarações feitas pela força aérea, entretanto, eram baseadas em atitudes
completamente diferentes, compostas por uma trama absurda e ingênua,
chegando até mesmo a interpretações extremamente infantis em tomo do
problema.
Depois que a comissão dispersou-se as investigações passaram a ser
inteiramente controladas pela força aérea. Em 1950 a frequência dos casos
relatados aumentou uma vez mais. Essa onda distinguiu-se tanto pelos
primeiros relatórios de testemunhas oculares feitos por cientistas eminentes,
como pelo primeiro passo por parte das autoridades do mundo científico em
adotar uma posição perante a realidade material e física do fenômeno. Já em
20 de agosto de 1949, Dr. Clyde Tombaugh descreveu uma observação que
permaneceu clássica. Em 22 de maio, Dr. Seymor Hess testemunhou, em
Flagstaff, Arizona, um fenômeno UFO, o qual descreveu nos mínimos
detalhes. Essa observação foi discutida pelo Dr. G. Vaucouleurs com o Dr.
Hess através de cartas. Esse crescente interesse dos cientistas pelo
fenômeno UFO ajudou a dar um cárater puramente acadêmico às pesquisas
parciais empreendidas naquela época. Parece até mesmo ter predominado a
opinião de que os acontecimentos por si mesmos resolveriam o assunto em
breve, e que as investigações finalmente iriam elucidar o fenômeno físico
por detrás das observações ou dos “visitantes extraterrenos” fazendo
contatos definitivos com as autoridades.
O número de casos caiu ao mínimo em 1951. No ano seguinte aumentou
de novo e dessa vez o caráter que o fenômeno assumiu parecia indicar que
possíveis eventualidades estavam para se concretizar pela segunda vez: em
20 e 26 de julho de 1952 uma série de objetos voaram sobre a Casa Branca
e o Capitólio. Simultaneamente detectados por radar em diversos postos,
observados do solo e perseguidos por aeronaves, alguns dos objetos
executaram “uma dança” sobre o Capitólio. Registraram-se velocidades tão
altas quanto 3 quilômetros por segundo.
Subsequentemente, as estações de radar enviaram inúmeros relatórios,
na maioria das vezes sustentados pelas provas dos pilotos. O Centro de
Informação Técnica Aeroespacial reuniu todos os arquivos e começou a
estudá-los; infelizmente, o pessoal militar do ATIC reveza-se a cada 2 anos
e isso impede uma abordagem acadêmica a longo prazo. Os homens
encarregados do projeto mal têm tempo para tomar conhecimento dos
diversos tipos de relatórios antes de serem novamente transferidos pelo
Pentágono.
Consciente da falta de continuidade nas investigações da força aérea,
Donald Keyhoe, um major reformado do Corpo de Fuzileiros Navais,
começoi sozinho suas pesquisas, publicando-as numa série de livros. Em
1952 foi fundado no Arizona o grupo civil mais antigo APRO, pelos senhor
e senhora James Lorenzen. Uma lista das principais associações civis UFO,
nos Estados Unidos, encontra-se no Apêndice V.
A onda de 1952 é interessante pois ela mostra o fenômeno em seu
aspecto definitivo; séries inteiras de observações assolam um determinado
pais. É difícil explicar todas elas como embustes ou piadas de mau gosto.
Durante esse período foram formuladas as bases para discussão científica e
foram estabelecidas as tendências associadas aos diversos tipos de
explicações. O fenômeno tinha finalmente assumido um aspecto mundial.
As observações mais surpreendentes dessa onda ocorreram na Europa,
os casos de Olorom e Gaillac e a aterrissagem em Marignane (descrita no
Capítulo LTm) mas os casos de 1950 da Espanha e África do Norte foram
praticamente desconhecidas. Todavia, a discussão sobre o fenômeno
permaneceu estritamente acadêmica. Os “objetivos" eram tratados como
fenômenos aéreos e a ausência de qualquer fragmento material era
igualmente desencora- jador ao engenheiro e ao físico. Muitos
perguntavam, se as manifestações eram causadas por máquinas, não seriam
essas máquinas sujeitas ao desgaste e avaria?
Em 1953 o número de casos diminuiu, mas 1954 foi um período de
importância fundamental. O mundo inteiro experimentou um aumento
significante no número de observações. Muitos casos ocorreram na Europa
durante os meses de setembro e outubro de 1954 como têm ocorrido no
mundo inteiro desde 1946. A França em particular apresentou uma
concentração extraordinária de casos.
O "disco voador" começou a perder seu caráter acadêmico e introduziu-
se à experiência de vidá diária. Monopolizou por completo a imprensa e as
conversas de um modo geral. As testemunhas oculares eram cientistas,
médicos, atores, engenheiros, agricultores, pilotos, políticos, escritores. Os
relatórios eram coerentes, grupos de testemunhas totalmente independentes
descreviam aspectos e comportamentos idênticos.
Foram tiradas fotografias que mostravam "discos”, "charutos”, objetos
em forma de sino - mas faltavam detalhes. O número de relatórios de
aterrissagens feitos por testemunhas obviamente honestas ultrapassou a 200.
Ocorreram situações de pânico local. Repórteres percorriam os campos à
noite esperando encontrar algo sensacional. "Pequenos homens” com 4 pés
de altura, olhos arredondados, sobrancelhas peludas usando "roupas de
mergulho” eram relatados descendo de máquinas. Seres semelhantes a
humanos eram vistos em sua companhia, tendo sempre o cuidado de
ficarem perto da nave. Esses seres eram descritos como generosos em suas
demonstrações de amizade com relação às testemunhas, mas qualquer
curiosidade em sua direção era interditada com "raios” inibidores.
Um pensionário em Bethune que fabricava seus próprios “discos
voadores” quase pôs fogo em algumas colheitas. Diversos vagabundos
confundidos com “marcianos” foram mortos. Eram encontrados vestígios
nos locais onde afirmavam ter ocorrido aterrissagens. Em Quarouble depois
de uma observação ocorrida ali foram encontradas depressões nas emendas
das ferrovias causadas por um peso, estimado pelo Serviço Secreto da Força
Aérea, de 30 toneladas.
“Discos” eram vistos em todas as partes do mundo. Uma vez passada a
surpresa inicial eram aceitos com bom humor. Um desenho feito por um
caricaturista de Paris intitulado “O Idiota da Vila” mostrava um sujeito
tímido cercado por fazendeiros dando risada, lia-se na legenda: “Ele é
aquele fulano que ainda não viu um disco voador!”
O número de observações diminuiu em 1955, embora de forma mais
lenta do que nos períodos imediatos a ondas anteriores. Em 1956 houve um
novo aumento nas atividades que passou despercebido na época, porque a
imprensa ainda saturada pelo sensacionalismo da onda precedente, não lhe
deu nenhuma publicidade. Em 1957 uma série de fenômenos, com todas as
características fantásticas da onda de 1954, explodiu no cenário americano,
onde òs relatórios da onda francesa de 1954 tinham sido rejeitados como
“obviamente inacreditáveis”. Essa onda coincidiu com o lançamento do
segundo satélite da terra, Sputnik II, mas os relatórios mencionavam globos
e discos luminosos parados no solo ou voando sobre cidades, que faziam os
motores dos carros pararem e, aparentemente, não estavam ligados a
interpretações errôneas do satélite.
O fenômeno continuou em 1958 e nos anos seguintes. Apresentava
características bem definidas, despertando assim pouco interesse. Em
relatórios provenientes do mundo inteiro encontra-se sucessões de apogeus
e depressões mas não uma onda propriamente dita. As observações da
Escandinávia e América do Sul eram pouco conhecidas. A maioria dos
relatórios significantes chegavam da Nova guiné, Nova Zelândia e dos
países comunistas.
Entre 1958 e 1963 os discos voadores ficaram na mente do povo apenas
como uma lembrança singular. Cientistas, principalmente astrônomos,
evitavam o assunto. O fenômeno fora envolvido em descrédito total e
qualquer discussão a seu respeito produzia apenas enfado. Até mesmo
mencionar o assunto era faux pas. Os observatórios faziam questão de negar
em voz alta toda observação que lhes fosse relatada. O conservadorismo
científico fez com que se tornasse moda a descrença na sinceridade das
testemunhas. Nos círculos militares prevalecia a mesma espécie de
autocensura. Relatar uma observação UFO seria arriscar uma promoção.
Contava-se que alguns pilotos estavam “vendo coisas”. Algumas
companhias de aviação exigiram que os membros da tripulação que haviam
relatado observações UFO passassem por exames psiquiátricos e foram
postos de lado até que terminassem os testes. Editores evitavam livros sobre
o tema. A Ficção Científica pôs um fim no assunto. Mesmo os
espiritualistas e ocultistas ficaram do lado dos céticos mais inflexíveis,
afirmavam que entidades de outros planetas viajavam em seus “corpos
etéreos” e não precisavam de espaçonaves! O voto contra os “discos” era
unânime; das 110 observações inexplicáveis ocorridas ao redor do mundo
em 1962 somente 2 foram mencionadas pelo rádio francês. A melhor
solução parecia ser — se não falarmos a seu respeito, talvez ele vá embora.
As opiniões propostas por alguns indivíduos que tinham decidido
dedicar seu tempo e trabalho ao estudo do mistério foram incontestáveis. O
livro de Michel, que revimos anteriormente, foi recebido sem qualquer
oposição, mas em silêncio. Ninguém levantou a voz para contradizê-lo.
Engenheiros, professores, psicólogos, médicos discutiam seu livro em
particular, mas não diziam nada publicamente.
Entretanto, opiniões isoladas e independentes eram pronunciadas aqui e
ali. Jung adotou uma posição em sua obra desconcertante, na verdade quase
profética, Flying Saucers: A Modem Myth of Things Seen in the Sky.
Entrementes, trapaceiros que viviam à custa da exploração da credulidade
popular procuravam por outras fontes de renda. Contratos telepáticos com
Vênus não eram mais lucrativos. Os periódicos publicados pelos “eruditos”
foram introduzidos em papel comum passando depois para folhas de
estêncil.
Como os cientistas profissionais estavam relutantes em estudar o
fenômeno, o qual estava tão fora de moda, nenhum dos poucos grupos de
pesquisa estabelecidos nos Estados Unidos tinham condições para iniciar
uma investigação verdadeira sobre o problema. A função da NICAP e
APRO limitava-se a arrecadação de relatórios documentados, preservados
na esperança de que algum dia uma investigação completa fosse feita.
Embora tivessem cometido erros inevitáveis e suas políticas nem sempre
demonstrarem muita praticidade, os dois grupos ganharam muitos amigos
dentro da comunidade científica pela sinceridade de seus esforços. Deve-se
somente a eles a preservação de algumas das observações americanas mais
significantes. Infelizmente, esses louváveis esforços foram muitas vezes
ofuscados pelas alegações “esotéricas” de uma minoria irresponsável de
“entusiastas”.
Internacionalmente, apareceu um periódico o centro de congregação de
pesquisa dos fenômenos aéreos: Flying Saucer Review, fundado em 1955 e
que vem sendo publicado a cada 2 meses, desde então. Sua política tem
variado no decorrer dos anos desde aqueles dias em que era quase que
inteiramente dedicado a discussões a respeito das afirmações dos
“contactados”, até recentemente quando abordou as discussões científicas
sobre a “ortotenia”; diversas vezes apresentou em seu índice de matéria o
nome de Menzel. Desde fins de 1964, a cargo do hábil e competente editor
Charles Bowen, ficou claro que Flying Saucer Review emergiu de seu
passado. Agora tem leitores e contribuintes em todos os países do mundo
(os Estados Unidos obtêm mais de 500 cópias) e é lido até mesmo nos
países comunistas.
Apesar do silêncio quase que total da imprensa e círculos oficiais o
período de 1958 a 1963 foi muito fecundo em vários aspectos. Como a
atividade do fenômeno diminuiu de maneira considerável, o
sensacionalismo vinculado ao assunto cessou, e não havia mais qualquer
emoção violenta para encobrir a questão; consequentemente foi possível
estudá-lo sob um novo ponto de vista, de maneira objetiva. O fracasso
evidente das explicações profissionais abriram um campo de pesquisa para
os cientistas jovens, alguns dos quais consideravam o problema como um
desafio válido. Finalmente, a iminência das primeiras expedições humanas
em direção aos planetas incumbiu os engenheiros e especialistas do espaço
a começarem um estudo sério sobre a possibilidade de serem encontradas
outras civilizações. De fato, esta possibilidade está presente em qualquer
estudo do fenômeno UFO, como as comissões oficiais afirmaram
explicitamente em diversas ocasiões. E já foi estabelecida a possibilidade
teórica da existência de outras civilizações em nossa própria galáxia ou em
outras pela astronomia.
Em 1964, quando ocorreram novamente um grande número de visões
no mundo ocidental, tanto as observações como as interpretações oficiais
foram acolhidas por uma atitude totalmente nova por parte do público. As
pessoas já não duvidavam tanto das testemunhas como duvidavam das
explicações oficiais sobre as observações. Embora ainda faltasse uma
evidência palpável o público parecia colocar o ônus da prova naqueles que
afirmavam que as observações podiam ser explicadas como efeitos naturais
ou convencionais. Uma pesquisa da Gallup feita em 1966 revelou que 5
milhões de americanos haviam observado algo que não acreditavam ser um
objeto voador não identificado e que um número 10 vezes maior, 50
milhões, achavam que havia um fenômeno real envolvido nas
manifestações relatadas. Quando as percentagens são analisadas, de acordo
com níveis educacionais, a proporção de pessoas inclinadas a atribuir as
observações a imaginação e fraude é mais alta entre a camada menos
instruída da população.
O interesse renovado pelos “sinais celestes” culminou com audiência
pelo Comitê do Serviço das Forças Armadas do Congresso dos Estados
Unidos realizada em 5 de abril de 1966. A discussão centralizou-se na
necessidade de uma nova investigação científica dos relatórios -
recomendação feita diversas vezes à força aérea por seu quadro de
consultores científicos. Tal grupo de investigação científica, se alguma vez
foi criado, descobrirá que a natureza e qualidade dos relatórios mudaram
significantemente durante a história do fenômeno.
Logo no começo (1946-54) a natureza das observações relatadas à força
aérea era tal, que na verdade podia-se recorrer à clássica explicação física
(miragens, balões etc.). No segundo período, depois de 1954, os relatórios
tornaram-se ao mesmo tempo tão coerentes e tão incríveis que não podiam
mais ser rejeitados como sendo fenômenos conhecidos. Enquanto que um
corpo luminoso que passa rapidamente no céu escuro visto por um piloto
pode levar a uma série de hipóteses do ponto de vista físico, o “marciano”
que foi morto por uma família amedrontada em Kentucky (Para maiores
informações sobre o incidente de Kentucky veja Jacques Vallee, Anatomy of a Rhenomenon
[Chicago: Henry Regnery Co., 1965])
ou aquele que passou por um aceiro
petrificado no norte da França não podem levar a hipóteses físicas. Tais
casos exigem um estudo psicológico completo para determinar se as
testemunhas realmente acreditam no que viram.
As explicações apresentadas podem ser divididas em duas categorias:
explicações físicas e explicações psicológicas. Cada categoria é aplicável a
um certo período na história do fenômeno e deve ser discutida em relação
aos seus critérios próprios.
OS EXPLICADORES

Na maioria dos casos os autores das teorias físicas são astrônomos,


embora a questão geralmente caia no domínio do físico atmosférico.
Enquanto a astronomia possui elementos de informação geral a respeito das
regiões onde as manifestações ocorrem com maior frequência, ela não
possui, como foi observado pelos astrônomos da comissão oficial dos
Estados Unidos, instrumentos de observação ou investigação necessários
para o estudo do fenômeno naquelas regiões.
O fato de que as explicações físicas têm sido buscadas exclusivamente
dentro do campo de fenômenos ópticos tradicionais mostra que os
investigadores têm se orientado desde o começo em direção a um
determinado tipo de interpretação, negligenciando todas as outras
possibilidades. A interpretação nunca foi explorada cientificamente.
Nenhum grupo de testemunhas foi estudado de maneira sistemática para
podermos comparar seu perfil psicológico com o perfil médio de toda a
população. Todos os esforços têm sido encaminhados a fim de enquadrar as
manifestações físicas observadas com efeitos conhecidos sugeridos a priori
oriundos do campo óptico e meteorológico; nunca se fez uma análise
objetiva das observações para determinar conceitos gerais.
Parece-nos que esse método tem tido um significado relevante imediato
nos casos escolhidos para servir de base a essas teorias; todos os
testemunhos usados referem-se àquela parcela de relatórios cujas
características físicas estão incluídas dentro de um território limitado onde
se encontra uma maior probabilidade de confusão. Em outras palavras,
quando os cientistas selecionam casos para uma análise pormenorizada ou
quando os militares apresentam exemplos tirados de seus arquivos ou
quando congressistas mostram relatórios, as observações usadas têm sido
escolhidas dentro de uma série incerta de observações para as quais
explicações convencionais podem ser aplicadas sem grandes dificuldades
(Para maiores informações sobre o incidente de Kentucky veja Jacques Vallee, Anatomy of a
Rhenomenon [Chicago: Henry Regnery Co., 1965]). Há uma grande reserva em admitir
que outros casos, aqueles que permanecem não identificados, possam
também ser representativos do fenômeno. Assim se examinarmos a
evidência selecionada para ser apresentada ao público ou à comunidade
científica como “típica” do fenômeno, notamos que é impossível achar
qualquer indicação da existência dos tipos bem definidos que surgem
imediatamente quando a totalidade dos relatórios é estudada sem
discriminação ou seleção prévia (sendo rejeitados, naturalmente, erros e
embustes provados).
Particularmente, é impossível achar entre esses casos selecionados
qualquer indício de observações dos Tipos I e II e muito raramente do Tipo
III. Isso é comum em muitos trabalhos, por exemplo no livro de Ruppelt. É
claro que o público tem sido afetado muito mais por manifestações que
ocorrem próximo ao solo, perto das casas e estradas do que por encontros
no ar, mesmo quando envolvem pilotos militares. Mesmo se os argumentos
apresentados constituíssem, na verdade, uma explicação perfeita para essa
amostra limitada de observações, responderiam somente por uma parte
muito pequena dos relatos testemunhados — e a parte menos interessante,
já que são os menos precisos em detalhes tais como as coordenadas das
observações e a descrição física do “objeto”.
As interpretações físicas são inspiradas na ideia de que os efeitos
observados estão vinculados não a um objeto real mas a uma ilusão ótica ou
condições eletromagnéticas na atmosfera. Menzel, em particular, dirigiu sua
atenção para essa área. Enquanto essas interpretações podem ser aplicadas a
um grande número de casos do Tipo IV, especialmente aqueles na categoria
aéreo-visual, as tentativas em estabelecer uma correlação entre a ocorrência
do fenômeno e variações especiais das condições meteorológicas
terminaram por fracassar em muitos casos, assim como as tentativas em
estabelecer uma correlação com a localização geográfica ou climática das
testemunhas.
Em agosto de 1965, por exemplo, a onda de relatórios do Texas,
Oklahoma e outros estados centrais foi “explicada” como efeito da
temperatura quente naquela área, enquanto que relatórios, que eram quase
duplicatas exatas, afluíam da Europa, Austrália (que estava no inverno), as
planícies altas do Peru e até mesmo do Continente Antártico.
Uma segunda categoria de interpretações físicas aceita a realidade da
causa do fenômeno. Dentro dessa categoria podem-se distinguir duas teorias
opostas. Uma nega que a causa física tenha algo a ver com um objeto
material e invoca entidades físicas, tais como bola de fogo, bolsas de ar
ionizado etc.
A outra introduz no quadro um objeto material, podendo ser um invento de
origem terrena (balão, satélite artificial, aeronave), um corpo natural
originário no espaço (meteoro, objeto astronômico), um animal (aves
migratórias) ou uma máquina extraterrena controlada por uma inteligência
artificial ou criaturas alienígenas capazes de pensar.
Na tabela que segue essas interpretações várias são expostas
graficamente para maior clareza; a cada uma delas atribui-se o nome do
cientista ou autor que colaborou especialmente para o desenvolvimento
dessa interpretação específica, mesmo que ele tenha considerado outras.

Está claro que interpretações outras de “matéria física” e “matéria não


física”, certamente aplicáveis em inúmeros casos individuais, não
conseguem responder pelo fenômeno como um todo. As teorias mais
interessantes são, por um lado aquelas que sustentam os efeitos observados
como sendo manifestações de bola de fogo (Bola de fogo é um fenômeno
raro descrito como “um globo brilhante que flutua no ar”. Tais objetos
foram relatados mergulhando nas chaminés, fervendo água em barris,
derretendo asas de aviões. São observadas durante tempestades e sua
persistência e estabilidade intriga os físicos, que já propuseram), efeitos de
plasma na atmosfera ou fenômenos similares e que apenas recentemente
tomaram-se de interesse da Física e, por outro lado a teoria que atribui o
fenômeno a um objeto material físico obedecendo ou a uma vontade
inteligente ou a leis naturais ainda totalmente desconhecidas para nós.
vários modelos de teoria. Uma teoria nova relatada em Science News Letter,
de 26 de setembro de 1964 e em Physical Review 135:390, 1964 por dois
físicos da Yeshiva University, New York, sugere que a bola de fogo seja o
resultado “da concentração em volta de um condutor de campos de elevada
eletricidade encontrada durante uma tempestade” e que não tem nenhuma
relação com controle de energia termonuclear, como havia sido sugerido
por alguns cientistas.
Nesse contexto pode ser mencionada a interpretação da explosão de
Tunguska de 1908 como uma colisão com um corpo de antimatéria,
sugestão feita pelo físico Clyde Cowan, vencedor do Prêmio Nobel e pelo
químico Willard Libby da University of California, Los Angeles. A
explosão na Sibéria, em 30 de junho de 1908 arrancou árvores a 30 milhas
do epicentro e derreteu samovares de prata a 40 milhas de distância.
Expedições científicas enviadas para investigar confrontaram um cenário de
inacreditável devastação. Durante muitos meses após o incidente o céu
assumiu uma luminosidade incomum em toda a Europa e no Cáucaso à
meia-noite a luz era suficientemente clara para se poder ler.
O autor soviético A. Kazantsev apresentou uma teoria em que a
antimatéria poderia ser a chave para um modo de propulsão espacial
descoberto por outras civilizações e que a explosão de tal “espaçonave”
seria a explicação mais provável para a catástrofe taiga do que a colisão
com um meteorito de antimatéria. Segundo os cálculos de um físico
soviético, Zolotov, a explosão parecia estar retida dentro de uma cápsula
externa cuja energia contida era tremenda. A onda da colisão fora registrada
na Inglaterra. A radioatividade da atmosfera elevou-se bruscamente
conforme Libby e Cowan descobriram analisando anéis de árvores antigas
no Arizona. Os anéis de uma árvore conífera norte-americana perto de
Tucson, por exemplo, que correspondiam a 1908, mostravam um “depósito
evidentemente elevado de radioatividade”. Pode-se ver a força da explosão
siberiana na Figura 20 (Veja a revista russa Technika Molodezhu [“Técnica Nova”]) n9 2,
1966, para considerações completas das diversas hipóteses).
Ao lado desses dois grupos de interpretações existe o que Hynek
denominou “pobreza de hipóteses”. Podemos eliminar de início as
interpretações referentes a balões, que não podem explicar as velocidades
registradas, os efeitos luminosos secundários ou as mudanças de direção e
altitude, exemplos dos quais serão dados mais tarde nesse livro. Meteoros,
que representam uma fonte importante de erros nos relatórios Tipo IV de
pouca duração, não podem ser aplicados às visões de duração de um minuto
ou mais, e sendo assim não conseguem responder pela maioria dos
relatórios dos Tipos I, II e III. Interpretações errôneas de objetos
astronômicos e satélites artificiais são responsáveis somente por uma
pequena parte de relatórios inexplicáveis e são de pouca utilidade numa
teoria geral. Todas essas interpretações reunidas deixam o fenômeno dos
relatórios “não identificados” como um todo praticamente intato.
Se inventos materiais produzem as manifestações observadas, seu
funcionamento cinético exclui a possibilidade de serem o resultado da
tecnologia humana. Isso é verdade especialmente para os relatórios do
período de 1946 - 60. Em pouco tempo, o progresso da aeronáutica, com o
desenvolvimento da nave de decolagem vertical e sistemas complexos para
aterrissagens lunar e planetária, poderá ser a responsável por um número
limitado de interpretações errôneas.
As causas psicológicas para algumas das interpretações errôneas podem
ser tanto de natureza psicopatológica como sociológica. Os dois tipos
baseiam-se na teoria dos boatos. Por exemplo, Heuyer elaborou um modelo
teórico de uma “psicose” que se propaga de maneira gradual, servindo-se
paralelamente do “fenômeno” que aparece na imprensa. Mas muitos
pesquisadores acham a teoria puramente “psicótica” difícil de ser aceita, as
objeções baseiam-se tanto em bases geográficas (as visões não são
significantemente mais numerosas em áreas de grande concentração de
população) como em bases físicas (o fenômeno é detectado por radar, etc.).
Defensores da segunda teoria pura e simplesmente atribuem o fenômeno
a fabricação, embuste e à imaginação perturbada do público moderno.
Sanger resumiu esse argumento da seguinte maneira: “Até que se prove o
contrário o perito em aviação evoos espaciais precisa compreender que o
que temos aqui é uma arma - mais provavelmente imaterial - na guerra dos
nervos”.
De todas as teorias apresentadas essa parece-nos a mais fraca, embora
como a hipótese que atribui a manifestação a “máquinas” — possa em
princípio estar relacionada a todas as observações. Na verdade, como
vimos, as profissões e características psicológicas das testemunhas são as
mais variadas possíveis, enquanto que embustes são geralmente ligados a
caracteres psicológicos e faixa etária definidos. Além do mais, em muitas
observações as testemunhas ou grupos de testemunhas são inteiramente
independentes uns dos outros.
Há inúmeras maneiras para se testar a evidência a favor ou contra cada
uma dessas teorias, mas primeiro deve-se estabelecer requisitos necessários
para que as interpretações sejam aceitas- explicando ou pelo menos não
contradizendo aquelas características do fenômeno UFO. Essas
características fundamentais são: o considerável crescimento no número dos
relatórios desde 1946; a distribuição em série dessas observações, com
apogeus e depressões; a ausência de qualquer correlação com a atividade
solar, radioatividade atmosférica ou o aparecimento de meteoros; a presença
de características independentes não observáveis em efeitos físicos comuns;
e a consistência de detalhes secundários, que faz com que seja possível
classificar as observações de acordo com um critério perfeitamente definido
e assim extrair o “sinal” do “barulho”.
Capítulo Seis - O RECONHECIMENTO DE UM ESTUDO

LEVANTAMENTO DE EXPERIÊNCIAS ANTERIORES

No capítulo anterior afirmamos que em um estudo de relatórios de


fenômenos aéreos incomuns a separação do “sinal” do “barulho” não era
um trabalho tão difícil como implicado nas declarações oficiais.
Pretendemos agora provar essa afirmação,
Temos visto que as observações, embora relatadas e comentadas de
maneiras diversas, podem ser reduzidas a um número limitado de tipos
definidos, cada um especificamente diferente do outro, possuindo
características encontradas repetidas vezes em todo o campo sob
consideração. O número de observações, entretanto, constitui um obstáculo
aos pesquisadores que como os grupos de amadores e o pessoal do Projeto
Blue Book carecem de métodos para selecionar um estoque muito grande
de dados e processar técnicas e além do mais não possuem recursos
financeiros para computar tempo (Um fato que muitos críticos que lidam com os casos da
força aérea não sabem é que os arquivos do Projeto Blue Book nunca foram sistematicamente
reduzidos a cartões perfurados e, consequentemente, a força aérea não está em condições de dirigir
estudos estatísticos além de um nível elementar).
Nenhuma quantidade muito grande de informações pode ser processada
ou manejada sem índices de referência, baseados em métodos de
codificação. A definição de um excelente código para um dado problema é
assunto de atenção profissional e tentativas para analisar imensas
compilações de relatórios sem tal sistema pode tão somente resultar em
confusão.
Alguns consultores da força aérea, cientes desse problema, têm utilizado
sistemas parciais de codificação. Um exemplo seria a codificação que
conduziu aos resultados do Special Report N? 14; o sistema, entretanto, não
foi mantido pela força aérea no seu último trabalho. Outros consultores da
força aérea planejaram sistemas de codificação para serem usados por eles
mesmos. Em todos esses estudos os relatórios receberam um código mas
não uma classificação.
O primeiro sistema aplicado ao fenômeno UFO como tal foi o método
de classificação/codificação que publicamos em 1963. Originou-se de
nossas
experiências com as observações europeias e tem sido usado, em diversos
computadores digitais, desde 1961. O catálogo preliminar de 500
observações apresentado no Apêndice III aplicou esse código. Nos Estados
Unidos pesquisadores estão trabalhando nessa mesma linha. Técnicas
derivadas de métodos de pesquisas literárias e índices automáticos estão em
desenvolvimento (Olsen) enquanto que outros sistemas para pré-seleção
automática de casos significantes têm sido sugeridos (Powers) mas não
foram testados.
Esses sistemas são particularmente importantes durante as ondas;
quando chegam dúzias de relatórios todos os dias, fica difícil decidir de
imediato quais são as observações que merecem maiores estudos. Durante o
outono de 1957 foram tantos os relatórios que chegaram ao Centro de
Informação Técnica Aéreo que as linhas de comunicação entre as principais
bases da força aérea ficaram obstruídas durante semanas. O fluxo de
relatórios trazia igualmente dados bons e ruins, em tamanha proporção que
durante meses foi impossível fazer uma análise objetiva com os métodos
então (e ainda) em uso em Dayton. Um sistema eficiente como o que foi
aqui sugerido teria eliminado relatórios não significantes, reduzido
consideravelmente o tempo de comunicação por linhas telefônicas e dado
aos pesquisadores um quadro claro de cada caso significante, com
indicações gerais seguras e a direção na qual um estudo plausível do caso
pudesse ter sido pesquisado.
Um segundo trabalho que pode ser executado com facilidade, tendo-se
um bom sistema de classificação é a compilação de catálogos gerais
contendo a história do fenômeno em uma unidade condensada bastante
acessível. Aqui um bom sistema de codificação ajuda muito mais do que
uma técnica de pesquisa literária, a qual é difícil de lidar e pode conduzir a
múltiplos problemas de relevância. Nosso grupo tem usado diversas versões
de catálogos desse tipo, a versão mais recente contém mais de 3 mil
observações. Uma parte difícil na preparação de tal catálogo é a seleção de
casos a serem incluídos na lista.

REGISTRO E COMPILAÇÃO

Qualquer catálogo de vasta extensão é o resultado da combinação de


fontes várias cada uma das quais visa cobrir da melhor maneira possível um
período em particular. Indicações divergentes algumas vezes tendem a
confirmar-se, algumas vezes a contradizer-se umas às outras e se faz, então,
necessário uma escolha. Nosso interesse centralizou-se no ano de 1954, por
causa da homogeneidade, correlação geográfica e uma grande quantidade
de relatórios documentados do espetáculo daquele ano. Fomos capazes de
conduzir uma verificação meticulosa de todas as fontes voltando aos relatos
originais testemunhados, usando jornais, cartas, arquivos particulares, e
nossa papelada pessoal.
Grupos diversos publicaram listas gerais cobrindo grandes intervalos do
fenômeno. Na Europa o maior catálogo disponível é aquele compilado por
Guy Quincy (distribuído particularmente). Nos Estados Unidos os arquivos
mais completos são naturalmente os da força aérea, complementados pelos
da NIC AP e APRO. Em 1965 a NIC AP publicou a maioria de seus casos
arquivados num relatório bem documentado intitulado UFO Evidence.
Falando de um modo geral cada observação de nosso catálogo foi verificada
pelo menos junto de duas fontes independentes.
Todas as observações relatadas de fontes evidentemente estranhas, tanto
como relatórios obviamente lúdicos entraram para uma lista especial com o
propósito de verificar-se sua possível repetição. Também retiramos da
amostra principal todos os casos onde uma explicação simples fora
encontrada, tanto por uma investigação oficial ou como resultado de nossas
próprias análises, e todos os casos onde o “fenômeno” visto fora
demonstrado ser de origem convencional. A seguir os períodos importantes
na história do fenômeno foram examinados detalhadamente e por fim o
catálogo inteiro foi verificado observação por observação.
Essa análise foi executada de acordo com as seguintes regras:
1. Todas as observações relatadas por testemunhas situadas sobre uma área
num raio de ação maior do que 4 ou 5 milhas foram submetidas a um estudo
especial para determinar a possibilidade de serem meteoros. O método
seguido para a eliminação desses casos é ilustrado abaixo.
2. Para o período posterior a 1957 toda a visão de um ponto de luz em
constante movimento (com as devidas reservas para aberrações visuais e
psicológicas) ocorrida entre o anoitecer e a madrugada foi examinado para
ver se um satélite artificial visível a olho nu tinha sido interpretado
erroneamente. Um exemplo de tal interpretação errónea é dado abaixo.
3. Cuidados especiais foram empregados no estudo crítico das observações
“periódicas” porque tais observações podem indicar uma peculiaridade
local que conduza a uma linha interessante de pesquisa, como no caso de
Exeter.
4. Relatórios particularmente notáveis como relatórios de aterrissagem
foram revisados detalhadamente.

METEÓROS E ESTRELAS CADENTES

Estudos das distribuições de tempo das observações mais significantes


não mostraram qualquer correlação com os períodos de atividades dos
principais grupos de meteoros. A interpretação de uma observação como
um meteoro foi entretanto um fato isolado e bem definido e a demonstração
do caráter natural do objeto não apresentou dificuldades.
Quando a distribuição das testemunhas sobre uma vasta região exigia
uma análise especial do caso, o segundo aspecto a ser investigado era a
duração das observações. Se fosse menos de um minuto o caso era
considerado com grande cautela, mesmo se aparentemente apresentasse
características secundárias significantes. Se a duração fosse de vários
minutos, mas não houvesse prova de que o tempo fora medido com precisão
o caso era ainda considerado com alguma desconfiança. Mas se fosse
provado que o objeto tinha ficado à vista mais do que um minuto
definitivamente não era um meteóro.
Quando tanto a distribuição das testemunhas como a duração da
observação tivessem sido consideradas, as declarações feitas pelos deversos
grupos de testemunhas eram examinadas e marcadas num mapa e buscava-
se uma lei cronológica para os acontecimentos. Em geral o tempo era
distribuído aleatoriamente em torno de um valor principal como no exemplo
abaixo. Era então uma tarefa simples para inferir a prova lógica. O caso
seguinte é um exemplo de tal análise.
Em 22 de novembro de 1952 foram relatadas 8 observações na parte
oeste da França, entre 7:00 e 7:30 da manhã. A duração de cada observação
foi muito pequena. Os relatos podem ser resumidos como seguem:

(1) Entre Seeondigny e Bressuire, Deux-Sevres. — Hora desconhecida;


grande objeto azul “em forma de charuto” escondido entre as nuvens.
(2) Cormenon, Loir-et-Cher. - Hora desconhecida; esfera brilhante e barulho
de explosão; fluxo de estrelas multicoloridas.
(3) Malicorne, Sarthe. — 7:00 horas da manhã; luz ofuscante incomum.
(4) Lhomme and Picoiseau, Sarthe. — 7:00 horas da manhã; charuto multi-
colorido, predominando vermelho e amarelo; comprimento 17 a 20 vezes
maior que a largura; ângulo de ascensão 80°; emitia fumaça branca.
(5) Entre Cholet e Saint-Aubin, Deux-Sevres. — 7:00 horas da manhã;
enorme charuto luminoso; descida da ponta primeiro, mudou de cor,
elevou-se novamente devagar, rasto luminoso e desapareceu no ar.
(6) Asse-le-Boisne, Sarthe. - 7:15 horas da manhã; objeto cilíndrico muito
luminoso; azul na frente, vermelho na parte detrás.
(7) Mamers, Sarthe. — 7:20 horas da manhã; luz forte como proveniente de
um foguete.
(8) Malicorne, Sarthe. — 7:30 horas da manhã; círculo muito brilhante, com
uma “onda de estrelas cadentes”.

O objeto dessas observações parece ter sido muito grande e muito


rápido. E consequentemente improvável, na ausência de qualquer meio
seguro para medir o tempo, que as horas dadas pelas testemunhas pudessem
ter qualquer significação maior que os formatos sugeridos (cilíndrico,
círculo, charuto). Parecia antes, que o objeto em questão fora visto por
todas aquelas pessoas simultaneamente e que as diferenças em seis relógios
— ou no cálculo das horas — fosse responsável pela variação de tempo
indicada. Não foram também fornecidas estimativas de duração.
As testemunhas estavam espalhadas sobre uma zona retangular, 100
quilômetros de largura e comprimento duas vezes maior. Em Cormenon
ouviu-se um barulho de explosão acompanhado por “uma esfera brilhante”
e clarões de luz multicoloridos ou estrelas. Em Mamers foi visto uma “luz
forte”. Em Malicorne uma “luz ofuscante”. Esses dados indicam claramente
um meteoro cuja trajetória deve ter sido muito nivelada, na verdade até
mesmo horizontal, até a hora da explosão. Observadores 4 e 5 mencionaram
um objeto em ascensão, ilusão comum quando um meteoro cruza o céu
muito rapidamente com tal trajetória.
A série de observações ocorridas a oeste da França, na manhã de 22 de
novembro de 1952 é, portanto, interpretada como o movimento de um
meteoro viajando na direção leste-nordeste, com uma trajetória nivelada,
que se rompeu na região de Dreux.

SATÉLITES ARTIFICIAIS

Desde 1956, os satélites artificiais da terra introduziram uma nova fonte


de erro e mais um ’’barulho” importante no nosso estudo. Muitas pessoas
mal informadas a respeito dos satélites os têm interpretado erroneamente
como “objetos misteriosos”.
Aqui, novamente, o psicólogo encontra matéria para reflexão. A
passagem de um satélite, que parece separado de todos os elos terrestres, é
uma aparição estampada com imensa clareza. A mente encontra nisso uma
satisfação que pode ser facilmente exagerada quando a testemunha está
preparada para acreditar na natureza fantástica do que viu; interpretações
errôneas das coisas do dia a dia, então, tomam a forma de objetos voadores.
Uma vez que os primeiros minutos da visão sugerem essa origem de outro
mundo, a testemunha não é mais capaz de perceber a evidência, ela “sonha”
através do que restou da experiência.
Algumas pessoas sentem que o fenômeno UFO é, inteiramente, produto
de tal estado psicológico. De qualquer forma essa tendência é encontrada
em aberrações extremas como os relatos dados por “contatados”, que
afirmam que os “discos” são pilotados por seres perfeitos, de grande beleza
física. A necessidade da fuga junta-se com a busca da pureza. No que diz
respeito a isso, na verdade é interessante ver tantas interpretações errôneas
de satélites artificiais depois de todos esses anos.
Entretanto, os movimentos de todos os objetos terrestres lançados no
espaço são informados com precisão e as posições dos satélites artificiais
podem ser verificadas imediatamente ao se consultar uma tabela. Em
poucos casos, onde a data ou a hora da observação foi relatada
erroneamente, exigem-se métodos mais elaborados. O relatório seguinte é
um desses casos.
A fotografia na Ilustração VI foi tirada pelo senhor Samper, em Azazga,
Argélia. Os dados fornecidos pela testemunha foram: data, 6 de agosto de
1961; curso do objeto, sudoeste para nordeste; elevação, pequena;
magnitude do objeto, menor do que Júpiter. A fotografia foi tirada entre
20:05 e 20:10, Hora Universal.
A testemunha enviou seu negativo a Michel, que por sua vez enviou-o a
nós. Como a trajetória e magnitude do objeto eram semelhantes aquelas de
Echo I, como visto da Argélia, pedimos a Pierre. Neirinck, ávido
observador de satélites artificiais, para examinar o negativo mais de perto.
A identificação do objeto foi efetuada da seguinte maneira:

A magnitude extrema obtida pela fotografia é + 6,5 na área do objeto (E) e + 7,5 no centro
superior (Lac), A magnitude aparente do objeto é + 4,3 no início e + 5,4 no final. Declinação de
comparação: + 47°. Redução a declinação 20º: 4,0 no início. Magnitude de Echo I a esta declinação
(valor médio próximo a passagem na altitude média) : + 3,0. Magnitude real do objeto assumindo
uma altitude de 1.500 quilômetros: + 1,5 no início.
Comprimento de arco registrado: 14°6. Velocidade angular dos dados fornecidos pela
testemunha (5 minutos de duração): 0°049 por segundo, uma velocidade muito inferior àquela de
Echo I, mesmo para uma elevação angular de 15°. Verificação de exposição de tempo declarada
através de rastos deixados pelas estradas no filme fotográfico: estrela ponderada 15. E (declinação +
40cq determinada por sua distância polar e média de brilho. Seu rasto, como os rastos de suas
vizinhas próximas, é 0°49, mais ou menos 0°03. A direção das vibrações da câmara parece sem
incidente no comprimento do rasto. Portanto a exposição durou 0°49/0°191 ou em outras palavras
154 segundos = 2,56 minutos, consequentemente a velocidade real do objeto era 14°6/154 = 0°095
por segundo. Essa velocidade concorda perfeitamente com a velocidade de Echo I para a parte da
trajetória que foi registrada. Se for Echo I que está envolvido, devemos concluir que ocorreu um erro
no que diz respeito a hora e data. Três casos são possíveis: erro de 1 ou 2 dias: trânsitos possíveis são
5 de agosto 1961 (Ápice 20.05.21) ou 8 de agosto (Ápice 20.10.9). Erro de uma hora: trânsito
possível 6 de agosto. Ápice 21.25.26.
A questão pode ser resolvida pelo estudo das coordenadas do primeiro ponto da trajetória
registrada. Essas coordenadas são: 23h 01, + 47° e as correspondentes coordenadas locais:

data relatada: 6 de agosto às 20:05 H.U. Azimute 52° Elevação 27°0


terceiro caso: 6 de agosto às 21:05 H.LT. Azimute 55° Elevação 36°5
primeiro caso: 5 de agosto às 20:05 H.U. Azimute 52° Elevação 26°4
segundo caso: 8 de agosto às 20:05 H.U. Azimute 53° Elevação 28°3

O terceiro caso dá um ponto muito distante para o azimute e elevação indicadas (para uma
altitude de 1.500 quilômetros) e 21:29 horas H. U. Nenhuma correspondência nesse caso. O segundo
caso dá um ponto às 20:12 horas, mas 300 mais distante. O primeiro caso situa o ponto
correspondente ao azimute e elevação dadas a 20.01.4 e a distância geocêntrica, com respeito ao
observador, exatamente igual à elevação observada: 18° ou 2,000 quilômetros. A distância de linha
reta é 2.670 quilômetros. A magnitude aparente de Echo I (+ 3 próximo a passagem meridiana, nas
fotografias) está àquela distância + 4 nas fotografias. A velocidade angular também confere. Portanto
a fotografia corresponde aos seguintes dados:
Satélite artificial Echo I. Data: 5 de agosto de 1961.
Duração da exposição: das 20.01.4 às 20.04.0 H.U.
Local: Azazga, Argélia.
O sol pôs-se localmente às 18:52 H.U., a imagem deve ter sido completamente exposta, apesar
da breve exposição de tempo.

O PLANETA VÊNUS

Nenhum outro objeto foi interpretado erroneamente como “um disco


voador” com tanta frequência como o planeta Vénus. O estudo desses erros
resulta realmente instrutivo porque mostra as limitações da percepção
sensória! e a insuficiência dos relatos no que diz respeito ao formato e
movimento de pontos de origem ou objetos com diâmetros aparentes
pequenos.
A identificação de um relatório como uma interpretação errônea de
Vênus ou outro planeta brilhante ou estrela é irrefutável quando o analista
trabalhou a partir de descrições adequadas e dados posicionais precisos. A
aparência do objeto, seu diâmetro aparente, sua cor, sua gradual coloração
avermelhada ao alcançar o horizonte, mudanças aparentes de formato e cor
quando visto através de um instrumento ótico medíocre (binóculos,
telescópio de pequena abertura), a duração da observação e seu curso
vagaroso em direção oeste, tudo isso fornece padrões positivos. Em
inúmeros casos que vimos nos arquivos da força aérea as testemunhas
tinham dado medidas de posição em coordenadas locais e até mesmo
fotografias; tudo isso pode ser verificado de maneira precisa recorrendo-se a
tabelas astronômicas para o dia e hora determinados. Vamos revisar certas
descrições, constatadas serem observações de Vênus, relatadas como
“discos voadores”. Esses erros foram comuns nos
Estados Unidos durante a onda de 1957. Graças a uma simples análise, tais
relatórios indesejáveis podem ser eliminados. Todas as observações são de
novembro de 1957 (arquivos do Projeto Blue Book). As horas foram
convertidas a hora média de Greenwich.

1 — Detroit, Michigan, 1? de novembro, 11:35 horas. Objeto redondo,


tamanho de uma ervilha, verde e branco. Observado parado durante uma
hora. Tremeluzente.
2 — Long Beach, New York, 3 de novembro, 9:30 horas. Objeto redondo,
tamanho de uma moeda quando no máximo de seu esplendor e da cabeça de
um alfinete no mínimo. Emitindo “feixe de luz”.
3 — Milwakie, Oregon, 5 de novembro, 2:00 horas. Grande objeto oval,
laranja brilhante, misturado com branco. Desapareceu no horizonte. Visto
por uma hora.
4 — Port Arthur, Ontario, Canadá, 5 de novembro, 11:15 horas. Objeto de
forma oval, tamanho entre uma ervilha e a cabeça de um alfinete. Tamanho
estimado 20 vezes maior que a Estrela Polar. Com um brilho branco,
mudando para laranja e novamente para branco. Parecia envolto por uma
névoa branca. Segundo alguns observadores no grupo, o interior da parte
iluminada apresentava uma aparência “escamosa”. Uma partícula preta
movia-se lentamente no objeto, em sentido inverso ao movimento dos
ponteiros do relógio, através do qual as testemunhas puderam deduzir que o
objeto completara uma rotação por minuto, a névoa que envolvia o objeto
era três vezes o seu diâmetro. A cor mudou para vermelho quando alcançou
o horizonte. O objeto seguiu um curso a oeste do começo ao fim da
observação, que foi feita com binóculos e durou uma hora e trinta e cinco
minutos.
5 — Aiken, Carolina do Sul, 5 de novembro, 11:30 horas. Objeto em forma
de charuto. Tamanho de uma ervilha à distância. Com um brilho branco de
aparência fluorescente. Pontos brancos brilhavam dentro do objeto. Uma
cauda longa com três rastos - pareciam “chamas azuis” — quase do
tamanho do objeto. Nenhum som. Parado a maior parte do tempo, com
movimentos súbitos para os lados. Parecia dirigir-se para longe do
observador e, então, desapareceu gradualmente, tornando-se vermelho e
depois âmbar. Observado com binóculos durante quase uma hora.
6 — Texas e Novo México, 6 de novembro, 3:00 horas. Objeto do tamanho
de uma bola de basquete. Prateado, passando para o vermelho, parecia estar
girando, desceu em direção a sudoeste e desapareceu gradualmente. Visto
durante 20 minutos com binóculos.
7 — Buffalo, Nova York, 6 de novembro, 10:30 horas. Objeto em forma de
pera, tamanho de um B-52, metálico, suspenso no ar a sudoeste e, então,
desapareceu. Visto com binóculos durante aproximadamente 20 minutos.
8 — Hopkins e Saint Paul, Minnesota, 11 de novembro, 00:30 horas. Objeto
de cor variável, vermelho para laranja, algumas vezes mudava para um
branco brilhante, tamanho de bola de baséball. Observado com binóculos e
telescópio durante 30 minutos. Moveu-se três vezes em três minutos.
Movia-se, parava, movia-se novamente e assim por diante. Curso, sudoeste.
9 — Saint Charles, Missouri, 12 de novembro, 00:10 horas. Objeto redondo
com um corte triangular na parte de cima. Tamanho de uma estrela grande.
Observada em direção ao sul, durante uma hora. A parte redonda era branca
e a triangular vermelha. A última estava girando “como serpentinas num
poste em um parque de diversões”. Nenhum som. O objeto fez movimentos
laterais e verticais.
10 — Harrisburg, Pennsylvania, 15 de novembro, 11:20. Objeto com
formato de ovo visto durante meia-hora com binóculos. Branco a princípio,
então desapareceu, deixando pontos vermelhos no céu. Estava girando e
parecia emitir pontos de luz.
11 — Dayton, Ohio, 20 de novembro, 10:15. Objeto de aspecto sólido,
parado durante 20 minutos. Completamente branco. Parecia ter 4 pontos.
Tamanho de um farol de carro. Visto em direção a sudoeste.
12 — Santa Rosa, Texas, 25 de novembro, 8:45. Objeto visto por mais de 3
horas, movendo a oeste. Redondo, do tamanho de uma bola de baseball.
Cor: marron quando visto através de binóculos, branco a olho nú.

O estudo dos diversos relatórios nessa categoria é interessante, porque


conduz a certas observações concernentes à confiança das testemunhas, ou
pelo menos a maioria delas. Todas aquelas pessoas estavam enganadas e
eram observadores medíocres — olhar para Vênus com binóculos durante 3
horas e não perceber que aquilo não era exatamente uma performance
gloriosa - e todos induzidos erroneamente por sua imaginação. Em seus
relatórios enviados à força aérea, afirmaram terem visto um “disco-voador”.
Mas o que descreveram? Um fenômeno perfeitamente natural, com as
devidas reservas para distorção atmosférica, instrumentos óticos medíocres
e imaginação humana. Descreveram exatamente o que viram. Afirmaram
terem ficado “paralisados”? Não. Viram “portinholas” ou por acaso o motor
de seus carros ou aparelhos de TV foram afetados pelo objeto? Não. Seus
erros estão inteiramente dentro dos limites naturais, e ilustram igualmente
bem tanto a falibilidade dos sentidos humanos e da imaginação como a
sinceridade e honestidade total das testemunhas. Suas descrições foram tão
claras e honestas que a força aérea foi capaz de identificar a origem da
observação por intermédio de suas próprias descrições, mesmo quando a
imaginação desempenhou um papel considerável como no caso número 9.
Acreditamos que essa observação é importante, porque demonstra que as
testemunhas, algumas vezes aludidas como um monte de pessoas
inexperientes e não instruídas mas com grande capacidade de imaginação,
são na verdade cidadãos perfeitamente responsáveis e de confiança, que, ao
enviar seus relatórios às autoridades militares, até mesmo demonstraram um
nível de consciência cívica bem acima da média.
Usar as observações errôneas - inúmeras que possam ser - para apoiar a
afirmação de que o fenômeno UFO não existe é simplesmente desonesto,
pois análises calmas e objetivas dos fatos mostram que o “boato”, o
“barulho” pode ser eliminado exatamente por causa da fidedignidade das
testemunhas. As normas para essa eliminação são tão simples e claras que
esse trabalho podia ser executado automaticamente por um computador,
exatamente como o trabalho de codificar as observações. Somente
enfatizamos essas visões falsas para mostrar que estamos perfeitamente
cientes delas, que obedecem leis claras, e que o pesquisador honesto e
propriamente treinado pode eliminá-las com grande facilidade. Os relatórios
que permanecem em sua mesa, quando essa eliminação for efetuada terão
características completamente diferentes.
A Misteriosa Luz Voadora que pairou sobre St. Mary’s College, Oakland, dirigindo-se depois para
San Francisco. É exatamente igual àquela descrita pelo povo de Sacramento e semelhante à gravura
publicada há alguns dias atrás no “The Call” de uma descrição fornecida por alguém que a vira.

Ilustração I

Gravura publicada em San Francisco Call, novembro de 1896. Donald Han- lon, que catalogou mais
de 150 observações para a onda de 1896-97, declarou que o objeto fora visto por todo os Estados
Unidos e se tornou popularmente conhecido como “O Dirigível”. Era altamente manobrável e
equipado com luzes potentes; aterrissou diversas vezes e definitivamente não era trabalho de um
artífice local.
Ilustração II

Desenho publicado pelo jornal britânico Peterborough Citizen andAdvertiser, 24 de maio de 1909.
Mostra o “navio aéreo” observado pelo policial P. C. Kettle, “uma testemunha inteiramente digna de
confiança”. O objeto chamou a atenção de Kettle pelo barulho que fazia, “semelhante ao de um
automóvel”. O objeto parecia estar equipado com um holofote potente.

Ilustração III

Essas três fotografias foram tiradas perto de Namuf, Bélgica, em 5 de junho de 1955. Acredita-se
serem autênticas porque na exposição n9 2 o objeto é visto atrás de um rasto condensado que não
poderia ter se formado a uma altitude inferior a 1.500 metros, segundo os meteorologistas
profissionais que analisaram as fotografias. Nessas bases, o diâmetro mínimo do objeto deveria ser
12 metros. Um astrônomo profissional, também examinou os negativos e chegou à conclusão de que
não eram forjadas.

Ilustrações IV

Imagens registradas pelos analisadores de trajetória no Observatório Forcai quier, na França, durante
a noite de 3 para 4 de maio de 1957 (veja Capítulo Um). A fotografia de cima foi tirada pela câmara
fixa, a de baixo pela Câmara em rotação, que revela menos detalhes. Note a mudança na posição
relativa das duas imagens, provando não ser um caso de defeito na emulsão.

Ilustração V
Cenário da observação do Lago Raven Dam, em outubro de 1958. Essa
fotografia da força aérea foi tirada do local onde o carro das testemunhas
parou ao aproximar-se de um objeto brilhante suspenso sobre a ponte (veja
Capítulo Dez).

Ilustração VI

Exemplo de uma interpretação errônea frequente: esse “objeto não


identificado” fotografado na África do Norte, em agosto de 1961, por uma
testemunha perplexa, é na verdade o satélite artificial Echo I (veja Capítulo
Seis). Tais erros são comuns mas facilmente reconhecidos.
Ilustração VII

Essa fotografia de um objeto voador escuro foi tirada na China Vermelha


em 1961.
Ilustração VIII
Marca encontrada em Socorro, Novo México, de uma aterrissagem em abril
de 1964, pelo grupo investigador da força aérea (veja Capítulo Dois).
Capítulo Sete - UM MUNDO DE RELATÓRIOS

ACONTECIMENTOS EM PERSPECTIVA

Observações muito semelhantes àquelas relatadas desde 1946 e


acompanhadas pelo mesmo tipo de repercussão na opinião pública
ocorreram no passado. Sua inclusão num estado do fenômeno depende do
ponto de vista - físico ou psicológico — adotado para tratar o problema.
Para Jung, a assimilação das observações antigas de objetos circulares
nos relatórios modernos não exigia justificativa particular, porque o
psicólogo está preocupado com o “disco voador” como um arquétipo. De
fato, como disse Jung:

Se os objetos redondos e brilhantes que aparecem no céu são considerados como visões
dificilmente poderemos evitar interpretá-los como imagens psíquicas do inconsciente coletivo.

Aqueles que abordam o problema com outro objetivo e notavelmente


aqueles que buscam interpretações físicas, não podem opor-se em justificar
essa assimilação em bases mais concretas. Tradição popular, eles dizem,
fornece-nos muitas lendas e essa mesma tradição está na origem das
invenções estranhas de hoje, portanto aquelas peças remotas de evidência,
particularmente aquelas que descrevem corpos circulando a grande
distância da terra, são para se desconfiar.
Aqui, entretanto, os arquivos astronômicos fornecem-nos um interesse
material para referência. Eles contêm inúmeros exemplos de “corpos
celestes” opacos vistos por astrônomos profissionais. Nos séculos XVIII e
XIX tais corpos eram frequentemente vistos contra o disco do sol ou da lua.
Algumas dessas observações foram tão bem demonstradas que o astrônomo
francês Leverrier usou-as para calcular a órbita de Vulcano, o plane ta
hipotético que pensava-se, então, girar entre o sol e a órbita de Mercúrio,
mas nunca foi descoberto. Em 1947, L. Rudaux escreveu:

Observadores do disco solar têm visto algumas vezes enigmáticos corpos celestes, com o
formato de pequenas manchas pretas passando à sua frente; comportam-se exatamente do
mesmo modo que os planetas Mercúrio e Vénus - sendo feitas todas as devidas reservas -
quando esses dois planetas interpõem-se, em tempo determinado e específico, exatamente entre
o sol e a terra; a descrição desses corpos como enigmáticos significa que não sabemos o que são
e que lugar ocupam entre os corpos.

Charles Fort tem se dedicado à compilação de listas enormes de tais


observações em livros bastante interessantes. Enquanto conservamos as
observações dentro do nosso esquema geral de análise, sentimos que na
falta de qualquer evidência nova para sua existência, a natureza desses
“corpos” fica no momento fora do alcance de qualquer discussão séria.
Consideraremos somente aquelas observações cuja latitude e longitude
possam ser definidas pelo menos aproximadamente, isto é, relatórios de
testemunhas descrevendo a observação de um corpo na atmosfera.
O número de tais observações no passado sobre as quais levantou-se o
problema da identificação com o fenômeno UFO é contudo bastante
notável. Mencionaremos, principalmente, os casos dos “meteoros
incomuns” relatados em diversas publicações científicas, aos quais Camille
Flammarion deu o nome de “bradytes” ( “bradytes” significa meteóros
extraordinariamente vagarosos). Como vimos (no Capítulo Um, “O Caso
das Bólides Falsas”) os observadores geralmente relatam um corpo circular
ou em forma de estrela que movia-se pelo céu muito devagar para ser um
meteóro cadente. Além do mais, alguns desses relatórios mencionam
mudanças de direção de ângulo-reto, mudanças de aceleração e até mesmo a
descida de um ou vários objetos às proximidades do solo — as mesmas
características das observações de hoje.
Embora os casos relatados pela tradição popular devam ser abordados
com considerável cautela, não devemos entretanto rejeitá-los. Do ponto de
vista psicológico, em muitos aspectos são mais interessantes que
observações feitas por cientistas profissionais, visto que participam mais
diretamente das características do boato. Por outro lado, sua analogia com
as observações de hoje e a semelhança dos efeitos produzidos na opinião
pública, indicam que o fenômeno UFO não é característica exlcusiva da
“Idade espacial” e que a causa objetiva de suas manifestações — qualquer
que possa ser essa causa — não é de manifestação recente.
É importante ter em mente que essas observação não eram atribuídas a
seres de outros planetas, mas eram geralmente acolhidas como sinais da
Divina Providência; as características dos fenômenos estavam às vezes tão
misturadas com o boato visionário que era extremamente difícil estabelecer
os limites do fenômeno. Na América do Sul e outras regiões onde
prevalecem hábitos de civilização relativamente primitivos, algumas
observações recentes são ainda interpretadas dentro do mesmo contexto,
como presságios religiosos. Em 23 de setembro de 1965, o povo em
Cuernavaca, México, acreditou estar ocorrendo a Segunda Vinda de Cristo,
quando um disco enorme, de luminosidade fantástica chegou bem perto do
solo e a força elétrica parou mis te ri os amente. Decerto, psicólogos e
sociólogos serão tentados a incluir num estudo sobre UFOs alguns
relatórios de “milagres” e outros acontecimentos incomuns que estão
indiscutivelmente ligados, como estão as observações de “discos voadores”,
a uma matriz emocional. Somos de opinião que os físicos não deveriam
deixar-se arrastar pelas discussões desses casos antes de fazerem uma
revisão geral sobre as teorias que os envolvem; deveriam centralizar seus
estudos em relatórios que possam definir com precisão a longitude e
latitude e que estejam livres de qualquer contexto tipicamente religioso ou
lendário. Com essas restrições, as observações do passado transmitidas a
nossa época deveriam estar incluídas numa análise objetiva do fenômeno.

O PERÍODO AMERICANO

Observações Feitas por Pilotos

Relatórios de objetos semelhantes a “discos-voadores” feitos durante o


último período da II Guerra Mundial são vagos e difíceis de analisar. As
duas partes divergentes estavam bastante excitadas sobre essas observações
as quais pensavam ser inventos secretos desenvolvidos pela outra parte.
Davam um nome “delicioso” para esses primeiros “discos”: “balões de
altitude, de grande velocidade”! Havia um outro nome bastante popular
entre os pilotos, que chamavam esses corpos misteriosos de “guerreiros de
fogo55.
A maioria dos relatórios preservados desse período foram feitos pelas
tripulações do esquadrão de bombardeio dos Aliados. O fato de que os
assim chamados balões eram capazes de voar contra o vento em formação e
voar sobre a melhor aeronave a qualquer velocidade preocupava muitas
pessoas, mas os relatórios não criaram tumulto algum na opinião pública —
acontecimentos mais sérios ocorriam diariamente. Os relatórios eram
estudados por diversas autoridades dos Serviços Secretos, que estavam
ansiosos para chegar às origens do mistério.
A impossibilidade de identificar os “objetos” como máquinas
propulsoras de qualquer espécie imaginável tomou-se logo evidente.
Quando as investigações feitas no fim da guerra estabeleceram que
nenhuma máquina voadora de origem terrestre estava envolvida, o assunto
foi esquecido e só foi levantado de novo quando se desenvolveram ondas
progressivas a partir de 1947.
A maioria das observações dos “guerreiros de fogo” ocorreram depois
de 1944, (embora fossem vistos na Suécia já em 1939) principalmente na
Europa Setentrional, Japão e na Bacia Mediterrânea, de Portugal à Turquia.
Às vezes envolviam “corpos isolados” outras vezes “formações”. Conta-se
que houve um caso, por exemplo, em que um avião de bombardeio B-24
fora seguido por 13 discos. A partir desse período começaram a aparecer
traços marcantes, o fenômeno consistia da observação de um objeto
definido, de forma discoide ou globular. Quando vários desses “objetos”
apareciam juntos, suas evoluções estavam ligadas mutuamente. A altitude
em que ocorria o fenômeno era a mesma das aeronaves, mas a velocidade e
mobilidade dos “objetos desconhecidos” eram superiores Às das aeronaves;
pareciam estar seguindo as evoluções dessas sem empregar movimentos
que pudessem ser interpretados como ataque.
Mais tarde esse tipo de fenômeno fora relatado em combinação com
outras características. Relatórios mencionavam objetos de formas diferentes
executando evoluções harmoniosas e discos imóveis a uma altitude média;
mas antes de 1947 os “guerreiros de fogo” moviam-se rapidamente a grande
altitude. A partir dessa data tornam-se frequentes as observações ao longo
das rotas das companhias de aviação. E os “objetos” não eram mais sempre
descritos como discos.
Um relatório clássico a esse respeito é o de Chiles e Whitted, dois
pilotos da Eastern Airlines que a bordo de um D-C 3, às 2:45 da manhã, do
dia 25 de junho de 1948, viram algo que descreveram como um charuto de
aparência metálica com uns 30 metros de comprimento, duas vezes mais
espesso que um Dakota e sem asas, emitindo uma luz intensa, a qual
“tremia” acima e abaixo da fuselagem, como a luz ao longo de um tubo de
néon. Os pilotos disseram que esse “charuto” tinha duas fileiras de
portinholas “brilhando com uma luminosidade sobrenatural”, como se
estivesse sendo queimado magnésio no interior da nave. Chiles disse que na
frente da máquina havia um ponto semelhante a antena de radar. Por detrás,
um jato de chama de 10 a 15 metros de comprimento, laranja e avermelhado
nomeio e mais claro nas extremidades. Quando parecia estar somente a
alguns metros do avião, a chama atrás do objeto transformou-se num feixe
de luz muito forte, sacudindo o D-C 3 com seu deslocamento de ar, a
máquina zarpou rapidamente como um foguete no céu e desapareceu em
questão de segundos.
Observações de “Bola de Fogo’’
Em diversas ocasiões e sob as mesmas condições que acabamos de
descrever, pilotos militares têm relatado observações de “corpos aéreos”
com características completamente diferentes. Enquanto que objetos, tais
como o “charuto”, observados por Chiles e Whitted eram geralmente
interpretados como “máquinas”, os que vamos rever aqui eram
caracterizados por seu pequeno diâmetro, agilidade e duração das visões.
Um relatório clássico é o que foi feito pelo Tenente G. F. Gorman, membro
da Guarda Nacional de North Dakota.
A testemunha preparava-se para aterrissar seu Mustang F-51 no
aérodromo em Fargo, North Dakota, em 1º de outubro de 1948, quando viu
distintamente uma luz seguindo seu avião. Era uma “bola com uma luz
branca muito intensa, uma esfera perfeita, com uma espécie de auréola ao
redor das extremidades”. Seu diâmetro não parecia exceder 30 centímetros
(mais ou menos um pé) e tinha uma espécie de pulsação. “Ao me
aproximar”, disse Gorman, “a coisa de repente ficou estacionária, um pouco
antes de fazer uma curva fechada e ir-se embora”. Durante 30 minutos
Gorman tentou alcançar a “bola” enquanto duas pessoas a bordo de outra
aeronave e duas testemunhas na torre de controle observavam seus esforços.
No fim do período de observação a bola de luz elevou-se
constantemente, conduzindo a aeronave acima do limite de sua capacidade
de ascensão e, então, depois de um salto vertical, desapareceu “a uma
velocidade espantosa”. Foram sugeridas várias explicações e algumas delas
são até plausíveis. A própria testemunha declarou estar convencido de que
estivera lu- tanto contra “alguma coisa controlada por uma inteligência”.
Ele disse aos pesquisadores que estava convencido de que o objeto era
governado por leis de inércia, porque suas acelerações, embora bruscas, não
eram imediatas e, embora fosse capaz de fazer curvas extremamente
fechadas a alta velocidade ele seguiu uma trajetória curva.
Tem havido várias observações desse tipo, como por exemplo a do
Tenente H. G. Combs, no Campo Andrews, perto de Washington, D. C., em
18 de novembro de 1948.
Primeiras Visões de Objetos Próximos ao Solo

Esses aspectos foram observados a partir de 1946. Conta-se que alguns


dos “foguetes fantasmas” da onda escandinava “aterrissaram” e depois
decolaram novamente, mas esses incidentes eram tratados com total
incredulidade e passaram despercebidos no meio de inúmeros relatórios
feitos por pilotos civis ou militares.
Em abril de 1947, na França, em Col-de-Serres (vale do rio Clarry,
Cantai) o Sr. Orliange afirmou ter visto “um disco com um domo”, de 30
metros de diâmetro, o qual voava a baixa altitude. Em 13 de agosto de
1947, um disco foi visto em Twin Falis, Idaho, novamente a baixa altitude.
Conta-se que ao passar sobre uma floresta as árvores dobraram-se, como
que dominadas por um vento violento.
Tanto quanto sabemos, esses são os exemplos mais antigos de “discos
voadores” com uma estrutura definida (domo) e produzindo efeitos físicos
(dobramento de árvores) na superfície da terra no período pós-guerra. As
visões não são tão bem documentadas como se podia esperar, mas como
aquela de Chiles e Whitted (com as portinholas, a turbulência afetando a
aeronave e os 30 metros de diâmetro) elas são coerentes e devem ser
consideradas.
Os traços fundamentais da concepção de “disco voador” como um
objeto parecem já ter sido estabelecidos nessa época (1947). Encontram-se
dois tipos de objeto, um deles de pequenas dimensões e comparado a uma
esfera de pura luz, o outro descrito como charutos ou discos e geraímente
interpretados como máquinas.
O movimento desses corpos não é nem o movimento cadente de um
metèóro nem a flutuação vagarosa de um balão. A observação não é
transitória, ela não termina com o súbito desaparecimento ou a explosão ou
“desintegração” do objeto. Ela persiste durante pelo menos diversos
minutos, desenvolve-se de maneira contínua e coerente (movimentos
interpretados como “manobras”) e termina com esses corpos fugindo a alta
velocidade quando perseguidos. Não se encontra nenhuma indicação de
propulsão semelhante às técnicas usadas por nós. Os objetos são
silenciosos.

O PERÍODO EUROPEU
De 1947 a 1952 a maioria das observações ocorreram nos Estados
Unidos. Em 1952 observações que revelavam incontestáveis padrões bem
definidos de grande interesse geral ocorreram na Europa.

Primeiros casos do Tipo II

Uma revisão pormenorizada das observações em Oloron e Gaillac


completarão a lista dç traços característicos do fenômeno. Esses relatórios
representam o pináculo na história do fenômeno e apresentam um tipo de
observação que poderia tornar-se muito importante, acabando de uma vez
por todas com os dois grupos de interpretações — física e psicológica.
A testemunha principal da observação de Oloron, vista por centenas de
pessoas, foi Yves Prigent, de Oloron College, que fez o seguinte relato à
imprensa:

Ao norte, contra o fundo do céu flutuava uma nuvem de formato estranho. Acima dela, um
cilindro estreito e comprido, aparentemente inclinado a um ângulo de 45°, avançava
vagarosamente na direção sudoeste. Calculei sua altitude a 2 ou 3 quilômetros. O objeto era de
cor esbranquiçada, não luminoso e com contornos bem distintos. Uma espécie de espiral de
fumaça branca escapava da parte superior de sua extremidade. A alguma distância, à frente
desse objeto cilíndrico, mais ou menos outros 30 objetos viajavam no mesmo curso. A olho nu
pareciam bolas disformes semelhantes a baforadas de fumaça, mas com binóculos podia-se
distinguir uma bola vermelha no centro e à sua volta uma espécie de anel amarelo inclinado a
um ângulo considerável da parte central. Essa inclinação escondia a parte inferior da esfera
central quase completamente, mas deixava a parte superior visível. Esses objetos viajavam aos
pares, seguiam uma trajetória imperfeita, caracterizada em poucas palavras, por um rápido
ziguezague. Quando dois deles moviam-se perto um do outro aparecia um rastro branco entre
eles, como um arco elétrico. Todos esses estranhos objetos deixavam atrás de si um rasto
abundante, que se desintegrava ao cair vagarosamente em direção ao solo. Por diversas horas
pôde-se ver fragmentos desses rastos pendurados nas árvores, nas linhas telefônicas e tetos das
casas.

Essa observação ocorreu em 17 de outubro de 1952. Dez dias mais tarde


fora observado em Gaillac “um charuto comprido, inclinado a um ângulo de
450 com uma coluna de fumaça, viajava lentamente em direção sudoeste,
rodeado por 20 objetos que brilhavam à luz dó sol e voavam aos pares,
muito rapidamente numa espécie de ziguezague”.
Essas descrições parecem amoldar-se a três grupos de observações:
primeiro, os casos dos tempos históricos, como aqueles relatados por Jung,
com descrições de grandes grupos de objetos esféricos, seguidos por
“cilindros” e “tubos”, em posições vertical ou inclinada; segundo,
observações de enormes charutos relatados a grandes altitudes, nos arquivos
americanos (sobre esses objetos, Keyhoe escreveu que observadores
experientes estimaram seu comprimento entre 200 ou 300 metros, e alguns
relatórios mencionam até mesmo comprimentos maiores); e finalmente, as
observações francesas do outono de 1954 que fornecem descrições mais
detalhadas desses enormes objetos em forma de charuto. Voltaremos a falar
a respeito de suas características num estudo sobre o aspecto físico dos
relatórios no capítulo Nove.

Objetos Estacionários

A densidade da população da Europa Ocidental, onde 0 fenômeno UFO,


particularmente, difundiu-se durante o outono de 1954, fez com que fosse
possível obter ótimas descrições do funcionamento dos objetos, incluindo
inúmeros casos de observações estacionárias. Em determinadas
circunstâncias as testemunhas relataram até mesmo objetos imóveis a baixa
altitude.
Um exemplo de uma observação que possui essa característica é o caso
que ocorreu em Feyzin, às 23:20, em 15 de outubro de 1954, A testemunha
Roland M., 19 anos, fez o seguinte relato à imprensa:

Estava andando de motocicleta entre La Begude e Corbas na rodovia local V 02. Estava a
uns 200 metros do forte de Feyzin, quando de repente uma luz branca, vinda do céu passou pela
rodovia e atravessou-a. Parei e olhei para a luz, que estava imóvel. Então, descobri que vinha da
parte superior de uma massa escura suspensa a uns 10 metros acima do solo e a 50 metros
distante de mim. A massa preta parecia elíptica. Observei por um instante, e então, ouvi um som
fraco como o de uma espoleta molhada; por debaixo da aeronave saiam faíscas, a qual elevou-se
com a velocidade de um raio.

Às 20:30 horas mais ou menos, em 18 de setembro de 1954, duas vi-


sões com as mesmas características ocorreram numa parte do mundo
completamente diferente. Costa do Marfim, na África.
Em Danae, um objeto vermelho luminoso, de formato circular ou
elíptico fora visto por um grande número de pessoas. Apareceu no céu a
uma velocidade espantosa, parou no ar e permaneceu imóvel durante 5
minutos emitindo uma luz brilhante o tempo todo e então desapareceu a alta
velocidade. Em Soubre (250 quilômetros a noroeste de Abidjan) ocorreu
uma observação brilhante. Um “objeto” chegou a alta velocidade, ficou
parado sobre a cidade durante vários minutos e depois desapareceu no céu
sem nuvens, o seu tamanho e brilho diminuíram rapidamente. O chefe
administrativo de Soubre estava entre as testemunhas.
Foram determinadas coordenadas gerais bem definidas dessas
observações porque as testemunhas tiveram tempo para observar a posição
do fenômeno; é, portanto, interessante reagrupá-las porque permitem
somente um número pequeno de interpretações. A teoria do meteoro, em
particular, está fora de cogitação. Mas as características dos objetos não são
diferentes daquelas que já encontramos. As testemunhas relatam a
observação de “corpos discoides”, as dimensões e funcionamento destes
permanecem idênticos àqueles objetos descritos em movimento contínuo
através da atmosfera.

Panorama Geral das “Aterrissagens” de 1954

Embora fosse comum á observação do fenômeno a baixa altura antes de


1954, casos nos quais as testemunhas descreviam um objeto em contato
com o solo eram excepcionais até o outono de 1954. Na falta de qualquer
documentação completa os casos absolutamente fantásticos, relatados antes
desse período devem ser excluídos de uma análise totalmente objetiva
designada a elucidar a natureza física do fenômeno. No sentido exato da
palavra, entretanto, não podemos recusar a incluí-los num estudo estatístico
que pode conduzir a interessantes observações sociológicas. Um caso
desses seria o incidente de Sutton, West Virgínia em 12 de setembro de
1952, onde foi descrito um objeto no solo e seu “ocupante” referido como
“monstro”.
A situação ficou completamente diferente depois de setembro de 1954.
O número de casos bem descritos confirmados por investigações oficiais,
envolviam testemunhas realmente dignas de confiança muitas das quais
tinham educação técnica; isso excluía possibilidade de muitas interpretações
convencionais. Tomaremos como exemplo um caso notável ocorrido em
Foussignargues, em 27 de setembro de 1954.
Às 2:30 da manhã, a senhora Julien e seu filho Andre, de Besseges,
desceram do ônibus em Foussignargues. O ônibus partiu em direção a
Gagnieres, e enquanto caminhavam para casa notaram no céu um objeto
vermelho luminoso envolto por uma auréola de luz, descia em direção ao
leste, o objeto desapareceu por detrás de uma colina. Soube-se mais tarde,
que de uma ponte situada a algumas centenas de metros a nordeste, as
pessoas do ônibus viram algo semelhante.
Dez minutos mais tarde, em Reveti, a senhora Roche viu de sua sacada,
nas colinas, dando vista para a mesma rodovia, uma luz vermelha que
emanava de um objeto redondo luminoso, que aparentemente encontrava-se
no solo a uma distância de 100 metros.

O objeto dava a impressão de um tomate luminoso. Cinco ou seis hastes verticais, de


considerável espessura, emergiam do centro do objeto para a parte superior.

O fenômeno foi, também, observado pelo senhor Roche durante 20


minutos. Como não existia nenhum departamento de investigação oficial na
França, não havia nenhuma autoridade para chamar. Entretanto, o senhor
Roche perturbado pela observação, não conseguia dormir; assim sendo saiu
novamente às 3:30 da manhã - o objeto estava ainda no mesmo lugar,
emitindo a mesma luz vermelha. Sua curiosidade foi vencida pelo medo, a
testemunha não teve coragem de aproximar-se do objeto e entrou na casa.
De madrugada o objeto - o que quer que fosse — tinha partido (jornais
franceses de 2 e 6 de outubro).
Pela mesma razão que os casos de objetos estacionários são dignos de
nota, esses relatórios envolvendo UFOs no solo merecem atenção. Bem
definidos em suas coordenadas, permitem uma base segura para estudos
topográficos e a busca para possíveis padrões, como veremos num estudo
mais detalhado sobre as “aterrissagens” no Capítulo Nove. Esses relatórios
são muito importantes para os psicólogos, porque estabeleceram as bases
para o boato; a opinião pública está muito mais interessada sobre as
abordagens próximas do que observações no ar, as quais são sempre
acessíveis a explicações físicas mais ou menos sofisticadas.
As características típicas dos relatórios que descrevem objetos sobre ou
bastante próximo ao solo podem ser resumidas como segue:

1. O objeto descrito revela rotação simétrica ao redor de um eixo vertical.


Tem dimensões moderadas (alguns metros).
2. O contorno do objeto é claro e bem definido. Se é escuro ou luminoso,
não é descrito como sendo “essencialmente luminoso”, no sentido de que a
luz emitida por ele pareça estar localizada em uma parte do objeto ou
“radiada” pela sua superfície inteira, a qual é descrita como material.
3. O aparecimento ou desaparecimento do objeto em geral não ocorreu de
repente. Seu comportamento (diferente de um fenômeno ótico) é constante
e coerente: o objeto é visto chegar, aterrissar, permanecer no solo por um
período mais ou menos prolongado e, então, parte novamente, em geral
num curso vertical que o tira da vista no zénite dentro de alguns segundos.
4. 0 objeto não é visível unicamente em uma posição ou a partir de um
ângulo favorável. É visto por pessoas em posições diferentes ao seu redor,
encobrindo objetos ou parte da paisagem situada atrás dele, exatamente
como um corpo material faria. Sua dimensão angular pode assim ser
estimada a partir das áreas que ele intercepta, por exemplo a aterrissagem
em Ma- rignane. De acordo com todas as observações os objetos possuiam
espessura.
5. A observação do objeto é freauentemente relatada por grupos diferentes
de testemunhas independentes, isto é, grupos de pessoas que nunca se
viram, que nem se conheciam.

O MUNDO INTEIRO

Como resultado da censura exercida na Europa e a falta de interesse por


parte da imprensa depois de 1954, até pouco tempo atrás muitas pessoas
acreditavam que não ocorriam mais observações e que o fenômeno tinha
desaparecido.
Na verdade, o fenômeno não retomou apenas um alto nível de atividade
depois de 1964, a onda do fenômeno foi observada sem interrupções
durante a “Década do Silêncio” de 1954-64. As características dessas
manifestações não diferem daquelas que acabamos de descrever. De fato, o
aspecto mais notável do fenômeno é sua estabilidade e coerência. O
elemento novo na situação é a erupção simultânea de observações em todos
os países do mundo. Nesse aspecto o outono de 1957 foi muito importante,
como poderemos ver no decorrer de um estudo detalhado. Nos Estados
Unidos houve uma súbita renovação de observações nos primeiros dias de
novembro de 1957 — o começo de uma série espetacular comparável aos
acontecimentos franceses de 1954. Tornaram-se comuns relatórios de
testemunhas descrevendo imensos objetos próximos ao solo, acompanhados
por efeitos secundários bem pormenorizados.
Depois de 1960, a emoção, o excitamento e até mesmo a paixão com as
quais as observações tinham sido recebidas transformaram-se numa espécie
de mal-estar indefinido entre o público. Quase todos tinham “visto alguma
coisa” ou conheciam alguém que tinha visto. Tudo isso representava um
amontoado formidável de experiências pessoais reprimidas. Essa
consciência do fenômeno, entretanto, não alcançou expressão, somente os
jornais locais ousaram publicar os relatórios mas sempre com um
comentário proposital, dando a impressão de que as visões não deviam ser
levadas a sério. Eram típicas as notícias que habilmente arranjavam uma
desculpa para citar uma visão UFO dentro de um contexto divertido. Por
exemplo: “Era domingo, noite de lua cheia, quando duas pessoas de nossa
cidade viram um objeto sobrenatural...”. Ou, “O Verão, época de
estagnação, está conosco novamente e não devemos ficar surpresos com a
invasão dos discos voadores em nossos céus, uma vez mais..
A consciência do fenômeno UFO parece ter passado por fases diferentes
com um número incontestável de traços característicos e formas típicas de
comportamento. Particularmente sensacional em determinados períodos e
associado a “um fenômeno” fora do comum na imprensa e a reações
psicológicas e interessantes, parece ter atingido uma condição estável já em
1950. Nos últimos dois anos a preocupação tomou lugar do humor no
tratamento dado ao fenômeno pelos jornais. Como um crescente número de
cidadãos dignos de confiança vinham relatando suas observações
detalhadamente e com uma seriedade primorosa os cientistas tornaram-se
cada vez mais dispostos a reconhecer que um estudo completo dos fatos,
seria inevitável face a preocupação do público. Tal estudo focalizará o
aspecto mais evidente, o fenômeno da onda.

ONDAS ANTERIORES A 1954

Como vimos, as ondas de 1947, 1950 e 1952 envolveram


principalmente os Estados Unidos. Mas a primeira onda do período pós-
guerra ocorreu na Escandinávia em 1946.
Enquanto aguardamos as publicações dos pesquisadores
contemporâneos a respeito das observações do século XIX e princípio do
século XX, conduzidas por Donald Hanlon sobre a onda de 1896-97 e pelo
pessoal da NIC AP .(sob a direção de Richard Hall), temos pouco a
acrescentar a nossas observações apresentadas em Anatomy of a
Phenomenon, de que realmente ocorreram ondas de fenômenos aéreos não
identificados envolvendo relatórios bastante similares aos modernos. Não
há dúvida que uma investigação histórica meticulosa estabeleceria que tais
acontecimentos foram registrados por observadores dignos de confiança e
que as ondas ocorreram, de maneira singular, na Grã-Bretanha e Estados
Unidos durante o período de 1883- -1909.
Depois de 1952, não antes do apogeu de 1957 (notável pelo famoso
caso Levelland), a mesma intensidade de emoção foi associada ao
fenômeno UFO na América. Praticamente todo o livro sobre o assunto
incluíra uma análise das ondas de 1947 e 1950, relembrando
detalhadamente as circunstâncias da observação de Arnold e as que a
seguiram. O que muitos não sabem sobre os relatórios de 1950 é que uma
série de observações foram registradas na Espanha e África do Norte, logo
após o auge da onda americana. A onda de 1947 compreendeu os meses de
maio a agosto, tendo seu auge no começo de julho. A onda de 1950 cobriu
os meses de fevereiro a maio, inclusive, com o auge no fim de março.
A onda de 1952 é a primeira para a qual possuímos um número reai-
mente grande de observações detalhadas do mundo inteiro. Começou em
abril indo até dezembro, tendo seu auge em meados de junho; consistia de
relatórios europeus e americanos, em proporções aproximadamente iguais,
além de inúmeras observações provenientes da África. Os casos mais
notáveis da onda europeia ocorreram em setembro e outubro. Incluem,
naturalmente, os relatórios de Oloron e Gaillac. Como ilustração vamos
rever alguns casos pouco conhecidos.
C. Vaillant, correspondente para o jornal La Bourgogne Républicaine,
afirmou que em 17 de julho de 1952, a uma hora da tarde, em Belansur-
Ource assustou-se com um súbito vendaval de pó. Viu no céu um objeto
luminoso que parecia estar parado. Um segundo objeto, em forma de disco,
soltou-se do primeiro e moveu-se em direção oeste, enquanto que o
primeiro moveu-se em direção oposta. Então, de repente os objetos
ergueram-se em linha reta e desapareceram. O vento parou imediatamente.
Em 3 de agosto de 1952, às 22:00 horas, em Arbret (entre Doullens e
Arras), dois policiais Blondel e Darras, de Baumetz-les-Loges, viram uma
"bola de fogo” que viajava de Doullens em direção a Arras, depois parou
bem acima da estação ferroviária de Arbret, elevou-se verticalmente e
sumiu.
Em 13 de agosto de 1952, em Fourchambault, um disco muito brilhante
"com uma enorme torre hemisférica ou domo na parte de cima” foi visto
rodando sobre a cidade. Doze pessoas em Fourchambault e Givrey,
incluindo a senhora Jaillette que observou os movimentos do objeto com
binóculos, relataram a observação.
Todas as observações acima mencionadas são da França. Em 15 de
setembro de 1952, por volta das 20:00 horas, em Thies, Senegal (África
Ocidental), J. Grivel viu alguma coisa que descreveu no relatório que segue:

Um imenso ponto luminoso, de cor vermelha, apareceu entre Mu e 32 de Escorpião,


moveu-se vagarosa e silenciosamente em direção leste, passou próximo a Khi de Escorpião e
moveu-se em direção a Sagitário. De repente parou entre as estrelas Delta e Gamma de
Sagitário. Posteriormente, prosseguiu em direção norte, depois para oeste e finalmente
desapareceu perto de Phi Ophiucus. Não haviam aeronaves no céu. Não se ouviu nenhum ruído.
(Extraido de L’Astronomie, Boletim da Sociedade Astronômica da França).

Em 19 de setembro de 1952, nas proximidades da vila de Beine, perto


de Chablis:

O senhor R. Sommer, piloto e fabricante de aeronaves, escreveu-nos como segue: “Voltava


para casa de carro, a noite estava escura e não havia lua nem estrelas. Depois de ter passado pela
vila de Beine e estar a mais ou menos 5 minutos dali, ficamos surpresos ao ver que um objeto
ofuscante desconhecido tinha aparecido no céu, à esquerda da rodovia em que estávamos. O
objeto tinha o formato de uma azeitona e era dourado. Seu eixo maior era vertical. O espetáculo
tinha algo de mágico e fantástico. Essa manifestação durou uns cinco minutos. O eixo menor era
um pouco menor que o diâmetro aparente da lua. Alguns minutos mais tarde visitei as vilas
vizinhas. Lxammei as igrejas tentando descobrir se aquela aparição não fora causada devido a
iluminação ou reflexos (Muitas igrejas na França ficam iluminadas à noite. A visão em Beine é
um bom exemplo de um caso do Tipo II-A, relatada por uma testemunha de indiscutível
instrução técnica e, além do mais, foi publicada por um jornal científico). Mas tudo estava
completamente quieto e não havia nenhuma luz proeminente que pudesse ser vista. A estrada
estava deserta”. (Extraído de L’Astronomie).

Três dias mais tarde em Bayonne, a turma da noite da Mouguerre


Chemical Plant observou durante 20 minutos, um objeto que se movia para
cima e para baixo, cuja luminosidade variava com os movimentos e a cor
mudava do vermelho para a azul.
As observações americanas da onda de 1952 têm sido assunto das
discussões das autoridades de agora. Menzel e Keyhoe, cujos estudos
complementares são de importância fundamental, têm analisado os casos
detalhadamente.

A ONDA GLOBAL DE 1954

A onda francesa começou em meados de agosto e estendeu-se até fins


de novembro. Esse período contém nada menos que 14 casos do tipo II.
Uma descrição pormenorizada dos relatórios franceses foi apresentada por
Michel em seu livro, Mystérieux Objects Célestes. O caráter extraordinário
das observações induziu muitos cientistas a atribuí-las inteiramente à
"época da estagnação”. Essas observações que não foram somente
registradas, podem ser facilmente verificadas nos jornais locais que com
frequência dão os nomes e endereços das testemunhas, mas seu número e
natureza ainda são subestimados. De fato, um estudo da imprensa francesa,
permitiu-nos reunir duas vezes o número de casos na amostra original com
a qual Michel tinha trabalhado.
Os primeiros acontecimentos da onda dignos de nota ocorreram muito
antes do período que agora é geralmente considerado como tendo marcado
seu começo. Os relatórios da Força Aérea dos Estados Unidos mostram que
a Alemanha foi o primeiro país da Europa Ocidental onde o nível das
observações cresceu bruscamente. Em meados de agosto a parte leste da
França registrou um aumento marcante: em 11 de agosto já haviam ocorrido
4 observações em Serezin, Remiremont, Contrexeville e Gerardmer. No dia
seguinte em Precy-sur-Thil observou-se um objeto luminoso que se movia
com súbitos solavancos e deixara um rasto. Durante a noite de 18 para 19
de agosto foi visto uma “nuvem-charuto” em Dole, movia-se
vagarosamente pelo céu, iluminando a cidade inteira. No dia seguinte
começaram os relatórios de aterrissagem. Esses relatórios de Tipo I têm
sido muito discutidos, principalmente a descrição dos “ocupantes” de um
UFO, dado por uma testemunha norueguesa em 20 de agosto. No dia foi
relatado outro caso de aterrissagem em Verennes, França. Em 23 de agosto
um relatório bem documentado sobre uma aterrissagem perto de Thonon
(na praia do Lago Geneva) e o célebre caso do “charuto”de Vernon -
observado durante 45 minutos por policiais, um executivo e um engenheiro
de foguetes do exército, em locais diferentes na cidade. Já em 23 de agosto
— mais de um mês antes da imprensa ter sido inundada por relatórios -
todos os traços que foram encontrados em que mil observações
inexplicáveis nos três meses que se seguiram já estavam claramente
definidas.
Somente uma pessoa que não entendesse nada de “Ufologia” poderia
alegar que esses traços eram novos. Foi o número de relatórios, a qualidade
das descrições e a fidedignidade dos observadores que fizeram da onda de
1954 assunto de tanta controvérsia e um protótipo para as várias teorias do
fenômeno UFO. Não é possível aqui examinarmos cuidadosamente todos os
casos, mas uma olhada no gráfico (Figura 21) mostrará o número diário de
relatórios não explicados. Esse número ficou bem acima de 20 durante
várias semanas e, somente um grupo grande e bem organizado de
pesquisadores oficiais, treinados dentro de métodos policiais e equipados
com meios rápidos de transporte e comunicação poderia ter competido em
condições de igualdade com tal enchente. Naquela época — o mesmo agora
— não existia tal organização.
Teria sido impossível para as forças armadas justificarem a posse de
verbas descomunais para uma comissão com ordens para perseguir
relatórios de “discos” enquanto que as mais altas autoridades científicas -
que fizeram um julgamento precipitado baseando-se em alguns relatórios
exagerados publicados nos jornais sensacionalistas - têm feito declarações
públicas atribuindo as observações a meteoros e balões. Quanto a esse
aspecto a situação não mudou muito desde então. Mas sentimos que um
estudo detalhado do mecanismo da onda de 1954 conscientizar-nos-ia da
natureza interna do fenômeno para no futuro estarmos à altura para
competir com semelhante “invasão”, já que não há sinais de que o
fenômeno esteja prestes a acabar.

Fig. 21 — Número diário de fenômenos aéreos


não identificados relatados durante a onda de 1954
Os acontecimentos de setembro de 1954 envolveram toda a Europa
Ocidental da Escandinávia a Portugal, estendendo-se pela África. Não
houve de modo algum falta de relatórios americanos durante esse período,
mas eles não mostravam nenhuma variação digna de nota. Às 8:00 horas da
manhã do dia 5 de setembro, 10 pessoas, incluindo três policiais, em Granz,
Áustria, viram um objeto com forma de disco cruzar o céu numa trajetória
leste-oeste. Uma ou uma hora e meia mais tarde foi visto um segundo disco
movendo-se na mesma direção. Naquele mesmo dia, à tarde, em Tangiers,
um objeto com o formato de um disco, do tamanho de um avião, foi
observado durante 10 minutos (documentos oficiais de militares franceses).
Entre 13 e 20 de setembro: Onda sobre a Holanda. Foram relatados objetos
voadores não identificados em Zuidlaarderveen e perto de Groningen e pela
Holanda inteira. Em 17 de setembro, as 18:28 horas milhares de
testemunhas em Roma, entre elas pilotos militares e oficiais graduados do
Exército Italiano, viram sobre a cidade um objeto o formato semelhante a
meio charuto, a uma altura inferior a uma milha. Esse objeto foi
simultaneamente localizado no radar pelo pessoal do aeroporto enquanto
que a multidão observava-o executando evoluções incríveis: alcançou
velocidades de 260 a 280 quilômetros por hora, quase instantaneamente,
parava de repente, descia, em seguida virava, subia e assim por diante.
Algum tipo de antena, visível no meio da máquina, deixava um pequeno
rasto luminoso quando se movimentava. Essa demonstração durou mais do
que uma hora, deixando as autoridades completamente abismadas. Depois o
objeto elevou-se e seguiu em direção a noroeste. Não houve publicidade
sobre a investigação oficial do caso, mais incidente foi comentado por todos
os jornais europeus nos dias que se seguiram. Observações de um objeto
semelhante ocorridas em outra parte da Itália naquele mesmo dia podem
referir-se à subsequente trajetória daquele mesmo objeto.
Por volta de 20 de setembro uma série de observações ocorreram na Ilha
dos Açores, com observações feitas no Aeroporto de Santa Maria sã
relatadas por pilotos de companhias aéreas que voavam sobre o Oceano
Atlântico. Na mesma ocasião houve um ressurgimento de observações
sobre a Costa do Marfim, na África. Durante a noite do dia27 de setembro
um piloto de uma companhia aérea, no itinerário Nova York/Lisboa relatou
ter visto uma fonte de luz extraordinária, que não era um navio embora
parecesse estar sobre a superfície do oceano, a uma latitude de 38° 12’ N e
longitude 37° 36’ O.
No dia 19 de outubro, uma observação do Tipo I, que certamente não foi
influenciada pela onda francesa pois esta estava muito longe de seu auge
naquela ocasião, foi relatada em Dhubri, índia. Um “prato luminoso, com
uma longa cauda na parte detrás” aterrissou num campo e depois decolou.
Em 2 de outubro houve observações no Canadá, Tunísia (Megrine-
Coteaux) e Escócia (Perth)—e a “rede” Poncey na França. No dia seguinte
todas as partes do mundo foram representadas: Suiça (Jungfrau), Áustria
(Ried), Itália (Mantau, Boscochiano), índia (Bombay), Bélgica (Huy),
Inglaterra (Northolt) e Líbano (Beirut).
Em 12 de outubro a onda francesa tinha chegado ao fim de seu ponto
máximo, mas o “fenômeno” estava solto na imprensa. “Discos voadores”
eram o único assunto de conversa, interesse e paixão de todo o país.
Tomados de surpresa os cientistas “cobertos de dignidade”, recusaram-se a
estudar os relatórios apresentados com todos os aspectos “supérfluos e
atraentes” do sensacional. Mas muitos dos relatórios apresentados pelos
jornais eram na verdade bem pesquisados e documentados, apesar das
manchetes absurdas. Uma investigação científica certamente teria ajudado a
acalmar a febre que assolava o país. Mas nada foi feito enquanto a onda
prosseguia na França e na Europa inteira. O centro da atividade deslocou-
se, depois de outubro houve uma onda na Iugoslávia (com relatórios de
Sarajevo, Ljubljana, Belgrade e Zagrev) e desenrolou-se urna imensa onda
italiana. Não foi dada a devida publicidade para esta última, mas ficamos
sabendo que ela foi tão extraordinária quanto a onda que ocorreu na França.
Houve observações em Salemo, Vietri-sul-Mare, Rovigo, Po di Gnocca,
Trento, Gênova, etc. Foram obtidos relatórios de todos os tipos, incluindo
aterrissagens e manobras a baixa altitude.
Em 21 de outubro ocorreram observações na Noruega, Alemanha e
Itália. Uma observação da Alemanha foi publicada pelo L’Astronomie:

Às 18:45 do dia 21 de outubro de 1954 o senhor Januszewski, de Reutingen (sul da


Alemanha), observou dois objetos ovais, de cor branca, moverem-se a velocidade variável em
direção a noroeste. De repente desapareceram. Nosso colega estimou a altitude dos objetos de 6
a 8 quilômetros.

Durante os últimos dias de outubro houve observações na Itália, Angola,


Argélia, Marrocos e Madagascar. Um UFO foi fotografado na Hungria
comunista pelo diretor de uma escola (veja os jornais Esti Bud e Agence
France Press, expedidos a 27 de outubro). Outras observações de “discos
voadores” foram feitas na República Francesa dos Camarões, Espanha e
Bélgica.
Chegamos agora a novembro. No que diz respeito aos relatórios
franceses a onda estava chegando ao seu fim, mas observações de outras
partes do mundo continuavam a amontoarem-se. A onda na América do Sul
estava começando. Houve diversas observações na índia, África, Austrália e
Espanha. No dia 12 de novembro, o diretor do observatório meteorológico
em Terceira, Açores, relatou uma observação. Em 24 de novembro 19
objetos, com formato de discos, foram vistos por passageiros de uma
companhia aérea brasileira sobre o Rio Paraíba. Em 27 de novembro
chegavam observações do Brasil, Portugal e União Soviética.
Através dessa extensa acumulação de material pretendemos apenas
mostrar a necessidade de uma investigação séria em uma escala universal. É
interessante notar que se a Força Aérea dos Estados Unidos tivesse
estabelecido um grupo de pesquisas científicas em 1954, o grupo teria
permanecido totalmente inconsciente no que diz respeito a onda e seus
traços notáveis, porque isso afetava a América do Norte de uma maneira
extremamente secundária. Por isso sentimos que a tarefa de analisar esse
fenômeno planetário deveria ser dada a um corpo científico internacional
com autoridade para exercer investigações locais através de grupos de
pesquisa nacional. Certamente a maioria dos relatórios que acabamos de
referir seriam - pelo critério da força aérea - classificados sob o rótulo
“informação insuficiente”. Mas se o trabalho de algumas pessoas
consistindo simplesmente na leitura cuidadosa dos jornais conseguiu reunir
tanto material, o que pesquisadores profissionias bem informados sobre os
fatos do problema e providos com alguma verba teriam sido capazes de
fazer?
Além do mais, a ideia de que os acontecimentos de 1954 centralizados
principahnente na França sejam confinados aos fatos relatados no livro de
Michel e devam ser interpretados dentro da estrutura de um fenômeno
meramente sociológico afetando um pequeno país com uma população
muito densa, é simplesmente incorreta. Ao contrário, a lista de relatórios
que mostramos sugere que uma pequena pesquisa descobriria uma
densidade semelhante de observações em qualquer outro país da Europa e
ficaria bastante claro que a terra inteira fora afetada simultaneamente pelo
mesmo problema. Embora a psicologia de massa venha sendo
frequentemente invocada nas interpretações para identificar os relatórios de
testemunhas, essa ciência, ao que sabemos, não possui em seus registros um
único exemplo em todo o planeta da propagação de um boato alucinatório
de um modo praticamente imediato, ou de um boato baseado em descrições
que mostrem características constantes disso!
Um eco anormal ou o voo de pássaros selvagens pode em muitos casos
explicar esta ou aquela evidência. Mas que efeito conhecido dá origem a
relatórios de objetos circulares feitos no mesmo instante e nos mesmos
termos (algumas vezes palavra por palavra) por centenas de hindus armados
com bordões ou italianos equipados com radares? E quando um camponês
do Planalto Millevache na França - um homem que com certeza não é
nenhum fanático de ficção científica — chega a nós com a mesma
descrição, isso vai além dos limites da alucinação ou psicose como descritos
nos livros.

A ONDA DE 1957

Depois da onda de 1954, com a qual ainda está vinculada tanta emoção,
a onda global mais importante foi a de 1957. Sua característica particular
derivou do fato de que ela alcançara sua maior intensidade nos Estados
Unidos, onde os meios de comunicação são mais desenvolvidos e onde a
opinião pública é mais sensível a qualquer estímulo emocional.
A onda começou na América do Sul. Houve muitos relatórios do Brasil
e no fim do verão começaram a amontoar-se as observações da América do
Norte. Então chegaram os Sputniks. A observação que recebeu maior
publicidade, ocorrida em Levelland, Texas, coincidiu com o lançamento do
segundo satélite (O caso Levelland e as observações relatadas foram
estudadas detalhadamente em Anatomy of a Phenomenon O primeiro
satélite artificial (Sputnik I) foi lançado em 4 de outubro de 1957. Sputnik II
foi provavelmente lançado durante a noite de 3/4 de novembro,
possivelmente em 4 de novembro às 04:40 Hora Universal. Portanto, a
observação feita por Mebane, no Apêndice do livro de Michel, Flying
Saucers and the Straight Line Mystery, não é apropriada). Todos os olhos
dirigiram-se para o céu. De repente os “discos voadores” dividiam as
manchetes com os satélites. Essa súbita explosão de interesse por parte dos
jornais fez com que a onda parecesse ter um auge de pequena duração e foi
largamente interpretada pelos “entusiastas” como um sinal de interesse dos
discos voadores pelas realizações terrestres no espaço.
Um certo número de circunstâncias desfavoráveis entrou dentro do
panorama do estudo desses relatórios: primeiro, tensão emocional do povo
americano depois do lançamento bem sucedido de dois satélites pela União
Soviética; segundo a riqueza desse período (principalmente depois de 10 de
novembro) em meteóros brilhantes; finalmente o brilho excepcional do
planeta Vénus, durante todo o período. A distância de Vénus da terra,
entretanto, estava bem longe de seu mínimo, que chegou em fevereiro do
ano seguinte.
Apesar dessas circunstâncias desfavoráveis, o trabalho de perseguir
erros desse tipo não é tão difícil como algumas vezes se pensa e o fato de
que inúmeros relatórios indicam um fenômeno realmente enigmático não
pode ser negado. É interessante notar que na época em que ocorreram uma
série de aparições no Texas, no dia 26 de novembro um piloto da União da
África do Sul estava perseguindo dois “discos” que manobravam
separadamente sobre Johnannesburg e um outro UFO foi visto em Cracow,
Polônia, às 19:30 horas no dia 4 de novembro. No dia 5 de novembro a lista
de observações fora dos Estados Unidos incluíam Santo Domingo, Itália e
Bélgica. A observação da Bélgica ocorreu em Wegnez e no mesmo dia
foram descritos fenômenos muito semelhantes aqueles registrados em
Theriot, Louisiana. Os dois relatórios eram quase que idênticos, palavra por
palavra. Em Itaipu, Brasil onde um forte militar sofreu uma falta geral de
energia quando um “imenso disco” voou no céu a baixa altitude. Em 7 de
setembro chegaram relatórios do Chile, Austrália e França. A observação
francesa ocorreu às 18:45, sobre a fábrica atômica em Marcoule. O dia
seguinte, 8 de novembro, foi o dia das aterrissagens nos Estados Unidos.
Mas foi também marcado pelo caso de Toulouse (veja Capítulo Um, O Caso
do Disco Giratório).
Em 16 de novembro fotografou-se um UFO em Madrid e uma semana
mais tarde começou uma verdadeira onda na Europa. Os relatórios da
América do Sul continuaram frequentes, embora insuficientemente
documentados, durante todo esse período.

CONCLUSÃO

Não é suficiente reconhecer a existência de uma onda de fenômeno e


estudar o processo de desenvolvimento das ondas como fazemos com os
períodos mais “típicos” 1952, 1954 e 1957. Tal estudo é apenas o primeiro
passo numa investigação global da atividade UFO, isto é, dos padrões que
governam a repetição das ondas numa escala planetária. Os métodos para
tal investigação serão discutidos no próximo capítulo.
Infelizmente, como vimos, as observações de fenômenos aéreos
incomuns não foram compiladas por organizações oficiais dentro de um
verdadeiro espírito científico e devemos confiar em exemplos
cuidadosamente selecionados, extraídos de arquivos de amadores ou
coleções da Força Aérea dos Estados Unidos. Essas duas fontes estão longe
de serem satisfatórias ao cientista, pois a consistência da documentação dos
casos é pobre — a primeira por falta de verbas e a última por falta de
curiosidade científica. Em todos os estudos feitos até agora a pesquisa
científica esteve ausente. Casos individuais têm sido examinados com
cuidado, mas padrões de possível interesse geral têm sido ignorados. Os
cientistas têm sido chamados para examinar casos especiais, mas não se
pediu a nenhum consultor que fizesse uma avaliação extensa da natureza
total do fenômeno. Do mesmo modo que um astrônomo que dedica toda sua
atenção a uma única estrela não tomará consciência das leis de evolução
estelar, a responsabilidade das organizações dos Estados Unidos que
possuem somente informações fragmentárias no vasto campo que
pretendem explorar, deixam escapar as leis gerais do fenômeno. Suas
pesquisas terminam quando um caso é chamado de “não identificado”.
Revisam os arquivos de tempo em tempo para ver se apareceu alguma
explicação convencional e algumas vezes conseguem encontrar uma. Eles
pressupõem que dado um tempo infinito, se nenhuma observação nova
ocorrer, a proporção de “não identificados” aproximar-se-á estatisticamente
de zero de maneira assintética. Essa filosofia oficial é inteiramente ilusória
por duas razões: primeiro, o número dos “não identificados” somado a cada
ano não é desprezível; segundo, a passagem de uma lei estatística (o
fenômeno UFO representa uma percentagem muito pequena dos relatórios)
para uma declaração física “o fenômeno UFO não existe” não é justificável.
Não é assim que a ciência trabalha. Embora nossos dados sejam mais
fragmentários do que desejaríamos que fossem como base para uma
investigação sólida, permitem uma revisão dos métodos disponíveis para
uma análise profunda do mistério UFO.
Capítulo Oito - CICLOS DE ATIVIDADE

EXISTE UMA LEI SECRETA?

Quais seriam os métodos que permitiriam um estudo sistemático da


repetição do fenômeno UFO, se tal pesquisa jamais chegou a ser
oficialmente recomendada?
A remota semelhança entre o despontar de ondas de observações e a
ideia de uma “invasão” ou “exploração” da terra por criaturas de outros
planetas foi mencionada pela primeira vez em 1947. Na busca dessa ideia
infantil — inteiramente emprestada da ficção científica — foi que os
primeiros pesquisadores agiram quando aventuraram-se a obter uma
frequência no fenômeno ou uma coincidência entre seus auges e as posições
de Marte ou mesmo Vênus. Todos esses estudos foram feitos por meio de
gráficos e pareciam mostrar uma certa correlação com a distância de Marte.
Segundo nossas experiências anteriores, parece que a coincidência com
o ciclo marciano mostra-se verdadeira para o período que envolve quatro
auges de 1950 — 1952 — 1954 — 1956 (Veja figura 22) mas perde sua
validade depois desse período. Isso explicaria porque estudos incompletos
feitos sobre um período mais amplo parecem, algumas vezes, ter resultado
em uma correlação razoável.
O elemento crítico aqui — e todos os estudos feitos até agora são
inadequados nesse ponto — é o número de dados básicos. É impossível
calcular o número total de observações reais ocorridas desde 1946. Calcula-
se que 5 milhões de cidadãos americanos relataram o que acreditavam ser a
observação de um UFO. Mais de 10 mil, uma proporção muito pequena,
relataram suas observações à força aérea. Dessas, somente 5% ou 10%
permanecem não identificados. Isto é uma amostra muito pequena, tanto em
termos de validade estatística como de origem geográfica, para um estudo
preciso da frequência. Por causa das mudanças no meio da atividade de
cada onda, que estudamos cuidadosamente nos capítulos anteriores,
qualquer investigação feita num país isoladamente, irá quebrar por
completo a lei geral. Se tomarmos as observações vindas de todas as partes
do mundo, como nosso grupo tem feito, a amostra é mais representativa e
muito maior. O número de observações significantes chega a 5 ou 6 mil, ou
10 vezes o número de casos americanos siginificantes. Dentro da estrutura
de um estudo oficial provavelmente esse número dobraria. Nossa estimativa
própria, da correlação com Marte em 1962, baseou-se em mil observações.
As estimativas feitas antes da nossa, por Michel, Guieu, Buelta e outros
basearam-se em algumas centenas de observações. Para apresentar essa
pesquisa utilizamos nosso catálogo atualizado que contém 3 mil
observações.
A frequência do fenômeno não é o único objetivo de interesse de tal
estudo. Seus resultados secundários permitem que a pesquisa seja
encaminhada em direção a certos tipos de explicações físicas. Seria
interessante, por exemplo, encontrar um ciclo geral de 11 anos em
correlação com a atividade solar ou uma função seguindo a sequência de
explosões termonucleares e os aumentos correspondentes de radioatividade
atmoférica. Por outro lado, o que se faz realmente necessário é uma análise
total, na qual os efeitos cíclicos estejam claramente separados da tendência
geral do boato através dos anos. Alguns melhoramentos teóricos têm sido
propostos por Buelta numa interessante discussão sobre o fenômeno.
Envolve o uso de parâmetros designados a substituir as variantes de
população, densidade, área geográfica, condições climáticas etc. Sentimos
que, na presente situação dos dados, esses fatores relevantes tenderiam a
encobrir a objetividade do fenômeno e a complicar a interpretação dos
resultados, e consequentemente restringimo-nos a dados não processados e
seus derivativos diretos.
Fig. 22 — Simultaneidade de aparições UFO com o ciclo marciano, 1949-57.

VARIAÇÕES CÍCLICAS

Em estudos desse tipo a distribuição de frequência é geralmente


dividida em funções fundamentais denominadas “componentes”. São
classificadas em 4 grupos principais: (1) variação a longo prazo ou
“tendência”; (2) variação clássica; (3) variação de estação; (4) variação
acidental irregular.
de categoria (V), 1947-62.

A análise das séries consiste na descrição (geralmente em termos


matemáticos) desses componentes, começando da hipótese de que a função
de tempo observada pode ser escrita como o produto de 4 funções, as quais
são respectivamente responsáveis pelas variações fundamentais, As técnicas
usadas nessa análise podem ser encontradas em diversos livros e não fazem
parte do trabalho que nos propusemos fazer. Eliminamos o componente
estação porque nossos dados eram de extensão planetária e tentamos chegar
a uma representação empírica intuitiva desses dados. Tiramos 1/4 de um
mês como nossa unidade de tempo elementar e examinamos a variação
determinada por um total de 2.708 observações distribuídas em 768
períodos de 1947 a 1962. Mais de 300 desses casos eram do Tipo I
(aterrissagem), 44 Tipo II e 270 do Tipo III. As curvas de frequências
anuais para os Tipos I e III são mostrados na Figura 23, onde podem ser
comparados com o Tipo V, um teste de categoria onde agrupamos as
observações de “luzes vistas à noite” e objetos inexplicados mas definidos
mediocremente. Uma seleção maior dos Tipos I e III é claramente visível.
Aqui a existência de uma “tendência ” forte ajuda a encobrir quaisquer
efeitos cíclicos que possam estar presentes. Essa tendência geral foi
calculada por uma técnica “média movente” que introduzimos em outras
aplicações científicas; também ajudou a eliminar uma parte maior das
irregularidades. A função resultante é mostrada na Figura 24, a qual revela a
melhor representação matemática do fenômeno da onda que fomos capazes
de obter depois da eliminação da tendência. Em outras palavras, mostra
nosso principal desconhecido, o componente cíclico.
Como vimos, variações de estações, se elas existem, não podem ser
mostradas com precisão nesse estudo preliminar, e uma análise para o
necessário grau de precisão deve ser abandonada até que um estudo oficial
sério seja iniciado ou até que nosso próprio grupo tenha coletado em
particular um catálogo bem mais extenso.
O problema do estudo das variações cíclicas é essencialmente uma
questão de achar algum período qüe “melhor” (no sentido de algum padrão
de função) represente a curva da Figura 24.
Nossa abordagem a esse problema pode ser descrita como segue.
Escolhendo algum período arbitrário, computamos o erro resultante pela
diferença (ou por seu quadrado) entre essa curva teórica e a curva da Figura
24. Depois pegamos um período um pouco diferente e calculamos esse erro
novamente e assim por diante. O erro mínimo corresponde à representação
teoricamente “ótima”. Quando esses cálculos são feitos encontram-se dois
mínimos, e os períodos correspondentes são um ano e 3 meses e 2 anos e 2
meses (15 e 26 meses respectivamente). Esse segundo valor é precisamente
o período das oposições marcianas. O primeiro valor é muito próximo a
metade do período. Quando o erro é calculado pelo menor quadrado, o
primeiro mínimo desaparece.

Fig. 24— Estrutura do fenômeno da onda, 1947-62.


O fato de que um período muito próximo àquele do ciclo marciano
teima sido descoberto é definitivamente importante. Poderia ser
considerado como uma confirmação das correlações encontradas
anteriormente. Mas ainda estamos muito longe de um resultado que possa
ser tomado como prova definitiva da correlação, e certamente não estamos
preparados para alegar que nós provamos sua existência; essas experiências
são apresentadas somente como uma ilustração do que poderia ser feito
com os arquivos UFO se eles fossem propriamente manipulados. Devemos
manter essas indicações somente como fonte de uma nova introspeção do
problema que nos defronta e devemos aplicar métodos mais rigorosos na
busca de confirmações.

AS OBSERVAÇÕES E O CICLO MARCIANO

Outras séries de técnicas que podem ser aplicadas para a extração de


uma frequência subjacente (se houver alguma) no fenômeno sob estudo,
deriva do cálculo da correlação da curva em si mesma (“autocorrelação”)
ou com uma função conhecida (“correlação cruzada”). Esse campo da
matemática aplicada é de grande importância no estudo de sistemas
eletrônicos, trabalhando na presença do “barulho” e tem sido matéria de
uma grande quantidade de literatura. Usamos essa técnica para analisar a
curva da Figura 24, isto é, o fenômeno da onda para o período de 16 anos de
1947 a 1962. Aqui, mais uma vez, temos mais propriamente um
experimento interessante do que uma fonte de resultados seguros, porque
esse período de intervalo não é suficientemente longo para testar um
período que ultrapasse 2 anos; um período pelo menos 10 vezes mais longo
é geralmente recomendado. Isso significa que deveríamos considerar pelo
menos todas as observações entre 1946 e fins de 1966. Mas todos os casos
de 1966 não serão conhecidos e codificados antes de 1967 ou 1968. O
problema, então, terá alcançado maturidade e será bastante interessante
resumir essa pesquisa numa escala mais ampla.
Na tentativa limitada apresentada aqui, encontramos uma confirmação
interessante dos resultados discutidos na seção precedente: obtivemos
novamente um período de um ano e um mês, a metade do período do ciclo
marciano. O segundo experimento (correlação cruzada) foi conduzido
usando uma lista das distâncias de Marte, usando 4 valores por mês.
Novamente, obteve-se uma boa correlação; em vista dos resultados
precedentes isso não pode, naturalmente, ser uma surpresa. Como um teste,
nós fizemos o mesmo cálculo com a distância de Vénus, e encontramos
somente uma correlação pobre.
Esses resultados são muito difíceis de interpretar, e por essa razão temos
enfatizado constantemente a necessidade de uma amostra maior. Quando
esses dados forem obtidos, será possível fazer uma avaliação da hipótese
antecipada no que diz respeito a uma frequência maior. Dr. Olavo Fontes,
em particular, teorizou um ciclo fundamental de 5 anos, ilustrado pelas 3
ondas de 1947 — 1952 - 1957 que permitiria uma representação simples da
imensa variação da frequência dos relatórios. Mas não existem meios para
verificar se essa teoria existe no presente momento. A distribuição pode
obviamente responder por muitas combinações diversas de 2 fenômenos
periódicos. Seria mais interessante estudar essa questão novamente se
determinadas ondas fossem qualitativamente diferentes de outras ou se a
retardação entre os auges de atividade e as oposições de Marte fossem
compatíveis com as passagens das estações Marcianas, como alguns
astrônomos têm sugerido. Esses estudos ainda não foram empreendidos. De
qualquer modo, eles não poderiam ter qualquer validade se dependessem
tão somente das listas limitadas de aparições disponíveis hoje aos vários
grupos particulares ligados a esse assunto ou mesmo à própria Força Aérea
dos Estados Unidos. Essas amostras são muito limitadas e muito afetadas
por efeitos de seleção, para não mencionar sua forte tendência geográfica.
Há, consequentemente, em nossa opinião uma necessidade urgente para a
centralização e desenvolvimento de um método seguro de codificação.

UM PROBLEMA DIFÍCIL

Qualquer tentativa para associar um efeito físico terrestre com um


fenômeno astronômico é extremamente perigoso e as conclusões tiradas de
tais experimentos deveriam ser examinadas com cepticismo. Métodos
analíticos atuais podem investigar tais relacionamentos com segurança
somente se não tentarmos extrair dos resultados mais do que os dados em si
merecem. .
No momento sabemos de inúmeros fenômenos terrestres ligados a
ciclos astronômicos, particularmente aqueles relacionados com nosso sol.
Mas uma conexão com a distância de um planeta pode ser interpretada
somente em dois níveis: primeiro, num nível psicológico — a contiguidade
do planeta e consequentemente seu brilho e diâmetro aparente no céu sendo
a origem de certas ilusões (compare a revisão feita sobre interpretações
errôneas de Vénus no capítulo Seis, onde os dados não processados
mostram um componente em correlação com Vénus por causa desses erros);
segundo, no sentido de viagem interplanetária real. Temos aqui meios
adicionais para decidir entre as teorias principais com as quais defrontamos.
Em qualquer pesquisa que envolva o uso de métodos estatísticos a
transição da correlação matemática para a correlação física é arriscada.
Nesse capítulo, consideramos a variação do número de relatórios como um
“sinal” sem qualquer hipótese referente a sua origem ou natureza. Mas
muitos fatores podem ter interferido para encobrir ou alterar certos traços
dessa variação.
O primeiro desses fatores é o geográfico. A maioria de nossos dados era
de origem americana (Norte e Sul) e europeia ou da África do Norte. Será
que isso significa que o continente inteiro da Ásia ou a enorme área da
África do Sul do Deserto do Saara foram afetadas pelo fenômeno apenas em
condições excepcionais? Inúmeras indicações favorecem a ideia oposta,
principalmente no mundo comunista, onde ondas realmente ocorreram; seus
dados aproximados são conhecidos, mas detalhes ainda não foram obtidos.
Um segundo fator importante é a densidade de população. Poderia
parecer que uma região tão densa, como a França, produzisse um número
maior de casos e um país como a África produzisse menos.
Por outro lado, será que não estamos correndo o risco de exagerar a
importância desses fatores? Sabemos que têm ocorrido ondas em regiões do
mundo bastante afastadas dos centros de comunicações ocidental, em
regiões de pouca população, mesmo nas regiões desertas; os. relatórios são
até mesmo mais numerosos nessas áreas. Veremos uma prova
impressionante sobre esse fato no estudo das aterrissagens francesas.
A ausência de qualquer correlação forte, em determinado país, entre a
densidade de observações não identificadas e a densidade de população é
interessante. Homens que moram no campo olham mais para o céu, e eles
conhecem-no bem melhor. É verdade que são frequentemente mais
crédulos, mas estão, também, mais próximos da natureza e estão mais
atentos. Se o número real de observações feitas durante os auges está
relacionado a esses fatores, sua situação no tempo parece totalmente
independente de condições secundárias. Por essa razão temos dado atenção
particular à necessidade de definir cada onda cuidadosamente.
Os máximos na distribuição são produzidos, não por relatórios de um
país qualquer, mas por um número enorme de observações vindas
subitamente de todo o mundo. Por exemplo, descobrimos um enorme
aumento de atividade em 1956, embora na época não fosse relatada
nenhuma onda oriunda de um país determinado. Somente ao reunirmos as
observações é que fomos capazes de descobrir esse fenômeno muitos anos
mais tarde.
Para resumir, a variação de frequência de observações UFO pode ser
considerada como a superposição de uma constante produção “conjunta” de
relatórios e de aumentos súbitos de grande amplitude em intervalos de
tempo bem definidos, que denominamos ondas. Essa variação envolve um
forte componente cíclico, que as investigações militares correntes ignoram
inteiramente. A correlação desse componente cíclico com o ciclo marciano
é interessante, mas está longe de ser provada definitivamente.
Se realmente existe uma correlação entre Marte e a distribuição de
relatórios UFO, não apenas numérica, mas também de natureza física, como
poderíamos interpretá-la? Poderíamos decidir definitivamente entre as 2
teorias principais que defrontamos? Infelizmente, não pensamos assim. De
fato, aqueles que não acreditam na realidade material dos discos verão nesse
resultado a confirmação de que o fenômeno deve ser atribuído a psicologia
de massa; observações de natureza alucinatória, de uma forma moderada,
são estimuladas pela proximidade de Marte, eles dirão; interpretações
errôneas da imagem do planeta por pilotos ou por pessoas no solo
aumentam a confusão. A mesma interpretação funciona para qualquer série
de observações, se Vénus e Júpiter forem envolvidos na situação. Na
verdade, numa teoria psicológica não há razão para que esses 2 planetas
desempenham um papel menos importante que Marte.
Aqueles que acreditam na realidade dos “discos-voadores” não
considerarão como prova a conclusão a que chegamos aqui. A prova, ou
pelo menos a evidência convincente, de suas teorias é encontrada por eles
no caráter genuíno dos relatos nos quais as condições de observação e a
sinceridade das testemunhas parecem-lhes garantias suficientes. Eles
interpretarão a correlação com Marte como um apoio à ideia de que os
“discos” são naves interplanetárias que usam tanto o satélite de Marte ou o
planeta em si como base de suas explorações em nosso sistema solar. No
presente estado de nossa ignorância da natureza dos satélites marcianos, não
é impossível se pensar que sejam enormes veículos interestelares, colocados
em órbita mais do que um século atrás (foram observados pela primeira vez
em 1877) por uma comunidade científica adiantada vinda de outra parte do
universo. Essa interpretação seria pelo menos mais plausível do que a ideia
de que uma vida inteligente tenha sido desenvolvida em Marte e tenha
construído esses satélites.
É importante lembrar o fato de que qualquer fenômeno, quer ele apareça
num contexto mais ou menos estranho ou não, pode estar ligado a um corpo
astronômico. Pode-se tentar descobrir um objeto celeste cuja oposição,
conjunção, quadratura ou brilho máximo caia razoavelmente perto da época
em que o evento foi relatado. Dentro das variações infinitas que regem os
períodos predominantes dos ciclos astronômicos, os fenômenos periódicos
são sempre mais perigosos porque pode-se sempre encontrar um valor “não
muito distante” daquele oriundo do pseudo período em questão. Assim, se
admitirmos que dois movimentos periódicos estejam envolvidos ou
sobrepostos podemos contar com a ajuda dos ciclos planetários, para
praticamente qualquer coisa que gostarmos.
Por essa razão temos evitado conduzir os cálculos além de um nível
muito elementar. Uma interpretação mais sofisticada baseando-se em 16
anos de observações que tenham sido codificadas não seria nada mais do
que um simples exercício intelectual. É, também, por essa razão que
recusamos proferir uma opinião a respeito do proposto ciclo de 5 anos. Não
há dúvida de que o fenômeno estudado aqui manifesta-se em forma de
ondas. Que ele existe mesmo fora dessas ondas é igualmente certo, porque
se têm encontrado aparições signifícantes em todo o período sob estudo,
mesmo entre as ondas. A correlação das épocas dos auges com as oposições
de Marte chega algumas vezes a ser curioso. A coincidência do período
com o ciclo marciano é também interessante. Mas atribuir o fenômeno pura
e simplesmente aos “marcianos”, baseando-se nos dados disponíveis atuais,
é tão absurdo como aquela ideia que explicaria todas as aparições como
“cintilações incomuns” dos planetas!
Capítulo Nove - À PROCURA DE PADRÕES

UMA QUESTÃO DE MÉTODO

Uma vez qué os erros, interpretações falsas e óbivos engodos são


eliminados, as observações restantes — aquelas que se enquadram dentro
de nossas definições do fenômeno UFO - podem ser estudadas.
O fato de uma tal lista conter ou não somente interpretações falsas e
erros permanece, é lógico, uma questão em aberto. Se o fenômeno existe
fora e além das explicações convencionais, deve ser possível extraí-lo dessa
amostragem através de um tratamento adequado, utilizando-se simples
conceitos de física.
Acreditamos que muitas investigações anteriores falharam nesse ponto,
ou por tentarem estabelecer um estudo descritivo global, de escopo
demasiadamente genérico, ou por focalizarem-se ínteiramente sobre os
“melhores relatos”, retornando aos casos um a um, a fim de submetê-los a
explicações clássicas. No entanto, os relatos remanescentes ainda
demonstram considerável diversidade e necessitam ser estudados em grupos
de relativa homogeneidade; de qualquer forma, alguns fatos residuais
continuarão sem explicação, mesmo que seja devido à natureza
fragmentária das informações à nossa disposição. Assim, estudos anteriores,
quer tenham sido conduzidos pela Força Aérea ou pelos “Ufólogos”, não
fizeram mais que jogar com o problema, enquanto dissipavam a parte
capital das informações.
Essa abordagem não é muito científica mas, apesar disso, tem sido
frequentemente usada para “explicar” uma grande parte dos relatos norte-
americanos. A natureza apresenta combinações infinitas de fenômenos.
Partindo-se da ideia de que todas as observações devem necessariamente
possuir uma explicação convencional, somos levados a introduzir
fenômenos naturais abrangendo uma estrutura infinitamente complexa, na
qual cada observação terá de se submeter a um enquadramento em um nível
ou outro. Mas será que essa análise realmente ofecere garantias que podem
ser levadas a sério? Será que as explicações definitivas são plausíveis? O
estudo não seria logo engolfado no inverificável, em um campo no qual as
hipóteses tornam-se totalmente arbitrárias?
As técnicas usadas para investigar fenômenos afetados por distorções da
observação — bem conhecidas e usadas diariamente em proble mas
convencionais — são, neste caso, bastante relevantes. Os cientistas, porém,
tem sido desencorajados de aplicá-los ao fenômeno UFO devido ao mistério
e ridículo que o envolvem. Acreditamos que tal ridículo deve ser totalmente
desconhecido. Se o fenômeno tem sido envolvido por uma aura de mistério
e explorado por falsos profetas e charlatães, esta é mais uma razão pela qual
o mesmo deve ser trazido à luz da análise — a fim de evitar novas, e
possivelmente danosas, formas de distúrbios sociológicos. Mesmo que à
física nada aproveite do estudo do fenômeno, e mesmo que se descubra que
as testemunhas descreveram nada mais, nada menos, que produtos de sua
própria imaginação, uma investigação séria será de grande interesse para a
psicologia.
A honestidade científica requer uma pesquisa abrangente, que não
exclua nenhuma hipótese possível. Uma tal pesquisa teria início com a
definição de critérios de classificação e a coleta de uma amostragem de
observações significativas, donde partiria para um estudo qualitativo do
material obtido. Essa definição seria primeiramente dirigida para as
ocasiões e durações das observações e buscaria localizar os fenômenos de
tipos mais claramente definidos; a esse respeito, e sem entrar nos
pormenores de todas as investigações atualmente sendo desenvolvidas,
usaremos as “aterrissagens” como um exemplo de área com um grande
potencial de interesse. Naturalmente, não introduziremos nenhuma
consideração externa a essa análise, preocupando-nos apenas com as
características físicas que surgem a partir dos relatos de testemunhas
visuais.

OCASIÃO E DURAÇÃO DAS OBSERVAÇÕES

Se perguntássemos a um grupo de interessados amadores ou à Força


Aérea dos Estados Unidos a que hora do dia a maioria das pessoas relatam
ter observado discos-voadores e durante quanto tempo estes foram
avistados, a resposta será praticamente a mesma: as pessoas afastam discos-
voadores geralmente à noite e algumas observações são de maior duração
que outras. O mínimo que se pode dizer, sobre tal afirmação é que a mesma
e desprovida de exatidão e que, após tantos anos de investigação,
deveríamos ser capazes de definir o fenômeno um pouco melhor.
O fato é que a questão, não importa quão óbvia, não pode ser
respondida de maneira adequada sem que se seja feito um desmembramento
dos dados de acordo com os diversos tipos de casos UFO; este enfoque não
foi usado, quer oficialmente ou de outras maneiras, até que os casos
franceses de 1954 foram estudados de modo sistemático, conforme vimos.
Atualmente a análise estende-se a todas as observações disponíveis,
inclusive os casos norte-americanos, tendo sido acumuladas as seguintes
informações:

1. A frequência dos relatos de Tipo III indicam um aumento marcante


entre 20:00 e 21:00 horas. Noite adentro, o número de observações decai
rapidamente. O número de observações de Tipo III ocorridas durante as
primeiras horas da manhã e no transcorrer do dia não chega a ser
desprezível mas, em sua grande maioria, é entre 18:00 e 24:00 horas que as
mesmas acontecem.
2. As observações de Tipo I (aterrissagens) ocorrem durante o dia
somente raramente, entre 6:00 e 18:00 horas. Ao pôr do sol há um súbito
aumento na frequência de observações, sendo que o ápice é atingido quase
que imediatamente, ao passo que o ápice das observações de Tipo III é
alcançado cerca de três horas após o crepúsculo. Por outro lado, o número
de relatos de Tipo I diminui gradativamente durante a noite, em proporção
direta ao número de observadores em potencial (à medida que as pessoas
voltam para casa do trabalho e vão dormir). A frequência de observações de
Tipo III decresce com maior rapidez (vide Figura 25).
3. A frequência das “aterrissagens” tem um segundo ápice de madrugada
(à medida que as pessoas que vão para o trabalho cedo acordam e deixam
seus lares) mas volta a zero em torno de 6:00 horas. Tal fato é de especial
interesse em contraste com a distribuição das observações de Tipo III.
4. As observações de Tipo IV ocorrem com maior frequência durante o
dia, embora atinjam o ápice ao aproximar-se o pôr do sol.
5. Os fenômenos de Tipo II, os quais representam um número pequeno
de relatos, são estudados em detalhe no capítulo seguinte e presentemente
não vêm ao caso devido ao seu grau de “ruído” mais elevado, oriundo de
interpretações falsas de balões, aeronaves e fenômenos astronômicos. As
distribuições dos casos de Tipos I e III são fundamentadas, em amostras de
várias centenas de dados cada um.
6. As distribuições são as mesmas em todos os países, dentro daquilo
que pudemos determinar.

Conforme vemos na distribuição das durações das observações de Tipo


IV (Figura 26), os casos “limítrofes” são também responsáveis por dois
ápices: um grande número de observações de duração muito curta e
algumas observações de longa duração; estes devem ser reexaminados para
fins de possíveis explicações clássicas. As estatísticas referentes ao Tipo IV
ilustradas na Figura 26 baseiam-se em uma amostragem de seiscentos
casos. Sessenta por cento dos mesmo foram observados entre 17:00 e 23:00
horas.

Fig. 25 — Distribuição de tempo de aparições dos Tipos I e III.

Uma proporção considerável indica uma duração de vários minutos, alguns


até mesmo de dez minutos e meia hora. É óbvio que não podemos dizer
muito sobre os casos de curta duração, exceto que investigações adicionais
devem ser levadas a efeito, a fim de determinar se não se trata de casos de
meteoros extremos. Por outro lado, alguns dos casos de duração muito
longa, tais como o incidente de Washington em 1952, são muito difíceis de
se discutir. Nossos dados não eram suficientes para permitir um estudo
comparativo das mesmas distribuições relativamente às diversas ondas.
Caso haja qualquer variação, ela certamente não é óbvia. De qualquer
forma, esse estudo revelou que as manifestações do fenômeno UFO eram de
duração considerável, frequentemente ultrapassando cinco minutos e sendo,
comumente, de quinze ou vinte minutos, o que propicia tempo de sobra para
que as testemunhas façam uma boa observação, tão logo a surpresa dos
primeiros momentos tenha sido sobrepujada.

O “MARCIANO” AO CREPÚSCULO

A fadiga pode ser responsável por erros de julgamento e falsas


interpretações em relatos de observações de Tipo I ocorridas durante seu
período máximo, do fim da tarde até a madrugada. Os relatos em que
“seres” são descritos como tendo saído da nave e permanecido fora dela por
algum tempo apresentam complicações maiores.
Pesquisadores oficiais frequentemente rejeitam tais narrativas sem
sequer examiná-las. O próprio Ruppelt disse: "Ao lado do arquivo de
'Dados Insuficientes’ havia outro intitulado ‘C. P.’, que significava
‘crackpot’ (biruta, em inglês). Nesse arquivo eram colocados todos os
relatórios de pessoas que haviam. . . inspecionado discos-voadores que
tinham aterrissado nos Estados Unidos. . .” (2). Admitir tal coisa é
realmente tremendamente significativo. Se esse arquivo “C.P.” não tivesse
sido inventado para eliminar a priori os relatos peculiares, os mesmos
teriam sido estudados por psicólogos; caso fossem meras fantasias, a
questão das aterrissagens teria sido resolvida a essas alturas.
Esta é uma questão importante, pois a tendência mitomaníaca não é tão
comum quanto alguns querem fazer crer; consiste de um padrão bem
conhecido de características psicológicas facilmente detetadas por um
especialista. Não podemos descartar as observações feitas por pilotos,
funcionários aduaneiros e engenheiros ferroviários, pessoas não propensas a
sofrerem de ataques de loucura, dizendo que elas “simplesmente” tiveram
alucinações ou inventaram uma história de ciência-ficção. A segurança de
nossa sociedade merece uma maior consideração da questão.
Uma vez que não nos recusamos a estudar os UFO como objetos aéreos,
não podemos, em termos lógicos, recusarmo-nos a estudá-los quando
relatos dizem terem aterrissado. Além do que, se não descartarmos a
possibilidade de tais objetos serem dispositivos controlados, não há motivo
para não aceitarmos — dentro desta hipótese — sua capacidade de se
aproximar da superfície da Terra, assentar-se nela e permitir que seus
“ocupantes” saiam de suas máquinas. Neste campo, contudo, os físicos não
devem propor nenhuma hipótese antes que os psicólogos tenham analisado
as narrativas e apresentado suas conclusões, ou antes que alguma
classificação preliminar tenha sido feita com o grosso dos relatórios.
Os psicólogos encontram nessas descrições um admirável objeto de
estudo. Além das testemunhas declararem que viram os “seres”, sua
sinceridade, em muitos casos, é bastante óbvia. Existe uma minoria de
casos, que acabaram por tornar-se conhecidos como histórias de
“contatados”, em que encontramos o padrão, com o qual já estamos por
demais familiarizados, de testemunhas que foram levadas para “dar um
passeio” a bordo de um “disco-voador” e a quem foi revelada a finalidade
dos UFO. De modo geral, em relatos desse tipo, os “ocupantes” são
descritos como sendo seres benevolentes (nossos “irmãos do espaço”), que
vieram nos salvar da destruição atômica. Tais narrativas devem ser,
absolutamente, separadas de relatos fornecidos por cidadãos
psicologicamente estáveis e genuinamente perplexos. Aquilo que as
testemunhas deste último grupo descrevem é muito diferente da imagem de
“irmãos do espaço”. O típico “visitante” é um homem de baixa estatura,
vestido de roupagem brilhante ou com um traje comum de uma peça só. O
traje às vezes oculta sua cabeça; se o rosto está visível, é geralmente
descrito como sendo maior do que a cabeça humana, com olhos grandes e
protuberantes. Alguns dos relatos insistem que os anões têm pelos sobre o
rosto e, algumas vezes, sobre todo seu corpo, sejam eles de si próprios ou
correspondendo a peles escuras de origem animal, usadas como vestuário.
Em todos esses relatos, a pessoa mais interessante — até que se obtenha
provas de que os “visitantes” realmente existem - é a própria testemunha.
Uma avaliação dos casos em que as testemunhas tenham revelado claras
indicações de sinceridade, e muitas vezes de extremo terror, bem como a
criação de um comitê oficial de investigações autorizado a realizar tais
investigações, seriam os instrumentos lógicos a serem utilizados nesses
casos.

O PADRÃO POR DETRÁS DAS ATERRISSAGENS

Como agiria tal comitê para estudar as aterrissagens? Uma análise


completa das observações de Tipo I seria dirigida aos quatros grupos de
perguntas abaixo:

1. Quem presta relatos de aterrissagens? Quais as idades e profissões das


testemunhas?
2. Sob quais condições foram feitas as observações? A que distância das
testemunhas os “objetos” aterrissaram? A que horas do dia e em que tipo de
terreno ocorrem as aterrissagens? Durante quanto tempo os “objetos”
permanecem sobre o solo? Como desaparecem?
3. As testemunhas descrevem os “ocupantes” da “nave”? Caso o façam,
em que termos? As descrições são consistentes?
4. Quais as principais características da “nave”, segundo pode-se
depreender dos relatos?

Contrário às afirmações às vezes feitas pelos entusiastas norte-ameri-


caos, os quais gostam de pensar que vêem no desenvolvimento da atividade
UFO, o desenrolar de um “plano mestre”, sendo as aterrissagens uma
característica de períodos recentes, tais incidentes têm estado presentes em
todas as fases do fenômeno. Charles Fort menciona alguns. Um pesquisador
norte-americano, Orvil Hartle, publicou vários relatos de aterrissagens
ocorridas no início do século vinte de caráter bastante singular. Casos
semelhantes foram observados durante a onda de 1946, na Escandinávia, e
as primeiras descrições claras de “homenzinhos” foram feitas em 1947.
Hanlon, em sua excelente análise da onda de 1897, nos Estados Unidos,
encontrou um número surpreendente de relatos que fugiram à atenção de
todos os outros pesquisadores, embora os mesmos estivessem prontamente
disponíveis em coleções de jornais quotidianos. Alguns dos incidentes por
ele descobertos descrevem os “ocupantes” da nave como sendo seres de
baixa estatura.
Relatos de aterrissagens não foram raros durante o “Período
Americano” de 1947-52, porém, conforme vimos, a equipe de Ruppelt
escrupulosamente eliminou-os. Somente quando cuidadosos e organizados
pesquisadores civis, tais como Leonard Stringfield e Coral Lorenzen,
começaram a investigar os casos de aterrissagens norte-americanos e
publicar suas descobertas é que se colocou o assunto sob uma luz
apropriada.
Entrementes, contudo, algo da maior importância ocorrera na Europa. A
onda de 1954, que ali atingiu seu ápice, produziu milhares de relatos, entre
eles um grande número de casos do Tipo I. Todos os relatórios circularam
livremente. Pormenores valiosos, documentos de primeira mão e entrevistas
pessoais foram prontamente centralizados por pesquisadores capazes. A
Itália, Espanha, África do Norte e Alemanha também produziram grande
riqueza de dados.
Desde então, o problema das aterrissagens teve seu interesse bastante
difundido, embora os relatos de 1954 permaneçam sendo o núcleo de
qualquer estudo genérico sobre a questão. Nesta investigação preliminar,
decidimos limitar nossa análise a duzentos dos casos mais significativos
daquele ano, excluindo, é lógico, todas as instâncias reconhecidas como
sendo engodos, falsas indetiflcações de objetos comuns, alegações de
“contatados”, etc. Esses duzentos casos representam cerca de um quarto de
nosso arquivo atual sobre aterrissagens (Vide a edição especial sobre
‘'aterrissagens” da Flying Saucer Review (outubro de 1966), para uma
descrição completa, desses duzentos casos mencionados).
A primeira impressão causada pelo exame desses casos é de choque e
descrença; parece impossível introduzir qualquer similitude de ordem em
eventos tão fora do ordinário. Dois comentários, porém, abrem todo um
manancial de possibilidade de discussão.

1. A principal série de aterrissagens, em 1954, teve início com um nítido


e súbito irrompimento de atividades em setembro e tendeu a declinar no
começo de novembro. O centro de tal atividade sofreu uma deslocação
geográfica durante a segunda quinzena de outubro, sendo que os relatos
mais notáveis originaram-se da Itália e da América do Sul, ao invés da
França. Esse foi o primeiro indicio de que tal atividade, por estranho que
possa parecer, talvez se relacionasse a alguma realidade física ou
psicológica, passível de ser estudada de maneira profícua. Ao mesmo
tempo, o fato de que a maior parte dos relatos eram oriundos da França
indica a possibilidade de que as observações ocorriam com igual densidade
em outros países, porém não recebiam o mesmo grau de atenção.
2. A explicação óbvia que nos vem à mente é que a causa dos relatos de
aterrissagens, o “estímulo”, é deveras real: é psicológico por natureza; em
outras palavras, todas as testemunhas foram vítimas de sua imaginação.
Essa teoria foi formalmente apresentada por Heuyer em uma célebre
comunicação à Academia Francesa de Medicina; tem sido tacitamente
aceita pela comunidade científica como um todo e forma a base da atitude
oficial sobre o assunto: as pessoas são vítimas de uma “psicose de discos-
voadores”; as histórias que elas lêem nos jornais têm um efeito marcante
sobre sua imaginação; é sob essa influência que indivíduos
psicologicamente deficientes começam a gerar boatos que se espalham de
um prédio para outro e de quarteirão em quarteirão; sem dúvida, tais boatos
são típicos das tensões da sociedade moderna, culminando na aparição de
"discos-voadores” e seus operadores descendo ao solo.

O fato de que essa teoria, relativa aos relatos do Tipo I, ganhou


aceitação, mesmo entre as fileiras de "Ufologistas”, é evidenciado pelo erro
da maioria dos grupos norte-americanos, ao não levarem a sério as
pesquisas realizadas por Michel e outros pesquisadores estrangeiros dez
anos atrás, e pelo fato de que comentários sobre essa categoria de eventos
estão visivelmente ausentes da literatura referente aos UFO, na língua
inglesa. É digno de nota observar como Keyhoe e alguns de seus seguidores
consistentemente evitaram a questão, enquanto Menzel e a maior parte dos
cientistas céticos constantemente apontam os relatos de aterrissagens como
sendo a área crítica de qualquer discussão séria sobre o fenômeno UFO.
Pretendemos provar que a teoria de Heuyer é falsa, mostrando que há
uma ordem nos relatos de aterrissagens e que o que parece ser uma massa
desordenada de boatos está, na realidade, fortemente relacionada a
fenômenos de natureza física, e não psicológica, Mostraremos,
primeiramente, correlações negativas com todos os fatores sobre os quais
poderia fundamentar-se a teoria psicológica. Reconsideraremos, em
seguida, as leis do fenômeno, observando sua coerência e consistência com
a hipótese que a grande maioria dos incidentes relatados é real. Essa
conclusão abrirá caminho para algumas especulações interessantes que, por
sua vez, deverão eliminar alguns dos aspectos obscuros que envolveram o
mistério UFO durante quase vinte anos.

A primeira lei negativa: densidade demográfica

A "psicose de discos-voadores”, conforme descrita por Heuyer,


obedeceria a regras muito rígidas. Psicoses não são fenômenos erráticos e
aleatórios; surgem e tornam-se observáveis somente em áreas onde as
condições são favoráveis a seu desenvolvimento. Durante o outono de 1954,
as condições para um fenômeno psicológico desse tipo teriam sido
encontradas em Paris, onde boatos circulam com muita rapidez e são
facilmente aumentados, onde as condições políticas e sociais não eram nada
boas (o ‘‘escândalo Baranes” estava no auge), e onde havia um público para
ideias ligadas à ciência-ficção. Em grau menor, as áreas densamente
povoadas de Marselha, Bordeaux e Lille, além das regiões altamente
industrializadas do leste, teriam constituído vastos reservatórios de vítimas
de "Heuyerite” em potencial.
Indicamos, na Figura 27, todas as aterrissagens francesas de 1954 que
não puderam ser explicadas. Além de não haver nenhuma concentração
maciça ao redor de Paris, os seis departamentos de Seine, Seine-et-Oise,
Seine-et-Marne, Marne, Meuse, Loiret e Lir-et-Cher, que deveriam ter
proporcionado a maior contribuição de elementos psicológicos, por
incluirem praticamente um terço de toda a população da França, não
contribuíram com um único relato! As outras regiões densamente povoadas,
(com a única exceção da área de Lille) foram igualmente “evitadas” pelo
fenômeno, em contradição direta à teoria de Heuyer,' o que nos permite
estabelecer nossa primeira lei:

A distribuição geográfica dos locais de aterrissagem, em 1954, é


inversamente proporcional à densidade demográfica.
Fig. 27 — Relatórios inexplicados de aterrissagens na França em 1954;
as linhas pontilhadas indicam regiões com densidade de população
acima de sessenta por quilômetro quadrado.

A segunda lei negativa: confiabilidade das testemunhas

A típica vítima de “Heuyrite” seria um burocrata solteiro, instável


emocionalmente, ou casado, cuja vida conjugal fracassou, com pouca ou
nenhuma responsabilidade, um estudante universitário cheio de entusiasmo
juvenil, ou alguma alma espiritualista, em busca de experiências extra-
terrenas. Uma pessoa desse tipo talvez saísse à noite nutrindo esperanças de
avistei “discos-voadores”; o “pensamento positivo”, assim aplicado, poderia
ser responsável por muitos relatos.
Realmente, é o que observamos entre o ruidoso grupo de “contatados”
norte-americanos e a maior parte dos grupos UFO que brotam por toda
parte assim que a questão UFO volta a ser alvo de publicidade de âmbito
nacional. De modo característico, tais pessoas vão até os arredores da
cidade ou vila, ao escurecer, conduzidas por estranhos “impulsos mentais”,
e encontram o que procuravam: um contato com setes de outros planetas.
Voltam ansiosamente à cidade e organizam uma série de palestras,
completas com slides e gravações em fita da Área Júpiter 7. Será que os
relatos de aterrissagens, em 1954, tiveram sua origem em tais fontes?
A resposta é não. Temos em nosso poder dados que podem prová-lo; os
relatos na imprensa local forneceram o número de testemunhas, seus nomes,
endereços, profissões e, frequentemente, suas idades. As estatísticas
fundamentadas nessas informações indicam que:

1. a maioria das testemunhas (71 por cento) são identificadas e bem


conhecidas onde moram. A maior parte delas são chefes de família;
observações feitas por toda a família, ou pela família e seus vizinhos, não
são raras.
2. As narrativas das testemunhas principais, que descrevem um objeto
sobre o solo, são confirmadas por testemunhas independentes, ou seja,
pessoas que não se avistaram com as primeiras testemunhas e não estavam
cientes de suas observações, em dezoito casos. Em quatro casos, objetos
que permaneceram sobre o solo foram vistos por pessoas diferentes em
intervalos de dez a vinte minutos. Na maioria dos casos, a polícia foi
notificada imediatamente e tomou depoimentos das testemunhas dentro do
prazo de uma hora após as observações.
3. Em praticamente todos os casos, o local da observação era bem
conhecido das testemunhas. Em vinte e um casos, a nave aterrissara literal-
mente em seus quintais ou na vizinhança imediata de suas residências ou
propriedades (campo, pastos). Em não menos que setenta e cinco casos,
aterrissou diretamente na estrada ou nas imediações da estrada utilizada
pelas testemunhas para ir e vir do trabalho. Em quinze casos, aterrissou no
local onde as testemunhas (bombeiros, vigias noturnos e elementos das
forças armadas) estavam trabalhando.
4. Em quarenta e três casos, as testemunhas estavam trabalhando quando
viram o objeto pela primeira vez. Em nove casos, estavam a caminho do
trabalho. Em vinte e um casos, estavam voltando do trabalho. Em doze
casos, as testemunhas eram vigias, bombeiros ou policiais em serviço.
5. Relatos são feitos com igual frequência por pessoas de ambos os
sexos. Não ocorre nenhuma frequência anormal em determinados grupos
etários. Relatos de crianças não diferem, de maneira significativa, das
narrativas de homens ou mulheres, salvo quanto à linguagem usada, como
seria de se esperar.
6. Em vinte e um casos, as testemunhas principais mostravam sinais de
extremo pavor e, em quatro casos, desmaiaram durante ou imediatamente
após a experiência. Em seis casos, cuidados médicos fizeram-se
necessários. A reação de animais é igualmente, de pânico em muitos casos.
7. Dentre um mínimo de 624 pessoas relacionadas com as duzentas
aterrissaRens, somente 98 (15 por cento) estavam sós quando avistaram o
objeto. Em termos de observações, menos da metade (exatamente 49 por
cento) tiveram somente uma testemunha; isso não é surpreendente se
levarmos em conta a hora das observações e suas localizações em áreas
rurais. Em treze casos, havia mais de dez testemunhas. Em um dos casos,
uma multidão de 150 pessoas relatou ter visto a nave e seus operadores.

Essas estatísticas representam eloquente apoio à realidade dos


fenômenos relatados. As mesmas podem ser resumidas em nossa segunda
lei:

Nas aterrissagens de 1954, a massa das testemunhas era constituída


por pessoas tipicamente rurais, tendo uma proporção natural de
homens, mulheres e crianças. A maioria das testemunhas tinha emprego
fvco, freqüente- mente em cargos de responsabilidade social, tendo
observado um fenômeno incomum enquanto dedicavam-se à sua
ocupação costumeira, em seu meio ambiente habitual.

Essa lei é melhor ilustrada pelo diagrama da Figura 28, onde mapeamos
o número de testemunhas versus a distância do objeto, ou seja, a distância
mínima entre a testemunha principal e o objeto observado. Ambos os
valores são conhecidos em sessenta e seis casos. Os círculos preenchidos na
Figura 28, representam observações com relatos de efeitos fisiológicos. É
interessante notar que os pontos estão dispersos por todo o diagrama, sem
qualquer padrão especial; visões muito próximas (em que as testemunhas
disseram estar suficientemente próxima para terem tocado o objeto) não
são, necessariamente, “casos de uma única testemunha”. Tal distribuição
reforça nossa conclusão de que o “estímulo” não é psicológico.
As leis positivas

Acabamos de determinar que Heuyer não explicou as observações de


maneira satisfatória. Mas tampouco o fizemos nós.
A afirmação de que os fenômenos foram causados por “alguma espécie
de espaçonave” ou por “alguma inteligência extraterrena” é uma saída por
demais cômoda. Se quizermos, com a palavra espaçonave, dizer “máquina”,
a menos que seja o produto de uma inteligência totalmente alienígena à
humanidade, a mesma deverá ter sido projetada de acordo com princípios
exatos da engenharia. Isso posto, deve ser possível testar a objetividade do
fenômeno por referência aos relatos em si; em outras palavras, deve existir,
a despeito de diferenças de terminologia, certos elementos invariáveis
quanto às características da nave que não poderiam ter sido inventados pela
testemunha e que seriam passíveis de recuperação analítica.
Conforme observado em uma publicação norte-americana (The UFO
Evidence), todos os objetos relatados apresentam uma simetria de revolução
e, às vezes, produzem fortes efeitos eletromagnéticos; isto, porém,
certamente não basta. Mesmo nos casos de 1954, em que as testemunhas
não haviam sido expostas a muitas descrições de “discos-voadores”, a
observação de Arnold era bem conhecida, além do que já houvera algumas
divagações sobre a ideia de discos-voadores provenientes de Marte. Ao fim
da onda, essa tornara-se o assunto mais popular na Europa. Portanto, nem o
formato, nem a maneabilidade, nem tampouco as perturbações físicas nas
proximidades do objeto, constituem elementos invariáveis dignos de
confiança.
Entretanto, os fenômenos luminosos relacionados aos objetos são mais
interessantes. As “naves” relatadas são observadas em duas “fases”: uma
fase escura, durante a qual são vistas como “máquinas” opacas e metálicas,
de carcaça sólida, por vezes emitindo centelhas curtas e, ocasionalmente,
apoiadas sobre pernas e apresentando aberturas luminosas; e uma fase
brilhante, durante a qual têm a aparência de “esferas de fogo”, globos de
fogo, cujos centros são, às vezes, vistos como invólucros transparentes,
dentro dos quais figuras escuras podem ser observadas. Muitas testemunhas
foram, primeiramente, atraídas aos objetos por pensarem que uma casa
estava em chamas.
É extremamente interessante estudar as transições da fase escura para a
fase brilhante, em correlação com as manobras relatadas como tendo sido
realizadas pela “nave” e as hipóteses referentes à sua tecnologia. Ambas são
bastante consistentes, conduzindo a vários resultados estranhos: o interior
da “nave”, por exemplo, é frequentemente descrito como sendo iluminado
por uma intensa luz, semelhante à produzida pela combustão do magnésio.
A fonte de luz é tão forte que ilumina a região em uma área de, às vezes,
vários quilômetros. Além de não haver nada em nossa tecnologia que possa
duplicar tal desempenho em um volume diminuto, as condições internas de
uma “máquina” desse tipo seriam um tanto intoleráveis para um ser
humano.
O mais forte elemento invariável é o diâmetro da “máquina” em si.
Essas estimativas devem ser confiáveis pelo fato dos objetos serem vistos
sobre ou muito próximo ao solo, tendo ao fundo um segundo plano, já
conhecido, de edificações e árvores. É também muito mais fácil calcular a
distância de um objeto perto do solo do que de um esteja no céu. Será que
relatos que forneçam estimativas tanto do diâmetro da “nave” quanto de sua
distância das testemunhas proporcionam um quadro coerente?
Sim, e o quadro que proporcionam é dos mais notáveis. Na Figura 29,
ilustramos tais relatos em termos da média de cada classe. Descobrimos que
o diâmetro calculado da “nave” é uma constante para todas as testemunhas
cuja maior aproximação tenha sido entre quinze e cem metros. Testemunhas
que se aproximaram mais da “nave” dão uma estimativa um pouco menor;
aquelas que se encontravam à distância deram-na muito maior. Este último
fenômeno é bastante conhecido pelos psicólogos e astrônomos: chama-se
“ilusão lunar”, pois a lua, ao nascer, aparenta um diâmetro bastante
exagerado. Contudo, se os objetos em questão não fossem objetos reais,
físicos, nosso diagrama não mostraria essa “ilusão lunar”! Se as
testemunhas estivessem mentindo, ou fossem vítimas de um delírio, tal
efeito não ocorreria. O que nos leva à nossa terceira lei:

Os dados estão em conformidade com a hipótese de que os


fenômenos relatados pelas testemunhas das aterrissagens de 1954
tinham uma simetria de revolução e um diâmetro real de cerca de cinco
metros.

Isto corresponde a uma descoberta importante. O tamanho estimado dos


objetos que apresentam outros tipos de comportamento (aqueles que não
aterrissaram) é muito maior do que cinco metros. Isso seria intencional por
parte do seu “projetista”? Por que tais objetos também não são observados
em voo? Deveríamos considerar, com atenção renovada, as narrativa em
que a “nave” teria “desaparecido” no ar? Um número demasiadamente
grande de perguntas permanece sem resposta; necessitamos descobrir outras
leis, ou princípios tecnológicos, antes que possamos determinar a natureza
física desses fenômenos. Tais leis não são, porém, inatingíveis. Certos
elementos das respostas já foram descobertos, por meio de correlações
feitas por computador, entre as características relatadas; contudo, são ainda
por demais novas e fragmentárias para que possam ser divulgadas, além do
que, a quantidade de boas observações do Tipo I ainda é demasiadamente
pequena.
Em dezoito casos (1954), apenas, possuímos uma descrição da chegada
do objeto; os outros relatos de nossa lista envolvem objetos que já se
encontravam no solo e que, geralmente, levantavam voo quando da
aproximação das testemunhas. Um número muito maior de relatos
pormenorizados nos é necessário para que possamos obter dados científicos
que sustentem tais conclusões.
Uma investigação científica mostra-se ainda mais imperativa quando
descobrimos que não somente as dimensões dos objetos, mas, também
outros parâmetros do fenômeno seguem regras bem definidas. Já vimos, no
começo deste capítulo, a lei cronológica, quando observamos que apenas
algumas aterrissagens ocorriam durante o dia. Seria interessante realizar o
mesmo estudo sobre uma amostragem de dados mais ampla, a fim de
determinar os limites desse período de atividade que acompanham o
crepúsculo e o amanhecer.
Outro padrão que torna-se evidente a partir da Figura 27 é a distribuição
dos locais de aterrissagem. Como vimos, há uma grande área de escape a
qual abrange seis departamentos em uma faixa diagonal da Bélgica ao
Atlântico. Ao norte da referida zona há uma área de densidade
relativamente uniforme, ao longo do Canal da Mancha, de Le Havre a
Boulogrie, estendendo-se até o interior, em aproximadamente 200
quilômetros. Há, ainda, uma distribuição bastante livre de observações ao
Sul. A grande maioria dos locais de aterrissagem situam-se dentro de uma
faixa diagonal com cerca de 250 quilômetros de largura; não menos que
oitenta aterrissagens, 51 por cento das aterrissagens francesas, ocorreram
naquela'' faixa durante o último trimestre daquele ano. Tal observação não
pode ser relacionada com nenhuma característica regional óbvia: a faixa em
questão estende-se desde a populosa Alsácia-Lorena, onde a maioria das
observações sucederam em florestas densas, até o tranquilo vale do rio
Loire. Inclui áreas selvagens, às vezes desoladas, do Vendee e dos planaltos
centrais; por estranho que pareça, a densidade das aterrissagens é mais
elevada naquelas regiões mais inacessíveis, onde a população tem pouco ou
nenhum interesse por acontecimentos atuais e a vida é, tradicionalmente,
sossegada. Certamente, nada poderia estar mais deslocado no espaço do que
um drama de ciência-ficção em um lugar tão afastado da civilização
moderna como o planalto de Millevaches. Trata-se da região francesa onde
alguns dos grupos mais aguerridos da Resistência entrincheiraram-se
durante a Segunda Guerra Mundial; uma das pessoas encarregadas de
investigar as aterrissagens naquela área comentou que os UFO pareciam
seguir um padrão de atividade bastante semelhante ao dos Maquisards,
permanecendo nas florestas mais densas e nas áreas mais selvagens.

Os conglomerados

Outra descoberta, perceptível no mapa, é que as aterrissagens tendem a


ocorrer em “conglomerados”; duas, três ou quatro observações são feitas
por pessoas diferentes, em ocasiões diferentes, dentro de uma área pequena
e bem definida de poucos quilômetros de largura. Desde que esse mapa foi
esquematizado, a análise, feita por Fuller, das observações de Exeter em
New Hampshire, mostrou existir um padrão semelhante nos Estados
Unidos.
Relataremos, aqui, dois conglomerados de especial interesse: os de
Mezieres e Saint Quirin (Uma investigação especial sobre esta questão está
em andamento, dentro da estrutura de um estudo completo das distribuições
dos locais de aterrissagem no território francês). Das três observações nas
cercanias de Mezieres, nenhuma chegou a ser relatada em um jornal de
âmbito nacional ou publicação especializada. Duas delas são provenientes
de jornais locais; a terceira consiste de uma ocorrência policial. Quando
Michel e Carrouges escreveram seus livros, estas lhes eram desconhecidas.
Jamais receberam qualquer publicidade. As observações ocorreram nos dias
4,16 e 27 de outubro — aproximadamente em intervalos de doze dias. 0
primeiro caso foi relatado por uma criança, um garoto que disse ter visto um
objeto “com a forma de uma barraca” e um desconhecido perto dele. No
segundo caso, uma mulher desmaiou ao ver um objeto aterrissar a uma
distância de pelo menos trinta metros donde estava. No terceiro caso, um
policial que se encontrava nas imediações das outras duas observações
avistou um objeto voador que levantou voo de madrugada.
Observa-se o mesmo padrão nas densas florestas da Alsácia, perto de
Saint Quirin, Schirmeck e Moussey: seis dias após a observação feita por
um certo Sr. Schoubrenner (o qual estava dirigindo naquela área, quando
viu um objeto luminoso na estrada, teve uma sensação de calor e foi
acometido de uma espécie de paralisia, ao mesmo tempo que seu carro
enguiçava a mais ou menos vinte jardas do objeto), um trator foi afetado da
mesma forma quando um objeto o sobrevoou a baixa altitude. No dia
seguinte, um escolar e um diretor de escola viram uma “nave” sobre o solo;
ao partir, deixou marcas que formavam um triângulo.
Este padrão de “amostragens múltiplas” é observado em muitos outros
casos — em regiões setentrionais, na Bretanha, perto de Toulouse e
Perpignan, mas, principalmente, dentro da faixa diagonal mencionada
anterior- mente.

Os “operadores”

Dentre as 200 aterrissagens aqui consideradas, 156 ocorreram na


França; 133 delas envolviam objetos que realmente chegaram a parar em
pleno voo. Destas, 118 aterrissaram (ao passo que as outras permaneceram a
uma altitude muita baixa, às vezes prosseguindo lentamente em seu voo) e
foram observadas em tal situação por períodos de duração variando de
alguns segundos até horas. Destes 118 casos, 42 envolviam descrições dos
“pilotos” da “nave”, os “operadores”.
Em 5 casos, foram descritos estando dentro das naves; isso deixa-nos 37
casos em que os operadores foram vistos fora do objeto, 23 dos quais
contêm descrições pormenorizadas. Em escala mundial, encontramos 18
relatos similarmente detalhados de “entidades”.
As descrições sempre envolvem criaturas de aspecto quase humano; às
vezes são totalmente humanos. Em dez casos os “operadores” eram de
estatura média ou acima da média, com traços caucasianos; em um relato,
um “operador humano foi visto em companhia de dois “humanoides”. Os
“humanos” são sempre de tipo “europeu”, com poucas variações; vestem
macacões, jamais usam equipamento respiratório ou escafandros.
Um número por demais grande de tais descrições constitui um revés à
teoria da origem extraterrena dos UFO, conforme normalmente formulada.
Seres fictícios de outros planetas raramente têm forma humana; quando H.
G. Wells ou Brian Adliss criam um “marciano”, ele não é humanoide. O
corpo humano, explica a biologia, é típico deste planeta; a gravidade da
Terra, a pressão e composição de sua atmosfera, bem como sua distância do
Sol, todos contribuem para configurar a forma de vida existente aqui.
Alguns dos humanoides, bem como os operadores humanos, são
descritos como criaturas que respiram ar. Em pelo menos oito instâncias,
anões cujos rostos e corpos são revestidos de pelos abundantes foram
descritos. Escafandros são mencionados ocasionalmente, mas estes são
reservados para os humanoides, cujos trajes são comparados a armaduras,
vestes luminosas ou macacões brilhantes:

“Era uma criatura pequena, com um rosto humano normal, de l a 1,20 metros de altura,
estava usando um traje transparente que o cobria completamente: lembrava uma criança
envolvida em um saco de celofane.”

Um aspecto fascinante do estudo desses fenômenos é que nenhuma


teoria de sua origem ou natureza pode ser montada sem que se faça
referência a teorias da origem do homem e à natureza da vida. Seria
presunçoso alegar que dispomos de dados suficientes para contribuir ao
universo dos conhecimentos atuais sobre tais assunto. Mas os fatos devem
ser registrados. Talvez não passem de interessantes contos de folclore — ou
talvez envolvam algo muito maior. O mínimo que podemos dizer é: as
testemunhas não são pessoas insanas mentalmente. São homens e mulheres
perfeitamente normais e simples, que não optaram por desempenhar um
papel neste mistério. Não são propensas a profecias, voltando ao anonimato
após relatar suas histórias. Será que devemos considerar esse silêncio como
prova de delírios, ou uma indicação de que fecharam suas mentes à
experiência? O estudo de um relato verdadeiro e as circunstâncias que
envolveram a observação talvez ajudem a explicar essas atitudes.

A ATERRISSAGEM EM PREMANON

Vimos que as aterrissagens parecem ser relatadas com maior frequência


em áreas distantes de centros populacionais, em arredores tranquilos. A esse
respeito, a aterrissagem em Premanon, em 27 de setembro de 1954, é típica.
Premanon é uma pequena cidadezinha francesa, encarapitada nas
magníficas montanhas do maciço de Jura, bem próximo da fronteira suíça.
Todas as testemunhas eram crianças. O incidente — uma das primeiras
aterrissagens da onda, chamada por Michel de “talvez a mais interessante de
todo o outono” — ocorreu em uma noite chuvosa, na fazenda da família
Romand, em um lugar ermo, longe do centro do vilarejo.
Às oito horas, Raymond Romand, de doze anos, decidiu sair para dar
um passeio. Assim que acabara de fechar a parta, congelou: no pátio da
fazenda estava um estranho objeto, vagamente brilhante, que parecia uma
caixa de alumínio vertical: “era da altura de uma porta, brilhante, como um
guarda-roupa com um espelho.”
O “objeto” — ou “entidade” - aproximou-se do garoto e tocou-o
delicadamente. A coisa era fria; aterrorizado, Raymond tombou ao chão.
Tentou gritar por socorro mas não conseguiu. Logrou ficar de pé mas,
apesar de seu medo, decidiu não voltar para dentro da casa; estava com
mais medo de seus pais do que da “coisa”; seria incapaz de dissimular sua
emoção e seria certamente acusado de mentiroso se contasse que “tinha
visto um fantasma”. Além do que, estava agora mais fascinado do que
aterrorizado pela aventura.
A essa altura, Raymond não estava mais sozinho. Sua irmã de nove
anos, Janine, e os dois filhos menores da família haviam seguido Raymond
até lá fora. Janine viu a “entidade” e conseguiu esconder-se no celeiro.
Encorajado pela presença deles, Raymond apanhou pedras e começou a
arremessá-las contra o “fantasma”. Uma das pedras atingiu algo metálico
enquanto a criatura afastava-se, caminhando. Deixando o pátio da fazenda,
dirigiu-se a um objeto luminoso e avermelhado, em um pasto em declive, e
a “bola de fogo” logo partiu. No dia seguinte, investigadores de polícia de
Saint Claude e Les Rousses encontraram quatro buracos triangulares em
uma área fortemente achatada, naquele local. Além disso, uma cerca de
madeira apresentava raspões e a casca de um pinheiro fora chamuscada
cinco pés acima do chão. Charles Garreau relata que sobre a área achatada,
que tinha doze pés de diâmetro, o capim fora achatado em direção anti-
horário, no feitio de um redemoinho, e as flores silvestres pareciam ter sido
passadas por uma prensa. A beirada do círculo estava nitidamente definida e
os quatro buracos disposto em um quadrado.
Após a partida do “fantasma”, as crianças logo perceberam que seria
melhor que nada falassem sobre aquilo que tinham visto; permaneceram em
silêncio durante o fim do entardecer e toda a noite. No dia seguinte,
entretanto, Raymond contou a história a outro menino da escola; o boato
espalhou-se e chegou à jovem professora, Srta. Huguette Genillon, que
chamou a polícia.
O Capitão Prustel, de Saint Claude, conduziu, ele mesmo, as
investigações. Sobejamente conhecedor da região e seu povo, não se
surpreendeu com a reação das crianças; entrevistou-as separadamente e a
fundo, fazendo com que reproduzissem toda a cena.
Durante toda a investigação, a Sra. Romand demonstrou uma atitude
muito estranha. Parecia profundamente chocada com todo o ocorrido, além
de relutante em permitir que a entrevista fosse feita. Recusava-se a acreditar
que Raymond pudesse ter visto algo. Por ser uma mulher muito religiosa e
devota, afirmava categoricamente que “discos-voadores” e “marcianos” não
poderiam existir, e que preferia crer que um espírito do mal, ou o próprio
demônio, estava instando seu filho a mentir. Deus criou-nos, dizia; além de
Deus e suas criaturas, nenhum ser vivo existe, especialmente “marcianos”.
Um repórter jornalístico, que fora a Premanon e falara com a mulher,
observou que sua casa era, provavelmente, um dos poucos lugares na
França onde o assunto de “discos-voadores” jamais fora discutido durante o
jantar. As próprias crianças nunca usavam o termo “disco-voador”, ou
“marcianos”. Disseram e repetiram, isso sim, que tinham visto um
“fantasma”. A ideia de um“disco-voador” teve início entre os adultos, em
Premanon.
Esse foi o começo de um incrível período na vida do pequeno vilarejo.
A Sra. Romand queria forçar seu filho a admitir que estivera mentindo, que
não vira nenhum "marciano". Para ela, era uma questão de fé e, além disso,
a boa reputação da fazenda estava em jogo. Como Raymond não mudou sua
história, foi punido, sendo preso dentro de casa. Mas ele ainda insistia que
havia visto o ser. A mãe aborreceu-se ainda mais pelo fato de seu filho não
ter confiado nela, pois era do conhecimento de todos que a jovem
professora fora a primeira a ouvir a história. As simpatias de todos
dividiam-se entre os dois fogos e, não tardou muito, o “marciano” tornara-
se um assunto ideológico naquela pequena comunidade das montanhas.
Seria conveniente considerarmos essa reação âa população de Premanon
com bastante cuidado, pois ela confere ao fenômeno UFO sua verdadeira
dimensão como fato socialógico. A causa das aparições pode ser descutida
segundo a física; suas consequências, porém, são psicológicas e sociais.
Independentemente de sua natureza física, o fenômeno conscientizou-nos
das limitações de nossas Filosofias, da obscuridade de nossas crenças, das
fraquezas de nosso conhecimento. Gerou conflitos e produziu "mudanças
em nossa consciência do mundo ao redor de nós, que não são fáceis de
avaliar ou mesmo de perceber, embora todos nós sejamos afetados.
O incidente de Premanon não deu margem a grandes debates. Nenhum
filósofo sisudo parou para ponderar sobre a história. Quanto aos cientistas
profissionais, dar as costas a tais relatos com um sorriso é, para eles, nada
mais que um sinal de atualização. O silêncio existente entre eles deve-nos
ser bastante significativo.
Capítulo Dez - O PROBLEMA TECNOLÓGICO

NUVENS EM FORMA DE CHARUTO

Já pudemos ter uma melhor percepção das condições das observações,


sua ocasião de ocorrência e duração; estudamos relatos, de aterrissagens;
também fizemos certos comentários referentes às testemunhas. Tudo isso
levou-nos a levantar a hipótese de que os objetos são de uma realidade
material de significativo potencial. É chegada a hora, contudo, de
considerar os outros tipos de aparições e examinar suas características à luz
dessa hipótese.
Entre os quatro principais tipos de relatos por nós definidos, as
aterrissagens não são a única instância de uma escolha bem definida entre
teorias extremas; a natureza do fenômeno é igualmente bem ilustrada pelas
aparições do Tipo II, ou “nuvens-charuto”. O tratamento dado a tais
aparições nas publicações francesas (5, 26), é verdade, desencorajou os
especialistas norte-americanos de estudá-las. Estes julgavam que se casos
de tão longa duração, com características tão claramente definidas, fossem
realmente relacionados com os “discos-voadores”, então o problema seria
deveras diferente. Os arquivos americanos, entretanto, não possuem,
nenhum exemplo que seja desse tipo de objeto, o que faz pensar que tais
relatos devem ser o resultado de um boato fantástico, gerado pela onda de
1954 e, como tal, considerados exageros e delírios.
Por estarmos cientes dessas objeções, bem como da completa ausência
de relatos do Tipo II nas publicações de grupos amadores deste lado do
Atlântico, reexaminamos seus dados e os da Força Aérea dos Estados Unido
com cuidado redobrado; tal estudo não apenas levou à descoberta de
numerosos casos do Tipo II nos Estados Unidos, mas também mostrou que
os mesmos são tão claramente definidos quanto as aparições europeias.
Porque, então, esses relatos escaparam à atenção tanto dos investigadores
oficiais quanto dos amadores? Em nossa opinião, o problema é, mais uma
vez, uma questão de método. Um efeito de seleção fez com que esses fatos,
raros mas extremamente significativos, passassem desapercebidos.
Conforme vimos, os arquivos oficiais jamais foram estudados como um
todo. O Projeto Livro Azul nunca considerou seus arquivos como sendo um
corpo de dados suscetíveis de classificação, análise global, etc. mas sim
como uma coleção de narrativas, a serem explicadas uma a uma. Os
amadores norte-americanos partem de princípios opostos, mas seu método é
exatamente o mesmo: consideram seus arquivos uma coleção de valiosas
ocasiões de espanto. Ninguém considerou as listas de observações da forma
que um astrônomo consideraria um catálogo de estrelas, por exemplo; esses
“Ufologistas” visualizam seus dados de modo bastante semelhante àquele
em que os alquimistas consideravam os elementos antes da descoberta da
tabela periódica: como uma combinação infinita de fatos sem organização e
classes definidas.
Nos arquivos militares, as aparições são relacionadas pelos nomes das
testemunhas e o grau de “explicação”. Nos arquivos particulares, a
profissão das testemunhas, seu valor de “relações públicas” parece ter
precedência a tudo o mais. Se um encanador observa um objeto
aproximando-se a baixa altitude, do sul, e um piloto de caça a jato por acaso
relatar a observação de objeto semelhante aterrissando a duas milhas ao
norte da posição do encanador, dez minutos depois, os militares e os
amadores registrarão dois relatórios diferentes, colocando-os em dois
arquivos diferentes; em seguida, tentarão descobrir padrões.
Nos arquivos da Força Aérea, a maior parte dos fenômenos do Tipo II
encontrados levavam a observação: “informação insuficiente”. Isso
significa que tais fenômenos foram ofuscados, dispersados dentro de uma
categoria estatística que agrupava centenas de meteoros vagos, balões
duvidosos, burlas malfadadas e, possivelmente, pássaros. Um sistema desse
tipo pode ser tudo, menos uma classificação. No trabalho publicado pela
NICAP, que envidou esforços louváveis em organizar os dados, há somente
um caso claro do Tipo II (observação de Frank Halstead, em primeiro de
novembro de 1955), que, no entanto, não é definido como tal, aparecendo
sob um parágrafo intitulado “Observações de Astrônomos”, na seção
“Cientistas e Engenheiros”. Não se faz nenhuma referência ao padrão de
geração de UFO’s observados em outros lugares. Quanto aos grupos
remanescentes, satisfazem- se com referências emocionantes a “naves-
mãe”. Somente um sistema de classificação coerente pode descartar os
boatos, colocar as observações em ordem e desmembrar as descrições em
categorias.
Quando isso for feito, os casos do Tipo II prenderão a atenção tanto
quanto as aterrissagens. Tais casos são relativamente raros, mas suas
características são tão bem definidas que abrangem o fenômeno UFO no
sentido mais amplo possível. Essas características típicas são:
Duração da observação
O objeto relatado em casos do Tipo II tem um movimento lento e, às
vezes, errático; sua altitude é de poucas milhas. A duração é de pelo menos
vários minutos (mesmo para os casos do Tipo II-A) e, comumente,
ultrapassam dez minutos. Isso elimina a maior parte das interpretações
falsas. Observações de duração de cerca de dez minutos, que envolvem um
“objeto” no céu, a uma altitude moderada, movendo-se lentamente ou
estacionário, com acelerações bruscas e breves, são típicas nos relatos do
Tipo II.

Turbulência atmosférica

Geralmente, o objeto principal descrito pelas testemunhas, está


associado a formações de nuvens nitidamente definidas; frequentemente, o
que chama a atenção das testemunhas, em primeiro lugar, é uma “nuvem
estranha, alongada”, uma “formação de nuvens em forma de charuto” etc.
Outros relatos mencionam que “havia somente uma nuvem no céu, e seu
formato estranho chamou minha atenção”, ou indicam que “uma nuvem
esquisita, voando contra o vento” fora vista. Tudo isso sugere que as
condições termodinâmicas nas proximidades do fenômeno UFO são
afetadas. Em um caso, obteve-se um sinal de radar a partir de um fenômeno
UFO desse tipo, indicando alguma atividade, não necessariamente um
objeto material, dentro da nuvem. Às vezes, os distúrbios da nuvem, o
“movimento de ebulição”, pode ser observado visualmente. No caso de
Homer, Nova York, que durou quarenta e cinco minutos, recordamo-nos de
que as testemunhas declararam ter observado tal “movimento de ebulição”
com binóculos e ficado chocadas ao ver “filetes de fumaça realmente
fluindo do fenômeno” (vide Capítulo Dois, página 34).

Forma, luminosidade, cor

O formato do objeto frequentemente assemelha-se a um charuto, às


vezes — nos casos mais claros - em posição vertical. Descrições de
“cilindros”, “tubos”, “ovoides” ou “esferas de nuvens” também têm sido
registradas. Tais fenômenos são, muitas vezes, luminosos por si, e não
devido a luz refletida. Em vários casos, o “cilindro vertical” foi comparado
a um “bastão branco”, quando visto a olho nú, e a uma “lâmpada de néon”,
quando visto através de binóculos. Os termos “lápis” ou "tubo” são
frequentemente usados nas descrições.

Geração de fenômenos secundários

Os casos do Tipo II-B são aqueles que apresentam um processo de


geração. Objetos menores e mais nitidamente definidos do que a “nuvem”
principal são vistos emergindo da mesma. Seu número varia de um a uma
dúzia. São descritos como “flutuando” do primeiro objeto ou em queda
livre, desde a base do “cilindro”, suspendendo sua queda após alguns
segundos, e em seguida, partindo em grande velocidade. Em alguns casos,
as testemunhas descrevem seu retorno ao objeto principal.
Não é fácil determinar quanta imaginação está envolvida em tais
descrições. Entretanto, a dificuldade por nós encontrada em extrair esses
casos dos arquivos leva-nos a crer que a possibilidade de se achar
testemunhas já cientes dessas características antes que elas mesmas
presenciem uma aparição é muito remota. Existe, contudo, uma abundância
de pormenores que normalmente não seriam encontrados em uma narrativa
imaginária: a fluorescência peculiar, muito diferente da descrição usual de
“discos-voadores”; o movimento lento e errático; a duração da aparição; a
emissão de objetos menores. Todas estas características aparecem,
repetidamente, em descrições feitas pelo mundo todo. As publicações sobre
UFO’s geralmente não mencionam tais aparições e, quando o fazem,
distorcem-nas a tal ponto que torna-se necessário remontar aos documentos
básicos e às declarações neles contidas, para que se possa reconhecer seu
verdadeiro caráter. Consequentemente, a invenção, pura e simples, parece
estar eliminada por essa semelhança notável entre os relatos.
Alguns deles (Oloron, Gaillac, Lemps, etc.) representam os “charutos
verticais” movendo-se em meio a enormes formações de objetos voadores.
São estas as aparições mais impressionantes. A qualidade e o número de
testemunhas que confirmaram a realidade do fenômeno, são outras
características importantes dos casos do Tipo II e ajudam a eliminar a ideia
de tratar-se de um engodo. A luminosidade e o tamanho das formações
fazem-nas visíveis em uma área considerável, sendo que o número de
testemunhas chega, às vezes, a ser muito grande. Em um dos casos
franceses, o objeto foi visto por centenas de pessoas em várias vilazinhas
adjacentes e nos campos. O objeto foi descrito como sendo, aparentemente,
muito maior do que um porta-aviões, e os relatórios, utilizando linguagem
simples, comunicam uma sensação de pasmo e enorme poder, de um modo
somente plausível em poucos fenômenos do universo. Não estamos
tratando, aqui, de uma visão fugaz e rápida de um “disco-voador”, mas sim
de uma cena das mais fantásticas jamais contempladas por olhos humanos.
Como tal, indubitavelmente merecem ser objeto de sério estudo.
Exemplos
Revemos, no Capítulo Sete, diversos casos do Tipo II. Os mais recentes
relatos europeus, tais como a aparição de Vernon e outros casos de 1954,
têm sido descritos em detalhe em outras obras, conforme também ocorreu
com os relatos norte-americanos dos últimos anos. Uma narrativa não
publicada anteriormente é a de Reseda, na Califórnia, ocorrida às 22:35
horas de 28 de março de 1957. Durou cerca de quatro minutos. A
testemunha descreveu um objeto de fornia semelhante à de um charuto,
estacionário, com um diâmetro aparente comparável ao de um avião DC-6,
a uma distância de 1.000 a 1.500 pés. O objeto estava rodeado por uma luz
elíptica, brilhante, aproximadamente cinco vezes menos luminosa do que o
objeto central. O eixo menor da elipse era cerca de metade, e o eixo maior
cerca de três vezes o tamanho do objeto. Embora as proporções de
luminosidade não tenham sido avaliadas com precisão pelo observador, sua
descrição da mesma é interessante. Colocada em perspectiva com as outras
características desse relato, certamente indica um fenômeno do Tipo II-A.
Observações semelhantes têm sido relatadas há muito mais tempo nos
Estados Unidos, mesmo antes da onda de 1952: em 19 de abril de 1950,
”um tubo vertical luminoso, da cor de ferro em brasa”, foi descrito em
Dallas, no Texas.
Uma série de relatos de testemunhas oculares, oriunda dos estados do
leste dos Estados Unidos, em 19 de agosto de 1959, oferece uma base clara
de comparação com os casos europeus.
Os primeiros relatos eram provenientes de uma estação de radar que
registrou, às 15:37 horas, sete ecos não identificados na latitude de
Washington, a oitenta milhas da costa do Atlântico. Esses ecos
correspondiam a objetos calculados como sendo duas ou três vezes maiores
do que um avião C-124, embora tais dados não sejam absolutamente
confiáveis. As velocidades estimadas, entre três a oito mil milhas por hora,
são mais interessantes. Cada observação durou cerca de um minuto e, na
última das ocasiões, dois “blips” de características idênticas apareceram
simultaneamente na tela do radar. Na ausência de contato do solo ou aéreo-
visual, ou de uma confirmação de outra estação de radar, esse relatório não
é de muito peso. Não passa de mais um caso de uma série não identificada
de “blips” no radar, uma ocorrência que, contrário àquilo que é informado
ao público, já é bem conhecida dos operadores de radares militares.
Às 18:55, a uma distância de seis milhas a oeste da base aérea de
Mitchell, em Long Island, Nova York, uma certa Sra. N. descreveu a
passagem de um objeto vertical, vermelho e luminoso, movendo-se
rapidamente e a grande altitude, seguindo um curso em linha reta, na
direção sudeste.
A terceira aparição sucedeu na zona norte de Trenton, Nova Jersey, às
19:45 horas. A testemunha no caso, um certo Sr. S, teve sua atenção atraída
pelo brilho incomum de um objeto um pouco acima do horizonte, a sudeste.
Ele descreveu o objeto como um charuto alongado e vertical, muito
brilhante, cercado por uma área verde-azulada, de tom alaranjado ao centro.
Durante os primeiro vinte e cinco minutos da observação, o mesmo realizou
oito ou dez guinadas, aparentemente de noventa graus. Este particular foi
explicitamente mencionado pela testemunha em sua resposta a uma
solicitação de informações enviada pelos pesquisadores. A testemunha
interrompeu sua observação apenas uma vez, após um período contínuo de
vinte e cinco minutos, com o propósito de dar um telefonema. O objeto
principal foi, posteriormente, rodeado por cinco objetos brilhantes. Todos
eles pareceram reagrupar-se antes de desaparecerem a nordeste.
A noite estava límpida e sem nuvens. Era lua cheia e a visibilidade
apresentava-se boa. A aparição durou um total de cinquenta minutos, sendo
que a direção em que o objeto partiu mostra que a testemunha não poderia
ter sido vítima de uma interpretação errônea da lua ou do fenômeno
atmosférico comum conhecido como “moondog” (efeito ilusório de
duplicação do luar, de configuração achatada, abaixo da lua, dependendo de
condições atmosféricas e geralmente ocorrendo perto da água). Nenhum
sinal de radar não identificado foi relatado. Todas as investigações relativas
a lançamentos de balões ou manobras com os mesmos, missões de
reabastecimento etc., que poderiam ter propiciado fundamentos para a
identificação dos objetos, resultam negativas. A testemunha era um ex-
mecânico de aviões B-24 e havia servido na segunda esquadrilha
experimental com equipamento eletrônico. -
No mesmo dia, às 20:30 horas, o piloto e o copiloto do voo 333 da
United Airlines, a caminho de Des Moines, Iowa, avistaram, sobre Elburn,
Illinois, uma série de três ou quatro luzes brilhantes comparáveis a faróis de
automóvel a uma distância de uma quarteirão urbano. Este relato também
mencionou que a lua estava clara e muitas estrelas eram visíveis. Os objetos
eram brancos, com silhuetas bem delineadas, aproximadamente do tamanho
de uma ervilha à distância de uma braçada. Foram vistos primeiramente a
oeste-noroeste, desaparecendo na direção norte-noroeste.
Ainda mais tarde (vide Figura 30), às 20:10 horas, em Shelton,
Connecticut, um objeto que se assemelhava a uma estrela de primeira
magnitude, mas que seguia uma trajetória em espiral, foi avistado. O objeto
percorreu o céu acima do local e desapareceu em três minutos.
Tais ocorrências podem não estar interligadas, mas as aparições do Tipo
II geralmente constituem centros de atividade em escala regional, conforme
demonstrou Michel. Essas concentrações de aparições em uma área
específica, durante um período não caracterizado por uma grande atividade
e relatos abundantes por parte da imprensa, são merecedoras de sérios
estudos.
Alguns fenômenos do Tipo II são muito difíceis de serem interpretados
e, sem dúvida, a busca de uma explicação convencional poderia ser
conduzida mais ativamente do que atualmente ocorre. Às 18:45, em 25 de
outubro de 1963, os pilotos de um avião que voava de St. Louis para
Mitchell, à altitude de 6.500 pés, subitamente viram, acima deles, uma
massa bem definida, de ângulos marcantes, acompanhada por um objeto
menor. Decidiram alterar seu curso e rumaram em direção ao fenômeno. O
menor dos dois objetos pareceu, então, crescer, enquanto que o maior
pareceu encolher, ao passo que ambos davam a impressão de se afastarem
dos observadores, os quais voltaram ao curso original e continuaram a
observar os objetos. A massa maior (agora só) foi vista como que se
“desintegrando” em objetos pequenos, em números de dez a vinte, e o
grupo todo, com exceção de um ponto que se assemelhava a um avião, visto
por trás, sumiu de vista. O ponto diminuiu de tamanho e os pilotos cessaram
a observação. Às 19:00 horas, o objeto tornou-se visível novamente, mas os
pilotos não conseguiram se aproximar dele. Seu diâmetro aparente era igual
ao de um Boeing 707 a duas milhas de distância. Mais uma vez, um
pequeno ponto apareceu; aumentou de tamanho e o objeto novamente
encolheu, como na ocasião anterior. Finalmente, os dois objetos haviam
trocado seus papéis completamente. Às 19:00 horas, o avião ainda não
havia chegado à cena do fenômeno. Os pilotos decidiram retornar e
aterrissaram em Mitchell às 19:00 horas.
Poucas interpretações adequam-se a tal relato. Condições atmosféricas
muito especiais poderiam ter formada uma imagem, consideravelmente
distorcida, de uma operação de reabastecimento que estivera em andamento
a oeste, aproximadamente àquela mesma hora; contudo, cuidadosas
investigações indicaram que os aviões tanque não poderiam estar a menos
de 120 milhas das testemunhas. Por outro lado, a descrição acima pode ser
comparada com a que foi dada pelos pilotos do BOAC Centaurus, voando
sobre a península do Labrador em 1954, um caso jamais resolvido. Em
ambas as instâncias, a procura de uma explicação física natural deve,
obviamente, prosseguir.

POBREZA DE HIPÓTESES

Após rever as principais hipóteses quanto à origem dos UFO’s tão


objetivamente quanto possível, somos de opinião que: (1) todas as aparições
não podem ser atribuídas a causas convencionais; (2) a existência de
inteligências alienígenas deve ser considerada; entretanto (3) deve-se ter
extrema cautela no desenvolvimento dessa última hipótese, levando-se em
devida conta a complexidade do fenômeno.
A ciência-ficção muito fez para preparar nossas imaginações de forma
que aceitemos a ideia de visitantes extraterrenos, enquanto os últimos
obstáculos à aceitação dessa possibilidade estão sendo enfraquecidos por
nossas próprias conquistas no espaço. Existe, contudo, entre o
reconhecimento de nossa ignorância quanto à causa do fenômeno e a
montagem de uma teoria completa, que possa ser apresentada de forma
coerente à comunidade científica mundial, uma enorme lacuna e muitos
anos de árduo trabalho. A hipótese extraterrena, conforme apresentada
atualmente, não atende nenhum dos critérios necessários a uma teoria
científica. Assinalemos alguns pontos obscuros daquela hipótese.
Fig. 30 — As observações de 19 de agosto de 1959,
excluída a de Elburn, Illinois.

Em primeiro lugar, os que apoiam a origem extraterrena dos UFO’s


dizem-nos que os objetos em forma de disco, observados próximo ao solo,
são naves especiais. Este ponto de vista é sustentado pela própria aparência
dos objetos, sua tecnologia à primeira vista perfeita e as velocidades
registradas no radar. No entanto, vimos que as dimensões relatadas, dos
objetos, são por demais diminutas para dar aos pilotos qualquer espécie de
proteção contra a radiação cósmica (vide 205, 206). Michel e seus
colaborado- res sugerem que os objetos do Tipo II talvez sejam porta-naves
gigantescas, servindo de bases locais para os objetos pequenos. Mas por
que, então, essas estações espaciais enormes não são vistas com maior
frequência, não somente por pessoas no solo e por pilotos de aeronaves
mas, também, pelo radar e por astrônomos, tanto amadores quanto
profissionais? O tamanho relatado desses objetos tomá-los-ia uma das
coisas mais evidentes de todo o sistema solar; não resta dúvida de qualquer
estrutura material maior do que um porta-aviões nunca passaria
desapercebida, mesmo à distância de Júpiter.
Se os objetos fossem, de alguma forma, capazes de deixar as nossas
dimensões do espaço-tempo, eles poderiam vencer o vazio interestelar com
pouca dificuldade, iludindo a deteção por radar ou visual à medida que se
aproximassem da superfície terrestre ou a abandonassem. Mas esta
hipótese, que poucos grupos de amadores estão dispostos a considerar,
realmente não esclarece a situação; complica o problema da determinação
da origem das supostas naves e sua motivação em vir aqui. Além do que,
faz com que qualquer tentativa de detetá-las por parte de observadores
visuais torne-se um empreendimento quimérico.
Se as “nuvens-charuto” forem a chave da geração dos objetos
secundários, então as “esferas luminosas emergindo de um cilindro
reluzente”, relatadas em Augermanland, no ano de 1752, a elas relacionam-
se automaticamente. Se isso for verdade, então, o que temos visto desde
1946 é mera recrudescência de fenômenos tão antigos quanto a nossa
civilização. Mas por que a tecnologia dos “visitantes” não evoluiu no
decurso dos séculos? Deveríamos supor que trata-se de viajantes do tempo?
Estamos longe da teoria bem-comportada e simples, que deveria explicar
tudo!
A hipótese de que os UFO’s são controlados por uma inteligência
alienígena merece séria consideração e estudo minucioso, mas somente
dentro de parâmetros científicos rígidos; uma investigação científica
buscaria determinar, com base nas aparições mais bem definidas, as
características físicas dos objetos, sem tentar creditar os resultados a priori
a uma determinada história.
Durante o restante da presente obra, consideraremos o UFO um objeto
físico, sem qualquer julgamento antecipado de sua natureza. É nossa firme
opinião que, quando uma análise tiver provado que o testemunho de um
observador é sincero e pormenorizado, os dados relatados quanto a formas,
dimensões e comportamento dos objetos não podem ser omitidos.

PROPORÇÕES E FORMATOS

Nas aparições sem explicação, os UFO’s não são descritos vagamente


como formas aéreas de formatos e diâmetros variáveis. Pelo contrário, na
grande maioria dos casos, o fenômeno é relatado como centralizado em um
objeto material de características uniformes. Já ressaltamos este aspecto nos
relatos de grupos de pessoas, em vilarejos diferentes, que descreveram,
simultaneamente, o mesmo fenômeno, ou deram descrições diferentes que,
uma vez recolocadas em sua ordem cronológica, mostram um padrão lógico
de tamanho, forma e comportamento. Por outro lado, uma certa porção do
céu, ou das nuvens, ou da paisagem, é encoberta pelos objetos: as
descrições fornecidas pelas testemunhas que os viram por vários ângulos
geralmente coincidem, mostrando que, de fato, os objetos ocupam uma
determinada porção do espaço. Assim, as testemunhis não têm razão
alguma para acreditar que o que viram foi algo mais que um corpo material
e físico. Nosso primeiro problema é estimar as dimensões aproximadas dos
objetos a partir dos dados contidos nos relatórios.
Na ausência de qualquer coordenada, ponto de referência ou estrutura
identificável relativamente ao objeto, as dimensões relatadas são úteis
principalmente do ponto de vista estatístico, conforme vimos em nosso
estudo dos relatos de aterrissagens, no capítulo anterior. Se dispusermos
todos os relatos que forneçam estimativas dimensionais em um gráfico
(Figura 31), praticamente seis dentre cada dez objetos vistos sobre o solo
têm um diâmetro de dois a quatro metros. Quando a mesma disposição é
feita com base nas observações do Tipo IV (168 relatos dão estimativas
quanto a dimensões), o resultado é completamente diferente: os objetos
chegam a ter dez, vinte, ou até mesmo trinta metros (cerca de cem pés),
porém são raramente maiores.
Observações feitas por especialistas treinados, ou em que pontos de
referência (nuvens cuja altitude poderia ser calculada com certa precisão
etc.) estavam presentes, confirmam tal estimativa; um diâmetro de quinze a
trinta metros é realmente típico dos objetos relatados em voo contínuo.
Isso significaria que, com base nessas observações, deveríamos
considerar os relatos de aterrissagem como sendo enganosos? Certamente
que não, pois em alguns dos casos do Tipo I, como por exemplo, o casos
Marignane, as testemunhas puderam verificar as dimensões como exatidão.
Vemos, portanto, que tamanhos diferentes estão associados a duas
categorias diferentes de comportamento: os objetos responsáveis pelos
relatos do Tipo I são de dimensões pequenas (cerca de quinze pés), ao
passo que os responsáveis pelos relatos do Tipo IV (objetos vistos em pleno
voo) têm um diâmetro de sessenta a cem pés.
Em um levantamento preliminar, deixando-se de lado as aparições do
Tipo II, as formas descritas sempre derivam do disco, do charuto (formas
ovóides, às vezes descritas como “formato de torpedo”) e, mais raramente,
da esfera. Os objetos mais bem definidos são os discos, os quais se
enquadram, segundo suas dimensões, em dois grupos:

1. O tipo de objeto em forma de disco mais comumente descrito em voo


através da atmosfera tem um diâmetro de vinte a trinta metros. Nas
fotografias (como a tirada por Paul Trent em Mac Minnville, Oregon, em
1950, ou a tirada em Rouen, na França, em 1954), aparece como um prato
de ponta cabeça, com uma espécie de protuberância no centro da parte
superior.
2. O tipo de objeto em forma de disco mais comumente descrito a baixa
altitude, ou repousando sobre o solo, é muito menor e tem características
muito uniformes. Em 1954, um certo Sr. Farnier, membro da Sociedade
Francesa de Engenheiros Civis, forneceram a seguinte descrição, excelente
por sinal, aos jornais franceses:
"Vi um disco grande, de uns oito a doze metros de diâmetro, passar sobre minha
propriedade em Jouy-sur-Morin, girando enquanto voava e emitindo uma luz violeta
avermelhada, juntamente com um som de assovio, que de certa forma lembrava a aproximação
de um avião a jato. A máquina estava a uma altitude de mais ou menos cem metros e pairou
sobre mim por mais de vinte minutos; assim, tive tempo de sobra para estudá-lo bem. Depois
desapareceu na direção de Coulommieres.
Como ex-gerente junto ao Aeroclube da França, e tendo servido na força aérea, não fui
vítima de uma alucinação, e a máquina não era um balão, mas uma asa espessa e circular que
pairou sobre um lugar e depois afastou-se a altíssima velocidade, ao mesmo tempo subindo
constantemente.”

Entre os objetos cujas formas supostamente lembram torpedos ou


charutos, encontra-se aquele descrito por Chiles e Whitted, os dois pilotos
que relataram um objeto com trinta metros de comprimento e de largura
duas vezes maior do que o de um Dakota.
O objeto denominado “água-viva”, por Michel, é derivado da esfera.
Trata-se de um corpo hemisférico, cuja parte inferior é uma fonte de luz; a
emissão encontra-se, frequentemente, localizada em hastes ou tubos
pendentes sob o centro do objeto; às vezes, as hastes mudam de cor em
sequência, dando, assim, a ilusão de rotatividade. Também são derivados da
esfera os objetos “em forma de tampa ou chapéu” tais como o relato em
Vins (vide Capítulo Um, "O Caso da Máquina Inteligente, na Geórgia e em
outras ocasiões. A relatada “separação” de um objeto secundário, em
algumas das recentes aparições, em New Hampshire, não chega, de modo
algum, a ser uma característica incomum; os arquivos franceses,
especialmente, contêm um número relativamente grande de objetos
pequenos (cerca de um pé) e brilhantes, em alguns casos descritos como
“exploradores”, os quais se separam de um objeto em forma de disco —
pairando no ar — e descem, às vezes a ponto de tocarem o solo (nos casos
de New Hampshire, um deles foi relatado como tendo tocado um fio de alta
tensão), antes de voltarem ao objeto principal.

CARACTERÍSTICAS DE VOO

As características dos objetos relatados que atraíram, em primeiro lugar,


a atenção dos cientistas e excitaram sua incredulidade, foram as de natureza
cinética. Relatos de objetos viajando em voo contínuo, a velocidades
médias, podem ser erradamente interpretados, tratando-se, na realidade, de
aviões; mesmo as narrativas que mencionam “discos reluzentes”, ou esferas
luminosas, podem ser explicadas como reflexos da superfície de aviões
modernos. Missões de reabastecimento noturnas podem ser responsáveis
por muitos relatos de “luzes noturnas errantes”, inclusive as que formam
padrões muito complexos.
Infelizmente, nenhuma destas explicações é válida para as
características de voo relatadas nas aparições típicas de UFO’s. As
possibilidades dos aviões atuais — e, naturalmente, em grau muito maior,
seu desempenho por ocasião das grandes ondas de dez anos atrás — são
limitadas às regiões precisas do diagrama de altitude e velocidade (213).
É lógico que os pontos em declínio nas regiões extremas do diagrama
são um tanto quanto inconfiáveis, pois como é possível medir velocidades
tão fantasticamente elevadas? Quanto às acelerações de aclive, elas podem
ser estimadas na tela do radar, mas a exatidão torna-se bastante deficiente à
medida que a velocidade aumenta. Contudo, há casos de registros preciosos
indicando variações de velocidade e altitude verdadeiramente
inconvencionais. Um caso desse tipo foi mapeado na Figura 32, com base
nas observações de um radar militar francês que rastreava um objeto
desconhecido em Ceuta, Marrocos; um avião de caça esteve em contato
visual com o objeto simultaneamente. Tal padrão de voo não tem paralelo
em nossa tecnologia aérea — e a observação ocorreu ao fim de 1954.
Indícios semelhantes podem ser extraídos de todos os relatos de objetos
avistados do solo, durante o dia, a meia altitude. Quando os arquivos de
aparições de UFO’s forem selecionados e colocados em cartões de
computador, a fim de escolher essas características, o número de tais casos
será suficiente para dar margem a um estudo de características de voo.
Esses relatos geralmente referem-se aos discos maiores; as mais uniformes
características de seu comportamento em voo são: (1) posição oblíqua do
objeto durante aceleração e desaceleração; (2) capacidade de parar
completamente a qualquer altitude sem qualquer ruído digno de nota; (3)
mudança de cor, em função da aceleração; (4) capacidade de percorrer
distâncias curtas com extrema rapidez; (5) em voo descontínuo, períodos
frequentes de manobras do tipo “folha morta”, trazendo o objeto a baixas
altitudes. (Este tipo de comportamento é frequentemente chamado de
“movimento pendular”; E. L. Trouvelot descreve-o em uma anotação
enviada à Academia Francesa de Ciências, observação feita ao meio-dia de
28 de agosto de 1871 e publicada nos Comptes- Rendues, em 1885, Vol 101,
pag. 154/ como um movimento semelhante ao de um disco caindo através
da água”); (6) em voo contínuo, o movimento é normalmente comparado ao
de uma onda, às vezes mesmo ao de zigue-zague; (7) relatos frequentes de
objetos em formações geométricas e voo contínuo.
Ao discutir as características de voo dos UFO’s, o leitor deve ser
advertido contra dois erros muito comuns. Um deles advém da alegação, às
vezes feita pela força aérea norte-americana, de que os objetos em forma de
discos, relatados em voo, correspondem a protótipos secretos. A imprensa,
principalmente nos Estados Unidos, ajudou a divulgar essa ridícula
alegação. Um livro com autoridade no assunto, escrito por John P. Campbel
e editado em 1962, Vertical Takeoff and Landing Aircraft (Aeronaves de
Decolagem e Aterrissagem Verticais), revela que somente dois protótipos
desenvolvidos neste país têm qualquer semelhança com um objeto
achatado, em forma de disco. O primeiro deles, a “panqueca voadora” de
Charles H. Zimmerman (V-173), foi experimentado e abandonado em 1942.
Dificilmente corresponderia à descrição de um “disco-voador”, pois tinha
duas hélices grandes e, embora destinado a ser um VTOL (“vertical take off
and landing” - decolagem e aterrissagem verticais), era um avião que não
dispunha da capacidade de pairar no ar. O segundo protótipo era o Avro
Avrocar VZ-9, que não se assemelha a um “disco-voador”. É sustentado por
um jato anelar, repousando, assim, em um colchão de ar. Mas além do fato
de que o Avrocar, movido por três motores de turbina Continental J-69, mal
poderia ser comparado, em termos de desempenho silencioso, com o “suave
som de zunido”, descrito pela maioria das testemunhas de aparições de
UFO’s, o mesmo nunca chegou a voar muito longe do solo; em outras
palavras, nunca se elevou mais do que uns poucos pés acima do chão,
jamais tendo percorrido mais do que distâncias curtas. Nas próprias
palavras de Campbell: “Até o momento, o trabalho não tem sido bem
sucedido.”

Os testes realizados com tais engenhos experimentais, bem como em


modelos colocados em túneis-de-vento, apresentaram diversos resultados
interessantes, porém. Revelaram que uma aeronave em forma de disco, com
capacidade VTOL, é instável no voo em linha reta. Quanto paira, seu centro
de gravidade necessita permanecer próximo do centro da força de ascensão,
o que coincide com o centro do disco. Isso. porém torna-se catastrófico no
voo em linha reta: o centro da força de ascensão adianta-se ao centro de
gravidade e o engenho tende a “embicar” para cima ou para baixo em
ângulos de abertura considerável e descontrolar-se. Se os “discos-voadores”
são naves providas de locomoção própria, seu princípio aerodinâmico é
drasticamente diferente de nossos próprios engenhos aéreos, sendo o termo
“voo” bastante inadequado.
O segundo erro está contido na alegação de que os UFO’s produziriam
estrondos ao romper a barreira do som, à medida que aumentassem sua
velocidade e que, portanto, as testemunhas que relatarem um objeto
silenciosamente vencendo o espaço, em ascensão, a uma velocidade
estonteante, ou tiveram uma alucinação ou estão mentindo. Na verdade,
quando um objeto toma um rumo ascendente direto, enquanto aumenta
constantemente sua velocidade (a velocidade vertical inicial sendo igual a
zero), haverá um estrondo pelo rompimento da barreira do som, mas as
pessoas nas imediações do engenho, ao ponto mais baixo, não o ouvirão.
Mesmo presumindo-se que o UFO é uma máquina convencional, que
produz um distúrbio cônico, este distúrbio dirigir-se-á, normalmente, à
parede do cone, e as testemunhas situadas dentro deste não ouvirão nada.
Alguém a milhas de distância talvez ouça um estrondo, mas não verá o
objeto. O mesmo é válido para trajetórias que não forem rigorosamente
verticais, naturalmente. Além disso, um estrondo causado pela
ultrapassagem da barreira do som é, às vezes, claramente relatado pelas
testemunhas que estiveram em uma posição adequada em relação ao objeto;
vide o relato do Sr. S., no caso da Represa de Loch Raven, abaixo.

EFEITOS SECUNDÁRIOS

É feita referência a seis tipos diferentes de efeitos secundários, nos


relatos, os quais podem ser classificados da seguinte maneira: (1)
deslocamento de ar e ruído de intensidade variada; (2) distúrbios em
bússolas; (3) produção de impressões materiais, indícios e pontos
incinerados; (4) sensações de queimadura no rosto, com graus variados de
concentração e variedade, experimentadas pelas testemunhas a curta
distância; (5) distúrbios de instrumentos em aeronaves e interferência na
ignição de automóveis (centenas de relatos de motores que “morreram”);
(6) inibição psicomotora das testemunhas.
Todos esses efeitos foram observados e interpretados por autores
diferentes. Alguns dizem que o deslocamento de ar, ruído, indícios
materiais etc., são causados por aeronaves convencionais e que a paralisia
das testemunhas não passa de um efeito psicológico. De forma semelhante,
os relatos de carros que pararam “misteriosamente” descartados como tendo
sido causados pelo pânico do observador. Está relativamente claro,
entretanto, que existem casos bem documentados indicando que todos esses
efeitos secundários ocorrem. O caso da Represa de Loch Raven, o qual
estudaremos em detalhe abaixo, é um deles.
Por outro lado, as hipóteses levantadas por estudantes de UFO’s são
bastante inadequadas para explicar esses efeitos em termos da “tecnologia”
de UFO’s por eles presumida. Michel, por exemplo, sumarizou sua
discussão dos efeitos secundários dizendo que todos eles podem ser
explicados pela produção de um campo magnético apropriado (5). É óbvio
que isto é insuficiente, especialmente quando a alegação estende-se à
“produção de correntes induzidas no corpo humano sem tocá-lo”.
Os efeitos biológicos de campos magnéticos muito poderosos ou muito
pequenos, ou são desconhecidos ou conhecidos como sendo inexistentes a
todos os graus de intensidade e a todas as frequências que somos capazes de
gerar, (vide 209, 210, 211, 212). A geração de campos puramente
magnéticos não é uma hipótese satisfatória e não explica os fenômenos
relatados. Mais diretamente acessíveis à avaliação e computação são os
efeitos físicos, e não os biofísicos, existentes na natureza, tais como desvios
da bússola, silêncios súbitos no rádio e falhas nos motores de automóveis.
Por exemplo, Mebane relata em (6) que uma aparição ocorrida às 21:00
de 6-de novembro de Í957, perto de Lake Baskatong, ao norte de Ottawa,
no Canadá, segundo a testemunha, causou uma forte interferência na
recepção do rádio. Um certo Sr. Jacobsen e três de seus amigos estavam
ouvindo um rádio a bateria, quando viram uma esfera luminosamente acesa,
de cor branco-amarelada, de um diâmetro aparente inferior ao da lua,
suspensa inerte acima de uma colina. Esta localizava-se a cerca de duas ou
três milhas de distância, e a altitude do objeto era estimada em algumas
centenas de pés. Do topo e da parte de baixo da esfera, projetavam-se raios
de luz cônicos que iluminavam as árvores e a superfície inferior das nuvens.
Teve lugar, então, a interrupção da recepção do rádio. Uma das
testemunhas, que no momento tinha um receptor de ondas curtas, descobriu
que não conseguia mais sequer apanhar o sinal das transmissões das horas,
das estações governamentais, mas que na frequência de ondas curtas estava
obtendo um sinal muito forte e rapidamente modulado; em outras palavras,
seu receptor estava saturado naquela faixa de ondas específica. O sinal era
“algo semelhante ao código Morse”, mas não era Morse (o qual a
testemunha, um engenheiro profissional, disse que teria reconhecido). Tal
efeito de saturação é bastante familiar às pessoas que moram perto de um
transmissor poderoso. Quinze minutos mais tarde, o objeto lentamente
dirigiu-se na direção sul e entrou nas nuvens. Às 21:30 horas, não estava
mais visível e os rádios começaram a funcionar bem novamente.
Um incidente semelhante, documentado em maior detalhe e envolvendo
um transmissor potente, origina-se de uma fonte oficial na Iugoslávia
Comunista: em 10 de novembro de 1961, a agência noticiosa iugosláva
Tanyug divulgou o seguinte relatório, intitulado “Misterioso Incidente
Radio elétrico , na Croácia”:

“Belgrado. Há poucos dias, o transmissor da estação de rádio local, na cidade croata de


Vukovar, subitamente saiu do ar. No estúdio, as luzes apagaram-se e depois piscaram durante
trinta ou quarenta segundos. Os instrumentos de gravação indicaram um aumento marcante na
voltagem. Ao mesmo tempo, uma estranha nuvem cinza escuro passou sobre a cidade. Segundo
o jornal Politika, de Belgrado, um técnico de rádio testemunhou um outro fenômeno
extraordinário. Diversas lâmpadas de vapor de sódio, dispostas em uma prateleira
completamente isolada de qualquer aparelho elétrico, ou cabo, começaram a luzir. Até o
momento, nenhuma explicação científica foi encontrada que explicasse alguma relação, caso a
houvesse, entre a nuvem e o fenômeno observado na estão de rádio.”

Um dos relatos mais significativos, referente a efeitos secundários, foi


investigado em profundidade pela Força Aérea dos Estados Unidos em
1958. Merece uma descrição totalmente pormenorizada.

O CASO DA REPRESA DE LOCH RAVEN

A observação principal foi feita por dois homens, os quais declararam,


aproximadamente às 22:30 horas locais, em 26 de outubro de 1958, viram
um objeto desconhecido, estacionário, acima de uma ponte metálica, perto
da represa de Loch Raven, ao norte de Baltimore, no estado de Maryland.
Ao se aproximarem da ponte, o motor de seu carro morreu e o UFO partiu
em direção vertical cerca de um minuto mais tarde. Os dois homens
sofreram queimaduras faciais e foram examinados no hospital St. Joseph de
Baltimore. Uma investigação detalhada foi realizada pela força aérea, a qual
ainda relaciona o caso entre os “não identificados”. Referência, aqui, às
testemunhas, será feita como Sr. C e Sr. S. Eis suas narrativas da
experiência:

Relato do Sr. C.

“Estávamos dando uma volta perto da Represa Loch Raven, no domingo de 26 de outubro.
Depois da própria represa, há uma estrada um tanto sinuosa, que desce até um vale e obstrui a
vista do lago totalmente. Não se pode ver nem o lago, nem a ponte que o atravessa. Logo após a
represa, toma-se a esquerda; daí a ponte surge á frente, a uma distância de 200 a 250 jardas.
Viramos à esquerda aí e vimos, daquela distância, o que parecia ser um objeto em forma de ovo,
grande e achatado, pairando entre 100 a 150 pés acima da parte superior da superestrutura da
ponte sobre o lago.
Diminuímos a velocidade e, então, decidimos ir mais perto e investigar o objeto.
Vagarosamente aproximamo-nos do objeto pela estrada que leva à ponte. Quanto chegávamos a
75 ou 80 pés da ponte, o carro pifou completamente. Era como se o sistema elétrico tivesse sido
afetado; as luzes do painel apagaram-se, os faróis também e o motor morreu. O Sr. S., que
estava dirigindo, acionou os freios e ligou a ignição uma ou duas vezes. Não obtivemos nenhum
ruído de partida. A essas alturas, estávamos bastante assustados.
Ambos descemos do carro. Naquela estrada, não há lugar algum para se esconder ou fugir,
o que provavelmente teríamos feito. Assim, fizemos com que o carro ficasse entre o objeto e
nòs. Observamo-lo dessa posição por aproximadamente trinta ou quarenta segundos quando, não
estou bem certo da sequência de eventos aqui, ele pareceu lançar uma forte e luminosa luz
branca e nós sentimos calor em nossos rostos. Ao mesmo tempo, houve um ruído forte que
interpretei como uma explosão seca. e que o Sr. S. ouviu como um trovão.
Então, muito rapidamente, de forma que se tornou impossível acompanhar a sequência
certa dos fatos, o objeto começou a subir verticalmente. Não mudou de posição, pelo que pude
observar, durante sua ascensão. Sua única característica diferente, enquanto movimentava-se,
era que se tornara muito luminoso e suas bordas ficaram difusas, de forma que não pudemos
distinguir seu formato enquanto subia. Levou cerca de cinco a dez segundos para sumir de vista
completamente. Estávamos bastante apavorados.”

Relato do Sr. S.

“Aproximadamente às 10:30, indo pelo Boulevard Loch Raven, chegamos a uma curva.
Estava extremamente escuro, mas a visibilidade era boa, havia constelações e etc., nos céus.
Pelo que podemos lembrar, não havia lua. Encontramos um objeto em forma de ovo, pairando
acima da Ponte Número 1. Isso depois da represa. Pelo que podemos julgar, estava
aproximadamente entre 75 e 150 pés de altitude. Existe uma certa dúvida quanto a que altitude
estava exatamente. Estávamos um tanto alarmados por ver o objeto, e não estávamos
capacitados para determinar exatamente a que altura estava.
Quando vimos o objeto pela primeira vez, estava a aproximadamente 300 jardas de
.distância. Estávamos a aproximadamente vinte ou trinta milhas por hora, pois ali a estrada é
ruim. Tal velocidade era um pouco elevada para a estrada e baixamos para aproximadamente
dez a vinte milhas por hora, chegando a aproximadamente setenta a oitenta pés do objeto. Não
há meio de determinarmos as distâncias com exatidão, Quando conversamos sobre isso, mais
tarde, calculamos que deveria ter estado aproximadamente a essa distância. O sistema elétrico
do caro aparentemente “pifara”, como se alguém tivesse removido as velas, ou tirado a bateria
do carro, ou alguma outra perturbação desse tipo. Tentei dar a partida, mas não houve ruído
algum, nem nada. Deixei o carro freado e ficamos olhando o objeto pelo pára-brisa,
temporariamente.
Daí, decidimos sair do carro depressa e colocar o carro entre o objeto e nós. Era uma
estrada muito estreita: de um lado o lago, do outro um precipício. Não havia para onde correr. Ê
o que provavelmente teríamos feito se pudéssemos, mas estávamos aterrorizados com o que
víamos.
Pensamos que talvez fosse um dirigível da marinha. Tentamos racionalizar o que era. É
claro que o fato de que o sistema elétrico de nosso carro pifara nos tinha deixado um pouco
receosos do que poderia ser...
Embora não estejamos certos, calculamos que era aproximadamente cem- pés seu
comprimento, pois ocupava aproximadamente um terço da ponte, à altura que estava.
Observamos o objeto por aproximadamente trinta segundos, quando aparentemente ele emitiu
uma luz terrivelmente forte.
Já estava luzindo com um brilho iridescente antes, mas essa luz parecia cegar, e
aproximadamente ao mesmo tempo sentimos uma onda de calor tremendo. Não parecia ser o
calor de um objeto ardente, mas sim algo como uma luz ultravioleta ou algum tipo de radiação...
O objeto sumiu de vista em aproximadamente cinco ou dez segundos, depois de emitir um
som de trovoada tremendo, algo que se aproximaria ao som de um avião passando da velocidade
do som. Depois de desaparecer de vista, voltamos ao carro e ligamos o sistema de partida, que
funcionou imediatamente. Aproximamo-nos da ponte, demos ré antes de atravessá-la e,
imediatamente, a grande velocidade, voltamos para Loch Raven e Joppa Roads...
No momento que estávamos relatando a coisa, percebemos uma sensação de queimadura
em nossos rostos. Não demos muita atenção a isso no começo, exceto que perguntamos à polícia
se eles tinham notado que estávamos com o rosto vermelho. O policial disse que não, mas nós
ainda sentíamos a sensação ardente. Depois de darmos o relato, deixamos a delegacia e fomos
ao Hospital St. Joseph, para tentar saber se tratava-se de algum tipo de queimadura por radiação
ou qualquer outro tipo de coisa. O médico examinou nossos rostos e alegou que o rosto do Sr. C.
estava um pouco vermelho e que o meu não estava. É claro que ele examinou-nos
minuciosamente, tirando nossa pressão e tudo mais. Não passou de um exame superficial, mas
ele alegou que não era nada que devesse nos preocupar. Um sargento da polícia, presente à cena,
o qual aparentemente tinha frequentado aulas de radiação ou coisa que valha, mencionou que se
tivesse sido uma queimadura radioativa, não teríamos sido queimados imediatamente e que
levaria algum tempo para que ela se desenvolvesse. Naturalmente, isso fez-nos crer que não
devíamos nos preocupar muito sobre a radioatividade. Deixamos o hospital e fomos para casa
naquela noite.
No dia seguinte, meu rosto ficou um pouco mais vermelho de forma evidente.”

Às 22:45 horas (hora local) de 26 de outubro de 1958, um certo Sr. M.,


considerado de confiabilidade acima da média, descreveu um objeto branco
luminoso que desapareceu instantaneamente depois de percorrer um trajeto
em linha reta em direção nordeste durante um minuto.
Em 26 de outubro, à hora mencionada pelos senhores S. e C., diversas
pessoas que trabalhavam em um restaurante perto do local, ouviram o ruído
mencionado na narrativa acima. Foi descrito como um “estrondo duplo”,
mas o segundo som poderia ter sido um eco do primeiro. Tais pessoas não
viram o objeto.
Entre 21:15 horas (hora local) de 27 de outubro de 1958, os senhores L
e H. avistaram um objeto luminoso parado em pleno ar, acima de um
campo, enquanto andavam pela estrada de Loch Raven, na qual se situa a
ponte. O objeto apareceu e desapareceu instantaneamente. Duas outras
pessoas, Sr. e Sra. H., disseram que, enquanto voltavam para casa aquela
noite, viram um “objeto luminoso pairando sobre um campo.”
O relatório da força aérea, nos arquivos do Projeto Livro Azul, afirma
que todas as testemunhas são consideradas sinceras, inteligentes e dignas de
confiança. Subsequentemente à investigação conduzida pelas autoridades
militares e à divulgação local do caso, o Sr. S. declarou:

É minha esperança que o que eu vi contribua para o interesse nacional, ou informação


nacional, que talvez possa ajudar à compreensão dessas coisas um pouco mais. Eu sei que
existe, agora que vi com meus próprios olhos. Não estou dizendo que vi um disco-voador, eu
não sei. Mas agora sei que pelo menos existem essas coisas chamadas de UFO’s.

SOBRE UMA PONTE DE FERRO

Uma observação francesa, feita somente dois dias após o caso da


Represa de Loch Raven, em condições espantosamente semelhantes, teve
muitos paralelos ao mesmo. Primeiramente, enfatizemos o fato de que o
caso de Loch Raven não foi divulgado nos Estados Unidos e esta é a
primeira vez em que é publicado em detalhe: assim, não havia possibilidade
de que o público francês soubesse a respeito dele apenas dois dias mais
tarde.
O relato foi prestado por Jean Boyer, de Beylon-de-Montmaur, o qual
estava voltando para casa em 28 de outubro de 1958, por ocasião do
incidente. Alguns dos pormenores do caso apareceram no Dauphine Liberê
de 30 de outubro de 1958, mas a maior parte das informações que
obtivemos foram resultado de investigação direta.

“Eu chegara à área de Pont-la-Dame e estava pronto para subir o trecho de estrada
conhecido como “Côte des Egaux”, quando vi, no céu, diretamente acima de Pont-la-Dame, no
vale do rio Grand Buech, um “disco” inerte e luminoso. Parei o carro e desci. Deviam ser 19:55
horas.
Olhei o “disco”, que se assemelhava a dois pratos colados um ao outro; Creio que estava a
200 ou 400 metros acima do solo. Repentinamente, após dois ou três minutos, algumas fagulhas
saltaram enquanto o objeto subia verticalmente a uma velocidade estonteante, primeiramente
deixando um rastro ígneo, depois um luzir esmaecido, que desapareceu. Ao mesmo tempo, senti
uma corrente de ar, a qual balançou minha perua.”
Boyer estava a cerca de 600 a 700 metros da ponte (vide Figuras 33 e
34), quando viu, acima da ponte ferroviária, uma sombra oblonga
fortemente delineada, balouçando para a esquerda e para a direita muito
suavemente. Saiu de sua perua, mas não antes de ter dirigido até a ponte, a
fim de colocar-se exatamente abaixo do “disco”. Essa é uma parte essencial
do relato, pois determina que a testemunha estava deveras observando um
objeto real, em uma posição precisa no espaço. Ele viu uma máquina
perfeitamente circular, com um segundo, e menor, círculo dentro do círculo
maior; deste círculo menor, fagulhas curtas de coloração vermelho escura
eram emitidas. Como deixara os faróis de sua perua ligados, caminhou de
volta até o veículo e desligou-os. Quando estava se aproximando da perua,
o objeto emitiu uma torrente enorme de fagulhas ofuscantes, semelhantes às
da combustão de magnésio, e desapareceu instantaneamente no céu. Ao
mesmo tempo, houve um deslocamento de ar muito forte.

Fig. 33 — A cena da observação de Pont-la-Dame, em 28 de outubro


de 1958 (segundo um esboço de uma testemunha).
Existem duas diferenças muito interessantes em relação ao caso da
Represa de Loch Raven: primeiramente, nenhum ruído foi ouvido com
relação à partida do objeto; em segundo lugar, não foi notada nenhuma
interferência com a ignição do veículo. Havia outras cinco testemunhas
(187), a maior parte delas motoristas que estavam dirigindo pela mesma
estrada.
Essas duas observações dão-nos a oportunidade de resumir nossos
comentários anteriores sobre a abordagem sistemática, científica, necessária
ao estudo do fenômeno UFO. Em primeiro lugar, elas indicaram, de
maneira bastante cabal, que qualquer investigação que se limite às
fronteiras de um país é praticamente inútil. O interesse óbvio de ambos os
casos é sua ocorrência a um intervalo de quarenta e oito horas, em áreas
esparsamente povoadas de dois continentes diferente, em uma época em
que os UFO’s não eram um tema muito popular nos jornais.
Em segundo lugar, os dois relatos são casos típicos que descrevem
objetos cujos parâmetros físicos — diâmetro, espessura, energia total
irradiada, carga elétrica etc. — podiam ser calculados. A duração de ambas
as aparições é, no mínimo, notável, e a distância das testemunhas das fontes
de energia pode, em ambos os casos, ser calculada com precisão. O tipo de
automóvel é conhecido nos dois casos. A causa da interferência na ignição,
ou sua ausência, pode ser pesquisada experimentalmente. O mesmo é válido
para cerca de trinta ou quarenta relatos do mesmo tipo, contidos em
arquivos.
A análise microscópica das provas fotográficas contidas em alguns
relatórios pode contribuir para essas indicações físicas. Enquanto nenhuma
fotografia que prove, sem sombra de dúvida, a existência dos UFO’s como
aparelhos, pelo menos dez fotografias de discos e um mesmo número de
filmes, mostrando imagens circulares, sós ou em formações, estão
disponíveis, para não mencionar um grande número de filmes que
registraram somente vagos pontos luminosos; todos esses documentos
poderiam fornecer perfis de luminosidade e isótopos, mesmo os que, à luz
de uma análise superficial, parecessem inúteis. Naturalmente, na ausência
de padronização adequada, as indicações assim obtidas, permaneceriam
genéricas por natureza. No entanto, dariam, pelo menos, uma ideia da
distribuição da luminosidade sobre a área, o que seria uma forma de abordar
o estudo da energia que dá origem à luminosidade.
Em nossa opinião, casos como o da Represa de Loch Raven apresentam
um sério problema de metodologia. Uma coisa é calcular estatísticas e
discorrer filosoficamente sobre ilusões e percentuais; outra e encontrar
coragem para estudar tais relatos com mente aberta. Como cientistas, não
podemos fugir à nossa responsabilidade de estudar "esses casos com
absoluta sinceridade; temos que dar ao público uma resposta que satisfaça
sua necessidade de compreender e saber. O número e a confiabilidade das
testemunhas, a qualidade de suas observações, além da investigação oficial
notavelmente completa do caso de Loch Raven e de inúmeros outros,
mostram que as aparições de UFO’s não são, nem nunca foram, assunto
digno de ridículo ou tema de boatos vagos e inconfirmáveis. Os relatos
acumulados no transcorrer de quase vinte anos realmente oferecem uma
base sólida para pesquisa.
CONCLUSÃO

A SOLUÇÃO AO NOSSO ALCANCE

Um estudo cuidadoso do fenômeno UFO pode contribuir ao nosso


conhecimento da psicologia e sociologia humanas, bem como à nossa
compreensão do universo em que vivemos. A única forma adequada de se
conduzir uma pesquisa sobre o fenômeno é centralizar todos os registros,
tanto oficiais quanto particulares, e dar início ao longo e penoso trabalho de
classificação, indexação e coleta de informações, sob a égide de uma
comissão científica.
Recomendamos a criação de uma equipe cujos membros encorajem
discussões, debates, e mesmo controvérsias; que divulguem, regularmente,
suas descobertas e investigações; e que disponham de capacidade
investigativa imediata, através de grupos científicos locais, familiarizados
com métodos de coleta de dados, provenientes de todas as partes do mundo.
Os membros de uma tal comissão deveriam ser escolhidos com base em sua
capacidade de elaborar métodos de pesquisa originais, fundamentados nas
mais recentes ideias científicas. Deveriam receber tais funções como um
projeto em tempo integral.
Apresentamos aqui um quadro da situação do problema UFO, conforme
o mesmo se nos apresenta atualmente. Vimos que dois caminhos de
pesquisa, opostos em espírito e aplicação, poderiam ser trilhados ao se
estudar o fenômeno. O primeiro deles é baseado no desejo de se obter uma
explicação rápida dos relatos e sustenta que o testemunho de um piloto ou
indivíduo de formação técnica é necessário e preferível ao de uma
testemunha comum. Busca chegar à definição de uma amostragem limitada,
abrangendo somente os casos julgados dignos de submeterem-se à atenção
de comissões de acadêmicos, os quais examinam cada aparição em detalhe
e à luz de sua especialização individual. Tal método é, em nossa opinião,
errôneo, pelo menos por duas razões principais:

1. Veda totalmente o fenômeno psicosociológico que constitui o


contexto de sustentação dos relatos de UFO’s e, assim, apresenta cada caso
sem fazer referência às condições que o circundam. O componente
psicológico do fenômeno é ignorado.
2. Leva à constituição arbitrária de uma “lista característica” de casos, a
qual irá representar o fenômeno UFO em todos os estudos subsequentes. Tal
lista resulta de uma seleção a partir do grosso das aparições originais; seus
critérios são predeterminados de uma forma imparcial e subjetiva, não
sendo deduzidos de uma análise objetiva do conjunto de observações,
consideradas como um todo.
3. Torna falsas as proporções relativas dos diferentes tipos de relatos,
eliminando totalmente alguns deles (Tipo I) e ocultando outros através de
classificações falhas (Tipo II). Distribui o peso ou índice de confiabilidade
das observações de tal forma, que certos grupos de testemunhas são
favorecidos, muito embora somente certos tipos de observações
correspondam a esses grupos: se grande peso é conferido a observações
realizadas por astrônomos, as observações do Tipo I, as quais os astrônomos
têm pouca oportunidade de presenciar, são desvalorizadas.
4. Retirando cada observação de seu contexto, desconsidera a natureza
global do fenômeno e bloqueia todos os caminhos de investigação do
padrão de distribuição das observações e a flutuação do fenômeno no
tempo; restringe a discussão a uma mera consideração de probabilidades.
Nosso objetivo na presente obra tem sido explorar uma linha de
pesquisa totalmente diferente, fundamentada na ideia de que, na ausência de
qualquer teoria física plausível, o fenômeno UFO pode tão somente ser
definido pelo conjunto de suas manifestações. Consideramos a totalidade
das observações relatadas por testemunhas humanas, todas as quais
envolvem um certo grau de incerteza, variando em função da ocasião da
observação, a formação do observador, sua idade, meio-ambiente social etc.

Abandonando qualquer tentativa de interpretar cada caso


individualmente, uma tarefa de físicos profissionais, consideramos inútil
qualquer explicação aplicável somente dentro de certos limites de tempo e
espaço, ou de determinadas delimitações rigorosas, ou que se relacione
apenas a uma amostragem reduzida de casos. Já que a experiência mostrou
existir um forte componente psicológico em períodos de intensa atividade
do fenômeno, estabelecemos o princípio de não rejeitar observações
meramente com base em sua interpretação “fantástica” por parte das
testemunhas, pois não há dúvida que mesmo o reconhecido fenômeno físico
dos cometas fora, outrora, considerado dentro de um contexto extravagante
e fantástico. Da mesma forma que as crônicas do século quinto descreviam
os cometas como “a mão de Deus empunhando uma espada
ensanguentada”, estamos, hoje em dia, confrontados por narrativas
fantasticamente distorcidas de eventos reais e físicos. É o dever do cientista
analisar os relatos, separando os elementos que constituem o fruto da
imaginação humana.
É em tais bases, portanto, que se apoiam nossos objetivos: (1)
identificar os diversos componentes do fenômeno e introduzir uma
linguagem descritiva, examinando os relatos, individualmente, tanto do
ponto de vista da psicologia quanto das ciências exatas; (2) apresentar
estudos estatísticos fundamentos na amostragem mais geral que pudermos
coletar, sem tentar decidir entre as diversas teorias de modo subjetivo; pelo
contrário, esforçamo-nos em delinear, tão claramente quanto possível, os
prós e os contras de todas as hipóteses levantadas a fim de explicar o
fenômeno; (3 abrir caminho para um estudo completo e em escala global,
revendo alguns dos métodos que poderiam ser utilizados, caso tal estudo
fosse confiado a uma comissão científica.
Este livro pretende ser uma base para referência e levantamentos gerais
do estado atual do problema UFO e ideias correlatas. Os defensores de
teorias radicalmente divergentes podem (conforme vimos no caso da
correlação com Marte) interpretar nossos resultados como fundamentando
seu ponto de vista particular. Uma abordagem mais positiva seria
ultrapassar os métodos aqui pesquisados e buscar meios originais para
decidir exatamente qual a natureza física do fenômeno UFO.

UMA RESPOSTA DE PESQUISA

As linhas de pesquisa possíveis, que poderiam ser seguidas, enquadram-


se em dois grupos:

1. Se o fenômeno continuar a ser observado na superfície de nosso


globo, sua natureza poderia ser determinada estabelecendo-se estações de
observação cuidadosamente selecionadas (ou fornecendo-se às estações
científicas e militares já existentes um conjunto minucioso de instruções
para a eventualidade de uma aparição de UFO em suas proximidades) para
a obtenção de espectrógrafos e fotografias adequadas dos objetos,
juntamente com alguma forma de padronização para os mesmos. Seria
aconselhável que cada delegacia de polícia tivesse pelo menos uma viatura
com equipamentos fotográficos adequados. Investigadores oficiais
deveriam, igualmente, dispor de unidades móveis equipadas com
instrumentos de registro magnético e fotográfico. O tempo necessário para
se transmitir e processar os relatos de UFO‘s advindos de bases militares e
estações de radar, por todo o mundo, deveria ser reduzido drasticamente
através do uso de terminais de computadores, assim proporcionando uma
capacidade de investigação imediata.
2. Os esforços envidados por grupos confiáveis de amadores sinceros,
desejosos de colaborarem com assistência inteligente e útil à investigação
oficial, não devem ser ignorados. Tais grupos devem ser encorajados a levar
a efeito trabalhos independentes na área de pesquisa histórica,
documentação de casos anteriores, estudos em campo de observações atuais
etc.
3. A possibilidade de que indícios de civilizações, ou mesmo de
entidades e artefatos de origem não-humana, venham a ser encontrados
durante a exploração espacial deve ser considerada com bastante franqueza
e sem mais delonga. É possível que as expedições interplanetárias venham,
em anos ou décadas futuros, fornecer-nos os meios necessários de escolha
entre as principais teorias relativas ao problema dos UFO’s. Não devemos,
porém, satisfazermo-nos em aguardar a resposta passivamente, pois uma
série de decisões cruciais terão de ser tomadas quando chegar o momento
crítico, caso haja provas evidenciando uma inteligência extraterrena como a
causa do fenômeno.

Se nada for encontrado no espaço, que possa relacionar-se a este


problema, e nenhum indício de civilização for descoberto em outros
planetas, então a responsabilidade pela análise de toda a documentação
acumulada nos anos recentes recairá ao psicólogo. Se, nesse interim, uma
explicação adequada de todos os fatos for encontrada em um fenômeno
físico novo, então um estudo imediato de suas manifestações será de suma
importância; todos os dados coletados, referentes a aparições anteriores,
serão de grande valia. Ademais, se a exploração do espaço revelar que
civilizações extraterrenas realmente existem, então as ideias que tivermos
formulado quanto ao grau de adiantamento de sua tecnologia, seu nível de
maturidade social e moral, além das relações que as mesmas possam ter
mantido com o nosso planeta, no passado, constituirão os fatores decisivos
de nossa atitude para com elas.
O “fenômeno UFO”, com todos seus aspectos inquietantes, representa
um desafio dos mais indesejáveis aos conceitos físicos e filosóficos do
universo, laboriosamente formulados no decorrer de muitos séculos de
civilização sobre o nosso planeta. Mas ele está aí; não podemos recusar
estudá-lo indefinidamente. É bem possível que, após a análise definitiva,
nossa própria existência dependa da sinceridade com a qual conduzimos tal
pesquisa.
APÊNDICE I - CÁLCULO DOS GRANDES CÍRCULOS

As convenções que utilizamos no cálculo dos grandes círculos são as


seguintes: o nodo é definido como o ponto em que um corpo móvel,
percorrendo esse grande círculo na direção da rotação do eixo terrestre (de
oeste para leste), cruzaria o equador ao passar do hemisfério sul para o
hemisfério norte. A longitude desse ponto e a inclinação (ângulo do grande
círculo com o equador ao nodo) são os dois valores que definem,
completamente, o trajeto do grande círculo sobre o planisfério. Todas as
coordenadas referem-se ao meridiano de Greenwich e são expressas em
graus decimais.
A fim de computar uma tabela de valores que nos permitissem traçar,
com facilidade, o grande círculo em um planisfério ou em um mapa local,
determinamos, para cada latitude x (a qual varia em etapas de um grau), as
longitudes dos quatro pontos do grande círculo que têm, como sua latitude,
+x ou -x. Quando mais do que três aparições forem usadas no cálculo real, é
natural adequar o grande círculo a suas coordenadas por quadrados
mínimos. Descrevemos esse método em detalhe em (16), e Menzel propôs
uma generalização de nossas fórmulas que melhor se adapta ao caso das
observações norte-americanas (cuja longitude pode estar próxima de 90°,
introduzindo uma distorção dos pesos dos diversos pontos). Essas 'técnicas
asseguram uma exatidão maior.
Esses cálculos, quando realizados manualmente, com uma tabela de
logaritmos ou uma calculadora portátil, são extremamente trabalhosos; o
tempo necessário para que se atinja algum grau de precisão é considerável,
além do que, surgem questões complexas de exatidão. Reduzimos tais
problemas através do uso de computadores digitais de vários tipos. Cerca de
meia dúzia de grandes círculos foram calculados e tabulados manualmente.
Posteriormente, a maior parte dos cálculos foram feitos em um computador
IBM 1620. O programa lia as coordenadas das observações diretamente do
catálogo e o operador pôde, acionando uma chave no console, obter uma
tabulação com uma etapa de um grau ou uma tabulação mais minuciosa,
com dez pontos por grau.
Esses cálculos foram feitos na França, em 1962. O tempo necessário
para computar e imprimir um grande círculo foi fornecido pela fórmula: t -
20 + 12i, em segundos, i sendo o valor da inclinação em graus.
Posteriormente, a técnica de quadrados mínimos foi usada, e todos os
alinhamentos foram recalculados em uma máquina maior. Os resultados não
encaram nenhuma variação significativa à discussão da teoria ortotênica.
À guisa de ilustração, damos abaixo a tabulação da linha Bayonne-
Vichy, com aproximação de um grau, exceto no intervalo entre 47° e 49°,
onde usamos dez pontos por grau.

(Tabulação da Linha Bayonne-Vichy excluída, ilegível)


APÊNDICE II - SIMULAÇÃO DE REDES ORTOTÊNICAS

O cálculo dos grandes círculos e o exame crítico das redes ortotênicas


apresentam cinco problemas básicos: (1) calcular os parâmetros do grande
círculo unindo dois pontos da Terra; (2) calcular, por meio de quadrados
mínimos, o grande círculo que “melhor” representar o número de pontos;
(3) calcular a distância ortogonal entre um ponto e o grande círculo; (4)
tabular um grande círculo cujos parâmetros sejam conhecidos; e (5) calcular
a distância entre dois pontos cujas coordenadas sejam conhecidas.
A fim de simular as redes, aplicamos essas técnicas simples a
distribuições de pontos que não representam aparições reais, mas foram
escolhidos aleatoriamente. Diversos métodos de geração de tais números
aleatórios são disponíveis comercialmente. Preferimos usar os seguintes:
Dado um número ímpar no entre 1 e 246 - 1, os termos da sequência: ni -
ni-1. 513 (mod 246) são números inteiros positivos cujo valor está na mesma
faixa que n0. Se tivermos, então:

xi = ni.2-46

obteremos números aleatórios entre zero e um. Ensaios estatísticos têm sido
feitos em amostragens de tais números e o método julgado satisfatório (vide
publicações da Control Data Corporation).
Para simular a área da França, primeiramente distribuímos,
aleatoriamente, pontos dentro de um quadrado, depois transformamos esse
valor em um retângulo ABCD, com comprimento AC = 4b e largura AB =
2a (Figura 35). Fixamos as proporções do retângulo de forma que a = b \/3.
Um hexágono que estaria contido dentro de um círculo de raio 2b foi
definido traçando-se as duas linhas horizontais y = b e y = -b, conforme
mostra a Figura 35.
Se tivermos z = /y/\/3 e w = /x/. rejeitamos todos os pontos localizados
fora desse hexágono, retendo somente os pares (x, y) que determinam: W
<= AB - z.
Uma simulação melhor pode facilmente ser derivada do caso do
hexágono, se rejeitarmos os pontos que se localizam nas seguintes regiões:
x negativo e y > 3 b/2
x < -l/2a e y > b
x < -1 /2a - y(a/b) e y positivo < 1 /2b
x < - l/2a e y negativo

e se mantivermos, por outro lado, os pontos que estabelecem: x > 1 /2a e y


negativo > -3b/2
o contorno finalmente obtido é aquele mostrado na Figura 35.
Estabelecemos agora as dimensões dessa área supondo que BD - 1.000
quilômetros, assim atingindo uma representação geométrica adequada da
região sendo estudada. As equações que delimitam linearmente a região são
fáceis de serem manipuladas em um computador. Para uma aproximação
ainda maior das condições do problema, as coordenadas dos pontos foram
transformadas de forma que a longitude variasse entre +5° e -8o, e a latitude
entre 42° e 51°.
Depois que produzimos, cuidadosamente, esse conjunto aleatório de
pontos, as operações executadas foram as seguintes:
1. Calcular, para cada par de pontos na distribuição, os parâmetros do
grande círculo que os unisse.
2. Calcular as distâncias ortogonais de todos os pontos restantes desse
círculo e fazer uma lista daqueles que se localizam dentro de uma distância
constante do grande círculo.
3. Se essa lista for nula, abandonar o alinhamento em questão e voltar ao
problema (1).
4. Se alista não for nula, recalcular os parâmetros do grande círculo,
usando todos os pontos da lista, pelo método dos quadrados mínimos.
5. Calcular o erro máximo, médio, e o desvio padrão.
6. Registrar todos os dados relativos a esse grande círculo, e retornar,
então, ao problema (1), até que todos os pares possíveis tenham sido
considerados.
Fig.35 — Contorno geométrico simulando a área da
França.

O método leva a N(N - l)/2, como cálculos de grande círculos, e a N(N -


1) (N - 2)/2, como cálculos de distâncias para uma distribuição que
contenha N pontos. Para trinta pontos, por exemplo, envolve pelo menos
trinta mil cálculos de distâncias. Pode-se perceber, então, como seria
ilusório tentar descobrir manualmente todos os alinhamentos possíveis em
uma determinada distribuição de pontos. O problema foi processado em um
sistema de computação eletrônica de dados de grande porte, levando aos
resultados apresentados no Capítulo Quatro deste livro.
APÊNDICE III - UM CATÁLOGO DE 500 OBSERVAÇÕES

Este catálogo, em forma mecanicamente legível, foi elaborado em 1961-


62, para servir de fonte de coordenadas para o cálculo dos grandes círculos.
Um catálogo novo, muito mais abrangente, que utiliza um sistema de
codificação aperfeiçoado (vide Apêndice IV), foi desenvolvido, mas por
motivos de espaço não nos é possível publicá-lo aqui. O sistema de
codificação para o catálogo aqui apresentado foi descrito mais
pormenorizadamente em outra publicação (203).

(Tabelas do Catálogo excluídas por estarem ilegíveis).


APÊNDICE IV - UMA ANÁLISE DA ATIVIDADE UFO
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO

Vimos que relatos de fenômenos aéreos incomuns são classificados,


principalmente, segundo o comportamento descrito, pois esta é a
característica menos propensa a ser afetada pela falta de experiência da
testemunha, como observador, ou pela perda de informação que ocorre
quando os relatos são obtidos de jornais. As definições dos diversos tipos
são dadas no Capítulo Três. Nesta seção, indicaremos as mudanças que
foram realizadas nas diversas categorias, desde que o sistema foi
introduzido, em 1961.
Tipo I, Classes A, B, C e D: a definição geral permanece inalterada, mas
a Classe A é o conjunto de observações que relatam objetos sobre ou perto
do solo (“altura das árvores”, no máximo). Na Classe B estão os casos que
relatam objetos próximos a ou sobre uma extensão aquática. A Classe C
reúne casos relatando objetos do tipo aeronave, cujos ocupantes tenham
demonstrado interesse pelas testemunhas por meio de gestos ou sinais
luminosos. Na Classe D estão contidos os casos que relatam objetos
“fazendo reconhecimento” de veículos terrestres (Monticello, Exeter etc.).
Tipo II, Classes A, B e C: As definições permanecem as mesmas que as
fornecidas no Capítulo Três. Introduzimos a Classe C para casos que
relatem “nuvens-charuto” em meio a um grupo de objetos secundários, sem
geração ou reintegração (Oloron, Gaillac, Lemps).
Tipo III, Classes A, B, C, D e E: Esse são objetos vistos em pleno voo,
cujas trajetórias apresentam ao menos um ponto de descontinuidade. A
Classe A abrange casos que relatem movimentos verticais, ascendentes e
descendentes, uma trajetória de "folha morta”, ou pendulares. Nos casos do
Tipo B, a trajetória de voo contínuo é interrompida, sendo que o objèto
pára, sem mudança de altitude, por algum tempo, antes de prosseguir seu
voo. Os casos da Classe C relatam o objeto parando e alterando seu aspecto
físico enquanto paira, subitamente mudando de luminosidade, lançando um
objeto menor, etc. Os casos da Classe D descrevem “brigas de cachorro”,
em que diversos objetos parecem participar em um balé aéreo, ou
comportamento peculiar por parte de um único objeto. Na Classe E, estão
incluídos casos relatando um objeto que altera sua trajetória para voar muito
lentamente sobre um determinado ponto, ou circulando, ou repentinamente
mudando de curso.
Tipo IV, Classes A, B, C e D: A definição geral é mantida (“voo
contínuo”). Aplica-se melhor à Classe A. Três novas classes são definidas:
em uma
observação de Classe B, o comportamento, trajetória ou aparência física do
objeto são relatados como sendo afetados por uma aeronave convencional
nas imediações. Na Classe C, vários objetos são relatados “em formação”.
Na Classe D, estão incluídas descrições de objetos em voo contínuo, cuja
trajetória é comparada ao movimento de uma onda, ou “zig-zag”.
Tipo V, Classes A, B e C: Relatos deste tipo envolvem objetos menos
definidos que, seja devido a condições de observação desfavoráveis, ou à
própria natureza do fenômeno, não parecem ser de estrutura material ou
sólida. Na Classe A, estão os casos de fenômenos aéreos peculiares, de
diâmetro aparente ampliado, descritos não como objetos materiais, e casos
de “luzes noturnas errantes”, com a exclusão de pontos de origem. Na
Classe B, estão os relatos de objetos que se assemelham a estrelas, inertes
durante períodos prolongados. Na Classe C, estão incluídos os casos de
pontos de origem; cruzando o céu rapidamente: objetos indefinidos, que não
podem ser identificados como meteóros, satélites artificiais, ou aviões de
grande altitude, devido a sua trajetória ou velocidade peculiares (cf. “O
Caso dos Bólidos Distorcidos”, Capítulo Um).

CODIFICAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS SECUNDÁRIAS

O código que utilizamos para descrever os fenômenos compactamente é


muito simples, contido em duas “palavras” de seis caracteres (uma letra ou
um número). A primeira palavra reúne as características “externas” da
observação, ou seja, as condições que nos orientam em nossa estimativa da
confiabilidade e significado do relato, em contrapartida às características
indicativas do fenômeno em si, as quais são expressas pela segunda palavra.
Os seguintes dados são tratados como características “externas”: (1) o
país em que a observação ocorreu (duas letras); (2) o número de
testemunhas (um número); (3) as condições gerais de observação (uma
letra); (4) os efeitos físicos associados ao fenômeno (duas letras).
Os seguintes dados são considerados “internos”: (5) o tipo de
observação (um número de 1 a 5); (6) a classe (uma letra de A a E); (7) o
número de objetos (um número); (8) o formato (uma letra); (9) a cor
relatada (uma letra); e (10) as dimensões: o diâmetro máximo (um número).
Para indicar o número de testemunhas (2), o número de. objetos (7) e as
dimensões (10) dos objetos, em metros, usamos o seguinte código:

(Tabela excluída por estar ilegível).

CÓDIGO DE CONDIÇÕES GERAIS DE OBSERVAÇÃO (3):

A. observações de pessoal técnico treinado


I. observações de testemunhas de formação não-técnica, usando
instrumento ótico
O. observação feita em meio a tempestade com trovões
P. observação feita por pilotos em pleno voo
R. observação por radar
S. observações aero-visuais e por radar de solo, simultâneas
T. observação confirmada por indícios materiais
V. observação por testemunhas dentro de um veículo, sobre o solo

CÓDIGO DE OBSERVAÇÕES FlSlCAS (4): DUAS LETRAS

Primeira Letra
A. aura ou luminescência difusa
B. movimentos ‘saltitantes”
D. separação em várias partes
E. emissão de fagulhas
F. emissão de fumaça H. emissão de relâmpago M. apêndices
O. oscilações horizontais
P. facho de luz
R. odor
S. rotação
T. estrutura “em colmeia”

Segunda Letra
A. mudanças bruscas de altitude
A. mudanças bruscas de altitude
B. desaparecimento vertical
C. emissão de calor
D. mudanças bruscas de direção
F. comportamento de voo em grupo
H. alta velocidade
I. objeto avistado estacionário
K. efeitos secundários em geral
M. efeitos eletromagnéticos
N. ruído
P. inibição motora das testemunhas
Q. calor sentido pelas testemunhas
R. radioatividade
S. trajetória errática
V. acelerações súbitas

A este ponto, devemos ressaltar que o código é principalmente


orientado para aplicações de recuperação de informações, não para um
estudo físico, em profundidade, dos relatos. As categorias aqui introduzidas
são o produto de um processo empírico, por tentativa e erro, na designação
de códigos, à medida que mais e mais observações foram submetidas a
estudo. Seu objetivo é tão somente tomar possível uma descrição ampla da
condição estatística das observações. Com base na mesma, seria desejável
desenvolver um sistema mais formal.
Aqui, mais uma vez, não estamos tentando definir o objeto dentro de
uma gama de formas ou cores possíveis; estamos, por enquanto, querendo
apenas refletir a terminologia usada pelas próprias testemunhas, através da
utilização das expressões mais correntes entre os autores das narrativas.
Na última coluna do cartão, perfuramos uma letra que indica qualquer
interesse especial que a aparição possa ter:

CONFIABILIDADE (PESO) DAS APARIÇÕES


O “peso” conferido a cada observação reflete, necessariamente, o
julgamento pessoal da pessoa encarregada de compilar o catálogo. Temos
sempre tido o máximo cuidado, não somente ao atribuir um determinado
peso a uma observação mas, também, em seguir regras consistentes na
distribuição de pesos entre números muito grandes de relatos, quando a
exaustão ou a parcialidade pessoal poderiam alterar a homogeneidade do
processo. Tal “peso” é inteiramente independente do código em si; não é
apenas uma medida da confiabilidade das testemunhas mas, também, busca
determinar até que ponto cada relato é importante em um estudo do
fenômeno e a que ponto a teoria do fenômeno poderia explicar a
observação, ou, ao menos, contradize-la.
Assim, um asterisco (*) denota que as observações devem ser
explicadas em alguma teoria global do fenômeno, quer seja devido a fortes
indícios obtidos ou ao grande número de testemunhas ou, ainda, à
competência científica das mesmas (presumindo-se condições de
observação favoráveis).
Um sinal positivo (+) indica casos significativos, nos quais julgamos
que a sinceridade das testemunhas não pode ser colocada em dúvida e o
fenômeno relatado é representativo do problema ora em estudo.
Nenhum peso é dado (o espaço é deixado em branco) quando o relato
for comum.
Um sinal de igualdade (= ) denota casos duvidosos, nos quais o relato
pode ser interpretado, como base nas informações apresentadas, como um
fenômeno convencional indefinido.
Um sinal negativo (-) chama à atenção os relatos que, em nossa opinião
não têm nada a ver com o fenômeno UFO, mas foram catalogados devido
ao efeito por eles causado sobre boatos em geral, pelo menos em escala
local.

DEFINIÇÃO DA ATIVIDADE UFO

A frequência de relatos passados e atuais é, muitas vezes, estudada a fim


de determinar se a mesma está relacionada a algum efeito conhecido, ou se
sua variação futura poderá ser prevista. A maior parte dos estudiosos do
problema dedica-se a esse estudo anual ou mensalmente. No estudo ora
relatado, usamos um número de observações semanais como indicação do
nível de atividade. Contudo, o número de casos não está, necessariamente
relacionado à qualidade dos relatos; ás vezes, os jornais divulgam, de forma
incomum, observações vagas e desinteressantes simplesmente porque os
UFO’s são o “assunto jornalístico do momento”, e o número de relatos
reflete, portanto, um interesse maior, pelo problema, por parte do público. É
evidente que esse tipo de tendência artificial deve ser eliminado.
Consideremos, mais uma vez, nossa classificação em tipos, bem como
nosso sistema de pesos. Será que deveríamos afirmar que a atividade
permanece ao mesmo nível, se em uma semana recebemos seis observações
de “luzes noturnas errantes” e, na semana seguinte, obtivermos uma
observação do Tipo II, feita por testemunhas competentes e cinco relatos de
objetos vistos sobre o solo? É claro que não.
Não importa qual seja a natureza do fenômeno que estejamos
estudando; nos é necessário um sistema de anotação que permita extrair o
verdadeiro significado dos relatos, de forma que dez casos duvidosos não
introduzam correlações artificiais, de efeitos externos. Fizemos experiências
com tais sistemas e apresentamos, na tabela abaixo, um exemplo de um
esquema de avaliação possível. Pode-se notar que todas as observações de
peso (-), bem como a maioria dos casos de peso (=), são eliminadas, ao
passo que casos do Tipo V, luzes errantes e fontes de pontos, desempenham
um papel muito pequeno. Os pesos são escalonados de zero a dez, sendo
que o número mais elevado corresponde aos fenômenos mais estáveis e
complexos, ou seia, do Tipo II-B.
APÊNDICE V - GRUPOS CMS DE ESTUDOS UFO NOS
ESTADOS UNIDOS

A motivação responsável pelo presente levantamento foi o contexto


sociológico dos boatos associados a relatos de UFO’s. As possíveis
correlações entre as atividades de grupos locais e nacionais, o número de
observações relatadas na área sobre a qual tais grupos exercem influência,
bem como as teorias ou crenças de seus membros, têm sido observadas em
inúmeras ocasiões.
Há, nos Estados Unidos, duas publicações, profissionalmente
apresentadas e distribuídas, que dedicam grande atenção ao fenômeno UFO.
São elas:
(1) Fate, editada pela Clark Publishing Company, de 500 Hyacinth
Place, Highland Park, Illinois 60035. Mensalmente, a 40 centavos de dólar
nos jornaleiros, $4,00 ao ano. Em 1965,Fate teve uma tiragem média
mensal de aproximadamente 133.000 exemplares, sendo que o total de sua
circulação paga foi cerca de 93.000 exemplares.
(2) Flying Saucers, editada pela Palmer Publications, Inc., de C-137
Hickory, Mundelein, Illinois. Redator-chefe, Ray Palmer, Box AD,
Amherst, Wisconsin 54406. Bimestralmente, 35 centavos de dólar por
exemplar, S2,00 por seis cópias (um ano).
Ambas as publicações foram iniciadas por Ray Palmer, um talentoso
escritor de ciência-ficção que, originalmente, fora o redator-chefe de
Amazing Stories, em 1968. Palmer tornou-se famoso ao publicar o conto
“The Shaver Mystery”, em 1944, e por sua colaboração inicial a Kenneth
Arnold, cuja história ele editou no exemplar inaugural de Fate (primavera
de 1948). Sua nova revista, Flying Saucers, assumiu seu nome atual e
formato de bolso na primavera de 1961; tem sido editada desde junho de
1957, com uma apresentação um pouco diferente. Palmer não está mais
ligado à elaboração da revista Fate, a qual se especializa em ocultismo,
astrologia e espiritismo, mas contém pelo menos um artigo sobre UFO’s por
més. Tanto a história quanto a apresentação de ambas as revistas são
discutidas de forma extremamente interessante por Menzel e Boyd, em seu
livro The World of Flying Saucers.
Há um grande número de grupos dedicados ao estudo UFO’s em todo o
território norte-americano; os principais editam periódicos regularmente.
Em nossos esforços "de estabelecer um levantamento desses grupos,
ficamos surpresos ao constatar a existência de mais de duzentos,
constituídos nos Estados Unidos desde 1947; tal estimativa, entretanto, não
inclui grupos de discussão informais e clubes, organizados por estudantes,
devendo ser encarada como conservadora. A grande maioria de nossos
questionários não atingiu sua meta, quer porque os grupos haviam sido
dissolvidos, quer porque seus endereços haviam mudado. Dentre os grupos
ativos por ocasião do levantamento e atingidos pelos questionários, mais de
trinta forneceram respostas suficientemente detalhadas para merecerem ser
incluídos nesta obra. Os nomes e endereços foram compilados das seguintes
fontes: (1) correspondência particular e conhecimento de pesquisadores
com os quais mantemos contato; (2) registros de indivíduos
reconhecidamente ativos no campo da pesquisa sobre UFO’s e relação de
publicações pertinentes a UFO’s, da Força Aérea dos Estados Unidos, em
Dayton, Ohio; (3) relação de “clubes de discos voadores”, publicada pela
AFSCA (vide abaixo); e (4) International Flying Saucer Directory, de
James Rigberg, Nova York.
Um questionário, acompanhado de uma carta, indicando seu propósito e
esclarecendo que as respostas seriam utilizadas para publicação parcial, foi
enviado a 96 grupos, em janeiro de 1965. Os grupos de números 97 a 217
receberam o material em março. O levantamento foi encerrado em agosto
de 1965. Os grupos que responderam nosso questionário estão relacionados
abaixo. São fornecidos um breve resumo histórico do grupo, o nome da
publicação por ele editada, bem como seu endereço. Os grupos estão
relacionados de maneira aleatória.

RELAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES DE ESTUDOS UFO CIVIS NOS


ESTADOS UNIDOS - EM AGOSTO DE 1965

1.Interplanetary’ Intelligence of Unidentified Flying Objects (IIUFO)


3005 West Eubanks, Oklahoma City, Oklahoma
William F. Riefer, Diretor; Hayden C. Hewes, Diretor Adjunto Criada
em agosto de 1958, com a finalidade de investigar o mistério dos UFOS’s.
Alega ter inscrição gratuita e 4.500 membros em todo o mundo. Crê que os
UFO’s são reais, mas não chegou a nenhuma conclusão quanto à sua
natureza e origem. Escritórios estaduais em quase todos os cinqüenta
estados, sob nove representantes distritais. Quinze representantes
estrangeiros. Publicação: Interplanetary Intelligence Report, bimestral,
S3,00 por
ano.
2. American UFO Committee (AMUFO)
2875 Sequoyah Drive N. W., Atlanta, Georgia Ricky Hilberg, Dale
Rettig, Allen Greenfield, Diretores Executivos Formada em outubro de
1963, através da incorporação de duas organizações mais antigas.
Filiada à associação de grupos de estudo de UFO’s, a “United
Ufological Association”. Participante do Congresso de Ufologistas
Científicos. Nenhuma conclusão quanto à natureza e origem dos UFO’s.
500 membros. Publicações: UFO Sigh ter e American UFO Committee
Review
3. National Investigations Committee on Aerial Phenomena (NICAP)
1536 Connecticut Avenue N. W., Washington 6, D. C.
Major Donald E. Keyhoe, Diretor; Richard H. Hall, Diretor Interino
História e objetivos são indicados no relatório UFO Evidence, editado pelo
grupo em maio de 1964. Esse documento resume os arquivos e atividades
da organização. Formada em 1956 por T. T. Brown; alega 5.500 membros.
Trabalha segundo a “hipótese definitiva de que os UFO’s são reais,
aparentemente controlados, provenientes de uma fonte extraterrena”. Acusa
a
Força Aérea de praticar um “grau intolerável de sigilo”. Investigações
locais são conduzidas por subcomissões. Taxas para membros são de $5,00
anuais. Publicação: UFO Investigator, bimestral.
4. Aerial Phenomena R eseach Organization (APR O)
3910 E. Kleindale Road, Tucson, Arizona Leslie Lorenze, Diretor
A mais antiga organização neste campo, criada em janeiro de 1952. Tenta
coletar subsídios de pesquisadores responsáveis e racionais, em vez de um
número grande de seguidores entusiastas. Número de membros atualmente
em 800, inclusive professores, técnicos, cientistas etc. A maioria dos
membros da APRO crê que os fatos indicam que haja uma origem
interplanetária dos UFO’s, possivelmente uma colônia estabelecida em
Marte, por uma civilização adiantada. A APRO é a organização americana
mais bem informada sobre observações no estrangeiro. Tem documentado
muitas narrativas de ’’aterrissagens” e divulgado e teoria de “hostilidade
dos UFO’s”. Correspondentes no estrangeiro incluem Aima Michel
(França), Olavo Fontes (Brasil), Peter Norris (Austrália) e Eduardo Buelta
(Espanha).
Publicação: A. P. R. O. Bulletin, bimestral, $3,50 por ano.
5. National Investigation Commission on Aerial Phenomena (NICAP) 5108
South Findlay Street, Seattle 18, Washington
Robert J. Gribble, Diretor
Sigla semelhante e localização em Washington (cidade em um dos casos,
estado em outro) criaram confusão entre este grupo e a organização de
número 3. Os dois grupos são distintos. Esta é uma comissão de seis
membros, sem vagas para membros, criada em 1 de janeiro de 1955. Tem
estado ativa desde então, mas sob diversos nomes diferentes. Crê que as
autoridades têm provas mas mantêm uma política de sigilo oficial. Conclui
que uma “grande porcentagem dos UFO’s estão vindo de outros mundos.”
Publicação: NICAPReporter, $ 1,50 ao ano.
6. Flying Saucer New Club of America (FSNCA)
119 East 96th Street, New York 28, New York James Rigberg, Redator
Formada em março de 1955. Crê que as autoridades já obtiveram provas
quanto à natureza ou origem dos UFO’s e mantêm-nas em sigilo.
Publicação \ Flying Saucer News, 25 centavos de dólar por número.
7. Amalgamated Flying Saucer Clubs of America (AFSCA)
2004 N. Hoover Street, Los Angeles, California 90027 Gabriel Green,
Presidente Fundador
Constituído em janeiro de 1959, o grupo possui 2.500 membros.
Acredita que muitos UFO’s são na realidade espaçonaves extraterrenas
pilotadas por tripulações de homens e mulheres de raças adiantadas de
outros planetas.
Publicação: UFO International, bimestral, $3,50 anuais.
8. Saucer and Unexplained Celestial Events Research Society (SAUCERS)
P. 0. Box 163, Fort Lee, New Jersey, 07024 James W. Mosely, Redator
4.000 membros no grupo, criado em julho de 1954. Acredita que os UFO’s
são, provavelmente, extraterrenos, “embora até o momento não haja prova
de sua origem”.
Publicação: Saucer News, $ 2,00 por seis meses.
9. The Aetherius Society
674 Crenshaw Blvd., Los Angeles, California 90005 George King,
Presidente Fundador
Criada em novembro de 1960, a Sociedade mantém o número de seus
membros em sigilo. “A orientação da Aetherius Society é espiritual, uma
vez que é definitivamente sabido que a Missão dos Discos Voadores e de
suas tripulações na Terra é espiritual.”
Publicação: Aetherius Society Newsletter
10. Cleveland Aerial Phenomena Investigations Club (CAPIC)
3132 West 142nd Street, Cleveland, Ohio, 44111
Criada em junho de 1964. 19 membros. Crê que os UFO’s são espaçonaves
interplanetárias e que as autoridade já obtiveram provas.
Nenhuma publicação
11. Aerial Phenomena Investigations Committee (APICJ
P. O. Box 87, Rugby Station, Brooklin, New York 11203 Eugene R.
Steinberg, Diretor; Kenneth J. Alpert, Diretor Adjunto Criado como um
grupo local em fevereiro de 1959, é agora internacional em seu âmbito e
possui 2.000 membros. O grupo acha que uma origem extraterrena dos
UFO’s é mais propensa a ser correta do que qualquer outra solução até o
momento apresentada.
Publicação: UFO Reporter, trimestral. Suspendeu sua publicação em 1965,
ao ser adquirido pelo Saucer News (8, acima).
12. Civilian Flying Saucer Investigations Bureau (CFSIB)
6101 Sturgeon Creek Parkway, Midland, Michigan
A atitude geral deste grupo, criado em outubro de 1963, é a de que os
UFO’s são veículos interplanetários, sob o controle de alguma inteligência,
provavelmente de um planeta fora do sistema solar.
Publicação: CFSIB Newsletter
13. The Planetary Space Center (ex-interplanetary Foundation)
24720 Carlysle Street, Dearborn, Michigan 48124
Laura Mundo (Marxer), Connie Grish, Carmella Falzone Criado em
dezembro de 1954. Nenhuma taxa ou jóia para os membros. Atinge cerca de
1.000, lista principal relaciona 300. Acha que os UFO’s são espaçonaves de
seres humanos mais adiantados e amigáveis. Publicação: Interplanetary’
News
14. The Christian Zion Advocate
P. O. Box 48, Neah Bay, Washington Ativa sob diversas denominações
desde 1953, a organização chegou à conclusão definitiva de que os
UFO’s são “Os Anjos do Senhor, por Ele enviados antes de Si” (Mateus
24:31-32) e que as autoridades não obtiveram provas quanto à sua
origem.
Publicação: Humanitarian
15. Long Beach Interplanetary Research Group 1227 E. 2nd Street, Long
Beach, California 90802 A. Rowe, Secretário
Criada em 1957.- Não chegou a nenhuma conclusão sobre o problema dos
UFO’s, mas acredita que as autoridades têm provas consideráveis.
Publicação: Understanding
16. Solar Cross Foundation
5132 Lincoln Avenue, Los Angeles, California 90042 Robert Short, Diretor;
James Jordan, Redator Criado em julho de 1957, o grupo tem 876 membros
(1964). Crê que os fatos estão “atualmente além de nossos conceitos.”
Publicação: In ter-Galaxy News
17. Tucson Science Club
5350 E. Ft. Lowell, Tucson, Arizona 85716 Grupo de discussões sobre
informações. Reuniões regulares desde 1958. O grupo tem poucos
membros e somente uma conclusão: “Não há nenhuma resposta simples
e única”. Publicação interrompida.
18. Houston UFO Bureau (HUFOB)
3302 Askew, Houston, Texas 77017 .
Gary Kitpatrick, Presidente
Criado em agosto de 1964. Vinte membros. O grupo “obteve provas
confidenciais” e abstém-se de outros comentários.
Publicação: UFO Mystery, editado irregularmente
19. School of Thought
P. O. Box 458, Independence, California 93526 Hope Troxell, Fundador e
Diretor
Criado em fevereiro de 1960. O grupo tem 250 membros e conclui que uma
raça superior povoou o universo e usa outras dimensões que não somos
capazes de “ver ou compreender”.
Publicação: apostilas e cursos
20. UFO Magazine Publications
3403 West 119th Street, Cleveland, Ohio 44111 Ricky Hilberg, Redator
Criado em abril de 1963. Número médio de membros em 1964: 323. Não
chegou a nenhuma conclusão definitiva. Hilberg é um dos diretores
executivos da AMUFO (vide 2 acima).
Publicação: UFO Magazine (combinada com o Saucer Album), editada duas
vezes por ano, $ 1,00.
21. Philadelphia Investigation Committee no A erial Phenomena (PICAPJ
6100 Belden Street, Philadelphia, Pennsylvania 19149
Grupo criado em maio de 1964. Vinte membros; crê que as autoridades
obtiveram informações, mantiveram-nas em segredo por temor de que o
público americano se assustaria. Nenhuma publicação.
22. Morse Fellowship
P. O. Box 72, Alamogordo, New Mexico, 88310 Louise Morse
Constituído em 1957. Tem várias centenas de membros e já enviou
milhares de suas publicações (lições de amostra sobre “crescimento do
espírito”) a todos os estados e doze países estrangeiros. Declara que os
UFO’s vêm de planetas com frequência dè luz mais elevadas. Publicações:
Through the Portals, além de outras 25 0 lições separadas.
23. Controversial Phenomena Bulletin (CFB)
48 Great Brook Valley Ave., Worcester, Massachusetts 01605 Armand A.
Laprade, Redator; Joseph L. Ferriere, Co-Redator Criado no verão de 1963.
Tern 300 membros. O grupo não oferece conclusões, mas acha que as
descrições de “operadores” de UFO’s devem ser levadas muito a sério. O
Bulletin é uma das publicações mais informativas do ramo.
Publicação: Controversial Phenomena Bulletin, bimestral, $2,00 ao ano.
Editada sob o nome Probe desde setembro de 1965.
24. New England UFO Study Group
20 Buckingham Road, Norwood, Massachussetts 02062 George Fawcett,
pesquisador particular sobre UFO’s Criado por Fawcett em novembro de
1959, o grupo assumiu seu nome atual em 1964. A maioria de seus 175
membros acredita que os “discos-voadores” são, na realidade engenhos
controlados inteligentemente do espaço sideral, conduzindo um estudo
científico de nosso planeta, para fins ainda desconhecidos. Aceita os
“operadores” como autênticos.
Publicação: relatórios de reuniões
25. Dr. Rudolf Steiner Research Foundation, Inc.
533 Lincoln So., Salem, Oregon
M. Gordon Allen, Diretor
Esta é uma fundação de pesquisa, não uma organização de estudos sobre
UFO’s. Declara que o problema dos UFO’s é tratar com inteligências
alienígenas que conseguem projetar aparelhos materiais em nosso mundo
material, a partir de um outro plano de existência. Nenhuma publicação.
26. Universal Research Society of America (URSA)
118 Oberreich St., La porte, Indiana
Orvil R. Hartle, Diretor; Harry F. Koch, Diretor de Pesquisas; Prof.
Charles A. Maney, Presidente do Conselho Consultivo Criado em 15 de
maio de 1965. O grupo crê que, a despeito da enorme quantidade de
provas em favor da realidade dos UFO’s, ainda existem dados
insuficientes para determinar sua natureza e origem. Publicação
periódica sendo contemplada.
27. The Little Listening Post (LLP)
4811 Illinois Avenue N. Wv Washington 11, D. C.
Publicação fundada em janeiro de 1954, enviada somente mediante
assinaturas. Dados quanto a tiragem são reservados. Sessenta números da
revista foram editados até 1965.
Publicação: Little Listening Post, $ 3,00 por seis números.
28. UFO Research Organization (UFORO)
739 75th Avenue No., St. Petersburg, Florida 33702
E. R. Sabo, Presidente
O grupo tem 75 membros ativos. Organizado em outubro de 1964, concluiu
que os UFO’s são alguma forma de espaçonave sob controle inteligente,
provavelmente extraterreno. Rejeita as alegações de “contatados” e crê que
um grupo científico independente e não governamental deveria ser
organizado para a análise do problema.
Publicação: UFO Researcher, mensal, $ 10,00 ao ano.
29. Flying Saucer Investigating Committee (FSIC)
P. O. Drawer G. Akron, Ohio 44305
Américo E. Candusso, Co-Presidente e Redator; Larry Moyers,
Copresidente
Criado em outubro de 1961. Acredita na possibilidade de que os UFO’s
sejam extraterrenos, pois há muitas provas em seu favor, mas que ainda não
foram apresentadas provas definitivas. FSIC apresenta-se como uma
organização objetiva, de orientação científica, não havendo, entre seus
membros, necessariamente, uma crença comum sobre as muitas facetas do
problema UFO.
Publicação: FSIC Bulletin, bimestral, 12,00 ao ano. As informações e
observações contidas no Bulletin refletem investigação cuidadosa por parte
dos membros do grupo. Muitos relatos de primeira mão, bem
documentados.

INFORMAÇÃO ADICIONAL SOBRE GRUPOS DISSOLVIDOS


Entre as organizações que cessaram suas atividades temos:
1. Grand Rapids Flying Saucer Club
Criado em 1951, esse grupo editava um periódico denominado Uforum e
organizava palestras, cuja frequência atingia 750. O questionário indicou
como o grupo desapareceu:
“O grupo dividiu-se entre os investigadores de orientação científica e os
chamados de minoria de lunáticos esotéricos. Que eu saiba, os cientistas
ainda não têm uma resposta aceitável, enquanto que os esotéricos “sabiam”
qual a resposta desde o começo (Os Irmãos enviados para tomar conta de
nós).”
2. North Jersey UFO Group
Criado em 1954, o grupo editou 14 números de UFO Newsletter (Lee R.
Munsick, Redator). Era crença geral que os UFO’s eram veículos
controlados por alguma inteligência, exógena a este planeta; que o sigilo
por parte do governo era devido a uma censura burocrática automática; e
que as alegações de contatados deveriam ser rejeitadas.
3. Ufology Bulletin
Em Ventura, California. Vinte números do Bulletin foram editados em dois
anos. Foi, até certo ponto, resultante do “Ventura UFO Study Group”. Foi
desmanchado quando caiu nas mãos dos defensores das histórias de
“contatados”.
4. Civil Commission on A erial Phenomena/CCAP
O grupo interrompeu suas operações em torno de 1960.
5. Decatur UFO Group

Fundado em 1957. Antigos membros continuam a discutir o assunto


informalmente. Crêem que as autoridades de vários países, inclusive dos
Estados Unidos, obtiveram provas quanto à natureza e origem dos
fenômenos UFO e, sem a menor dúvida, envidaram todos os esforços
possíveis para manter tal informação em sigilo. Entretanto, não discordam
totalmente da política de sigilo, e “reconhecem que qualquer informação ou
programa educacional teria de ser apresentado ao povo de
Se voltarmos por um momento à questão da “crença nos contatados”,
veremos que é possível simplificar nossa classificação em duas categorias:
os fortes defensores dos “contatados” são os grupos de classificação D e E;
todos os outros, ou rejeitam-nas ou consideram-nas com certo ceticismo. Na
Figura 37 ilustramos os locais de fortes defensores dos “contatados” como
um homem acenando com o braço, e os outros grupos como círculos.
O efeito geográfico é relativamente óbvio: dez entre doze defensores de
“contatados” localizam-se a oeste de uma linha que corre de Sattle a
Houston, Quatorze entre dezesseis dos outros localizam-se a leste daquela
linha.

UFO's nos Estados Unidos.

H. Taylor Buckner, da faculdade de Berkeley da Universidade da


California, ressaltou em uma tese, apresentada perante uma assembleia da
Associação Sociológica dos Estados Unidos, que em 1953 e 1954 dez livros
que alegavam contato com os discos foram publicados. As pessoas que
neles acreditavam eram indivíduos que, em sua maioria, já estavam
envolvidas no mundo do ocultismo. O mesmo pesquisador acrescentou que
80% das plateias presentes a reuniões de “clubes de discos voadores” eram
constituídas por mulheres geralmente de meia idade ou idosas, solteiras ou
enviuvadas, as quais não possuem um nível muito elevado de formação
educacional, ainda segundo Buckner, e acreditam que “ver coisas” é um
sinal de sensibilidade especial.
Acreditamos que a localização geográfica de Buckner coloca-o no ponto
de foco de toda extravagância no campo da superstição e falsas ciências, e
que seria injusto de sua parte generalizar seus resultados a todo o campo de
pesquisas sobre fenômenos aéreos incomuns. Seus resultados, entretanto,
são informativos para os que ainda se sentem ligados sentimentalmente às
alegações de “contatados” como Adamski, Daniel Fey, George Van Tassel e
Truman Bethurum. Adamski, por exemplo, antes de se tornar figura
proeminente na “pesquisa sobre UFO’s, era o líder de um culto místico
denominado The Royal Order of Tibet (A Ordem Real do Tibé). A
generalização dessas indicações, por parte de um sociólogo profissional, é
de grande interesse.

Crença no sigilo governamental

Dos vinte e nove grupos ora em estudo, somente um crê que as


autoridades não obtiveram nenhuma prova, qualquer que seja, com
referência à natureza e origem do fenômeno UFO; este é o grupo 14, cuja
doutrina é de que os UFO’s são emissários diretos de Deus. Outro grupo (n9
18) menciona que, provavelmente, os investigadores governamentais não
obtiveram nenhuma prova “mas pelo menos 80% a 85% estão no caminho
certo...” Devemos ter em mente que o grupo n? 18 recebeu provas
confidenciais e abstém-se de outros comentários (acreditam na teoria de
Bender dos “três homens de preto”).
Cinco grupos veem uma forte possibilidade de que há provas em mãos
das autoridades. “A questão é: quais autoridades?”, diz o grupo n? 2. Outro
grupo simplesmente responde': “Hmmm!”
Todos os outros grupos dão como resposta um sonoro “sim”. A pergunta
era: “Você acha que as informações obtidas são guardadas em segredo e por
que?” Eis as respostas que obtivemos:

1. Certas informações são secretas por inúmeras razões.


2. Algum sigilo realmente existe. Até que ponto, não pudemos determinar.
3. Grande parte é (guardada em segredo), sem dúvida, e em parte, por razões
de mentalidade burocrática e subestimativa da inteligência do público.
4. Sim. Porque as respostas finais — quem, porque — e donde, não são uma
certeza, e suas motivações são desconhecidas. Tais informações, sem
que constituam informações completas, seriam, política, econômica e - a
um certo ponto — emocionalmente, desastrosas para todos os povos da
Terra.
Um modo lento e gradativo, a fim de evitar toda espécie de temores e
pânico que, do contrário, talvez ocorressem.”
6. Flying Saucers International (FSIJ
Não respondeu ao nosso questionário. Editava o bastante conhecido Saucers
(revista) entre 1953 e 1959, tendo Max Miller como redator.
7. Civilian Research, Interplanetary Flying Objects (CRIFO)
O grupo foi criado por Leonard Stringfield, em Ohio, e editava uma revista,
a Orbit, entre 1954 e 1957.
8. The Saucerian Bulletin
Foi a primeira revista editada por Gray Barker, que atualmente administra a
Saucerian Publications. Box 2228, Clarksburg, West Virginia 26302. Seu
primeiro número surgiu em março de 1956. Foi absorvida pela Saucer News
em 1969. Em novembro de 1965. Barker lançou o primeiro número de uma
nova publicação, a Spacecraft News.

ÁNALISE DOS QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS


A relação acima não constitui, absolutamente, uma descrição exaustiva
da atividade atual nos Estados Unidos. Existe muita redundância e
duplicação, além do que, muitas organizações, inclusive algumas de
importância, provavelmente foram esquecidas. Pretende, isso sim,
representar uma amostragem dos grupos ativos em “pesquisa sobre UFO’s”,
e não um quadro completo. Ademais, muitos grupos locais são compostos
por membros de diversos grupos nacionais maiores. O interesse repentino
em alguma aparição em particular (como o caso de Socorro, em 1964)
causa a formação de associações, muitas das quais desaparecem quase tão
logo tenham sido criadas. Contudo, a cuidadosa seleção dos grupos aqui
mencionados, a partir de uma vasta quantidade de dados originais, faz desta
amostragem uma boa indicação das tendências atuais das organizações civis
de estudos UFO nos Estados Unidos.
Durante nosso levantamento, usamos as declarações feitas pelos grupos
em si, exclusivamente, e não buscamos corrigir suas estimativas quanto a
número de membros, mesmo quando poderíamos ter verificado outras
fontes. Dados mais exatos poderiam ser fornecidos se tais correções fossem
aplicadas, pois muitos grupos dão as listas de endereços postais de seus
periódicos como sua relação de membros.
Há fortes semelhanças entre as declarações prestadas pelos diversos
grupos com referência a suas conclusões sobre a origem e natureza dos
UFO’s. Essas declarações são cuidadosamente redigidas e, obviamente,
constituem precárias indicações das verdadeiras motivações de seus líderes,
uma vez que as mesmas podem ser obtidas de outras fontes, principalmente
suas publicações. Todos os grupos acreditam que os UFO’s são objetos
reais, não explicados, mas — o que é bastante interessante —, ao serem
indagados se haviam chegado a uma conclusão definitiva, dividem-se em
suas opiniões: onze responderam “sim”, treze responderam “não” e quatro
(a APRO, o Houston UFO Bureau, a Steiner Foundation e a UFORO)
responderam “sim” com reservas (vide a Tabela I).

Crença nas histórias de “contatados”

“Contatados” são pessoas que foram alvo de publicidade tanto como


consequência de suas alegações de encontros com os “ocupantes” dos
“discos”, quanto devido à revelação que receberam sobre a origem e
finalidade dos “discos”. Tais histórias devem ser totalmente separadas das
duas outras classes de relatos, narrativas de “operadores”, descritos por
testemunhas que não alegam ter recebido uma mensagem, e narrativas de
encontros com mensageiros, interpretados como milagres religiosos;
embora muitos aspectos da geração de tais relatos, bem como sua
propagação, sigam os padrões observados no fenômeno UFO, a ocasião
dessas narrativas nunca representa um objeto voador descrito como um
aparelho (o fenômeno de Fatima, por exemplo, enquadra-se nesta
categoria).
Classificamos, na Tabela I, o grau de aceitação ou rejeição de diversos
tipos de relatos dos diferentes grupos, usando a escala abaixo, bastante
simples: A significa que um relato ueste tipo é rejeitado pelo grupo; B que é
investigado da mesma forma que outros relatos o são; C, é considerado
como possivelmente verdadeiro; D é aceito sob certas condições; e E, é
geralmente aceito.
A pergunta “Você acha que devemos acreditar nos “contatados?” teve as
seguintes respostas: nove grupos rejeitaram totalmente esses relatos e três
trataram-nos como qualquer outro relato sujeito à sua investigação. Quatro
julgam que há uma possibilidade de verdade neles, oito aceitam-nos sob
condições, e quatro (de números 6, 7, 19 e 22, Flying Saucer News Club,
AFSCA, School of Thought, e Morse Fellowship) atribuem crédito
definitivo aos mesmos.
É interessante relacionar a aceitação de histórias de “contatados” com as
respostas à primeira pergunta, “Você chegou a uma conclusão definitiva?
Nem todos os que creem que os “contatados” talvez sejam sinceros têm
uma conclusão definitiva. Dentre doze grupos que acreditam que pelo
menos algumas das histórias de “contatados” são verdadeiras, sete têm uma
resposta definitiva, três não a tem, ao passo que dois são hesitantes. Embora
seja verdade que a maior parte dos grupos (dezenove entre vinte e oito)
esteja disposta a considerar a veracidade de tais narrativas como sendo uma
possibilidade, bem poucos aceitam todas as histórias de “contatados”
gratuitamente. Entre estes, alguns talvez não tenham feito nenhuma
distinção entre as histórias de “contatatos” do tipo Adamski e as
“aterrissagens com operadores”; isto introduziria um grau de parcialidade
considerável na interpretação de suas respostas.

Crença nas descrições de “operadores”

As respostas à pergunta quanto à crença nos relatos de “operadores”


ilustram uma diferença marcante em espírito entre a APRO e a NICAP. O
grupo de Keyhoe deu a mesma resposta não comprometedora à pergunta
anterior: tais incidentes “deveriam ser investigados”. Será que isso significa
que, desde 1956, o grupo nem mesmo chegou a uma hipótese viável sobre
esses dois assuntos?
A APRO responde que alguns relatos de “operadores” devem ser
levados a sério, mas certamente não as descrições feitas por “contatados”, já
que “relacionam-se a projeções de inspiração emocional e são, às vezes,
simplesmente o produto de pessoas que estão tentando beneficiar-se
monetariamente do mistério dos UFO’s.”
Algumas outras respostas são significativas:
Grupo Nº 7:
“Centenas de narrativas detalhadas de aterrissagens têm sido feitas.
Se os Discos Voadores existem à altitude de poucas centenas de pés, por
que não podem aterrissar?”
Grupo Nº 17:
“Os casos “sem comunicação”, em que formas humanoides foram
vistas, mas lutaram e fugiram, e os observadores não partiram,
posteriormente, em viagens de palestras, devem ser levados a sério.
Numerosos países já relataram eventos semelhantes.”
Grupo Nº 20.
“Os fatos parecem indicar a existência de um pequeno bípede associado a
aterrissagens de UFO‘s. Talvez sejam ou não os pilotos da aeronave.”
A aceitação do “operador” nanico parece ser relativamente geral.
Apenas um grupo (nº 14, que acredita nas histórias de “contatados”) rejeita,
especificamente, todos os relatos de aterrissagens de “homúnculos”.

(Tabela excluída por estar ilegível)

Correlação entre a crença nos “contatados” e narrativas de “operadores”


em geral

A maior parte dos grupos que aceitam as histórias de “homúnculos”


rejeita as alegações de “contatados”, da forma que -a APRO o faz. O oposto
também é válido em certos casos: um grupo de defensores dos “contatados”
aceita narrativas de “pilotos” somente se “eles se assemelharem a você e
eu” (sic). O grupo mais conservador é a AMUFO (n? 2), o qual rejeita as
histórias de “contatados” e considera com cautela a possibilidade de
“operadores”.
Seis rejeitam, em sua totalidade, as alegações de “contatados” e
aceitam, definitivamente, os “operadores”: nº 4 (APRO), nº 8 (SAUCERS),
nº 9 17 (Tucson Space Club), nº 9 20 (UFO Magazine Publications), nº 9 28
(UFORO) e o nº 29 (FSIC).
Autores e livros recomendados

Uma outra pergunta era: “Quais são os livros sobre UFO’s que sua
organização recomenda?” Este quesito levou às seguintes frequências de
respostas:

Estas respostas mostram que as ideias expressadas por Keyhoe ainda


tinham, em 1965, a mais forte influência sobre os líderes das organizações
de estudos sobre UFO’s nos Estados Unidos. A baixa classificação de
Charles Fort deve, ao nosso ver, ser interpretada como uma falta de
interesse pela perspectiva histórica do problema. Ainda mais surpreendente
e inquietante é o fato de que a APRO permanece só, ao fazer referência ao
livro de Jung. Michel e Jung são os únicos autores de língua não inglesa
entre todos os escritores contemporâneos contidos na relação. As tendências
observáveis aqui foram confirmadas por respostas à pergunta seguinte.

As observações mais significativas

A Tabela III fornece as frequências das respostas associadas a cada


observação. Dentre sessenta e três repostas, quarenta e nove eram referentes
a observações norte-americanas.
Um total de vinte e seis aparições, das quais treze são dadas várias
vezes, são indicadas. É interessante notar que nenhuma aparição de
“contatados” consta da lista, em vários casos repetidos. Somente um grupo
(nº 13) menciona a narrativa de Adamski, embora vários grupos tenham
respondido “Sim” à pergunta “Você acha que devemos acreditar nos
“contatados”?, e quatro grupos tenham recomendado seus livros.
O caso mais frequentemente citado é o de Socorro, Novo México, o
qual sem sombra de dúvida, foi o caso mais bem conhecido em 1964. Em
termos de popularidade seguem o incidente de Washington (1952), Ilha de
Trindade, Arnold e Mantell.
O caráter mais surpreendente desta lista é o que dela não consta: a
aterrissagem de Kelly, o caso Bismarck, o incidente de Walesville e a
aparição da Represa de Loch Raven parecem ser de todo desconhecidos. De
modo semelhante, é digno notar que não se encontram menções de “nuvens-
charuto” ou das aterrissagens clássicas (exceto Socorro), embora muitos
grupos estejam familiarizados com o trabalho de Michel.

As aparições resultam classificadas praticamente na ordem da


publicidade de que foram alvo, independentemente de seu valor intrínseco
ou caráter de confiabilidade. O vínculo sentimental em tais casos como o
dramático acidente de Mantell ou as “luzes de Lubbock” é bastante
evidente. Toma-se claro que os grupos presumem gratuitamente que os
casos mais divulgados são os mais convincentes, quando mesmo uma
pesquisa limitada teria trazido à luz um tipo de relato inteiramente diferente.
Novamente, a APRO é o grupo original nesse aspecto: relaciona três
aparições no estrangeiro em cinco (Trindade, Padre Gill e os incidentes da
BOAC). A NIC AP também dá provas de cuidadosa consideração da
questão, embora somente relacione casos norte-americanos. São eles: Nash
e Fortenberry; Red Bluff, Capitão Sperry; Sudeste, 1957; e Socorro. Os
casos de Washington, Arnold e Mantell não são mencionados nem pela
APRO nem pela NICAP, entre seus casos mais significativos. Contudo,
pediu-se aos grupos que selecionassem cinco observações, o que constitui
uma forte restrição.

Distribuição geográfica de defensores das histórias de “contatados”

5. Sim. O sistema monetário do mundo e suas religiões.


6. Sim. Para proteger os fabricantes de nossos foguetes e satélites — talvez
prejudicasse sua produção.
7. Sim. Várias razões. A introdução de novas e revolucionárias formas de
energia fariam com que as fontes energéticas atuais se tornassem
obsoletas e colocariam nossa economia em risco. Assim como no
desenrolar da história, grupos específicos de interesses, ao sentirem seu
poder e ‘status’ financeiro ameaçado pela introdução de novos
conhecimentos, apõem-se ao progresso.
8. Caso a Força Aérea possua informações significativas, que não estejam
disponíveis ao público, as mesmas são mantidas em segredo pelo que
eles consideram ser motivos de segurança.
9. Sim. O reconhecimento oficial resultaria na perda de poder e influência
por parte do governo.
10. Sim. Talvez porque estejam com medo dos UFO’s, ou devido à reação
que o público poderia ter.
11. Sim. A AFR-200-2 e a JANAP 146 exigem com os casos não resolvidos.
Temor de pânico, colapso econômico ou outras razões talvez
justifiquem seu sigilo, caso saibam o que são os UFO’s.
12 Sim. As diretrizes da Força Aérea e sua política de retenção de
informações parecem indicar isso. The Flying Saucer Conspiracy é a
obra que melhor define tal fato.
13. Se eles considerarem possibilidades, contudo..., pânico temente por parte
do povo, anjos “lá no alto” pelas regiões... e monstros pelos escritores.
14. Sim. Porque não conseguem compreendê-las.
15. Sim.
16. Não em segredo, mas distorcidas! Devido a pontos de vista religiosos,
aos que entram em pânico ou a aparelhos militares adiantados.
17. Sim. Cada país está tentando descobrir os segredos dos discos,
especialmente sua avançada tecnologia, e tentando evitar que outros
países tirem proveito de suas provas e cheguem lá primeiro.
18. Sim. Creio que em alguns casos, a verdade possa causar histeria em
massa.
19. Sim, mantidas encobertas. A verdade abalaria nossa economia, religiões,
educação e o ego militar.
20. Sim, é difícil dizer porquê. Talvez pensem que alguma espécie de pânico
resultaria da revelação de que existem UFO’s. Contudo, parece que a
burocracia desempenha um papel importante na supressão das
informações relativas a UFOS’.
21. Sim. Temem alarmar o público norte-americano.
22. Sim. Os materialistas não têm explicações para os domínios em que o
espírito é realidade.
23. Sem resposta.
24. Sim. Refiram-se a: AFR 200-2, CIRVIS Reports (Relatórios CIRVIS),
ordens da Força Aérea de Holloman, etc. Pânico. Tempo para duplicar
os discos para o próprio arsenal, etc.
25. Sim. Porque contêm uma ideia conceituai inteiramente nova,
desconhecida da ciência convencional — a de Emergência dentro de
nosso plano de existência, orientada inteligentemente.
26. Julgamos que a política de segurança do governo é tal que, a menos que
o fenômeno UFO seja interpretado como uma ameaça à Segurança
Nacional, é inútil dar um explicação em público.
27. Sem resposta.
28. Sim, provavelmente por estarem cientes de que o que é sabido seria de
difícil aceitação para o público. Além do que, é provável que ainda não
disponham dos fatos mais importantes: origem, finalidade etc. Sem
respostas satisfatórias a essas perguntas, as consequências emocionais
seriam desastrosas, bem como o seriam os resultados políticos e
econômicos.
29. Até um certo ponto, mas principalmente por falta de conhecimentos.

É difícil extrair os elementos básicos destas declarações, devido às


diferenças de redação ou terminologia. Provavelmente, deveríamos ter feito
a pergunta de forma mais direta, a fim de obter respostas mais fáceis de
serem classificadas. Ao tentar resumir as razões dadas para o sigilo oficial,
encontramos as seguintes frequências: oito grupos mencionam temor de
pânico, histeria em massa; seis, desastre econômico; quatro, colapso da fé
religiosa; quatro, perda de poder político; três, a indústria espacial tomar-se-
ia obsoleta; três, as autoridades são incapazes de compreender; dois,
mentalidade burocrática; dois, conclusões ainda insuficientes; dois,
esperança de serem os primeiros descobridores do “segredo”.

CONCLUSÕES

Desde que fizemos nossa pesquisa, uma nova onda de aparições


desenvolveu-se na área em estudo, indubitavelmente favorecendo a
formação de novos grupos. Portanto, apresentamos estas conclusões não
como resultados definitivos, mas como indicativos das tendências na
“Ufologia” norte-americana.
Acreditamos que nossa pesquisa indica que os líderes do movimento
UFO nos Estados Unidos são: (1)conservadores: Mantel e Keyhoe
permanecem seus símbolos típicos, ao passo que o Padre Gill e o Professor
Jung são praticamente ignorados; desconfiados de observações estrangeiras:
as principais ondas que se sucederam fora dos Estados Unidos (Nova
Guiné, Austrália, Escandinávia e Europa) não tiveram qualquer impacto em
suas maneiras de pensar; e (2) não-científicos: o papel desses grupos é
limitado à divulgação e documentação de relatos; nenhum deles dispõe do
equipamento, treinamento, quadros de pessoal ou verbas necessários para
uma pesquisa científica eficaz.
Não obstante, uma análise objetiva de suas motivações e teorias fornece
um quadro um tanto quanto mais positivo do que, geralmente, se crê. É
verdade que muitos grupos são irracionais em seu modo de pensar. Um
número ainda maior considera a “Ufologia” um passatempo, que traz um
toque de mistério e ciência-ficção às suas vidas monótonas. Mas a maioria
tem mente bem aberta, sem dúvida, conforme vimos. Acreditamos que um
esforço sincero, por parte dos investigadores científicos, em trazer o
problema dos UFO’s para uma discussão às claras, seria apoiado pela
maioria dos grupos, os quais estariam dispostos a admitir a fragilidade de
todas as teorias atuais, inclusive suas próprias.
A atitude atual dessas organizações civis, em relação ao suposto sigilo
oficial, deveria, talvez, ser trazida à atenção dos órgãos responsáveis. Sua
desconfiança dos procedimentos de investigação da força aérea, por
exemplo, é absoluta, o que não pode ser explicado, simplesmente, pela
popularidade dos livros de Keyhoe.
Grande parte dos grupos ora pesquisados dá mostras de sinceridade e
dedicação. Certamente não merecem (se excluirmos os poucos extremistas)
o termo “charlatães” a eles frequentemente aplicado.
O passo seguinte, naturalmente, é repetir esta pesquisa em escala global.
Com tal intuito, pedimos a todos os grupos dedicados à pesquisa neste
campo, por todas as partes do mundo, que dirijam suas respostas às
perguntas apresentadas neste Apêndice, bem como, se possível, uma
amostra de suas publicações, a Vallee, c/o Henry Regnery Company, 114 W.
Illinois St. Chicago, Illinois, 60610.

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