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Silverio Syllas Saad
Resumo
Abstract
This paper deals with the legacy of posture and architectural production of Lina Bo Bardi,
especially his questioning of the validity of certain architectural concepts, especially those that
establish rules of projective priori mode. The best architecture for it is one that gradually account the
specific guidelines of the projects, as the place where the project is being inserted, the importance
of the environment for the local population, the creation of living spaces and coexistence, and
projects that promote relearn looking the city. Small gestures of generous architecture that can
transform the idea of citizenship. We make a comparative analysis of three of its projects with the
production of São Paulo contemporary architects, looking to see more than similarities, a rescue
from the legacy of its production. The projects are analyzed x MASP Museum of Memory and
Human Rights in Chile, SESC x Square of Arts and Glass House x Casa Paraty.
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Em 1957 é iniciado no Trianon, na Av. Paulista em São Paulo aquele que seria um
marco na arquitetura brasileira, o Museu de Arte de São Paulo, o MASP. O local era ideal
para Lina Bo Bardi. Desde o inicio do século XX, o Trianon, um grande belvedere, no centro
da principal avenida da cidade, se configurava como um importante marco referencial na
cidade, local de encontros, eventos sociais e políticos e marcado pelo entorno dos
imponentes casarões da elite paulista. O local tornou-se também um marco artístico e cultural
abrigando em seu subsolo, em 1951, a primeira Bienal Internacional de Arte de São Paulo.
Lina desenvolve um projeto arrojado para a época. O mirante do belvedere do Trianon é
preservado (uma exigência do testamento de Joaquim Eugenio de Lima, doador do terreno a
prefeitura) com o desmembramento dos volumes do museu possibilitando um imenso vazio
no térreo, que permite a visão do vale central do Anhangabaú no centro da cidade.
Lina cria duas volumetrias distintas: o prédio que se eleva na Av. Paulista e um grande
embasamento semienterrado na parte de baixo. Entre eles um grande vazio que resgata a ideia de
praça publica e vivência na cidade. Na parte de baixo, o programa concentra as áreas de serviço,
biblioteca, auditório, livraria, restaurante e um grande hall, chamado posteriormente de hall cívico,
que concentra o maior espaço explosivo do museu, principalmente para exposições temporárias.
A exposição permanente concentra-se nas caixas de vidro “penduradas”, com seus dois
andares de exposições. A estrutura é cuidadosamente projetada para liberar os espaços
expositivos de colunas e vigas. A laje do primeiro andar, a oito metros de altura do chão, é
sustentada por tirantes metálicos sustentados por duas vigas principais, de 74 metros de extensão,
em concreto protendido, que são apoiados nos consoles dos quatro pilares.
As obras de arte antes dispostas em painéis de vidro cujo suporte era um bloco de
concreto, chamado pela autora de cavaletes de cristal, tinham o mesmo objetivo de tornar as
exposições mais interativas, mas foram substituídos pela atual administração. Cercado por
torres verticais a horizontalidade do MASP rompe a muralha que os edifícios produzem na
avenida. O museu de Lina ultrapassa a antiga ideia do museu depositário de obras, para
oferecer um espaço aberto e integrado a cidade. Falando sobre o projeto do MASP Lina diz:
“Na projetação do Museu de Arte de São Paulo na Avenida Paulista, procurei uma arquitetura
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Descrito pelos autores como uma barra integra, única e sem concessões, com a qual
queriam evidenciar a importância da memória, o Museu da Memória e dos Direitos Humanos
construído no Chile em 2007 e 2010 foi um projeto dos arquitetos brasileiros do Estúdio América. O
edifício estruturalmente impressiona com um corpo de 18 metros de largura por 80 metros de
comprimento, sendo estruturado por uma serie de treliças metálicas, que formam um grande túnel
do tempo, com a carga da edificação descarregada em quatro apoios laterais. Essa solução
permite obter um vão de 51 metros sem interromper a continuidade da praça publica que se
estende a seus pés. Na composição plástica externa a imagem de maior impacto é a caixa
revestida de tela de cobre que abriga o centro do programa. Arquibancadas ao ar livre e escadarias
que confluem até a praça compõe a construção dessa ágora urbana como um grande espaço
convidativo a cidadania. O gabarito de altura do prédio respeita as construções ao redor como a
antiga igreja do século XVIII instalado no mesmo sitio.
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BARDI, Lina Bo (Anotações Pessoais Quanto ao MASP) In: FERRAZ, Marcelo (Org) Lina Bo Bardi. São Paulo: Instrutor
Lina Bo e Pietro Maria Bardi, 1993, p. 100.
Marcelo Ferraz trabalhou com Lina desde o SESC Pompéia (1977) até o ano em que a arquiteta faleceu (1993). Foi
editor do primeiro livro sobre sua obra, e diretor do Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi.
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A partir do nível da praça, como no Masp, uma escada leva ao primeiro nível, onde surge a
visão do imponente hall de 15 metros de altura e onde os andares intermediários aparecem
através de balcões envidraçados que ora se projetam para fora, ora se recolhem. Os fechamentos
que organizam os espaços são todos de vidro, fato que estabelece um contraponto interessante
diante da tensão e carga geradas pela exposição de episódios traumáticos da historia chilena. Ao
invés de paredes para exibir seu acervo o museu tira proveito do vidro que foi serigrafado com as
fotos das vitimas do regime autoritário, construindo um sentido especial entre a memória e a
transparência. Assim o projeto museografico transforma as paredes do museu, como uma pele, em
parte integrante do tema das exposições.
É indiscutível a impressão que o Sesc Pompéia provoca no visitante. Seu espaço acolhedor
e amigável, tornou-se um paradigma da arquitetura para o lazer na cidade. Basta conferir a intensa
atividade e frequência com que esse espaço é utilizado pelos usuários e visitantes. O projeto de
criação desta unidade do Sesc foi encomendado a Lina em 1977. Ao visitar o local da antiga
fabrica de Tambores da Pompéia, já desativada, Lina percebeu que o local, era utilizado durante os
finais de semana por famílias e jovens que adotaram esse espaço. A arquiteta, percebendo a
espontaneidade desse uso considerou essa situação na elaboração do partido do projeto.
O projeto do Sesc Pompeia prolonga o espaço da rua para dentro do prédio transformando
a antiga rua interna da fábrica num palco para manifestações culturais. Pelo eixo da rua perpassa o
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programa cultural e de serviços, e conduz o visitante para uma área mais reservada, que abriga o
programa de esportes.
Optando por manter os belos galpões da antiga fábrica para as atividades do conjunto, e
para comportar todo o programa previsto seria necessário edificar duas torres no final do lote.
O projeto de Lina tornou-se um marco nos debates sobre revitalização no Brasil, a começar
pelos cursos de arquitetura. A opção valorativa da revitalização dos edifícios, e o pensamento
sobre formas de intervenção, tanto pelo que representa em termos de memória industrial
preservada, quanto pelas soluções de restauro, reciclagem e novas intervenções, tornou-se um
tema de intensa discussão e um ponto de inflexão na história da arquitetura contemporânea.
O projeto para o local encaixou o programa nas frestas do lote, esquivando-se de algumas
construções lindeiras, configurando uma solução arquitetônica atraente e, mais que isso, uma
engenhosa intervenção urbana e um espaço público qualificador para o centro urbano da cidade.
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A praça central, que une os programas do complexo, novamente como uma extensão da
rua, como no Sesc Pompéia, abriga em seu interior manifestações artísticas e culturais, abertas a
população recuperando o espaço de vivência do centro da cidade.
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Projetada em 1951, a moradia do casal Bardi , foi construída num íngreme terreno de
9000m 2 no então afastado bairro do Morumbi. Com forte vínculo com os ideais do movimento
moderno, quase todos os princípios de Le Corbusier foram atendidos. Lajes sobre pilotis,
grandes panos de vidro horizontais, planta livre e principalmente transparência com o exterior.
No auge do movimento moderno, vemos projetos contemporâneos ao de Lina em Connecticut,
Estados Unidos, onde em 1949, após quatro anos de projeto, Philip Johnson inaugurava sua
casa homônima –Glass House–. Mies van der Rohe terminava sua prestigiada Casa
Farnsworth no ano de 1951, em Illinois, Estados Unidos. As três casas são marcadas pela
transparência dos grandes panos de vidro e pela leveza de suas estruturas de aço . Foram
projetadas quase simultaneamente e, além disso, à exceção de Johnson, Mies e Lina
constroem suas casas em países que não são os seus de origem.
Implantada na porção mais alta do terreno, a casa é constituída por dois blocos; o primeiro
projeta-se no espaço como uma caixa de vidro sob delgados pilotis, e o outro bloco no fundo,
assenta-se diretamente no chão. Interligados pela cozinha os dois blocos separam-se entre área
social e área intima. O acesso principal se da por uma escada metálica, local também da garagem
e de um pátio menor. Na sala principal, de estar e jantar, os três lados da caixa são de vidro, numa
transparência que incorpora a mata local ao interior da casa. Seu projeto inovador dentro dos
princípios modernos privilegia a integração do espaço interno e o externo, contrapondo a
construção racional ortogonal de aço e vidro e a mata onde foi inserida.
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Por fim
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próprios erros, e que pode transformar a ideia de cidadania. Os novos projetos que vimos de
arquitetos contemporâneos trazem em seu cerne essas preocupações, produzindo uma arquitetura
que constrói suas diretrizes em princípios de qualidade, transmitindo conceitos recebidos e
construindo um legado duradouro.
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