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1.1
Le Corbusier
1.1.1
Malraux propõe uma nova abordagem do museu de arte, das obras e da própria
História da Arte, considerando a importância do museu para a nossa relação com a
arte. Malraux inicia seu livro, tal como Le Corbusier, estupefato com a idéia de
que a existência do museu é um fato recente, embora sua aparência nos faça crer o
contrário. O museu imaginário de Malraux é uma revisão da leitura moderna, que
consubstancia a própria arte moderna como arte autônoma – cujos valores se
encontram nela própria (auto-explicativa) – e se tornou uma das principais leituras
museológicas de meados do século XX.
9 MALRAUX, André. Le musée imaginaire (1947). Paris: Gallimard, 2000 (primeira tiragem
desta edição, 1965).
10 Ibid., p. 245.
40
11 KRAUSS, Rosalind. Le musée sans mur du postmodernisme. Les Cahiers du MNAM. Paris:
Centre Georges Pompidou, n. 17-18, L’œuvre et son accrochage, p. 152-158, 1986.
41
1.1.2
escalonada. O visitante ingressa pelo topo e segue por três naves contínuas, em
forma espiral, que se desenvolvem paralelamente, sem separações. As três galerias
destinam-se a conteúdos diferentes. A primeira contém a obra humana (objeto), a
segunda trata de lugares em suas diversas condições naturais ou artificiais (lugar)
e a terceira contém os documentos que fixaram o tempo (tempo).
direito duplo, e liga-se às outras salas por uma rampa. O museu é constituído de
células-bases de 7 m x 7 m de largura e 8 m de altura, organizadas em forma de
espiral e elevadas por pilotis a 3 m do solo. Nos pilotis, localizam-se os serviços
de base do museu, de acordo com as necessidades administrativas, de segurança,
etc., que acompanham o crescimento das galerias.
Uma circulação rápida pode ser feita pelo museu, permitindo ao visitante
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20
RAGOT, Gilles; DION, Mathilde. Le Corbusier en France – Projets et réalisations. Paris:
Moniteur, 1997.
46
museus construídos contêm alguns aspectos desta proposta, mas não a encampam
completamente.
1.1.3
Os Pavilhões de Exposição
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22 Estas experiências são descritas em SMET, Catherine de. D’un phénomène éditorial introduit
au domaine des formes. La synthèse des arts chez Le Corbusier après 1945. Les Cahiers du
MNAM. Paris: Centre Georges Pompidou, n. 74, p. 76-97, hiver 2000-2001.
48
23 A Revista L’Esprit Nouveau foi fundada em 1920 por Le Corbusier, juntamente com Amédée
Ozenfant e Paul Dermée.
24 Œuvres Complètes, organizadas pelo próprio Le Corbusier, V. III.
49
1.1.4
27 Le Corbusier, em carta de 12 de janeiro de 1935, apud RAGOT, Gilles; DION, Mathilde. Op.
52
Sob esse raciocínio, o museu de arte deveria ser o local da unidade por
excelência; no entanto, não aparece na obra corbusiana como tal. Para Le
Corbusier, qualquer programa arquitetônico, a princípio, pode ser capaz de ativar
as potencialidades da obra de arte.
cit., p. 197-200.
28 BILL, Max. Op. cit., p. 157.
29 RIVKIN, Arnold. Un double paradoxe. In: LUCAN, Jacques (dir.). Le Corbusier. Une
encyclopédie. Paris: Centre Georges Pompidou/CCI, 1987, p. 386.
53
como imagens e penetrem uns nos outros, sugerindo uma idéia de síntese, sem
hierarquia entre as obras41 .
1.2
1.2.1
Arquitetura e espaço
A primeira proposta de Mies van der Rohe para expor arte, o Museu Para
Cidade Pequena, idealizada em 1942, é a antítese de tudo o que era praticado nos
museus. Trata-se de um espaço completamente livre, neutro, visual e fisicamente
aberto para o exterior, que influenciou muitas outras propostas modernas42 .
Mies van der Rohe propôs a planta completamente livre para muitos
programas, de residências a museus; é uma arquitetura dita universal. A planta
livre foi adotada por ele como uma espécie de modelo para os locais expositivos
de arte moderna, contraindo, para as relações espaciais entre obra e arquitetura, o
antagonismo inerente a esse espaço.
42 Entre elas o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Affonso E. Reidy, o Museu de Arte
de São Paulo, de Lina Bo Bardi, e o Centro Georges Pompidou, de Renzo Piano e Richard Rogers.
43 SERRA, Richard. In conversation with Alan Colquhoun, Lynne Cooke and Mark Francis. In:
KUNSTHAUS BREGENZ. Museum architecture. Texts and projects by artists. Cologne:
Verlag, 2000, p. 85-97.
58
síntese das artes, mesmo tendo forte relação com o expressionismo. As relações
que Mies criou entre sua arquitetura e a arte de seus contemporâneos não passa
tampouco por uma analogia exclusivamente formal, mas sim estética.
Mies van der Rohe era um admirador da arte moderna. Sua história
pessoal e profissional é entrelaçada com a das vanguardas européias após a
Primeira Guerra Mundial44 . Ele cultivou amizades no círculo dadaísta de Berlim
(especialmente com Hannah Höch, Raoul Hausmann e Kurt Schwitters). Em
1919, juntou-se ao expressionista Novembergruppe, do qual se tornou diretor do
departamento de arquitetura para exposições. Em 1922-23, participou com artigos
da Revista G., editada por Hans Ritcher, Werner Gräff e El Lissitzky, em Berlim.
Manteve relações ambivalentes com Walter Gropius, com quem trocava amáveis
correspondências, mas cuja doutrina criticava – fato que também ocorria com
Theo van Doesburg. Sua concepção arquitetônica, absolutamente singular, foi se
configurando a partir das relações que estabeleceu com a arte de seu tempo.
44 Uma das biografias mais consistentes de Mies van der Rohe foi escrita por SCHULZE, Franz.
Mies van der Rohe. A critical biography. Chicago/London: The University of Chicago Press/
Mies van der Rohe Archive of the Museum of Modern Art, 1985.
59
47 EISENMAN, Peter. Lire la MimESis: cela ne veut rien DIRE. In: CENTRE GEORGES
POMPIDOU. Mies van der Rohe, sa carrière, son héritage et ses disciples. Paris/Chicago:
Centre Georges Pompidou/The Art Institute of Chicago, 1986. Catalogue de l’exposition, p. 92-
104.
48 Ibid.
61
1.2.2
1.2.2.1
O Pavilhão de Barcelona
52 JOHNSON, Philip. Mies van der Rohe. New York: MoMA-NY, 1978, p. 60.
53 Ibid., p. 49.
54 Mies van der Rohe realizou o design de vários estandes expositivos na Alemanha. Entre os
mais significativos: Exposição da Werkbund, indústria de vidro (Stuttgart, 1927); Exposição da
Moda (Berlim, 1927, em colaboração com Lily Reich) e Exposição da Casa (Berlim, 1931).
64
1.2.2.2
der Rohe na Alemanha, mas também aponta soluções vindouras. Há uma mistura
das casas com pátio com o Pavilhão de Barcelona. Trata-se de um pavilhão com
um único pavimento, flanqueado por terraços, tudo em plano elevado. O
fechamento externo é de vidro, com transparência absoluta. Pilares dispostos em
uma malha ortogonal sustentam a cobertura plana, que contém duas aberturas,
sobre os dois pátios internos. O museu é flanqueado em uma ponta por um pátio
interno – encerrado por paredes de pedra, como no Pavilhão de Barcelona – e, na
outra ponta, por um espelho d’água. A grande novidade é um auditório coberto
por uma cobertura inclinada, utilizada posteriormente no Concert Hall (1942).
Philip Johnson afirma que o Museu Para Cidade Pequena foi a expressão
mais elaborada de Mies no que concerne ao emprego da pintura e da escultura
com a arquitetura. As obras foram encaradas como parte do design, mas sem
perder sua independência 57 .
1.2.2.3
1.3
1.3.1
59 A primeira sede foi no estabelecida no Heckscher Building na 730, 5th Avenue; depois, o
museu mudou-se para uma casa na cidade na 11, West 53rd Street, arrendada por John Rockefeller
Jr.
68
60 NEWHOUSE, Victoria. Towards a new museum. New York: Monacelli, 1998, p. 151.
61 Phillip Johnson foi diretor do Departamento de Arquitetura, de 1932 a 1934 e de 1946 a 1954
(Design passou a fazer parte do Departamento somente em 1949). Johnson projetou com Landes
Gores o Grace Rainey Rogers Memorial Annex, no lado oeste da fachada original.
69
1.3.2
Concepção Museológica
Após seu retorno da Europa, Alfred Barr criou seu próprio curso de arte
moderna, baseado nos moldes do curso de Morey e na Bauhaus, sem excluir
nenhuma arte, nem as aplicadas, e tratando-as com igual estatuto. A orientação
departamental do MoMA seguiu a de seu curso, compreendendo as artes
aplicadas, as comerciais, as populares e as Belas Artes. A concepção museológica
de Alfred Barr, e conseqüentemente do MoMA-NY, foi fundamentalmente
marcada pelo rigor da pesquisa e pelo paradigma universitário.
posters. Isto formou certa integração das artes, apresentando diferentes qualidades
de objetos com o mesmo valor, legando ao público a decisão de escolha, tal como
no MCI de Le Corbusier.
65 Debate promovido pela revista October com Terence Riley, curador do setor de Arquitetura e
Design do MoMA, sobre o recente concurso para o anexo (FOSTER, Hal et al. The MoMA
expansion: A conversation with Terence Riley. October. Cambridge: October Magazine
/Massachussets Institute of Technology, n. 84, p. 3-30, 1998).
66 FOSTER, Hal et al. Op. cit., p. 17.
75
67 Em 1984, foram inaugurados a nova torre de vidro, as novas circulações e galerias e o novo
jardim de esculturas, com projeto de Cesar Pelli.