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O papel do curador

Laboratório de pesquisa e práticas em História da Arte III: Curadoria e mediação

Aula 3

Prof. Icaro Ferraz Vidal Junior


3 perspectivas
• Histórica (R. Cintrão)

• Teórico-filosófica (C. Alves)

• Prático-pedagógica (C. Tejo)


1. As montagens de exposições de
arte: dos salões de Paris ao MoMA
• Salões: Expografia herdada dos gabinetes de curiosidades

• A seleção das obras- velha ocupação, nova profissão

• Courbet (1855) - Insatisfação com a “curadoria”, primeiro


artista a criar o contexto de exposição de sua própria obra

• O desaparecimento da moldura (1950) - diálogo parede/


pintura

• O curador torna-se central na para o êxito de uma exposição


- antes esta figura estava mais ligada ao cuidado dos acervos
1. As montagens de exposições de
arte: dos salões de Paris ao MoMA
• As montagens na Alemanha (1ª a inaugurar um Museu de Arte
Moderna - Folkwang Museum, 1907)

• A reorganização do Landesmuseum por Alexander Dorner: criação


de salas especiais com unidades narrativas; guia impresso;
ambientação especial para cada época; espaço dedicado à arte
moderna

• Theodor Heuberger (Alemanha, 1898-Brasil, 1987), ligado à


Bauhaus, realiza exposições no Brasil lançando mão da Expografia
alemã

• O Landesmuseum é uma influência importante na criação do


MoMA.
1. As montagens de exposições de
arte: dos salões de Paris ao MoMA
• As montagens nos Estados Unidos

• Galeria 291, de Alfred Stieglitz (1905-06)

• Armory Show (1913): primeira grande exposição de cunho


moderno ocorrida em Nova York

• MoMA (1929): Alfred Barr Jr. foi diretor-fundador e responsável


curatorial do Museu - havia visitado diversas mostras na Alemanha
entre 1920 e 1930

• Frederick Kiesler (Ucrânia, 1890 - Estados Unidos, 1965):


convidado a projetar o interior da galeria Art of this Century, de
Peggy Guggenheim (1942)
Salon des Independents, Bruxelas, 1914
Salon des Independents, seção norte-americana, 1924, Grand Palais, Paris.
Inauguração do Salon des Tuileries, 1924, Paris
Galeria 44, depois da reorganização do Landesmuseum por Alexander Dorner, 1922
Exposição de Arte e Artesanato Alemão, organizada por Theodor Heuberger, 1928,

Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro


Alfred Stieglitz, vista da exposição de Gertrude Käsebier and Clarence H. White, Gallery 291, Nova York, 1906.
Frederick Kiesler, sala surrealista da galeria Art of this Century, de Peggy Guggenheim, 1942
“A principal missão do curador, a meu ver, é criar
métodos e formas de apresentar um determinado
grupo de obras (ou objetos, documentos etc.), de
maneira a facilitar a compreensão do espectador,
buscando acessar todo e qualquer tipo de
público.”
Rejane Cintrão
2. Curadoria como
historicidade viva
• Circuito

• Patrimônio e espetáculo

• Tempo

• Curadoria e sentido
3. Não se nasce curador,
torna-se curador
• A formação do curador

• Institucionalização da formação

• Curadoria ≠ organização e realização de exposições

• Virada curatorial e curadores celebridades

• Impasses, críticas e desafios


Walter Zanini, 6ª JAC Jovem Arte Contemporânea, MAC-USP, 1972
WHEN ATTITUDES BECOME FORM
Berna 1969/Veneza 2013
WHEN ATTITUDES BECOME FORM
➤ 1969, Kunsthalle de Berna, curadoria de Harald Szeemann (última
exposição como diretor da instituição).
➤ 2013, Fondazione Prada, Veneza, curadoria de Germano Celant (em
diálogo com Thomas Demand e Rem Koolhas)
➤ Remake comprometido com a montagem original (pisos, paredes,
montagens e obras)
➤ Heterogeneidade multitemporal: Os espaços da Kunsthalle de Berna
inseridos no Ca’ Corner Della Regina
➤ A icônica exposição de 1969 apresentou cerca de 70 artistas, incluindo
Richard Serra, Robert Morris, Claes Oldenburg, Joseph Beuys, Eva
Hesse e Bruce Nauman.
➤ Remontagem/Traição: O experimentalismo pós-objetual é canonizado.
The Kitchen Show,
Curadoria de H. U. Obrist
St. Gallen, 1993
Richard Wentworth installation for “The Kitchen Show” (1993), curadoria de Hans Ulrich Obrist
Richard Wentworth installation for “The Kitchen Show” (1993), curadoria de Hans Ulrich Obrist
Fischli & Weiss installation for “The Kitchen
Show” (1993), curadoria de Hans Ulrich Obrist
Take me I’m Yours
curadoria: H. U. Obrist
Londres, 1995/Milão, 2018
Carsten Holler
Carsten Holler
Christian Bolstanski
Christine Hill
Hans Peter Feldman
Picasso in Palestine, Khaled Hourani e Charles Esche, 2011
27ª Bienal de São Paulo, Como viver junto?, curadoria de Lisette Lagnado

experimentação do próprio formato (grandes estruturas institucionais como plataformas)


QUEERMUSEU
Cartografias da diferença na arte brasileira
QUEERMUSEU: CARTOGRAFIAS DA DIFERENÇA NA ARTE BRASILEIRA
➤ Santander Cultural, 2017, com curadoria de Gaudêncio Fidelis.
➤ É censurada pela instituição após protestos de grupos conservadores e repercussão nas
mídias sociais, catalisadas pelo Movimento Brasil Livre (MBL).
➤ Remontagem da exposição em 2018 no Parque Lage, Rio de Janeiro, após exitoso
financiamento coletivo.
➤ Críticas à seleção de obras apresentada no Santander Cultural, por parte de jovens artistas
e ativistas trans, queers e não-binárixs.
➤ Re-montagem no Rio fiel à montagem de Porto Alegre, mas é tensionada por ações de
programas paralelos (educativo e performances), a cargo a Escola de Artes Visuais do
Parque Lage.
➤ Crítica: a possibilidade de remontagem da exposição do Parque Lage poderia ter servido à
incorporação, pela curadoria, de pautas que emergiram no intervalo entre a censura pelo
Santander Cultural e o processo de financiamento coletivo (como a violenta execução da
jovem estudante de arte Matheusa).
➤ As críticas por parte de pessoas queer, Trans e não-binárias também foram negligenciadas
na montagem do Rio de Janeiro.

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