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Petrologia Ígnea

Magmatismo Restrito

2023
Dr. Otávio Augusto Ruiz Paccola Vieira
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Sumário

• 1. Séries alcalinas exóticas

• 2. Diamantes

• 3. Carbonatitos
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Magmatismo Restrito

1. Séries alcalinas exóticas

MAGMAS PRIMÁRIOS
Tipos de ultrabásicas Alcalinos: composição do manto

1- Nefelinitos: ol + ne normativa, Ti-augita, ol, feldspatóides ±


flogopita ± perovskita ± melilito e matrix feldspato alcalino;
2- Kimberlitos: rocha porfirítica flogopita + ol (fenocristais) e
matrix de flogopita + ol + serpentina + calcita + apatita + ilmenita +
perovskita;
3- Carbonatitos: calcita + dolomita + ankerita ± piroxênio ±
olivina e uma variedade de minerais acessórios ETR
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Basanitos
Nefelinitos
Basalto Alcalino
1. Séries alcalinas exóticas 6

As séries alcalinas podem ser subdivididas em três grupos, dependendo


da razão da porcentagem em massa entre os álcalis:
Sódicas (K2O/Na2O < 1);
Potássicas (K2O/Na2O > 1 e MgO > 3%)
Ultrapotássicas (K2O/Na2O > 2; MgO > 3%; K2O > 3%).
A geração de magmas alcalinos potássicos e ultrapotássicos pode ocorrer
em diferentes ambientes como os magmatismos intraplaca continental,
que podem ser associados às Zonas de Rifteamento Continental
(Continental Rift Zones – CRZ) de Wilson (1989) e também em ambientes
orogênicos como os lamproítos, shoshonitos e rochas de afinidade
kamafugitíca.
As características gerais desses magmas são: enriquecimento em álcalis
(K2O e Na2O), em voláteis (principalmente CO2 e elementos halogênios)
e em elementos litófilos de íons grandes (LILEs), sugerindo derivação de
fonte mantélica enriquecida.
Sugere-se três grupos para as rochas potássicas e ultrapotássicas por
meio de analises químicas em rocha total:
Grupo I ou Lamproítos; Grupo II ou Kamafugitos;
Grupo III ou Plagioleucititos
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Séries Sódicas
• Basalto alcalino: é uma rocha porfirítica caracterizada por
um teor relativamente alto de álcalis (Na2O e K2O) + augita +
olivina e nefelina em sua norma CIPW.
• Basanito: Teralito - basalto com feldspatoide. Usualmente
contém nefelina, mas pode ter leucita + olivina. Tefrito - basanito
sem olivine.
• Nefelinito: Ijolito - rocha vulcânica que contém nefelina +
clinopiroxênio  olivina. Tipicamente sem feldspato.

• Melilitito - predominantemente vulcânica- melilita +


clinopiroxênio (se > 10% olivina são chamadas olivina melilitito).
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Séries Potássicas
•Rochas Kalsilíticas - rocha vulcânica que tem clinopiroxênio,
kalsilita, leucita, melilita, olivina e phlogopita.

•Leucitito - rocha vulcânica que contém leucita + clinopiroxênio ±


olivina. Falta tipicamente feldspato.

•São divisíveis em três subcampos:


•(a)subcampo QAPF 15a leucitite fonóltica: Foids 60-90% dos
constituintes de minerais de cor clara, e feldspato alcalino >
plagioclasio;
•(b) QAPF subfield l5b, leucitita tefrítica: Foids 60-90% dos
constituintes de minerais de cor clara, e plagioclasio > feldspato
alcalino;
•(c) Campo QAPF 15c, leucitites sensus stricto: Foids 90 -100%
dos constituintes de minerais de cor clara e leucita praticamente o
único feldspatoide).
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2. Diamantes
•ROCHAS LAMPROFÍRICAS
•é característica a presença de fenocristais de minerais
máficos e os minerais félsicos não formam fenocristais

•Lamprófiros (K2O > Na2O)

•Kimberlitos/Orangeítos (rico em flogopita) (K2O > Na2O)

•Lamproítos (K2O >> Na2O)

•Kamafugitos (rico em kalsilita) (K2O >> Na2O)


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2. Diamantes
•KIMBERLITOS X LAMPROÍTOS

•Feições comuns:
•Nunca contêm plagioclásio
•Marcadamente baixo Al2O3
•Incomumente enriquecido em elementos incompatíveis
•Xenocristais de olivina podem ter altos teores de elementos compatíveis

• LAMPROÍTOS – São rochas ultrapotássicas (K2O/Na2O > 2,5;


K2O>3,0% em peso) peralcalinas ((K + Na)/Al >1) , com mineralogia
típica formada de fenocristais flogopita titanífera pobre em alumínio e
matriz de tetraferriflogopita titanífera, richterita (anfibólio rico em Ti e K),
olivina forsterítica, diopsídio pobre em Al e Na, leucita rica em Fe e
sanidina rica em Fe.
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2. Diamantes
•KIMBERLITOS X LAMPROÍTOS

•KIMBERLITOS – São rochas híbridas colocadas como


brechas explosivas em diatremas em forma de “cenoura” ou
“funil” alimentados por complexos diques e sills intrusivos e
não fragmentados.
•Kimberlitos são divididos em:

•Grupo I: denominado KIMBERLITO

•Grupo II: denominado ORANGEITOS (também kimberlitos


micáceos).
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2. Diamantes
•ORANGEÍTOS vs. KIMBERLITOS

•KIMBERLITOS – São rochas ultrabásicas potássicas ricas


em voláteis, (principalmente CO2), inequigranular contendo:
• macrocristais (0,5 a 10mm) e megacristais (1 a 20 cm) de:
Ol (forsterítica), Ilm (magnesiana), piropo titanífero e pobre
em Cr, diopsídio, flogopita, enstatita e cromita pobre em Ti.
•A matriz compõe-se de: olivina euédrica a subédrica (2ª
geração) associada com um ou mais dos minerais primários:
monticellita, flogopita, perovskita, espinélio, apatita e
serpentina. Substituição de Ol, Flog, Monticellita e Ap por
serpentina e calcita é comum.
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2. Diamantes
•ORANGEÍTOS vs. KIMBERLITOS

•ORANGEÍTOS – São rochas ultrapotássicas, peralcalinas,


ricas em voláteis (principalmente H2O, inequigranular
contendo:
•macrocristais e microfenocristais de: flogopita; olivina
arredondadas e olivinas primárias euédricas nem sempre são
principais componentes.
• A matriz compõe-se de: é rica em mica (flogopita a
tetraferriflogopita), com fases primárias de diopsídio, aegirina
titanífera, espinélios (cromita magnesiana a cromita
titanífera), perovskita rica em Sr e REE, apatita rica em Sr,
fosfatos ricos em REE, titanatos de Ba e K, rutilo e ilmenita; a
mesóstases compõe de carbonatos (calcita e dolomita, além
de ancylita, witherita) e serpentina.
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2. Diamantes
•História Breve no Brasil

•Os primeiros diamantes brasileiros retirados em rocha compacta


ocorreram na região de Grão Mogol, Minas Gerais, em 1839 (Chaves et
al., 2008, 2010), e posteriormente (na década de 1850), nos
conglomerados das proximidades de Diamantina, ambos descobertos a
partir da exploração dos aluviões próximos.

•A associação de condutos vulcânicos com diamantes foi descrita por


Ernest Cohen em 1872, caracterizando pipes de tufos eruptivos
impregnados de diamantes.

• A partir do final da década de 1960 até o ano 2000 centenas de intrusões


kimberlíticas foram achadas também no Brasil.

•Segundo Pereira (2007), descobriram-se cerca de 2.000 intrusões, das


quais cerca de 20 contendo baixos teores de diamante e somente uma
considerada como economicamente viável, o kimberlito Canastra-1.
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2. Diamantes
•Origem

•tem duas fontes possíveis:

•1- carbono “primitivo” do inicio em que a Terra se formou, acumulado no


manto superior e que cristalizou sob a forma de diamantes;

•2- carbono proveniente da superfície da Terra, de sedimentos que foram


transportados para o interior do Manto através dos movimentos da Terra,
nas zonas de subducção, até uma profundidade superior a 150 Km,
necessária à formação de diamante.

• Contribuições importantes sobre a origem do diamante referem-se às


evidências isotópicas de que os diamantes peridotíticos e eclogíticos são
mais velhos que o kimberlito ou lamproíto hospedeiros e que carbono
orgânico, reciclado na subducção de litosfera oceânica, está associado à
cristalização do diamante eclogítico.
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2. Diamantes
•Janela de Formação

•Os diamantes tiveram a sua origem na parte superior do manto, a


profundidades entre os 100 e 200 Km, podendo, por vezes, chegar
aos 600 Km.

•A estas profundidades (100-200 Km), a temperatura calculada


ronda os 900 a 1300 ºC e a pressão os 45 a 60 Kbar, valores
enormes quando comparados com a pressão atmosférica de 1 bar.

•Os diamantes são bem mais antigos, significando isto que se


formaram primeiro no “interior” da Terra e que foram
posteriormente trazidos para a superfície por fenômenos de
vulcanismo, em que o magma em ascensão de composição
peridotiticas potássicas, formados no manto, ricos em voláteis
(especialmente H2O e CO2), os magmas kimberlíticos
transportam diamantes para a superfície ao passar por porções do
manto rico nesse mineral.
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2. Diamantes
•Transporte

•Ascendem rapidamente para a superfície 10 a 30 km/h a


partir de fenômenos de vulcanismo violentos e não
apresentam nenhuma evidência de reação termal com as
rochas encaixantes.

•As velocidades estimadas são da ordem dos 10 a 30 Km/h.


Quando o magma chega perto da superfície (2 a 3 km abaixo
da superfície), a velocidade aumenta drasticamente centenas
de km/h, devido às grande quantidades de gases (CO2 e
H2O) que vêm dissolvidos no magma e que se expandem
(devido à menor pressão e temperatura), originando
explosões muito violentas.
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2. Diamantes
•Principais Tipos de Depósitos

•1) FILIAÇÃO ÍGNEA

•(2) PLACERS E PALEOPLACERS

•(3) IMPACTITOS

•(4) ROCHAS METAMÓRFICAS DE ALTA PRESSÃO


(eclogito)
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2. Diamantes
•Principais Tipos de Depósitos

•1) FILIAÇÃO ÍGNEA


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3. Carbonatitos
•No caso de a identificação dos carbonatos não ser possível,
principalmente no caso de rochas vulcânicas, devido à sua granulação
muito fina e consequente impossibilidade da realização de análise modal
e, a análise química de rocha total estiver disponível, os carbonatitos
deverão ser classificados com base no diagrama CMF, atendendo à
percentagem em peso de CaO, MgO e (FeO + Fe2O3 + MnO).

•Na utilização desta proposta deve-se respeitar duas situações:


•--Com teor de (SiO2 > 20%) são definidas como “sílico carbonatito” ,

•--Com teor de (SiO2 < 20%), em situação de misturas não identificados


de carbonatos resultam :
•“calciocarbonatitos” com mais de 80% de CaO,
•“magnesiocarbonatitos” com MgO> FeO+Fe2O3+MnO
•“ferrocarbonatitos” com FeO+Fe2O3+MnO> MgO (Woolley, 1982).
•Adiciona-se a esta classificação os
•“natrocarbonatitos” ricos em (Na e K)).
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Conceito e classificação (Le Maitre, 2002)
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• Modal • Química (SiO2 < 20% em peso)


CaO
– Calcita carbonatito calciocarbonatite
(sövite, alvikite)
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– Dolomita carbonatito
(beforsite)

– Ferrocarbonatito magnesiocarbonatite ferrocarbonatite

– Natrocarbonatito
MgO 50 FeO+Fe2O3
+MnO
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3. Carbonatitos - Origem
•1 - Fusão Direta do Manto: Como produto inicial de fusão parcial
de um manto portador de uma pequena proporção de carbonatos e
metassomatizado que produzira magmas carbonatíticos primários
e magmas silicatados separado.

•2 - Cristalização Fracionada: como produto final de diferenciação


de um líquido silicático contendo carbonato dissolvido

•3 - Imiscibilidade de Líquidos: por imiscibilidade de líquidos em


um sistema carbonático – silicático em níveis crustais pouco
profundos do magma silicatado sub-saturado depois de
diferenciação prolongada

•4 - Desgaseificação/Metassomatismo

•5 - Assimilação Crustal
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3. Carbonatitos - Origem
•1 - Fusão Direta do Manto:

•Como os magmas carbonatíticos tem uma viscosidade muito


baixa, pode ser extraído com frações fundidas tão baixas
como 0,1%, em contraste com os referidos fundidos de
minerais de silicáticos que nestas condições, não pode ser
separado a partir da fonte.

•A geração de um magma carbonatítico primário, com a


posição de dolomita carbonatito podem ser produzidos por
fusão parcial de um manto carbonatado, sob condições de
baixo grau de fusão parcial (<1%) de um manto peridotítico
carbonatado a profundidades superiores a 70 km, com a
geração de dolomita carbonatitos.
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3. Carbonatitos - Origem
•2 - Cristalização Fracionada:

•A ideia de que carbonatitos podem ser gerados por


cristalização fracionada a partir de um magma de
composição sílico-carbonatada é fortalecida pela grande
quantidade de carbonatitos espacialmente associados com
rochas silicáticas alcalinas.

•Além disso, estrutura bandada e segregações de apatita,


silicatos e óxidos mostram que eles podem ser cumulados.
Carbonatitos associados a rochas silicáticas com forte
gradação composicional sugerem que essas rochas são
produtos de cristalização fracionada.
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3. Carbonatitos - Origem
•3 - Imiscibilidade de Líquidos:

•Se formados na presença de excesso de fluidos voláteis três fases


podem coexistir:

•a) silicática subsaturada peralcalina, baixo % de cálcio líquido;



•b) o líquido carbonatado contendo Ca e Na, análoga ao magma
natrocarbonatítico;

•c) rico de vapor de CO2 - H2O contendo quantidades significativas


de sódio dissolvido e de Si, o que iria ser correlacionado com o
fluido causador da fenitização.

•Isso também endossa a separação de líquidos nefeliniticos


carbonatíticos e de um magma parental comum
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3. Carbonatitos - Origem
•4 - Desgaseificação/Metassomatismo

•O metassomatismo é um processo de alteração e/ou


transformação química de uma rocha pela ação de uma fase fluida
reativa, que resulta na entrada e/ou saída de componentes
químicos da rocha, com modificação de seus minerais.
•Processos metassomáticos, denominados de fenitização,
relacionados ao complexo transformam as rochas encaixantes
(independentemente da composição química e mineralógica) em
tipos alcalinos sieníticos.
• Nos complexos carbonatíticos da Província Ígnea do Alto
Paranaíba a intrusão de carbonatitos nas rochas silicáticas
ultramáficas gerou zonas de reação cuja espessura varia de
poucos centímetros a dezenas de metros, nas quais as rochas
ultramáficas primárias foram convertidas em flogopititos
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3. Carbonatitos - Origem
•5 - Assimilação Crustal

• Natrocarbonatito “Oldoinyo Lengai”

• Os resultados de um simpósio dedicado exclusivamente a Oldoinyo


Lengai foram publicados por Bell e Keller (1995).

• Os natrocarbonatitos de Oldoinyo Lengai são resultado da cristalização


fracionada extrema de olivina melilitos ricos em Na.

• Este natrocarbonatito é exótico e evolui de um parente incomumente


alcalino derivado por graus muito baixos de fusão parcial da fonte de
manto litosférico subcontinental rica em voláteis
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