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O Protesto de um homem honesto!

Título original em inglês: The Protest of an Upright Man!

Autor: David Wilkerson

1 Junho 1998

Recebi uma carta de um irmão em Cristo o qual provavelmente


alegaria ser um homem muito honesto. No entanto, havia amargura nas
palavras que ele me enviou:

"Irmão Wilkerson, o que aconteceu com o senhor? O senhor


costumava pregar contra o pecado com muito poder. Mas creio que
ultimamente está havendo flexibilidade da sua parte quanto ao
pecado. A sua recente mensagem a respeito do Jubileu concede licença
para que as pessoas pequem. O senhor está oferecendo conforto para
aqueles que fazem concessões, em vez de condená-los!" "Volte a
pregar a santidade! Eu não cometo pecado, e não tenho pecado na
minha vida. Ninguém precisa cometer pecados." Ele continua por
vários parágrafos falando sobre a falta de reprovação na minha
pregação. Por favor, entenda: se há algo de que eu tenho muito medo
como pregador, é que os meus sermões possam condenar os justos, e
confortar os maus. Tremo ao ler estas palavras: "O que justifica o
ímpio, e o que condena o justo, abomináveis são para o Senhor, tanto
um como o outro" (Prov. 17:15).

Creio que qualquer verdadeiro ministro de Deus que pregue um


evangelho puro, irá mostrar às pessoas os seus maus caminhos. Ele
vai apontar o pecado para que seja mostrada a diferença entre o
santo e o profano. Com gratidão, creio que o Senhor tem me ajudado a
fazer isto. Mas eu seria desonesto - um fariseu legalista - se
também não pregasse as riquezas da misericórdia e da longanimidade
de Deus para com os seus filhos que lutam contra o pecado!

Em Lucas 15, Lemos O Protesto De Um Outro Homem Que Se


Vangloriava De Ser Honesto

Você provavelmente está muito familiarizado com esta história.


Falo a respeito da parábola do filho pródigo - e, em particular, do
auto-justificado irmão mais velho do filho pródigo. Nesta parábola,
o pai obviamente representa Deus. Porém, também creio que os dois
filhos representem dois tipos de filhos do pai. Na verdade, eles têm
relacionamentos muito diferentes quanto ao seu pai. E, em minha
opinião, a maioria dos cristãos cai em uma destas duas categorias de
filhos. (Explico isto mais, ao prosseguir).

A história começa quando o filho mais jovem reclama a sua parte


na herança da família, junto ao seu pai. O pai aquiesce - e quando o
filho recebe sua parte, ele parte para "...uma terra longínqua..."
(Lucas 15:13). Claro que, ao dar esta porção de riquezas, o pai não
se tornou nem um pouco mais pobre. Pelo contrário, o que ele cedeu
ao filho era um "sinal" - uma quantia símbolo de tudo que possuía. E
creio que a herança do filho representa as ricas bênçãos que
recebemos de nosso Pai celestial - bênçãos de misericórdia, de graça
e compaixão. Bem, o que eu vou dizer agora pode lhe chocar - mas
creio que este filho mais jovem representa todo um grupo de cristãos
que eu denomino de "Clube do Abençoe-me." Como o pródigo, eles
chegam até Deus reclamando os seus direitos em relação à todas as
riquezas do Seu reino. Eles exigem cada uma das bênçãos que Deus
prometeu, clamando: "Abençoe-me, Senhor; faça-me prosperar! Derrame
sobre minha vida toda a Sua misericórdia e toda a Sua graça. Desejo
tudo aquilo a que tenho direito". Em poucas palavras, eles desejam
formar um "cofre secreto" de bênçãos, acumulando tudo o que podem.
Tudo isto está certo - exceto pelo fato de que tais crentes
freqüentemente não têm nenhum desejo de andar intimamente com o
Senhor. Só querem as bênçãos que vêm com a vida cristã. Na maioria
dos casos, a intimidade com o Senhor não está contida em sua
teologia. Não querem ouvir falar a respeito do custo e do sacrifício
da comunhão com Ele ou do andar em obediência à Sua palavra. Isso é
exatamente o que sucedeu com o pródigo. Acredito que este jovem
tenha começado com boas intenções. Aparentemente ele havia
trabalhado lado a lado com o seu pai durante alguns anos antes de se
decidir a partir. E ao longo deste tempo ele deve ter tido a
esperança de investir o seu dinheiro, se tornar um sucesso e deixar
o seu pai orgulhoso dele. Em realidade, ele era igual a muitos
jovens seguidores de Cristo. Eles se alegram em sua recém encontrada
riqueza no tocante à verdade e à liberdade, e se definem: "O Senhor
fez tanto por mim - e eu desejo permanecer sempre junto a Ele. Serei
um vencedor!" No entanto, como tem acontecido com tanta freqüência,
os seus corações não se encontram totalmente determinados a terem
uma relação duradoura com o Pai. Como o pródigo, o mundanismo ainda
os prende - um desejo pelos prazeres desta vida. E, lentamente, isto
começa a sufocar toda sua intimidade com o Pai. Finalmente, vão ao
Senhor apenas para solicitar bênçãos - para as poderem usar em suas
cobiças mundanas! A atitude do pródigo ilustra aquilo que é
conhecido como "graça fácil." Paulo escreve: "Que diremos, pois?
Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De
modo nenhum!... E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo
da lei e sim da graça? De modo nenhum!" (Rom. 6:1-2,15). Este jovem
tentou "guardar no cofre" todas as riquezas que recebeu de seu pai.
Convenceu a si próprio: "Agora estou seguro. Já recebi de meu pai
tudo aquilo que precisava". Mas como ele estava enganado!

Há Multidões De Filhos Pródigos Sentados Na Igreja Todos Os


Domingos!

Todas as semanas, multidões de pródigos vão à igreja, sentam-se


nos bancos, cantam no coro, dão aulas na Escola Dominical. Eles são
os filhos de Deus no Novo Testamento, os quais foram "...feitos
herança..." (Ef. 1:11) e são "...idôneos à parte que vos cabe da
herança dos santos na luz" (Colos. 1:12). Receberam o que a Bíblia
chama "...o penhor da nossa herança..." (Ef. 1:14). Mas o que
acontece quando, semana após semana, estes crentes ouvem as
mensagens sobre as ternas misericórdias de Deus - a Sua gratuita
abundância de graça, a justificação dEle para com estes, Sua
aceitação para com eles através de Cristo? Lentamente, estes
cristãos começam a acumular sobre si próprios o penhor da sua
herança. E eles se gloriam nele, dizendo: "Não é maravilhoso que
Deus me ama? Quando eu falho Ele me perdoa e me deixa tão livre!" Na
Igreja de Times Square pregamos sobre todas estas coisas - a
misericórdia, a compaixão, a ternura e a bondade de Deus para
conosco, a Sua justificação e a Sua santificação para nós, a nossa
aceitação junto a Ele em Seu Filho. Todas estas doutrinas estão
centradas na graça de Deus para conosco através de Jesus Cristo. Mas
o que acontece conosco quando tentamos acumular esta rica herança?

Veja o que aconteceu com o pródigo: assim que ele se locupletou


com as riquezas de seu pai, as chamas começaram a fazer um buraco em
seu bolso. E logo ele resolveu se voltar para o mundo para
satisfazer a cobiça do seu coração. Disse para si: "A minha bênção
vai durar por muito tempo!" Amado, estou convencido de que há muitos
cristãos que não conseguem conduzir as bênçãos da graça! Eles se
glorificam na mensagem do perdão imerecido da parte de Deus -
enchendo suas mentes com todas passagens bíblicas que descrevem a
Sua misericórdia e a Sua compaixão. Amam ouvir a mensagem do pastor
que vai em busca da ovelha perdida, porque ela lhes traz grande
conforto. Contudo, assim que eles acumulam toda a verdade rica,
gloriosa, a respeito da graça de Deus para com eles, as chamas
começam a fazer um buraco na sua bolsa da carne. E isto se
transforma para eles em licença para pecar! Foi assim que o filho
pródigo usou erradamente a sua herança. Ele gastou as riquezas de
seu pai em festas, na jogatina, embebedando-se, dormindo com
prostitutas. Noite após noite ele esbanjou as suas bênçãos, caindo
mais e mais profundamente no pecado. Mesmo assim, cada manhã quando
se levantava, ele se livrava de toda condenação, e se consolava
voltando para o seu "cofre secreto". Ele dizia para si: "Ainda tenho
riquezas sobrando. Posso cuidar de tudo!" Semelhantemente ao filho
pródigo, muitos cristãos de hoje se inclinam para lugares de
prazeres proibidos, buscando gastar suas riquezas com uma vida
desregrada. A sua lascívia os leva para a cama da fornicação, a
experimentar a cocaína, para o homossexualismo, à pornografia, para
o álcool e outras drogas. Porém, em seu pecado, eles continuamente
se auto-consolam dizendo: "A graça de Deus é mais do que suficiente
para mim! Ele possui mais do que aquilo que eu necessito. Ele me
amará não importa o que eu faça na carne. As Suas misericórdias
duram para sempre!" Não! A graça de Deus jamais foi programada para
ser pervertida e desperdiçada. Na realidade, foi programada para ter
exatamente o efeito oposto. Paulo escreve: "...a graça de Deus se
manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que,
renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente
século, sensata, justa e piedosamente" (Tito 2:11-12). A graça de
Deus nos ensina piedade, justiça, e um temor santo do Senhor!

No Momento Em Que Tentamos Cobrir O Pecado Apelando Para A


Graça, Promovemos O Desprezo Desta Graça!

Toda vez que desperdiçamos a graça de Deus, acabamos em total


miséria em nosso corpo, alma e espírito. Já não possuímos o Pão do
céu para alimento. E nos vemos dentro de um chiqueiro espiritual -
famintos, com nossas almas premidas pela fome. Lucas escreve,
"Depois de ter consumido tudo, sobreveio aquele país uma grande
fome, e ele começou a passar necessidade. Então, ele foi e se
agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os
seus campos a guardar porcos. Ali, desejava ele fartar-se das
alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada" (Lucas
15:14-16). Já vi este tipo de fome entre os cristãos. No passado,
apresentavam um maravilhoso testemunho da graça e da misericórdia.
Mas agora, devido ao pecado, eles se transformaram em esqueletos
espirituais - sem nenhum tipo de vida! Guarde na mente: o pai do
filho pródigo ainda possuía todas as riquezas que o seu filho algum
dia poderia necessitar. Não importava a maneira errada pela qual
este rapaz desperdiçara a sua herança; o seu pai estava cheio até as
bordas com riqueza e provisão. Porém, o retorno para o seu pai - o
retorno para gozar novamente do fluir das riquezas espirituais e da
graça - exigiu do filho uma conscientização. Lucas escreve: "Então,
caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com
fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o
meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já
não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus
trabalhadores" (Lucas 15:17-19). O moço teve de admitir: "Pensando
bem, eu não consigo cuidar bem destas bênçãos. Eu não sou páreo para
a minha lascívia! Pequei contra Deus e contra a minha família.
Esbanjei tudo que me foi dado!" É preciso que se entenda: o
arrependimento é mais do que apenas fazer um retorno e voltar para
Deus. É a total submissão do autocontrole; uma volta para Deus, com
esta confissão: "Senhor, transformei a minha vida em uma tragédia.
Eu simplesmente não consigo cuidar corretamente dela. E agora, venho
humildemente até Ti, pedindo que assumas o controle. Por favor,
governe a minha vida!" Quando o filho pródigo disse, "Trata-me com a
um dos teus trabalhadores", ele estava confessando, "Pai, não
consigo ser o meu próprio senhor. Cansei das desgraças que produzi
em minha vida! Quero receber as ordens de Ti, como os Teus servos
fazem. Tu, governe a minha vida; digas o que devo fazer e como
fazê-lo, e obedecerei alegremente!" É aí que Deus começa uma obra
muito especial de restauração. É aí que a festa começa!
"E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe,
quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou,
e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de
ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse
aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe
um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho
cevado. Comamos e regozijemo-nos" (Lucas 15:20-23). O novilho morto
nesta história representa o Cordeiro de Deus morto - o que significa
redenção, alegria e júbilo! Quando o pródigo voltou, houve
celebração - uma festividade maravilhosa e feliz em torno do
glorioso Cordeiro. E que não haja mal-entendidos: ao retornar, o
filho teve os seus direitos restaurados dentro da casa de seu pai -
não como servo, mas como filho! Ele quis submeter-se a seu pai, e se
colocar sob o governo dele; alem disto, desejava intimidade junto a
este. Ele havia perdido todo o interesse nas coisas do mundo, e
estava pronto a agir de acordo com os mandamentos de seu pai. Que
maravilhosa cena de restauração total!

Mas Havia Um Homem Honesto Olhando Pela Janela - E Protestanto


Contra Tudo Aquilo!
"Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava,
ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos
criados e perguntou-lhe que era aquilo. E ele informou: Veio teu
irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou
com saúde. Ele se indignou e não queria entrar..." (vs. 25-28). Este
irmão mais velho então se zangou. Afinal de contas, ele havia
servido a seu pai diligentemente durante anos, sem nunca transgredir
nenhum mandamento. Ele era justo diante da lei, e havia se mantido
impecavelmente puro. No entanto, ao olhar com cuidado através
daquela janela, este filho mais velho contemplou a maior visão da
graça dada à humanidade: o pai abraçava o filho arrependido,
perdido. O pai não fez perguntas; não fez sermão. Em vez disto,
vestiu o seu filho com um traje novo e lhe restaurou o seu status
antigo: uma posição de pleno favorecimento e de bênção. E a seguir,
trouxe-o para a festa - para a celebração do cordeiro! A visão que o
irmão mais velho recebeu foi a de que qualquer pessoa pode se
arrepender, não importa quão baixo seja o seu pecado - se ele
simplesmente renuncia ao governo de sua própria vida e retorna para
o Pai. Isto é reconciliação genuína, vinda do próprio coração de
Deus. Mesmo assim, o irmão mais velho protestou contra tudo isto.
Recusou-se a ir à festa. Por que? Ele não quis tomar parte naquilo
que ele achava ser uma graça fácil! Disse para si: "O meu irmão
quebrou todos os mandamentos; trouxe desgraça para o nosso pai. Ele
não pode se livrar disso assim tão facilmente! Durante anos eu
trabalhei com obediência. Eu labutei, suei, e com zelo trabalhei
bem. Porém, na hora em que o meu irmão pecador sai rastejando de um
chiqueiro, ele recebe as boas vindas de um herói. Isto não está
certo. Quem não tem pecado sou eu, não o meu irmão!" É típico da
mente legalista protestar contra um derramamento generoso de graça
sobre um desviado que volta. Muitos cristãos, quando sentados na
igreja ao lado de um viciado em drogas ou de um alcoólatra, pensam:
"Graças a Deus eu nunca pequei assim. Ele pode cair amanhã outra
vez. Vou ficar longe até eu ter certeza de que a sua volta é
genuína." Porém, as Escrituras dizem que este tipo de orgulho é mais
mortal do que qualquer vício: "Aquele, pois, que pensa estar em pé
veja que não caia" (I Cor. 10:12). A verdade é que, quando o pródigo
avistou o seu irmão mais velho lhe fechando a cara pela janela, ele
provavelmente pensou: "Oh, irmão: se você soubesse o quanto eu lhe
admiro! Você sempre demonstrou diligência, disciplina, fidelidade.
Você jamais partiu e pecou como eu fiz. Você possui um testemunho
melhor. E a minha vida inteira eu terei de viver com a lembrança de
ter trazido vergonha sobre o bom nome da nossa família". "Sei que
não mereço nada desta acolhida. Na realidade, é você que deveria
estar aqui no meu lugar. Como eu gostaria de ter comunhão com você!"
Este é o clamor de um coração verdadeiramente arrependido e
humilhado!

O Filho Mais Jovem Usou Erroneamente A Graça - E O Filho Mais


Velho Compreendeu Erroneamente A Graça!

Ambos os irmãos eram igualmente pecaminosos. Usar erradamente a


graça - desperdiçar, perverter e trazer menosprezo para ela - é
errado. E compreender erradamente a graça - não apreciá-la ou
negá-la para os outros - é igualmente errado. O filho mais jovem não
havia entendido o propósito da graça - que é o de crescer para a
maturidade da santidade. Mas o mais velho, que protestou, nunca
conheceu o coração do seu pai. Ele sempre havia buscado ganhar o
amor dele obedecendo e trabalhando. Ele não conseguia aceitar que o
papai sempre o amara incondicionalmente, à parte das suas boas
obras. A verdade era que o seu pai o amava simplesmente porque ele
havia nascido dele - osso do seu osso, carne da sua carne.
"...saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a
seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma
ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os
meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus
bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado"
(Lucas 15: 28-30). O filho mais velho dizia a seu pai: "Não estou
com vontade de festejar - eu não me sinto feliz como o senhor -
porque estou carregando um fardo! Todos estes anos eu trabalhei tão
duro para lhe agradar, porém o senhor nunca me mostrou este tipo de
amor. Eu não sinto o seu amor por mim, pai!" Isto resume a raiz do
problema da parte do filho que protestava: ele achava que havia
ganho, através das boas obras, aquilo que seu irmão mais novo havia
recebido através da gratuidade da graça! Todo legalista tem
dificuldades em colocar de lado as obras da sua carne. Por que? A
nossa carne deseja operar para Deus! Desejamos ser capazes de dizer:
"Eu mereci a minha paz no Senhor. Jejuei, orei, fiz tudo para
conquistar a vitória. Trabalhei duro - e agora eu finalmente
consegui!" Se formos honestos, veremos que a nossa carne sempre
protesta contra a dependência no Senhor. Não desejamos depender da
Sua misericórdia e da Sua graça, e nem crer que se simplesmente
formos até Ele em arrependimento e em fé, Ele nos lavará e deixará
limpos. Não queremos admitir que só Ele pode nos dar poder,
sabedoria e autoridade para vivermos como vencedores. De maneira
alguma eu deveria amar os meus filhos com base nas coisas que eles
fazem comigo.E de maneira alguma eles devem competir pelo meu amor
fazendo alguma coisa para me agradar. Eu digo, como qualquer pai:
"Amo igual todos os meus filhos - simplesmente porque eles são minha
carne e sangue!" Toda obediência se transforma em trapos de
imundície - em pecado fétido - todas as vezes que confiamos nela
como mérito para aceitação por parte de Deus. Toda vez que ela
suplanta a graça, torna-se sem valor. Contudo, o protesto que se
ouve aqui e ali é: "Você aceita muito facilmente o pecado! Onde está
a penetrante denúncia contra o pecado do homem? Onde está a
exposição da lei para mostrar o erro? Ele pode cair facilmente outra
vez. Faça-o demonstrar o seu arrependimento! Não houve tempo para
ele aprender a santidade, aprender a obedecer os mandamentos de
Deus, o sacrifício." Algumas das pessoas mais amargas e
condenatórias que eu conheço são cristãos que dizem exatamente isto.
Há poucos anos, uma igreja recepcionou um pastor russo que havia
passado anos na prisão devido à sua fé. Ao observá-lo durante o
nosso culto, notei que ele estava sempre franzindo as sobrancelhas.
Após o culto, lhe perguntei: "Aconteceu algo de errado?" Ele
respondeu: "Não entendo como vocês aqui sentem-se no direito de
bater palmas e serem felizes. Vocês não estiveram numa prisão. Vocês
não pagaram o preço. A única maneira de se chegar à vitória é
através daquele tipo de sofrimento". Não - isto não está nas
Escrituras! Chegamos à alegria do Senhor através de Sua graça não
merecida. Qualquer coisa menos que isto é um barateamento do
sacrifício de Jesus sobre a cruz! Precisamos ter cuidado para não
fazermos o protesto do irmão mais velho, o homem honesto. É um
protesto da justiça dos homens - e é um mau cheiro junto ao nariz de
Deus! Para terminar, quero resumir a essência de toda esta passagem:

A Graça É Livremente Concedida Àqueles Que Morreram Para A


Auto-Suficiência E Reconheceram A Sua Perdição!

"Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo;


tudo o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos
regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava
morto e reviveu, estava perdido e foi achado" (Lucas 15:31- 32). O
filho mais novo - enlameado no estrume da solidão trazida pelo
pecado - estava morto em relação à sua própria vontade. E em sua
miséria, experimentou algo além da dor: ele experimentou a sua
perdição! Ao pensar no pai, ele desejou voltar para ele -
submeter-se inteiramente! Ele sabia que jamais poderia compensá-lo,
ou agradá-lo através de qualquer boa obra. Ele viu que estava
inteiramente dependendo da graça e do amor de seu pai para haver
qualquer tipo de restauração. Porém o filho mais velho nunca teve
percepção quanto à sua perdição - de quão inútil seria tentar ligar
o abismo existente entre ele e Deus. E assim, ele nunca enfrentou a
necessidade de fazer morrer o seu eu. Amado, as bordas do abismo
nunca poderão ser ligadas por obras, promessas ou por esforço
próprio. A nossa aceitação no amor do Pai vem apenas através do
sangue de Jesus Cristo. Inexiste qualquer outra apelação. A cruz é a
única ponte sobre o abismo. Pode-se protestar contra tudo que
escrevi aqui. Pode-se dizer: "Irmão Wilkerson, o senhor está
dizendo para os pecadores que se eles simplesmente se arrependerem,
tudo subitamente ficará bem - que Deus limpará o seu passado e lhes
trará imediatamente para o Seu favor e as Suas bênçãos." Sim, é
exatamente isto que eu estou pregando - pois que isto é exatamente o
que Jesus está dizendo nesta parábola! Toda vez que um pecador se
volta para o Senhor em arrependimento, quebrantamento e humildade
absolutos, ele é imediatamente trazido para os amorosos braços do
seu Pastor.

Aleluia!

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