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DOI 10.11606/9788575064306
CONTRANORMATIVO
MULTIDÕES EM ALIANÇA: SUBJETIVIDADES
DIVERGENTES
Carolina Klautau
Cyndel Nunes Augusto
Fernanda Salgueiro
João Bernardo Caldeira
Júlio César Suzuki
Matheus Campanello
Newton Branda
Renata Wrobleski
Tessa Moura Lacerda
(ORGANIZAÇÃO)
São Paulo
2022
MULTIDÕES EM ALIANÇA: SUBJETIVIDADES DIVERGENTES
COMITÊ CIENTÍFICO
CAPA
Matheus Campanello
REVISÃO
Newton de Andrade Branda Junior
MULTIDÕES EM ALIANÇA: SUBJETIVIDADES DIVERGENTES
Diversos autores.
ISBN: 978-85-7506-430-6
DOI: 10.11606/9788575064306
CDD 701.17
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................ 7
Carolina Klautau, Cyndel Augusto, Fernanda Salgueiro, João
Bernardo Caldeira, Matheus Campanello, Newton Branda e Renata
Wrobleski
PREFÁCIO
FEMINISMOS NA SALA DE AULA: TEORIA E PRÁTICA .. 10
Tessa Moura Lacerda
INTRODUÇÃO
1
Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Bolsista
de mestrado da CAPES (processo número 88887.600239/2021-00). E-mail:
leticiaboffi@gmail.com. ORCID: http://orcid.org/0000-0001-9198-8963.
2
Professor Titular do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Bolsista de
Produtividade em Pesquisa do CNPq, Nível 1A. E-mail: masantos@ffclrp.usp.br. ORCID:
http://orcid.org/0000-0001-8214-7767.
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Pessoas Transmasculinas são pessoas não binárias que se identificam com alguns
aspectos sociais, corporais e comportamentais lidos como masculinos. Trata-se, portanto,
de uma identidade de gênero.
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meios ilegais, já que aprendem em sua rede pessoal com outros homens
trans a forma de obter a substância por meio da internet, assim como a
quantidade, marcas e efeitos (ÁVILA, 2014). De acordo com Kaio Lemos
(2018), homem trans militante e acadêmico, “Falar de hormonioterapia é
falar de saúde, é falar de biomedicina, é falar de usos ‘devidos’ e ‘indevidos’
de sintéticos, é falar de SUS (Sistema Único de Saúde), sendo que, no
Estado do Ceará, este ainda não disponibiliza ambulatório transexualizador
integral” (p. 2). Para as mulheres transexuais e travestis, a ausência de
serviços públicos que supram suas demandas resulta em aplicação de
silicone industrial pelas chamadas bombadeiras e a realização de cirurgias
e procedimentos estéticos em clínicas clandestinas.
Dos serviços especializados, apenas quatro instituições estão
habilitadas pelo Ministério da Saúde a realizar a cirurgia de redesignação
sexual, localizadas nas capitais: Porto Alegre, Rio de Janeiro, Goiânia e São
Paulo. A ínfima quantidade de serviços ambulatoriais e cirúrgicos que
compõem a atenção especializada provoca filas de espera intermináveis.
Dados confirmam que, entre 2008 e 2016, 13.863 procedimentos
foram realizados, dos quais apenas 349 foram procedimentos cirúrgicos,
entre cirurgias de redesignação sexual e outras complementares, como
prótese mamária, retirada de ovários e mudança de voz (MACIEL, 2017). A
situação piorou no cenário caótico deflagrado pela pandemia da COVID-19:
apenas 31 cirurgias de redesignação sexual foram realizadas em 2020, uma
redução da ordem de 86% quando comparada aos 224 procedimentos
desse tipo realizados no ano de 2019. Como as intervenções cirúrgicas são
classificadas pelo sistema como eletivas, tiveram que ser adiadas por conta
da situação de crise sanitária. De acordo com a Defensoria Pública do Estado
de São Paulo, uma pessoa pode aguardar na fila de espera por até 18 anos
até conseguir atendimento (RODRIGUES, 2021).
Outra fissura identificada na efetivação das políticas públicas voltadas
à população transexual, com referência à promoção da saúde integral, é a
fragilidade das instituições, um fato recorrente em jovens democracias
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CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
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doi: 10.1055/s-0037-1604134
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