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MANUAL DE EQUIPAMENTOS

AGRÍCOLAS

Mestre Fernando Nortor Hilário Chare


MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Titulo original: Manual de equipamentos agrícolas

COPYRIGHT © 2021 Mestre Fernando Nortor Hilário Chare. 1ª edição em português: 2021.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 4/2001.

Preparação e revisão do texto: Fernando Nortor Hilário Chare

Nota: Muita atenção e carinho foram utilizados na elaboração da obra. Mas isso
não a deixa imune de erros ortográficos, de digitação, ou dúvida conceitual. Em
qualquer uma das situações solicito a comunicação a partir dos endereços
deixados.

Av: 25 Setembro, Mocuba Moçambique –Zambézia -Mocuba Telefone: +258 850352285

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Contextualização

O crescimento da agricultura a nível magna é incontestável nos últimos

anos, o avanço tecnológico tem impulsionado essa expansão sob vários

prismas, porém nem todos os cantos do mundo seguem o mesmo ritmo,

em suma vários países do continente africano, apresentam condições

favoráveis de clima, água e solo que o levam a possuir uma vasta área

agricultável, mas a incapacidade de utilizar a mecanização agrícola com

eficácia impossibilita a maximização deste potencial inerente.

Com esta visão, este material objectiva com o conhecimento da ciência

hodierna debruçar sobre os preceitos da cadeia de valores da

mecanização agrícola, todavia o conhecimento aqui exposto não se

restrige somente a realidade africana, sendo que em todos os

continentes, os dados mostram que existem em alguma porporção

crenças e dogmas que limitam adoção de tecnologias para o uso

agrícola. O manual porpocionará no seu todo, conhecimento da

mecanização agrícola para a potencialização nos países desenvolvidos, e

com mesma abordagem a intensificação para os países

subdesenvolvidos, que na maioria das vezes agricultura é praticada em

pequenas propriedades.
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

SUMÁRIO

Conteúdos: Páginas:

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO ............................................................9

1.1 Evolução da Mecanização Agrícola ...............................................9

1.2 Conceitos Gerais ......................................................................11

1.2.1 Equipamentos agrícolas/Mecanização agrícola .........................12

1.3 Aspectos a ter em conta na Mecanização Agrícola .......................14

1.4 Interpretação de um sistema agrícola mecanizado .......................15

1.5 Factores considerados na escolha ..............................................16

1.6 Custos ligados aos equipamentos agrícolas ................................17

1.6.1 Custos Fixos (CF) ..................................................................17

1.6.2 Custos Variáveis (CV) ............................................................18

1.7 Objectivos da Mecanização ........................................................20

1.8 Vantangens e desvantangens da Mecanização Agrícola ................21

1.8.1 Vantagens ............................................................................21

1.8.2 Desvantagens .......................................................................21

1.9 Exercícios de consolidação do capítulo I .....................................22

CAPÍTULO II: TRACTORES AGRÍCOLAS ........................................24

2.1 Generalidades ..........................................................................24

2.2 Constituição de um tractor ......................................................25

2.3 Classificação geral dos tractores ................................................26

2.4 Elementos básicos de mecânica dos tractores .............................33

2.5 Potência nominal no motor dos tractores ....................................35

2.6 Desempenho operacional e económico do conjunto - tractorizado 35

2.7 Capacidade de campo ...............................................................36


2.7.1 Capacidade de campo Teórica .................................................36

2.7.2 Capacidade de campo Efectiva ................................................36

2.7.3 Eficiência de campo ...............................................................37

2.7.4 Factores que influenciam na Eficiência de Campo (ƞ) ................37

2.8 Regulação dos tractores para a lavoura ......................................41

2.9 Exercícios de consolidação do capítulo II ....................................44

CAPÍTULO III: PREPARAÇÃO INICIAL DO SOLO E PREPARAÇÃO


PERIÓDICA DO SOLO ...................................................................47

3.1 Objectivos da preparação do solo ...............................................47

3.2 Preparação inicial do solo .........................................................47

3.2.1 Factores a ter em conta na preparação do solo .........................48

3.2.2 .................................... Equipamentos usados no desbravamento


....................................................................................................49

3.2.2.1 Determinação do desempenho operacional com uso de


correntões.....................................................................................53

3.2.2.1.1 Determinação da largura do corte .....................................53

3.2.2.1.1 Determinação da produção de máquinas com uso de


correntões (sem arrepios). ..............................................................54

3.2.2.1.1 Determinação da produção de máquinas com uso de


correntões (com arrepios). ..............................................................54

3.2.3 Equipamentos responsáveis pelo destocamento........................54

3.3 Levantamento Densométrico ....................................................55

3.4 Preparação periódica do solo .....................................................56

3.4.1 Charruas ..............................................................................57

3.4.1.1 Charruas de Aivecas ...........................................................57

3.4.1.1.1 Constituição básica para arados de Aivecas .......................58

3.4.1.1.2 Constituição geral para arados de aivecas ..........................58


3.4.1.2 Charruas de Discos ............................................................60

3.4.1.2.1 Constituição básica para arados de Discos .........................61

3.4.1.2.2 Constituição geral para arados de Discos ...........................63

3.4.1.3 Classificação para Charruas de Disco ..................................63

3.4.1.4 Factores que influenciam na penetração dos discos no solo ....65

3.4.2 Grades .................................................................................67

3.4.2.1 Classificação das Grades .....................................................68

3.4.2.2 Subclassificação das grades ................................................70

3.4.2.3......... Factores que influenciam na penetração dos discos no solo


....................................................................................................71

3.4.2.4 Outros equipamentos usados para o preparo periódico do solo


....................................................................................................73

3.5 Exercícios de consolidação do capítulo III ...................................76

CAPÍTULO IV: EQUIPAMENTOS DE DEPOSIÇÃO DOS ÓRGÃOS


VEGETATIVOS .............................................................................78

4.1 Classificação dos semeadores-adubadores ..................................79

4.1.1 Classificação quanto ao tamanho da semente ..........................79

4.1.2 Classificação quanto à forma de distribuição das sementes .......79

4.1.3 classificação quanto à forma de acionamento ...........................80

4.1.4 Classificação quanto ao mecanismo dosador de sementes .........82

4.1.5 Composição geral dos semeadores-adubadores ........................83

4.1.6 Cálculos utilizados nos semeadores-adubadores ......................90

4.1.7 Factores que afectam o funcionamento dos semeadores-


adubadores ...................................................................................92

4.8 Exercícios de consolidação do capítulo IV ...................................92

CAPÍTULO V: EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO VEGETAL ............93

5.1 Generalidades ..........................................................................93


5.2 Classificação dos equipamentos de protecção vegetal .................96

5.2.1 Polvilhador ...........................................................................96

5.2.2 Granulador ...........................................................................97

5.2.3 Nebulizador ..........................................................................97

5.2.4 Fumigadores .........................................................................98

5.2.5 Pulverizador..........................................................................98

5.2.1 Quanto a fonte de potência ................................................. 102

5.2.2 Quanto ao acoplamento ....................................................... 102

5.2.3 Quanto ao tipo de veículo utilizado ....................................... 102

5.3 Nomenclatura de um equipamento de protecção vegetal ............ 103

5.4 Exercícios de consolidação do capítulo V. ................................. 103

CAPÍTULO VI: EQUIPAMENTOS DE IRRIGAÇÃO .......................... 104

6.1 Generalidades ........................................................................ 104

6.2 Principais tipos bombas .......................................................... 104

6.3 Factores de selecção de uma bomba ........................................ 106

6.4 Rendimento de uma bomba .................................................... 107

6.5 Equipamentos de irrigação ...................................................... 108

6.6 Factores da escolha dos equipamentos de irrigação ................... 111

6.7 Exercícios de consolidação do capítulo VI ................................. 111

CAPÍTULO VII: EQUIPAMENTOS DE COLHEITA .......................... 112

7.1 Generalidades ........................................................................ 112

7.2 Tipos de colheita de grãos ....................................................... 114

7.3 Factores a ter em conta na colheita mecânica dos grãos ............ 115

7.4 Exercícios de consolidação do capítulo VII ................................ 116

CAPÍTULO VIII: MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 117

7.1 Generalidades ........................................................................ 117


7.2 Tipos de Manutenção ............................................................. 117

7.3 Vantagens de manutenção em equipamentos agrícolas .............. 120

7.4 Exercícios de consolidação do capítulo VII. ............................... 120

REFERÊNCIAS ........................................................................... 122


MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1 Evolução da Mecanização Agrícola


Os preceitos da evolução da Mecanização Agrícola pelo mundo nunca foi
algo que promoveu a união entre os povos, isto porque, existiu, existe e
existirá questões que as vezes cria essa desunião, tais como, a
promoção do uso sustentável de recursos naturais, a poluição ambiental,
a crise energética, principalmente com o uso dos derivados de petróleo,
só para citar alguns deles. As épocas que se notabilizaram no processo
da evolução da mecanização agrícola são:

 Época das Ferramentas Manuais (onde todos os trabalhos eram


realizados à mão);
 Época dos equipamentos de Tracção Animal (existência de
numerosos implementos agrícolas impulsionados pela roda que
marchava sobre o terreno);
 Época da Mecanização (também chamada de motorização parcial
ou época dos animais de tiro e do tractor, já que, nesta época,
ambas as forças se apresentam conjuntamente uma ao lado da
outra);
 Época da Supermecanização (também chamada de motorização
total, uma vez que existem no mercado equipamentos para
satisfazer todas e qualquer actividade agrícola, sendo a tracção
animal praticamente extinto).

O quadro seguinte mostra, a evolução da participação nos sistemas de


produção das várias tecnologias de execução mecanizada.

País
ou Principais tecnologias
acontecimentos
Baixo e Alto Uso massivo da enxada de cabo curto.
Egipto
Fontes de potência de tracção animal;

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Alternância no cultivo de cereais e forragens;


Idade Média na No século XIII, surgiu o primeiro arado de lâmina
Europa de metal;
No século IX, crescimento populacional.

Século XVII, surgimento de semeadora mecânica;


Século XIX, novos equipamentos traccionadas
Idade Média na por animais, nomeadamente, grades,
China cultivadores, semeadoras, adubadoras,
segadoras;

Em 1875, carvão máquina a vapor;


Em 1769, James Watt patenteou uma máquina a
vapor;
Em 1800, após a Guerra Civil dos Estados
Unidos da América (EUA) motores a vapor
accionavam trilhadoras por correias;
Em 1880, Colhedoras tracionadas por animais e
acionadas pelas rodas motrizes;
Revolução Em 1892, Invenção do motor de ciclo Diesel;
Industrial Em 1892, primeiro tractor movido a gasolina,
Iowa – EUA;
Em 1897, Primeira venda de um tractor movido a
óleo na Europa;
Por volta de 1900, motores a combustão interna,
máquinas agrícolas, fertilizantes, agrotóxicos
(Inglaterra, França, EUA, Alemanha, Itália,
Japão);
Em 1917, petróleo (versatilidade). Modelo
Fordson primeiro tractor a ser produzido em
larga escala e a partir daí seu uso se difundiu e
outros fabricantes entraram no mercado.
Na década de 1930 pneus substituem rodas de
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Depois da aço, mais velocidade de operação de tractores no


Segunda Guerra campo e em rodovias. O primeiro engate de três
Mundial pontos bem sucedido

Monocultura (esgotamento dos solos, Pragas,


doenças e plantas concorrentes);
Sistematização (preventivo);
Adubação;
Selecção varietal;
Revolução Verde Melhoramento genético;
Semeadoras de precisão;
Equipamentos para tratos culturais;
Tratamentos químicos (Inseticidas, fungicidas,
herbicidas);
Tratamentos físicos e mecânicos;
Organismos Geneticamente Modificados (OGMs).

1.2 Conceitos Gerais


Antes de compreender os conceitos básicos que possam norteiar a
percepção dos equipamentos agrícolas ou da mecanização agrícola é
preciso classificar os equipamentos agrícolas que serão abordados neste
material didático, para familiarizar o leitor (estudantes e a sociedade no
geral), dos objectivos que se pretende alcançar com o mesmo. A
classificação dos equipamentos agrícolas, irá seguir o ordenamento
cronológico das actividades de produção de culturas agrícolas, assim
sendo, temos:

 Equipamentos autopropelidos (tractores);


 Equipamentos para o preparo do solo (preparo inicial do solo e
preparo periódico do solo);
 Equipamentos para a sementeira (semeadores);
 Equipamentos para aplicação de fertilizantes (adubadores);

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 Equipamentos de protecção vegetal (polvilhador, granulador,


pulverizador, nebulizador e fumigadores);
 Equipamentos de irrigação (bombas, aspersores, gotejadores,
filtros, electroválvulas e tubalações);
 Equipamentos de colheita (autocombinadas);
 Equipamentos para o processamento (debulhadores).

1.2.1 Equipamentos agrícolas/Mecanização agrícola


Existe ou não diferenças entre equipamentos agrícolas e mecanização
agrícola, eis a grande questão que muitas vezes fizemos e outras vezes
confundimos a interpretação das mesmas, podemos tirar essas dúvidas
pelas seguintes difinições:

 Equipamentos agrícolas (são todos meios que podem ser


utilizados no maneio do solo, no plantio e colheita de lavouras,
onde podemos encontrar ferramentas, implementos e máquinas
agrícolas);
 Mecanização (uso de máquinas em substituição de uso de mão-
de-obra manual, nesse caso o Homem ou tracção animal);
 Mecanização agrícola (é o conjunto de equipamentos agrícolas,
capazes de realizar todas as actividades agrícolas, de forma técnica
e economicamente organizadas, que vão desde a preparação do
solo, passando pela implantação da cultura, sua colheita e até ao
seu processamento, buscando obter o máximo rendimento com o
mínimo desperdício de energia, tempo e dinheiro).

Existem diversos tipos de equipamentos agrícolas, alguns são manuais,


que são utilizados na agricultura familiar e outros são máquinas
gigantes, para agricultura em larga escala, para perceber mais do
processo de funcionamento destes tipos de agriculturas iremos difinir os
seguintes termos:

 Operação agrícola (toda actividade directa e permanentemente


relacionada com a produção de culturas agrícolas, por exemplo,
sacha, aração, gradagem, drenagem, secagem entre outros);
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 Ferramenta agrícola (são instrumentos manuais simples que se


utilizam para lavrar a terra, carregar areia, capinar, sachar, mover
a terra, abrir sulcos, entre outros trabalhos agrícolas);
 Implemento Agrícola (todo aquele meio que não tem capacidade
de transformar energia, isto é, não possui motor de combustão,
sendo que o seu movimento é suportado normalmente por uma
máquina ou animal, por exemplo, charruas ou arados, grades,
subsoladores, enxadas rotativas e escarificadores);
 Máquinas Agrícolas (equipamentos e veículos com robusteça,
tecnologia e ferramentas específicas para auxiliar nas actividades
agrícolas, são muito empregadas em processo de alta produção.
Geralmente, possuem autonomia de funcionamento, apresentam
motor de combustão e mecanismos de transmissão que permitem a
locomoção do veículo de produção agrícola, por exemplo, tractores
e motocultivadores);
 Máquina Combinada ou Conjugada (aquelas que
simultaneamente podem fazer várias operações agrícolas, por
exemplo, cegadora);
 Acessórios (geramente são órgãos activos que, permitem melhorar
o desempenho de implementos ou máquinas agricolas, por
exemplo, discos, aivecas, dentes, molas entre outros).

A agricultura em Moçambique é predominantemente de


subsistência, e apresentando as seguintes características:

 Pequena escala (dependente de mão-de-obra barata, ou seja,


capacidade de aprendizagem do operário e com uma produção
extensiva);
 Poucas soluções inovadoras (uso basicamente de ferramentas
manuais e sementes não melhoradas);
 Menos capital (pouco investimento e numerosos critérios
burocráticos no que tange ao crédito agrícola);

13
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 Mais desafios (adopção de assistência técnica, escoamento de


produção, e o mais importante de todos é a introdução da tracção
mecânica, vulgarmente conhecido como, uso de tractores agrícolas.
De salientar que a introdução da tracção mecânica não pode ser
apenas, só e só, para uma única operação agrícola, mais sim para
toda uma cadeia produtiva).
Estes e mais problemas encontrados na agricutura de subsistência,
podem ser resolvidos, se optarmos por uma Agricultura Empresarial
que apresenta melhores condições em todas as características já
discutidas. A racionalização da mecanização agrícola em Moçambique
pode ser analisada usando as seguintes perguntas:
O que fazer?
 Caracterizar as operações agrícolas.
Como fazer?
 Caracterizar a maneira de fazer.
Quando fazer?
 Ordenar cronologicamente.
Com quem fazer?
 Escolher os equipamentos agrícolas necessários.

1.3 Aspectos a ter em conta na Mecanização Agrícola


A intensificação do uso de Equipamentos agrícolas vem exigindo novos
investimentos em máquinas com maior grau de confiabilidade da sua
potência disponível, tecnologia e economia do consumo de combustível,
visando atender a demanda nas actividades agrícolas. Discutindo os
aspectos estariamos a tornar essa mesma intensificação mais eficiente,
eficaz e efectiva como é mostrado a seguir:

 Fontes de potência (utilização da força humana através da


enxada de cabo curto, fomento do uso de animais para tracção
animal e da introdução do uso de traçção motora na produção de
culturas alimentares e não só);
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 Evolução da tracção animal (alguns agricultores passam


directamente da fase de trabalho de enxada de cabo curto para a
fase tractorizada, sem passar pela tracção animal, este aspecto é
negativo para o processo de uso intensivo de equipamentos
agrícolas, visto que essa passagem de testemunho seria muito
importante para a familiarização por parte dos produtores de
certos equipamentos agrícolas que são usados na tracção animal e
que futuramente serão utilizados ou terão os mesmos princípios de
funcionamento de alguns equipamentos agrícolas de grande porte
usados na tracção motora);
 Máximos rendimentos (mínimo desperdício dos três elementos da
mecanização agrícola, nomeadamente, energia, tempo e dinheiro).

1.4 Interpretação de um sistema agrícola mecanizado


A optimização do desempenho de sistemas agrícolas mecanizados
necessariamente passa por questões de aspectos técnicos e económicos
visando um entendimento adequado entre as relações de potência
disponível e custos operacionais. No caso de tractores e outros
equipamentos agrícolas a análise dos seus sistemas estão intimamente
relacionados com a seguinte ordem de prioridades:

 Condição inicial (ligado as particularidades de um conjunto de


elementos que prefazem uma solução, por exemplo existência de,
dinheiro para investir, parques de equipamentos, uma porção
suficiente de terra arável para produção em mecanização agrícola
no verdadeiro sentido da palavra entre outros);
 Análise operacional (é um ferramenta importante, utilizada para
realizar uma análise económica de um sistema agrícola
mecanizado, apurando os riscos, incertezas, bem como os seus
prejuízos e lucros num determinado período de tempo);
 Planeamento para selecção (processo estruturado, onde se ocupa
basicamente em avaliar os factores de escolha de um equipamento
agrícola e para admissão do pessoal técnico que irá trabalhar com
os tais equipamentos, neste caso, mecânicos e tractoristas);
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 Aquisição de equipamentos (compra de máquinas agrícolas,


principalmente os tractores agrícolas, compra de implementos,
ferramentas e acessórios que estão directamente/indirectamente
ligados com a produção agrícola);
 Custo operacional (são todos gastos ou despesas que estão
directamente ligados às actividades de funcionamento de todo o
sistema mecanizado, fazem parte destes custos, os variáveis e
fixos);
 Perspectivas (conhecido também como break even point do
sistema).

1.5 Factores considerados na escolha


A seleção de máquinas agrícolas é um assunto bastante complexo devido
ao elevado número de fatores envolvidos e de alternativas a considerar.
Todavia, uma definição clara e objetiva dos propósitos visados com a
seleção da maquinaria agrícola permite o delineamento de roteiros que
conduzem a uma solução racional do problema. No momento da seleção
de máquinas agrícolas devem ser observados três pontos principais:

 O mercado dos equipamentos (onde podemos encontrar a marca,


muito importante para usuário, pois assim podemos saber a
localização do fabricante em caso de termos problemas do
funcionamento dos seus produtos e modelo, cada fabricante tem
um modo particular de designar os modelos dos diferentes tipos
de equipamentos de sua linha de produção, facilitando assim a
existência de acessórios para uma futura manuntenção agrícola);
 Capacidade operacional (encontramos a garantia/assistência
técnica, antes de decidir sobre a compra de certa marca e modelo
de um certo equipamento agrícola, é necessário verificar as
condições que o revendedor oferece com relação à assistência
técnica, tais como, mecânicos devidamente treinados para
transmissão de conhecimentos técnicos e científicos aos
operadores ou tractoristas);
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 O custo operacional (padronização da frota, é uma das


preocupações de muitos produtores rurais, pois, facilita o
treinamento e o aprimoramento tanto de mecânicos como de
operadores ou tractoristas, uniformizar os cuidados e tarefas da
equipe de manutenção e simplifica a organização e funcionamento
acessórios da oficina de reparos e manutenção).

1.6 Custos ligados aos equipamentos agrícolas


Os resultados da operacionalização da mecanização agrícola que ocorre
numa determinada actividade agrícola, procurará sempre obter a
máxima produção possível em face da utilização de certa combinação de
factores. Os resultados óptimos poderão ser conseguidos quando houver
a maximização da produção para um dado custo total ou minimizar o
custo total para um dado nível de produção, para tal a interpretação dos
Custos Fixos (CF) e Custos Variáveis (CV) é muito importante, a seguir
estes custos são mostrados no custo-hora de planeamento de um certo
equipamento agrícola.

1.6.1 Custos Fixos (CF)


Representado matematicamente por, , sendo que:

 Depreciação (D), representado por, sendo que:

- depreciação (Metical por hora ou MZN/h);


- valor inicial (Metical ou MZN);
- valor de sucata = 0,1 Vi (Metical ou MZN);
- vida útil (horas ou h).
( )
 Juros ( ), representado por, , sendo que:

- juros (MZN/h);
- valor inicial (MZN);
- taxa de juros ao ano;
- número de horas de uso do bem por ano (horas/ano).

 Alojamento (A), representado por, , sendo que:

17
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

- custo-hora com alojamento (MZN/h);


- valor inicial (MZN);
- percentagem do valor inicial (Vi) para cobrir os custos com
alojamento;
- número de horas de uso do bem por ano (horas/ano).

 Seguros (S), representado por, , sendo que:

- custo do seguro (MZN/h);


- valor inicial (MZN);
- prêmio do seguro, como percentagem do valor inicial;
- número de horas de uso do bem por ano (horas/ano)

1.6.2 Custos Variáveis (CV)


Representado matematicamente por, , sendo que:

 Combustíveis (C), representado por, ,


sendo que:

- combustíveis (MZN)
( ) - potência de barra tracção = ( )
- força de tracção (kgf);
- velocidade de trabalho (m/s);
- preço do combustível (MZN).

 Lubrificantes ( ), representado pelo valor de 2% em relação ao


consumo de combustível.

( )
 Salário do tractorista ( ), representado por, = , sendo
que:

- salário do tractorista (MZN/h)


- salário mensal (MZN);
- Salário mínimo (MZN);
u - número de horas de uso do bem por ano (horas/ano)
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 Reparos e manutenção (RM), representado por gasto do total da


percentagem (%) do preço de aquisição, que para este material
didáctico, seguirá o critério adaptado pelo Instituto de Economia
Agrícola do Brazil (IEAB), que é apresentado na tabela seguinte:

Equipamentos Percentagem do preço de aquisição

Tractores 100

Arados 60

Grades 50

Escarificadores 60

Subsoladores 60

Enxada rotativas 80

Semeadores em linha 80

Semeadores em precisão 75

Plantadores 80

Transplantadores 100

Pulverizadores 80

Colhedoras simples 90

Colhedora combinada 100

Colhedora de forragens 60

Ceifadoras 150

Fonte: IEAB (2002), adaptado pelo autor

19
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Podemos concluir que um gestor de parques de equipamentos agrários


para determinar o Custo-hora de planeamento precisa da seguinte
planilha:

CF CV

Ano Custo

Sub total

Sub total
Equipamento de horário
Vida D J A S C L ST RM

1
2
3
4
5
Adaptado pelo autor

1.7 Objectivos da Mecanização


 Aumento da produção e da produtividade (expansão da área
cultivada e maiores rendimentos das culturas agrícolas por hectare
em mesmas áreas onde antigamente não se usava equipamentos
agrícolas);
 Garante o calendário agrícola (execução atempada de especificas
operações do ciclo cultural, através de realização de actividades
que são difíceis de executar sem ajuda mecânica);
 Melhor proveito da terra (melhorar a qualidade de algumas
actividades, tais como, a aração entre outros, favorecendo as
melhores condições de germinação/emergência, bem como o
desenvolvimento da planta);
 Melhoria da qualidade do trabalho e produtos (reduzir ao
mínimo a penosidade na realização dos trabalhos agrícolas, que os
métodos tradicionais impõem, tornando o trabalho menos árduo e
mais atractivo, e por consequência, consegue tirar mais e melhores
safras, contribuindo de certo modo para a dieta e o rendimento
económico do produtor rural).
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1.8 Vantangens e desvantangens da Mecanização Agrícola

1.8.1 Vantagens

 Transformações socioeconómicas (geralmente altera a económia


agrária dos países, consolidando a moderna estrutura capitalista
de produção e provocando profundas mudanças sociais).

1.8.2 Desvantagens

 Desemprego (embora esse ponto não traga consensos, a quem


acredita que a principal desvantanges da Mecanização Agrícola
seja essa, por seguintes motivos, a Revolução Industrial tornou os
métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a ser
produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o
consumo. Por outro lado, aumentou também o número de
desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a
mão-de-obra humana. Até os dias de hoje, o desemprego é um dos
grandes problemas nos países em desenvolvimento. Gerar
empregos tem se tornado um dos maiores desafios de governos no
mundo todo. Os empregos repetitivos e pouco qualificados foram
substituídos por máquinas e robôs. As empresas procuram
profissionais bem qualificados para ocuparem empregos que
exigem cada vez mais criatividade e múltiplas capacidades. Mesmo
nos países desenvolvidos tem faltado empregos para a população.
Aliando ao desemprego podemos encontrar a poluição
ambiental/sonora e a compactação dos solos pelo movimento
contínuo dos equipamentos agrícolas).

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1.9 Exercícios de consolidação do capítulo I


1. Quais são as possíveis diferenças que podemos encontrar entre
Equipamentos Agrícolas e Mecanização Agrícola?
2. Dar exemplos de máquinas, implementos, e ferramentas agrícolas
mais usadas em Moçambique?
3. Discuta a cadeia de valor da Mecanização agrícola em
Moçambique?
4. Como futuro Engenheiro, diga quando estariamos presente a um
sistema mecanizado fracassado num processo produtivo?
Exemplifique.
5. Quais são as principais estratégias da mecanização agrícola em
Moçambique?
6. A mecanização é uma das chaves se não a mais importante para o
desenvolvimento da agricultura em Moçambique. Na sua opinião
quais são as causas/razões que levam o baixo uso da mesma por
parte dos camponeses?
7. Diga qual foi a combinação tripla que impulsionou a evolução da
mecanização agricola no mundo, caso especifico de Moçambique?
a) Faça uma explicação válida e conclusiva da mesma relação?
b) Olhando para as diferentes causas e consequências da evolução
da mecanização agricola, diga como elas poderão ter contribuido
para a situação actual da agricultura em Moçambique?
8. Quais foram as epócas e os aspectos mais importante que se
notabilizaram no processo da evolução da mecanização agricola no
mundo?
9. A evolução da mecanização agrícola no mundo e em especial para
Moçambique trouxe por si desafios e soluções imediatas. Olhando
para a revolução verde diga quais foram as características (técnicas
de cultivo) que mais se notabilizaram na agricultura Moçambicana
nos primeiros anos Pós-Independência?
10. De ponto de vista linguístico, falar de vantagem é diferente de falar
de objectivo? usar exemplos ilustrativos dos aspectos da
mecanização agrícola.
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11. O quadro abaixo representa componentes pertencentes ao


desempenho operacional e econômico de Equipamentos Agrícolas,
numa análise das fontes de riscos endógenos e exógenos. Complete
os locais em branco do quadro.

Componentes Fontes de riscos


Exógenos Endógenos
Custo Oportunidade
Preço de Venda
Custos e Despesas Fixos Aumento de Impostos Aumento de Salários
Depreciação
Custos e Despesas Variáveis

12. Os dados abaixo representam um certo equipamento agrário. Tire


conclusões importantes sobre todos aspectos envolvidos no custo-
hora de planeamento.
ITENS VALORES
Potência (cv) 150
Fabricante Unizambeze Ltd
Valor inicial (MZN) 2.000.000,00
Valor da sucata (MZN) 50.000,00
Modelo XZW
Vida útil (anos) 5
Salário mínimo (MZN) 2.500,00
Horas de trabalho anual 1000
Velocidade (Km/h) 4
Custo do óleo lubrificante (MZN/L) 100,00
Custo do combustível (MZN/L) 70,00
Força (kgf) 1500

13. Existe ou não relação de dependência entre os elementos que


caracterizam a gestão de equipamentos agrários e os elementos
que caracterizam a mecanização agrária? Justifique a sua resposta
não se esquecendo de mencionar os tais elementos.
14. Depois de tudo que se abordou sobre a mecanização, você como
futuro engenheiro diga qual é a FOFA da mecanização agrícola em
Moçambique?

23
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

CAPÍTULO II: TRACTORES AGRÍCOLAS

2.1 Generalidades
Um tractor é uma máquina autopropelida provida de meios que, além de
lhe conferirem apoio estável sobre uma superfície horizontal
impenetrável, capacitam-no a tracionar, accionar, transportar e fornecer
potência mecânica, através da barra de tracção ou do engate de três
pontos e da árvore de tomada de potência, permitindo a movimentação
dos os órgãos activos de máquinas e implementos agrícolas. Tiveram
como causas principais a evolução dos tractores:

 A necessidade do aumento da capacidade de trabalho do homem


do campo rural, face à crescente escassez de mão-de-obra;
 A migração das populações rurais para as zonas urbanas, devido
ao processo de desenvolvimento económico pelo qual tem passado
o nosso país, conhecido como Êxodo Rural.

Como consequência, o tractor tem provocado modificações profundas nos


métodos de trabalho agrícola nos seguintes aspectos:

 Redução sensível da necessidade de tracção animal e de trabalho


manual e, por consequência, diminuição do mercado de trabalho
rural, para mão-de-obra não qualificada;
 Crescente exigência do emprego de tecnologia avançada, como das
técnicas de descompactação e conservação dos solos, de aplicação
de fertilizantes e defensivos, da utilização de sementes melhoradas
e de conservação e armazenamento dos produtos colhidos;
 Organização e racionalização do trabalho, através de planeamento
agrícola e controlo económico-financeiro, dando às actividades de
agricultura Familiar um carácter tipicamente da agricultura
Empresarial.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

2.2 Constituição de um tractor


A análise constitucional de um tractor pode ser feita por duas formas
distintas, a primeira é denominada de constituição básica, a qual
podemos encontrar chassi (estrutura que suporta todas partes do tractor
geralmente metálica), motor (de combustão interna , que transforma a
energia proveniente de uma reação química em energia mecânica),
sistema hidráulico (órgãos receptores, transformadores e transmissores
da potência do motor através de um fluido sob pressão aos órgãos
operadores, representados, principalmente, por cilindros hidráulicos),
sistema de direcção e comando (local onde fica o operador ou
tractorista), úteis de trabalho (local por onde serão acoplados os
implementos agrícolas através da ligação dos três pontos) e rodados
(órgãos operadores responsáveis pela sustentação e direcionamento do
trator, bem como sua propulsão, desenvolvida através da transformação
da potência do motor em potência na barra de tracção). Ver a figura 1.

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 1: Constituição básica de um tractor

A segunda forma é denominada de constituição geral, esta faz uma


descrição mais detalhada de todos elementos do tractor, para melhor
percepção, ver a figura 2.

25
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Fonte: Filho e Santos (2001), adaptado pelo autor


Figura 2: Constituição geral de um tractor

2.3 Classificação geral dos tractores


Considera dois critérios básicos, o primeiro critério é tipo de rodado.
De salientar que antes temos que falar de rodas pneumáticas, mais
conhecido por pneus, é feita de borracha e podemos encontrar a Radial (
com uma linha no centro que divide os trilhos do pneu em duas partes
iguais, de maior custo inicial, melhor desempenho e menor
compactação), a Diagonal (não possue uma linha divisória dos trilhos,
menor custo, maior compactação e mais utilizados), a Baixa Pressão e
Alta Flutuação (conhecidos como Pneu BPAF, tem as mesmas
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

características dos Pneu Radial no que tânge a distribuição dos trilhos e


compactação do solo, usados muito na técnica de lastragem). Ver a
figura 3. Também há uma necessidade de se fazer abordagem das rodas
de esteiras de aço (menor velocidade e maior compactação, devido as
ligaçõs metálicas) e rodas esteiras de borracha (maior velocidade e
menor compactação). Ver a figura 4.

Fonte: Filho e Santos (2001), adaptado pelo autor


Figura 3: Representação de rodas pneumáticas.

Fonte: italprates.com.br , adaptado pelo autor


Figura 4: Representação de rodas de esteiras.

No contexto de ideias acima citados, podemos encontrar os seguintes


tractores quanto ao tipo de rodado:

 Tractor de duas rodas (todas são pneumáticas motrizes e o


operador caminha atrás do conjunto). Ver a figura 5.

27
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Fonte: engemac.com.br , adaptado pelo autor


Figura 5: Representação de um tractor de duas rodas.

 Tractor de três rodas (todas são pneumáticas, onde duas são


motrizes na traseira e uma é directrizes na parte da frente). Ver a
figura 6.

Fonte: engemac.com.br , adaptado pelo autor


Figura 6: Representação de um tractor de três rodas.

 Tractor de quatro rodas (todas também são pneumáticas, duas


directrizes com diâmetro menor e duas motrizes com diâmetro
maior e com os seguintes modelos: 4 X 2; 4 X 4). Ver a figura 7.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Fonte: engemac.com.br , adaptado pelo autor


Figura 7: Representação de um tractor de quatro rodas.

 Tractor de 6 rodas (todas também são pneumáticas, onde


geralmente encontramos duas directrizes com diâmetro menor e
quatro motrizes com diâmetro maior, e em alguns casos
encontramos duas directrizes e quatro motrizes com mesmo
diâmetro, e com os seguintes modelos: 6 X 4; 6 X 6). Ver a figura
8.

Fonte: engemac.com.br , adaptado pelo autor


Figura 8: Representação de um tractores de seis rodas.

29
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

 Tractor de 8 rodas (todas também são pneumáticas, encontramos


quatro directrizes com diâmetro menor e quatro motrizes com
diâmetro maior, geralmente com modelos: 8 X 8). Ver a figura 9.

Fonte: engemac.com.br , adaptado pelo autor


Figura 9: Representação de um tractor de oito rodas.

 Tractor de 12 rodas (todas também são pneumáticas,


encontramos quatro directrizes e seis motrizes todas com o mesmo
diâmetro, geralmente com modelos: 12 X 12). Ver a figura 10.

Fonte: engemac.com.br , adaptado pelo autor


Figura 10: Representação de um tractor de doze rodas.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

 Tractores do tipo semi-esteiras (constituido por duas partes,


uma esteira borracha ou metálica e outra pneumática). Ver figura
11.

Fonte: pt.dreamstime.com , adaptado pelo autor


Figura 11: Representação de tractores semi-esteiras.

 Tractores de esteiras (constituído todo ele por ligas metálicas ou


borracha, vulgarmente conhecidos por Caterpillar). Ver a figura
12.

Fonte: pt.dreamstime.com , adaptado pelo autor


Figura 12: Representação de tractores esteiras.

O segundo critério é o tipo de chassi ou utilização (podem ser


tractores industriais, usados nos parques industriais, podendo ser
pneumáticos, esteiras e de chassi articulado. Tractores agrícolas, toda
actividade directa e permanentemente relacionada com execucção do

31
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

trabalho de produção agrícola. Tractores florestais, projectada


especificamente para realizar integralmente a execução da operação
florestal). Ver a figura 13.

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 13: Classificação geral de um tractor, quanto ao tipo de chassi.

A classificação dos dois critérios básicos é complementada pela


classificação:
 Tractores leves ( são aqueles que tem até 49 cv ou Hp de
potência, abaixo temos, tractores pneumáticos e de tractores de
esteiras). Ver a figura 14.

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 14: Classificação de tractores leves.

 Tractores médios (são aqueles que estão num intervalo de 50 á 99


cv ou Hp de potência, abaixo temos, tractores peneumáticos e de
tractores de esteiras). Ver a figura 15.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 15: Classificação de tractores médios.

 Tractores pesados (são aqueles que tem acima de 100 cv ou Hp de


potência, abaixo também temos, tractores peneumáticos e de
tractores de esteiras). Ver a figura 16.

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 16: Classificação de tractores pesados.

2.4 Elementos básicos de mecânica dos tractores


Para analisar a mecânica dos tractores é preciso procurar estabelecer
fórmulas e coeficientes compatíveis com a natureza e condição de cada
operação agrícola, para tal temos que estabelecer os sistemas de unidades de
medidas anível internacional.

33
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Unidades Usadas Sistema Técnico (ST) Sistema Internacional (SI)

Força Kgf N

Trabalho mKgf Nm = J

Torque mKgf mN

Potência Kgfm/s J/s = W

Comprimento m M

Tempo s S

Massa Utm Kg

Velocidade km/h m/s

Adaptado pelo autor.

Os princípios e leis básicas da mecânica teórica, podem ser representados e


apresentados por seguintes elementos:

 Força (é definida como a acção que um corpo exerce sobre outro,


tendendo a mudar ou modificar seus movimentos, posição, tamanho ou
forma, ou seja, );
 Trabalho (o trabalho está associado a um movimento e a uma força.
Toda vez que uma força atua sobre um corpo produzindo movimento,
realizou-se trabalho, ou seja, );
 Torque (é um momento de força que tende a produzir ou que produz
rotação. É o produto de uma força por um raio. );
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

 Potência: (é definido como a quantidade de trabalho realizado numa

unidade de tempo. );

 Peso (é a força gravitacional de atração exercida pela terra sobre um


corpo. Força na vertical (carga). s2);
 Força Centrífuga (é a força que aparece na direcção radial, quando um
corpo está em movimento curvilíneo

 Inércia (é a resistência que todos os corpos materiais opõem a uma


mudança de movimento).

2.5 Potência nominal no motor dos tractores


Este factor esta directamente envolvido com o consumo dos combustíveis e é
representado pela seguinte operação matemática:

Sendo que:

PotBT - potência na barra de tração (cv);


- força de tração (kgf);
- velocidade de trabalho (m/s).

Devido a factores de perdas de potência, como o atrito do sistema de


transmissão, a patinagem das rodas motoras, a resistência ao rolamento,
além da reserva de potência, pode-se considerar, de forma prática, que os
tratores agrícolas de pneu desenvolvem na barra de tração somente 50% da
potência nominal do motor, assim, a formula do potência nominal no motor

dos tractores será: PotMotor

2.6 Desempenho operacional e económico do conjunto -


tractorizado
Conjunto tractorizado é constituído de tractor (fonte de potência) +
implemento + operador. O Custo horário de tractores são de três tipos:

35
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

 Previstos (usados em planeamentos);


 Efectivo ( determinado em função do que ocorre durante o
processo de produção);
 Comercial (de mercado. Utilizado para terceirização de serviços.
Segue a Lei da oferta e procura).

2.7 Capacidade de campo

2.7.1 Capacidade de campo Teórica


É a razão entre o desempenho da máquina (área trabalhada) e o tempo
efectivo, como se a mesma trabalhasse 100% do tempo na velocidade
nominal, utilizando 100% da sua largura nominal.

Sendo que:

CcT - Capacidade de campo Teórica (ha/h);


L - largura de trabalho (m);
V - velocidade de trabalho (Km/h);
Nº P - número de passadas.

2.7.2 Capacidade de campo Efectiva


É a razão entre o desempenho real da máquina (área trabalhada) e o
tempo total de campo.

Sendo que:

CcE - Capacidade de campo Efectiva (ha/h);


L - largura de trabalho (m);
V - velocidade de trabalho (Km/h);
Ec - eficiência de campo
Nº P - número de passadas.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

2.7.3 Eficiência de campo

Ec

Nota: Quanto mais próximo a CcE estiver da CcT, indica melhor utilização
das características do conjunto tractorizado. Com já vimos, o melhor ou
não gerenciamento agrícola depende basicamente da tabela padronizada
de diferentes máquinas e implementos agrícolas como é mostrada na
seguinte tabela abaixo da velocidade e eficiência.

Velocidade km/h Ec (%)


Equipamentos
4–8 70 – 85
Arados
5–7 70 – 90
Grades
5–8 70 – 85
Escarificadores
4–7 70 – 90
Subsoladores
2–7 70 – 90
Enxada rotativas
3–7 50 – 75
Semeadores em linha
4–8 50 - 75
Semeadores em precisão
3–5 70 – 90
Plantadores
3–5 70 – 90
Transplantadores
5–8 60 – 75
Pulverizadores
3–6 60 – 75
Colhedoras simples
3–6 65 – 80
Colhedora combinada
4–7 50 – 75
Colhedora de forragens
6–9 75 – 85
Ceifadoras
Adaptado pelo autor

2.7.4 Factores que influenciam na Eficiência de Campo (ƞ)


Estabelece a eficiência dos equipamentos possibilitando a redução do
tempo perdido em manobras, deslocamento em canteiros/sulcos mortos
37
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

e distâncias percorridas nas cabeceiras, bem como nos abastecimentos


entre outros, os pricipais tempos perdidos são:

 Proporcional a área (manobras, e reabastecimento);


 Proporcional ao tempo operacional efectivo (descanso e
ajustes);
 Confiabilidade da máquina (segurança e vida útil).

O resumo geral dos tempos do campo é definido pelos elementos do antes


e depois, a calendarização, a produção, o total e o instantâneo, como
ilustra o tabela seguinte:

Adaptado pelo autor.

Os principais factores que influenciam na Eficiência de Campo (ƞ) são:


 Forma da parcela (podemos encontrar várias formas, sendo a
ideal a rectângular);
 Tamanho da parcela (também de tamanhos diferentes, onde as
pequenas aumentam o trabalho em vazio);
 Capacidade do depósito (adoptar métodos que sejam
sustentáveis, evitando que a máquina vá muitas vezes as bombas
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

de combustível, por exemplo, abastecer ao tanque cheio, ou em


certos casos levar bidões com combustível ao campo);
 Condições do solo e cultura (declividade combinado ao tipo de
cultura a ser produzida, se são anuais ou perenes);
 Processos em parcelas regulares (depende do tractorista, requer
uso de arado/charrua reversível, e os principais são:
Contínuo com manobras na cabeceira, existe tempo perdido nas
manobras em cabeceiras segundo a seguinte ilustração:

Fechando a parcela – canto arredondado, há tempo perdido para


os cantos, que ficam parcialmente trabalhados:

Fechando a parcela – manobras na diagonal, a largura das faixas


diagonais devem permitir o giro de 90° do tractor, há tempo
perdido para trabalhar a área central e as partes que fazem o "X":

39
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Abrindo a parcela – giro de 270°, as manobras sao feitas em


terreno não trabalhado, há tempo perdido nas manobras:

De fora para dentro, há geração de canteiros/sulcos mortos, há


tempo perdido para trabalhar as cabeceiras e canteiros mortos:
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

De dentro para fora, há geração de canteiros/sulcos mortos, há


tempo perdido para trabalhar as cabeceiras e canteiros mortos:

Alternado, considerado ideal para actividades em campos agrícolas:

2.8 Regulação dos tractores para a lavoura


Porquê Regular um tractor agrícola? É a grande questão da Mecanização.
Isso é possível ser respondido pelos seguintes argumentos:

 Reduzir no máximo as três características da Mecanização


Agrícola;
 Utilização em diferente tipos de Equipamentos Agrícolas;
 Existência de diferentes tipos de solo, aliado a condições
climáticas de cada região.

Os elementos levados em cosideração para a regulação dos tractores para


a lavoura são:

41
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

 Sistema hidráulico e úteis de trabalho em condições (ver a


figura 17).

Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor


Figura 17: Representação do sistema hidráulico/úteis de trabalho de um
tractor.

 Calibragem dos pneus (a calibragem deve ocorrer no memento que


os pneus estiverem frios, isto porque pneus quentes aumentam a
calibragem ou dão libras erradas, ou seja, se pretende-se colocar
15 libras com pneus quentes, a pressão tende a chegar até aos 25,
assim por diante . O mais recomendado é não andar mais do que
3 km/h e em velocidade baixa para realizar o procedimento. De
recordar que só se faz a calibração dos pneus quando estes não
tenham pressão recomendada pelo fabricante do veículo e para
medir a tal pressão usa-se o manômetro). Ver a figura 18.

Fonte: Dhgate.com , adaptado pelo autor


Figura 18: Representação manômetro /calibração de pneu.

 Bitola ( distância de centro a centro dos pneus dianteiros e


traseiros dos tractores, cuja função é, adequar o tractor ao
espaçamento da cultura a ao implemento). Ver a figura 19.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 19: Representação de bitola num tractor.

 Lastragem (significa aumentar o peso do tractor, melhorando a


sua aderência ao solo e consequentemente diminui a patinagem
das rodas motrizes, proporcionando o aumento da capacidade de
tracção e da estabilidade do conjunto tractorizado, tornando o
tractor mais seguro quanto ao risco de tombamento.

Lastragem Insuficiente: pode provocar, excessiva patinagem das


rodas, desgaste acentuado dos pneus; alto consumo de
combustível. Lastragem Excessiva: aumento de carga sobre a
transmissão, rompimento das garras ou trilhos dos pneus,
compactação do solo, alto consumo de combustível.

Factores que determinam a quantidade e a distribuição de lastro


no tractor são: Tipo de Tracção (4x2, 4x4, em diante); Tipo de
implemento e serviço (leve – até 46 cv, médio – 47 à 53 cv e
pesado – acima de 54 cv); Forma de acoplamento (montado, semi-
montado e de arrasto); Tipo de Rodado (simples ou duplo);
Superfície do solo (solto ou firme).

Os procedimentos para a latragem são: Lastragem sólida (áquela


feita por meio de discos metálicos fixados nas rodas traseiras ou
placas metálicas montadas na dianteira do tractor). Ver a figura
20. Lastragem líquida (consiste em adicionar água aos pneus do
tractor de acordo com o recomendado pelo fabricante, a

43
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

quantidade da água introduzida para cada pneu depende da


posição do bico. Ver a figura 21.

Fonte: DocPlayer.com.br , adaptado pelo autor


Figura 20: Lastragem sólida dos pneus.

Fonte: DocPlayer.com.br , adaptado pelo autor


Figura 21: Lastragem líquida dos pneus.

Nota: Nunca encha os pneus totalmente com água, isto é, os deixa


sem flexibilidade para amortecer os choques (impactos) impostos
pelas irregularidades ou declive do terreno.

2.9 Exercícios de consolidação do capítulo II


1. Quando falamos dos elementos básicos de mecânica, ficou claro
que o elemento de maior relevância era a potência. Segundo o tal
elemento responda:
a) Qual (is) é (são) a (as) unidade (s) de medida de maior
relevância do elemento em causa?
b) Com base na sua resposta da alinha a), diga se existe
diferença de representação para os diferentes Equipamentos
Agrícolas?
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

c) Mostre passo a passo como se pode obter a unidade de


potência no sistema internacional (kW), partindo de sua
definição: “Potência é definida como a quantidade de
trabalho realizado numa unidade de tempo”.
d) Demonstre que: “Potência é igual ao produto de uma força
aplicada pela velocidade de deslocamento.
e) Em que se baseia a mecânica aplicada dos equipamentos
agrícolas?
2. Tractor agrícola é uma máquina autopropelida provida de meios
que é usada para aumentar as áreas de produção.
a) Qual é a sua importância?
b) Quais são as funções básicas?
c) Quais são os pontos analisados nos ensaios de tractores
agrícolas e exemplifique?
d) Descrever função de cada componente que aparece na figura
número 2?
e) Quais são os aspectos a ter em conta na eficiência de campo
quando o factor em análise é a forma da parcela?
f) Qual é a importância da engrenagem motora e da engrenagem
coroa para o conjunto tractorizado?
g) Qual é a relação que existe entre lastragem e compactação dos
solos? Explicar com exemplos práticos?
h) Esquematize de forma explicita a relação entre o diâmetro, as
revoluções por minuto e número de dentes?
3. A FEAF pretende comprar uma grade do tipo tandem para uso nos
campos de produção de Nacogolone, sabe-se apenas que a mesma
para ser traccionada exige uma força de 35000 N. Antes da compra
pedem que você faça um teste de campo num percurso de 30070
centímetros, gastando um tempo de 3 minutos, com os tractores
existentes na mesma faculdade. Depois do teste feito você
recomendaria a compra deste implemento? Justifique a sua
resposta.

45
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

4. Qual o torque aplicado ao parafuso pela chave de boca, quando é


aplicada uma força de 200 N no cabo da referida chave?

a) Trocando por uma chave de boca maior. (r = 550 mm), qual seria
o torque?
5. Motor diesel John Deere/4045T Série 350, 4 cilindros, 4,5 L, com
uma árvore que transmite a potência de 106 CV com uma rotação
de 2300 rpm. Determinar o torque exercido na árvore?
6. Um tractor desenvolve uma potência de 250 cv a uma rotação de
1800 rpm e movese com 0,25m de comprimento do pneu de
tracção. Determine a força de tração do tractor?
7. Qual o torque de um trator de Pneus de potência nominal igual a
100 cv no momento em que ele trabalha com uma rotação de 1000
rpm?
8. Uma hélice do sistema de arrefecimento de um motor pesando
cada uma 9 Kgf, com baricentro (C.G.) a 190 mm do eixo de
rotação, gira com 2500 rpm. Calcular a força centrífuga que tende
a arrancar as pás do eixo?
9. Um tractor se desloca a 50 Km/h e a rotação do seu motor nesse
instante é 600 revoluções por minutos. Sendo o diâmetro de suas
rodas igual a 100 cm, pergunta-se qual a relação global de redução
das revoluções?
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

CAPÍTULO III: PREPARAÇÃO INICIAL DO SOLO E


PREPARAÇÃO PERIÓDICA DO SOLO

3.1 Objectivos da preparação do solo


A finalidade da utilização de uma área para diversas actividades do
nosso quotidiano, é o que define os objectivos a que pretendemos de uma
determinada preparação do solo. Para actividade de produção agrícola os
principais objectivos que visa favorecer o desenvolvimento e/ou
crescimento das plantas são:

 Favorece os trabalhos culturais posteriores para se obter uma boa


cama de sementeira, promovendo a melhoria das condições físicas
e químicas para garantir uma boa infiltração/percolação da água
no solo e uma boa mobilidade dos nutrientes do solo;
 Controlo das ervas daninhas e /ou infestantes, visto que, com a
introdução de equipamentos agrícolas podem reduzir este
problema, uma vez que sempre que aparecem comprometem o
crescimento e bom desenvolvimento das culturas.
 Enterrar correctamente os estrumes e/ou adubos, matéria
orgânica, evitando a perda de nutrientes pela retenção da
humidade.

3.2 Preparação inicial do solo


Conjunto de actividades humanas, por exemplo agrícolas, em áreas não
utilizadas anteriormente para esta finalidade, sendo que este processo é
caracterizada pela operação de desbravamento, e a mesma compreende
duas fases que são:

 Corte da vegetação (primeira fase, que consiste com a eliminação


total ou parcial de qualquer tipo de cobertura vegetal);
 Limpeza do solo (segunda fase, que basicamente acontece quando
a eliminação foi parcial, visando erradicação dos restolhos da
cobertura vegetal, e as vezes é preferível fazer preparação periódica

47
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

do solo, para reduzir de certa maneira os elementos da


Mecanização Agrícola).
Também podemos encontrar a operação de destocamento, que é a
retirada dos restos vegetais principalmente deixados pela operação com
motoserras e lâminas frontais, sejam elas anglodozer ou buldozer.

3.2.1 Factores a ter em conta na preparação do solo


Para a preparação inicial do solo e a preparação periódica do solo, é
necessário conhecer os factores que são adequados as suas
especificações e/ou particularidades de cada tipo de preparação do solo.
Abaixo são descritos os principais factores a levar em conta na tomada
destas e outras decisões:

 Tipo de vegetação (considerado por especialistas da área, como o


factor que condiciona a operacionalização dos demais factores.
Este é caracterizado pela análise dos três elementos da
Mecanização Agrícola, nomeadamente, energia, tempo e dinheiro);
 Utilização da área (caracterizado pela finalidade do uso do
terreno, exemplo para produção agropecuária);
 Tipo do trabalho (caracterizado por analisar os elementos tempo e
dinheiro, visto que estes irão influenciar directamente nos prazos
de execução e na selecção adequada do equipamento a ser usado);
 Declividade (caracterizado pela inclinação dos terrenos, que pode
ter um papel importante na selecção adequada do equipamento e
afectação do mesmo na sua utilização);
 Características edafoclimáticas (por exemplo pressão
atmosféricas e o solo, podem afectar posetivamente ou
negativamente em todo o processo de preparação).

Nota: No contexto geral podemos dizer que os factores a ter em conta na


preparação do solo, tem uma dependência de análise entre si, não apenas
só com o tipo de vegetação.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

3.2.2 Equipamentos usados no desbravamento


Manual (processo tradicional, que consiste em, corte de arbustos e/ou
árvores, queima da base do caule de árvores de grande porte e
geralmente usa ferramentas agrícolas). Veja a figura 22.

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 22: Equipamentos manuais de desbravamento.

Mecanizado (método comercial, isto é, usa implementos e máquinas


agrícolas). Os principais tipos são:
 Lâminas Frontais Anglodozer (anguláveis, derrubamento e
limpeza de vegetação de diâmetro < 20 cm e não penetram no solo).
Lâminas Frontais Buldozer (fixas, derrubamento e limpeza de
vegetais com diâmetro que varia de 20 a 70 cm e podem ser usadas
para terraplanagem). Ver a figura 23.

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 23: Representação de Lâminas Frontais.

 Tree-Pushe (empurra árvores grandes, principio de alavanca,


sempre acompanhado por outro equipamento agrícola e deixa
grandes crateras). Ver a figura 24.

49
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 24: Representação da alavanca Tree-Pushe .

 Rolo-Faca (cilindros metálicos com facas fixadas


longitudinalmente, vegetação fina, incorporam a vegetação). Ver a
figura 25.

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 25: Representação do Rolo-Faca.

 Grades pesadas (são de arrasto com discos grandes e recortados, e


trabalham em vegetação de diâmetro pequeno, picam e incorporam
o material parcialmente no solo). Ver a figura 26.

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 26: Representação do Rolo-Faca.
 Ancinhos (enleiramento em curvas de nível). Ver a figura 27.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 27: Representação do Ancinho.

 Braço Fleco (são lâminas de formato em “V”, utilizadas em árvores


muito grandes para serem cortadas, em pedaços de tronco e em
corte rente ao chão). Ver a figura 28.

Fonte: Filho e Santos (2001), adaptado pelo autor


Figura 28: Representação do Braço Fleco.

 Tracção por cabo (é um processo comum usado por agricultores


que não possuem máquinas apropriadas ou pesadas para
desmatamento. O cabo de aço, corrente ou corda é preso à barra
de tração do tractor, que, deslocando-se seguidamente para a
frente, provoca a queda da árvore. Quanto maior o ângulo α,
menos eficiente será a operação, pois a resistência oferecida pela
árvore acarreta o levantamento da parte traseira do trator ao se
deslocar, o que favorece o deslizamento das rodas ou esteiras. Para
evitar esse problema, os cabos deverão possuir um comprimento
adequado, para que o ângulo α se torne menor). Ver a figura 29.

51
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Fonte: Filho e Santos (2001), adaptado pelo autor


Figura 29: Representação do Tracção por cabo.

 Motosserra (máquina ou serra eléctrica utilizada na poda e corte


de árvores). Ver a figura 30.

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 30: Representação da Motosserra.

 Uso de Herbicidas (é um produto químico utilizado para


eliminação de árvores, o mais usado é o herbicida com glifosato
que tem um ingrediente activo que é absorvido pelas folhas). Ver a
figura 31.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 31: Uso de Herbicidas em árvores.

 Correntões (grandes áreas, com transporte, operações de carga e


descarga difíceis), densidade das árvores 2500 itens/há, diâmetro
< 45 cm, arrastado por dois tractores de alta potência tipo esteira,
geralmente em solos secos de declividade boa e regular. (Após a
passagem pela vegetação, é feita a volta dos correntões, chamada
de “arrepio” para retirar as raízes restantes em vegetação com
árvores muito densa). Ver a figura 32.

Fonte: Filho (2001) e Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 32: Uso Correntões.

3.2.2.1 Determinação do desempenho operacional com uso de


correntões

3.2.2.1.1 Determinação da largura do corte

Sendo que:

- largura de corte (m);


- comprimento do correntão definido em função da potência do tractor
(m).

53
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

3.2.2.1.1 Determinação da produção de máquinas com uso de


correntões (sem arrepios).

Sendo que:

- desempenho operacional sem arrepio (ha/h);


- largura de corte (m);
- velocidade do trator (Km/h).
Efc - eficiência de trabalho.

3.2.2.1.1 Determinação da produção de máquinas com uso de


correntões (com arrepios).

Sendo que:

- desempenho operacional sem arrepio (ha/h);


- largura de corte (m);
- velocidade do trator (Km/h).
Efc - eficiência de trabalho.

Nota: Quando a operação é realizada com arrepio, trabalha-se com 75 %


da velocidade do tractor. A eficiência para o uso de correntões varia entre
0,45 e 0,65. Normalmente, trabalha-se com o valor médio (0,55).

3.2.3 Equipamentos responsáveis pelo destocamento

 Manual (usam as mesmas ferramentas usadas na operação de


desbravamento, principalmente as enxadas e os machados).
 Químico (também o processo de aplicação é o mesmo do
desbravamento, apenas diferem no produto usado, aqui usa-se
nitrato de de sódio, e em termos de comparação aos demais
produtos químicos, esse tem a desvantagem de ser um processo
demorado, cerca de 3 meses, difícil de ser executado e caro, logo,
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

não reduz em nada os elementos ou características da


Mecanização Agrícola).
 Mecânico (usa os destocadores rotativos e trabalha com a força de
tracção do tractor). Veja a figura 33.

Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor


Figura 33: Equipamentos mecanizados de destocamentos (destocadores
rotativos).

3.3 Levantamento Densométrico


A determinação do desempenho operacional neste tipo de operação
depende da estimativa do tempo operacional representando pela seguinte
expressão matemática:

( )

Sendo que:

- tempo operacional (h/ha);


- presença de cipós que afetam o tempo básico;
- factor de concentração de madeiras de lei que afetam o tempo básico;
- tempo básico para cada trator, por ha;
- quantidade de elementos;
- minutos por árvore, em casa classe de diâmetro;
- número de árvores por hectare, em cada classe de diâmetro, obtido
no levantamento no campo;
- soma dos diâmetros, em metros, de todas as árvores por hectare, com
diâmetro acima de 180 cm ao nível do solo, obtida no levantamento no
campo;
- Minutos por metro de diâmetro para árvores com mais de 180 cm de
diâmetro.

55
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

A percentagem de madeiras de lei afeta o tempo total do seguinte


modo:

 75 a 100% - somar 30% ao tempo total (X = 1,3);


 25 a 50% - não altera o tempo (X = 1);
 0 a 25% - subtrair 30% do tempo total (X = 0,7).

Levantamento densométrico, é o levantamento do diâmetro de


vegetação arbórea de uma determinada área, como nós mostra as tabelas
abaixo :

Característica vegetativa Levantamento densométrico


Densidade da vegetação com Densa ( 1500 árvores/ha)
menos de 30 cm de diâmetro. Média (entre 1000 e 1500 árvores/ha)
Menos Densa ( 1000 árvores/ha).
Madeiras de lei e caules Presença de madeiras duras, expressa
trepadores. em percentagem.
Somatória dos diâmetros em Todas as árvores por ha, com mais de
metros 180 cm de diâmetro ao nível do solo.

Elementos AeB N1 e M1 N2 e M2 N3 e M3 N4 e M4 D e X
F
Faixa de
Diâmetro
(cm)
Número de
árvores por
hectare

3.4 Preparação periódica do solo


Conjunto de operações realizadas após o preparação inicial do solo, em
que envolve a mobilização da camada arável superficial, geralmente com
equipamentos agrícolas, promovendo o seu rompimento em torrões de
tamanho adequado, assim como a mistura ou a incorporação de material
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

vegetal ou não. Para este material didáctico serão abordados os seguintes


implementos agrícolas, Charruas, Grades, Subsoladores, Escarificadores
e Enxadas Rotativas.

3.4.1 Charruas
É o implemento mais usado para se fazer uma lavoura e é também
conhecido por Arado. A sua história do arado confunde-se com a do
homem sedentário e da agricultura; É muito difícil, ou mesmo impossível
saber-se quando, onde e que povo, pela primeira vez fez uso de uma
charrua.

Aração é a principal lavoura feita por estes tipos de implementos


agrícolas, e consiste em, cortar, elevar e inverter as fatias e/ou camadas
do solo denominadas de leiva, normalmente a uma profundidade de 20
cm, com objectivo principal de descompactá-la, criando condições para
melhor desenvolvimento das raizes de culturas agrícolas e não só,
também expõe à luminosidade e outros factores abióticos. As charruas
em função da natureza das suas peças ativas e tipo de trabalho que
podem efetuar classificam-se em: Charruas de Aivecas e Charruas de
Discos, este último o mais usado em Moçambique, por isso será o mais
aprofundado neste material.

3.4.1.1 Charruas de Aivecas

São implementos agrícolas mais utilizados pelos povos antigos, como os


Chineses para realização das lavouras periódicas. Caraterizam-se por
serem geralmente montadas (engate de 3 pontos), e por mobilizar o solo
cortando uma leiva com uma secção retangular.

Considerando a sequência de operações levadas a cabo por estes


equipamentos, tem-se o corte, tracção, compressão, início do
reviramento, flexão e torção (na aiveca) e reviramento; durante esta
última operação acentua-se a fragmentação da leiva e dá-se a mistura
dos materiais. As charruas de aivecas permitem fazer todos os trabalhos
complexos, excepto a segregação.
57
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Largura de trabalho (largura de corte), obtém-se através dos catálogos


dos fabricantes ou medido diretamente no campo em m, para os

No geral as charruas são de Simples – Acção: (3 passadas).

3.4.1.1.1 Constituição básica para arados de Aivecas

Órgão Função
1. Aveica Elevar e inverter a camada do solo cortada.
2. Relha Cortar a camada do solo, iniciando o levantamento da da
mesma.
3. Rasto Dar estabilidade a charrua.
4. Suporte Órgão que serve como chassi da Charrua.
5. Coluna Unir o chassi aos restantes Órgãos da Charrua.

Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor


Figura 34: Representação básica para arados de Aivecas.

3.4.1.1.2 Constituição geral para arados de aivecas

Órgãos Funções
2. Relha (é uma lâmina de aço, geralmente de forma
trapezoidal, que assegura o corte horizontal da leiva);
5. Aiveca (órgão que reviram a leiva, cortada pela sega e
relha);
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Activos 12. A raspa (faz o corte vertical da leiva quando as


charruas não têm segas);
13. Formão (peça colocada numa calha existente no
cepo e pode avançar à medida que se desgasta ou
quando há dificuldades de penetração no solo);
14. Raspadeira (responsável para remoção da solo que
fica em alguns órgãos, principalmente a Aiveca);
15. Sega (órgão que cortam a parede do sulco,
separando a leiva da terra que ainda não sofreu
nenhuma modificação, podem ser, de faca ou disco).
3. Calcanhar (é uma peça colocada na parte traseira, da
chapa de encosto, para diminuir o desgaste desta);
Protecção 4. Chapa de encosto (protege o desgaste provocado pelo
atrito na abertura de sulcos em solos arenosos).
8. Cabeçote (é o elemento de suporte das peças várias
peças activas);
9. Apo (é a peça de suporte principal da charrua,
Suporte servindo assim para transmissão da resistência oposta
pelo solo ao Cepo, como resultado da força de tracção);
10. Teiró (liga o corpo da charrua ao Apo);
11. Munhão (órgão que permite a deslocação da
Charrua de Aiveca num plano vertical).
1. Reversão Manual (efectuar algumas regulações do
tractor em relação à charrua, nomeadamente, a bitola do
tractor);
6. Ponto de Ligação do Braço do Terceiro Ponto –
PLBTP (órgão responsável para funcionamento do
Regulação sistema tractorizado);
7. Reversão automática (podem ser mecânicos e
hidráulicos, sendo necessário nos primeiros regular a
tensão inicial da mola impulsora para diminuir o esforço
necessário para o reviramento, e, nos segundos, fixar ao
tractor a corrente de acionamento do sistema e regular o

59
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

seu comprimento para que se dê a reversão quando a


charrua atinge a sua posição de levantamento máximo).

Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor


Figura 35: Representação geral para arados de Aivecas.

3.4.1.2 Charruas de Discos


Este tipo de Charrua é a mais usada no nosso país, em certa medida, por
causa das características da composição dos seus ógãos activos estarem
doptados para trabalharem na sua maioria em diferentes tipos de solos
encontrados em Moçambique, e por estes serem as Charruas mais
estudadas e aperfeiçoadas pelos fabricantes e usuários, principalmente
os das zonas rurais.
Objectivamente as charruas de Discos, melhoram algumas estruturas
físicas que podemos encontrar no solo, tais como, existência de
pedregulhos, raizes e até mesmo os tocos, faz o empolamento ou
enxpansão volumétrica que é importante para a terraplanagem, melhora
a pemeabilidade e aumento da porosidade. Para determinar a largura de
corte para os Arados de Discos é a seguinte:
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

3.4.1.2.1 Constituição básica para arados de Discos

Órgão Função

1. Chassi Também chamado do esqueleto da Charrua, por ser o


órgão no qual estão conectados outros órgãos.

Unir o chassi aos demais restantes Órgãos da charrua,


onde a sua parte superior é presa no Chassi e a parte
2. Coluna
inferior é presa no cubo dos discos

3. Mancal Ponto de ligação entre coluna e disco.

4. Disco Órgão activo, ou seja, entra em contacto directo com o


solo.

5. Roda-Guia controlar a profundidade dos discos, quando os


mesmos já não são possíveis de fazer através dos seus
ângulos.

Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor


Figura 36: Representação básica para arados de Discos.

61
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Órgãos Funções

7. Raspadeira (responsável para remoção da solo que


fica em alguns órgãos, principalmente o Disco);

10. Disco (órgão que cortam a parede do sulco,


Activos
separando a leiva da terra que ainda não sofreu
nenhuma modificação).

6. Munhão (órgão que permite a deslocação da Charrua


de Aiveca num plano vertical);
Suporte
8. Quadro (Também chamado de Chassi);

11. Espera de descanso (eixo vertical responsável por


fixar a Charrua ao solo quando essa não se encontra em
funcionamento).

1. Tirante de comando do leme (responsável pelo


movimento da Charrua em torno do eixo vertical);

2. 3º ponto de engate (órgão responsável para


funcionamento do sistema tractorizado);

3. Alavanca de reversão semiautomática (podem ser


mecânicos e hidráulicos, sendo necessário nos primeiros
regular a tensão inicial da mola impulsora para diminuir
Regulação
o esforço necessário para o reviramento, e, nos
segundos, fixar ao tractor a corrente de acionamento do
sistema e regular o seu comprimento para que se dê a
reversão quando a charrua atinge a sua posição de
levantamento máximo);

4. Leme da roda guia (responsável por governar a roda-


guia);

5. Batente de regulação do ângulo de ataque


MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

(actualmente chamados de pontos posicionais para


regular os ângulos do corte dos discos em diferentes
tipos de solo);

9. Roda guia (conhecida também como roda


estabilizadora, pois, impede que a Charrua saia da sua
trajectória normal quando trabalha).

3.4.1.2.2 Constituição geral para arados de Discos

Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor


Figura 37: Representação geral para arados de Discos.

3.4.1.3 Classificação para Charruas de Disco

Basicamente existem três tipos de classificações, sendo que a primeira é,


quanto ao Tipo de Acoplamento ao Tractor:

 Rebocado ou de arrasto (são àquelas Charruas cujo acoplamento


ao tractor é feita por Barra de Tracção - BT);
 Semi-montado (são àquelas Charruas cujo acoplamento ao tractor
é feita pelo 1º e 2º ponto);
 Montado (são àquelas Charruas cujo acoplamento ao tractor é
feita pelo sistema de engate de três pontos). Ver figura 38.

63
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor


Figura 38: Representação do sistema hidráulico.

A segunda é a, classificação para arados de disco, podem ser:

 Recortados (recomendado para ser usados em solos do tipo


franco-argiloso à argilosos, melhorando o picamento da máteria
orgânica ou cobertura vegetal);
 Lisos (recomendados para ser usados em solos do tipo arenosos).

Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor


Figura 39: Representação dos discos recortados e lisos.

E a terceira conforme as movimentações dos orgãos activos, podem


ser:

 Charruas fixas (não mudam, ou seja, movimentam a leiva somente


para um único lado, nesse caso o direito); Ver a figura 40.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Fonte: engema.com.br , adaptado pelo autor


Figura 40: Representação das charruas fixas com três discos lisos.

 Charruas reversíveis ( movimentam a leiva para lado direito,


assim, como para o lado esquerdo). Ver a figura 41.

Fonte: engema.com.br , adaptado pelo autor


Figura 41: Representação das charruas reversíveis com três discos lisos.

3.4.1.4 Factores que influenciam na penetração dos discos no solo


 Ângulos dos discos (podem ser os ângulos verticais) e horizontais,
sendo que os verticais, geralmente variam de 15° a 25° para os
diferentes tipos de solos, sendo que os menores ângulos em
Charruas dão maior capacidade de penetração nos solos argilosos,
assim de forma subsequente. Quanto aos ângulos horizontais,
podem variar de 35° a 50° e afectam apenas a largura do corte da
Charrua, sendo que, menor ângulo, dá menor largura de corte dos
discos. Veja abaixo as figuras 42 e 43.

65
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor


Figura 42: Ângulos verticais (àquele formado pelo plano que contém os bordos do
disco vertical).

Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor


Figura 43: Ângulos horizontais (àquele formado entre o disco e o plano vertical
paralelo ao seu deslocamento).

 Velocidade operacional (é a velocidade do conjunto tractorizado,


variando de 4km/h a 8km/h e também é dependente dos
diferentes tipos de solo, onde menores velocidades são aplicáveis
para solos arenosos, médias velocidades para solos médios e
velocidades altas para solos argilosos, como mostra a figura 44.

Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor


Figura 44: Velocidade operacional em diferentes tipos de solos.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

 Mola da roda guia (permite acompanhar as irregularidades do


terreno, pode ser regulada em altura, relativamente ao quadro, e
em inclinação, relativamente à direcção de deslocamento,
representado pelo número 4 da figura 45).

Fonte: Galucho (1996), adaptado pelo autor


Figura 45: Representação de uma roda guia.

3.4.2 Grades
Equipamento que complementa a lavoura de aração, e/ou em alguns
casos particulares usado para fazer lavoura de aração. Gradagem, é um
tipo de lavoura que, destorroa, nivela, uniformiza e corta ervas daninhas
incorporando-as, tudo para deixar o solo em condições para o plantio de
culturas alimentares e não só.

Diferentemente da aração, a Gradagem tem maiores profundidades,


sendo que, as mais destacadas são:

 Gradagem superficial – (com profundidades compreendidas de 5


cm a 10 cm);
 Gradagem média (com profundidades de 10 cm a 20 cm);
 Gradagem profunda ( com cerca de 20 cm a 30 cm).

67
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

A largura do corte da operacionalização das grades é determinada por:

( – )

Sendo que:

L - largura de corte (m)

n - número de discos de ataque 0,2 - distância entre os discos de uma


grade (± 20 cm)

Dupla – Acção (V): (off-set) – 2 passadas

Dupla – Acção (X): (Tandem) – Geralmente sem passadas

3.4.2.1 Classificação das Grades


As Grades são equipamentos com estrutura diferente das Charruas,
sendo que as mesmas podem apresentar mais de um corpo por onde se
encontram fixados os discos (recortados ou lisos), neste contexto de
ideias podemos encontrar os seguintes principais tipos:

 Grades offsets (também conhecida por descentradas, estas grades


apresentam dois corpos de discos, dispostos em V, mas com uma
abertura lateral reduzida. Salientar que os corpos podem se
apresentar com discos lisos ou recortados, bem como uma mistura
dos dois, onde os dianteiros são recortados e os traseiros são
discos lisos). A discrição da figura 21 é a seguinte:
1. Escora (peça metálica que sustenta o 3º ponto); 2. Cabeçote
(parte frontal do 3º ponto, que serve de oscilante para adaptação
dos dois corpos ao perfil do solo); 3. Corpo traseiro (parte que
suporta a segunda secção de discos); 4. Barra com sector circular
(constituído por um sistema hidráulico, que possibilita a
movimentação das duas secções); 5. Parafuso de limitação do
ângulo (formado pelos eixos traseiros e dianteiros, influindo na
profundidade do corte); 6. Barra de escorregamento (sustentar o
conjunto tractorizado); 7. Munhão (órgão que permite a deslocação
da Grade num plano vertical); 8. Esticador articulado nos
extremos (para comando automático dos movimentos de fecho do
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

corpo traseiro em transporte e de abertura do dianteiro em


trabalho); 9. Cambota (transformar os movimentos dos discos) 10.
Discos (podem ser recortados ou lisos, que entram em contacto
directo com o solo) 11. Cavilhão (articulação dos dois corpos).

Fonte: Galucho (1996), adaptado pelo autor


Figura 46: Representação da grade descentradas.

 Grades Tandem (Estas grades são constituídas por quatro corpos


dispostos em X, voltando os corpos dianteiros o solo para os lados
e os traseiros para a posição inicial, recordar que actualmente usa-
se mais os discos recortados para todos os corpos ou secções). Veja
a discrição da figura 47 abaixo:
1.Linha de tracção (linha imaginária que ajuda na profundidade e
largura do corte do solo) 2.Componentes laterais (opostas das
forças que se opõem ao avanço dos corpos dos discos).

Fonte: Galucho (1996), adaptado pelo autor


Figura 47: Representação da grade X.

69
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

3.4.2.2 Subclassificação das grades


Diâmetro do Espaçamento
Modelo disco entre discos Finalidade
(polegadas) (cm)
Lavoura profunda, com
maiores dificuldades de
Super Pesada 36 45 penetração e corte de
material vegetal.
Lavoura profunda,
Pesada 32 34 usada sobre tudo para
para preparação inicial
do solo.
Lavoura profunda, com
32 34 a combinação de duas
Em esquadrão grades, também usada
para para preparação
inicial do solo.
Lavoura média, em geral
Intermediária 28 27 para as culturas anuais.

Lavoura superficial,
feita em acabamento de
Leve 20 a 24 20 a 23 solo, como, nivelar,
destoroar e cobertura de
sementes.
Lavoura superficial,
onde há, eliminação de
Ultra-Leve 18 18 ervas daninhas, redução
do tamanho dos torrões
e cobertura de
sementes.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

3.4.2.3 Factores que influenciam na penetração dos discos no solo

 O solo (cada tipo de solo tem as suas características particulares);


 A velocidade (é a velocidade do conjunto tractorizado, variando de
10km/h a 15km/h e também é dependente dos diferentes tipos de
solo, onde menores velocidades são aplicáveis para solos arenosos,
médias velocidades para solos médios e velocidades altas para
solos argilosos);
 O peso e o diâmetro dos discos (As Grades só possuem ângulos
horizontais, isto é, afectam apenas a largura do corte, assim sendo,
o peso e o diâmetro são importantes para aumentar a
profundidade, sendo que, às vezes podem-se usar alguns objectos,
tais como, troncos e pedregulhos para aumentar o peso das
grades, embora essas técnicas carecem de estudos para comprovar
a sua eficiência). A nomenclatura das Grades é um elemento de
extrema importância para interpretação destes factores, como
mostra o seguinte exemplo:

Grade de discos: 14 X 34 " X 7/18" , pode-se dizer que:

14 – número de discos;

34" – diâmetro do disco em polegadas;

7/18" – espessura do disco em polegadas.

 A regulação (O ângulo formado pelos eixos traseiros e dianteiros


“A” influi na profundidade do corte. Aumentando “A” tem-se maior
penetração e vice-versa. Como nos ilustra a figura 48).

71
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Fonte: Galucho (1996), adaptado pelo autor


Figura 48: Regulação da grade off-set.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

3.4.2.4 Outros equipamentos usados para o preparo periódico do solo


Equipamento Principais Funções Causas para a sua formação e Principais tipos
seus objectivos
Não atinge grandes Enxadas rotativas para
profundidades, podendo ser hortícolas (tractores de
regulada para atingir até 20 cm rabiça);
Enxada rotativa
de profundidade; __________________________ e
Usada basicamente na Enxadas rotativas para
construção de canteiros para tomada de potência.
horticultura.
Tracionado somente por um Formada pela passagem contínua
tractor, devido ao trabalho da de tractores e eluviação de argila
subsolagem ser realizado numa (com seguintes sinais, solo
camada profunda (normalmente compactado apresentando poças
Subsoladores até 80 cm de profundidade); de água; Apresenta crosta na
Operação que consiste no superfície, logo após a seca do solo;
rompimento da camada dura que Decomposição de resíduos
se forma a uma profundidade, no vegetais; As plantas apresentam
intervalo de desenvolvimento falhas na emergência;As sementes

73
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

radicular; apresentam índice de germinação


Subsoladores rígidos;
É uma Operação que se realiza a baixo; Plantas com folhas
e
profundidade e sem inversão dos amareladas por falta de oxigénio;
Subsoladores vibratórios.
horizontes do solo; Acamamento de plantas e raízes
Garante o desenvolvimento tortas aparecendo na superfície.
radicular em profundidade; E com os seguintes objectivos:
Reduz o escoamento superficial Quebrar o calo de lavoura(crosta
de água e o risco de erosão; endurecida);
Aumenta o fornecimento de água, Permitir a infiltração de água para
ar, e nutrientes através dos as camadas profundas;
espaços porosos. O solo não pode Permitir a Ascenção capilar de
estar muito molhado, porque humidade;
senão a ponta não conseguirá Aumentar os espaços porosos do
desagregar o solo, apenas passará solo;
por ele. Penetração de correctivos e
As rodas tem como função básica fertilizantes;
controlar a profundidade do Diminuir a acidez do solo.
trabalho do implemento.

Polivalentes, têm baixo custo e Escarificadores de dentes


MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

rendimentos elevados; articulados de molas


Mobilizar o solo, sem revirar até duplas;
Escarificadores profundidades de ± 25 cm, __________________________ Escarificadores de dentes
Combate de infestantes, quadrados de dupla
principalmente as que se volta;
propagam por rizoma. Escarificadores pesados;
e
Escarificador de dentes
vibráteis (vibrocultores).

75
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
3.5 Exercícios de consolidação do capítulo III
1. O preparo do solo pode ter suas virtudes e seus defeitos nas diferentes
operações que á caracterizam no processo produtivo agrícola. Face a
esta afirmação responda o seguinte:
a) Em que operação (ões) se dá o processo denominado por
desmatamento? Justifique a sua resposta.
b) Em que fase (s) se dá o processo de desmatamento na (s)
operação (ões) por te escolhida (s) na alinha a? Justifique a sua
resposta.
c) Olhando para as tuas respostas da alinha a e b, que conclusão
podemos chegar quanto a mobilidade dos tractores existentes na
faculdade?
d) De forma suscinta diga qual seria o orgão responsável para a
flexibilidade do trabalho?
2. Qual é a importância do ângulo vertical e horizontal na preparação
do solo?
3. Imagine que você é um gestor de uma empresa agrícola e que
pretende comprar grades de discos com base na nomenclatura,
sendo que a mesma é representada por seguintes elementos: 15 x
35 "x 8/19. Diga qual seria o significado da representação
anterior?
4. Segundo a classificação (processos) dos equipamentos
responsáveis pelo destocamento, qual deles não aconselharia aos
camponeses a usarem e por quê?
5. Quais são as principais diferenças entre arados de aivecas e de
discos?
6. De acordo com o que você aprendeu sobre as funções da operacão
de subsoladores, explique oque aconteceria com uma determinada
cultura, se o plantio fosse realizado sem o uso deste implemento
agricola?
7. Porque se fazer um levantamento densométrico?
8. Calcule a estimativa do desempenho de um tractor de 160 HP de
potência, que trabalhará nas seguintes condições:
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Minutos por árvore, em casa classe de diâmetro (160 HP de


potência):

M1 M2 M3 M4
6 24 46 132
Concentração ou presença de cipós que afetam o tempo básico = 3;
O levantamento densométrico apresentou as seguintes
percentagens de madeiras duras: 20 % de madeiras; 40% de
madeiras e 80 % de madeiras; com a seguinte contagem de árvores
por hectare:
B N1 N2 N3 N4 D F
Faixa de diâmetro (cm) <30 30-60 60-90 90-120 120-180 >180
N° de árvores por 130 50 10 8 6 18 50
hectare

9. Determine a produção de máquinas com uso de correntões (sem


arrepios e com arrepios), com os seguintes dados apresentados: V
= 5km/h; c = 10000cm.
10. Com base nos dados abaixo apresentados e com informações
adqueridas na aula de campo, sobre os diferntes tipos de
equipamentos para preparação do solo, responda o seguinte:
a) Como seria a ordem correcta no uso das operações?
b) Quanto tempo será necessário para preparar o solo?
c) Que conclusão se pode chegar quanto ao número de dias?

EQUIPAMENTOS VELOCIDADES INFORMAÇÃO OUTRAS


AGRÍCOLAS DAS DOS ORGÃOS INFORMAÇÕES
OPERAÇÕES ACTIVOS RELEVANTES
Grade, correntão,
charrua, Aração = 1,4 ∅ 24" Área = 1000000 m2
escarificador. m/s 2 passadas. Número de dias
Enleiramento = propostos para
1,1 m/s Rabiça lavoura = 60
= 0.8 m/s Número de horas
Gradagem = 1,9 por dia = 9
m/s

77
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
CAPÍTULO IV: EQUIPAMENTOS DE DEPOSIÇÃO
DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS
Existem três formas de deposição dos órgãos vegetativos à considerar:

 Semeadores – sementes (fazem parte desse grupo as seguintes


culturas, arroz, milho, feijão, soja, trigo só para citar);
 Plantadores – tubérculos e raizes (fazendo parte as principais
culturas, batata, mandioca, inhame, entre outros);
 Transplantadores–mudas (encontramos a cebola, arroz eucaliptos,
entre outos).

Para este material didáctico falaremos dos Semeadores-adubadores, por


seguintes motivos, actualmente estes equipamentos agrícolas trabalham
em conjunto pela natureza das suas actividades (dosam e colocam no
solo as sementes e adubos ou fertilizantes a ser utilizado na cultura),
pela maior expansão na sua utilização no mundo, particularmente em
Moçambique por fazerem parte destes grupos, culturas consideradas de
segurança alimentar e de rendimento para a agricultura do sector
familiar.

Semear a base de equipamentos é muito antiga e foi usada pelos persas


(povo que construiu um dos grandes impérios da Antiguidade, surgido no
actual Irão no século VI a. C. estendeu-se pelo todo Médio Oriente), e
hindus (naturais da Índia), sendo que no Velho Continente (Europa) foi
adoptado no final do século XVII.

Os fertilizantes podem ser fertilizantes orgânicos (estrume animal e


vegetal, geralmente aplicados a granel) e fertilizantes inorgânicos
(químicos como ureia, super fosfatos, geralmente em forma sólida,
líquida e gasosa).
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

4.1 Classificação de semeadores-adubadores


Como já vimos os semeadoras-adubadoras são equipamentos
construídos para efectuar a deposição dos órgãos de espécies vegetais
que se reproduzem por sementes, isto é, para depositar as sementes no
solo a uma profundidade predeterminada de acordo com a planta
cultivada, e distribuir também os fertilizantes. As semeadoras-
adubadoras podem ser classificadas quanto ao tamanho da semente,
forma de distribuição das sementes, acionamento e mecanismo dosador.

4.1.1 Classificação quanto ao tamanho da semente


Podem ser classificadas em:
 Sementes graúdas (algodão, soja, milho, girassol, feijão, entre
outras);
 Sementes miúdas (arroz, trigo, centeio, cevada, entre outras).

4.1.2 Classificação quanto à forma de distribuição das sementes


Podem ser classificadas em:

 Semeadores-adubadores de precisão (a sementeira de precisão é


feita nas culturas de grãos graúdos, e em função do cultivar e das
características e da disponibilidade de água do solo é que se define
a população e o arranjo entre as plantas. Sendo assim, procura-se
a uniformidade de espaçamento entre as sementes na linha de 6 a
25 cm e no espaçamento entre linhas, de 35 a 90 cm). Como
ilustra a figura 49.

Fonte : SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 49: Semeador-adubador de precisão e os respectivos espaçamentos.

79
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
 Semeadores-adubadores de fluxo contínuo (indicada para
deposição de sementes de grãos miúdos, possuem uma largura de
trabalho variável de acordo com o número de linhas, com
espaçamento entre linhas de 15,8 a 17,5 cm). Ver a figura 50.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 50: Representação de um semeador-adubador de fluxo contínuo.

 Semeadores-adubadores a lanço aéreas e terrestres (as


sementes são jogadas aleatoriamente sobre a superfície,
normalmente são humedecidas para aumentar seu peso e permitir
o lançamento a distâncias maiores e depois são incorporadas por
uma grade leve). Ver a figura 51.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 51: Representação de um semeador-adubador a lanço aéreas e terrestres.

4.1.3 classificação quanto à forma de acionamento


Podem ser classificadas em:
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

 Semeadores-adubadores manuais (é um equipamento accionado


pelo homem, cuja utilização se dá, principalmente, no cultivo de
milho e hortaliças em propriedades caseiras, sobretudo nas áreas
onde o relevo dificulta o trabalho com animais e tractores). Ver a
figura 52.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 52: Representação de um semeador-adubador de acionamento manual.

 Semeadores-adubadores de tracção animal (é um equipamento


traccionado por animais. Sua utilização é caracterizada porbaixo
rendimento operacional, quando comparada à semeadora
tratorizada). Ver a figura 53.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 53: Representação de um semeador-adubador de accionamento animal.
 Semeadores-adubadores tractorizada (é um equipamento que o
seu deslocamento é dependente do tractor, podendo ser arrastado,
semi-montado e montado). Veja as figuras na classificação quanto

81
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
à forma de distribuição das sementes (figuras 49, 50 e 51
respectivamente).

4.1.4 Classificação quanto ao mecanismo dosador de sementes


Nos semeadores-adubadores em linha (fluxo contínuo ou de precisão), o
mecanismo dosador pode ser classificado como:
 Disco perfurado vertical ou inclinado e horizontal. Veja o
conjunto das figuras 54.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 54: Representação à esquerda do disco vertical e à direita do do disco
horizontal.

 Semeadores-adubadores a lanço aéreas e terrestres (o


mecanismo dosador pode ser classificado como rotor centrífugo.
Ver a figura 55.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 55: Representação do rotor centrífugo.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

4.1.5 Composição geral dos semeadores-adubadores

Fonte: Galucho (1996), adaptado pelo autor


Figura 56: Representação de semeadores-adubadores

 Tremonha (pode ter várias bem como feita de diverso material,


mais actualmente é fabricado em polietileno, conhecido como
plástico. A capacidade desta caixa pode variar em função do
tamanho do equipamento, sendo que, a tremonha de fertilizante
normalmente fica posicionado na parte dianteira e a tremonha de
sementes na parte traseira do semeador-adubador). Veja a figura
57.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 57: Representação das tremonhas de sementes e fertilizantes nos
semeadores-adubadores

83
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
 Dispositivo de controlo ou mecanismo de alimentaçao (existem
vários tipos de dispositivos. O mais usado é o sistema de
alimentação por rolo estriado por seguir um mecanismo do
sentido horário e também podemos encontrar um sistema de
alimentação externa forçada). Ver a figura 58.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 58: Representação à esquerda do rolo estriado e à direita alimentação
forçada.

 Variação de profundidade (os sulcadores ou segas do semeador


sua função é abrir um sulco onde a semente se vai alojar no solo.
As mais conhecidas são a sega de enxada, a sega de disco, a sega
em sapato, e a sega de dente). Veja a figura 59.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 59: Representação de diferentes tipos de segas.

 Tubo alimentador (conduz a semente e adubo para a sega). Ver a


figura 60.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 60: Representação de tipos de tubos alimentadores .

 Dispositivo de cobertura (O dispositivo de cobertura pode ser


uma simples corrente, que é puxada atrás da sega, atirando solo
sobre a semente, cobrindo-a, ou uma roda de pressão, que é uma
roda que segue o sulco aberto e compacta-o ligeiramente á volta da
semente). Ver a figura 61.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 61: Representação de tipos rodas compactadoras.

 Mecanismo de accionamento (O mecanismo de accionamento


transmite potência e movimento das rodas do semeador ao sistema
de distribuição, por correntes e engrenagens ou por correias, ou
mesmo pela combinação dos dois). Ver a figura 62.

85
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 62: Representação de accionamento através das rodas e engrenages.

 Dosadores de sementes de discos (geralmente a dosagem de


sementes é realizada por discos horizontais alveolados, que têm a
função de capturar, individualizar, dosar e liberar as sementes. O
dosador de sementes de discos horizontais é constituído por,
reservatório de sementes, possui o chapéu chinês montado
acima da base de distribuição para aliviar o peso das sementes
sobre os discos.Veja a figura 63. Disco perfurado de sementes,
responsável por capturar e conduzir as sementes, uma a uma, até
a abertura de saída. Veja a figura 64. Ejector (responsável por
garantir a saída das sementes no ponto de descarga. Pode ser
simples ou duplo e possuir vários formatos. Ver a figura 65.
Raspador (sua função é retirar o excesso de sementes que pode
haver durante a sua captação pelos discos. Os tipos mais comuns
são a haste e a de palheta articulada e escova fixa). Ver a figura
66. Disco de compensação – anel (é utilizado para compensar as
diferenças de espessura entre os discos e permitir o adequado
alojamento das sementes nos alvéolos. O anel varia quanto à
espessura e ao formato. Ver a figura 67. Disco de sustentação –
platô (sua função é actuar suportando o disco de sementes e o de
compensação). Ver figura 68.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 63: Representação de reservatório de sementes.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 64: Representação do disco perfurado de sementes.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 65: Representação do ejector.

87
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor
Figura 66: Representação do raspador.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 67: Representação do anel.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 68: Representação do platô.

 Dosadores de fertilizante (este mecanismo, juntamente com a


combinação das engrenagens da caixa transmissão, permite variar
a quantidade de adubo a ser distribuída no solo, de modo a suprir
as necessidades das principais culturas. Os dosadores que
equipam as semeadores-adubadores podem ser do tipo:
Helicoidal, mais comuns e a dosagem do adubo é determinada
pela combinação de engrenagens na caixa de transmissão e pelo
tipo de helicoide que está montado no mecanismo dosador. Ver
figura 69. Rotores dentados, tem os mesmos principios de
funcionamento dos discos das sementes. Ver figura 70.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 69: Representação dos dosadores de fertilizante do tipo Helicoidal.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 70: Representação dos dosadores de fertilizante do tipo Rotores
dentados.

 Riscadores (também chamados de marcadores de linhas, sua


função é permitir que, durante as passadas de ida e de volta do
semeador-adubador, o operador utilize os riscos feitos no chão
como guia e mantenha o espaçamento entre linhas uniforme). São
montados um de cada lado na estrutura do chassi do semeador-
adubador e seu accionamento pode ser feito por meio de roldanas,
correntes, cordas ou cilindro hidráulico de controlo remoto.
Importa dizer que, caso o tractor esteja operando com barra de
luzes ou piloto automático, com navegação assistida por sinal de
satélite, o sistema marcador só pode ser suprimido se o sinal for de
alta precisão. Fazem parte os seguintes elemetos:

89
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
1. Riscador em trabalho; 2. Riscador levantado; 3. Marca da
passagem anterior; 4. Marca de referência para a passagem
seguinte; 5. Marca que está a ser utilizada.

Também é representada pela seguinte formula:

Sendo que:
D - distância do riscador ao plano médio do semeador;
L - largura de trabalho (N E);
N - nº de linhas;
E - distância entre duas linhas consecutivas;
V - bitola do tractor.
Veja a figura 71.

Fonte: SENAR (2017), adaptado pelo autor


Figura 71: Representação dos marcadores de linhas.

4.1.6 Cálculos utilizados nos semeadores-adubadores


 Vazão/Saida prevista:

Sendo que:
Qp - vazão prevista (g/min);
V - velocidade operacional no campo (m/h);
L - lotação ou população (plantas/ha);
P - peso de 100 sementes (g);
E - espaço entre linhas da cultura (m);
Vt - vitalidade das sementes no solo (%).
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

 Peso das sementes:

Sendo que:
Ps – peso das sementes (g/m);
Qp - vazão prevista (g/min);
V - velocidade operacional no campo (m/min);

 Número de sementes:

Sendo que:
Ns - número de sementes (sementes/m);
Ps - peso das sementes (g/m);
Peso 1 semente (semente/g).

 Peso das sementes por há

Sendo que:
Ps/ha - peso das sementes por ha (Kg);
d - distância (m);
Ps - Peso das sementes (g/m).
Nota: Multiplicar o resultado final com a área a ser utilizada.

 Número de reabastecimento:

Sendo que:
Ps/ha - peso das sementes por ha (Kg);
P - peso das sementes contidas no reservatório (Kg)
Nota: P (Kg) = peso volumétrico (g/litro) reservatório (litro).

91
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

4.1.7 Factores que afectam o funcionamento dos semeadores-


adubadores
Os principais factores são:

 Quantidade do material dosado (fertilidade do solo, quantidade


de humidade disponível, controlo de ervas, cultivo e colheita);
 Uniformidade do material dosado (diferentes tipos de dosadores);
 Uniformidade da penetração do material dosado (preparo e tipo
do solo para sementeira, teor de humidade, temperatura,
compactação do solo sobre as sementes e formação de crostas).

4.8 Exercícios de consolidação do capítulo IV


1. Qual é a relação de dependência entre equipamentos para deposito
de orgãos vegetativos e equipamentos para aplicação de
fertilizantes?
2. Faça a discrição das partes constituintes de um semeador,
Plantadores, Transplantadores de uma forma mais resumida?
3. Quais são os procedimentos a seguir na calibração dos
semeadores, plantadores, transplantadores?
4. Dê exemplos de 5 culturas que se faz sementeira, planta-se e
transplanta-se?
5. Quais são os factores a ter em conta para fazer a correção a norma
de uma semeadora-adubadora accionada pela roda Motriz?
6. Na sua opinião para os equipamentos de distribuição de produtos
agrícolas que os órgãos de trabalho são accionados pela tomada de
força (potência), será que a qualidade de trabalho a ser feita
depende da óptima relação entre a velocidade de deslocamento da
máquina e a descarga do produto? Justifique.
7. Segundo os dados apresentados abaixo calcule:
a) Vazão/Saida prevista?
b) Peso das sementes?
c) Número de sementes?
d) Peso das sementes por há?
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

e) Número de reabastecimento?

DADOS GERAIS CARACTERÍSTICAS DAS CARACTERÍSTICAS DO


SEMENTES TRACTOR (OPERACIONAIS)
Propriedade: Fazenda, Nortor Ltd. Pureza: 96% Velocidade operacional: 3,0 km/h
Cultura a semear: Feijao Nhemba Poder germinativo: 80% No de linhas de sementeira: 5
Sistema de semeadura: Em linhas Teor de umidade: 16%
Área a ser utilizada: 14 há Peso volumétrico: 800 g/litro
Profundidade de plantio: 12 cm Vitalidade das sementes no solo: 70%
Espaço da cultura : 40 x 70 cm Peso de 100 sementes: 20 g
Lotação da cultura: 60000
plantas/ha

CAPÍTULO V: EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO


VEGETAL

5.1 Generalidades

Pelo perigo que a planta se possa perder nos vários estágios do seu
desenvolvimento e/ou crescimento, como resultado da acção de
predadores, ervas daninhas, doenças e outros, assim como ainda no
estágio da conservação do seu excedente, como os grãos nos armazéns,
usa-se então produtos para fazer a protecção.

Na "protecção vegetal" encontramos conceitos como:

 Herbicidas (para reduzir a competição de infestantes);


 Fungicidas (para minimizar a acção ou efeito dos fungos e suas
doenças);
 Insecticidas (para controlar vários tipos de insectos e suas pestes
e entre outros conceitos);
 Hormonas (para regular o crescimento das plantas);
 E para finalizar a pulverização (utiliza-se para aplicação de micro-
nutrientes como o manganês ou boro (para queimar ou destuir
talos e facilitar a colheita mecânica, ex: batata);

93
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
 Tecnologia de aplicação de agroquímicos (consiste na aplicação
dos conhecimentos científicos a um determinado processo
produtivo);
 A eficiência da aplicação (é a relação entre a dose teoricamente
requerida para o controlo e a dose efetivamente empregada,
geralmente expressa em percentagem;
 Capacidade de campo efectivo (conjunto mecanizado pode ser
estimada pelo produto da capacidade de campo teórica e a
eficiência de campo, na ausência de dados de eficiência de campo,
pode-se utilizar uma estimativa para as operações de aplicação o
intervalo de 60 a 75 %);
A formulação de agroquímicos consiste em preparar os componentes
activos na concentração adequada, e podem ser:

 Pó-seco-P (aplicação via sólida. Embora tenha sido importante no


passado, seu uso decaiu a partir do início da década de 70);
 Grânulos-Gr (ao contrário do pó-seco, todas as partículas do
grânulo veiculam o ingrediente activo);
 Pó-molhável-PM (é uma formulação sólida para ser diluída em
água e posterior aplicação via líquida mineral de argila);
 Pó solúvel-PS (formulação sólida destinada à diluição em água e
posterior aplicação via líquida. É pouco comum, pois o ingrediente
activo deve ser solúvel em água);
 Concentrado emulsionável-CE (é uma formulação líquida
destinada à diluição em água, também conhecida por emulsão);
 Solução aquosa concentrada-SAqC (é uma formulação líquida
para ser diluída em água, conhecida como saturação);
 Suspensão concentrada-SC (é uma formulação líquida para ser
diluída em água. surgiu para contornar as dificuldades
apresentadas pelo pó molhável);
 Ultra baixo volume-UBV (é uma formulação líquida de pronto uso
para aplicação em pulverização a ultra baixo volume);
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

 Grânulos dispersíveis em água-GRDA (são formulações


granuladas para serem diluídas em água);
 Outras formulações, Comprimido (CP); Tablete (TB); Pastilha (PA);
Pasta (PT), Fibras plásticas (FP).

Os parâmetros principais da mecânica de aplicação são:

 Espectro de gota (é a classificação das gotas, em percentagem de


volume ou de número de gotas, o qual é homogêneo quando todas
as gotas são do mesmo tamanho, e heterogêneo, quando o
tamanho das gotas é diferente);
 Faixa de deposição (define a quantidade de princípio activo ou de
gotas aplicadas por unidade de área, ao longo de uma faixa tratada
longitudinal e transversalmente. Essa distribuição de gotas na
faixa é de grande importância na análise de um tratamento);
 Tamanho de gota (a nuvem de gotas pode ser formada ou
composta de gotas grandes e/ou pequenas, homogêneas ou não.
Para se expressar numericamente o tamanho e a uniformidade das
gotas ou as características do fluxo pulverizado, utiliza-se de vários
parâmetros, o VMD/DMV e o NMD. O VMD e NMD = Diâmetro da
gota que divide o volume pulverizado em duas partes ou metades
iguais);
 Densidade de gota (refere-se à quantidade de gotas por unidade
de área. Esse parâmetro tem grande importância no controlo de
pragas e doenças, quando se utilizam na aplicação baixo e ultra -
baixo volumes.Herbicida - 20 a 30 gotas/cm2 com diâmetros de
200 a 300µ; Inseticida - 50 a 70 gotas/cm2 com diâmetros de 50
a 200µ; Fungicida - 70 a 100 gotas/cm2 com diâmetros de 100 a
200µ);
 Deriva das gotas-velocidade de queda livre (uma gota é o
resultado da acção do peso da gota e da resistência do ar no
movimento da mesma, quando cessa o seu impulso inicial de
lançamento);

95
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
 Evaporação (directamente influenciada pela temperatura e
humidade relativa do ar);
 Cobertura de penetração (é a capacidade do defensivo aplicado
atravessar as camadas externas da folhagem, atingindo os pontos
do interior da planta);
 Volume da Aplicação (a tendência actual é reduzir o volume de
líquido aplicado, o que leva à necessidade de gotas menores para
melhor cobertura);

Nota: O aumento da pressão acima da pressão recomendada pelo


fabricante, não leva necessariamente as gotas a uma distância maior.

5.2 Classificação dos equipamentos de protecção vegetal


Os equipamentos para a aplicação de agroquímicos são numerosos e
podem ser classificados segundo o material que aplica, assim sendo
teremos:

5.2.1 Polvilhador

O processo consiste em assoprar o pó sobre a área visada no tratamento,


logo a base da sua constituição é, reservatório (local onde se encontra
os agroquímicos), e sistema de ventilação (auxiliar de accionamento do
polvilhador).

Os polvilhadores costais manuais foram outrora muito utilizadas em


cafezais para o controlo da broca. Os polvilhadores de grande porte,
tractorizadas, foram empregadas na lavoura de algodão. Hoje, esses
equipamentos, praticamente não são usados, substituídos por outros
processos mais seguros e eficazes. Ver a figura 72.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Fonte: www.ebah.com.br , adaptado pelo autor


Figura 72: Representação de um Polvilhador.

5.2.2 Granulador
Ao contrário do que ocorre com o polvilhador, o uso de granuladores vem
crescendo, é mais simples pois dispensa o ventilador e aplica os
grânulos. A aplicação também pode ser efectuada a lanço, Neste caso, há
necessidade de um ventilador. (citrinos). Para o caso de controlo de
lagartas (Spodoptera frugiperda) que atacam as gramíneas (milho, sorgo)
a saída pode ser direccionada das plantas. Ver a figura 73.

Fonte: www.ebah.com.br , adaptado pelo autor


Figura 73: Representação de um Herbicida Granulado.

5.2.3 Nebulizador
Utiliza o produtos químicos a base de neblina, este tipo de equipamentos
economicamente não são recomendados para agricultura do sector
familiar, caracteristica de agricultura em Moçambique, pois, empregam

97
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
uma tecnologia avançada e tem um elevado custo operacional, devido ao
consumo excessivo de combustível. Ver a figura 74.

Fonte: www.ebah.com.br , adaptado pelo autor


Figura 74: Representação de um Nebulizador.

5.2.4 Fumigadores
É um dispositivo que aplica os agroquímicos por via gasosa ou em fomato
de fumaça, tem muita apliacação na área de apicultura. Ver a figura 75.

Fonte: www.ebah.com.br , adaptado pelo autor


Figura 75: Representação de um Fumigadores.

5.2.5 Pulverizador
Equipamentos mais usados, nos quais os líquidos (gotas) são bombeados
sob pressão através de bicos e explodem ao serem lançados contra o ar,
por descompressão. Bicos (subdividir o líquido em gotículas e distribuí-
las, de forma uniforme, sobre toda superfície da área foliar a ser tratada).
Os bicos mais usados na agricultura são:

 Bicos Cônicos (são os mais recomendados na aplicação de


inseticidas, fungicidas e herbicidas de contacto, são conhecidos
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

dois tipos de bicos de cone, Tipo Disco, que opera a pressão


elevada e é indicado para aplicação de suspensões, como é o caso
da calda cúprica; Tipo Ponta, que opera a menor pressão e
apresenta pulverização mais fina. É recomendado para aplicação
de emulsões e soluções). Ver a figura 76.

Fonte: www.ebah.com.br , adaptado pelo autor


Figura 76: Representação de Bicos Cônicos:

 Bicos de Leque (estes bicos lançam a pulverização sob a forma de


leque). Ver a figura 77.

Fonte: www.ebah.com.br , adaptado pelo autor


Figura 77: Representação de Bicos de Leque.

 Bicos de Impacto (“Floodjet”), são de uso corrente na aplicação


de herbicidas, devido à produção de gotículas grandes, que
apresentam menor arraste pelo vento. Ver a figura 78.

99
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Fonte: www.ebah.com.br , adaptado pelo autor


Figura 78: Representação de Bicos Floodjet

Os tipos de pulverizadores são:

 Manuais (geralmente costais que apresentam um rendimento de


10 a 20m2/bico). Ver a figura 79.

Fonte: www.ebah.com.br , adaptado pelo autor


Figura 79: Representação de um Pulverizador Costal Manual.

 Motorizados (são do tipo costais motorizados, cujo bombeamento


do fluido é feito por um motor 2 tempos de alta rotação.
Apresentam um rendimento de 60 a 100 m2/bico). Veja a figura
80.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Fonte: embrapa.br , adaptado pelo autor


Figura 80: Representação de um Pulverizador Costal Motorizado.

 Tractorizados (possuem reservatórios que variam de 400 a 5000


litros de capacidade. Ver a figura 81.

Fonte: www.ebah.com.br , adaptado pelo autor


Figura 81: Representação de um Turbopulverizador.

As principais formas de aplicação dos agroquímicos nos pulverizadores


são:
 Alto Volume: Aplica-se 500 a 3000 litros/ha com gotas de 0,3 a 3
mm de diâmetro. Utilizam-se os Pulverizadores Costais.
 Baixo Volume: Aplica-se 10 a 150 litros/ha com gotas de 100 a
250 µ de diâmetro. Utilizam-se os Pulverizadores Tractorizados.

101
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
 Ultra Baixo Volume: Aplica-se até 5,0 litros/ha com gotas de
diâmetro menor que 10µ. Utilizam-se os Atomizadores.

Se destacam os seguintes cálculos nos Pulverizadores:

 Tamanho do Reservatório:

Sendo que:
T - Capacidade do tanque (litros);
L - Comprimento da faixa a ser tratada (m);
b - Largura da faixa de trabalho (m);
Q - Vazão máxima dos bicos (g/min).

 Capacidade da bomba:

Sendo que:
P - Capacidade da bomba, (kg/min);
D - Quantidade aplicada por hectare, (kg/ha);
b - Largura de trabalho, (m);
V - Velocidade de trabalho, (km/h);
z - Número de elementos de trabalho.

5.2.1 Quanto a fonte de potência


Como já podemos ver, estes são classificados em, Manuais (costais e
peito); De tracção animal; Motorizados; Tractorizados. Também podemos
encontrar os Autopropelidas; Aéreas (aviões e helicópteros).

5.2.2 Quanto ao acoplamento


Geralmente podem ser classificados em Montados e de Arrasto.

5.2.3 Quanto ao tipo de veículo utilizado


Representado pelo seguinte quadro:
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Veículo Forma de Tipo de Tipo de trabalho


aplicação máquina

Em pó Polvilhador Manual, motorizados


e aéreos.
Sólido Em grânulos Granuladores Manuais, tractorizado,
aéreo e animal.
Por veia líquida Fumigadores Aplicação de
Líquido formicidas.
Gotas> 150µ Pulverizadores Manuais costais,
motorizados e aéreos
Gotas 50 – Atomizadores Tractorizados, aéreos
Gasoso 150µ e manual.

Gotas < 50µ Nebulizadores Tractorizados.

5.3 Nomenclatura de um equipamento de protecção vegetal


A maneira usual de se denominar os equipamentos deste grupo tem sido
por meio do uso de três palavras:

 A primeira (indica a função da máquina, isto é, o que aplica);


 A segunda (indica a forma de deslocamento);
 A terceira (a maneira de accionamento).

5.4 Exercícios de consolidação do capítulo V.


1. Faça a nomenclatura de um certo equipamento de protecção
vegetal que é caracterizado pelo parâmetro de cobertura de
penetração?
2. Qual (ais) é (são) o (s) elemento (s) comum (uns) que podemos
encontrar nos cálculos (formulas) no dimensionamento dos
pulverizadores?
3. Qual é a relação que podemos encontrar entre a formulação de
agro químicos e os bicos dos pulverizadores?

103
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
4. Qual (ais) é (são) o (s) parâmetro (s) que é (são) usado (s)
actualmente para definir a eficiência da aplicação?
a) O que difine os parâmetros da mecânica de aplicação?
5. O aumento da pressão acima da pressão recomendada pelo
fabricante, não leva necessariamente as gotas a uma distância
maior. Justifique?
6. Qual é o objectivo central de se classificar os equipamentos de
protecção vegetal?
a) Faça a classificação do equipamento de protecção vegetal a usar
com base nas seguintes culturas: cafezais, citrinos e cajueiro?

CAPÍTULO VI: EQUIPAMENTOS DE IRRIGAÇÃO

6.1 Generalidades
O fornecimento de água, devidamente distribuído, è necessário para a
eficiência técnica em explorações agrícolas. Em produção agricola não
se pode depender somente da água canalizada, pois o mesmo acarecta
custos avultados e não só, sendo por isso importante a instalação de
uma estação de bombagem onde exista uma fonte adequada de água. Há
no entanto o perigo de poluição de muitas fontes. O caudal necessário
por dia, é um factor que depende em larga escala do tipo de exploração.

6.2 Principais tipos bombas


Existem muitas bombas modernas para operação com motores de
combustão interna ou moto-bombas, para este material didáctico
falaremos de três tipos principais, nomeadamente:

 Bombas a Pistão ou Reciprocas (composto por um pistão em


movimento dentro de um cilindro denominado de camisas, que
são peças encaixadas no bloco. Este movimento conjugado com um
sistema de válvulas, permite levantar água de um nível para outro,
sendo que, o volume do cilindro é pequeno, com um deslocamento
do volume por cada tempo na ordem dos 0,04 Lts e a bomba é
invariavelmente horizontal de dupla acção (instalação de dois
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

rotores), as Tem uma instalação típica com um motor de 1 HP


(0,25 Kw) dará uma descarga de 1350 Litros/h com uma altura
total de 36 metros). Ver a figura 82.

Fonte: http://tecalim.vila.bol.com.br , adaptado pelo autor


Figura 82: Representação de uma Bomba a Pistão.

 Bombas Centrífugas (consistem geralmente num impulsor que se


movimenta dentro de um corpo ou invólucro, especialmente
projectado para aumentar a pressão criada pelo impulsor em
rotação; estas bombas operam no mesmo princípio dos
ventiladores. os tipos simples não são tão eficientes como as
bombas a pistão, mas têm a vantagem de ser menos complicadas e
de menor manutenção; estas bombas por vezes podem ter vários
estágios afim de se poder aumentar a pressão e a descarga; neste
tipo, sobre o mesmo veio são montados dois ou mais impulsores,
de tal maneira que a descarga do primeiro é alimentada na sucção
do segundo, havendo com isto um aumento da pressão em cada
estágio). Ver a figura 83.

105
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
Fonte: http://tecalim.vila.bol.com.br , adaptado pelo autor
Figura 83: Representação de uma Bomba Centrífuga.

 Bombas Eléctricas Submersíveis (são bombas perfeitas e


eficientes, geralmente empregues em poços fundos e onde haja
electricidade disponível, a unidade consiste de uma bomba e motor
que são montados dentro da água e presos ao tubo de descarga; A
bomba é montada acima do motor, onde o cilindro de liga metálica
afim de proteger o estator, da água. O rotor é de metal não
corrosivo e é imerso na água, sedo que, a corrente eléctrica é
conduzida para o motor por cabo protegido à prova de água e o
controlo pode ser por interruptor on-off ou então por sistemas
automáticos. A grande vantagem é a sua facilidade de instalação,
com um diâmetro externo desta unidade raramente ultrapassa 6"
ou 150 mm e é facilmente baixada no poço e retirada dele para
serviços de manutenção). Ver a figura 84.

Fonte: http://tecalim.vila.bol.com.br , adaptado pelo autor


Figura 84: Representação de uma Bomba Eléctrica Submersível.

6.3 Factores de selecção de uma bomba


Os principais factores são:

 Custos iniciais (podem ser baixos ou altos dependendo do tipo da


bomba e dos objectivos da operação);
 Eficiência mecânica do equipamento (directamente ligada a
projecção do tipo da bomba e a adaptação a mesma a certas
especificações do campo, como declive entre outros);
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

 Fonte de água (se o reservatório está perto ou longe dos campos


de produção agrícola);
 Volume de água a ser bombado (directamente ligada a projecção
do tipo da bomba, existem volume do cilindro pequeno, médio e
grande);
 Fonte de potência (também esta directamente ligada a projecção
do tipo da bomba, pois existem bombas com motor pequeno, médio
e grande);
 Altura total ou manométrica (HT = H1 + H2 + H3 , sendo que,
H1- altura de sucção, que consiste em um nível dinâmico da captação e
o bocal da bomba, esta altura não pode exceder os 8 m de coluna de
água. H2- altura de descarga, conhecida como altura geométrica,
que é, a diferença física de altura entre o nível de líquido no
reservatório e o ponto mais alto do tubo de descarga. H3- altura
de perdas, muitas vezes por fricção/atrito do volume contra as
paredes da tubulação).

6.4 Rendimento de uma bomba


Os rendimentos a considerar de uma bomba são:

 Rendimento hidráulico (leva em consideração o acabamento


superficial interno das paredes do rotor e da carcaça da bomba);
 Rendimento volumétrico (leva em consideração a recirculação e o
vazamento existente na caixa de vedação quando for com estojo de
gaxetas);
 Rendimento mecânico (leva em consideração que, da potência
necessária ao adicionamento da bomba, apenas uma parte é,
efectivamente empregada para o acto de bombear. Parte desta
potência necessária será utilizada para vencer as resistências
passivas da bomba).

107
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
6.5 Equipamentos de irrigação
Para este material, os equipamentos de irrigação vão basicamente
depender de dois tipos de rega:

 Rega por aspersão (água é distribuída no solo sob a forma de


chuva, com elevada exigência de pressão e caudal, e uma
utilização com aspersores);
 Rega por gota a gota (água é distribuída por gotejamento em
pontos do solo com menor exigência de caudal e pressão e
utilização de gotejadores).

Os principais equipamentos de irrigação são:

 Aspersores (os emissores de água num sistema de rega são


designados por aspersores ou pulverizadores. Os emissores
estáticos de cabeça são designados por pulverizadores. Os
emissores rotativos em torno do eixo vertical são designados por
aspersores). Os aspersores tem tipicamente uma pressão ideal de
serviço 3.5 bar e o seu o seu raio de acção varia entre, 6 m e 25 m
valores em função da pressão e do modelo, indicados nas tabelas
dos fabricantes). Ver a figura 85.

Fonte: Fabrimar (2015) , adaptado pelo autor


Figura 85: Representação de um Aspersores.

 Gotejadores (os gotejadores são emissores que distribuem a água


sob a forma de gota a gota, funcionando a baixa pressão, sendo o
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

intervalo ideal de funcionamento de 1.0 a 1.5 bar. O caudal é


muito reduzido não ultrapassando tipicamente os 12 L/h. Os
gotejadores são aconselhados para regarem caldeiras das árvores,
floreiras, pequenos canteiros ou pequenas superfícies, sendo a
implantação feita por planta, estão tipicamente montados em
tubos de polietileno de 16 mm de diâmetro, com espaçamento
constante). Ver a figura 86.

Fonte:
Fabrimar (2015) , adaptado pelo autor
Figura 86: Representação de um conjunto de Gotejadores.

 Filtros (no início do abastecimento de água a um sistema de rega é


necessário implementar filtros, para que o lixo que a água para
rega possa conter ficar retido e não entupir os aspersores e
gotejadores). Ver a figura 87.

Fonte: hidraulicart.pt. , adaptado pelo autor


Figura 87: Representação de Filtros.
 Programadores de Rega (para uma gestão eficiente dos tempos de
rega e da água quantidade de água disponível para regar é
necessário dividir em zonas as rega em sectores. A existência de

109
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
diferentes emissores ou tipos de rega, também origina a criação de
sectores, devido a tempos de rega diferentes. O controlo da rega da
sectores faz-se através de electroválvulas e um programador que as
controla. A escolha do programador depende de, número de
electroválvulas/sectores, se é para uso exterior ou interior e
quantas regas por dia se pretendem fazer). Ver a figura 88.

Fonte: macolis.pt. , adaptado pelo autor


Figura 88: Representação de Programadores de Rega.

 Electroválvulas (As electroválvulas usadas em sistemas de rega


são do tipo normalmente fechadas. Através de um impulso
eléctrico permitem controlar o fluxo de água num determinado
sector de rega. A sua implementação deve ter em vista melhor
distribuição da água no sector). Ver a figura 89.

Fonte: macolis.pt. , adaptado pelo autor


Figura 89: Representação de Electroválvulas.
 Tubagem em PE/Polietileno (os tubos mais utilizados nos
espaços verdes são tubos designados por PEAD/politelieno alta
densidade.O diâmetro nominal é expresso em mm (diâmetro
exterior). Os tubos são fornecidos em rolos de 50 m ou 100 m de
comprimento). Ver a figura 90.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Fonte: pt.made-in-china.com , adaptado pelo autor


Figura 90: Representação de diversos tipos Tubulações.

6.6 Factores da escolha dos equipamentos de irrigação


Depende dos seguintes factores:

 Tipo de rega (tipo de cultura, tipo de solo, custo inicial, custo de


operação e manutenção);
 Tipo de bomba (objectivos e área máxima a ser irrigada na
exploração).

6.7 Exercícios de consolidação do capítulo VI


1. Com base na tabela abaixo representada, faça uma
discriminação dos diferentes tipos de bombas por te estudados e
os seus rendimentos?
Tipo de Rendimento Rendimento Rendimento
bomba hidráulico mecânico volumétrico

2. Na selecção de uma bomba porque é importante determinar as


alturas (H)?

111
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
3. Qual é a importância dos rendimentos de uma bomba na
exploração agrícola?
4. Em que se baseia o princípio de funcionamento de uma
determinada bomba?
5. Além das bombas por você estudadas, existem outras que podem
ser empregues na produção agrária, se sim, como funcionam?
6. Discuta todos factores que podemos encontrar na selecção de
uma bomba?
7. Qual é a diferença que existe entre caudal e Potência útil da
bomba?
8. Qual é a função das curvas características das bombas para uma
dada rotação. E oque elas indicam?
9. Quais são os principais elementos a fornecer para aquisição de
uma bomba?
10. Porque é a força centrífuga é a responsável pela maior parte da
energia que o liquido recebe ao atravessar a bomba?
11. Qual a vantagem das bombas de múltiplo estágio?
12. Qual são as aplicações indicadas para turbobombas de rotor
fechado e de rotor aberto?
13. De que factores depende a escolha dos equipamentos de
irrigação e qual é a diferença entre eles?

CAPÍTULO VII: EQUIPAMENTOS DE COLHEITA

7.1 Generalidades
A colheita foi realizada de forma manual, assim como as demais
actividades Agricolas nos tempos mais antigos.Actualmente, devido ao
crescimento populacional e o a diminuição de mão-de-obra para se
trabalhar no campo, as actividades passaram a ser mecanizadas.

Grande parte das culturas, necessitam que o orgão vegetativo se separe


da planta ou do substrato. Por isso a necessidade de estudar diferentes
tipos de equipamentos de colheita. Neste material didáctico falaremos
dos equipamentos de colheita de grãos, que podem ser:
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

 De arrasto (geralmente acoplada a um tractor). Ver a figura 91.

Fonte: Balastreire (1990), adaptado pelo autor


Figura 91: Representação do equipamento de colheita de grãos do tipo arrasto.

 Montadas (motor independente traccionada pela barra de tracção


do tractor). Ver a figura 92.

Fonte: portuguese.alibaba.com , adaptado pelo autor

 Combinadas (realiza as seguintes operações, 1-Corte, retirada do


grão no campo de produção agrícola. 2-Trilha, passagem do grão
da operação de corte para separação. 3-Separação, debulhar o grão
da palha. 4-Limpeza, peneiração dos grãos. 5-Armazenamento,
colocar os grãos nos sacos). Ver a figura 93.

Figura 92: Representação do equipamento de colheita de grãos do tipo montado.

113
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE

Fonte: portuguese.alibaba.com , adaptado pelo autor


Figura 93: Representação do equipamento de colheita de grãos do tipo
combinado.

7.2 Tipos de colheita de grãos


Manual:
 Rendimento extremamente baixo para grãos;
 Menor perda de grãos comparada a colheita mecanizada;
 Selectividade dos grãos;
 Isenção de danos mecânicos em sementes;
 Antecipação do momento da colheita.

Colheita Manual-Mecânica:
 Corte e recolhimento por máquinas com trilha manual;
 Corte e colecta manual e trilha mecânica;
 Menor emprego de mão-de-obra;
 Possibilidade de secar a cultura no campo.

Colheita Mecânica:
 As operações básicas da colheita mecânica, tais como, corte, trilha,
separação, limpeza e armazenamento são executados
mecanicamente;
 Alto rendimento;
 Menor emprego de mão-de-obra.
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Nota: Para operacionalização da colheita mecânica é necessário ter


dinheiro para comprar equipamentos e ter pessoas que sabem trabalhar
com os mesmos.

7.3 Factores a ter em conta na colheita mecânica dos


grãos

Humidade dos grãos:


 Humidade elevada (resistência mecânica baixa dos grãos);
 Humidade muito baixa (pouca elasticidade dos grãos);

Nota: Para saber a humidade ideal de grãos de uma certa cultura usa-se
Higrómetro.

Uniformidade da lavoura:
 Dependente da declividade do terreno, ela permite ter o mesmo
desenvolvimento/crescimento de plantas, o que poderá facultar a
maturação dos grãos da cultura ao mesmo tempo;
Nota: Uniformidade da lavoura começa na escolha da variedade a ser
cultivada.

Habilidade do operador:
 Conduzir o equipamento agrícola;
 Operar equipamentos electrônicos;
 Efectuar as regulagens necessárias;
 Observar as mudanças nas condições das culturas;
 Observar possíveis falhas nos mecanismos;
 Efectuar a manutenção do equipamento.

Nota: A função de um operador é o mesmo de um tractorista, apenas de


salientar, que um operador de equipamentos agrícolas é o mais completo.

115
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
7.4 Exercícios de consolidação do capítulo VII
1. O esquema abaixo mostra as diferentes etapas que pode seguir
uma determinada gramínea num processo de produção,
analisando o mesmo responda o seguinte:
a) Em que etapa existe perdas de grãos e por quê?
b) Qual das etapas contribui mais para a qualidade dos grãos e
por quê?
c) Quando se colhe grãos com elevadas humidades e baixas
humidades da óptima recomendada oque acontece?
d) Porque é importante estudar as perdas de colheita neste
capítulo e quais são os factores que estão associados com as
perdas de colheita?

2. Como é que a escolha da variedade a ser cultivada pode afectar na


uniformidade da lavoura?
3. De forma clara e objectiva diga que operações básicas da colheita
mecânica, vocês não usariam na colheita manual? Justifique a sua
resposta.
4. Oque você entende por ceifeira debulhador?
a) Quais são as vantagens e desvantagens das ceifeira debulhadora

5. Quando se diz que um Equipamento de colheita é uma


combinada?
6. Qual é o processo de funcionamento e manuseamento de outras
máquinas de colheita que podemos encontra na produção agrícola?
7. Na sua opinião, quais são os aspectos posetivos e negativos que
devemos reter na classificação de máquinas de colheita?
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

CAPÍTULO VIII: MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS


AGRÍCOLAS

7.1 Generalidades
Os Equipamentos Agrícolas são submetidos durante ao seu trabalho e
parqueamento, a presença de muita poeira e contacto com o solo. Podem
ser lubrificadas a cada turno de trabalho e objecto de rigorosa análise
em todas as partes móveis para corrigir qualquer problema que pode
existir.

Manutenção, conjunto de procedimentos que visam manter nas


melhores condições de funcionamento os equipamentos agrícolas e
prolongar-lhes a vida útil, através de lubrificação, ajustagens, revisões e
protecção contra agentes que lhes são nocivos (armazenamento).

A manutenção esta directamente envolvida com o processo de falha do


equipamento. Para isso a função da manutenção é conhecer e dominar
estes processos de falha e saber quando e como intervir para atender as
necessidades dos usuários.

7.2 Tipos de Manutenção


Manutenção preventiva (baseada no tempo), onde os procedimentos
executados na manutenção preventiva, podem ser:

 Lubrificação (processo utilizado na aplicação de uma camada,


conhecido como óleo lubrificante que pode ser apresentado nos
três estados físicos da matéria ou em misturas destes, com
objectivo de reduzir o atrito e o desgaste entre duas superfícies
sólidas em movimento relativo separando-as parcialmente ou
completamente e também ajuda a retirada do calor em todo o
sistema de funcionamento);
 Ajuste da tensão de correias (responsável por transferir força e
movimento de um ponto até outro, o importante neste aspecto é,

117
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
deixar sempre com tensão correcta indicada pelo fabricante e estar
sempre bem ventilado para que não haja superaquecimento);
 Aperto de porcas e parafusos (o que garante a vida útil de um
certo equipamento são os elementos que a compõe, bem como o
fabricante ou marca para saber da qualidade das suas peças, pois,
cada uma tem suas especificações de funcionamento, por isso é
importante entender quando e como fazer o tal aperto,
principalmente quando o equipamento ainda não foi usado no
campo de produção agrícola);
 Trocas de filtros (as trocas periódicas são fundamentais para o
bom funcionamento do motor e por consequente uma redução no
consumo de combustíveis, nesta caso as máquinas agrícolas).

Normalmente, os procedimentos adoptados nesse tipo de


manutenção seguem os seguintes intervalos:

 Manutenção diária ou a cada 10 horas de trabalho, geralmente


para a lubrificação e aperto de porcas e parafusos;
 Manutenção semanal ou a cada 50 horas de trabalho, geralmente
para ajuste da tensão de correias;
 Manutenção mensal ou a cada 250 horas de trabalho, alguns
fabricantes recomendam a esta hora a limpeza ou trocas de filtros;
 Manutenção semestral ou a cada 500 horas de trabalho,
considerado ideal para a troca de filtros);
 Manutenção anual ou a cada 1000 horas de trabalho.

Nota: Dentre as manutenções citadas, a manutenção preventiva é mais


importante e é a manutenção que demanda maior número de cuidados,
usando o termo mais popular podemos dizer "antes prevenir que
remediar".

Manutenção correctiva (reparo após a falha), subdivide-se em:

 Correctiva Paliativa (consiste na intervenção após a falha);


MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

 Correctiva Curativa (também consiste na intervenção após a


falha, mas visa ao restabelecimento da função total);
 Correctiva Não-Planeada (acontece de forma inesperada, sendo o
objectivo restabelecer rápido a função);
 Correctiva Planeada (intervenção é feita em momento previamente
programado com e com todos os recursos necessários).

Manutenção Preditiva (baseada na condição), o objectivo deste tipo de


manutenção:

 É de prevenir falhas nos equipamentos ou sistemas através de


acompanhamento de parâmetros diversos, permitindo a operação
contínua do equipamento pelo maior tempo possível.

A aplicação correcta de um programa de Manutenção Preditiva pode


trazer os seguintes benefícios:

 Disponibilidade máxima dos equipamentos;


 Planeamento efectivo da mão-de-obra;
 Reposição de peças do estoque;
 Segurança operacional;
 Qualidade da manutenção e gerenciamento global.

Manutenção Detectiva (teste para detecção de falhas), é a actuação


efectuada em sistemas de protecção ou comando, buscando detectar
falhas ocultas ou não perceptíveis ao pessoal de operação e manutenção.

A Manutenção Detectiva também é conhecida como TDF – Teste para


Detecção de Falhas, consiste na inspecção das funções ocultas, a
intervalos regulares, para ver se tem falha e reacondiciona-las em caso
de esse tipo de manutenção é relativamente novo, surgiu partir da
década de 90, e por isso mesmo ainda é muito pouco conhecido.

119
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
Assim como a manutenção preditiva, a manutenção detectiva gera
correctiva planeada, ou seja, uma vez detectada a falha, é programada a
sua correcção.

Manutenção Produtiva (Proactiva), aplica inúmeras técnicas e


ferramentas de análise para alcançar níveis de desempenho superior dos
equipamentos.

Neste manutenção deve actuar em todos os estágios da vida de um


equipamento, podendo ser aplicado em conjunto com os métodos
anteriores, procurando o aumento da confiabilidade. Os conceitos da
Manutenção Produtiva estão em sintonia com os conceitos actuais da
manutenção.

7.3 Vantagens de manutenção em equipamentos agrícolas

 Diminuição do número total de intervenções;


 Aumento considerável da taxa de utilização anual dos sistemas de
produção e de distribuição;
 Diminui o índice de falhas mecânicas;
 Garante que, no mínimo, os equipamentos atinjam a sua vida útil;
 Proporciona maior valor residual ao final da sua vida útil.

Nota: O abastecimento de água do radiador deverá ser realizado


diariamente com água limpa e de preferência com o motor frio.

7.4 Exercícios de consolidação do capítulo VII.


1. Em breves palavras, diga oque caracteriza as diferentes
manutenções do tractor?
2. Existe relação entre Manuntenção e Higiene e Segurança no
Trabalho Agrícola (HST), principamente com Equipamentos
Agrícolas? Justifique a sua resposta.
3. Os diferentes equipamentos agrários são responsáveis pela maioria
dos acidentes de trabalho agrícola e florestal. Existe uma grande
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

diversidade de ferramentas, implementos e máquinas que são


utilizadas pelo trabalhador em várias tarefas.
a) Quais são os riscos nestas tarefas?
b) Quais são as principais causas dos acidentes?
c) Regras básicas de prevenção?
4. Com os conhecimentos adquiridos no estudo sobre tipos de
manuntenções de Equimentos Agrícolas, complete a tabela abaixo?
TIPO DE OBJECTIVO VANTAGENS DESVANTAGENS
MANUTENÇÃO
1 Garante o valor 2 3
residual
Redução de
4 5 intervenção de 6
outras
manuntenções
Inspecção das
7 8 funções 9
ocultas
Correctiva 10 11 12
Aumento dos
13 14 15 custos
operacionais

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MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE
REFERÊNCIAS
FERNANDES, H. C. (2010). Mecânica e Mecanização Agrícola.
Universidade Federal de Viçosa/Departamento de Engenharia Agrícola -
DEA/UFV.

FILHO, A. G. S; DOS SANTOS, J.E. G. G. (2001). Apostila de Máquinas


Agrícolas. Universidade Estadual Paulista – Unesp, Campus Universitário
De Bauru, Faculdade De Engenharia, Departamento De Engenharia
Mecânica.

YAMASHITA, L. M. R. (2010). Mecanização Agrícola. Instituto Federal


Amazonas – IFAM.

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