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Helena Melo

Departamento de Matemática
Universidade dos Açores
ISOMETRIA

É uma transformação que preserva a


distância entre pontos.
pontos

Preserva: Colinearidade e ordem dos pontos


A li d d
Amplitude da â
ângulos
l

Relações de paralelismo e
perpendicularidade
Algumas propriedades da isometria:

Se fixa dois pontos distintos, então fixa ponto


a ponto a recta que os dois pontos determinam.

Se fixa três pontos não colineares, então


fixa todos os pontos do plano,
plano ou seja
seja,
a isometria é a identidade, Id.

Uma isometria fica univocamente definida


pelo conhecimento dos transformados de
três pontos não colineares.
REFLEXÃO
Uma reflexão de eixo r no plano é uma isometria (um
movimento rígido) que transforma um ponto P numa sua
imagem P’, tal que a distância do ponto ao eixo de reflexão é
igual a distância da imagem deste ponto a este mesmo eixo.
O ponto e o seu transformado definem uma recta
perpendicular ao eixo de reflexão.
O eixo de reflexão é a mediatriz do segmento de recta [PP’].

P F P’

Rr PF = FP’
r
Rr(P) = P’ PP’ ⊥ r
P
Propriedades
i d d d da REFLEXÃO

Fixa pontualmente o eixo de reflexão.

Fixa qualquer recta perpendicular ao eixo de reflexão,


reflexão
mas não pontualmente.

É uma isometria oposta (imprópria),


( ó ) pois inverte a
orientação no plano.

A composição de duas reflexões não é uma


reflexão.

A composição de duas reflexões de mesmo eixo


é a identidade.
identidade
P
Propriedades
i d d d da REFLEXÃO
A composição
i ã dde dduas reflexões,
fl õ em geral,
l não
ã é
comutativa, a não ser que os eixos sejam coincidentes
ou perpendiculares.
perpendiculares
Rr º Rs = Rs º Rr ⇔ r = s v r ⊥ s

Uma isometria que preserva a orientação no plano


é no m
máximo
m a composição
mp ç de duas u reflexões.
f .

Uma isometria é no máximo a composição de


três reflexões.
P
Propriedades
i d d d da REFLEXÃO

A composição de três
ê reflexões de eixos
pertencentes a um mesmo feixe é uma reflexão
cujo eixo pertence a este feixe.
feixe

Exemplo: [ABC] é transformado


em [A’B’C’]
’ ’ ’ pela
l reflexão
fl d
de eixo a,
por sua vez [A’B’C’] é
transformado em [A”B”C”] pela
reflexão
fl ã de d eixo
i b,
b e [A”B”C”] é
transformado em [A’”B’”C’”] pela
reflexão de eixo c, onde a,b,c
pertencente ao feixe por O.O
Obtemos o transformado
[A’”B’”C’”] pela reflexão de eixo d,
que pertence ao feixe por O.O
TRANSLAÇÃO
A translação definida por um vector AB é a transformação
que a cada ponto C do plano faz corresponder um ponto D tal
que
que:
CD = AB

C D

AB
A B

Tv = TAB

TAB (C) = D
P
Propriedades
i d d d da TRANSLAÇÃO

A translação trivial (vector nulo) é a identidade.

A ttranslação
l ã não
ã trivial
t i i l não
ã fixa
fi os pontos.
t

T v , v ≠ 0 , fixa,
fi não
ã pontualmente,
t l t qualquer
l recta
t com
a direcção de v .

Preserva direcções.

É uma isometria directa (própria),


pois conserva a orientação no plano.
p p
P
Propriedades
i d d d da TRANSLAÇÃO

A composição de duas translações


é uma translação.

A translação é a composição de duas reflexões


d eixos
de i s paralelos,
l l s cuja
j distância
distâ i entre
t eles
l sé
metade do vector de translação e estes eixos
são ortogonais ao vector de translação.
translação

O conjunto
j das translações
ç munido da operação
p ç
composição é um grupo comutativo.
ROTAÇÃO
A rotação de centro O e amplitude α é uma isometria que fixa o
ponto O e transforma um ponto P distinto de O (o centro) num
ponto P' tal que |OP| = |OP'| e cujo ângulo orientado ∠(OP, OP’ )
tem amplitude
li d α .

P’
α
O P
α
RO
α
RO (P) = P’
P
Propriedades
i d d d da ROTAÇÃO

A rotação trivial (amplitude nula) é a identidade.

A rotação
t ã nãoã ttrivial
i i l fixa
fi um só
ó ponto
t que é o
centro da rotação.

A rotação não trivial fixa, não pontualmente,


qualquer recta que passe pelo seu centro desde
que a amplitude
li d do
d ângulo
â l d
de rotação
ã seja
j d
de 180º
180º.

A rotação cuja a amplitude do seu ângulo de


rotação é de (2k+1)π, k ∈ Z e denominada de
(2k+1)π
meia-volta,
me a volta, ou reflexão em ponto. RO = HO
P
Propriedades
i d d d da ROTAÇÃO

É uma isometria directa (própria),


pois conserva a orientação no plano.
A composição de duas rotações (com mesmo centro)
é uma rotação.

A composição de duas rotações quaisquer pode ser


uma rotação,
rotação ou uma translação.
translação

A rotação é a composição de duas reflexões de


eixos
i concorrentes, cuja
j amplitude
li d d do â
ângulo
l
entre eles é metade da amplitude do ângulo de
rotação e o centro de rotação é o ponto de
intersecção dos eixos.
P
Propriedades
i d d d da ROTAÇÃO
A meia-volta
i lt é a composição
i ã de
d duas
d reflexões
fl õ
de eixos perpendiculares.
A composição de duas meias-voltas é uma
traslação cujo vector de translação é o dobro
d vector
do t d definido
fi id pelos
l s pontos
t s relativos
l ti s a cada
d
uma das meias-voltas. HO º HP = T2PO
A composição de três meias-voltas é uma
meia-volta.
P
Propriedades
i d d d da ROTAÇÃO

A composição de quatro meias-voltas é a


identidade se os pontos relativos a cada uma das
m i s lt s formarem
meias-voltas f m m um m paralelogramo,
p l l m na
n
mesma ordem. H O º H P º H Q º H R = Id ⇔ [OPQR]
paralelogramo

O conjunto das rotações com um mesmo centro


munido da operação composição é um grupo
comutativo.

A composição de uma rotação com uma


translação não é comutativa.
REFLEXÃO DESLIZANTE
Uma reflexão deslizante (ou translação reflectida), tal como o
nome sugere, é uma isometria que consiste numa reflexão
seguida de uma translação ou vice-versa.
O eixo da reflexão é sempre paralelo à direcção de translação.
translação
Vector de translação
Figura transformada pela C* v C’ Imagem final
reflexão
A* A’

B* Eixo
B Ei d de reflexão
fl ã B’
B
r
B B**

A A**
Figura transformada pela
Figura original C C** translação

D(r,v) = Rr º Tv = Tv º Rr
Propriedades da
REFLEXÃO DESLIZANTE
Não tem pontos fixos.

Fixa apenas o eixo de reflexão, mas não pontualmente.

Se P é um ponto do plano e P’ o seu transformado,


então o ponto médio do segmento de recta [PP’]
pertence ao eixo da reflexão deslizante.

É uma isometria oposta (imprópria), pois inverte


a orientação no plano.
Propriedades da
REFLEXÃO DESLIZANTE

A reflexão deslizante cujo


j vector de translação
ç
é o vector nulo é uma reflexão.

A reflexão deslizante, de vector de translação


não nulo, é a composição de três reflexões,
cujos
j eixos
i não
ã pertencem ao mesmo feixe.
f i

A composição de duas reflexões deslizantes


não é uma reflexão deslizante.
Quadro resumo das Isometrias
Número de Pontos Rectas Orientação
reflexões fixos fixas

Identidade todos todas preserva


Id
2
Reflexão Rr pontos r (pont.)
1 inverte
de r ⊥ r (não pont.)
Translação Tv rectas na direcção
2 nenhum
de v (não pont.)
preserva
v≠ 0
α
Rotação RO 2 ponto O nenhuma preserva
α ≠ k.π

α Meia-volta H 2 ponto
t O
rectas p
passando
preserva
RO O por O (não pont.)
α = (2k+1).π
Reflexão deslizante
D (r,v) 3 nenhum r ((não p
pont.)) inverte
Identificação da Isometria
[ABC] ≡ [A’B’C’]
[A BC]
Preserva orientação?

Sim Não

AA’ ≠ BB’ ou AA’ // BB’// CC’ AA’ // BB’// CC’


AA’ = BB’ = CC’
AA’ ≠ CC’

T l ã segundo
Translação d Rotação de centro Reflexão de eixo Reflexão deslizante
em m[AA’] ∩ m[BB’] em m[AA’] de eixo M[AA’]M[BB’]
o vector AA’

m[AA’] denota a mediatriz do segmento de recta [AA’]

M[AA
[AA’]] de
denota
o a o po
ponto
o médio
éd o do seg
segmento
e o de recta
ec a [[AA’]]
Consideremos uma figura F como
um conjunto de pontos.
pontos

Estudar estaticamente F consiste em analisar


as propriedades métricas ou euclidiana de F,
F
tais como os seus ângulos, convexidade, etc.

Mas também podemos analisar F


dinamicamente ou seja
dinamicamente, seja, estudar quais
isometrias que deixam F invariante.
Consideremos SF o conjunto de todas as
isometrias
som tr as qu
que transformam F n nela
ammesma,
sma,
ou seja, deixa F invariante ou fixa.

Ao considerar a composição de isometrias


(que são bijectivas) verificamos que:

Se T e T
T’ ∈ SF , então T o T
T’ ∈ SF ;
-1
Se T ∈ SF , então T ∈ SF ;

Id ∈ SF .
Então:
O conjunto de todas as isometrias, S F , que
transformam F nela mesma com a operação
de composição é um grupo.

Assim, passamos a definir…


SIMETRIA
Uma isometria f é uma simetria de uma figura F
se f fixa F, isto é, f(F) = F.

O conjunto das simetrias de F com a operação


de composição é o grupo de simetrias de F.

Nestas condições, F é denominado ornamento.

Se o grupo simétrico de uma figura contém apenas


a identidade, a figura é chamada assimétrica.
Di
Dizemos que F possui:
i
Simetria axial – se a reflexão numa recta r
faz parte das simetrias de F. Rr∈SF
r
r é o eixo de simetria.

Simetria rotacional (de ordem n) – se a O


rotação
t ã ded ordem
d nffaz partet d
das
simetrias de F. R360º/n
O ∈S F n = 10

Simetria centrall – se a meia-volta faz parte


das simetrias de F. H O ∈SF O

Simetria translacional – se a translação


faz parte das simetrias de F.
F T v ∈S F
ORNAMENTOS
R á
Rosáceas ou Rosetas
R – são ornamentos que
não possuem simetria translacional no seu
grupo de simetrias.
simetrias

F i
Frisos ou Fitas
Fit ou Faixas
F i – são
ã ornamentos
t
que possuem simetria translacional numa só
direcção no seu grupo de simetrias.
simetrias
ROSÁCEAS
É a repetição
ti ã de
d uma figura
fi inicial,
i i i l denominada
d i d
o motivo do padrão, em torno de um centro.

Pode ter reflexões, cujos eixos passam pelo centro de rotação,


ou não. São, por isso, classificadas respectivamente
como diedrais ou cíclicos,
cíclicos

Assim, uma rosácea é um ornamento que tem


por grupo de
d simetria:
i t i

O grupo c
cíclico
c co C n , n ≥ 1,, com n rotações.
rotaçõ s.

O grupo diedral D n , n ≥ 1, com n reflexões


e n rotações.
õ
ROSÁCEAS
C
Com grupo cíclico
í li Cn , n ≥ 1,
1 com n rotações.
t õ

1. Divisão do 2. Considerar os
círculo em n transformados
sectores iguais pela rotação de
e colocar uma centro no centro
configuração do círculo com
num dos ângulo de
sectores. amplitude igual a
k.360º/n,
k =1,2,3,…,
123 n.

C8
ROSÁCEAS
C
Com grupo cíclico
í li Cn , n ≥ 1,
1 com n rotações.
t õ

1. Divisão do 2. Considerar os
círculo em n transformados
sectores iguais pela rotação de
e colocar uma centro no centro
configuração do círculo com
num dos ângulo de
sectores. amplitude igual a
k.360º/n,
k =1,2,3,…,
123 n.

C8
ROSÁCEAS
C
Com grupo di
diedral
d l D n , n ≥ 1,
1 com n reflexões
fl õ e n rotações.
t õ
d

1. Divisão do 2. Reflectir
círculo em 2n sucessivamente a
sectores iguais configuração
c
e colocar uma segundo as
configuração rectas
num dos
d f
fronteiras
t i d
dos
sectores. sectores.

b
a

D4
ROSÁCEAS
C
Com grupo di
diedral
d l D n , n ≥ 1,
1 com n reflexões
fl õ e n rotações.
t õ
d

1. Divisão do 2. Reflectir
círculo em 2n sucessivamente a
sectores iguais configuração
c
e colocar uma segundo as
configuração rectas
num dos
d f
fronteiras
t i d
dos
sectores. sectores.

b
a

D4
FRISOS
Os frisos são ornamentos em que existe
simetria translacional apenas numa direcção.

Podem existir reflexões, reflexões deslizantes e/ou


rotações de 180
180º (meias-voltas),
(meias-voltas) ou não
não. São
São, por isso
isso,
classificados de acordo com as isometrias que apresentam.

Assim, um friso tem por grupo de simetrias um


j
conjunto de isometrias do p
plano que
q fixam uma recta,,
não pontualmente, o centro do friso, e em que as
translações constituem um subgrupo cíclico infinito.
FRISOS
Se considerarmos as simetrias existentes
num friso, verificamos que só existem
7 grupos de simetria, de frisos, distintos.

Há diferentes notações para os frisos:

Notação de László Fejes Toth;


(
(Szeged,
g , 12/03/1915 – Budapest,
p , 17/03/ 2005))
matemático húngaro – especialidade em geometria.
Notação cristalogáfica de 4 símbolos;
Notação cristalográfica simplificada de
Marjorie Senechal (1975).
Professora
P f de
d matemática
t áti no “Smith
“S ith College”
C ll ”
onde estuda “tilings”.
FRISOS
Notação de Fejes Tóth

Notação Fxy

x = { 1 só translação
(indica o número { 2 translação e rotação de 180º
180
isometrias directas) (meia-volta)

y = { 1 reflexão na horizontal
(indica o tipo de { 2 reflexão na vertical
isometria oposta) { 3 reflexão deslizante
FRISOS
Notação cristalogáfica de 4 símbolos
pxyz
x= { m - se
s existe
xist reflexão
fl xã de
d eixo
ix ortogonal
t là
direcção da translação do friso
{ 1 - se não tem nenhuma reflexão de eixo
A letra p ortogonal à direcção da translação
inicial
significa y= { m - se existe reflexão de eixo com a
célula
él l mesma direcção da translação do friso
primitiva { a - se existe uma reflexão deslizante cujo
eixo de reflexão é paralelo à direcção da
translação mas não uma reflexão
translação,
{ 1 - nenhuma das duas anteriores

z= { 2 se existe uma meia-volta


{ 1 mo caso de não existir meia-volta
FRISOS
Notação cristalográfica simplificada de
Marjorie Senechal
xy ou pxy
x= { m - se existe reflexão de eixo ortogonal à
A letra p direcção da translação do friso
inicial { 1 - se não
ã ttem nenhuma
h reflexão
fl ã d de eixo
i
(optativa) ortogonal à direcção da translação
significa
g
célula y= { m - se existe reflexão de eixo com a
primitiva mesma direcção da translação do friso
{ g - se existe uma reflexão deslizante cujo
eixo de reflexão é paralelo à direcção da
translação, mas não uma reflexão
{ 2 – se existe uma meia-volta
{ 1 - nenhuma das anteriores
Apenas a translação

< Tv >
F1 p111 11
Translação e reflexão de eixo
na direcção da translação
v

< T v,Rr > 1


F1 p1m1 1m
Translação e reflexões de eixo
ortogonal à direcção da translação

u v
u=

< T v,Rs>
2
F1 pm11 m1
Translação e reflexões deslizante de
eixo paralelo à direcção da translação

v
r
u

v
u=

< D(u, r) >


3
F1 p1a1 1g
T
Translação
l ã e meia-volta
i l
v

v
u=
P Q
u

< T 2PQ,R180º
P >
F2 p112 12
Translação, meias-voltas
Translação meias voltas, reflexões na direcção
e ortogonal à direcção da translação
v
u

v
u= P Q r

s
< T 2PQ RP ,Rr>
, 180º
1
F2 pmm2 mm
Translação,
ran açã , mmeias-voltas,
a ta , reflexões
r f de eixo ortogonal
rt g na à
direcção da translação e reflexões deslizantes de eixo
paralelo à direcção da translação
v
u

v Q
u= P
u

< (u, r) P >


D , R
180º
2
F2 pma2 mg
Resumo

http://www.metafysica.nl/groups/d2_patterns_4.html
Fluxograma de classificação dos frisos
Reflexão
Sim em ponto Não

Reflexão vertical Reflexão em recta

Sim Não Sim Não

Reflexão horizontal Reflexão vertical Translação reflectida

Sim Não Sim Não Sim Não

1 2 2 1 3
F F F F F F F
2 2 2 1 1 1 1
Fluxograma de classificação dos frisos
Fluxograma para classificação de frisos de
Washburn e Crowel

http://www.prof2000.pt/users/martinsrui/matematiquices/classifica.htm
Fl
Fluxograma para classificação
l ifi ã de
d f
frisos
i
Existe uma reflexão de eixo vertical?

Sim Não

m
m_ 1
1_

Existe uma reflexão Existe uma Não existe Existe uma Existe uma Existe uma Só existe
de eixo horizontal reflexão reflexão de reflexão de reflexão meia-volta simetria de
deslizante eixo horizontal eixo horizontal deslizante translação
nem reflexão
deslizante

mm mg m1 1m 1g 12 11
Curiosidade
John Conway – Universidade de Princeton

1. Pulo – Só translação.
2
2. Passo – Translação e reflexão deslizante.
deslizante

3. Salto – Translação e reflexão horizontal.

4. Deslocar – Translação e reflexão vertical.

5. Pular a roda – Translação e meia-volta.


6
6. Patinar a roda – Translação,
Translação meia
meia-volta,
volta
reflexão deslizante, reflexão vertical.

7
7. Saltar a roda – Translação,
Translação meia-volta
meia-volta,
reflexão vertical e reflexão horizontal.
Exemplos de Rosáceas e Frisos

FIM

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