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Proponho edição de resolução BCB, com vistas à adoção local do novo arcabouço
regulatório de risco de mercado, também conhecido como Fundamental Review of the Trading
Book (FRTB) 1, parte do conjunto de medidas denominado Basileia III. A resolução BCB que ora
proponho estabelece os procedimentos para o cálculo diário, mediante abordagem padronizada,
da parcela dos ativos ponderados pelo risco (RWA) relativa ao risco de crédito dos instrumentos
financeiros classificados na carteira de negociação (RWA DRC ), de que tratam a Resolução CMN nº
4.958, de 21 de outubro de 2021, e a Resolução BCB nº 200, de 11 de março de 2022.
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Disponível em https://www.bis.org/basel_framework/standard/MAR.htm
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RBC25 e MAR10/11/12/20/21/22/23/30/31/32/33/40/50/90/99 disponíveis em
https://www.bis.org/basel_framework/index.htm?m=3%7C14%7C697
4. Visando a promover uma transição sem sobressaltos às instituições locais, definiu-
se uma estratégia de adoção progressiva do FRTB em quatro fases temáticas sequenciais: Fase 1 -
Fronteira e Governança; Fase 2 - Requerimento de capital para o risco de crédito da carteira de
negociação (Default Risk Capital – DRC); Fase 3 - Modelo padronizado para o cálculo do
requerimento de capital de risco de mercado; e Fase 4 - Modelo interno para o cálculo do
requerimento de capital de risco de mercado (Internal Models Approach – IMA).
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Disponível em https://www.bis.org/basel_framework/chapter/MAR/22.htm?inforce=20230101&published=20200327
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A partir de 1º de julho de 2023, a Circular nº 3.644, de 2013, será sucedida pela Resolução BCB nº 229, de 2022.
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Os instrumentos financeiros derivativos classificados na carteira de negociação permanecem sujeitos aos
procedimentos estabelecidos nos Anexos I e II da Resolução BCB nº 229, de 2022, pois o cálculo do valor da exposição
relativa ao risco de crédito de contraparte não integra o conteúdo do documento MAR22 Standardised approach:
default risk capital requirement.
Voto 76/2023–BCB, de 26 de abril de 2023
Documento assinado com certificação digital, conforme art. 6º do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015
classificados na carteira bancária, reduzindo assim sensivelmente o custo de observância para as
instituições de menor porte.
12. Em linha com a diretriz vigente no arcabouço de risco de crédito para exposições
a pessoas jurídicas de direito privado classificadas na carteira bancária, a metodologia de
apuração do RWA DRC ora proposta independe da classificação externa de risco de crédito e utiliza
uma abordagem que se assemelha, em parte, àquela adotada na metodologia de apuração do
risco de crédito na carteira bancária.
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A carteira de negociação de correlação (CTP) é definida no inciso II do art. 2º da Resolução BCB nº 111, de 6 de
julho de 2021.
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Considera-se Referência DRC o fundo de investimento ou pessoa jurídica de direito público ou privado, domiciliada
no Brasil ou no exterior, emissora, devedora ou garantidora de um instrumento financeiro, sobre a qual podem
ocorrer eventos de crédito.
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A razão de hedge é determinada de modo conservador e corresponde à razão entre o somatório das exposições
líquidas compradas e o somatório das exposições líquidas compradas acrescido do somatório do valor absoluto das
exposições líquidas vendidas.
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O fator F é definido no art. 4º da Resolução CMN nº 4.958, de 2021, e no art. 4º da Resolução BCB nº 200, de 2022,
para os conglomerados do Tipo 3.
Voto 76/2023–BCB, de 26 de abril de 2023
Documento assinado com certificação digital, conforme art. 6º do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015
13. Assim, em substituição à classificação externa de risco de crédito e ao ponderador
de risco único de 15% atribuído às entidades sem rating, tal como prescrito no documento
MAR22, a regra ora proposta estabelece que as JTDL relacionadas às instituições classificadas nas
categorias de risco A 10 e B 11 recebam ponderadores de 3% e 6%, respectivamente. Pessoas
jurídicas não financeiras de grande porte recebem ponderação de 6% ou 15%, dependendo do
atendimento de determinadas condições12. Por fim, prevê-se ponderação de 30% para, por
exemplo, pessoas jurídicas não financeiras que não sejam de grande porte e de 100% quando
tiver havido ocorrência de evento de crédito 13.
17. Destaco que a presente proposta de regulação foi objeto da Consulta Pública
88/2021, realizada no período de 6 de julho a 6 de setembro de 2021, e incorpora
aperfeiçoamentos relacionados à terminologia e às fórmulas de cálculo consideradas para
determinados instrumentos. Adicionalmente, foram também utilizadas informações obtidas das
instituições bancárias enquadradas no S3 e S4, no início de 2021, por meio de questionário
relacionado às Fases 1 a 4 de adoção do FRTB.
18. Cumpre ainda registrar que, por força do art. 24 do Decreto nº 10.411, de 30 de
junho de 2020, a edição de atos normativos por órgãos da administração pública federal direta,
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Conforme definido no art. 30 da Resolução BCB nº 229, de 2022.
11
Conforme definido no art. 31 da Resolução BCB nº 229, de 2022.
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Essas condições incluem os requisitos estabelecidos no art. 35 da Resolução BCB nº 229, de 2022.
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O parágrafo único do art. 2º da resolução BCB proposta define os eventos de crédito que podem incidir sobre uma
Referência DRC: falha de pagamento (failure to pay), falência ou similar (bankruptcy), e reestruturação
(restructuring).
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O que equivale a um montante total de cerca de R$1,45 bilhão para o S1, S2 e S3.
Voto 76/2023–BCB, de 26 de abril de 2023
Documento assinado com certificação digital, conforme art. 6º do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015
a partir de 15 de abril de 2021, entre os quais o BCB, deve ser precedida de Análise de Impacto
Regulatório (AIR). Contudo, conforme o disposto no art. 4º, inciso VI, do mencionado Decreto,
pode ser dispensado de AIR o ato normativo que vise a manter a convergência a padrões
internacionais, situação em que se insere a proposta de resolução BCB em tela.
19. É o que trago à apreciação deste Colegiado, com base no disposto no art. 11, inciso
VI, alínea “o”, item 1, no art. 12, inciso XXV, combinado com o art. 13, inciso XII, e no art. 20,
inciso IV, alínea “a”, do Regimento Interno do BCB, na forma da anexa minuta de resolução BCB.
Anexo: 1.
CAPÍTULO I
DO OBJETO E DO ESCOPO DE APLICAÇÃO
Art. 1º Esta Resolução estabelece os procedimentos para o cálculo, mediante
abordagem padronizada, do valor diário da parcela dos ativos ponderados pelo risco (RWA)
relativa às exposições ao risco de crédito dos instrumentos financeiros classificados na carteira
de negociação (RWA DRC ), de que tratam a Resolução CMN nº 4.958, de 21 de outubro de 2021, e
a Resolução BCB nº 200, de 11 de março de 2022.
§ 1º Os procedimentos estabelecidos nesta Resolução não substituem o cálculo
do valor da exposição relativa ao risco de crédito de contraparte e o cálculo da parcela dos ativos
ponderados pelo risco (RWA) relativa às exposições ao risco de variação do valor dos
instrumentos financeiros derivativos em decorrência da variação da qualidade creditícia da
contraparte (RWA CVA ), que devem ser apurados na forma da Resolução BCB nº 229, de 12 de
maio de 2022, e da Resolução BCB nº 291, de 8 de fevereiro de 2023, respectivamente.
§ 2º No RWA DRC não devem ser considerados os elementos patrimoniais
deduzidos na apuração do Patrimônio de Referência (PR) conforme definido nos arts. 5º a 9º da
Resolução CMN nº 4.955, de 21 de outubro de 2021, e nos arts. 4º a 8º da Resolução BCB nº 199,
de 11 de março de 2022.
§ 3º Para a instituição enquadrada no Segmento 4 (S4), de que tratam a Resolução
nº 4.553, de 30 de janeiro de 2017, e a Resolução BCB nº 197, de 11 de março de 2022, o
componente RWA DRC , de que trata o caput, deve ser calculado conforme o disposto na Resolução
BCB nº 229, de 2022, tal como se os instrumentos financeiros classificados na carteira de
negociação estivessem classificados na carteira bancária.
Art. 2º Para fins desta Resolução, considera-se:
I - carteira de negociação de correlação (CTP): a carteira conforme definida no
inciso II do art. 2º da Resolução BCB nº 111, de 6 de julho de 2021;
II - processo de securitização: o processo conforme definido no art. 19 da
Resolução BCB nº 229, de 2022;
III - ressecuritização: o processo conforme definido no inciso VIII do art. 19 da
Resolução BCB nº 229, de 2022;
IV - Referência DRC: o fundo de investimento ou a pessoa jurídica de direito
público ou privado, domiciliada no Brasil ou no exterior, emissora, devedora ou garantidora de
um instrumento financeiro, sobre a qual podem ocorrer eventos de crédito;
V - obrigação de referência: a obrigação financeira da entidade de referência
discriminada em um contrato de derivativo de crédito e instrumentos assemelhados para efeitos
de:
a) liquidação física da operação;
b) apuração do valor de liquidação financeira e demais pagamentos previstos
contratualmente;
c) determinação da ocorrência de eventos de crédito;
VI - índice de crédito CTP: o índice definido e apreçado por uma entidade
independente, com base em critérios padronizados de domínio público, cujo lastro compreende
derivativos de crédito ou títulos de dívida relacionados a Referências DRC individuais; e
VII - série de um índice de crédito CTP: a seleção do lastro de títulos de dívida de
um determinado índice de crédito CTP realizada por entidade independente em um momento
predeterminado.
Parágrafo único. Para fins desta Resolução, os eventos de crédito que podem
incidir sobre uma Referência DRC são:
I - falha de pagamento (failure to pay): não pagamento de quantia devida pela
Referência DRC nos termos pactuados, em alguma de suas obrigações, que implique a declaração
de descumprimento da obrigação de referência para determinação de evento de crédito,
ressalvados eventuais períodos ou valores de atraso inferiores ao requerido para caracterizar o
descumprimento;
II - falência ou similar (bankruptcy): reconhecimento oficial de situação que
implique a suspensão temporária ou permanente do pagamento de obrigações da Referência
DRC, tais como:
a) moratória;
b) decretação de falência ou insolvência civil;
c) recuperação judicial ou extrajudicial;
d) intervenção ou liquidação extrajudicial; ou
e) reconhecimento de estado de insolvência;
em que:
CAPÍTULO III
DO DRC SEC
Seção I
Da Definição de Exposições Brutas do DRC SEC
Art. 17. A exposição bruta (JTD) de cada instrumento financeiro resultante de
processo de securitização, definido no inciso II do art. 2º, considerado no DRC SEC deve
corresponder ao valor de mercado do instrumento.
§ 1º A posição comprada, como definida no inciso I do § 1º do art. 4º, deve ser
considerada como um número positivo.
§ 2º A posição vendida, como definida no inciso II do § 1º do art. 4º, deve ser
considerada como um número negativo.
§ 3º Na apuração da JTD de instrumento financeiro com prazo de vencimento
residual menor do que um ano, o valor de que trata o caput deve ser multiplicado pelo fator T,
apurado conforme o art. 5º.
Art. 18. Um instrumento financeiro não resultante de processo de securitização
poderá compor o DRC SEC , para fins de hedge, desde que atenda cumulativamente aos seguintes
requisitos:
I - esteja relacionado à Referência DRC ou índice estruturado com apenas uma
classe de priorização de pagamento;
II - seja decomposto proporcionalmente em JTD sintéticas que representem uma
estrutura completa de classes de priorização de pagamento; e
III - não seja considerado na apuração do DRC NSEC , de que trata o art. 16.
em que:
I - j indica uma categoria entre aquelas definidas no art. 21;
II - JTDL_SECcpa corresponde a uma JTDL comprada e classificada na categoria j;
III - JTDL_SECvda corresponde a uma JTDL vendida e classificada na categoria j;
IV - HBRsec é a razão de hedge apurada para a categoria j, apurada conforme o
art. 22;
V - RW é o ponderador de risco relacionado à JTDL, apurado conforme o art. 23;
VI - Abs(∙) é a função que retorna o valor absoluto do parâmetro;
VII - Max(∙) é a função que retorna o maior valor entre os diferentes parâmetros;
VIII - k é o número de JTDL_SECcpa classificadas na categoria j; e
IX - m é o número de JTDL_SECvda classificadas na categoria j.
Art. 25. O requerimento de capital do DRC SEC corresponde à soma dos
requerimentos de capital DRCsec_cat apurados conforme o art. 24 para todas as categorias de
que trata o art. 21.
CAPÍTULO IV
DO DRC CTP
Seção I
Da Definição de Exposições Brutas do DRC CTP
Art. 26. A exposição bruta (JTD) de cada instrumento financeiro considerado no
DRC CTP deve corresponder ao valor de mercado do instrumento.
em que:
I - j indica um dos índices de crédito CTP, conforme definidos no art. 32;
II - JTDL_ctp_cpa corresponde a uma JTDL comprada relacionada ao índice j;
III - JTDL_ctp_vda corresponde a uma JTDL vendida relacionada ao índice j;
IV - HBRctp é a razão de hedge apurada conforme art. 33;
V - RW é o ponderador de risco relacionado à JTDL, determinado conforme o art.
34;
VI - Abs(∙) é a função que retorna o valor absoluto do parâmetro;
VII - k é o número de JTDL_ctp_cpa relacionadas ao índice j; e
VIII - m é o número de JTDL_ctp_vda relacionadas ao índice j.
Art. 36. O requerimento de capital do DRCctp deve ser apurado de acordo com a
seguinte fórmula:
𝑽𝑽
𝐉𝐉𝐇𝐇𝐃𝐃𝐜𝐜𝐜𝐜𝐜𝐜 = 𝐌𝐌𝐜𝐜𝐌𝐌 ��[𝐌𝐌𝐜𝐜𝐌𝐌 (𝐉𝐉𝐇𝐇𝐃𝐃𝐜𝐜𝐜𝐜𝐜𝐜_𝐢𝐢𝐯𝐯𝐜𝐜𝐢𝐢 ; 𝟎𝟎) + 𝟎𝟎, 𝟓𝟓 𝐗𝐗 𝐌𝐌𝐢𝐢𝐯𝐯 (𝐉𝐉𝐇𝐇𝐃𝐃𝐜𝐜𝐜𝐜𝐜𝐜_𝐢𝐢𝐯𝐯𝐜𝐜𝐢𝐢 ; 𝟎𝟎)]; 𝟎𝟎� , em que:
𝒊𝒊=𝟏𝟏
CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES COMPLEMENTARES
Art. 37. A Circular nº 3.769, de 29 de outubro de 2015, passa a vigorar com as
seguintes alterações: