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RBPQ – Revista Brasileira de Processos Químicos

Volume 4, número 1 – 2023


ISSN: 2763-5406
Editor Científico: Dra. Juliana Canto Duarte

A Substituição da Análise de Demanda Química de Oxigênio


(DQO) pela de Carbono Orgânico Total (TOC) e Elaboração
de um Fator (K) para Conversão dos Resultados das Técnicas
em Efluentes Industriais

Amanda Rafaela Elias Afonso


Fatec Campinas, amanda.afonso.tecbio@gmail.com
Juliana Pedrilho Foltin
Fatec Campinas, juliana.foltin@fatec.sp.gov.br

RESUMO
O controle de lançamento de efluentes de origem industrial em águas fluviais deve ser
rigorosamente executado devido as possibilidades de fontes poluidoras baseado na
legislação ambiental. Para garantir a qualidade da água, um dos parâmetros analisados
durante o processo de controle é a demanda química de oxigênio (DQO), no qual tem o
objetivo encontrar o cálculo da concentração do Oxigênio necessário para que todo
material orgânico contido numa determinada amostra seja oxidado expressa em mg/L de
O2. A análise de DQO, segundo a metodologia oficial estabelecida, pode ser analisada
através da técnica colorimétrica ou titulométrica. Este método quando utilizado através
dessas técnicas atendem amostras com valores acima de 50 mg. L-1 de O2, o que é
adequado para efluentes industriais. Porém, para efluentes industriais tratados, este
método não atende devido os valores apresentarem se apresentarem abaixo de 50 mg. L-
1 de O2. Desta forma, como alternativa para efluentes industriais tratados, foi estudado a
análise de Carbono Orgânico Total (conhecido como TOC), no qual o oxigênio
consumido (OC) em meio ácido pode ser detectado e, posteriormente, quantificar o
oxigênio necessário para a oxidação da matéria orgânica. Neste trabalho, dois métodos
(DQO Colorimétrico e TOC) são avaliados como potencial utilização em amostras de
efluentes tratados e, em seguida, foi criada uma relação entre os testes obtidos para que
um fator de conversão seja utilizado após a análise de TOC. O objetivo do trabalho é a
substituição da técnica analítica para determinação de DQO, cuja qual utiliza reagentes
com potencial de gravidade elevado como o Ácido Sulfúrico e o Dicromato de Potássio
que compõem num tubo, chamado Kit DQO; pela análise de TOC, caracterizado como “
método limpo” devido a utilização apenas de uma solução de ácido clorídrico.

Palavras Chave: Carbono Orgânico Total, Demanda Química de Oxigênio, Efluentes,


Parâmetros

Data do recebimento do artigo: 15/09/2022


Data do aceite de publicação: 15/06/2023
Data da publicação: 30/06/2023

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A Substituição da Análise de Demanda Química de Oxigênio (DQO) pela de
Carbono Orgânico Total (TOC) e Elaboração de um Fator (K) para Conversão dos
Resultados das Técnicas em Efluentes Industriais.

The Replacement of Chemical Oxygen Demand (COD)


Analysis by Total Organic Carbon (TOC) and Development
of a Factor (K) for Conversion of Results of Techniques into
Industrial Effluents

ABSTRACT
The control of the discharge of industrial effluents into river waters must be strictly
carried out due to the possibilities of polluting sources based on environmental
legislation. To guarantee the quality of the water, one of the parameters analyzed during
the control process is the chemical oxygen demand (COD), in which it aims to find the
calculation of the concentration of Oxygen necessary for all organic material contained
in a given sample to be oxidized expressed in mg / L of O2. The COD analysis, according
to the established official methodology, can be analyzed using the colorimetric or
titrimetric technique. This method, when used through these techniques, serves samples
with values above 50 mg. O2 L-1, which is suitable for industrial effluents. However, for
treated industrial effluents, this method does not meet due to the values being below 50
mg. O2 L-1. In this way, as an alternative for treated industrial effluents, the analysis of
Total Organic Carbon (better known as TOC) will be studied, in which the oxygen
consumed (OC) in acidic medium can be detected and, later, quantify the oxygen required
for oxidation of organic matter. In this work, two methods (COD Colorimetric and TOC)
will be evaluated as potential use in samples of treated effluents, and then a relationship
will be created between the tests obtained so that a conversion factor is used after the
analysis of COT. The objective of the work is to replace the analytical technique for
determining COD, which uses reagents with high gravity potential such as Sulfuric Acid
and Potassium Dichromate that compose in a tube, called Set COD; by TOC analysis,
characterized as a “clean method” due to the use of only a hydrochloric acid solution.

Key Words: Total Organic Carbon, Chemical Oxygen Demand, Effluents, Parameters

1 INTRODUÇÃO
O setor industrial utiliza de diversas formas a água disponível durante a
fabricação: incorporando ao processo, higienização das máquinas, limpeza e manuseio do
espaço físico, em áreas administrativas para utilização pessoal de funcionários, dentre
outros. No entanto, após utilização, aquilo que se torna resíduo deve ser descartado
obedecendo uma série de etapas afim de não gerar impacto na qualidade dos corpos

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d’água, nos quais são despejados. (AQUINO, S. F.; SILVA, S. Q.; CHERNICHARO C.
A. L., 2006).
A qualidade de corpos d’água podem ser comprometidos pelo lançamento de
efluentes domésticos e industriais, levando a grandes investimentos de capital entre as
estações de tratamento e solicitação de alteração nas dosagens de produtos químicos para
garantir a qualidade da água na saída das estações. Porém, existem outros fatores que
também afetam a qualidade das águas: a deficiência, e até mesmo a inexistência da
infraestrutura referente ao tratamento de esgoto disponível para a população. Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o esgotamento sanitário é o serviço
menos disponibilizados, menos de 60% dos municípios brasileiros têm acesso a essa
estrutura. (BRASIL, 2017).
São analisados vários parâmetros químicos e físicos para estabelecer a qualidade
do efluente. Dentre eles, a Demanda Química de Oxigênio (DQO), tem enorme
importância pois está relacionada à quantidade de matéria orgânica oxidável.
(GIORGIANO, G.; 2004)
A resolução 357/05 do CONAMA (BRASIL, 2005) não faz referência a DQO na
classificação dos corpos d´água e nos padrões de lançamento de efluentes líquidos, mas
solicita valores do parâmetro de demanda bioquímica de oxigênio (DBO). Porém,
algumas legislações ambientais estaduais estabelecem limites máximos para este a DQO
em reservatórios ou empreendimentos industriais, como é o caso do estado do Paraná
(IAP, 2004), conforme tabela abaixo:

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Tabela 1- Matriz de Qualidade da Água do Paraná

Fonte: Instituto Ambiental do Paraná (2004).

De acordo com GIORGIANO, G. (2004) a definição como poluição hídrica


quando ocorre qualquer alteração química, biológica ou física da qualidade rio ou corpo
hídrico, com a capacidade de ultrapassar os critérios de parâmetros estabelecidos para a
classe, conforme o seu uso. Entretanto, deve-se considerar a ação de cada agente:
químicos (substâncias dissolvidas ou com potencial solubilização); biológicos
(microrganismos); físicos materiais (sólidos em suspensão) ou formas de energia
(calorífica e radiações). O fator limite é compatibilizar a conservação do meio ambiente
que nos cercam com a produção industrial.
Estudar parâmetros e pesquisar novas alternativas de execução de métodos
sustentáveis. Vai de encontro com a qualidade dos efluentes que são devolvidas ao corpo
hídrico e que integra as preocupações do desenvolvimento sustentável industrial,
protegendo-se do poluidor-pagador, do usuário pagador e da integração, bem como no
reconhecimento de valor à natureza. (BRASIL, 2005, p. 01)
Muitos são os parâmetros utilizados para estabelecer a qualidade da água. Segue
abaixo a imagem da tabela que expressa os parâmetros requeridos pela Resolução 430 de
2011, CONAMA:

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Figura 1- Padrões de Lançamento de Efluentes

Fonte: CONAMA, Resolução 430 de 2011

O objetivo do projeto é substituir o Kit de DQO, o qual contém dicromato de


potássio, uma substância inflamável, causa danos irreversíveis ao ser humano, tóxico,
corrosivo e causa danos ao meio ambiente (conforme figura abaixo); por outro método
que expresse quantidade de matéria orgânica.

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A DQO representa o potencial poluidor, ou seja, ela quantifica o consumidor de


oxigênio e através dele pode-se estimar os impactos sobre o ecossistema aquático. Porém,
devido a impossibilidade de quantificar diretamente o oxigênio, ele é encontrado através
de outras substâncias químicas oxidantes, no qual em contato com elas antes e depois de
entrar num sistema fechado, pode ser revelador o caráter redutor ou demandador de
oxigênio da amostra. (HANSON, 1973; ROCHA et al., 1990).

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 LEGISLAÇÃO FEDERAL BRASILEIRA
A partir das legislações cabíveis a este trabalho analisa-se as federais. Esta analise
abordará a política nacional do meio ambiente, conselho nacional do meio ambiente –
CONAMA e plano nacional de recursos hídricos.

2.1.1 Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA


Dentre as principais leis que visam contribuir para que tenhamos um meio
ambiente ecologicamente equilibrado está a PMNA (Política Nacional do Meio
Ambiente, 1981). Esta lei visa assegurar o desenvolvimento econômico sustentável, e o
artigo 4º apresenta os seguintes objetivos:
• O estabelecimento de padrões e critérios de qualidade ambiental;
• A criação de normas para uso correto do solo;
• Preservação e recuperação de recursos naturais;
• A aplicação de punição;
• Cumprimento de obrigações previstas para poluidores e degradantes do
ambiente, bem como a tarefa de recuperar as áreas degradadas.
Além disso, segundo Política Nacional do Meio Ambiente (1981), considera-se
como degradação das mesmas quaisquer alterações nas propriedades naturais que
modifiquem seus recursos disponíveis. Os empreendimentos potencialmente degradantes
são obrigados a apresentar um plano de recuperação da área impactada ou outras medidas
mitigadoras.
A PNMA (Política Nacional do Meio Ambiente, 1981) estabelece que o
licenciamento ambiental, dos empreendimentos e atividades potencialmente poluidoras,

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–devem ser realizados através de uma análise de impactos ambientais, seja na construção,
instalação, operação e ampliação destes, também determina quando julgar necessária a
realização de estudos de impacto ambiental relacionados a projetos sejam eles públicos
ou privados.

2.1.2 Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA


A Política Nacional do Meio Ambiente, citada acima, constituiu em seu artigo 1º
a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, através deste tem-se o
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA- que faz parte do SISNAMA, este
foi criado para ser um órgão consultivo e deliberativo do sistema nacional do meio
ambiente, através dele é possível obter diversos parâmetros acerca da conservação do
meio ambiente e da biodiversidade por meio de suas resoluções.
O termo impacto ambiental também abordado na Política Nacional do Meio
Ambiente (1981) e é fundamental para o desenvolvimento deste trabalho. A partir disto a
resolução CONAMA n°001 (1996) dispõe em seu artigo 1° que o termo é definido como
sendo quaisquer alterações biológicas, físicas ou químicas, que possam alterar as
propriedades naturais do meio ambiente, sendo estas causadas por atividades humanas de
forma direta ou indireta, afetando a biota, a saúde e bem estar da população, qualidade
dos recursos naturais, bem como atividades sociais e econômicas. O artigo 6º diz que o
estudo de impacto ambiental deve contemplar no mínimo um diagnóstico ambiental da
área, analisando o meio biológico, físico e socioeconômico, também deve obter uma
análise de impactos ambientais bem como medidas mitigadoras para as mesmas, além da
elaboração de um programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos
ocasionados, sejam eles positivos ou negativos.
Outra resolução que oferece proteção e respaldo ao recursos naturais, em especial,
corpos hídricos, é Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005, a qual discorre
sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, além de estabelecer quais as condições e padrões de lançamento de
efluentes.
Esta resolução considera que os corpos hídricos não necessariamente devem estar
no seu estado atual, mas sim dentro dos níveis de qualidade que possam atender às
comunidades, o bem-estar humano e o equilíbrio ecológico aquático. Para isso, deve ser

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considerado a criação de instrumentos para avaliar o nível de qualidade e se atendem aos


requisitos propostos.
É valido citar a Resolução n° 430 de 2011 a qual dispõe sobre as condições e
padrões para lançamento de efluentes, complementando a CONAMA 357, esta resolução
define parâmetros máximos de poluentes que o corpo d’água pode suportar, sem
comprometer a qualidade de suas águas. Em seu artigo 5° o CONAMA n°430 diz que os
efluentes lançados não poderão alterar e conferir características diferenciadas ao corpo
receptor, tendo a obrigação de cumprir com os parâmetros do enquadramento do corpo.

2.1.3 Plano Nacional de Recursos Hídricos


Outra lei de âmbito federal e importante para o escopo do levantamento proposto
é a Lei 9.433 de 1997, que levou a criação do Plano Nacional de Recursos Hídricos. O
plano fundamenta-se na importância sobre a preservação e conservação dos recursos
hídricos e visa a utilização de forma racional, bem como a total prevenção contra a ação
de eventos hidrológicos críticos, sejam eles naturais ou desencadeados por ação antrópica.
Esta lei propôs o enquadramento dos corpos hídricos em classes, que apresentam a
finalidade do corpo em questão, segundo a qualidade da água dos mesmos. Através deste
instrumento pode-se analisar se determinado corpo pode ser destinado para consumo
humano ou não.
Devido ao plano ser de ordem nacional, o PNRH é adequado frequentemente às
realidades das Regiões Hidrográficas, de acordam com as revisões que têm o objetivo de
aperfeiçoarem e aprofundarem temas que a partir de análises técnicas e consultas
públicas, que retratam a situação dos recursos hídricos em diferentes momentos da
história.

2.2 LEGISLAÇÃO ESTADUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO


Seguem-se as principais leis estaduais relacionadas ao trabalho a ser realizado.
Estas ditam sobre o controle e prevenção de poluição, política de recursos hídricos bem
como a política do meio ambiente.

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2.2.1 Controle de Poluição do Meio Ambiente


A lei estadual 997 de 1976, dispõe sobre o controle de poluição do meio ambiente.
Em seu artigo 2° define-se poluição como sendo a liberação de toda ou 25 qualquer forma
de energia que tenha características e concentrações acima do estabelecido, sendo
lançadas nas águas, no solo ou no ar. Definido este fica proibida a liberação de poluentes,
como rege o artigo 3°. Assim esta lei também dispõe sobre as infrações, a mesma rege as
penalidades para quem degradar o meio ou agravar problemas ambientais.

2.2.2 Política Estadual dos Recursos Hídricos


Dentre as leis estaduais mais importantes para a proteção do meio ambiente está
apolítica estadual de recursos hídricos, instituída pela lei 7.663 de 1991. Esta lei tem por
objetivo maior assegurar que a água seja um bem disponível para todos, sendo controlada
e utilizada da melhor forma possível, se enquadrando dentro dos critérios de qualidade
previstos para o uso da mesma.
A política, em seu artigo 7° diz que o estado, em parceria com os municípios, deve
realizar a instituição de áreas de preservação permanente, a fim de manter a conservação
das águas de forma geral. Cita que a preservação e recuperação de APP’s deve ser
obrigatória, e implementa o combate e prevenção de inundações e erosões bem como o
tratamento de águas residuais, obtendo como prioridade o esgoto urbano

2.2.3 Política Estadual do Meio Ambiente


A lei estadual 9.509 de 1997 institui a política estadual do meio ambiente. Em
suas disposições preliminares da política estadual do meio ambiente prevê o planejamento
e fiscalização dos recursos ambientais, controle a fiscalização de possíveis atividades
poluidoras do meio, promoção da educação ambiental, a preservação e a restauração dos
processos ecológicos. Outro Decreto que podemos citar é o Decreto nº 8.468, de 08 de
Setembro de 1976. Ele estabelece os padrões de lançamento de efluentes.

2.3 STANDARD METHODS FOR THE EXAMINATION OF WATER AND


WASTEWATER, QUALITY ASSURANCE/ QUALITY CONTROL, 23rd
EDITION; METHOD 5220 D

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Métodos padronizados para o examinar água e águas residuais foram publicados


pela primeira vez em 1905. Desde então, e por 20 edições, o Standard Methods incluiu
centenas de técnicas analíticas para a determinação de parâmetros em águas.
As técnicas foram desenvolvidas por vários pesquisadores de qualidade da água
que participaram do Comitê de Métodos Padrão (SMC). O mesmo, composto por mais
de 500 pessoas, tem como responsabilidade a revisão e aprovação dos métodos a serem
incluídos nos Métodos Padrão. Além disso, os participantes do comitê atuam nos Grupos
de Tarefas Conjuntas (JTGs), encarregados da revisão, revisão e aprovação de uma seção
específica dos Métodos Padrão (U.S., 2016, p.136).

2.4 STANDARD METHODS FOR THE EXAMINATION OF WATER AND


WASTEWATER, QUALITY ASSURANCE/ QUALITY CONTROL, 23rd
EDITION; METHOD 5020
Segundo o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater,
Quality Assurance/ quality control, 23RD edition, Method 5020 (2017):
O controle de qualidade (QA) é um programa de operações de laboratório que
especifica as medidas necessárias para produzir dados defensáveis com
precisão e exatidão conhecidas. Este programa é definido em um manual de
controle de qualidade, procedimentos escritos, instruções de trabalho e
registros. O manual deve incluir uma política que defina o nível estatístico de
confiança usado para expressar a precisão e o viés dos dados, bem como os
níveis de detecção de método (MDLs) e os limites de relatórios. O sistema
geral inclui todas as políticas de controle de qualidade e processos de controle
de qualidade (QC) necessários para demonstrar a competência do laboratório
e garantir e documentar a qualidade de seus dados analíticos. Os sistemas de
qualidade são essenciais para os laboratórios que buscam acreditação nos
programas de certificação de laboratório estaduais ou federais. Consulte a
Seção 1020 para obter detalhes sobre o estabelecimento de um plano de
garantia da qualidade.
Conforme descrito na Parte 1000, as medidas essenciais de CQ podem incluir
calibração do método, preparação e / ou padronização de reagentes, avaliação
das capacidades de cada analista, análise de amostras de cheque cego,
determinação da sensibilidade do método [nível de detecção de método
(MDL), limite de detecção (LOD), nível de quantificação (LOQ) ou nível
mínimo de relatório (LMR)] e avaliação diária de viés, precisão e
contaminação laboratorial ou outra interferência analítica.
Alguns métodos na Parte 5000 incluem procedimentos específicos de CQ,
frequências e critérios de aceitação. Estes são considerados os QCs mínimos
necessários para executar o método com sucesso. Quando as palavras devem
ou preferencialmente são usadas, o CQ é recomendado; Quando must for
usado, o CQ é obrigatório. Procedimentos adicionais de CQ devem ser usados
quando necessário para garantir que os resultados sejam válidos. Alguns
programas regulatórios podem exigir CQ adicional ou ter limites de aceitação

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alternativos. Nesses casos, o laboratório deve seguir os requisitos mais


rigorosos.
O programa CQ consiste em pelo menos os seguintes elementos, conforme
aplicável a métodos específicos: calibração, verificação contínua de calibração
(CCV), faixa operacional e determinação de MDL, demonstração inicial de
capacidade (IDC), demonstração contínua de capacidade, método em branco
/ reagente em branco, branco fortificado em laboratório (LFB), matriz
fortificada em laboratório (LFM), amostra duplicada / duplicado de matriz
fortificada em laboratório (LFMD), verificação de MDL e LMR, cálculos de
CQ, Gráficos de controle, ação corretiva, frequência do CQ, critérios de
aceitação do CQ, e definições de lotes preparatórios e analíticos.

2.5 A IMPORTÂNCIA DE TRATAR OS EFLUENTES


Há algumas décadas, os problemas ambientais vêm se tornando cada vez mais
críticos e frequentes, principalmente devido ao grande crescimento populacional e
atividade industrial. Com estes ingredientes os problemas devido a ação antrópica têm
atingido dimensões catastróficas, podendo ser observadas através de alterações na
qualidade do solo, ar e água.
É possível afirmar que a contaminação de águas naturais tem sido um dos grandes
problemas da sociedade moderna. E é por isso que a economia de água em processos
produtivos vem ganhando uma atenção especial devido ao valor agregado que tem sido
atribuído a este bem, através de princípios como consumidor pagador e poluidor pagador
incorporados em nossa legislação. (FURTADO, 1997)
Sequentemente, as empresas passaram a dar maior importância às consequências
de seus processos de produção, isto é, para realizar tratamento de seus efluentes, deve ser
levado em conta os processos de tratamento que devem ser adotados, quais as formas
construtivas e quais materiais empregados para que sejam analisados os seguintes fatores:
a legislação ambiental e a cultura da região; o clima; os custos de investimento e
operacionais; a quantidade e a qualidade do lodo gerado na estação de tratamento de
efluentes industriais; a qualidade do efluente tratado; a segurança operacional relativa aos
vazamentos de produtos químicos utilizados ou dos efluentes; explosões; geração de
odor; a interação com a vizinhança; confiabilidade para atendimento à legislação
ambiental; possibilidade de reutilizar os efluentes tratados.(GIORDANO,1999).
A importância sanitária de medir DQO deve-se a caracterização e controle de
sistemas de tratamento anaeróbios de efluentes industriais e esgotos sanitários,
juntamente com a análise de DBO (que normalmente é utilizada como parâmetro
secundário devido as legislações do Estado de São Paulo não incluírem o parâmetro

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DQO) para analisar a eficiência da remoção de matéria orgânica dissolvida. Essa etapa
pode sofrer falhas e a quantidade de matéria orgânica pode ser maior que deveria devido
a uma elevada quantidade de despejos industriais.
Quando há despejo de alta concentração de matéria orgânica nos corpos hídricos,
a mesma consome oxigênio dos corpos d'água e provoca morte de peixes e outros seres
aquáticos por asfixia, além de liberação de odor, caso exceda a capacidade de
autodepuração. Portanto, a quantidade de matéria orgânica lançada deve ser proporcional
a sua vazão ou volume.

2.6 DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO


A análise nomeada de DQO é um procedimento mundial utilizado como
quantificador de material orgânico de águas provenientes de resíduos e superfícies, e
comumente utilizado para monitorar estações de tratamento de efluentes industriais. Esta
demanda pode ser quantificada de duas maneiras: colorimétrica e titulométrica.
A DQO tem o objetivo de quantificar de forma indireta os equivalentes redutores
(elementos que possuem baixo número de oxidação, isto é, elementos reduzidos) contidos
numa determinada amostra através do dicromato de potássio (K2Cr2O7) em meio ácido
(normalmente, em Ácido Sulfúrico). Dessa forma, será possível enxergar numericamente
qual a demanda química de oxigênio da amostra que contiver substâncias orgânicas e/ou
inorgânicas prováveis de oxidação. Quanto à amostra que será estudada, alguns efluentes
industriais podem conter significativas concentrações de substâncias inorgânicas
reduzidas, que podem ser oxidadas pelo dicromato e causar DQO. Logo, é importante
atentar-se na interpretação dos resultados obtidos através da DQO para que não ocorra
conclusão errônea a respeito do tratamento biológico, visto que a porção orgânica tem
facilidade durante a degradação, tendo em vista a relação DBO/DQO. Durante o
monitoramento de tratamento de efluentes, o qual recebe significativa concentrações de
substâncias inorgânicas oxidáveis, ou que resulta na produção de substâncias reduzidas
(Ex. sulfetos durante o tratamento anaeróbio), essa conclusão não reanalisada, pode ser
interpretada como subestimado a capacidade do sistema na remoção de matéria orgânica
afluente. (DE AQUINO; SILVA; CHERNICHARO, 2006).

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2.6.1 Técnica Colorimétrica de Análise de DQO


A DQO pode ser determinada por método titulométrico ou colorimétrico. O
método titulométrico pode ser utilizado em amostras de elevada turbidez e cor residual
após a digestão com o oxidante forte. Este método tem como desvantagens, o consumo
de grandes quantidades de reagentes, necessidade de vidraria adicional, relativização do
ponto final e maior produção de resíduos tóxicos.
Já o método colorimétrico é utilizado em amostras que não apresentam cor ou
turbidez e faz uso de menor quantidade de reagentes, gerando menos resíduos além de ser
mais rápido.
Amostras que contêm substâncias orgânicas e/ou inorgânicas passível de oxidação
pelo dicromato em meio ácido apresentarão DQO. Dependendo da amostra, a fração
orgânica poderá ser muito superior à fração inorgânica, e, portanto, a DQO pode ser
utilizada para quantificar diretamente a Matéria Orgânica (M.O.) oxidável. Segundo
AQUINO, 2006, (AQUINO, S. F.; SILVA, S. Q.; CHERNICHARO C. A. L, 2006),
quando a amostra contiver significativa concentração de substâncias inorgânicas no
estado reduzido, tanto na forma particulada quanto dissolvida, que podem interferir no
resultado, a DQO não poderá ser utilizada para estimar a matéria orgânica.

2.7 CARBONO ORGÂNICO TOAL


O carbono orgânico total (COT) expressa toda a matéria orgânica presente em
uma amostra aquosa.
Essa determinação é realizada em várias áreas de pesquisa, tanto ambiental como
industriais, com diferentes objetivos, sendo um deles verificar a contaminação de água
por compostos sintéticos, fluxo de carbono no sistema, presença de contaminantes
biológicos pela formação de biofilmes, mau estado de conservação e ineficiência de um
sistema de purificação (BISUTTI, I.; HILKE, I.; RAESSLER, M., 2004). A vantagem
desta análise é determinar todos os compostos orgânicos em uma amostra, em poucos
minutos, quando comparamos com as técnicas analíticas clássicas.
Existem 2 tipos de determinação de COT, o direto e o indireto. No método direto,
denominado de método de determinação de CONP (Carbono, Oxigênio, Nitrogênio e
Fosforo), todo o carbono inorgânico é removido da amostra previamente à determinação

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da fração orgânica por meio de acidificação ou calcinação. Na acidificação, toda a matriz


inorgânica é decomposta e descartada, e em segunda, um meio de decomposição da matriz
orgânica é empregado para converter o carbono a CO2 para que este seja quantificado.
A oxidação do COT pode ser induzida por meio de combustão seca ou úmida, ou
por oxidação química, e pode ser empregada em conjunto com outras técnicas para obter
limites de detecção menores, dependendo da matriz e das características da amostra, ou
até mesmo do tipo (amostra sólida ou amostra líquida).
Na combustão, a diferença de massa na amostra ao final da calcinação refere-se à
concentração de COT, visto que neste caso a perda de massa em água é considerada
insignificante.
Porém, o método mais utilizado para a determinação de COT em amostras líquidas
é o indireto, no qual é quantificado o teor de Carbono Total (CT) e Carbono Inorgânico
(CI) da amostra, e a concentração de COT é obtida pela equação COT = CT - CI.
Neste processo indireto são utilizadas duas alíquotas da amostra em duas
determinações independentes. Uma para determinar o CT e outra para CI. No entanto, o
CI é quantificado por meio de reação com ácido, como visto no método direto, e o CO2
liberado neste processo é quantificado. O CO2 proveniente do CT é obtido através de
reações químicas que fazem com que toda forma de carbono presente na amostra seja
oxidada e decomposta, que são as mesmas reações de oxidação utilizadas em método
direto, reações estas que conseguem decompor todo o carbono presente (CI e CO) do
analito (BISUTTI, I.; HILKE, I.; RAESSLER, M., 2004).

3 METODOLOGIA
3.1 DADOS DA AMOSTRA
3.1.1 Origem da Amostra
Neste projeto a amostra que será estudada passa por um sistema de tratamento
baseado no processo de lodo ativado. Este processo consiste no crescimento e floculação
de uma massa biológica (formada por bactérias). A degradação da matéria orgânica
existente no efluente é realizada por processo aeróbio, colocando-se a massa biológica
em contato com o efluente na presença de oxigênio e nutrientes. Como forma de nomear

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a amostra sem expor os dados confidenciais, neste projeto, ela assumirá o nome de
Amostra SL.
Para entender melhor qual a origem da amostra a ser estuda e componentes ali
presentes, segue abaixo o fluxograma do processo industrial e formação do efluente:

Figura 3- Fluxo de Produção da Planta geradora do efluente da Amostra SL (Adaptado).

Fonte: Confidencial

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Resultados das Técnicas em Efluentes Industriais.

Figura 4- Local específico da origem da Amostra SL (Adaptado).

Fonte: Confidencial

3.1.2 Método de Tratamento Aplicado a Amostra SL


Neste projeto a amostra que será estudada passa por um sistema de tratamento
baseado no processo de lodo ativado. Este processo consiste no crescimento e floculação
de uma massa biológica (formada por bactérias). A degradação da matéria orgânica
existente no efluente é realizada por processo aeróbio, colocando-se a massa biológica
em contato com o efluente na presença de oxigênio e nutrientes.
Na Figura 4, o efluente oriundo da fabricação em questão, é introduzido em bacias
que equalização para amortecer choques hidráulicos e, em seguida, são introduzidos na
Bacia de aeração. Porém, no trajeto para esta segunda bacia, são injetados no processo:
Hidróxido de Amônio e Ácido Fosfórico. Assim que o efluente chega na Bacia de
aeração, são separados particulados maiores dos menores e levados ao clarificador, onde
já possui uma saída que leva direto ao rio. Parte do efluente que sai do clarificado é
reciclado e volta à Bacia de Aeração, onde sofre novamente o processo de separação e
segue ao clarificador. Além disso, outra parte que sai do clarificador é o lodo, o qual é
encaminhado à Biorredução, conforme figura abaixo:

Figura 5- Processo de Tratamento de Efluentes baseado no Lodo Ativado


(Adaptado).

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Fonte: Confidencial

3.2 DADOS DOS MÉTODOS APLICADOS


3.2.1 Procedimento de Análise de DQO
Seguindo o Standard Methods (2005, Method 5220 D, Method 5220 C), o
procedimento utilizado durante a análise consiste na digestão em um sistema fechado com
quantidade conhecida de Dicromato de Potássio (K2Cr2O7) e Ácido Sulfúrico H2SO4,
que já estão presentes nos tubos de vidros (Kit de DQO). Segue abaixo as figuras do Kit
utilizado, o sistema fechado e o espectrofotômetro utilizado para leitura:

Figura 6- Kit Comercial para Análise de DQO

Fonte: Hexis Científica

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Figura 7- Digestor Hach Modelo DRB200

Fonte: Hach

Figura 8 - Espectrofotômetro Hach DR2800

Fonte: Direct Industry

A quantidade do consumo de oxigênio ocorrido durante a oxidação química da


matéria orgânica é proporcional ao Dicromato de Potássio consumido, o qual durante a
oxidação da matéria orgânica passa do estado hexavalente para o estado trivalente. Ambas
espécies de cromo são coloridas e absorvem luz na região do espectro visível. Na
oxidação da matéria orgânica por dicromato de potássio em meio ácido, ocorre a produção
de dióxido de carbono, água, além de outros elementos orgânicos que também sofrem
oxidação, conforme a equação abaixo:

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2KC8H5O4(g)+10K2Cr2O7(aq)+41H2SO4(aq)→16CO2(g)+46H2O(l)+10Cr2(SO4)3(aq)+ 11K2SO4(aq)

Segue abaixo os materiais e reagentes utilizados durante a análise de DQO método


colorimétrico:
• Kit de DQO HACH para a faixa 20 mgO2/L à 1500 mgO2/L;
• Água deionizada;
• Espectrofotômetro HACH DR2800;
• Reator digestor HACH DRB200;
• Pipetas volumétricas de diversos volumes para diluição das amostras, se
necessário;
• Pipetador automático de 1 mL a 10 mL;
• Balões volumétricos de diversos volumes para diluição das amostras, se
necessário.
O procedimento utilizado durante a preparação da amostra e inserção da mesma
no sistema seguiu a seguinte sequência:
Para as amostras com valores de D.Q.O superiores a concentração máxima da
curva, foi utilizado o Kit para faixa de 20 mgO2/L a 1500 mgO2/L e efetuou-se a diluição
com balões, pipetas ou pipetadores automáticos, todos volumétricos, na proporção 1:10.
A amostra foi homogeneizada agitando-se o frasco várias vezes antes de se tomar o
volume para a diluição ou para a análise diretamente. Em seguida, foi transferido 2 mL
da amostra diluída utilizando-se 2 mL ou pipetador automática.
O branco também foi preparado utilizando-se 2 mL de água deionizada adicionado
ao kit de D.Q.O HACH na faixa de concentração escolhida e seguindo as mesmas etapas
descritas acima para as amostras. Em seguida, os tubos foram fechados e
homogeneizados.
Após o reator atingir 150ºC, os frascos foram colocados no bloco reator, fechado
a tampa protetora e dado Start no equipamento. Transcorridos 120 minutos de
aquecimento, o reator digestor HACH DRB200, emitiu três sinais sonoros, indicando o
término da digestão e desligou o aquecimento automaticamente. No reator digestor,
durante o resfriamento, 4 sinais sonoros indicaram que o bloco reator resfriou a 120°C.

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Após o reator atingir 120 °C, os frascos foram então ser removidos e invertidos
cuidadosamente por várias vezes e em seguida colocados para resfriar em um suporte
metálico apropriado.
Assim que os tubos atingiram a temperatura ambiente, efetuou-se a leitura dos
mesmos, utilizando o espectrofotômetro HACH DR2800.

3.2.2 Procedimento de Análise de TOC


A determinação de Carbono Orgânico Total (TOC) consiste em combustão
catalítica. O carbono inorgânico da amostra é eliminado com adição de ácido clorídrico
(pH 2) e sparge (Gás oxigênio). Em seguida a amostra é oxidada com o auxílio de um
catalisador (alumina revestida com platina) e da temperatura elevada (680 ºC). Os gases
formados são desumificados através de um forno, filtrados e levados até uma célula para
a medição infravermelho, onde o CO2 é detectado.
Segue abaixo os materiais e reagentes utilizados durante a análise de TOC:
• Água deionizada
• Ácido Clorídrico 2 M
• Analisador Shimadzu TOC-4100

Figura 2- Analisador Shimadzu TOC-4100

Fonte: Shimadzu
• Shimadzu TOC-Vcpn+ASI-V

Segue abaixo o passo a passo do procedimento de análise de TOC:


As amostras analisadas nesse método não sofreram diluições, apenas foram
conservadas em refrigerador a 4 ºC. Foram preenchidos os campos digitais a respeito da
amostra na tela do computador acoplado ao equipamento. Em seguida, inserido a

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mangueira que vai diretamente para a seringa. Após aproximadamente 10 minutos, a


concentração foi disponibilizada no software.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após uma série de análises dos métodos aqui citados, foram coletados 23 dados
de dias diferentes, porém, da mesma amostra. Porém, como os dados encontrados são
confidenciais, para compartilhar os valores encontrados, foi aplicada a Equação 1 para
valores de DQO e TOC, em que y é o valor exposto em tabela e x é o valor real:
y = 9 x + 16 (Eq. 1)

Tabela 2 - Valores de DQO, TOC e Relação DQO/TOC encontrados para Amostra SL (Adaptado)

DQO TOC
DADOS mg/L mg/L DQO/TOC
1 24136 8830 2,73
2 8476 3829 2,21
3 13606 4818 2,82
4 30256 11995 2,52
5 19636 7798 2,52
6 42406 17431 2,43
7 8476 3104 2,73
8 7666 3062 2,50
9 7306 2839 2,57
10 7036 2955 2,38
11 5326 2082 2,56
12 11176 4332 2,58
13 10816 3810 2,84
14 9016 3342 2,70
15 10456 3324 3,15
16 7738 5832 1,33
17 10330 6069 1,70
18 13588 7827 1,74
19 16216 8232 1,97
20 14146 5589 2,53
21 12976 5034 2,58
22 8476 4105 2,06
23 12886 6455 2,00

Fonte: Confidencial

Tabela 3 - Estatísticas sob a Relação DQO/TOC da Tabela 2 (Adaptado):

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Média 2,40
Desvio Padrão 0,42
Mediana 2,53
Mínimo 1,33
Máximo 3,15

Fonte: Confidencial

Diante dos resultados obtidos, alguns outliers foram excluídos e calculou-se a


média, desvio padrão, mediana, mínimo e máximo do conjunto de dados Amostra SL,
para que possam ser avaliados as dispersões e variações, determinando o fator de correção
K que correlaciona as análises de DQO com TOC.
Partindo dos resultados mostrados na Tabela 3, calculou-se o fator de conversão
K representativo para a amostra, que corresponde ao valor da média obtida e do desvio-
padrão. Com base nisso, foi necessário calcular o coeficiente de variação (CV) também
conhecido como desvio padrão relativo (DPR), para avaliar se o fator de conversão K
pode ser considerado como representativo da amostra. Desta forma, adotou-se CV < 0,20,
o fator de correção K é aceito. Para CV > 0,20, o fator de correção K não é aceito, sendo
necessário coletar novos dados e refazer a análise.
O coeficiente de variação é conhecido como uma medida padronizada de
dispersão de uma distribuição de probabilidade ou de uma distribuição de frequências. É
frequentemente expresso como uma porcentagem, sendo definido como a razão do desvio
padrão pela média, conforme a equação a seguir:

CV = Desvio Padrão ÷ Média (Eq. 2)

Os resultados são mostrados na Tabela 4:


Tabela 4 - Estatísticas baseadas na Tabela 3 e Definição de Fator K para Amostra SL
(Adaptado)

Média 2,40
Desvio Padrão 0,42
Coeficiente de Variação 0,17
K 2,40

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Fonte: Confidencial

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseado nos valores encontrados e estatísticas realizadas através das tabelas,
concluiu-se, com base nos cálculos estatísticos e nos testes de normalidade, equivalência
de variâncias e teste de correlação, que o fator de conversão calculado, sendo K = 2,40 e
coeficiente de variação 0,17, é considerado aceitável e representativo para o efluente.
Dessa forma, torna-se possível a substituição das análises de DQO do efluentes da
Amostra SL com o Kit de DQO para que a mesma seja feita no equipamento de TOC,
conforme representação abaixo:

DQO (Amostra SL) = TOC(ppm) x 2,40 (Eq. 3)

Além disso, a exposição ao reagente Dicromato de Potássio durante a manipulação


do Kit DQO durante a análise é maior que durante a análise de TOC. Apesar do
equipamento fazer uso de Ácido Clorídrico durante a análise, o mesmo é diluído, visto
que sua concentração é 2 M e o contato com ele se dá apenas em manutenções, já o Kit
DQO, a manipulação ocorre em todas as etapas.
Desta forma, foi possível obter valor de DQO, os quais podem ser utilizados nas
legislações citadas anteriormente, podendo ser utilizados diretamente ou comparados ao
DBO para que tenha conclusão da qualidade do efluente.

REFERÊNCIAS

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sobre o teste de demanda química de oxigênio (DQO) aplicado a análise de efluentes
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