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APROXIME-SE DE DEUS

“Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos


alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo
oportuno”.
Hb 4.16

Assim, aproximemo-nos com toda confiança do trono da graça, onde


receberemos misericórdia e encontraremos graça para nos ajudar quando for
preciso.

INTRODUÇÃO
4:16 Agora é estendido o gracioso convite: aproxime-se com confiança do
trono da graça. Nossa confiança está baseada no conhecimento de que ele
morreu para nos salvar e agora vive para nos proteger. Temos a garantia de um
cordial “bem-vindo”, pois ele disse que nos achegássemos.
As pessoas na época do AT não podiam se aproximar dele. Somente o sumo
sacerdote podia fazê-lo, e somente em determinado dia do ano. Podemos estar
na presença de Deus a qualquer hora do dia ou da noite para recebermos
misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna. Sua
misericórdia cobre o que não deveríamos ter feito. Sua graça nos dá poder
para fazer o que devemos, mas não temos o poder.
Morgan escreve de modo útil:
Nunca me canso de destacar que a frase grega traduzida por “ocasião
oportuna” é um coloquialismo, equivalente exato de “na hora H”. “Que
possamos receber misericórdia e achar graça para socorro na hora H”, ou
seja, graça exatamente quando e onde preciso. Você é tomado por uma
tentação. No momento do ataque, você olha para ele, e a graça está ali
para ajudar na hora H. Não há adiamento de sua petição até a hora
noturna de oração. Ali, na rua da cidade, com a tentação flamejante diante
de você, volte-se para Cristo com um grito de socorro, e a graça estará ali
na hora H.
Até esse ponto, foi mostrado que Jesus é superior aos profetas, aos anjos e a
Moisés. Voltemos agora ao importante tema do sacerdócio para ver que o sumo
sacerdócio de Cristo é de uma ordem superior ao de Arão.
Deus, quando deu a lei a Moisés no monte Sinai, instituiu o sacerdócio
humano, por meio do qual o povo poderia se aproximar dele. Ele decretou que
os sacerdotes deveriam ser descendentes da tribo de Levi e da família de Arão.
Essa ordem é conhecida como sacerdócio levítico ou de Arão.
É mencionado no AT outro sacerdócio de ordenação divina: o do patriarca
Melquisedeque. Esse homem viveu nos dias de Abraão, muito tempo antes de a
lei ser concedida, e ele serviu como rei e sacerdote. Na passagem a seguir, o
autor mostrará que o Senhor Jesus Cristo é sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque, e que essa ordem é superior à do sacerdócio de Arão.
Nos quatro versículos iniciais, temos uma descrição do sacerdócio de Arão.
Em seguida, nos versículos 5–10, é detalhada a adequação de Cristo como
sacerdote, principalmente pelo uso do contraste.

1. ELE OFERECE O ACESSO AO TRONO DA GRAÇA – “aproximemo-


nos”
A. Entrar requer decisão – Jr 29.13 E buscar-me-eis, e me achareis,
quando me buscardes com todo o vosso coração.
B. Entrar requer confiança – I Jo 5.14 E esta é a confiança que temos
nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.
C. Entrar requer ousadia – Ef 3.2 No qual temos ousadia e acesso com
confiança, pela nossa fé nele

2. ELE OFERECE O AUXILIO NO TRONO DA GRAÇA – “receberemos


misericórdia”
A. É onde alcançamos benefícios – Sl 68.19 Bendito seja o Senhor, que
de dia em dia nos carrega de benefícios; o Deus que é a nossa salvação
B. É onde alcançamos sustento – Is 41.10 Não temas, porque eu sou
contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te
ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.
C. É onde alcançamos favores – Pv 8.35 Porque o que me achar, achará a
vida, e alcançará o favor do SENHOR.

3. ELE OFERECE O AMPARO DO TRONO DA GRAÇA – “encontraremos


graça para nos ajudar quando for preciso”.

A. Nos momentos de necessidades – Fp 4.19 O meu Deus, segundo as


suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo
Jesus.
B. Nos momentos de sofrimentos – I PE 2.19 Porque para isto sois
chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo,
para que sigais as suas pisadas.
C. Nos momentos de desamparos – Sl 102.17 Ele atenderá à oração do
desamparado, e não desprezará a sua oração.

CONCLUSÃO
Essa mesma exortação é repetida em Hebreus 10.23,24. Destacamos alguns
aspectos dessa exortação.
Em primeiro lugar, devemos nos aproximar de Deus com confiança (4.16). A
palavra grega parresia, traduzida aqui por confiadamente, significa “com
ousadia, liberdade de expressão e ausência de medo”. Oh, nenhum temor deve
ser encontrado em nós! O rosto do Pai nos é favorável. No tribunal de Deus, não
pesa mais nenhuma condenação sobre nós, que estamos em Cristo. Fomos
aceitos no Amado. O véu foi rasgado. Agora, temos livre acesso ao trono da
graça. Calvino, falando sobre essa confiança, escreve:
A base de tal confiança consiste em que o trono de Deus não é
caracterizado por uma majestade visível a assustar-nos, mas se acha
adornado com um novo nome, a saber: graça. Se volvermos nossa mente
só para a glória de Deus, o efeito que ela produzirá em nós não será outro
senão nos encher de desespero, tal é a sublimidade de seu trono. Portanto,
com o fim de auxiliar-nos em nossa carência de confiança, e com o fim de
livrar nossa mente de todos os temores, o autor no-la reveste com a graça
e lhe dá um nome que nos enche de coragem por sua doçura. É como se
dissesse: Visto que Deus fixou em seu trono como que, por assim dizer,
uma bandeira de graça e de amor paternal para conosco, não há razão para
sua majestade afugentar-nos de sua aproximação.
Walter Henrichsen diz que, nos impérios do Oriente Médio durante os tempos
bíblicos, só uma pessoa tinha permissão de entrar na presença do rei sem ser
convidado: o filho primogênito, herdeiro do trono. A própria rainha não podia
entrar na presença do marido sem convite. Aqui, portanto, o escritor sugere que
temos os mesmos direitos do primogênito do rei e herdeiro do trono. O Rei dos
reis e Senhor dos senhores estendeu-nos os mesmos privilégios de que seu Filho
desfruta. Entrando na presença de Deus, podemos receber misericórdia pelos
nossos erros e uma porção generosa de sua graça em tempos de necessidade.
Em segundo lugar, temos livre acesso ao trono da graça (4.16). Jesus é o Filho
de Deus, portanto seu trono é trono de glória. Mas ele é também Filho do
Homem, e seu trono é trono de graça. Logo, o trono de Deus está repleto de graça
aos que reconhecem suas fraquezas e buscam refúgio em Jesus. Augustus
Nicodemus diz que essa figura remete ao antigo sistema de monarquia: se o rei
estivesse assentado em seu trono e alguém chegasse para lhe pedir um favor,
tal pessoa se humilhava, abaixava a cabeça e, então, o rei estendia o cetro,
dizendo: “Vou conceder o seu pedido”. Deus está assentado no trono do Universo,
e nós podemos nos aproximar dele confiadamente, pois sabemos que ele
estenderá em nossa direção o cetro da graça. Ao lado dele, está o herdeiro que
intercederá em nosso favor, dizendo: “Esse me pertence. Pode atendê-lo, Pai.
Pode estender o cetro da graça, porque eu morri por ele, sofri por ele, eu o
entendo e o conheço, e sei o que ele está passando, Pai. Conceda-lhe a graça que
ele está pedindo”.
Em terceiro lugar, recebemos graça e misericórdia da parte do trono (4.16).
Graça é o que Deus nos dá e não merecemos; misericórdia é o que Deus não nos
dá e merecemos. Nada merecemos da parte de Deus, e ele nos dá o seu favor:
isso é graça. Merecemos o juízo de Deus, e ele não o aplica a nós: isso é
misericórdia. Westcott faz uma importante distinção entre graça e misericórdia
quando diz que o homem necessita de misericórdia por causa das falhas
passadas e de graça para as obras presentes e futuras. Há também, segundo ele,
uma diferença quanto ao modo de realização em cada caso. A misericórdia é
para ser “tomada”, pois é estendida ao homem em sua fraqueza; a graça é para
ser “buscada” pelo homem de acordo com sua necessidade.
O Sumo Sacerdote fiel e misericordioso convida o pecador fraco e sujeito à
tentação a ir ao trono da graça. O pecador que vai ao trono da graça arrependido
e com fé encontra a graça perdoadora de Jesus.
Em quarto lugar, encontramos socorro sempre que nos achegamos ao trono da
graça (4.16). A ocasião oportuna é aquela em que nos sentimos tentados e
buscamos refúgio em Jesus, nosso grande Sumo Sacerdote. Deus providencia o
livramento e os meios para uma saída de nossas tentações (1Co 10.13). Olyott
escreve: “Não procure esconder de Cristo as fraquezas que possui – ele está
disposto a ajudar. Ele conhece todos os erros que você já cometeu e continua a
cometer. Sabe quantas vezes você precisará voltar para ele”.

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