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O CUSTO DO DISCIPULADO

32 “Quem, pois, me confessar diante dos homens, eu também o confessarei


diante do meu Pai que está nos céus. 33 Mas aquele que me negar diante dos
homens, eu também o negarei diante do meu Pai que está nos céus.
34 “Não pensem que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.
35 Pois eu vim para fazer que

“ ‘o homem fique contra seu pai,


a filha contra sua mãe,
a nora contra sua sogra (Mq 7.6);
36 os inimigos do homem serão os da sua própria família’.
37 “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem

ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; 38 e quem não
toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. 39 Quem acha a sua vida a
perderá, e quem perde a sua vida por minha causa a encontrará.
Mt 10:32-39 (NVI)

INTRODUÇÃO:
1. Todo cristão verdadeiro, é um discípulo de Cristo. Quando Cristo deu a
Grande Comissão, Mt 28.19-20, era para que nós, seus seguidores fôssemos por
todo o mundo com a tarefa de fazer “discípulos... ensinando-os a guardar as coisas
que vos tenho mandado”.
2. A palavra “discípulo”, grego matêtês, significa aquele que aprende, um
aprendiz ou aluno. No contexto do N.T discípulo é um estudante que adere a
(e viaja com) um professor com um relacionamento pedagógico; especialmente
usado por estudantes de líderes espirituais”. No livro de Atos, At 11.26, a
palavra discípulo é usada como sinônimo de cristão: “tendo-o encontrado,
levou-o para Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e
ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela
primeira vez, chamados cristãos”. Qualquer distinção que se estabeleça entre
estas duas palavras é puramente artificial.
3. O discipulado “É um processo de desenvolvimento progressivo que conduz
o discípulo da infância para a maturidade espiritual”. Um
relacionamento transformador, que dura a vida inteira e cujo objetivo
é nos tornar mais semelhantes a Jesus.
4. Quando Jesus chamou seus discípulos, os instrui claramente sobre o
custo de segui-lo. Pessoas de coração dúbio, que não estavam dispostas a
comprometerem-se com Ele, não o seguiam. Exemplo: “O Moço Rico”.
5. Nesta noite, vamos analisar o “Preço do Discipulado” ou o custo do discipulado,
descrevendo suas principais características.

Para ser discípulo de Jesus,

I. O DISCIPULADO DE JESUS REQUER CONFISSÃO PÚBLICA - Vs. 32-


33
32 “Quem,pois, me confessar diante dos homens, eu também o confessarei diante
do meu Pai que está nos céus. 33 Mas aquele que me negar diante dos homens, eu
também o negarei diante do meu Pai que está nos céus.

1. A palavra “confessar”, significa “afirmar”, “reconhecer”, “concordar”.


Trata-se de uma declaração de identificação, de fé, de confiança e
responsabilidade. Significa que mesmo em circunstâncias contrárias, jamais
teremos receio de afirmar que Cristo é o Senhor e dizer de nossa fé nEle. Veja o
que Paulo fala aos romanos: Rm 1.16, “Pois não me envergonho do evangelho,
porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do
judeu e também do grego”. Todo crente genuíno, confessará Cristo diante dos
homens.
2. Esta confissão pode ser feita de duas maneiras:
a) Com os lábios, Rm 10.9, “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor
e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”.
Através do uso da fala, da linguagem. Isso sé tem valor, se expressarmos os
sentimentos do coração.
b) Com o nosso testemunho, Tt 1.16, “No tocante a Deus, professam conhecê-
lo; entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são abomináveis,
desobedientes e reprovados para toda boa obra”. Dependendo de nosso
procedimento no mundo, estaremos confessando, ou negando a Cristo.
3. Esta confissão a Cristo, deve ser “diante dos homens”. Isto equivale a dizer
que a confissão é o meio pelo qual evangelizamos, pregamos a Palavra do Senhor.
Outros virão a Jesus através de nossa confissão. Rm 10.10, “Porque com o
coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação”. Se
o coração crê de verdade, a boca estará ansiosa para falar de Cristo, 1 Jo 1.1-2,
“O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos
próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito
ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos
testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi
manifestada)”.
4. Esta confissão indica a nossa permanência em Deus e a permanência de Deus em
nós, 1 Jo 4.15, “Aquele que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus
permanece nele, e ele, em Deus”. A confissão de coração, acerca de Jesus, como
Filho de Deus, confirma e evidencia a nossa comunhão mística com Deus.
5. Esta confissão determinará a confissão que Cristo fará de nós no dia do Juízo
Final, “Eu o confessarei diante de meu Pai...”. Cristo certamente dirá: “Este
pertence a mim”. Ele confirmará sua lealdade para aqueles que foram leais para
com Ele. Porém, temos o outro lado da moeda, v. 33, “mas aquele que me negar
diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus”.
Aqueles que o negam, o rejeitam e dEle blasfemam, certamente sofrerão a justa
punição e ouvirão: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado
para o diabo e seus anjos”, Mt 25.41.
6. Confesse a Cristo diante dos homens!
Para ser discípulo de Jesus,

II. O DISCIPULADO DE JESUS REQUER PRIORIDADE AO MESTRE –


Vs. 37
37 “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem

ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim;

1. A segunda marca do verdadeiro discípulo de Cristo, é que ele ama a Cristo mais
do que ama a sua própria família, v. 37. Este v. 37, é enfático. Isto quer dizer que
ser for preciso negar a um pai; é melhor negar ao pai terrestre, do que negar o Pai
Celeste. É melhor negar a um irmão terrestre, do que a Cristo, o irmão celeste.

2. Passagem paralela de Lc 14.26, é ainda mais enfática (“Se alguém vem a mim e
não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua
própria vida, não pode ser meu discípulo”). Para vir a Cristo e ser discípulo dEle, é
preciso estar disposto, se preciso for, a aborrecer pai, mãe, mulher, filhos, irmãos e
ainda a própria vida. A palavra “aborrecer”, significa no seu sentido literal, “odiar”,
“detestar”. Eu creio que Cristo não estava ensinando isto em seu sentido absoluto,
mas usando, isto sim, uma linguagem mais forte do que a nossa, para enfatizar o
que dizia. Jesus não iria contrariar a Palavra de Deus, que ensina:

a) Honrar pai e mãe, Êx 20.12, “Honra teu pai e tua mãe, para que se
prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá”.

b) Como maridos a amar nossas mulheres, Ef 5.25, “Maridos, amai vossa mulher,
como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela”.

3. Creio que o sentido da passagem está na frase: “E ainda a sua própria vida”, Lc
14.26. Esta frase fala de fidelidade absoluta, acima dos laços familiares e acima de
nós mesmos. Vejamos alguns ensinos na Escritura sobre este assunto:

a) Somos ensinados a negar a nós mesmos, Mt 16.24, “Então, disse Jesus a


seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua
cruz e siga-me”.

b) Somos ensinados a nos considerar mortos, Rm 6.11, “Assim também vós


considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus”.

c) Somos ensinados a nos despojarmos do velho homem com seus feitos, Ef


4.22, “no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem,
que se corrompe segundo as concupiscências do engano”.

d) Somos ensinados a tratar nosso egocentrismo com o maior desprezo, 1


Co 9.27, “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo
pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”.
4. Por que Cristo usa uma linguagem tão pesada? Porque se utiliza de exigências
tão ofensivas? Por que Ele deseja espantar para longe aqueles que não querem se
comprometer? Ele deseja atrair para si os verdadeiros discípulos. Ele não quer que
pessoas de coração dúbio sejam enganadas, pensando que fazem parte do Reino de
Deus.

III. O DISCIPULADO DE JESUS EXIGE O CARREGAR DA CRUZ - V. 38

39 Quem acha a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida por minha causa a
encontrará.

1. Tomar a cruz, implica em perder a própria vida. Significa estar disposto a morrer.
Da mesma maneira que Cristo seria fiel a Deus, a ponto de morrer, e foi preciso que
Ele de fato morresse, seus discípulos, também precisam estar dispostos a morrer, se
necessário for.

2. O suplício da cruz era um dos meios romanos de pena de morte, e era usado para
executar os piores criminosos. Por esta razão, a cruz tornou-se símbolo de sofrimento
horrível e vergonhoso:

a) Para muitos nos dias de Paulo a palavra da cruz era loucura, 1 Co 1.18,
“Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós,
que somos salvos, poder de Deus”.

b) Para o escritor da Carta aos Hebreus, ao ir para a cruz, Cristo foi


exposto a mais terrível vergonha, Hb 12.2, “olhando firmemente para o Autor
e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta,
suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono
de Deus”.

3. A cruz é um instrumento obrigatório para aquele que aspira ao discipulado:

a) v. 38, “Quem não toma a cruz, não é digno de mim”,

b) Lc 14.27, “Quem não toma a cruz, não pode ser meu discípulo”.

4. Jesus não está ensinando neste texto a salvação pelo martírio, v. 39 (“...quem,
todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á”), mas estava se referindo a um
estilo, um padrão. Estava afirmando que os verdadeiros discípulos, não recuam,
nem mesmo diante da morte. O verdadeiro discípulo, procura seguir a Cristo, ainda
que isto lhe custe a própria vida. Vejamos alguns exemplos de discípulos que
viveram situações de martírio por amor a Jesus:
a) Os discípulos diante dos membros do sinédrio, At 4.18-21, “18 Chamando-
os, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem em o nome
de Jesus. 19 Mas Pedro e João lhes responderam: Julgai se é justo diante de Deus
ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; 20 pois nós não podemos deixar de
falar das coisas que vimos e ouvimos. 21 Depois, ameaçando-os mais ainda, os
soltaram, não tendo achado como os castigar, por causa do povo, porque todos
glorificavam a Deus pelo que acontecera”.

b) Estevão diante de seus algozes, At 7.59-60, “59 E apedrejavam Estevão, que


invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! 60 Então, ajoelhando-se,
clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras,
adormeceu”.

c) Tiago e Pedro diante de Herodes, At 12.1-4, “1 Por aquele tempo, mandou o


rei Herodes prender alguns da igreja para maltratá-los, 2 fazendo passar a fio de
espada a Tiago, irmão de João. 3 Vendo ser isto agradável aos judeus, prosseguiu,
prendendo também a Pedro. E eram os dias dos pães asmos. 4 Tendo-o feito
prender, lançou-o no cárcere, entregando-o a quatro escoltas de quatro soldados
cada uma, para o guardarem, tencionando apresentá-lo ao povo depois da Páscoa”.

d) Paulo antevendo seu sacrifício, 2 Tm 4.6-8, “6 Quanto a mim, estou sendo


já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. 7 Combati o bom
combate, completei a carreira, guardei a fé. 8 Já agora a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim,
mas também a todos quantos amam a sua vinda”.

5. Para ser discípulo de Cristo, é preciso estar disposto a sofrer as maiores afrontas
e morrer se preciso for pelo seu nome.

CONCLUSÃO
1. O preço do discipulado é alto. Todos os que quiserem seguir a Cristo, terão que
estar dispostos a pagar o preço, caso contrário, jamais serão verdadeiros discípulos.
Não há lugar no Reino de Deus, para aqueles que não assumem um compromisso
de confessar Cristo diante dos homens, que não renunciam tudo quanto tem, e que
não estejam dispostos, se preciso for, a morrer pelo amor a Cristo.

2. Lembre-se do que Paulo escreveu a Timóteo, 2 Tm 4.6-8, “6 Quanto a mim, estou


sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. 7 Combati o
bom combate, completei a carreira, guardei a fé. 8 Já agora a coroa da justiça me
está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a
mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda”.

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