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O MST: PEDAGOGIA DA TERRA.

Carla Raquel Gomes Dias.

Júlio Cezar da Silva Lopes.

Ilana de Souza Ferreira Barreto.

Isla.

Paulo Henrique de Souza Gonzaga.

RESUMO: O presente ensaio acadêmico discorre acerca do estudo da Pedagogia da


Terra. O trabalho fragmenta-se em 3 elementos: a primeira propõe introduzir o leitor ao
texto, a segunda aprofunda o conhecimento idealista do movimento dos sem terra e a
terceira trazendo as considerações finais.

Palavras–Chave: Reforma Agrária, PRONERA, MST, Pedagogia da terra.

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) é um movimento de luta social e de


organização política dos trabalhadores e trabalhadoras sem terra cujo eixo central de
atuação é a luta pela terra visando a Reforma Agrária. Uma das lutas deste Movimento é
a educação nos acampamentos e assentamentos visto que estes precisam adquirir uma
educação adequada para a realidade em que vivem. A educação no MST é um
movimento que surge de dentro da dinâmica social no campo, colocando no foco de
sua pedagogia a formação humana em sua relação com a dinâmica de luta social e, mais
especificamente com a luta pela Reforma Agrária. A estrutura e funcionamento da
principal conquista do movimento sem-terra no que tange à oferta de educação foi o
(PRONERA) O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, ele consolida a
educação no/do campo. Seja na formação de educandos ou educadores.

O PRONERA tem como objetivo geral fortalecer o ensino nas áreas de reforma agrária
que é um fruto da luta do MST incitando, sugerindo, criando, ampliando e coordenando
projetos educacionais a partir de metodologias específicas para o campo. Esse Programa
serve principalmente como instrumento de democratização do conhecimento no campo,
apoiando e propondo desenvolvimentos e melhorias das áreas de reforma agrária,

Com objetivos específicos de garantir a alfabetização e a educação fundamental de


jovens e adultos acampados e ou assentados nas áreas de Reforma Agrária onde tenha
sido fruto de luta do MST e, além disso, garantir a formação continuada desses jovens e
adultos do nível fundamental podendo chegar ao superior.

2. REFERENCIAL TEÓRICO.

O estudo realizado para construção desta produção escrita tem caráter


explicativa do ponto de vista acadêmico onde buscamos extrair informações do
movimento dos sem terra com dados e relatos.

1.1 Mst: Conceito e origem.


1.1.1 O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi fundado em
1982 baseado em três objetivos: lutar pela terra, lutar pela reforma agrária e
lutar por mudanças sociais no país. Esse grupo é formado por pequenos
agricultores, arrendatários, posseiros, meeiros, migrantes, atingidos de
barragens, entre outros trabalhadores rurais que perderam seus postos de
trabalho no campo para a mecanização do trabalho rural e pela intensificação
dos latifúndios de monocultura que se ampliaram na segunda metade do
século XX, esses alguns dos causadores do êxodo rural brasileiro. (Silva,
Wellington Souza. MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra,
Disponível em: https://www.infoescola.com/geografia/mst-movimento-dos-
trabalhadores-rurais-sem-terra/ Acesso em: 06, junho de 2021.)

1.2 Pedagogia da terra.

Enfim O QUE É PEDAGOGIA DA TERRA?


A Pedagogia da Terra, ou Ecopedagogia, ela é entendida como movimento pedagógico
tem uma abordagem curricular e com caráter de movimento social e político ela
representa um projeto ecológico que tem por finalidade promover a aprendizagem a
partir da vida cotidiana do campo bem como a idealização de um novo modelo de
civilização.

 Defende a educação da classe trabalhadora do campo disseminando um


conteúdo que seja especifico para ele.
 Busca incansavelmente uma pedagogia que vise à fixação do homem no campo
adaptada e adequada às condições do meio rural.
 Ações visando formar os próprios educadores em consonância com a concepção
de mundo e de educação dos respectivos Movimentos.
 Articulação entre ensino e trabalho produtivo.
 Atua como mediadora da identidade camponesa. O educador é do próprio
movimento.
 Atua também fora da esfera educativa influenciando diretamente na formação do
Homem para a sociedade com raízes advindas do próprio movimento.
 A pedagogia válida aceita é somente aquela derivada de suas ações práticas de
educação e misturando ideias filosóficas do marxismo e do idealismo
existencialista.

1.2.1 Pedagogia da terra e seus semeares dentro do MST.

O mst não só tem um papel na construção dos processos sociais, como educacionais
também, estes que geram a arquitetura de processos culturais, pois existe uma
reprodução de costumes ali, conhecimentos históricos, culturais, passados não só de
geração em geração como dentro das didáticas e das lutas. Dessa forma, uma indagação
floresce acerca do movimento, como o mesmo atua na escola? Para compreender os
processos educativos dentro do mst, é necessário compreender todas as suas nuances, e
somente nesse ponto percebe-se que a escola é só uma pecinha assim de um quebra-
cabeças gigante. Existe uma metamorfose dentro do movimento, do indivíduo
compostos por trabalhadores deixados a margem no sistema de educação para, o mst
constrói novos indivíduos socioculturais, é uma metamorfose que acontece no processo
da luta pela terra, é uma pedagogia que transforma, uma pedagogia libertadora, é uma
pedagogia talvez...como um ato político? Onde já se ouviu tais palavras? Freire. O mst
carrega muitos traços da pedagogia freiriana, aquela pedagogia libertadora, livre de
amarras e sem o padrão educacional geralmente imposto.

A autora Roseli Caldart retrata uma coisa muito importante no livro Pedagogia do
Movimento Sem Terra: escola é mais do que escola. Compreende a cultura "como um
modo de vida, e como uma herança de valores e objetos compartilhados por um grupo
humano relativamente coeso, mas mantendo-a como uma dimensão do processo
histórico e acrescida de um sentido político específico, que é o de uma cultura social
com dimensão de projeto, tal como o apreendido nas pesquisas feitas no âmbito da
história dos movimentos sociais, notadamente aquelas orientadas por uma interpretação
marxista da história" (p. 28, grifo da autora).

Ou seja, o mst faz parte de um processo histórico, marcado pelas suas lutas e cicatrizes
de um universo particular com suas particularidades particulares que são impedidas
durante o tempo de mostrar e por isso que se torna importante trazer a origem de tudo,
porque é a partir daí que se compreende essas práticas e fundamentos de escola
arquitetadas pelo mst.

Roseli Caldart se apoia em três fontes principais. A primeira é a realidade do mst. Os


conhecimentos vêm da releitura do próprio movimento, as heranças de saberes,
costumes e ideias que são gerados de Era em Era e que também são válidos, que
contribuí com os sujeitos e o próprio universo que estejam inseridos. O mst carrega uma
bagagem cultural muito vasta desde os seus princípios e quanto mais a marcha
conquista seu espaço no meio social e político, mais visível e magnificente ela fica.

A segunda fonte é a tradição teórica dos estudos da história social marxista. Que tem
como objetivo basicamente salientar o âmbito cultural, estudando os seus
desenvolvimentos de metamorfose sociais mediante a perspectivas marxistas do
contexto histórico que a mesma esteja inserida. Para isto, recorre a quatro princípios
básicos como ferramentas de análise, "compreender a história de baixo para cima" (p.
43); que é entender e aprender a história desde o seu prólogo. O outro princípio segundo
a autora é "considerar a experiência humana como parte fundamental do processo
histórico e, portanto, de qualquer leitura que dele se faça"(p. 46); ou seja validar as
bagagens do indivíduo como um fragmento que também constitui o seu
desenvolvimento histórico e

sua releitura de mundo. "compreender o processo de formação dos sujeitos sociais


também como um processo cultural"(p. 49), também é um dos princípios, o mesmo
configura-se como entender que os processos de construção do ser humano são
processos culturais. E por fim temos "olhar para os movimentos sociais como lugar
onde se desenvolvem processos socioculturais com forte dimensão de projeto"(p. 52),
que significa contemplar as marchas sociais como um espaço que também produz
conhecimentos e dinâmicas socioculturais que valem tanto quanto os conhecimentos
padrões considerados certos.

A terceira e última fonte são os elementos de teoria pedagógica, estes que permitem
olhar para o processo de formação mais amplo provocado pela dinâmica do Movimento
como um processo educativo, do qual a escola é uma parte. Trata-se de recuperar a
visão de educação como formação humana à qual a escola deve ajudar. Ou seja, a
educação é um processo social no qual se destacam as relações entre educação e vida
produtiva, entre formação humana e cultura, e entre educação e história. As ações
educativas intencionais e planejadas das escolas devem se orientar a partir destas noções
e jamais se deve tratar de compreender a escola fora de seus vínculos com processos
sociais concretos.

A destinação dos investimentos é feita de acordo com o número


de alunos da educação básica, com base em dados do censo
escolar do ano anterior. O acompanhamento e o controle social
sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos
do programa são feitos em escalas federal, estadual e municipal
por conselhos criados especificamente para esse fim. O
Ministério da Educação promove a capacitação dos integrantes
dos conselhos.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nisto, conclui-se que, a pedagogia do mst traz uma ideia evolutiva e revolucionária
da ampliação da educação, em campos onde somente estes grupos sociais teve a capacidade
potencial para abrir as portas para a educação nesses termos onde o homem do campo se
conectasse com a educação de forma amistosa e compreensiva. Conclui-se que a Pedagogia
do Movimento Sem Terra objetiva alertar e despertar a sociedade para apreender o conjunto
de lições que trás esse Movimento, com a ideia interpretada nos sentidos de se “Fazer
construindo” e “Caminhando que se constrói” , onde uma causa pode se tornar um modelo de
vida. Nasceu pequeno mas com um objetivo incisivo na mudança dos componentes do campo,
o objetivo com o passar do tempo chegou a conquistas inimagináveis e hoje se tornou grande
e bem expansivo, prova que um movimento social bem estruturado e com finalidades
comprometidas com a mudança podem modificar vidas, criar culturas e desenvolver projetos
que visem o crescimento individual e coletivo deles mesmos.

REFERÊNCIAS

CALDART, Roseli Salete. Pedagogia do Movimento Sem Terra: escola é mais do que
escola. Petrópolis: Editora Vozes, 2000.

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