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COLÉGIO PALAVRA VIVA

ISABELLA ALCÂNTARA DO AMARAL

A VERACIDADE E NEUTRALIDADE JORNALÍSTICA

São Paulo
2023
ISABELLA ALCÂNTARA DO AMARAL

A VERACIDADE E NEUTRALIDADE JORNALÍSTICA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Colégio Palavra Viva para o fechamento do


Ensino Médio

Orientadora: Profa. Sabrina Mansur Zemuner

São Paulo
2023
FICHA CATALOGRÁFICA
Colégio Palavra Viva – Biblioteca Virtual

Alcântara do Amaral, Isabella

A veracidade e neutralidade jornalística / Isabella Alcântara do Amaral. – 2023.

30 f.

Trabalho de Conclusão de Curso – Colégio Palavra Viva, 2023

Orientador: Profa. Sabrina Mansur Zemuner.

1. Jornalismo 2. Meios de comunicação 3. Imprensa Brasileira 4. Imparcialidade 5.


Pluralidade do Jornal

Espaço para Código de Controle da Biblioteca – CCB-CPV


Ficha de Aprovação

ISABELLA ALCANTARA DO AMARAL

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Colégio Palavra Viva para a conclusão do


Ensino Médio

São Paulo, 22 de outubro de 2023.

A banca decide por: ( ) Aprovar ( ) Reprovar.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________
Nome completo do componente da Banca com titulação
Colégio Palavra Viva ou Instituição à qual o Convidado faz parte

__________________________________________________________
Nome completo do componente da Banca com titulação
Colégio Palavra Viva ou Instituição à qual o Convidado faz parte

__________________________________________________________
Nome completo do componente da Banca com titulação
Colégio Palavra Viva ou Instituição à qual o Convidado faz parte
DEDICATÓRIA

A área jornalística havia me encantado ainda mais ao saber que o jornalismo e a escrita
fizeram parte de vocês, isso avivou meu interesse por essa área. Hoje e sempre
permanecerão influentes na minha vida, José Lau, e ti, Jane, eu desejo que descansem em
paz. Sou grata por serem os guias dessa minha travessia “ao [me] deitar e ao [me] levantar”
pois as palavras que me disseram estão no meu coração (Deuteronômio 6:7, 8). Eu os amo
infinitamente, e obrigada pela benção à mim derramada por ter o Luiz e a Karen, que me
instruíram e deram as ferramentas necessárias para a construção da minha estrada da vida, o
amor que sinto de tê-los como pais é indescritível. Ao Olavo de Carvalho, que também
descansa na paz do Senhor, pela sua percepção a respeito do mundo em que vivemos, esse
conhecimento que ele adquiriu e compartilhou foi muito precioso e me incentivou a buscar
entender o meio jornalístico.
AGRADECIMENTOS

Meu agradecimento primeiramente será aos meus pais, Luiz do Amaral e a Karen do Amaral,
pois sem eles eu nem mesmo chegaria a efetivar este artigo, agradeço também por tantas
oportunidades que me possibilitaram. À minha orientadora, Sabrina, pelas sábias e certeiras
instruções que foram fundamentais, como uma bússola para mim ao perder meu norte. À
todos os quais se disponibilizaram em debater sobre meu tema, amigos, colegas, professores,
para mim foram diálogos importantíssimos na construção da minha linha de raciocínio.
Agradeço pelo que esta análise me proporcionou, e todas as infindáveis dúvidas fomentadas a
partir desta escrita.
“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e
corrupta formará um público tão vil como ela mesma.”
Joseph Pulitzer
SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................................................................................................
2. Intuito do Jornalismo.................................................................................................................................
3. Concepção dos leitores................................................................................................................................
4. Posicionamento dos noticiários..................................................................................................................
5. Articulação dos fatos...................................................................................................................................
6. Think Tanks e o jornalismo.......................................................................................................................
6.1. Think Tanks no Brasil..........................................................................................................................
6.1.2. Atuação dos Think Tanks no jornalismo brasileiro..........................................................................
7. A “pluralidade” concentrada.....................................................................................................................
8. Considerações finais....................................................................................................................................
9. Referências...................................................................................................................................................
RESUMO

DO AMARAL, Isabella. A veracidade e neutralidade jornalística. 2023. 30. Trabalho de


Conclusão de Curso - Colégio Palavra Viva, São Paulo, 2023.

O objeto de estudo deste artigo é compreender como e porquê a falta de neutralidade afeta a
comunicação e a consequência disso em relativizar a verdade na realidade brasileira. Na
maioria das vezes, podemos afirmar que uma matéria opinativa quando disseminada entre a
população é capaz de ser uma arma pelo seu poder de manipulação e, mesmo que contenha
fatos as afirmações podem ser articuladas a fim de deturpar a verdade com finalidade de
defender ou acusar certa concepção. Desse modo que se é induzida a mente do leitor como
convém, a mídia o torna refém dos berros da maioria no que se é considerado correto.

Palavras-chave: Jornalismo. Imparcialidade. Imprensa Brasileira. Pluralidade do Jornal.

ABSTRACT
DO AMARAL, Isabella. A veracidade e neutralidade jornalística. 2023. 30. Trabalho de
Conclusão de Curso - Colégio Palavra Viva, São Paulo, 2023.

The main point of this article is to comprehend how and why the lack of impartiality affects
communication and the relativization of truth in Brazilian reality. Most of the time it can be
assumed that an opinionated article when disseminated among the population is capable of
being a weapon due to its power of manipulation even though it presents facts, the
affirmations can be articulated to misstate the truth with the aim to defend or accuse one
conception. In this way the reader's mind is induced as appropriate to the media, so it makes
them become victims of the ecoes of the majority about what is judged as correct.

Keywords: Journalism. Impartiality. Brazilian Press. Media Pluralism.

1. Introdução
O presente artigo tem como foco principal abordar a questão da falta de neutralidade
apontada por alguns grupos como O Globo, O Estadão, A Folha, em suma, a grande mídia
nacional, e a relativização da verdade nos noticiários da realidade brasileira. Sendo uma pauta
antiga, a neutralidade no meio jornalístico é debatida até hoje, chegando a um embate de duas
percepções, tal que uma defende a impossibilidade de alcançar a completa isenção da
parcialidade em razão do próprio jornal ser constituído por várias pessoas, as quais cada qual
carrega uma visão de mundo diferente, já o outro pensamento afirma que, apesar da formação
empírica do modo de pensar individual, é necessário buscar ao máximo transpassar a
informação de modo objetivo. Por conseguinte, sobre a pauta da neutralidade este artigo não
busca a discussão de se o Jornal deve ou não sê-lo, e sim analisar quando há falta de
parcialidade, como ela é apresentada e como afeta negativamente os leitores.
Posto isso, vale ressaltar que a imparcialidade relaciona-se com a verdade. Ao tratar
sobre a veracidade, a análise aqui feita é sobre como a verdade é manipulada a fim de
favorecer certa concepção. Isso ocorre quando, ao ler uma matéria tendenciosa, não significa
que sua totalidade seja mentirosa, isto é, ela aborda fatos, acontecimentos, que são articulados
de maneira a influenciar quem a lê em favor da defesa pretendida. Esse aspecto é
intensificado pela hegemonia da grande mídia, reforçando uma credibilidade para o leitor pela
replicação dessa fala em outros diversos jornais, consolidando-os.
Visando abordar a problemática dessa preponderância existente nos noticiários que se
apresenta de forma prejudicial, neste caso a imprensa já possui influência na sociedade, logo,
a junção de várias delas ao entorno de um propósito facilita a aceitação por parte dos leitores.
Portanto a mídia se autocoloca como guardiã da verdade, verdade do ponto de vista de quem?
Em razão disso, muitos dos leitores brasileiros que perceberam essa movimentação perderam
a confiança para com os jornais. Tal atitude torna-os suscetíveis à desinformação, como o
desconhecimento do quadro, quer nacional quer mundial, que afeta individualmente em mais
outros aspectos.

2. Intuito do Jornalismo

Inicialmente, é muito importante que se entenda o papel que o jornal possui na nossa
sociedade. Tendo isso em mente, a doutora Gisele Reginato pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul em sua pesquisa estudou sobre As finalidades do jornalismo: percepções de
veículos, jornalistas e leitores. Ela listou as 12 características principais, sendo elas
(REGINATO, 2018):
I. Informar de modo qualificado;
II. Investigar;
III. Verificar a veracidade das informações;
IV. Interpretar e analisar a realidade;
V. Fazer a mediação entre os fatos e o leitor;
VI. Selecionar o que é relevante;
VII. Registrar a história e construir memória;
VIII. Ajudar a entender o mundo contemporâneo;
IX. Integrar e mobilizar as pessoas;
X. Defender o cidadão;
XI. Fiscalizar o poder e fortalecer a democracia;
XII. Esclarecer o cidadão e apresentar a pluralidade da sociedade.
Retomando os pontos X e XI, compreende-se uma responsabilidade e o prestígio dessa
profissão, por levar em consideração o papel que o jornalista desempenha ao fazer conhecer,
ensinar, estar atento, protestar e velar, como Eça de Queiroz, então diretor do jornal português
O Distrito de Évora, em 1866 disse:

O grande dever do jornalismo é fazer conhecer o estado das coisas públicas, ensinar
ao povo os seus direitos e as garantias da sua segurança, estar atento às atitudes que
toma a política estrangeira, protestar com justa violência contra os actos culposos,
frouxos, velar contra actos nocivos, pelo poder interior da pátria, pela grandeza mo\
ral, intelectual e material em presença de outras nações, pelo progresso que fazem os
espíritos, pela conservação da justiça, pelo respeito do direito, da família, do
trabalho, pelo melhoramento das classes infelizes. (QUEIROZ apud PONTE, 2005,
p.178)

Decerto, informar sobre a realidade do mundo e seus acontecimentos é um grande


dever pelo fato de que as pessoas formulam, e depois solidificam as suas crenças e ideologias
no que julgam como correto ou errado, assim a visão de mundo que é exposta pelos
noticiários afeta diretamente na construção da sociedade, ideia reforçada por Joseph Pulitzer
de que o jornalismo atua por “moldar a opinião, tocar os corações e apelar à razão de centenas
de milhares de pessoas todos os dias” (PULITZER, 2009, p. 20). Logo, num imaginário
utópico, desempenhar tal profissão é digno de honra, como bem destacado por Traquina
(2005, apud SANTIAGO, 2015): “Os jornalistas estão na frente de batalha da liberdade,
prontos a vir em defesa [do povo]”.
3. Concepção dos leitores

Fonte: https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/digital-news-report/2022

Não obstante, essa consideração para com o trabalho de um jornalista beira a


inexistência quando o público duvida da credibilidade do Jornal. Essa descrença é identificada
nos brasileiros como foi analisado no relatório Reuters Institute for the Study of Journalism
(RISJ) da Universidade de Oxford sobre o consumo de notícias em todo o mundo. O diretor
desse centro de pesquisa, Rasmus Kleis Nielsen, disse em uma entrevista que essa crescente
desvalorização da população para “[com] os jornalistas e as empresas de mídia, revelam uma
perda da conexão com os leitores e uma indiferença ao relevante trabalho da imprensa”, e
como é mostrado no gráfico acima, observa-se uma queda contínua da confiança dos
brasileiros desde 2021 em relação aos jornais, que coincide com período de eleições no Brasil,
no qual se intensificou a polaridade dentre a sociedade e, em seguida refletiu no âmbito
jornalístico, assumindo em sua maioria de maneira nítida suas respectivas posições
ideológicas. Ainda, os dados da pesquisa apontaram que 57% do total daqueles que se
identificam com a esquerda afirmaram que as notícias afetam seu humor para pior. Já na
direita, sua maioria prefere não ver, pois crêem que é mentira tudo o que se publica.
Essa insatisfação pode ser identificada no artigo As finalidades do jornalismo segundo
os leitores de Gisele Reginato, supracitada, e de Marcia Benetti, Doutora em Comunicação e
Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em que elas
analisaram mais de 7 mil comentários nos sites e em páginas no Facebook dos três jornais:
Folha, Estadão e O Globo. Dessa análise é perceptível o quão antenados são os leitores a
partir da iniciativa que tomam de comentar nas notícias, eles se “[colocam] discursivamente,
construindo um lugar de fala para si, para os outros leitores e para os jornalistas”
(REGINATO e BENETTI, 2017, p. 147). O leitor não é ingênuo pois tem consciência do
papel do Jornal e sabe identificar quando há tendenciosidade como pode se observar pelos
comentários deixados nas notícias e reportagens selecionados abaixo:

“Jornalismo é relatar os fatos e deixar as pessoas pensarem sobre eles. E não


influencia-las” – Leitor Estadão.

“É direito constitucional do cidadão ter acesso às informações e é dever


dos veículos de comunicação oferecê-las” – Leitor Folha.

“Um bom jornal tem como objetivo trazer notícias a seus leitores, com alguma
análise para esclarecer aspectos relevantes. Quem compra um jornal quer saber o
que aconteceu, de forma verdadeira, clara e isenta. [...]” – Leitor Folha.

“Indo ao encontro da coluna de Leonardo Padura, quero parabenizar a


Folha. Leio quatro jornais por dia e ela, sem dúvidas, é a que mais valoriza o
divergente. Precisamos de mais e mais dissidência. Parabéns ao jornal por respeitar a
pluralidade de opinião e ideologia” – Leitor Folha.

“Parabéns à Folha. Acompanho suas páginas há pelo menos vinte anos e sempre
encontro informação útil e pontos de vista a serem analisados (mesmo que possam
ser discordantes dos meus)” – Leitor Folha.

“Cumprimento a postura transparente do jornal em deixar clara sua visão política


por meio de seu editorial, mas também de proporcionar uma análise crítica,
inteligente e plural por meio de seus textos, fotos e vídeos. Independentemente da
postura política que possamos adotar, é este o jornalismo que nos leva até as notícias
para consolidarmos, modificarmos e aprofundarmos nossa compreensão de Brasil e
de mundo” – Leitor Estadão.

“Caro Editorial, Louvável a intenção de se buscar equidistância na apuração dos


fatos e manter-se imparcial na divulgação das reportagens. É o que o leitor e a
sociedade de qualidade esperam e prestigiam de quem o faça. Parabéns e sucesso
nesse objetivo” – Leitor Folha.

“Como fazer em um dia em que parece não haver notícia? O Lauro [Jardim] inventa
uma e dane-se o compromisso com a verdade” – Leitor O Globo.

“Que reportagem esquisita, parece roteiro de ficção: quem são as fontes? É o de


sempre ‘pessoas próximas’? O julgamento acabou há pouco, como poderia almoçar
com ele como se soubesse do resultado? Jornal já começa a criar narrativas.
Impressionante. Daria para dissecar esse texto em uma aula de jornalismo do que
não se deve fazer” – Leitor Folha.

“Quero uma reportagem mais séria, de verdade, que apure de fato se houve ou não
esse problema de transmissão q estão falando q teve. Ligar nos responsáveis por
essas linhas, ir na cidade, usar contatos de jornalistas no local, viajar para lá,
conversar com os técnicos da transmissora, não sei, mas apurar a existência do fato.
Qd o jornalista afirma ‘conforme apurou’,quero saber como apurou” – Leitor Folha.
É importante ressaltar que “os jornais, frequentemente, têm o dever ético de dizer
coisas que podem não agradar aos seus leitores” (DI FRANCO, 2020) e que se assim o
fizesse, então o jornal perderia sua importante função de relatar os acontecimentos da
realidade. Entretanto é válido considerar alguns dos comentários negativos, os quais se nota
uma falha da mídia para com os leitores, tal falha precisa da devida atenção, que inclusive foi
notada também pelo jornalista Carlos Alberto Di Franco, colunista do Jornal “O Estado de
São Paulo”, que também escreve para O Globo, Gazeta do Povo, dentre outros jornais, disse:

Ao longo deste ano, alguns jornalistas da grande mídia, na cobertura de política e do


governo, e em nome de suposta independência, têm enveredado pelo que eu
chamaria de jornalismo militante. E isso não é legal. Não fortalece a credibilidade e
incomoda crescentemente seus próprios leitores. Consumidores de jornais mostram
cansaço com o excesso de negativismo de nossas pautas. Trata-se de um fato
percebido nas redes sociais. (DI FRANCO, 2020)

Como no início desse capítulo, as últimas eleições fomentaram numa polarização da


sociedade brasileira, todavia a imprensa não pode se ausentar desse acontecimento. Ao tomar
a atitude de enviesar as matérias e notícias, ela expõe uma falta de compromisso com a
verdade na sua essência e demonstra o mal uso de sua influência na cidadania. Entretanto,
antes de compreender essa tendenciosidade nas notícias no Brasil é importante que se avalie
como eles próprios, os jornais, se colocam.

4. Posicionamento dos noticiários

Deve-se saber os discursos dos atores-chave no campo do jornalismo sobre como eles
percebem seu papel na sociedade atual e constar caso exista algum consenso ou padrão em
relação a essa percepção. Com esse propósito foi realizada a pesquisa doutoral de Adriana
Santiago, doutoranda e mestre pelo Programa de Comunicação e Culturas Contemporâneas
(Poscom), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), com o tema Para que serve o
jornalismo? Um caminho para estudar as funções da instituição jornalística no Brasil, a qual
examina a fala de: entidades representativas profissionais (Associação Nacional de Jornais e a
Federação Nacional dos Jornalistas), entidades de estudo do jornalismo (Sociedade Brasileira
de Pesquisadores em Jornalismo e a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação), organizações jornalísticas (Mídia impressa – O jornal Folha de São Paulo e o
jornal ‘Brasil de Fato’; Mídia Digital – O G1 e o Portal EBC; Mídia Radiofônica – Band
News e a Rádio Nacional de Brasília; Mídia Televisiva – TV Globo e a Rede TV Brasil) e
organizações de ensino (Pública - Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Particular -
Universidade do Vale do Rio dos Sinos).
Nas instituições jornalísticas de cunho comercial há o comportamento de “arrebatar
para si a credibilidade institucional do ofício, como é o caso dos ‘Princípios editoriais das
Organizações Globo’ e a Missão pela Folha de S. Paulo.” E, nas que se autoclassificam como
‘independentes’ ou ‘de esquerda’ contendo as mesmas afirmações, sendo apenas proferidas
distintivamente.

Produzir informação e análise jornalísticas com credibilidade, transparência,


qualidade e agilidade, baseadas nos princípios editoriais do Grupo Folha
(independência, espírito crítico, pluralismo e apartidarismo), por meio de um
moderno e rentável conglomerado de empresas de comunicação, que contribua para
o aprimoramento da democracia e para a conscientização da cidadania.
O jornal Brasil de Fato— um semanal político, de circulação nacional, para
contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade
de mudanças sociais em nosso país. Plural e diversificado, Brasil de Fato reúne
jornalistas, articulistas e intelectuais do Brasil e do mundo. (SANTIAGO, 2014,
p.12)

Após a leitura e síntese dessa tese, a conclusão é de que há um consenso entre essas
entidades jornalísticas. Elas compartilham uma visão que se alinha ao conceito da "mitologia
profissional" no jornalismo, conforme mencionado por Neveu (2006) que envolve a ênfase na
busca pela imparcialidade, credibilidade, independência, objetividade e a crença de que o
jornalismo desempenha um papel fundamental na democracia. Esses princípios e valores são
amplamente aceitos e repetidos em todos os discursos analisados e em que cada um deles
foram selecionados palavras-chave, ou seja as expressões que se repetiram, apresentadas no
quadro abaixo:
Fonte: SANTIAGO, Adriana. Estratégias discursivas sobre o papel social do jornalismo.

Essa notável homogeneidade nos discursos revelada na pesquisa reflete uma visão
compartilhada sobre os princípios, valores e finalidades do jornalismo. Entretanto, uma
singularidade apontada é o caso da “função de educação” que não se notava presente nas
antigas definições e se mostrou com frequência nesses discursos. A respeito desse aspecto o
artigo fala:

Esta palavra-chave [educação] apareceu no processo indutivo da análise dos dados.


Ao retornar ao corpus, observou-se que estava sendo atribuído ao jornalismo o
princípio que confere autoridade de ‘produzir conhecimento’, ou seja, surge
embutida no processo a função de educação, que foi incorporada e contabilizada
como unidade de registro, a partir dos termos correlatos registrado em 8,14% dos
discursos. (SANTIAGO, 2014, p.13)

Designar o papel de educar a ser do Jornal é um compromisso sério, uma vez que o
educador se torna responsável pelo desenvolvimento do educando, quer seja acadêmico quer
também pelo conhecimento adquirido “do mundo” que será o norte para as decisões do
mesmo. Com isso será formada a sociedade, tal que ela é construída a partir de ações
individuais, sendo posteriormente replicadas pelos indivíduos que a formam, ressaltando o
pensamento coletivo mais aceito. Entretanto, sempre hão de haver divergências, visto que não
existe uma completa hegemonia, mas no contexto atual podem ser divididas em duas parcelas,
uma de ideais direitistas e a outra esquerdistas, sendo essa a chave para o noticiário
posicionar-se a favor de uma e culpar a outra. Nesse caso o cidadão escolhe um noticiário que
o agrade por corresponder com as convicções dele, posto isto, o papel de ditar o que é bom-
senso, moral, ético ou detestável não deve ser interpretado pela mídia quando ela molda sua
fala para adequar-se ao receptor.
No fim, os defensores de seus ideais são vítimas da mídia, com ela sendo a qual
permite que o outro acuse, julgue o seu próximo, como se observa nas duas falas analisadas
no artigo O debate em torno das expressões “vamos fuzilar a petralhada” e “fogo nos
racistas” sob o prisma da moralidade e da comunicação. A partir da leitura da matéria,
justifica-se que o “vamos fuzilar a petralhada” aje por “ ‘incitar, publicamente, a prática de
crime’ (art. 286 do Código Penal)”, porém a maneira como a matéria justifica o “fogo nos
racistas” denota uma certa amenização por conta de que ser racista já é uma atitude
condenável, como citada a fala do escritor Jeferson Tenório “ ‘como não utilizar a frase ‘fogo
nos racistas’ quando estamos sob ataque permanente do racismo?’ ”. Rebater o ódio com ódio
estimula a continuação do ato/fala e acaba por cindir a sociedade. Ambos devem ser
considerados discursos indevidos, não tão somente pelo motivo óbvio de incitar violência,
como também por não conter credibilidade que sustente uma argumentação, não auxiliando na
formação de um debate construtivo capaz de mudar perspectivas. Em vista disso, a
responsabilidade convém ao indivíduo de permitir que a mídia atue como educadora sobre o
que é correto ou não.

5. Articulação dos fatos

Ao levar em consideração a forma como ela expõe os acontecimentos do mundo e sair


do contexto do julgamento imposto pela mídia, compreende-se que ambos demonstram a falta
de compromisso para com a verdade, pois ela por si só conceitua algo já definido por ela.
Trazendo recortes de algumas manchetes, é possível exemplificar na prática a atitude descrita
por Nilson Lage, professor titular (aposentado) da UFSC e professor adjunto (aposentado) da
UFRJ.

A crítica do conceito amplo de jornalismo apoia-se na constatação de que


todo enunciado carrega associações semânticas e emotivas que diferenciam
segurança de capanga, ditador de líder, indivíduo generoso de perdulário etc.; ao
reproduzir sem crítica discurso iníquo, o jornalista estaria também sendo iníquo
(apenas se o fizesse com um discurso virtuoso, seria igualmente virtuoso)
(LAGE, 2013, p.22)

Das manchetes, foram selecionadas de dois contextos diferentes em que o arranjo


semântico torna bem expressivo o enfoque da matéria a ser lida. Estão listadas abaixo:
I. PM que matou assaltante na porta de escola em SP é eleita deputada federal - O Globo
II. Mãe PM que matou ladrão na porta de escola é homenageada por governador de SP -
Folha
III. PM que matou bandido em SP vai se filiar ao PR para disputar eleições - Estadão
IV. Mãe PM reage a assalto em escola de filha, atira e prende suspeito - R7 São Paulo

I. Saiba quem é Telmário Mota, ex-senador investigado por mandar matar a mãe de sua
filha - Globo
II. Quem é Telmário Mota, ex-senador investigado pelo assassinato da mãe da própria
filha - CNN Brasil
III. Quem é Telmário Mota, ex-senador que é alvo de operação sobre assassinato da mãe
da própria filha - Estadão
IV. Ex-senador bolsonarista, que está foragido, é acusado de estuprar a própria filha - ICL

As manchetes escolhidas apresentam diferentes perspectivas ao abordar a respeito do


mesmo assunto, evidenciando que a mídia pode manipular a narrativa para atrair a atenção do
público. Essa abordagem não exclui o fato, todavia ela manipula a interpretação, já que a
mesma história é retratada de maneiras variadas, influenciando a percepção do leitor antes de
realizar a leitura completa da matéria.

A opinião pública se forma periodicamente, a partir de posições e atitudes mutantes,


mais ou menos coesas e conflitantes A possibilidade de o jornalista “influenciar a
opinião pública” está no seu poder de tomar visíveis os discursos. (SCHMITZ, 2018,
p.135)

6. Think Tanks e o jornalismo

Esse molde do noticiário o qual aborda o que e como seria adequado ao tipo do seu
leitor pôde ser compreendido por conta das think tanks. Sumariamente, elas são organizações
institucionalizadas que buscam influenciar políticas públicas ou a opinião pública através da
produção de material científico (MEDEIROS, 2017). Para entender a utilização prática dela,
basta remeter à sua origem, que foi nos Estados Unidos da América durante a guerra, quando
se era discutido em salas secretas sobre como influenciar nas políticas públicas.

“no jargão militar eram como se chamavam as salas seguras secretas onde se
discutiam planos e estratégias militares durante a guerra” (TEIXEIRA, 2007 p. 106).
O termo passou a ser usado para referir as organizações que ofereciam consultoria
militar ao governo devido aos novos desafios estratégicos que surgiram após a
Segunda Guerra Mundial (TEIXEIRA, 2007). (MATTOS, 2015)

Então ela desempenhou um importante papel no período de conflito, por meio de


experts civis e militares que arquitetaram estratégias militares. Aplicando no século XX, o
termo "think tank" evoluiu para abranger uma ampla gama de organizações envolvidas em
atividades de pesquisa, análise, aconselhamento e avaliação de políticas públicas, tanto em
âmbito nacional quanto internacional. Isto posto, “essas organizações participam do cotidiano
da construção da opinião pública brasileira de forma contundente, mesmo que não
percebamos que elas existem e quais são seus objetivos, quem são seus agentes e quem as
financiam” (MEDEIROS, 2017) pois a produção de material intelectual relaciona-se com o
jornalismo brasileiro ao ser utilizado esses conteúdos como fontes para as matérias por conta
da carga científica que lhes são atribuídas.

Membros dessas organizações [think tanks] conseguem ter acesso à mídia por meio
de diferentes estratégias, da apresentação da produção própria de estudos, [...] até a
produção de artigos para páginas de editoriais (Thunert, 2003, p. 237). Esses tipos de
iniciativa possibilitam aos think tanks influenciar a cobertura jornalística não só no
caso dos temas iniciados por eles, mas também que seus representantes se
estabeleçam como experts acessíveis, com uma alta qualidade comunicativa, que se
colocam à disposição para comentar uma série de temas, inclusive os que não foram
sugeridos por eles próprios. Dessa maneira, podem definir o enquadramento dos
temas de outras fontes. Think tanks dão um grande valor à sua presença na mídia e
investem tão maciçamente nessa tarefa (Soley, 1992; Thunert, 2003), que as suas
atividades principais são vistas nas consultorias políticas e midiáticas. (SPONHOLZ,
2009)

6.1. Think Tanks no Brasil

A primeira think tank a existir no Brasil foi após a Segunda Guerra Mundial, numa
iniciativa dos EUA de assegurar que eliminaria as correntes comunistas e garantir a circulação
do livre mercado, mantendo sua influência geopolítica. Com isso em mente, em 1959 foi
originado o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) e nos anos de 1961 o Instituto
de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES) e 1983, o Instituto Liberal (IL). Eles tinham a finalidade
de inculcar nos cidadãos o sentimento de patriotismo, defender a família e advertir sobre o
comunismo.
O primeiro deles, o IBAD, surgiu com a iniciativa de militares e empresários com o
objetivo de se opor ao populismo de Juscelino Kubitschek e conter a influência da corrente
comunista no Brasil. E em 1961 O Globo anunciou a fundação do IPES que tinha “a principal
finalidade [de] elaborar estudos e atividades de natureza social e de benefício privado” que
era financiado pela companhia aérea Cruzeiro do Sul, pela Light, pelo O Globo, pelas Listas
Telefônicas, da Indústria e Comércio de Minérios S.A., pelo Açúcar União e pela Central
Intelligence Agency (CIA) no projeto político “Aliança para o Progresso” executado pelo
governo dos EUA durante a presidência de John F. Kennedy, pois eles tinham a premissa de
que as zonas mais empobrecidas da América Latina eram propícias à instauração do
comunismo, e no Brasil a principal região em alerta seria o Nordeste.

O IPES conseguiu estabelecer um sincronizado assalto à opinião pública, através de


seu relacionamento especial com os mais importantes jornais, rádios e televisões
nacionais, como: [...] a Folha de São Paulo (do grupo de Octavio Frias, associado do
IPES), o Estado de São Paulo e o Jornal da Tarde (do Grupo Mesquita, ligado ao
IPES, [...]) [...] Eram também ‘feitas’ em O Globo notícias sem atribuição de fonte
ou indicação de pagamento e reproduzidas como informação fatual. Dessas notícias,
uma que provocou um grande impacto na opinião pública foi que a União Soviética
imporia a instalação de um Gabinete Comunista no Brasil, exercendo todas as
formas de pressões internas e externas para aquele fim. (DREIFUSS apud
PASTORE, 2012)

Foram extintos esses institutos, mas novos foram criados, como podemos citar em
atuação o Instituto Millenium (Imil) que declara defender a liberdade individual, a promoção
do livre mercado e do Estado Mínimo. O Millenium foi fundado em 2005, e dos seus co-
fundadores é possível citar alguns que desempenharam papéis relevantes durante o governo
de Fernando Henrique Cardoso, como Armínio Fraga, o ex-presidente do Banco Central;
empresários do setor de telecomunicações, como João Roberto Marinho, o Vice-Presidente
das Organizações Globo; além de economistas, como ex-ministro da Economia, Paulo
Guedes. Seus financiadores atuais são: a Editora Abril, O Estado de S. Paulo, Grupo RBS,
Abert, Universidade Estácio de Sá, Gerdau e Suzano, Porto Seguro Seguros, Bank of America
Merrill Lynch, e seus mantenedores sendo a Rede Globo e o Estadão (PONTES, 2022). O
objetivo do Instituto Millenium é se dedicar na atuação de publicar material na grande mídia,
como Veja, Estadão, Exame, Folha, Globo, dentre outros.
6.1.2. Atuação dos Think Tanks no jornalismo brasileiro

Ao fazer uma análise, mesmo que superficial, dos escritores de grandes meios de
comunicação como O Globo, O Estado de S. Paulo, A Folha, dentre outros, nota-se que há um
grande número de jornalistas que integram think tanks, em especial o Instituto Millenium. A
apuração foi realizada a partir da lista de especialistas que integram o Imil em comparação
com os colunistas de: O Globo, O Estado de S. Paulo e A Folha. Foram 5 (cinco) colunistas
que também fazem parte do Globo, com o Demétrio Magnoli que está ausente na lista do Imil;
no Estadão há 15 (quinze) colunistas que representam aproximadamente 20%; já A Folha
conta com apenas 2 (dois), incluindo Magnoli. É provável que a quantidade seja ainda maior
em razão do que ocorreu com o caso do jornalista Demétrio Magnoli, em que seus artigos são
publicados no Millenium e em outras imprensas, como A Gazeta do Povo e Exame, contudo
não faça parte do grupo dos especialistas. Abaixo estão os colunistas que atuam como
especialistas no Instituto Millenium:
I. O Globo: Fabio Giambiagi e Gustavo Franco e Roberto Damatta;
II. O Estado de São Paulo: Antonio Penteado Mendonça. Adriano Pires, Bolívar
Lamounier, Fabio Giambiagi, Gustavo H. B. Franco, Henrique Meirelles, Jorge
Caldeira, José Márcio Camargo, José Nêumanne, Luiz Felipe Davila, Nicolau da
Rocha Cavalcanti, Roberto Damatta, Rolf Kuntz, Rubens Barbosa e Simon
Schwartzman;
III. A Folha de São Paulo: Joel Pinheiro da Fonseca;
A partir da análise realizada, há quem afirme que: se uma grande parte dos jornalistas
integram um TT, no caso o Millenium como mais recorrente, portanto a posição ideológica do
Jornal é consoante aos valores do think tank o qual o jornalista faz parte pois permite a
publicação de tal matéria no seu veículo. Ademais, é válido recordar sobre quais são os
financiadores do think tank, porque não necessariamente O Globo ao financiar uma
organização não institucionalizada a produzir conteúdo científico que defende “valores
democráticos, economia de mercado e Estado de Direito”, que consequentemente os
princípios editoriais da Rede Globo sejam os mesmos. Aliás, ao levar em consideração o ano
de fundação do Instituto, 2005, e nos quatro anos seguintes, a Globo foi excepcionalmente
beneficiada pelas verbas concedidas pelo governo vigente, de Lula.

Os valores, como se observa, chegam a cerca de 13 milhões de reais, apenas em


2009, cifra significativa para a realidade brasileira. Nesse sentido, deve-se notar que
a Rede Globo detém 70% da publicidade em geral, sendo que sua audiência é de
50%. Isto demonstra que, mesmo pelo critério da audiência, há discrepância na
alocação de verbas publicitárias no Brasil. Contudo, a ligação entre poder político e
mídia vai além da transferência de recursos oficiais, pois muitos dos responsáveis
por regulamentarem e fiscalizarem as concessões de rádio e TV no Brasil são
proprietários destas e, não raramente, isto contribui para reforçar seu poder político.
(FONSECA, 2010, p.39)
Fonte: https://portalantigo.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/TDs/td_1509.pdf

Fonte: https://www.brasilparalelo.com.br/noticias/globo-recebe-de-lula-4-vezes-mais-que-record-e-sbt-em-
propaganda
A Globo tem sido, ao longo das décadas, a emissora de TV brasileira de maior
audiência, fora sua intensa atuação no meio cinematográfico como o Gshow, tvglobo,
globoplay. Sendo uma poderosa influenciadora, e como é benéfico para ela estar ao lado de
quem a melhor bem pagou, essa será a sua inclinação.
A questão vai além da parcialidade, e sim não haver de fato publicação de ideias
divergentes. Ao consumir o material de think tank financiado pela própria, no fim, não haverá
uma diferença substancial.

7. A “pluralidade” concentrada

É interessante notar a associação desses noticiários e como a pluralidade torna-se


ilusória, apontando como mais do que uma observação, considerar a mídia como homogênea,
um fato. E ao analisar sobre a pluralidade o jornalista Julio Cesar Lemes de Castro, graduado
em Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP, com mestrado e doutorado em
Comunicação e Semiótica na PUC-SP, disse a esse respeito:

É fácil perceber que “a configuração da propriedade midiática no Brasil afeta


diretamente o livre fluxo de notícias e informações e obstrui o pluralismo”
(REPORTERS WITHOUT BORDERS, 2013). A concentração dos meios de
comunicação é reforçada por sua homogeneidade em termos ideológicos e pela
inexistência de concorrência de fato entre os veículos, uma situação que dificilmente
poderia ser considerada compatível com o interesse público. (DE CASTRO, 2015,
p.3)

Torna-se visto então que a tendenciosidade se demonstra intrínseca à mídia brasileira


desde seu início, tanto que a primeira imprensa brasileira — a Gazeta do Rio de Janeiro — era
órgão oficial do governo português pois anteriormente os primórdios de uma imprensa local
foram reprimidos vigorosamente com a justificativa de ‘resguardar o monopólio real para que
a ideologia da metrópole permanecesse hegemônica na colônia’ (BETTAMIO, 2010). Além
de que “a indústria de mídia não está sujeita a ferramentas de legislação e controle que
tenham o poder de restringir tendências oligopolistas e monopolistas” (DE CASTRO, 2015)
com a maior parte da grande imprensa sendo concentrada em um monopólio das fontes de
informação, em consequência, ser veraz para com o leitor torna-se dispensável pois essa
“garantia” se encontra na validação que há por ser parte da grande mídia.
8. Considerações finais

O presente trabalho analisou a questão da falta de neutralidade e da tendenciosidade na


mídia brasileira, com um foco especial nas grandes organizações de notícias, como O Globo,
Estadão e Folha de São Paulo. O tema proposto compreende-se na observação dos leitores
para com o jornal, do próprio jornal em sua colocação, e a análise prática da histórica
jornalista. É importante que haja uma visão crítica ao ler uma matéria, notícia, pois como bem
dito por Bourdieu (2004), o jornalismo contribui determinantemente para sua reprodução
ideológica, então para que o conhecimento obtido seja pautado de maneira correta, dado a
falta de compromisso apresentada para com a objetividade e ainda mais para com a
pluralidade em razão da homogeneidade midiática.
O jornalismo desempenha um papel fundamental na sociedade, com a
responsabilidade de informar, educar, fiscalizar o poder e fortalecer a democracia. No entanto,
a crescente polarização na sociedade brasileira tem levado a uma falta de confiança na mídia,
com muitos leitores escolhendo fontes de notícias alinhadas com suas próprias convicções, o
que pode levar à desinformação e à falta de entendimento dos problemas nacionais e globais.
Ao abordar a falta de parcialidade, observou-se como a verdade pode ser manipulada
para favorecer uma determinada concepção. Tal ocorre quando matérias tendenciosas
abordam fatos e acontecimentos de maneira a influenciar os leitores a favor de uma narrativa
específica. Isso é agravado pela hegemonia da grande mídia, que reforça a credibilidade das
informações ao replicá-las em diversos veículos, contribuindo para a ausência de concorrência
real entre os canais de comunicação A mídia muitas vezes se auto proclama como a guardiã
da verdade, levando à perda de confiança por parte dos leitores.
Para sintetizar, no início desta monografia foi entendido que os próprios leitores
identificam o enviesamento das notícias, através de artigos existentes. E, para fins de
observação, compreendido como o próprio jornal se coloca acerca de si, contrastando com as
matérias do mesmo. Portanto, a partir desta análise nota-se que o monopólio da informação e
a concentração de ambos ideais políticos no mesmo meio de comunicação, despertam
incertezas sobre sua credibilidade.

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