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Brasília/DF
Junho de 2010
Maressa de Omena Ribeiro
Brasília/DF
Junho de 2010
Maressa de Omena Ribeiro
BANCA EXAMINADORA:
Brasília/DF
Junho de 2010
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos primeiros “jornalistas” que conheci de perto. Mestres que se
empenharam na tarefa de revelar, questionar e. principalmente,trocar (pois o aprendizado é o
exercício da troca): Aurelina Freire Flores, Manuel Rodrigues, Mr. Dizallo, Fernando Paulino,
Lívia Jappe e Juliana Eugênia Caixeta.
AGRADECIMENTOS
- Juca Ferreira
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11
2 JORNALISMO .......................................................................................................... 13
6 HIPÓTESE DA AGENDA-SETTING...................................................................... 31
7.1 Omelete...................................................................................................................... 34
9 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 52
10 BIBLIOGRAFIAS ..................................................................................................... 53
11 ANEXOS ................................................................................................................... 55
1 INTRODUÇÃO
Uma entrevista contendo cinco questões também foi realizada com editores dos sites
para conhecer o editorial e o público alvo de cada site.
Um questionário contendo cinco perguntas foi elaborado a fim de definir o editorial e
obter mais informações sobre os sites.
13
2 JORNALISMO
Portanto, segundo (Motta, 2006, pg. 22) “o jornalista pode ser considerado “o
historiador e antropólogo natural da atualidade”, tornando inteligíveis os acontecimentos
presentes. Como prático da ciência antropológica, o jornalismo é ao mesmo tempo o relato e o
retrato da sociedade contemporânea, ao ponto que descreve e transforma os acontecimentos
diários com sua agenda.
O jornalista se insere na narrativa, contrastando com a realidade dela e, ao mesmo
tempo, transformando-a.
14
O jornalismo também pode ser visto sob uma ótica educativa. Não na forma de um
clichê de educação impositiva, ou a bancária, criticada por Paulo Freire1 mas como um meio
de proporcionar informação, oferecendo às pessoas conhecimento suficiente para
argumentação e, consequentemente, a construção da cidadania. “A principal finalidade do
jornalismo é fornecer aos cidadãos informações de quê necessitam para serem livres e se
autogovernar.” (KOVACH E ROSENSTIEL, 2003, p.31)
Para que uma sociedade se compreenda e consiga definir seus objetivos, é necessário
dar voz a diferentes manifestações e segmentos, ressaltando suas necessidades.
1
Conceito capitalista de educação criticado por Paulo Freire no livro “A Pedagogia do Oprimido”. Ao contrário
da educação libertária, na educação bancária, o conhecimento é simplesmente “depositado” e o aluno não tem
autonomia para questionar a metodologia aplicada.
2
Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1517
15
Com a migração do jornalismo impresso para a internet nos anos 90, principalmente
nos Estados Unidos, a missão de informar o leitor por um meio de comunicação mais
interativo e dinâmico, onde a atualização de notícias poderia ocorrer com mais freqüência e
em tempo real, fez com que muitos veículos de comunicação de grande porte adequassem seu
conteúdo para o espaço cibernético. Esta mudança de curso trouxe novas perspectivas para o
jornalismo e tem gerado inúmeras discussões em torno dos novos benefícios, desafios e das
novas responsabilidades trazidas pela rede.
A princípio, o conteúdo jornalístico era veiculado nos portais de internet, onde o leitor
poderia acessar as notícias do dia e também dicas de culinária, decoração etc. em hotsites
vinculados ao portal.
A formatação teve transformações iniciais com o jornal estadunidense “The Wall
Street Journal” começou a mandar conteúdo personalizado aos leitores a partir de um seleção
de notícias feita previamente pelos mesmos.
No Brasil, os sites jornalísticos de maior destaque ainda são os portais criados pelas
oligarquias familiares da imprensa, como o jornal O Estado de São Paulo e as organizações
Globo.
O conteúdo divulgado por esses sites diferem da cobertura tradicional da imprensa
brasileira. O jornalismo digital tem enfoque na atualização da notícia, no uso de várias mídias
e na interatividade com o leitor. A partir desta premissa, sites investem na adaptação do texto
jornalístico do jornal impresso para outras mídias que podem ser veiculadas nos portais, como
vídeos e podcasts.
1.3.1 No início
Visto como a editoria “fútil” de um jornal hoje em dia, o jornalismo cultural nem
sempre teve status de agenda de espetáculos.
Segundo Piza (2003), o jornalismo cultural não se diferencia muito do das outras
editorias de jornais, afinal, mais do que emitir opiniões sobre música, livros, e peças de teatro,
escrever sobre cultura é um exercício constante de aprimoramento e busca pela informação.
Desde o início, a editoria sempre esteve ligada a períodos de ruptura e mudança. Ela
nasceu em meados do século XVII com o objetivo de interpretar a sociedade da época sob um
ponto de vista filosófico e contemplativo.
Um dos primeiros exemplos dessa campanha jornalística foi a revista “Spectator”,
lançada em 1711 pelos ensaístas ingleses Richard Steele e Joseph Addison. A publicação
deveria tirar a filosofia dos gabinetes e bibliotecas, escolas e faculdades e levá-la para clubes
e cafés. Usando uma linguagem culta, sem ser formal, a revista abordava temas como livros,
óperas e a realidade político-econômica da sociedade do século XVII.
O modelo contemplativo e simples de Addison e Steele foi seguido por publicações
em toda a Europa, como os jornais franceses “Le Globe” e “Le Constitutionnel”, sempre com
maior destaque para a literatura.
No século XX, com o início da profissionalização do jornalismo moderno, a cobertura
cultural ganhou um foco mais factual, enfatizando a reportagem. O movimento foi criado nos
18
3
Gênero de escrita que mistura as narrativas jornalística e literária, criando um romance de não-ficção.
4
No ensaio A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica, o teórico Walter Benjamin explana como a
tecnologia transformou a arte no século XX.
19
Por conseguinte, uma boa crítica não se resume à simples categorização de uma obra
em um determinado estilo, ou classe. Um olhar viciado e inexperiente não consegue distinguir
valores estéticos proeminentes e reais em obras artísticas de determinados rótulos recebidos
da indústria cultural ou de uma escola elitista. O jornalista cultural não pode incorrer neste
erro. Ele deve analisar a obra primeiramente por sua representação estética e depois pelo valor
social agregado a ela.
Isso depende essencialmente, da experiência e intimidade que o jornalista tem com a
arte para que ele possa recorrer à influências prévias, afim de traçar paralelos e avaliar a
originalidade do trabalho em questão. Isso demanda do crítico conhecimento e bagagem
cultural, que, muitas vezes ainda não foram forjados, resultando em uma análise superficial e
preconceituosa.
Desta forma surgem as polarizações grosseiras entre tablóides e publicações elitistas.
Exemplos de formatos preconceituosos e engessados. O primeiro, priorizando o colunismo
social de celebridades e a superficialidade e saturação da cultura de massa, em detrimento da
arte e da diversidade. O segundo, praticando segregação cultural em nome de critérios
estéticos baseados em uma agenda beletrista e arcaica.
A cabeça tem que estar aberta ao que se dispõe assimilar, venha de onde vier.
Ao mesmo tempo, pode e deve confiar na experiência [...] A primeira grande
vantagem disso para o homem moderno é saber usar melhor seu tempo,
permitindo-se conhecer formas de prazer mais completas – porque envolvem
toda a riqueza de percepções humana, da lógica mais abstrata à emoção mais
primeva - e também mais sutis, em que os meio-tons tomem o lugar dos
maniqueísmos e as ironias da vida sejam explicitadas. A segunda grande
vantagem é que um cidadão mais consciente de suas escolhas,
simultaneamente mais crítico e mais tolerante, é a chance de corrigir o erro ou
o menos de saber por que errou.” (PIZA,Daniel, 2004, p.50)
Segundo Octavio Paz (apud PIZA, 2004, p. 62), “ser culto é pertencer a todos os
tempos e lugares, sem deixar de pertencer a seu tempo e lugar”.
Outro fator que compõe o quadro sintomático do jornalismo cultural atual é a
subordinação ao cronograma de espetáculos e eventos. A informação publicada nos veículos
especializados está essencialmente ligada ao lançamento das obras e à eventos relacionados
com os artistas. Em alguns casos, a resenha antecipa o lançamento do trabalho. Este formato
de crítica, no entanto, contribui muito pouco para a reflexão sobre o processo de produção
20
artístico-cultural da nossa época, pois não leva em conta o impacto causado pela obra durante
o tempo em que foi consumida pelo público.
internauta poderá ouvir trechos de uma peça musical por meio de um podcast, um endereço
do myspace ou até mesmo assisti-la acessando à um link do youtube.
A convergência midiática impactou a comunicação de tal forma que, prevê-se que sua
atuação se estenda à outros meios de comunicação como vem ocorrendo com a televisão
digital, por exemplo.
5
O Overmundo é um website especializado em assuntos culturais no formato colaborativo em que qualquer
cidadão pode participar a partir de um sistema de avaliação pelos pares denominado Overpontos.
23
À luz destas novas perspectivas o jornalismo cultural volta a arena de debates que
havia sido substituída por fôrmas rígidas de agendas culturais atreladas à indústria do
entretenimento em revistas eletrônicas para TV ou tablóides.
Outro tema na arena é noção do que é cultura.
Para Alzamora o espaço cibernético trouxe à tona novas possibilidades de
interpretação do termo, como, por exemplo, uma abordagem mais antropológica para definir o
que é “cultura”. Esta percepção envolve a constatação de que a cultura abarca mais do que
apenas manifestações artísticas do nosso tempo, mas também em fenômenos
comportamentais, lingüísticos e sócio-políticos.
3 O QUE É O CÂNONE?
7
A Torá é composta pelo Pentateuco. Os cinco primeiros livros do antigo testamento narra a criação do mundo
por Javé, Deus, até a morte do profeta Moisés e a entrada do povo judeu na terra prometida.
26
8
Embora faça menção dos conceitos de cânone escritos por Harold Bloom, o presente trabalho tem o objetivo
de contestar os padrões culturais imaculados criados pela crítica ao longo dos anos, e, portanto diverge da
postura de classificar movimento que questiona o cânone como a “Escola do Ressentimento”.
27
A crítica Cultural é mais uma triste ciência social, mas a crítica literária,
como uma arte, sempre foi e sempre será um fenômeno elitista. Foi um erro
acreditar que a crítica literária podia tornar-se uma base para a educação
democrática ou para melhorias na sociedade. (BLOOM, Harold, 1994 p.25).
Sendo assim, é possível afirmar que parte da seleção canônica permanece intocada
devido ao interesse de classes dominantes em promover e manter a cultura imperial e
colonialista por meio de manifestações artísticas.
9
O termo diáspora significa deslocamento, normalmente forçado, de grandes populações para outras áreas
dispersas.
28
Por que os homens bebiam vinho e as mulheres, água? Por que um sexo era
tão próspero e o outro, tão pobre? Que efeito tinha a pobreza na ficção:
Quais as condições necessárias para a criação de obras de arte? (WOOLF,
Virgínia, 1985, 35)
WOOLF também advoga que parte da subjugação da mulher à uma posição inferior se
deve à necessidade do homem impor sua superioridade à mulher como uma forma de medir
sua a “estatura” social.
4 CULTURA DE MASSA
A cultura de massa surgiu a partir dos anos 30, principalmente nos Estados Unidos,
com a consolidação do poder industrial e o surgimento dos meios de comunicação. Pode ser
entendida como a produção e venda de obras artísticas como livros, filmes e música na
10
O “Nome de caneta”ou “Nome de Pluma”, servia como um pseudônimo adotado por autores literários ou
teatrais para esconder a identidade, ou gênero, além de uma como uma forma de marketing para promover a
obra.
29
“[...] esse mistério que nos mergulha no tempo mítico nos nascimentos dos fabulosos, o in
illo tempore, situa-se ao mesmo tempo na cronologia da atualidade, e nos mostra que a
rainha de flancos augustos participa dos estremecimentos, das angústias e das servidões
carnais de todas as mulheres. Uma síntese ideal da projeção e da identificação, na qual a
rainha cumpre, ao mesmo tempo, sua sobre-humanidade e sua extrema humanidade,
transforma um comunicado em flash espetacular (MORIN, Edgar, 1999, p. 106)
5 VALOR ESTÉTICO
O esmero estético tem sido o principal argumento dos que defendem o cânone para
manter a seleção intocada, entretanto, na disputa entre multiculturalistas e puristas o quesito
tem sido negligenciado.
Segundo Denilson Lopes a estética sempre foi considerada como um campo do
canônico, do prazer individual e do espaço despolitizado, e por isso, avanços feitos neste
terreno foram pequenos. No entanto, baseada exclusivamente em conceitos abstratos do
estudo do belo e da arte, a estética foi banida, colonizada pela política e pela economia,
isolada em suas próprias referências.
Lopes afirma que, atualmente, o tratamento dispensado ao estudo da estética oscila
entre uma perspectiva ortodoxa que distancia a arte da vida e uma mera tentativa de
culturalização da arte por políticas de identidades estreitas.
Ele propõe a radicalização de propostas sobre o hibridismo (processos socioculturais
de interseção e transação constituidoras de interculturalidades), abrindo espaço para a
diversidade.
31
6 HIPÓTESE DA AGENDA-SETTING
A partir desta asserção pode se inferir que a percepção da realidade por parte
da sociedade é moldada pela agenda midiática, ao passo que a mesma apresenta uma série de
fatos a serem incluídos na pauta sócio-política pós-moderna.
Segundo WOLF esse fenômeno ocorre à medida que jornalistas se utilizam de critérios
de relevância para selecionar acontecimentos e transformá-los em notícia durante o processo
de produção, enfatizando certos temas em detrimento de outros e até mesmo fornecendo uma
moldura interpretativa para os mesmos.
Sendo assim, a apreensão cognitiva da realidade social que, muitas vezes sequer foi
vivenciada, é feita por meio de informações fornecidas pela mídia, representando uma
metáfora representativa da totalidade das informações sobre o mundo.
6.1 Gatekeeper
Compreende-se por “gatekeeper” um determinado indivíduo ou grupo que
exerce o poder de decisão sobre quais informações devem passar ou serem rejeitadas em um
veículo de comunicação. A função de filtro exercida pelo comunicador durante todo o
processo de produção da notícia em vários estágios.
6.2 Newsmaking
A abordagem do newsmaking busca a resposta para perguntas como “qual a imagem
do mundo passam os noticiários radiotelevisivos” e “como essa imagem se correlaciona com
as exigências cotidianas da produção de notícias nas organizações radiotelevisivas”.
Para Wolf, o newsmaking se articula principalmente em dois binários: a cultura
profissional dos jornalistas; a organização do trabalho e dos processos de produção. As
conexões e as relações entre os dois aspectos constituem o ponto central desse tipo de
pesquisa.
No entanto, Wolf ressalta que por outro lado, existem restrições ligadas à
organização do trabalho, sobre as quais convenções profissionais são construídas e
“determinam a definição de notícia, legitimam o processo de produção (do uso das fontes à
seleção dos eventos, às modalidades de confecção) e contribuem para prevenir as críticas do
público”. Determina-se, assim, um conjunto de critérios de relevância, que definem a
noticiabilidade (newsworthiness) de cada evento, ou seja, a sua aptidão para ser transformado
em notícia.
Conseqüentemente, os critérios de seleção da notícia estão relacionados a processos
rotineiros e padronizadores de produção da mesma em detrimento
As notícias são o que os jornalistas definem como tais. Essa tese raramente é
explicitada, visto que parte do modus operandi do jornalista é que os eventos
ocorrem „fora‟, e os primeiros limitam-se, simplesmente, a relatá-los. Em
contrapartida, sustentar que os jornalistas fazem ou selecionam
arbitrariamente seria contrário à posição epistemológica, uma teoria
implícita do conhecimento, construída com base em procedimentos práticos
para resolver exigências organizacionais. (Altheide, 1976,p.113 apud Wolf,
2005, p. 196)
34
7 CONHECENDO OS SITES
7.1 Omelete
O site tem 10 anos e conta com 19 profissionais responsáveis por escrever
críticas e matérias jornalísticas disponíveis nas páginas. Dentre os 19 colaboradores, quatro
são jornalistas e os demais, em sua maioria, têm formação em publicidade ou outras áreas.
Dois editores são responsáveis pela seleção do conteúdo que compõe o
Omelete11: o designer gráfico Érico Borgo e o publicitário Marcelo Forlani.
O site é definido pela editoria como um site para entretenimento com foco em
revistas em quadrinhos, cinema, música e jogos para vídeo game. Também há uma ênfase em
coberturas sobre “lançamentos do mundo pop”, como especificado no editorial.
Na disposição do conteúdo percebe-se uma formatação bastante moderna, com
cores fortes e muitas imagens, além do uso de linguagem publicitária, como no espaço do
editorial, por exemplo.
11
www.omelete.com.br
35
ele música, cinema ou quadrinhos. Desse jeito, é sabor que não acaba mais.
A consulta aqui é rápida e os temas são sempre os mais atuais. Assim, a
gente não te deixa na mão. (Borgo e Forlani, 2000)
O site completa uma década em 2010. Foi criado pelo editor Júlio Dálio Borges,
engenheiro de computação, que mais tarde se tornou colunista independente.
O Digestivo Cultural12 tem enfoque num formato colaborativo, em que colunistas,
jornalistas, ou qualquer especialista em cultura se cadastra para enviar material para o site.
Cada um deles é responsável por se “pautar”. A seleção é feita, inicialmente, com base na
qualidade do texto enviado pelo colaborador.
A linha editorial inclui resenhas, matérias, críticas e ensaios sobre teatro, música,
comportamento, literatura, tecnologia, jornalismo e cinema. O conteúdo aborda uma
produção cultural bastante diversificada, abrangendo material nacional e internacional, com
destaque maior para a literatura. No entanto, há restrições explícitas a alguns conteúdos, como
explicou o editor Júlio Dálio Borges, em entrevista concedida para o presente trabalho.
12
www.digestivocultural.com
36
Quanto à periodicidade do site, não há uma meta fixa de produção, mas existem
colunas de opinião semanais. Os demais colaboradores são incentivados a enviar conteúdo de
acordo com a disposição e disponibilidade de cada um. Ainda sim, os internautas cadastrados
no site recebem uma Newsletter diária do site em seus e-mails.
O mailing do Digestivo Cultural contém atualmente 50 mil endereços cadastrados,
embora a maioria dos visitantes encontre a página por meio da ferramenta de busca do
Google. O site tem aproximadamente 10 mil visitantes por dia e 300 mil por mês. O número
de páginas navegadas varia de um (hum) milhão a 1,5 milhão por mês. A formatação da
página é simples e pouco atraente e a linguagem é formal, sem ser rebuscada.
No quesito interatividade, o site também reserva bastante espaço ao internauta. Na
página inicial, os comentários relativos a cada publicação podem ser acessados. O Digestivo
Cultural também possui interface com redes sociais na internet, como o twitter e RSS, nas
quais os internautas podem opinar. Também se percebe a presença de hipertextos e links para
outros conteúdos do site, mas nenhum tipo de hipermídia.
8 ANÁLISE DE SITES
Página 21 de Maio
Como primeira matéria em destaque nesta edição, o digestivo Cultural traz “O Mundo
Pós-PC: Uma Visão de Steve Jobs, segundo Charlie Stross”, que discorre sobre o crescimento
38
Página 06 de Junho
O primeiro hipertexto traz a matéria “O Mensalão, 5 Anos Depois”, dando repercussão
e tecendo elogios a uma matéria do jornal Valor Econômico, sobre o mensalão do PT, cinco
anos depois do escândalo.
Em seguida, uma matéria fala sobre o legado da obra do vocalista da banda Black
Sabath, Ronnie James Dio, falecido em 16 de Maio. O texto critica a superficialidade da
grande imprensa ao fazer referência a um símbolo popularizado pelo músico, em detrimento
da produção musical de Dio.
Em terceiro lugar, a matéria “O começo do fim do Facebook” traz uma análise do
manifesto contra a mídia social Facebook e seu criador, Mark Zuckerberg, feito pelo
empreendedor digital, Jason Calacanis, salientando a inconstância da rede social e o histórico
ruim de seu criador.
A matéria “Maria Bethânia Amor Festa da Devoção” defende o fato de que cantora
baiana seria uma das poucas de sua geração a continuar criativa, apresentando a última turnê
da artista como um exemplo de talento.
Em colunas, um conto fala sobre a Praça da Sé, em São Paulo, e uma coluna traz uma
análise de quanto os brasileiros gastam em suas viagens ao exterior e como o turismo
internacional os tem recebido.
Um ensaio sobre a relação do público brasileiro com a arte e a necessidade da
educação do mesmo nos dias de hoje é o tema do texto “Não Julgue o Público”. O foco do
escrito é a maneira como o público reage atualmente às manifestações artísticas no Brasil
atualmente e a necessidade de uma educação artística para o mesmo.
Na entrevista do mês, permanece o mesmo texto sobre o musicólogo mineiro Harry
Crowl.
Sobre o tema mais publicado do mês, o site destaca matérias sobre a copa do mundo,
com ênfase nas críticas sobre a cobertura jornalística realizada pela imprensa esportiva
brasileira.
Já no espaço reservado para novidades permanece o mesmo destaque de maio.
8.1.2 Análise
8.1.3 Matérias
Ao todo, cinco matérias do Digestivo Cultural foram analisadas. Elas foram retiradas
aleatoriamente da sessão de destaques das páginas iniciais dos dias 23 de abril, 22 de maio e
06 de junho.
Percebeu-se uma tendência à abordagem de cânones em todas elas. Em relação à cânones
da alta cultura ou, cultura elitista, podemos citar as matérias “Franz Kafka, por Louis Begley”
e “O Mensalão, 5 Anos Depois”.
A primeira indica uma preferência editorial pela crítica da literatura de alta cultura, no
início quando descreve o autor Franz Kafka como “talvez o maior escritor do século”, uma
clara sugestão de que o autor seria um dos representantes da literatura modelo (BLOOM,
1994 p.23). O texto segue tecendo elogios à obra do autor de ascendência judaica e atribuindo
qualidades estéticas às suas obras mais proeminentes. A crítica não classifica a biografia
escrita por Louis Begley como um livro brilhante, mas exalta a tarefa de traduzir os escritos
pessoais de Kafka, como cartas e diários, a fim de interpretar sua influência nas obras do
autor.
Em relação à canonização por influência da cultura pop, encontramos indício nas matérias
“Coco, Antes de Chanel, Com Audrey Tatou”, “Duetos com Renato Russo” e “Ronnie James
Dio”.
à proximidade das eleições; portanto, está relacionada aos critérios de agendamento midiático,
citado (WOLF, 2005).
A única exceção é o texto “Coco, Antes de Chanel, Com Audrey Tatou”. Neste caso, nota-
se um desinteresse em associar a matéria à agenda, pois o filme foi lançado em outubro de
2009 e a crítica sobre a atuação da atriz é feita seis meses depois, o que revela uma
preocupação maior com o processo da produção cultural.
Quanto ao uso de hipertextos e hiperlinks, todas as matérias trazem sublinhados links que
fazem referência a algumas obras ou personagens citadas no texto, redirecionando o leitor
para páginas que abordam os assuntos. Também nota-se que grande parte dos hipertextos
direciona os internautas às páginas de sites onde os produtos se encontram à venda.
No entanto, destaca-se a ausência de hipermídia que permitam ao internauta ter acesso aos
trechos de filmes, músicas, entrevistas, relacionados aos assuntos abordados, o que o ajudaria
na compreensão dos textos e serviria de comparação entre a crítica e sua impressão sobre o
objeto da resenha.
8.2 Omelete
A análise do site compreenderá os destaques no espaço flash interativo, situado no
canto superior esquerdo da tela, e as quatro primeiras matérias da sessão “últimas”,
totalizando 10 destaques analisados.
23 de abril
Como primeiro destaque no espaço flash do site com fotos, o omelete apresenta o
“Omelete 74#”, uma revista eletrônica publicada às sextas-feiras, contendo os principais
lançamentos e destaques da semana. A página traz duas versões: uma em um player suportado
pelo site e uma hipermídia do youtube.
Em segundo, uma chamada com a foto de um robô do filme “Homem de Ferro 2” traz
informações sobre uma entrevista com o ator britânico Don Cheadle e sobre o papel
interpretado por ele no filme.
45
Um terceiro destaque mostra uma foto de divulgação do filme “Alice no País das
Maravilhas”, com a chamada “Cinema: Estréias da Semana 23/04”, contendo como subtítulos
“Alice no País das Maravilhas, A Estrada e Sonhos Roubados em Cartaz”
Outro quadro do espaço destaques apresenta uma foto de divulgação do filme “A
Estrada” e lê “Especial A Estrada”, com subtítulos “Crítica e Entrevista com Viggo
Mortensen e Diretor”
Como quinto destaque, uma foto do diretor Tim Burton e da Atriz Mia Wasikowska,
trazendo o título “Omelete Entrevista Tim Burton”e o subtítulo “O Diretor Fala Sobre Seu
Envolvimento com a História de Alice, Atores, 3D”.
Por último, “Aqui Dentro e Lá Fora”, seguida do subtítulo “O Japonês Solanin e o
Italiano Leo Pulp” exibindo uma figura da história em quadrinho, estilo mangá japonesa, do
cartunista nippon Inio Asano. A matéria resenha duas obras de histórias em quadrinho
ressaltando a qualidade estética de cada uma.
Na sessão de matérias mais recentes publicadas mais recentemente, novamente, uma
chamada para a revista eletrônica “Omelete 74#” é apresentada.
Em seguida, a matéria “Comando Selvagem Aparecerá no Filme do Capitão América”
aparece. A matéria fala sobre novos personagens da editora de história em quadrinhos
estadunidense, Marvel Comics, que possivelmente integrarão o filme do super herói.
Na matéria “Conheça mais detalhes de Super Mario Galaxy 2”, o editor do site escreve
sobre detalhes da mais nova versão da sequência de jogos do Super Mario Bros.
Por último na lista de matérias recentemente publicadas está “Star Wars: The Old
Republic ganha vídeo demonstrando combate no MMO”, cujo foco é foco é a antecipação de
um vídeo do jogo baseado no filme de George Lucas.
21 de abril
Como primeiro destaque no espaço flash do site com fotos, o omelete apresenta o
“Omelete 78#”, que mostra uma foto do ator Russel Crowe interpretando “O Gladiador”, com
o subtítulo “Aqueles prestes a omeletar te saúdam! Um Tributo ao Gênero dos Épicos Greco-
Romanos e de Fantasia”, trazendo uma compilação de filmes sobre o tema.
“O Império Contra-Ataca – 30 Anos”, com destaque para uma foto do personagem de
Star Wars, Darth Vader, com o subitítulo “Harrison Ford Relembra Star Wars em Exibição
Especial”, relembra as três décadas do sucesso de ficção científica de George Lucas.
46
06 de Junho
O primeiro destaque no espaço flash do site com fotos de séries americanas,
traz “Destaques da TV” com o subtítulo “Os Fins de Temporada de Dexter, V e The Pacific o
Início de Southland e Muito dia dos Namorados”, falando sobre a programação televisiva.
Em segundo lugar, a revista eletrônica “Omelete 80#” traz os lançamentos para o
cinema na semana. Exibe uma foto do desenho animado Caverna do Dragão e critica as
adaptações de jogos de vídeo game para o cinema.
Em “Crítica: Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo”, o site apresenta a foto de
divulgação do filme. Na matéria, o editor critica a adaptação do jogo para o cinema, alegando
que são uma versão confusa.
47
8.2.2 Análise
De todo o material analisado, pouquíssimos exemplos de cunho não canônico se
destacaram na cobertura realizada pelo Omelete. Grande parte das inserções aborda uma
temática canônica de cultura pop, ou cultura de massa.
No campo do cinema essa hipótese se confirma, ao se destacar que grande parte da
cobertura é voltada para o cinema estadunidense de Hollywood. Temos como exemplo as
reportagens “Christopher Nolan Diz Que Coringa Não Volta Tão Cedo aos Filmes do
Batman”; “Crítica: Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo”; “Crítica: Marmaduke”; “O
Império Contra-Ataca – 30 Anos”; “Comando Selvagem Aparecerá no Filme do Capitão
América”, entre outros.
48
8.2.3 Matérias
No site Omelete também foram selecionadas cinco matérias aleatórias dos dias 23 de
abril, 22 de maio e 06 de junho. A análise não revelou nenhum conteúdo canônico que faça
referência à alta cultura. No entanto, quase todo o material analisado aborda, de alguma
forma, a cultura de massa.
Isto pode ser comprovado nas matérias “Michael Jackson Vira Tema do Cirque du
Soleil”; “Monstro do Pântano Pode Voltar a Fazer Parte do Universo DC”, e “Christopher
Nolan Diz Que Coringa Não Volta Tão Cedo aos Filmes do Batman”.
Na matéria “Michael Jackson Vira Tema do Cirque du Soleil” temos várias
representações de símbolos canônicos fortes da indústria cultural. O principal deles é o cantor
americano Michael Jackson, foco da matéria, e quem a mídia se refere frequentemente como
“O rei do pop”, portanto exemplificando um dos maiores representantes da cultura de massa
do nosso século, também podendo até ser considerado um “olimpiano” (MORIN, Edgar,
1999, p. 106), devido a toda especulação e polêmica envolvendo sua vida pessoal. Também
há menções à banda Beatles e ao cantor Elvis Presley, referências dos cânones musicais do
século XX.
A referência secundária seria a trupe circense canadense Cirque du Soleil, que
popularizou o gênero decadente desde a segunda metade do século XX. Os espetáculos
mambembes sem prestígio do circo foram transformados em superproduções com efeitos
especiais, também se enquadrando nos critérios de produto da cultura de massa, segundo
Morin.
Em “Christopher Nolan Diz Que Coringa Não Volta Tão Cedo aos Filmes do Batman”, o
texto tem enfoque na triologia hollywoodiana “Batman: A Origem”, oriunda da história em
quadrinhos de Bob Kane e Bill Finger. Ambas as manifestações culturais podem ser
classificadas como canônicas, pois são produções da indústria cultural pop. A matéria também
cita o ator Heath Ledger, falecido em 2008 e responsável pela interpretação do coringa no
segundo filme da trilogia, uma referência de astro de Hollywood.
50
Tão Cedo aos Filmes do Batman”, em que detalhes do filme são foco de especulação antes
mesmo de sua estréia em 2012. O mesmo se comprova nas reportagens “Monstro do Pântano
Pode Voltar a Fazer Parte do Universo DC”, “Michael Jackson Vira Tema do Cirque du
Soleil” e “Documentário Sobre Funk Favela on Blast Estará Disponível Online” (TEIXEIRA,
Nísio, 2002).
Todos as matérias e críticas possuem hipertextos com referências às obras e personagens
do texto. A matéria “Documentário Sobre Funk Favela on Blast Estará Disponível Online”,
apresentou hipermídias que permitiam acesso ao trailler do documentário, enriquecendo a
notícia (ALZAMORA, 2007).
52
9 CONCLUSÃO
Após a análise do conteúdo dos sites Omelete e Digestivo Cultural, foi constatado que
muito da cobertura jornalístico-cultural feita na internet ainda é canônica, contribuindo
pouquíssimo para a promoção da diversidade neste meio de comunicação. Embora muitas das
matérias critiquem a alta cultura ou a cultura pop, elas ainda representam a maior parte do
conteúdo publicado nos sites. Portanto, a polarização de gêneros no jornalismo ainda é
mantida no ciberespaço.
Apesar da possibilidade maior de diversificar o conteúdo, buscando manifestações
culturais diferenciadas, baseadas no valor estético das mesmas, os sites ainda optam pela
fidelidade à agenda da cobertura de jornalismo cultural de veículos impressos. Isso revela
uma dependência em um modelo editorial ultrapassado e falho, visto que devido à
globalização culturas estão mais propensas ao contato, formando muitas outras manifestações
culturais.
Portanto, o jornalismo cultural deve estar preparado para interpretar os novos
fenômenos culturais advindos da miscigenação causada pela cyber cultura.
Entretanto, a interação em tempo real entre os jornalistas e os internautas foi um fator
relevante a ser levado em conta na transformação do jornalismo cultural na internet em um
pluralizador de manifestações culturais.
No site Omelete, o espaço destinado à comentários, muitas vezes, possui o mesmo
número de caracteres das matérias publicadas. Já no site Digestivo Cultural, o formato
colaborativo influencia para que a linha editorial seja constantemente transformada, visto que
o conteúdo pode ser escrito por diversas pessoas de várias partes do mundo. Também pôde-se
notar o de um jornalismo cultural mais interpretativo, com diferentes abordagens aos temas
canônicos, representando uma possibilidade de transformação editorial do site, comparado ao
Omelete.
Isto revela que a interatividade no espaço cibernético aumenta a cada dia e pode, a
longo prazo provocar transformações no atual recorte editorial do jornalismo cultural online
que culmine na divulgação da diversidade cultural em detrimento do monopólio de cânones
na cobertura do jornalismo cultural online.
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10 BIBLIOGRAFIAS
DINES, A. O papel do jornal, uma releitura. São Paulo: Summus Editorial, 1986.
KOVACH & ROSENTIEL. Elementos do Jornalismo. São Paulo: Geração Editorial, 2003.
MORIN, Edgar, Cultura de massas no século XX : neurose. Rio de Janeiro Ed. Forense
Universitária, 1999.
MOTTA, Luiz Gonzaga. Narratologia: análise da narrativa jornalística. Brasília: Casa das
Musas, 2004.
PIZA, Daniel. Jornalismo Cultural. São Paulo: Editora Contexto, 2003. – Coleção
Comunicação.
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WOLF, Mauro, Teorias das Comunicações em Massa. São Paulo Ed. Martins Fontes, 2005.
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11 ANEXOS
Anexo – I
Entrevista: Editores
Anexos 2 - Omelete
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