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Araraquara
2017
UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto de Ciências Humanas Curso
de Psicologia
Araraquara
2017
Resumo
Este projeto de pesquisa teve como objetivo, através de procedimentos
de revisão de literatura, obter melhor compreensão do conceito de luto e seus
desdobramentos a partir da ótica psicanalítica, a fim de que este conhecimento,
nos possibilitasse maior capacidade de intervenção junto a uma criança que
sofre a perda de um ente amado.
Considerando o luto como uma fase transitória, de mudanças profundas,
nos debruçamos nas especificidades de seus mecanismos, desde o início do
processo quando o sujeito perde, ainda que parcialmente, o contato com o
objeto amado; Os postulados Freudianos indicam que neste período pós-
separação, para que ocorra a superação desta fase angustiante é necessária
que ocorra uma substituição do objeto, neste movimento, a libido que era ligada
ao objeto perdido poderá então ser reinvestida neste novo objeto. O que
Melanie Klein acrescenta é compreendido como um processo em que o ego
tem que habituar-se com a perda do objeto. Este processo inicia-se com a
assimilação da perda do objeto, do desinvestimento sucessivo da libido sobre o
mesmo, permitindo o reinvestimento em novos objetos.
Assim, partindo das informações coletadas e do aprofundamento na
teoria psicanalítica Kleiniana, percebemos as características do luto infantil,
tanto na questão simbólica, como nas questões parentais e as relações entre
ambos, além da intima relação entre o infantil e o adulto quando relacionados a
perda, também nos apresentou os mecanismos psíquicos utilizados para
elaboração da perda, sendo eles: ressignificação libidinal, retomada da posição
depressiva arcaica, teste de realidade, passagem pelo estado maníaco-
depressivo, posição esquizoparanóide e a adaptação do ego a respeito da
perda do objeto. Ademais compreendeu-se o luto anormal como a não re-
introjeção da pessoa perdida e dos objetos bons internos.
Sumário
1. Introdução........................................................................................................5
1.1 Apresentação.............................................................................................5
1.3 Objetivos....................................................................................................9
1.4 Hipóteses...................................................................................................9
1.5 justificativa................................................................................................. 9
2. Método...........................................................................................................10
3. Discussão......................................................................................................12
4. Conclusão......................................................................................................26
5. Referências................................................................................................... 29
6. Anexos...........................................................................................................33
1. Introdução
1.1 Apresentação
A criança espera uma resposta do adulto, acredita que ele seja capaz
de lhe dizer o que aconteceu. É necessário explicar-lhe que a morte é
irreversível, ou seja, que a pessoa que morreu não irá mais voltar à
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vida. Diante dessa situação, nota-se a dificuldade do adulto em lidar
com a palavra morte por todo o conteúdo e sentido que ela provoca
não apenas na criança, mas nele próprio. (SEINGK et al, 2013,
p.381).
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processo haverá uma reativação (Klein, 1940) do que chamou de
“posição depressiva” arcaica. Assim o que é acrescido em Klein, é
que o luto não se refere apenas a uma perda objetal real, mas
também simbólica. (CAVALCANTE, 2013, p.91).
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entretanto a capacidade de diferenciação entre eles é que irá trazer o sujeito
para a realidade. (Klein 1982).
A recusa da perda acontece em alguns casos quando a neurose infantil
não é concretizada, implicando em êxito sobre a posição depressiva infantil. A
criança ao vivenciar a ansiedade paranoide utiliza defesas e a passagem da
posição esquizoparanóide, que segundo Melanie Klein (1935) consiste no
estado do ego encontrar-se fragmentado devido as frustrações obtidas em
busca de um objeto gratificador, para a posição depressiva e assim passa a
não buscar mais tal gratificação, acarretando portanto em uma perturbação
maníaco-depressiva, explicada por Klein (1935) como faces de um mesmo
complexo de fantasias estruturantes do sujeito, que no contexto de luto explica-
se pela negação da perda com o intuito de evitar a angustia.
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Segundo Sigmund Freud (1917 apud FRANCO et al, 2007), entende-se
que o luto, para a psicanalise, é compreendido como um processo em que o
ego tem que habituar-se com a perda do objeto. Este processo inicia-se com a
assimilação da perda do objeto, do desinvestimento sucessivo da libido sobre o
mesmo, permitindo o reinvestimento em novos objetos. Não significa que a
ligação terminou, mas sim uma modificação dos significados dessa relação
objetal.
1.3 Objetivos
1.4 Hipóteses
10
1.5 justificativa
2. Método
Como a intenção deste estudo, desde o seu início, fora de cunho teórico,
o método utilizado adotou, especificamente, a revisão da literatura como
ferramenta principal. Consideramos que este instrumental, no processo de
pesquisa, análise e descrição de um corpus teórico possui a capacidade de
responder a uma questão específica ou mesmo avançar em suas
problematizações.
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Neste caso, por termos optado em debruçarmo-nos em leituras de uma
única teoria, àquela formulada por Melanie Klein, o tipo de revisão literária será
a narrativa, haja visto que
A “revisão narrativa” não utiliza critérios explícitos e sistemáticos para
a busca e análise crítica da literatura. A busca pelos estudos não
precisa esgotar as fontes de informações. Não aplica estratégias de
busca sofisticadas e exaustivas. A seleção dos estudos e a
interpretação das informações podem estar sujeitas à subjetividade
dos autores. É adequada para a fundamentação teórica de artigos,
dissertações, teses, trabalhos de conclusão de cursos.1
1
Sem autor identificado. Explicação disponível no site da Biblioteca do Instituto de Psicologia
da USP no endereço eletrônico: http://www.ip.usp.br/portal/images/biblioteca/revisao.pdf, com
último acesso em 19/03/2017.
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2.2 Procedimentos para coleta de dados
Para fins desta presente pesquisa foi realizado uma revisão bibliográfica
de artigos publicados em revistas cientificas dos últimos 10 anos, disponível
nos seguintes bancos de dados: Scielo, Bireme e BVS-psi. As seguintes
palavras chaves foram utilizadas: luto, criança, morte, perda, infantil e
psicanálise.
Está busca foi ampliada também aos seguintes livros: Amor, culpa e
reparação e outros trabalhos de Melanie Klein (1996); Obras da Kubler Ross
como “Sobre a morte e o morrer” (1991); Morte e desenvolvimento humano
(2002); Introdução as obras de Melanie Klein (1975) e outros instrumentos cuja
literatura foi desenvolvida pelos discípulos Kleinianos. Procedeu-se uma busca
de pesquisa bibliográfica com base de pesquisa psicanalítica, e de referência
Kleiniana.
3. Discussão
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contemplar esse processo ligando-o aos dois maiores extremos de um
indivíduo: a vida e a morte. Dentre todo o achado teórico apresentado, foi
possível compreender que o luto não se limita exclusivamente a tais extremos.
Nesta perspectiva, podemos dizer que Klein parte dos conceitos de perda
objetal real e teste de realidade caracterizados por Freud, a qual embasaram
suas contribuições, todavia, a autora austríaca acrescenta que também existe
uma perda simbólica e uma intima relação com a posição depressiva infantil
nos processos de luto:
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culpa pela sua agressividade contra o objeto, tendo o impacto
de retira-lo por amor. (KLEIN, 1935, p. 310)
15
criança passa antes, durante e após o desmame. Com o objetivo de integrar
seu mundo interno, o enlutado sofre a dor de restabelecê-lo e reintegra-lo.
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profissionais, sociais e familiares do indivíduo. Klein concebe o luto como uma
perda objetal e, em cujo processo haverá uma reativação de experiências tidas
no princípio do desenvolvimento psíquico humano. Ela percebe que nesse
processo haverá uma reativação, denominou este processo de “posição
depressiva” arcaica.
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É então através do teste de realidade que compreende a necessidade de
reativar elos com o mundo externo, revivendo a perda, o que contribui de forma
ativa na dolorosa reconstrução do mundo interno que está em perigo de
desmoronar na mente do indivíduo. Ou seja, da mesma maneira que o bebê
sofre para reestabelecer e reestruturar seu mundo interno na posição
depressiva arcaica, o sujeito enlutado também o faz.
Klein (1940) postula que dos sentimentos que estão ligados ao luto, os
mais perigosos são os de ódio contra a pessoa perdida, e que, esse ódio pode
vir à tona por uma sensação de ter triunfado sobre o morto, tal ódio pode
assumir a característica de triunfo sobre a pessoa morta, gerando ainda mais
culpa. Em outras palavras, “quando o sujeito é dominado pelas várias
manifestações do ódio ao objeto amado perdido, a pessoa amada não só se
transforma num perseguidor, como também abala a crença do sujeito em seus
objetos internos bons” (KLEIN, 1996, p. 398).
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motivos, não deixa de ser percebida também como uma vitória.
Isso dá origem à sensação de triunfo, que gera ainda mais
culpa (KLEIN, 1940, p. 397).
Klein (1940) explica que, o objeto de amor, assim como seus objetos
bons da infância, foram introjetados e instalados em seu mundo interno, dessa
forma, quando se instala o luto adulto, o indivíduo tem uma fantasia
inconsciente de que com o objeto perdido todos os seus objetos bons, inclusive
seus pais bons internalizados, foram perdidos, predominando então os objetos
maus, reativando assim a posição depressiva e suas ansiedades derivadas:
culpa, sentimento de perda provindos do desmame e outras fontes, além de
alguns sentimentos de perseguição que também podem ser reativados, ou seja,
quando ocorre a perda real, em sua fantasia, o indivíduo acredita que seu
mundo interno foi destruído.
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como todos os objetos que acreditou ter perdido, recuperando aquilo que já
havia obtido na infância.
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que agora está de certa forma, instalado dentro do seu próprio ego. Freud
relaciona a melancolia à fase sádico-oral do desenvolvimento, que além da
ideia de incorporação, há também uma fantasia de destruição ao ato de
mastigar e morder. O ego tem um ímpeto de sobrevivência, porém, no caso da
melancolia, há um conflito expressado sintomaticamente como desvalia,
causado pelo objeto amado incorporado, que traz um sentimento de abandono
ao enlutado. Esse conflito do ego pode ser relacionado diretamente ao conflito
da fase oral que traz como sintomas a inapetência, disfunções alimentares,
vômitos, algumas até com certo caráter suicida, o suicídio só poderia ser
praticado para a agressão de outro, ainda que outro que se encontra dentro do
próprio ego.
Melanie Klein (1935) sugeriu que existem defesas da ordem da paranoia
na melancolia, defesas que são características da posição esquizoparanoide.
Em seu trabalho de 1940, a autora postula que o luto anormal consiste na não
superação da posição depressiva arcaica, prevalecendo defesas da posição
anterior, ou seja, o indivíduo melancólico ainda utiliza predominantemente de
defesas da posição esquizoparanoide. Uma dessas defesas, a identificação
projetiva, foi introduzida pela autora em 1946, consiste na cisão de partes ruins
do ego seguida da projeção no outro, causando além de uma necessidade de
controle alheio com a finalidade de controlar suas partes excindidas do ego,
uma confusão de personalidade.
Esse mecanismo de defesa também estabelece uma relação agressiva
de objeto que pode ser associada à relação de sadismo que é estabelecida
entre o enlutado e seu objeto de amor na melancolia, por conta da autodesvalia
dirigida ao próprio ego, como Freud (1915) identificou ser na verdade dirigida a
outro alguém do qual se encontra instalado no próprio ego: o objeto de amor
perdido.
O ódio expressado pelo objeto de amor perdido ainda pode ser
associado à relação entre amor e ódio que é descrita na teoria de Klein (1937),
o amor e o ódio estão presentes desde os primeiros anos de vida do bebê, pois
este ama a sua mãe quando ela o alimenta, e a odeia quando esta se ausenta
e não atende às suas necessidades, trazendo sentimentos agressivos de ódio
e desejos de destruir a mesma pessoa, que é sua fonte de gratificação. Esses
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impulsos agressivos é que trarão ao bebê o sentimento de culpa, e
subsequentemente a necessidade de reparação, essa relação de amor e ódio é
que movimenta as relações.
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paciente leva para se conscientizar da sua perda, gradualmente percebe-se
que irá se desprender da negação e passará a utilizar outros mecanismos de
defesa, menos radicais.
Raiva: Quando não é mais possível viver negando (primeira fase),
negação é substituída por sentimentos como raiva, ressentimento, revolta e
inveja, geralmente as pessoas se questionam “por que eu? ”. Embora tenha
sido doloroso e difícil o primeiro estagio, com o surgimento da raiva, um outro
mecanismo de defesa é criado, mecanismo esse que se propaga em todas as
direções e geralmente projeta-se no ambiente em que vive o paciente, na
maioria das vezes sem uma razão plausível. Com os conceitos Klenianos, a
culpa, que esta por trás da depressão maníaca na criança e que tem a ver com
os sentimentos destrutivos originais do desmame, retomam de modo
semelhante nessa fase, o que Kluber-Ross (2008) considera como raiva é
agressividade gerada pela culpa na criança.
Barganha: Esse é o menos conhecido, mas muito importante de ser
vivenciado, mesmo que em um tempo curto, se no primeiro estagio não
conseguimos aceitar e enfrentar os acontecimentos que nos trazem tristezas,
onde geralmente nos revoltamos contra Deus, bem como com outras pessoas
de nosso entorno, nesta terceira etapa já se torna mais fácil a aceitação.
É possível que se associe as promessas a uma culpa inconsciente,
desse modo, é importante que a fala dessas pacientes sejam observadas pela
equipe de saúde, não sendo desprezadas. Desse modo, deve-se analisar se
essa culpa se dá por não ter acompanhado algum preceito religioso ou se
existe desejos hostis mais profundos do inconsciente. Para Klein, a culpa na
criança tem a ver com a ideia de que o genitor que morreu, só morreu porque a
criança desejou que ele morresse em algum momento, que é a metáfora do
Édipo.
Depressão: Quando não se pode mais negar o fato, revolta e raiva agora
perdem seu lugar e um sentimento de perda toma conta. A pessoa passa a ser
invadida por um sentimento de aflição quando percebe a ausência do ente
querido, que se foi e não volta mais, o problema cessa quando é entendida,
acolhida e elaborada sua dor.
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Aceitação: Segundo a autora esse é o último estágio para uma
elaboração bem-sucedida do luto e geralmente é confundido com o estágio de
felicidade, é quase uma fuga de sentimentos, é como se a luta tivesse
acabado.
Destarte, dentro desse sortimento de dados, foi possível compreender
que assim como a perda simbólica, o luto real é apresentado da mesma
maneira dentro da psicanálise, pois, nestes, perde-se o elo significativo entre a
criança e o falecido ou o objeto amado. Visto isso em um contexto parental,
muitas crianças se deparam em algum dado momento da vida com uma perda,
trazendo por este, um impacto com profundos sentimentos de desamparo, o
sofrimento da pessoa de luto e a extensão de sua tarefa são maiores do que se
pensava, a dor da perda exterior se soma a da perda interior e o indivíduo se
vê vítima da perseguição de objetos maus.
Com tudo já explanado, entende-se, portanto, a significância da
introjeção, fantasias e impulsos em relação a construção do mundo interno
infantil e que, para Melanie Klein, objetos internalizados e a passagem da
posição esquizoparanóide para a posição depressiva, além de conceitos
maníaco, são extremamente cruciais quando correlacionados a reconstrução
do mundo interno infantil e a elaboração bem-sucedida do luto
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Freud, morte, infância, criança, psicanálise Freudiana, psicanálise Kleiniana e
melancolia.
Enquanto as palavras chave: fantasia, neurose obsessiva, sadismo,
reparação, posição depressiva, doença, hospitalização, óbito perinatal,
psicologia da saúde, maternidade, estudo qualitativo, arte, criação artística,
estrutura da mente, metáfora e poesia foram as menos encontradas.
A busca de artigos que remetem à pesquisa em questão envolveu a
leitura e discussão dos materiais levando em conta também a sua aderência ao
tema.
Na sequência, geramos os fichamentos dos itens selecionados para o presente
trabalho.
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sustentação, tendo como consequência imensos sentimentos de desamparo e
impotência.
No mesmo artigo foram feitos estudos de casos com diversas crianças
enlutadas, no qual se deu como resultado, uma elaboração onde se assistiu
fantasias de aniquilamento, culpa, castração, onipotência, rejeição,
identificação, reparação, idealização, desidealização do objeto perdido,
agressividade, negação da perda, regressão, retaliação e repetição da situação
da perda. Pode-se perceber, no mesmo estudo, que a elaboração do luto é um
processo de reconstrução, de reorganização emocional diante da morte e
também um desafio emocional e cognitivo em que ela tem de lidar, levando em
conta que as fantasias são as representações inconscientes de seus desejos,
ou seja, seu mundo imaginário, a qual refletem a vida do enlutado. Por fim, tal
artigo ressalta que para um luto bem elaborado é necessário que o ego
trabalhe para adaptar-se à perda do objeto amado, através do teste de
realidade, na mesma linha como já fora discutido na introdução deste trabalho,
sobre como as crianças enfrentam o luto sob o olhar Kleiniano.
Lepri, em seu artigo de 2008, afirma que é possível compreender,
através do luto, como se inicia a posição depressiva e consequentemente
como esta evoca uma formação simbólica caracterizada pela perda de um
objeto no mundo interno e a necessidade de restauração desse objeto.
Segundo a autora, essa capacidade simbólica possibilita uma
elaboração, promovendo a recriação e reestruturação dos objetos bons,
levando o enlutado a uma maior relação com a realidade, permitindo ao mesmo
diferenciar seus impulsos, fantasias e a realidade externa, tal como o
mecanismo que Klein (1930) destaca: [...] “ o simbolismo se torna a base não
só de toda a fantasia e sublimação, mas também da relação do indivíduo com o
mundo externo e com a realidade em geral. ” (p. 252)
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de reparação, que emerge da posição depressiva como uma tentativa do ego
em confrontar as angustias e culpas.
O autor ainda enfatiza que, para dissipar a dor psíquica que a perda
gera, é imprescindível que essa dor seja dita, vivida, sentida, refletida e
elaborada, mas nunca negada, quando é explorado esse leque que rege o luto,
a tendência é que se construa novas percepções e adaptações diante da
ausência do ente querido.
4. Conclusão
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infantil, pois, tratando-se de períodos de desenvolvimento distintos, acreditava-
se que também havia uma diferença na forma de elaborar tal processo. Em um
contexto geral, não se tinha conhecimento a respeito da forma como tal
questão deve ser abordada por um adulto, quando mencionado o ocorrido para
uma criança, além de que, os conhecimentos a respeito dos mecanismos
necessários para elaborar a perda eram escassos.
A partir das informações coletadas e do aprofundamento na teoria
psicanalítica Kleiniana, percebemos as características do luto infantil, tanto na
questão simbólica destacada pela autora, como nas questões parentais e as
relações entre ambos, além da intima relação entre o infantil e o adulto quando
relacionados a perda. Todo o processo de pesquisa e discussão nos alertou da
importância de falar sobre a perda com as crianças e, também nos apresentou
de maneira mais precisa mecanismos psíquicos utilizados para elaboração da
perda, sendo eles: ressignificação libidinal, retomada da posição depressiva
arcaica, teste de realidade, passagem pelo estado maníaco-depressivo,
posição esquizoparanóide e a adaptação do ego a respeito da perda do objeto.
Ademais compreendeu-se o luto anormal como a não re-introjeção da pessoa
perdida e dos objetos bons internos.
Constatou-se que avançar no entendimento do profissional de psicologia
a respeito do luto na infância é de grande valia, pois possibilitará ao terapeuta
intervir junto a criança enlutada de modo a auxiliá-la a enfrentar esse processo,
facilitando a elaboração do luto e diminuindo as consequências negativas que
podem se estender para o resto da vida. Contudo apresentado e em conjunto à
pratica de estágio clinico e social executada por quem redige tal projeto,
percebemos a importância da abordagem do luto no contexto clinico
psicológico, vendo que o mesmo se concebe em um fator de risco para a saúde
mental quando não elaborado, portanto tal conjuntura é vital dentro da pratica
clínica, aspirando a aceitação da perda e o estabelecimento de novas relações
objetais.
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diferenciação do luto normal e o luto anormal, aquele considerado patológico, é
algo que subsidiara o psicólogo na percepção do momento de luto que seu
cliente está passando, não desvalorizando essa angustia, trazendo então a
possibilidade de elaborar tal perda. Portanto entendemos a contribuição
psicanalítica Kleiniana como de extrema importância para o psicólogo clinico
lidar com o luto infantil e não diagnosticar o paciente de forma incabível,
instigando processos de medicalização, assunto esse definido por Goulart
(2008) como:
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rotulação por diagnósticos imprecisos e instigar o trabalho terapêutico nessa
questão.
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5. Referências
31
(1921-1945). Obras Completas de Melanie Klein. Vol. I, Rio de Janeiro: Imago,
1996.
KLEIN, Melanie. Estágios iniciais do conflito edipiano (1928). In: ______. Amor,
culpa e reparação e outros trabalhos (1921-1945). Obras Completas de
Melanie Klein. Vol. I, Rio de Janeiro: Imago, 1996.
32
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33
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34
6. Anexos
35
fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov
Atividade
/16 /16 /16 /16 /16 /16 /16 /16 /16 /16 /16 /17 /17 /17 /17 /17 /17 /17 /17 /17 /17 /17
Escolha do tema do projeto
de pesquisa X X X
Leitura da bibliografia X X X X
Elaboração do projeto de
pesquisa X X X
Revisão do projeto e
elaboração dos textos X X X
Procedimento e análise de
dados X X X X
Entrega e apresentação do
projeto de pesquisa X X X
36
37