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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Receptores sensoriais musculares...................... 7
3. Reflexos medulares.................................................13
4. Vias motoras descendentes.................................17
5. Tronco cerebral..........................................................18
6. Córtex motor...............................................................18
7. Cerebelo.......................................................................21
8. Gânglios da base .....................................................23
9. Movimentos oculares..............................................26
Referências bibliográficas .........................................31
FUNÇÃO MOTORA 3

1. INTRODUÇÃO ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA MOTOR


Função motora corres-
ponde à coordenação da
contração muscular, tan-
to da cabeça quanto do Córtex Cerebral Córtex Motor Córtex Cerebral
corpo, manutenção da
postura e realização de
um movimento. Quando
falamos dessas ações, es- Núcleos da Base Tálamo Cerebelo
tamos falando dos circui- Globo pálido Globo pálido Ventroanterior/
tos neuronais que envol- Caudado/Putamen Denteado
(externo) (interno) Ventrolateral
vem a medula, o tronco
encefálico, o córtex cere-
Núcleo Interposto Córtex
bral, o cerebelo e os gân- Substância negra
subtalâmico
glios da base.
Os elementos neurais do Fastigal
sistema motor são organi-
zados de modo que exis-
Mesencéfalo Tronco Encefálico
tem os geradores do mo-
vimento (medula espinal, Formação
Colículo Superior Núcleo Rubro Núcleos Pontinos
tronco cerebral e córtex Reticular
motor) e os controladores
do movimento (cerebelo e Oliva Interior
gânglios da base). Vias
descendentes
Antes de começarmos Vias ascendentes
Núcleos
a falar sobre a fisiologia Medula Vestibulares Labirinto
motora, é importante que
relembremos alguns con-
ceitos iniciais. Músculos Motoneurônios Coluna de Clarke
FUNÇÃO MOTORA 4

“TAMANHO X CONTROLE MOTOR”

NEURÔNIO TIPOS DE UNIDADES MOTORAS E SUA CORRELAÇÃO COM FIBRAS MOTORAS

Neurônios motores MOTOR


ANTERIOR Propriedades Tipo L Tipo RF Tipo RRF
anteriores
São neurônios de 50- Unidades musculares Lentas Rápidas Intermediárias
100% maiores do que os
demais neurônios existen- ↓ TAMANHO
Motoneurônios Pequenos Grandes Médios
tes; localizados nos cornos
anteriores da substância Axônios Finos Calibrosos Médios
cinzenta medular. ↓ QUANTIDADE DE
Limiar de excitabilidade Baixo Alto Médio
Eles dão origem às fibras FIBRAS PARA INERVAR
nervosas que deixam a Velocidade de condução Baixa Rápida Média
medula pelas raízes ven-
trais e inervam as fibras ↓ FORÇA DE CONTRAÇÃO
Frequência de disparo Baixa Alta Média
musculares esqueléticas.
Existe uma relação de ta- Tempo de contração Longo Curto Intermediário
manho do neurônio motor ↓ LIMIAR DE DISPARO DO
POTENCIAL DE AÇÃO
com o controle motor exer- Velocidade de contração Lenta Rápida Rápida
cido por ele:
Força contrátil Pequena Grande Média
+ FÁCIL A FIBRA
SE CONTRAIR
Resistência a fadiga Alta Baixa Alta

As unidades motoras cujo


tamanho do motoneurônio é
menor são recrutadas primeiro
pois são mais excitáveis
FONTE: https://bit.ly/2CKeill
FUNÇÃO MOTORA 5

Os neurônios motores anteriores são Neurônios motores gama:


de dois tipos:
São neurônios de aproximadamente
metade do tamanho dos neurônios
Neurônios motores alfa: motores alfa e se localizam nos cor-
nos anteriores da medula espinal. Os
Dão origem às fibras nervosas moto- neurônios motores gama constituem
ras grandes, que se ramificam várias o centro do fuso muscular, que auxilia
vezes após chegarem ao músculo e no controle do tônus muscular bási-
inervam as grandes fibras muscula- co, funcionando como um receptor de
res esqueléticas, dando origem à uni- estiramento.
dade motora (UM).

NEURÔNIOS MOTORES ANTERIORES

AFERENTE
AFERENTE
MECANORRECEPTOR
MECANORRECEPTOR
Ia OU II FIBRAS
FIBRAS
Ia OU II
INTRAFUSAIS
INTRAFUSAIS

FIBRAS
FIBRAS
EXTRAFUSAIS
EXTRAFUSAIS

FUSO
FUSO MUSCULAR
MUSCULAR

UNIDADE MOTORA:
UNIDADE MOTORA:
CONJUNTO DE
CONJUNTO DE FIBRAS
NEURÔNIO NEURÔNIO FIBRAS MUSCULARES
MUSCULARES INERVADAS
NEURÔNIO NEURÔNIO
MOTOR ALFA MOTOR GAMA INERVADAS
POR POR UM
UM MOTONEURÔNIO
MOTOR ALFA MOTOR GAMA
MOTONEURÔNIO
ALFA ALFA

FONTE: https://bit.ly/2VxeQ4y
FONTE: https://bit.ly/2VxeQ4y

SAIBA MAIS!
A unidade motora (UM) é constituída por um conjunto de fibras musculares inervadas
por um motoneurônio. A UM é considerada a via motora final comum voluntária e invo-
luntária. As estruturas que estão envolvidas em uma unidade motora são compostas de dois
componentes: um muscular e um neural.
O muscular contém: o músculo, com o seu sarcômero, túbulos T e retículo sarcoplasmático. O
neural contém: o fuso muscular, a unidade motora propriamente dita, o órgão neurotendíneo
de Golgi, células de Renshaw, miótomos, o nervo periférico, a junção neuromuscular e a asa
anterior da medula espinhal.
FUNÇÃO MOTORA 6

Figura 1. Unidade motora. Fonte: https://bit.ly/3eL1Pw0

Interneurônios passam por interneurônios (para se-


rem processados) antes de seguirem.
Estão presentes em todas as áreas
da substância cinzenta medular (cor-
nos dorsais, cornos anteriores, áreas Células de renshaw
intermediárias) e estão em aproxi-
madamente 30 vezes mais quanti- São neurônios pequenos, localizados
dade do que os neurônios motores nos cornos anteriores da medula es-
anteriores. pinal, que ficam em íntima associação
com os neurônios motores.
São pequenos e altamente excitáveis,
fazem conexões com outros inter- Nas proximidades dos corpos celula-
neurônios e com os neurônios motores res dos neurônios motores anteriores,
anteriores, sendo que essas últimas em seu axônio, saem ramos colate-
ligações são responsáveis pela maio- rais que se projetam para as células
ria das funções integrativas da medu- de Renshaw. As células de Renshaw,
la, já que praticamente todos os sinais então, emitem sinais inibitórios para
transmitidos pelo trato corticoespinal os neurônios motores próximos, de
FUNÇÃO MOTORA 7

modo que a sinalização de um neurô- do músculo, proporcionando a sua


nio motor gera sinais inibitórios para contração, pelos neurônios motores
os demais, em um processo chamado alfa, mas também o feedback contí-
de inibição lateral. nuo da informação sensorial de cada
músculo para a medula espinal, in-
SE LIGA! A inibição lateral, feita pelas
dicando o estado de funcionamento
células de Renshaw, é importante para do músculo a cada instante, como o
focalizar ou ressaltar os sinais do siste- comprimento do músculo, o nível de
ma motor. De modo que quando uma tensão, a velocidade de variação de
informação segue na direção desejada,
sem que se espalhe lateralmente. comprimento ou tensão etc.
Para que essas informações sejam
fornecidas, dois receptores espe-
2. RECEPTORES ciais, localizados no músculo e nos
SENSORIAIS tendões, existem: o fuso muscular e o
MUSCULARES órgão tendíneo de Golgi.
O controle adequado da função mus-
cular requer não apenas a excitação

Figura 2. Receptores sensoriais musculares. Fonte: https://bit.ly/2NSIUUl


FUNÇÃO MOTORA 8

Fuso muscular: A inervação sensorial do fuso mus-


cular ocorre na sua porção central e,
O fuso muscular é uma estrutura pe-
nesse local, as fibras intrafusais não
quena e alongada, com aproximada-
apresentam os elementos contráteis
mente 100 µm diâmetro e 10 mm
actina e miosina.
de comprimento, em forma de fuso,
disposto em paralelo entre as fibras O receptor do fuso muscular pode
musculares. ser excitado de duas maneiras: com
o aumento do comprimento do
É formado por 3 a 12 fibras muscu-
músculo (gerando um estiramento na
lares modificadas, as fibras intrafu-
porção central do fuso) e com contra-
sais, circundadas por uma cápsula
ções nas regiões terminais das fi-
de tecido conjuntivo. As fibras mus-
bras intrafusais (que geram também
culares regulares fora fuso são muitas
um estiramento na porção central do
vezes denominadas de extrafusais.
fuso, ainda que o comprimento do
O fuso responde às variações no músculo não se altere).
comprimento das fibras muscula-
Existem dois tipos de terminações
res, com isso, no alongamento mus-
sensoriais na porção central do fuso
cular, o neurônio sensitivo envia im-
muscular: os receptores primários e
pulsos à medula espinhal, fazendo
os secundários.
sinapse com um motoneurônio.
O motoneurônio, por sua vez, envia • RECEPTORES PRIMÁRIOS: Fibra
impulsos para as fibras musculares sensorial, do tipo Ia, que envolve
estiradas, encurtando o mesmo mús- espiralmente a parte central de
culo. Esta ação reflexa evita a ruptura cada fibra intrafusal.
da fibra muscular, gerando uma res- • RECEPTORES SECUNDÁRIOS:
posta protetora. Pode ser uma ou duas fibras sen-
soriais, do tipo II, que inervam a
região receptora em um ou ambos
Inervação das fibras intrafusais:
os lados da terminação primária.
As fibras intrafusais apresentam iner- Pode envolver as fibras intrafusais
vação tanto sensorial, quanto motora. igualmente às fibras do tipo Ia ou
A inervação motora do fuso muscu- se espalhando como um arbusto.
lar é feia nas porções terminais, que se
contraem quando excitadas pelas pe- Cada fuso muscular apresenta dois
quenas fibras motoras gama, que se tipos de fibras intrafusais: as fibras
originam nos neurônios motores gama. musculares com saco nuclear (têm
esse nome porque seus núcleos estão
FUNÇÃO MOTORA 9

reunidos na região central da fibra, for- proporcional ao grau de estiramento


mando um saco) e fibras musculares e as terminações transmitem esses
com cadeia nuclear (têm esse nome impulsos por vários minutos após o
porque seus núcleos estão alinhados estímulo, se o fuso muscular perma-
em cadeia pela área receptora). necer estirado.
As fibras sensoriais do tipo Ia são ex-
citadas pelas fibras com saco nuclear Resposta da terminação primária
e pelas fibras com cadeia nuclear. Já à velocidade de mudança de
as fibras sensoriais do tipo II são exci- comprimento do receptor –
tadas apenas pelas fibras com cadeia resposta dinâmica:
nuclear.
Quando a região receptora do fuso
muscular é estirada rapidamente, as
Resposta das terminações primárias fibras Ia são estimuladas, significan-
e secundárias ao comprimento do do que a terminação Ia resposta mui-
receptor – resposta estática: to ativamente à rápida velocidade de
Quando a região receptora do fuso alteração do comprimento do fuso.
muscular é estirada lentamente, o
número de impulso nas fibras Ia e II é
FUNÇÃO MOTORA 10

“FUSO MUSCULAR”

FUSO
MUSCULAR

ESTRUTURA LOCALIZAÇÃO FUNÇÃO INERVAÇÃO

3-12 FIBRAS PARALELO ÀS CAPTA VARIAÇÕES


MUSCULARES FIBRAS MUSCULARES NO COMPRIMENTO MOTORA SENSORIAL
DO MÚSCULO
MODIFICADAS

PORÇÕES
ALONGAMENTO PORÇÃO CENTRAL
APRESENTA TERMINAIS
MUSCULAR
CÁPSULA DE TECIDO
CONJUNTIVO FIBRAS
NEURÔNIO RECEPTORES RECEPTORES
MOTORAS GAMA
SENSITIVO PRIMÁRIOS SECUNDÁRIOS

DOIS TIPOS
IMPULSOS À FIBRA SENSORIAL Ia FIBRA SENSORIAL II
MEDULA ESPINAL

FIBRAS FIBRAS
MUSCULARES COM MUSCULARES COM MOTONEURÔNIO
CADEIA NUCLEAR SACO NUCLEAR
SINAPSE COM
AS FIBRAS
MUSCULARES

RESPOSTA
PROTETORA
FUNÇÃO MOTORA 11

Órgão tendinoso de Golgi: após entrar na cápsula, ramificando-


-se em muitas terminações delgadas,
Os órgãos tendinosos de Golgi (OTG)
que se enroscam por entre os fascí-
são receptores sensoriais encapsula-
culos trançados do colágeno.
dos e delgados, com 1 mm de com-
primento e 0,1 mm de diâmetro. O estiramento do OTG causa o esti-
ramento dos feixes de colágeno, que
Estão localizados na junção mioten-
resulta na compressão das termina-
dínea, onde fibras colágenas (ori-
ções sensoriais, fazendo com que fi-
ginadas no tendão) se prendem às
quem ativadas. Estiramentos muito
extremidades de grupos de fibras
pequenos do OTG podem deformar
extrafusais.
as terminações nervosas que cursam
No interior da cápsula do OTG, os fei- por entre as fibras de colágeno. Isso
xes colágenos se dividem em fascícu- faz com que as fibras Ib disparem
los finos que formam uma estrutura sempre que há tensão no músculo,
trançada. seja por uma contração ou por um
O OTG está conectado em série com alongamento.
as fibras musculares paralelas ao ten- O OTG possui uma resposta dinâmi-
dão e é inervado por axônio aferente ca e uma resposta estática. A respos-
(af) Ib, que perde sua mielinização ta dinâmica surge quando a tensão
muscular aumenta subitamente e o
OTG tem que responder de forma in-
tensa. A resposta estática ocorre em
uma fração de segundo após a res-
posta do OTG, sendo que este volta
a um nível inferior de des-
carga no estado estável,
que é quase diretamen-
te proporcional à tensão
muscular.
Assim, o OTG proporciona
ao sistema nervoso infor-
mações sobre o grau de
tensão em cada pequeno
segmento do músculo.
FUNÇÃO MOTORA 12

“ÓRGÃO TENDINOSO DE GOLGI”

ÓRGÃO
TENDINOSO
DE GOLGI

ESTRUTURA LOCALIZAÇÃO FUNÇÃO INERVAÇÃO

CAPTA VARIAÇÕES
FEIXES DE JUNÇÃO
NA TENSÃO SENSORIAL
COLÁGENO MIOTENDÍNEA
DO MÚSCULO

ESTIRAMENTO
EM SÉRIE COM AS
FIBRAS SENSORIAIS DOS FEIXES DE FIBRA SENSORIAL Ib
FIBRAS MUSCULARES
COLÁGENO

COMPRESSÃO
DAS TERMINAÇÕES
DINÂMICA ESTÁTICA
SENSORIAIS

TENSÃO MUSCULAR TENSÃO


AUMENTA MUSCULAR AUMENTA
SUBITAMENTE LENTAMENTE
FUNÇÃO MOTORA 13

3. REFLEXOS MEDULARES interneurônios, na maioria das vezes


os sinais sensoriais são transmitidos
Como sabemos, os sinais sensoriais
primeiramente para os interneurô-
entram na medula, exclusivamente
nios, onde são adequadamente pro-
via raízes dorsais, onde fazem sinap-
cessados, antes de convergirem so-
ses com neurônios motores anterio-
bre os neurônios motores anteriores
res ou com interneurônios. Os neurô-
para o controle da função muscular.
nios motores anteriores deixam a
medula via raízes ventrais e inervam O reflexo é uma resposta involuntária
diretamente as fibras musculares es- e estereotipada do sistema nervoso a
queléticas. Por outro lado, os inter- um determinado estímulo. Têm como
neurônios ficam confinados ao siste- base o arco reflexo, que é constituído
ma nervoso central e fazem conexões pelo receptor, neurônio aferente ou
tanto com neurônios sensoriais quan- sensitivo, sinapse, neurônio eferente
to com neurônios motores. Como dito ou motor e pelo efetor.
anteriormente quando falamos de

“REFLEXOS MEDULARES”

ESTÍMULO

CAPTAÇÃO POR RECEPTORES

RAMO AFERENTE
TRANSMITE SINALIZAÇÃO

IMPULSO CHEGA
NA MEDULA

SINAPSE COM O
MOTONEURÔNIO
RAMO EFERENTE

FIBRA MUSCULAR

MOVIMENTO

FONTE: https://bit.ly/3eJ7By4
FUNÇÃO MOTORA 14

Os reflexos são divididos em reflexos (medula ou tronco). No entanto, exis-


fásicos e reflexos tônicos: tem reflexos em que o arco ocupa vá-
rios segmentos, que são os reflexos
intersegmentares ou longos.
Reflexos fásicos
Existem reflexos monossinápticos,
Originam o movimento do corpo ou em que o neurónio aferente se conec-
de uma das suas partes. Correspon- ta diretamente ao eferente e existem
dem aos movimentos de defesa por reflexos polissinápticos em os neurô-
exemplo. nios aferente e eferente estão ligados
por um interneurônio.
Reflexos tônicos
Mantêm a postura e o equilíbrio. É o Reflexo de estiramento
caso do reflexo miotático, em que há Esse reflexo é a manifestação mais
uma contração de um músculo, em simples da função do fuso muscular.
resposta ao estiramento das suas fi- Sempre que o músculo é rapidamente
bras. Se a força for excessiva, o mús- estendido, a excitação dos fusos cau-
culo relaxa-se bruscamente, havendo sa a contração das fibras musculares
então o reflexo miotático inverso. extrafusais do próprio músculo estira-
Estes reflexos são reflexos segmen- do e também dos músculos sinérgi-
tares, pois têm o seu arco dentro de cos estreitamente relacionados.
um mesmo segmento do neuroeixo

Figura 3. Circuito neuronal do reflexo de estiramento.


Fonte: Guyton e Hall, 2006
FUNÇÃO MOTORA 15

A imagem acima mostra a fibra Ia, de Reflexo de estiramento inverso


origem no fuso muscular, entrando
É um reflexo importante para modular
pela raiz dorsal da medula espinal, se
a força muscular. Esse reflexo envol-
ramificando e seguindo para o corno
ve o órgão tendinoso de Golgi.
anterior da substância cinzenta da
medula. Após isso ela faz sinapse di- Seguindo com o exemplo dado acima:
retamente com os neurônios motores Órgão tendinoso estimula, via Ib vai até
anteriores, que enviam fibras motoras a medula, faz sinapse com um inter-
alfa para o mesmo músculo que origi- neurônio e o interneurônio faz sinapse
nou o estímulo. inibitória com o reto femoral e excita-
Entretanto, é sempre importante lem- tória com o músculo semitendíneo.
brar que para cada movimento, existe
uma musculatura que efetua o movi- Reflexo flexor ou de retirada
mento (contrai) e outra que relaxa.
Este reflexo é caracterizado pela reti-
Por exemplo, para realizar uma exten-
rada de um membro do corpo frente
são (chute), vamos utilizar essas duas
a estímulos como dor, picada e calor.
musculaturas: músculo reto femoral
Isso ocorre graças à integração, na
(extensor) e o músculo semitendí-
medula, da ativação dos neurônios
neo (flexor).
sensitivos com os neurônios motores
Com isso, teremos duas vias, uma ex- e, consequente excitação dos múscu-
citatória, que efetua o movimento de los flexores e recíproco relaxamento
extensão; uma inibitória, que efetua a ou inibição dos músculos extensores.
flexão.
A flexão de um membro acompanha-
da da reação contralateral do membro
Via excitatória oposto é denominada reflexo extensor
cruzado. No entanto, para que este re-
A fibra Ia chega na medula e faz si-
flexo seja observado o estímulo tem que
napse direta com o neurônio motor.
ser suficientemente forte para atingir os
interneurônios, com limiar de ativação
Via inibitória mais alto, que fazem parte do circuito
neuronal do reflexo extensor cruzado.
A fibra Ia realiza também uma sinap-
se com um interneurônio e este, ini- A necessidade do envolvimento dos
bitório, faz sinapse com um neurô- músculos contralaterais neste tipo de
nio motor que segue até o músculo reflexo tem a função de dar suporte
semitendíneo. postural durante a retirada do mem-
bro afetado frente ao estímulo da dor.
FUNÇÃO MOTORA 16

“TIPOS DE REFLEXOS MEDULARES”

REFLEXOS
MEDULARES

ESTIRAMENTO
FORÇA
REFLEXO DE REFLEXO DE
trocar REFLEXO
trocar
FLEXOR
ESTIRAMENTO FÁSICO ESTIRAMENTO INVERSO

NOCICEPTORES
VIA EXCITATÓRIA VIA INIBITÓRIA VIA INIBITÓRIA VIA EXCITATÓRIA

POLISSINÁPTICO
MONOSSINAPTICA DISSINÁPTICA DISSINÁPTICA ANTAGONISTA

VIA AFERENTE Ia VIA AFERENTE Ia VIA AFERENTE Ib VIA INIBITÓRIA VIA EXCITATÓRIA

VIA EFERENTE: MUSCULATURA MUSCULATURA


NEURÔNIO INTERNEURÔNIO INTERNEURÔNIO
EXTENSORA FLEXORA
MOTOR ALFA

VIA EFERENTE: VIA EFERENTE:


SINÉRGICO NEURÔNIO NEURÔNIO
MOTOR ALFA MOTOR ALFA

ANTAGONISTA SINÉRGICO
FUNÇÃO MOTORA 17

4. VIAS MOTORAS Sistema medial


DESCENDENTES Faz referência aos neurônios motores
As vias de projeção descenden- dos músculos e membros e ao gru-
tes são extremamente organizadas po medial de interneurônios. É res-
e têm origem no córtex cerebral e ponsável pela postura, construindo a
tronco encefálico. Estão relacionadas base motora.
com controle dos movimentos, tônus Vias principais: reticuloespinal ponti-
muscular, reflexos espinais, funções no, vestíbulo espinal lateral, reticulo-
autonômicas espinais e modulação espinal bulbar.
da transmissão sensitiva a centros
mais altos.

Sistema lateral
Faz referência aos neurô-
nios motores dos músculos
e membros e ao grupo la-
teral de interneurônios. É
responsável pelos neurô-
nios motores contralate-
rais dos membros, parte
interior da face e língua. As
fibras do sistema lateral cru-
zam na decussação
das pirâmides.
São os trato cortico-
espinal lateral e trato
rubroespinal.

Figura 4. Vias motoras descendentes. Fonte: https://bit.ly/3dRwczL


FUNÇÃO MOTORA 18

5. TRONCO CEREBRAL Para os reflexos tônicos do pescoço, o


receptor é o fuso muscular. Já para os
O tronco cerebral é formado pelo bul-
reflexos de endireitamento, os recep-
bo, pela ponte e pelo mesencéfalo e
tores são o aparelho vestibular, os fu-
ele é diretamente responsável pelo
sos musculares e mecanorreceptores
controle da respiração, controle do
da parede do corpo.
sistema cardiovascular, controle par-
cial da função gastrointestinal, con-
trole de muitos movimentos estereoti- SE LIGA! O centro locomotor está loca-
lizado no mesencéfalo. A organização
pados do corpo, controle do equilíbrio de comandos se inicia no córtex, segue
e controle dos movimentos oculares. para o tronco cerebral, medula e, por fim,
motoneurônio.
Mas além de todas essas funções, o
tronco cerebral é praticamente uma
extensão da medula espinal, tendo 6. CÓRTEX MOTOR
em vista que ele contém os núcle-
os motores e sensoriais da face e da O córtex motor é dividido em três
cabeça. áreas: o córtex motor primário, a área
pré-motora e a área motora suple-
Para os reflexos vestibulares, o recep-
mentar (áreas suplementares e as
tor é o aparelho vestibular. Ele manda
áreas motoras do cingulado).
sinalização para os núcleos vestibula-
res. O trato vestibuloespinal lateral é O córtex motor é o responsável pelo
responsável pela extensão e o medial plano motor, que corresponde a ‘colo-
pela contração. car em prática uma ação’.
FUNÇÃO MOTORA 19

“CÓRTEX MOTOR”

ÁREA MOTORA SUPLEMENTAR ÁREA MOTORA DO CINGULADO

ÁREA PRÉ-MOTORA CÓRTEX MOTOR PRIMÁRIO

VIAS MOTORAS DESCENDENTES

AMS Sulco central

Áreas motoras
Córtex motor primário
do cingulado
dentro do sulco

AMS

Pré-AMS Sulco central

Margem superior
do sulco cingulado

Margem inferior
do sulco cingulado
Giro cingulado

Vista medial
FUNÇÃO MOTORA 20

Organização musculotópica do Entretanto, atualmente existe a visão


córtex cerebral moderna, onde tem uma divisão em
áreas, que mesmo em áreas de uma
Penfield e Rasmussen formularam um
parte determinada do corpo, existem
desenho esquemático da representa-
outras partes. Ou seja, existem al-
ção de qual parte do córtex motor pri-
gumas áreas no cérebro com predo-
mário é responsável por determinada
minância de localização de estímulo
parte de motricidade do corpo. O de-
para um determinado local no corpo,
senho do Homúnculo Motor contém
mas não é exatamente aquela parte
“erros”, que só foram percebidos após
do corpo apenas.
algum tempo, mesmo ela continuando
a ser a representação mais utilizada.

Figura 5. Homúnculo de Penfield. Fonte: https://bit.ly/3dJHJRm


FUNÇÃO MOTORA 21

7. CEREBELO para o tônus muscular, postura e


equilíbrio e os movimentos oculares.
O cerebelo, também chamado de
área silenciosa, porque a sua excita- Anatomicamente, o cerebelo é dividi-
ção elétrica não causa nenhuma sen- do em lobo anterior, lobo posterior e
sação consciente e, raramente, causa lobo floculonodular (mais antiga área
qualquer movimento motor, contribui cerebelar, se desenvolveu juntamen-
para a modulação da velocidade, al- te com o sistema vestibular e funcio-
cance, força e direção dos movimen- na com ele). Além disso, existem os
tos. Além disso, o cerebelo contribui hemisférios e o vérmis cerebelar.

Vérmis Hemisfério
Língula

Lobo Anterior Lóbulo Central


Cúlmen

Declive
Folium
Túber
Lobo Anterior
Pirâmide

Úvula

Tonsila
Lobo
Flóculo-nodular Nódulo

Figura 6. Anatomia do cerebelo.

Histologicamente, o cerebelo tem uma camada mais externa, a camada


uma substância branca, com fibras molecular.
(axônios) musgosas, trepadeiras e os
axônios das células de Purkinje.
Sistema aferente cerebelar
Mais externamente, existe a camada
de células granulares, uma camada As fibras musgosas são a maio-
intermediária (células de purkinje) e ria das vias de entrada do cerebelo.
Elas fazem sinapses com as células
FUNÇÃO MOTORA 22

granulares e fazem disparos simples Elas têm disparos mais complexos de


de potencial de ação. potencial de ação e se originam da
As células granulares tem um axônio oliva inferior do núcleo olivar inferior
com uma conformação paralela (por e fazem sinapse com as células de
isso também são chamadas de fibras Purkinje.
paralelas), que fazem sinapse com Os interneurônios modulam esses
os dendritos das células de Purkinje. estímulos, sendo a maioria deles ini-
Uma célula de Purkinje recebe sinap- bitórios, com exceção da célula gra-
ses de aproximadamente 250 mil fi- nular, que é excitatória.
bras paralelas, justamente por essa
conformação.
As fibras trepadeiras são a mino-
ria das vias de entrada do cerebelo.

Figura 7. Histologia do cerebelo

Aumentando a ampliação do cere- Sistema eferente cerebelar


belo, conseguimos enxergar todas as
São as células de Purkinje, que apre-
camadas do cerebelo.
sentam como neurotransmissor o
GABA, ou seja, têm estímulo inibitó-
rio, confirmando o caráter modulador
do cerebelo.
FUNÇÃO MOTORA 23

Figura 8. Sistema cerebelar

Pacientes com lesões cerebelares são aferências do córtex e enviam suas


aqueles pacientes que têm sintomas eferências para o córtex.
semelhantes aos das pessoas bêbadas. Os núcleos da base constituem núcleo
As lesões cerebelares provocam sin- caudado, o putâmen, o globo pálido, a
tomas ipsilaterais, provocam geral- substância negra e o núcleo subtalâmi-
mente ataxia, fala escandida e tremor co. A substância negra é assim chama-
de intenção. da porque apresenta uma parte com
A ataxia da lesão cerebelar é do tipo melanina (negra), a parte compacta,
dismetria e disdiadococinesia. onde o neurotransmissor mais impor-
tante é a dopamina; além disso, ela tem
outra parte, chamada reticulada, onde
8. GÂNGLIOS DA BASE o neurotransmissor principal é o GABA.
Os núcleos da base constituem, as- Quase todas as fibras nervosas mo-
sim como o cerebelo, um sistema mo- toras e sensoriais que ligam o córtex
tor acessório, que funciona em estrei- a medula atravessam o espaço situ-
ta associação com o córtex cerebral ado entre as principais massas dos
e com o sistema de controle motor gânglios da base: o núcleo caudado e
corticoespinal. De fato, os núcleos da o putâmen, espaço chamado de cáp-
base recebe a maior parte das suas sula interna.
FUNÇÃO MOTORA 24

Figura 9. Núcleos da base. VA: Ventral Anterior /


VL: Ventro-lateral. Fonte: www.sanarflix.com.br

Circuito neuronal dos gânglios da base


As conexões anatômicas entre os gânglios da base
e os outros elementos do sistema nervoso central,
envolvidas no controle motor, são complexas.

“CIRCUITOS DOS GÂNGLIOS DA BASE”

VIA DIRETA VIA INDIRETA

CÓRTEX +

Globo pálido
(externo) - Estriado + -

- + - Substância negra
(parte compacta)

Núcleos subtalâmicos + Globo pálido


(interno)
Substância negra
(parte reticulada)

-
TÁLAMO
FONTE: www.sanarflix.com.br
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Os dois circuitos principais dos gân- armazenamento da memória. O con-


glios da base são o circuito do putâ- trole cognitivo da atividade motora
men e o circuito do caudado. determina, subconscientemente (e
em segundos) quais padrões de mo-
vimentos serão usados para atingir
Circuitos do putâmen – execução um objetivo complexo.
de padrões de atividade motora
As conexões neurais entre o caudado
Os gânglios da base, em associação e o sistema de controle motor corti-
com o sistema corticoespinal contro- coespinal diferem das conexões do
la padrões complexos de atividade putâmen. Parte disso ocorre pela lo-
motora, como por exemplo, escrever calização do caudado, que começa
letras do alfabeto, cortar papel com nos lobos frontais, atravessa na dire-
tesoura, arremessar uma bola de bas- ção posterior, os lobos parietal e oc-
quete pelo aro etc. cipital e se curva, em formato de “C”
Essas vias começam principalmente nos lobos temporais.
nas áreas pré-motora e suplementar O núcleo caudado recebe grandes
do córtex motor e nas áreas soma- aferências das áreas de associação
tossensoriais do córtex sensorial. A do córtex cerebral, especialmente
seguir, elas passam para o putâmen, das áreas que integram os diferen-
seguindo para a parte interna do glo- tes tipos de informações sensoriais
bo pálido, depois para os núcleos de e motoras, em padrões utilizáveis de
retransmissão ventral anterior (V/A) pensamento.
e ventrolateral (V/L) do tálamo, retor-
Depois que saem do núcleo caudado,
nando, por fim, ao córtex motor pri-
os sinais são transmitidos para o glo-
mário e para as partes das áreas pré-
bo pálido interno e para as áreas V/A
-motora e suplementares.
e V/L do tálamo. Após isso, eles retor-
nam para as áreas motoras pré-fron-
Circuito do caudado – controle tais, pré-motoras e suplementares do
cognitivo de sequências de córtex. Quase nenhum desses sinais
padrões motores passam pelo córtex motor primário,
em vez disso, eles vão para as regi-
O núcleo caudado desempenha um
ões motoras acessórias pré-motoras
papel importante no controle cog-
e suplementares (responsáveis pela
nitivo da atividade motora, ou seja,
organização de padrões sequenciais
nos processos cerebrais envolvidos
de movimento).
no pensamento, processamento e
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SAIBA MAIS!
Quando parte do circuito do putâmen é lesada ou bloqueada, certos padrões de movimentos
ficam intensamente anormais. Por exemplo:
• Lesões do globo pálido frequentemente levam a movimentos de contorção espontâneos
e, muitas vezes, contínuos de uma das mãos, de um braço, do pescoço ou da face, cha-
mado de atetose.
• Uma lesão no subtálamo pode causar movimentos súbitos ou em bloco de toda uma ex-
tremidade, chamado hemibalismo.
• Múltiplas pequenas lesões no putâmen levam a movimentos rápidos e abruptos de curta
extensão na mão, face e outras partes do corpo, chamado coreia. Na coreia de Hungtin-
ton, existe uma lesão na parte reticulada da substância negra, onde existem neurônios
gabaérgicos. Quando esses neurônios têm as suas conexões prejudicadas, a inibição cau-
sada por eles é prejudicada.
• Lesões na parte compacta da substância negra, onde o neurotransmissor mais importan-
te é a dopamina, causa a Doença de Parkinson, onde os pacientes apresentam movimen-
tos bradicinésicos, andar em bloco, rigidez e tremores.

9. MOVIMENTOS Assim, quando um deles é acionado


OCULARES para contração, o músculo oponente de
cada par é simultaneamente estimula-
Normalmente os músculos se distri- do para se relaxar. Esse mecanismo de
buem pelo olho em pares: o dos retos cada par muscular, em que um se con-
horizontais (medial e lateral), que se trai e o outro se relaxa, é governado pela
contraem para movimentar os olhos lei da inervação recíproca, ou lei de Sher-
lado a lado; o dos retos verticais (su- rington. A inervação recíproca é uma
perior e inferior), que se contraem para condição normalmente requerida para
movimentar os olhos para cima ou para os movimentos oculares rotacionais.
baixo; e o dos oblíquos (superior e in-
ferior), que funcionam principalmente Isso ocorre porque se os dois múscu-
para girar os globos oculares e manter los desse par fossem simultaneamen-
os campos visuais na posição vertical. te estimulados para contração, essa
Eles têm um posicionamento em situa- contração se daria de modo isométri-
ções de simetria especular e possuindo co e, sendo assim, a força desenvol-
ações equivalentes, geralmente (mas vida por um deles seria neutralizada
não obrigatoriamente) opostas. pela do outro, de modo que não resul-
tasse uma rotação do olho.

SAIBA MAIS!
A Síndrome de Duane é uma forma congênita de estrabismo, caracterizada pela limitação ho-
rizontal do movimento ocular e retração do globo, com diminuição da fenda palpebral, quando
a adução é tentada. Esta patologia é o resultado da desobediência à lei de Sherrington.
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“MOVIMENTOS OCULARES”

MOVIMENTOS
OCULARES

MÚSCULOS SE
DISTRIBUEM EM PARES

MEDIAL
LEI DA INERVAÇÃO GOVERNADOS PELA MOVIMENTO
RETOS HORIZONTAIS
RECÍPROCA LEI DE SHERRINGTON LADO A LADO
LATERAL
NERVO
OCULOMOTOR
SUPERIOR
INERVADOS PELOS MOVIMENTO CIMA
NERVO TROCLEAR RETOS VERTICAIS
NERVOS CRANIANOS PARA BAIXO
INFERIOR

NERVO ABDUCENTE
ROTAÇÃO DOS
INFERIOR
GLOBOS OCULARES
OBLÍQUOS
MANUTENÇÃO DOS
SUPERIOR CAMPOS VISUAIS NA
VERTICAL
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Circuitos de musculatura possibilitar ao sistema visual a análi-


extraocular se detalhada da imagem. Durante a
movimentação natural de cabeça, são
Um quarto dos doze pares de nervos
necessários movimentos compensa-
cranianos é exclusivamente destina-
tórios dos olhos, mantendo a visão
do a levar estímulos aos músculos
nítida. Essa movimentação ocular é
oculares.
reflexa e conhecida como reflexo ves-
tíbulo ocular (RVO), que garante a
Nervo oculomotor comum (III): imagem estável.
Aciona o reto medial (RM), o reto su- Para o controle desses movimentos,
perior (RS), o reto inferior (RI) e o oblí- existem os sistemas de fixação, que
quo inferior (OI), além do músculo le- conservam a imagem do objeto esta-
vantador da pálpebra superior, o ciliar cionário na fóvea. São eles os reflexos
e o do esfíncter da íris. No caso dos vestíbulo ocular e reflexo optocinéti-
músculos oculares externos (MOE) a co, que atuam em conjunto para esta-
inervação do núcleo aos respectivos bilizar o mundo visual; e os movimen-
músculos é ipsilateral, embora ainda tos sacádicos e movimentos lentos
persista alguma controvérsia sobre o de rastreio, que são responsáveis por
assunto. colocar a imagem na fóvea.

Nervo troclear (IV): Circuito do reflexo vestíbulo-


ocular – RVO
Inerva exclusivamente o oblíquo su-
perior (OS), contralateralmente. Ocasiona a rotação dos olhos na di-
reção oposta. Tem a participação das
células ciliadas, presentes no utrículo,
Nervo abducente (VI): sáculo e canais semicirculares.
Inerva exclusivamente o reto lateral O estímulo começa com a movimenta-
(RL), ipsilateralmente. ção da cabeça, segue pelas vias vesti-
bulares aferentes, faz sinapse com os
núcleos oculomotores e eles coman-
Para se manter um grande campo de dam a musculatura extrínseca ocular.
visão sobre o objeto de interesse, ou
seja, potencializar a visão foveal, é
necessária a capacidade de alinhar CONCEITO! Quando falamos em núcle-
os oculomotores, não estamos dizendo
a fóvea rapidamente para os obje- apenas sobre o núcleo oculomotor, mas
tos desejados e manter esse alinha- sim de todos os núcleos, como o troclear
mento por um período suficiente para e abducente.
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Circuito optocinético colículo superior, que transmite o estí-


mulo para os centros de mirada hori-
Ocasiona o deslizamento retiniano.
zontal ou vertical (a depender do mo-
O estímulo se inicia com o desliza- vimento), seguindo para os núcleos
mento da imagem na retina. Os fo- oculomotores.
torreceptores percebem e passam a
informação para as células ganglio-
SE LIGA! Centro de mirada horizontal:
nares e elas transmitem para o núcleo
formação reticular paramediana ponti-
do trato óptico e os núcleos ópticos nha. Centro de mirada vertical: formação
acessórios. reticular do mesencéfalo.

A eferência é complexa e parcialmen-


te desconhecida, mas sabe-se que no Circuito lento de rastreio
final a informação chega aos núcleos
oculomotores e ocorre a ativação da Esse circuito começa na retina, se-
musculatura extrínseca ocular para gue para o núcleo geniculado lateral
gerar a contrarrotação dos olhos. e posteriormente para áreas corticais
envolvidas no processamento do mo-
vimento do objeto, seguido para áreas
Circuito sacádico do tronco cerebral e do cerebelo en-
O circuito sacádico, juntamente com volvidas na transformação dos sinais
o dos movimentos lentos de rastreio, sensoriais em comandos motores. O
como dito anteriormente, vão colocar último local para onde os estímulos
a imagem na fóvea. seguem são para os núcleos oculo-
motores, que realizam o movimento
A partir da imagem no campo visu- da musculatura extraocular.
al frontal, este fará sinapse com o
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“CIRCUITOS DE MUSCULATURA EXTRAOCULAR

CIRCUITOS DE
MUSCULATURA
EXTRAOCULAR

CIRCUITO CIRCUITO CIRCUITO LENTO


CIRCUITO RVO
OPTOCINÉTICO SACÁDICO DE RASTREIO

MOVIMENTAÇÃO DESLIZAMENTO DA IMAGEM NO CAMPO


IMAGEM NA RETINA
DA CABEÇA IMAGEM NA RETINA VISUAL FRONTAL

VIAS VESTIBULARES CÉLULAS NÚCLEO


COLÍCULO SUPERIOR
AFERENTES GANGLIONARES GENICULADO ATERAL

NÚCLEO DO CENTROS DE
MIRADA VERTICAL ÁREA CORTICAIS
TRATO OPTICO OU HORIZONTAL

NÚCLEOS OPTICOS ÁREAS DO TRONCO


CEREBRAL E
ACESSÓRIOS CEREBELO

TRANSFORMAÇÃO
MOVIMENTO DA RETOS MEDIAL,
NÚCLEOS DE SINAIS
MUSCULATURA SUPERIOR E
OCULOMOTORES SENSORIAIS
ESTRÍNSECA INFERIOR
OCULAR EM COMANDOS
MOTORES
NERVO OBLÍQUO
OCULOMOTOR INFERIOR
PROCESSAMENTO
DO MOVIMENTO
NERVO
RETO LATERAL
ABDUCENTE

NERVO OBLÍQUO IPSILATE-


TROCLEAR SUPERIOR RALMENTE

CONTRALA-
TERALMENTE
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall tratado de fisiologia médica. 13.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
BICAS, Harley EA. Oculomotricidade e seus fundamentos. Arq. Bras. Oftalmol. São Paulo,
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C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
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