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APOSTILA DE FÍSICA

ELETROMAGNETISMO

Belo Horizonte
2º Sem/2014
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Cronograma 2° semestre 2014

Semana Sábados Conteúdo do laboratório


01 a 07/08 - Simpósio dos professores
08/08 - Recepção de calouros e apresentação da disciplina
Aula introdutória: apresentação da disciplina experimental,
regras de conduta no laboratório, apresentação dos
equipamentos e instrução detalhada de como utilizá-los e
11 a 14/08 16/08 cuidados necessários (placa, fonte, multímetro, resistor,
potenciômetro).
Aula de revisão sobre métodos experimentais: algarismos
significativos, notação científica e análise gráfica (uso do
Excel)
18 a 22/08 23/08 Prática 1: Eletrostática
25 a 29/08 30/08 Prática 2: Uso de aparelhos de medidas elétricas
01 a 05/09 06/09 Prática 3: Determinação da resistência elétrica de
resistores
08 a 12/09 13/09 Prática 4: Resistência e resistividade elétrica
15 a 19/09 20/09 Reposição das práticas 1 a 4
22 a 26/09 27/09 Prática 5: Elementos ôhmicos e não-ôhmicos
29 e 30/09 e 04/10 Prática 6: Circuitos simples: associação de resistores em
01 a 03/10 série e em paralelo
06 a 10/10 11/10 Prática 7: Determinação da resistência interna de uma
bateria
13 a 17/10 18/10 Prática 8: Circuitos complexos – Leis de Kirchhoff
20 a 24/10 25/10 Reposição das práticas 5 a 8
27 a 31/10 01/11 Prática 9: Circuito RC – Resistência interna de um
voltímetro
03 a 07/11 08/11 Prática 10: Fenômenos magnéticos
10 a 14/11 29/11 Prática 11: Fenômenos eletromagnéticos

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Orientações gerais para o registro de resultados das aulas práticas
A finalidade da aula prática é fazer com que o aluno aprenda e/ou aperfeiçoe as habilidades de
resolver um problema através de medidas experimentais e de trabalho em grupo. Os resultados
desta atividade devem ser apresentados de maneira correta, na forma de um relatório, em que
estejam presentes as informações relevantes e necessárias ao entendimento do procedimento
que foi desenvolvido.
Os relatórios de uma aula devem ser entregues na aula seguinte, ou seja, cada grupo terá o
prazo de uma semana para a confecção do relatório. Cada grupo deverá entregar 1 relatório. A
seguir é sugerida uma sequência razoável para um relatório.
a) (Título) (já fornecido no roteiro)
b) Objetivos (já fornecido no roteiro)
Deve conter uma descrição sucinta do que se pretende verificar e/ou aprender com o
experimento.
c) Descrição da montagem (já fornecido no roteiro)
Deve ser feita uma breve apresentação do experimento, pode-se resumir o que já se
encontra pronto na bancada.
d) Resultados e medidas
Esse é um dos itens mais relevantes. Nele devem estar os principais cálculos envolvidos,
acompanhados das equações (cálculos intermediários não devem ser apresentados). No
caso de várias medidas, elas devem ser apresentadas em uma tabela e, quando for o
caso, os gráficos obtidos devem entregues em folha anexa. No anexo A encontra-se um
texto sobre construção e análise de gráficos usando o programa Excel.
e) Conclusões (discussão e avaliação)
Na conclusão deve ser feita uma análise crítica de todo o processo, bem como dos
resultados obtidos. Tente responder às questões: “O resultado obtido foi o esperado ou
pelo menos próximo do esperado? Pode ser considerado satisfatório? Por que sim ou
por que não?” É mais frequente do que se gostaria encontrar discrepâncias entre estes
dois valores. Para tanto, lance mão do valor encontrado para o erro ou o desvio padrão.
Tente identificar, ou pelo menos “especular” sobre os possíveis motivos que impediram
a obtenção de um resultado mais satisfatório. Comente, justifique seu ponto de vista. O
que poderia ser modificado no processo para melhorar os resultados obtidos?
Ao redigir o relatório, não o faça como se respondesse a cada passo do roteiro. Redigir um
relatório é relatar ou descrever, de forma ordenada e minuciosa aquilo que se viu, ouviu ou
observou. Portanto, ao executar um experimento, você manipula e observa. Ao redigir um
relatório, você descreve e narra tudo aquilo que fez e observou, na forma de um texto. Esse
texto deve ser coeso e coerente, deve apresentar os argumentos que te levaram a concluir algo
a respeito da prática. Esses argumentos devem ser baseados nas medidas e resultados obtidos.

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Observações
Sempre que trabalhamos com medidas, é de fundamental importância a utilização do número
correto de algarismos significativos para expressá-las assim como a indicação da incerteza (ou
desvio) experimental e das unidades associadas a essas grandezas. É conveniente usar o
Sistema Internacional de Unidades. No anexo B são encontradas informações úteis sobre
sistemas de unidades e algarismos significativos.
As discussões em grupo são muito instrutivas e produtivas. Evitem perguntar ao professor logo
na primeira dúvida. Tente chegar à resposta e somente depois chame o seu professor. Estude a
bibliografia sugerida antes de vir realizar a prática.

Comentários: é possível (na verdade é mais comum do que o desejado), que seja encontrado
algum resultado MUITO diferente do esperado ou muito fora do bom senso. Isso em princípio,
não constitui uma falta por si só. A gravidade está em NÃO PERCEBER a discrepância do
resultado e não se fazer NENHUM comentário sobre o assunto. Esta falta de percepção, sim, é
considerada um erro GRAVÍSSIMO, podendo ser a causa de um zero no relatório.
Caso isso aconteça, chame o professor. Se houver tempo hábil, a prática será refeita, os
procedimentos e contas revisados. Caso contrário o grupo deverá fazer uma discussão no
relatório buscando localizar as possíveis causas ou fontes de tamanha discrepância.
Todas as situações mencionadas aqui serão consideradas na hora da correção. Portanto, fiquem
atentos!!!

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Prática 1 – Eletrostática

INTRODUÇÃO
Você já começou a pentear o cabelo em um dia de inverno e ao invés de conseguir assentá-lo
ele começou a ficar arrepiado ou tomou choque no seu carro ao descer dele ou até mesmo em
carrinho de super-mercado? E naquele dia da aula chata no colégio em que se brincava de
esfregar uma régua plástica no cabelo e pegar, com ela, pequenos pedaços de papel? Quer
alguma coisa mais importante? Que tal uma máquina de xerox, uma impressora laser ou jato de
tinta?
Muito provavelmente sua resposta será sim para algumas das questões acima e neste caso
você já usou ou foi afetado pela eletrostática. Nesta prática iremos estudar os conceitos básicos
que explicam a maioria destes fenômenos.

OBJETIVOS:
Estudar fenômenos ligados à eletrostática tais como tipos de eletrização e interação entre
corpos eletrizados.

MATERIAL:
Tripé;
Canudinho de plástico;
Haste de vidro;
Haste de PVC;
Linha;
Folha de papel alumínio;
Folha de papel;
Papel toalha.

EXPERIMENTOS:

I – Eletrização por Atrito


Pique pedacinhos de papel e de papel alumínio (quanto menores, melhor).
Esfregue uma extremidade do canudinho no papel toalha e o aproxime dos pedaços de papel e
papel alumínio. Observe o que aconteceu e explique.
Esfregue novamente o canudo e “coloque-o” na parede. O que ocorreu? Explique

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II – Eletrização por Contato e Tipos de Carga
Monte um eletroscópio conforme a figura 1, prendendo em sua extremidade um pequeno
disco de papel alumínio.
Esfregue uma extremidade do canudinho no papel toalha e o aproxime do pêndulo
(eletroscópio) de alumínio. O que ocorreu? Aproxime novamente o canudo de plástico do
pêndulo, explique o observado. Faça um desenho mostrando a distribuição de cargas no disco
de alumínio antes e depois da aproximação do canudo.
Use agora o bastão de vidro atritado com o papel toalha. Aproxime do disco de papel alumínio
que previamente entrou em contato com o canudo de plástico a extremidade atritada do
bastão de vidro. Observe e explique.
Ao atritar plástico com papel o plástico se eletriza negativamente e o papel positivamente. Qual
é a carga do disco de papel alumínio após entrar em contato com o canudo? E do bastão de
vidro após ser atritado?

Figura 1
III – Indução
Monte um pêndulo duplo conforme a figura. Atrite uma extremidade do canudinho no papel
toalha e aproxime dos pêndulos de alumínio. Observe e explique.

Figura 2

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Prática 2 – Uso de aparelhos de medidas elétricas

INTRODUÇÃO
A operação e utilização corretas de equipamentos elétricos e dispositivos eletrônicos em um
circuito dependem do conhecimento de algumas grandezas elétricas como a resistência do
dispositivo, a corrente com que este dispositivo trabalha e a tensão a que deve ser ligado. Por
exemplo, em se tratando de uma lâmpada, é preciso conhecer a tensão a que ela deve ser
ligada de modo a funcionar corretamente. Se vamos ligar um equipamento a uma fonte de
alimentação DC é preciso conhecer a corrente com que este equipamento trabalha e saber se a
fonte é capaz de fornecer essa corrente sem sofrer aquecimento excessivo.
Todas essas grandezas podem ser medidas por um instrumento denominado multímetro, que
pode reunir, entre muitas outras, as funções de voltímetro, amperímetro e ohmímetro, que
medem, respectivamente, a tensão elétrica entre dois pontos de um circuito, a corrente
elétrica que circula por um dispositivo de um circuito e a resistência elétrica oferecida por esse
dispositivo.
Como o multímetro reúne um grande número de funções ele possui diversas escalas de modo a
torná-lo bastante versátil para medições das grandezas acima em uma ampla faixa de valores.
Isso implica que para a realização de uma determinada medida é fundamental saber escolher a
configuração adequada da escala e da função do multímetro.
Nesta prática você irá realizar medidas de tensão, corrente e resistência elétrica de alguns
dispositivos, tanto isolados, quanto inseridos em um circuito elétrico simples, utilizando um
multímetro. Contudo, antes de partir para a realização das medidas, é necessário que você
aprenda a reconhecer os aparelhos com os quais irá lidar ao longo deste curso de Física elétrica
prática. Nas páginas seguintes vamos discorrer um pouco sobre esses aparelhos. O texto é um
tanto longo, mas é importante que você o leia por inteiro, pois a correta operação dos
aparelhos depende do conhecimento de suas propriedades e limitações.
1 – Fonte de alimentação, Fonte de tensão ou Fonte de voltagem
Quando lidamos com aparelhos elétricos há sempre algum tipo de energia elétrica sendo
transformada em outro tipo de energia não-elétrica, como por exemplo a luz emitida por
lâmpada ou o aquecimento da resistência de um chuveiro. Portanto, é necessário que haja uma
fonte de energia para alimentar o elemento que transforma a energia no circuito. Nos circuitos
que constam nessa apostila de atividades práticas serão utilizadas fontes de energia de baixa
tensão, como a fonte de tensão variável descrita a seguir.
Na figura 1 são mostrados os painéis frontais de dois tipos de fonte de tensão variável com seus
principais componentes identificados. A chave liga/desliga deve ser acionada para colocar a
fonte em funcionamento. Se ao pressionar esta chave os displays não se acenderem, verifique
se a fonte está conectada à tomada de energia.
Cada fonte possui um voltímetro e um amperímetro que indicam a tensão de saída e a corrente
elétrica em um determinado circuito conectado aos bornes da fonte. Os bornes a serem
utilizados por você ao longo das práticas serão sempre os bornes positivo (vermelho) e negativo
(preto). O borne GND (verde) não será utilizado nas práticas.

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Figura 3 – Painéis frontais dos diferentes tipos de fontes utilizadas no laboratório.

Para variar a tensão de saída nos bornes da fonte são utilizados os potenciômetros de ajuste
grosso e fino da tensão de saída (a fonte Icel não apresenta o potenciômetro de ajuste fino da
tensão). Ao girar estes potenciômetros no sentido horário você diminui a tensão disponível nos
bornes de saída da fonte. Girando no sentido horário, há um aumento da tensão de saída. Com
o ajuste grosso você pode variar a tensão em passos grandes. O potenciômetro de ajuste fino
da tensão permite que você varie a tensão de saída em torno de um valor centrado no ajuste
grosso, o que possibilita uma grande precisão no valor da tensão de saída. A letra V, que
acompanha uma medida de tensão, como apareceu anteriormente no texto - e também
aparece no display do voltímetro da fonte - é um símbolo usado para denotar a grandeza volt –
unidade de medida de tensão elétrica. As fontes mostradas na figura 3 permitem que o valor da
tensão de saída varie entre 0 e 32 V (para a fonte Minipa) e entre 0 e 15 V (para a fonte Icel). Já
em pilhas o valor da tensão é fixo e vale 1,5 V, quando a pilha está em boas condições.
O potenciômetro de ajuste da corrente não será utilizado por você. Ele serve para determinar
um valor máximo de corrente que poderá circular pelo circuito. Ao ajustá-lo para certo valor, a
fonte passa a reduzir automaticamente o valor da tensão aplicada a fim de deixar a corrente
constante no circuito de carga. Ambas as fontes mostradas na figura 3 fornecem correntes
máximas de 3 A (três ampères). Portanto, nunca exceda este valor ao realizar os experimentos.
Uma fonte de energia elétrica é chamada de fonte de tensão porque sua função é estabelecer
uma polaridade entre dois pontos extremos de um circuito elétrico. Um desses pontos deve
apresentar excesso de carga negativa em relação ao outro. Estabelece-se, assim, um polo
negativo e outro positivo, que provocarão a circulação de corrente elétrica no circuito.
Para manter uma diferença de polaridade entre as extremidades de um circuito elétrico uma
fonte de tensão deve, necessariamente, promover transformações de energia. Baterias e pilhas
utilizam a energia potencial liberada em reações químicas. As fontes de tensão utilizadas por
você, e mostradas na figura 3, utilizam a energia elétrica disponibilizada na tomada da rede de
distribuição. No entanto, diferentemente da tensão disponibilizada na tomada, a tensão de
saída das fontes é contínua (DC) e pode variar de 0 a um valor máximo de 15 ou 32 V, ao passo

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que a tensão disponibilizada na tomada é alternada (AC)1 e possui um valor nominal de 127 V.
Um circuito elétrico no interior das fontes faz as transformações necessárias.
Em uma representação de um circuito elétrico não é comum encontrarmos fotografias de uma
fonte como as mostradas na figura 3. Em vez disso são utilizados símbolos. A figura 4 mostra os
símbolos utilizados para representar de três tipos de fontes de tensão em um circuito: fonte de
tensão contínua fixa, em que o valor da tensão de saída possui um único valor, como as pilhas
de 1,5 V ou as baterias de 9 V ou 12 V; fonte de tensão contínua variável, em que a tensão de
saída da fonte pode variar entre 0 e um valor máximo, como a fontes de tensão mostradas na
figura 3 que variam entre 0 e 15 V e entre 0 e 32 V; fonte de tensão alternada, cujo valor da
tensão varia continuamente e ciclicamente entre um valor máximo positivo e um valor máximo
negativo.

Figura 4 – Símbolos utilizados em circuitos para representar diferentes fontes de tensão.


Note, na figura 4, que a fonte de tensão é geralmente designada pela letra grega ε (lê-se
épsilon) e que o risco maior representa o polo positivo da fonte e o risco menor representa o
polo negativo da fonte quando se trata de fontes de tensão contínua (DC), como a fonte
variável descrita acima, as pilhas e baterias.
2 – Multímetro digital
O multímetro digital é um dos dispositivos mais versáteis de que se dispõe para a realização de
medidas elétricas em circuitos. A designação multímetro se deve ao fato de um mesmo
aparelho reunir pelo menos três medidores diferentes: voltímetro, para a medida de tensões
elétricas; amperímetro, para a medida de correntes elétricas; e, ohmímetro, para a medida de
resistências elétricas. Atualmente os multímetros estão cada vez mais sofisticados e incluem,
em alguns casos, frequencímetros (medidores de frequência), capacímetros (medidores de
capacitância), termômetros (medidores de temperatura), medidores de hFE (parâmetros de
transistores) e testadores de diodos. Nas práticas a serem realizadas durante o curso você irá
lidar apenas com as funções voltímetro, ohmímetro e amperímetro do multímetro. Em seguida,
falaremos mais sobre essas funções.
A figura 5 mostra um multímetro digital e seus principais componentes identificados (pode ser
que você esteja lidando com um multímetro diferente do mostrado na fotografia, mas note que
existem, basicamente, os mesmos elementos e as mesmas funções nele). Mostraremos a seguir
como identificar as funções de um multímetro e como utilizá-lo para efetuar medidas.
A chave liga/desliga (Power) permite colocar o multímetro em funcionamento. Ao pressioná-la
o display se acende. O display é a parte do multímetro em que você pode ler os valores das
grandezas medidas.

1
Para entender melhor as diferenças entre tensões e correntes AC e DC veja no site
http://http://centrodeartigos.com/ciencias/artigo-87.html o texto Diferenças entre AC e DC.

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A chave Hold trava o display do multímetro. Suponha que em uma medida o display esteja
mostrando o valor 5,44 V. Se você pressionar a chave Hold neste momento o display ficará
mostrando 5,44 V, independente do que você fizer com o circuito em que você está
trabalhando. Portanto, ao realizar medidas, certifique-se sempre que a chave Hold não esteja
pressionada.

Figura 5 – Multímetro digital e seus principais componentes.

A chave seletora de função/escala é uma chave rotativa que permite a você selecionar a função
do aparelho (voltímetro, amperímetro, ohmímetro, etc) e também o fundo de escala da leitura
do aparelho. Na chave seletora há um ponto ou traço que funciona como indicador da
função/escala de medição escolhida. O ponto ou traço aponta na direção da função/escala
escolhida.

Figura 6 – Chave seletora de função/escala e terminais do multímetro.

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Para realizar medições com o multímetro é necessário conectar os cabos aos terminais
mostrados na figura 5. São fornecidos um cabo preto e um vermelho. O cabo preto sempre
deve ser conectado ao terminal comum (terminal nº na figura 6). Já o cabo vermelho pode
ser conectado aos outros três terminais (terminais , e na figura 6), conforme a medida
que se queira efetuar. A seguir trataremos com mais detalhes destes últimos elementos, uma
vez que é fundamental que você compreenda bem como utilizá-los.
Girando a chave seletora você pode mudar a configuração do multímetro, podendo usá-lo
como ohmímetro, voltímetro, amperímetro, frequencímetro, isto é, permite que você
modifique a função do aparelho. Há alguns segmentos de arco que indicam a função para uma
determinada posição da chave seletora. Por exemplo, se a chave seletora estiver orientada na
direção do segmento de arco sublinhado em amarelo (nº na figura 6), o aparelho estará
configurado como ohmímetro e você poderá utilizá-lo para medir resistências elétricas. Note
que o símbolo Ω (lê-se ohm - unidade de medida de resistência elétrica) aparece acima dos
números escritos sobre aquele segmento de arco. Veja que o mesmo símbolo aparece também
no terminal em que se deve ligar o cabo vermelho para executar a medida de resistência
elétrica (terminal nº na figura 6).
Acima do segmento de arco que permite a seleção da função ohmímetro do multímetro
aparecem vários números: 200, 2k, 20k, 200k, 2M, 200M. Estes números são chamados de
fundo de escala. Ao girar a chave seletora é possível selecionar diferentes fundos de escala para
se realizar uma medição. Esta escala permite que uma ampla faixa de resistências possam ser
medidas pelo ohmímetro do multímetro. Suponha que você queira medir uma resistência de
apenas 150 Ω. A melhor leitura será fornecida se você colocar a chave seletora no fundo de
escala de 200 (que significa 200 Ω). Já se você quiser medir uma resistência de 150.000 Ω (150
kΩ) é necessário selecionar o fundo de escala de 200 k (que significa 200 kΩ ou 200.000 Ω). Se
você selecionar um fundo de escala menor que a resistência que você deseja medir, então o
número 1 aparecerá no display.
Atenção: quando você for realizar uma medida de resistência, corrente ou tensão e não
possuir ideia acerca da magnitude da grandeza a ser medida, comece pelo maior fundo de
escala da função e vá diminuindo até obter uma boa leitura. Isto é muito importante no caso
de medidas de tensão e corrente.
Assim como para a fonte de tensão, é mais comum e cômodo utilizar um símbolo para
representar um ohmímetro em um circuito elétrico. O símbolo utilizado está mostrado na
figura 7.
Além de permitir a medida de resistências, o multímetro permite a medida
de tensões elétricas, funcionando como um voltímetro. Para configurá-lo
como voltímetro é preciso girar a chave seletora para as posições indicadas
por verde e vermelho na figura 6. Se a chave seletora estiver orientada para
a direção da faixa verde (nº na figura 6) o voltímetro estará configurado
para medir tensões contínuas (DC) de 200 mV a 1000V. Já se a chave estiver Figura 7 – Símbolo
orientada para o segmento marcado em vermelho (nº ) o voltímetro estará utilizado para
configurado para medir tensões alternadas de 2V a 750 V. Note que o representar um
símbolo V acompanha os dois segmentos de arco que indicam a função ohmímetro em um
voltímetro do multímetro. Perceba também que o símbolo V aparece ao lado circuito elétrico.
do terminal em que se deve conectar o cabo vermelho do multímetro

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(terminal na figura 6). A maneira de identificar se a função é adequada para a medida de
tensões contínuas ou alternadas é olhando para o símbolo que acompanha a letra V.
A figura 8 mostra os símbolos utilizados para representar uma tensão (ou corrente) contínua e
uma tensão (ou corrente) alternada. Veja na figura 4 que estes símbolos aparecem ao lado da
letra V, que aparece nas posições adequadas para se medir tensões elétricas. A figura 7 mostra
o símbolo utilizado para representar um voltímetro em um circuito elétrico.

Figura 8 – Símbolos utilizados para representar Figura 9 – Símbolo utilizado para representar
tensões e correntes contínuas e alternadas. um voltímetro em um circuito elétrico.

Para medir correntes elétricas é necessário configurar o multímetro como amperímetro. Isso
pode ser obtido girando a chave seletora e posicionando-a na direção dos segmentos de arco
acompanhados pelo símbolo A (de Ampère – unidade de medida de corrente elétrica).
Novamente, atente para o fato de que os símbolos mostrados na figura 8 aparecem ao lado da
letra A (veja a figura 6), indicando que existem faixas adequadas à medição de correntes
elétricas alternadas e faixas destinadas à medição de correntes elétricas contínuas. Na figura 6
estes segmentos de arco estão identificados em azul (nº ) e em roxo (nº ), respectivamente.
É necessário ter um cuidado especial ao utilizar o amperímetro de um multímetro digital. Este
aparelho pode ser danificado permanentemente se não for utilizado da maneira correta. Para
efetuar medidas com o amperímetro de um multímetro digital é necessário mudar o cabo
vermelho de posição: ele deve ser conectado aos terminais identificados com os números e
na figura 6. Se a corrente a ser medida possuir um valor máximo de 20 mA (0,2 A) você pode
conectar o cabo vermelho ao terminal nº (veja a figura 6). Este terminal é protegido por um
fusível e não tolera correntes maiores que essa. Se for excedido este valor o fusível se rompe e
o aparelho deixa de funcionar. Se a corrente a ser medida estiver acima de 200 mA, deve-se
conectar a cabo vermelho ao terminal nº (veja a figura 6). Este terminal permite que se
façam leituras de correntes até 20 A com o aparelho. Mas note que é necessário conjugar a
posição do cabo vermelho no terminal correto e a posição da chave seletora. A chave seletora
seleciona o fundo de escala do multímetro (que pode ser 20 mA, 200 mA ou 20 A, tanto
alternada quanto contínua). Se a chave seletora estiver orientada para 20 mA ou 200 mA, então
o cabo vermelho deve estar conectado ao terminal nº da figura 6. Já se a chave estiver
apontando para a escala de 20 A então o cabo vermelho deve ser conectado ao terminal nº
da figura 6.
Há multímetros em que um único terminal é utilizado para medidas de corrente, sejam elas
baixas ou altas. Contudo, mesmo nestes aparelhos é necessário fazer a escolha adequada do
fundo de escala com a chave seletora. A figura10 mostra o símbolo utilizado para representar
um amperímetro em um circuito elétrico.

Figura 10 – Símbolo utilizado para representar um


amperímetro em um circuito elétrico.

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Além de colocar os cabos preto e vermelho nos terminais adequados para a medida que se
deseja realizar e posicionar corretamente a chave seletora para escolher uma determinada
função do aparelho, é preciso estar atento à forma como o aparelho deve ser ligado ao circuito.
Como amperímetro, o aparelho deve sempre ser ligado em série com o circuito onde se deseja
medir a corrente (veja a figura 11 A). A resistência interna do amperímetro é muito baixa (zero
se o considerarmos ideal) e, portanto, não afeta a leitura de corrente que passa por ele.
ATENÇÃO: Jamais ligue o amperímetro diretamente aos bornes da fonte. O amperímetro é
um aparelho que possui resistência elétrica baixíssima. Ligá-lo diretamente aos bornes da
fonte configura um curto circuito. Isto pode danificar tanto a fonte quanto o amperímetro.
Como voltímetro, ao contrário, o aparelho deve ser ligado sempre em paralelo com o trecho do
circuito cuja voltagem se queira medir (veja a figura 11 B). Um voltímetro possui resistência
interna muito alta (infinita se o considerarmos ideal) e, portanto, se for ligado em série no
circuito, não haverá passagem de corrente por ele. Finalmente, para medir a resistência elétrica
oferecida por um condutor ou qualquer outro elemento de um circuito devemos retirar a fonte
de energia do circuito e ligar o elemento diretamente aos cabos do ohmímetro (veja a figura 11
C). Isso é fundamental para evitar que o aparelho seja danificado. Jamais se deve usar o
ohmímetro para medir a resistência de um elemento conectado a uma fonte de energia.

Figura 11 – Formas corretas de ligar um amperímetro (A), um voltímetro (B) e um ohmímetro


(C) para medir a corrente, a tensão e a resistência de uma lâmpada.
Para finalizar esta seção vamos discorrer um pouco mais sobre o uso de um fundo de escala
apropriado. Suponha que você queira medir a tensão de uma fonte DC, mas não tenha ideia
alguma sobre o valor a ser medido. Você deverá então colocar a chave seletora na posição do
maior fundo de escala possível: 1000 V. Ao conectar os cabos do multímetro à fonte você mede
a tensão e vê que ela está na faixa de 32 V. Para a escala de 1000 V o multímetro não fornece
precisão suficiente para a leitura a ser feita, isto é, se a tensão for de 31,5 ou 32,4 o multímetro
irá mostrar 32 V apenas. Neste caso você deve mudar a chave seletora para a escala de 200 V.
Ao fazê-lo uma vírgula aparecerá antes do último zero mostrado no display. Se você efetuar a
medida novamente terá um valor mais preciso. Isto é válido para toda e qualquer medida. Ao
utilizar uma escala maior você se resguarda de danificar o aparelho, mas se o valor a ser
medido estiver muito abaixo da escala escolhida será necessário mudar para uma escala menor
e refazer a medida para obter um valor mais preciso.
A seguir, vamos utilizar os equipamentos descritos até aqui para praticarmos a realização de
medidas com o multímetro e a manipulação da fonte de tensão variável.

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OBJETIVOS
Manipular uma fonte de tensão variável; realizar medidas de tensão, corrente e resistência com
um multímetro digital; montar circuitos elétricos simples.

MATERIAL
• 1 fonte de tensão variável;
• 1 multímetro digital;
• 2 cabos banana/jacaré;
• 1 pilha de 1,5 V;
• 1 resistor de 100 ohms e 1 de 220 ohms;
• placa para montagem de circuitos.

PROCEDIMENTOS
A parte experimental deste experimento foi dividida em três, numeradas adiante com os
algarismos romanos I, II e III. Dentro de cada parte há uma série de passos a serem seguidos,
numerados com algarismos arábicos. Leia cada passo com atenção e não se esqueça de efetuar
todas as medições solicitadas.

I - Efetuando medidas de tensão elétrica


Nesta parte da atividade faremos uso do multímetro para medir a tensão elétrica de vários
tipos de fontes e em alguns elementos de um circuito elétrico simples.
1 – Inicialmente configure o multímetro como voltímetro. Para isso, conecte o cabo
banana/jacaré2 preto ao terminal e o cabo banana/jacaré vermelho ao terminal do
multímetro (oriente-se pela figura 6). Gire a chave seletora de função/escala para a posição de
medidas de tensões contínuas (n° , na figura 6) e escolha um fundo de escala de 20 V.
a) Medidas de tensão em fontes
1 – Ligue a fonte de tensão variável e ajuste a tensão para um valor de 6 V. Para isto gire os
potenciômetros de ajuste da tensão de saída.
2 – Conecte as garras jacaré dos cabos do voltímetro aos bornes de saída de tensão da fonte
(vermelho do voltímetro ao vermelho da fonte e preto do voltímetro ao preto da fonte). Anote
o valor da tensão mostrada pelo voltímetro com sua respectiva incerteza. Para determinar a
incerteza na leitura do voltímetro digital consulte a tabela 1, no final desta prática, que mostra
os valores da precisão do aparelho, fornecidas pelo fabricante, para várias faixas de medição.
3 – Compare o valor indicado no display da fonte com o mostrado no display do voltímetro. Há
diferenças? Se não há, você pode usar o voltímetro da fonte como uma referência. Inverta os

2
Banana/jacaré é a forma de nos referirmos aos elementos que se encontram nas extremidades dos cabos. Nesse
caso uma das extremidades do cabo possui um pino banana e a outra extremidade possui uma garra jacaré. O pino
banana é apropriado para ser encaixado nos terminais do multímetro e a garra jacaré é adequada para prender
fios.

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cabos do voltímetro que estão ligados à fonte (vermelho do voltímetro ao preto da fonte e
preto do voltímetro ao vermelho da fonte). O que acontece?
4 – Conecte os cabos do voltímetro à pilha de 1,5 V. Anote o valor encontrado para a tensão da
pilha com a respectiva incerteza.
5 – Agora mude o fundo de escala do voltímetro para medir tensões contínuas até 2 V. Refaça a
medida da tensão da pilha com o voltímetro e anote o valor encontrado com a respectiva
incerteza (volte à tabela 1, no final desta prática, e veja se o fabricante fornece outro valor para
a incerteza neste fundo de escala). Há diferenças entre a leitura feita neste item e a leitura feita
no item 4? Como você explica estas diferenças?
b) Medidas de tensão em elementos de um circuito elétrico
1 – Volte a chave seletora do multímetro para o fundo de escala de 20 V.
2 – Monte um circuito como o representado na figura 12 utilizando os 2
resistores, a placa para montagem de circuitos e a fonte de tensão
previamente ajustada em 6,0 V (use outros 2 cabos banana/jacaré para
conectar a fonte aos resistores). A placa para a montagem de circuitos está
mostrada na figura 13(a). Figura 12

(a)

(b)
Figura 13 – Placa para montagem e circuitos.
Nesta placa há uma série de elementos que permitem uma variedade de explorações. Como
exemplo, utilizamos neste experimento as ilhas 3, 7 e 8 (veja as fotografias na Figura 14). Cada
ilha pintada de branco possui conexão elétrica entre as duas molinhas, mas são isoladas de
outra ilha. Por exemplo, na ilha 3, as duas molinhas estão eletricamente ligadas, mas estão
eletricamente isoladas de todas as outras ilhas e elementos da placa. Estas molinhas são úteis
para a inserção dos terminais de elementos como resistores, diodos, capacitores e fios
desencapados.
Para a montagem do circuito da figura 12 na placa você deverá ligar, por meio de um plugue
banana/jacaré, o borne positivo da fonte a uma das molinhas da ilha 8. Um dos terminais de
um dos resistores deve ser ligado à outra molinha da ilha 8 e o outro terminal desse resistor
deve ser conectado à ilha 7. O outro resistor deve ter seus terminais conectados às molinhas
das ilhas 7 e 3. Por fim, o cabo preto da fonte deve ser conectado à ilha 3. As fotografias da
15
Figura 14 mostram uma visão geral da montagem e um detalhe dos resistores com o circuito
conectado à fonte e o voltímetro conectado ao resistor R1.
Atenção: não é obrigatório o uso exclusivo das ilhas citadas acima. O aluno possui liberdade
para escolher quaisquer outras ilhas para a montagem desse circuito.

Figura 14 – Visão geral da montagem


3 – Nesse circuito meça as tensões nos terminais dos resistores R1 e R2, conectando o
voltímetro como mostra a figura 15 (a) e (b) (a fotografia da figura 14 à direita é uma maneira
de executar a figura 15 (a). Meça também a tensão nos terminais da fonte (figura 15 (c)). Anote
esses valores com suas respectivas incertezas.

Figura 15
II - Efetuando medidas de corrente elétrica
ATENÇÃO: Jamais ligue os cabos do amperímetro diretamente aos bornes da fonte. O
amperímetro é um aparelho que possui resistência elétrica baixíssima. Ligá-lo diretamente
aos bornes da fonte configura um curto circuito. Isto pode danificar tanto a fonte quanto o
amperímetro.
No circuito montado na parte anterior (figura 12) você fará medidas de corrente elétrica. Para
isto será necessário, inicialmente, configurar o multímetro como amperímetro.
1 – Configure o multímetro como amperímetro conectando o cabo vermelho ao terminal do
multímetro e girando a chave seletora para medir correntes contínuas até 20 mA (faixa n° , na
figura 6).
Para medir a corrente elétrica é necessário que o amperímetro esteja ligado em série com os
elementos do circuito. Para isso, você deverá abrir o circuito, retirando um dos terminais dos
elementos do circuito de cada vez e inserindo entre eles o amperímetro. Você deverá conectar
o amperímetro em três pontos distintos do circuito, conforme mostra a figura 16 (a), (b) e (c).

16
Figura 16
As Figuras 17 e 18 mostram como você pode abrir o circuito em determinados pontos para
inserir o amperímetro. Mais especificamente elas mostram como medir a corrente nas
situações (b) e (c) mostradas na figura 16.

Figura 17 Figura 18
2 – Meça o valor da corrente em cada situação: (a), (b) e (c). Anote o valor encontrado com a
respectiva incerteza. Para determinar a incerteza na leitura do amperímetro consulte a tabela
2, no final desta prática, que mostra os valores da precisão do aparelho, fornecidas pelo
fabricante, para várias faixas de medição.
3 – O fato de colocar o amperímetro em pontos diferentes do circuito (a, b ou c, na figura 16)
altera o valor da corrente? Você consegue dar uma explicação para isso?

III - Efetuando medidas de resistência elétrica


ATENÇÃO: Jamais meça a resistência elétrica de um elemento com o ohmímetro se este
elemento estiver conectado a um circuito com uma fonte de tensão. Sempre retire o
elemento do circuito antes de efetuar a medição.
Nesta parte da atividade você fará medidas da resistência elétrica dos dois resistores utilizados
no circuito representado na figura 12. Para isto será necessário configurar o multímetro como
ohmímetro.
1 – Para configurar o multímetro como ohmímetro conecte o cabo vermelho no terminal do
multímetro (veja a figura 6). Gire a chave seletora de modo a escolher a faixa destina à medida
de resistências elétricas (faixa nº , na figura 6) com um fundo de escala de 200 Ω.
2 – Retire os resistores do circuito. Não basta apenas desligar a fonte na chave, pois os
capacitores internos da fonte podem manter alguma tensão sobre os resistores e isto fará com
que a leitura seja prejudicada e em alguns casos danifique o próprio ohmímetro.

17
3 – Conecte as garras jacaré dos cabos do ohmímetro diretamente aos resistores R1 e R2. Faça
isso com um resistor de cada vez, como mostram as representações da figura 19. Você deve ter
notado que ao medir um dos resistores o ohmímetro indicou um valor aproximadamente igual
a 100Ω, porém, para o outro resistor o ohmímetro indicou o número 1. Isso significa que o
fundo de escala é menor que o valor da resistência que você está tentando medir. Você deve
então girar a chave seletora do multímetro e escolher um fundo de escala maior, por exemplo,
2 K. Faça isso e refaça a medição. Anote o valor da resistência de cada resistor com a respectiva
incerteza. Para determinar a incerteza na leitura do ohmímetro consulte a tabela 3, no final
desta prática, que mostra os valores da precisão do aparelho, fornecidas pelo fabricante, para
várias faixas de medição.

Figura 19
Dica importante: conecte as duas garras jacaré dos cabos do ohmímetro uma à outra. O
ohmímetro deve indicar um valor de 0,1 ou 0,2 Ω. Essa é a resistência dos cabos do ohmímetro.
Quando você efetuar medidas de pequenas resistências elétricas, lembre-se de diminuir este
valor, pois esta resistência é do próprio aparelho e não do dispositivo cuja resistência se está a
medir.

Determinando a incerteza de uma medição com o multímetro digital


Na coluna Precisão, na tabela 1, aparece o seguinte: ± (0,5% + 3D). Isso significa que a
incerteza, ou precisão, na medição é 0,5% do valor mostrado no display do voltímetro,
acrescido de 3 dígitos (3D). Para cada faixa você terá o dígito com um valor diferente. Por
exemplo, para a faixa de 200 mV, cada dígito vale 0,1 mV; para a faixa de 2 V cada dígito vale
0,001V e para a faixa de 20 V cada dígito vale 0,01V. Gire a chave seletora do multímetro e veja
a mudança na posição da vírgula. Em seguida, acompanhe o exemplo 1.

Faixa Precisão
200 mV
2V Tabela 1 – Precisão do
± (0,5% + 3D) aparelho para medidas de
20 V tensão DC
200 V
1000 V ± (1,0% + 5D)

18
Exemplo 1:
Suponha que você tenha feito uma medida de tensão com o voltímetro, com um fundo de
escala de 2 V, e encontrado o valor de 1,258 V. Como determinar a incerteza dessa medida?
Calcule 0,5% desse valor: 0,5%*1,258 = 0,00629. Acrescente a esse valor 3 dígitos para aquela
faixa de medição: 0,00629 + (3*0,001) = 0,00929. A expressão correta do valor da tensão, com
a respectiva incerteza é: V = (1,258±0,009) V. Uma forma semelhante pode ser usada para as
demais faixas e funções do aparelho.

Faixa Precisão
20 mA ± (0,8% + 4D) Tabela 2 – Precisão do aparelho
para medidas de corrente DC
200 mA ± (1,2% + 4D)
20 A ± (2,0% + 5D)

Faixa Precisão
200 Ω ± (0,8% + 5D)
2 kΩ
20 kΩ
± (0,8% + 3D) Tabela 3 – Precisão do aparelho para medidas
200 kΩ de resistência
2 MΩ
200 MΩ ± [5%(Leitura - 10D)+20D]

19
Prática 3 – Determinação da resistência elétrica de resistores

INTRODUÇÃO
Resistores são componentes eletrônicos que oferecem certa dificuldade à passagem de
corrente elétrica em um circuito. Devido a esse fato, eles promovem quedas de potencial
elétrico entre determinados pontos do circuito e por esta função são muito utilizados em
circuitos de equipamentos eletroeletrônicos.
Você teve a oportunidade de manipular alguns resistores comerciais na prática anterior.
Naquela ocasião você utilizou um ohmímetro para determinar o valor da resistência elétrica
dos resistores. Há, contudo, outras maneiras para se determinar o valor da resistência de um
resistor. Para um resistor comercial, uma forma rápida e prática é utilizando um código padrão
de cores, em que a cada cor é associada um número. Outra forma, mais geral e válida para se
determinar a resistência de uma vasta gama de dispositivos e materiais, é por meio do
conhecimento da tensão e da corrente em um determinado dispositivo.
Quando um elemento é submetido a uma diferença de potencial V, aparece nele uma corrente
elétrica I. A resistência elétrica R desse elemento é definida pelo quociente entre a diferença de
potencial aplicada e a corrente que o percorre:

V = R.I (1)
Essa equação é bastante geral e se aplica a todos os tipos de dispositivos que possuam
resistência R, estejam submetidos a uma tensão V e percorridos por uma corrente I. Veremos,
na prática 4, que existem materiais e dispositivos em que o quociente V/I se mantém constante
para diferentes valores de V, o que indica que a resistência não se altera em função da
diferença de potencial aplicada. A esses dispositivos damos o nome de elementos ôhmicos, pois
obedecem à lei de Ohm. Quando a resistência varia em função de V, então o elemento é
denominado não-ôhmico.

Exemplo de como ler o código de cores:


O código de cores é uma forma universalmente utilizada para se determinar rapidamente o
valor da resistência elétrica de um resistor comercial. Cada resistor possui uma série de faixas
coloridas impressas no próprio corpo. Cada cor está associada a um número, que varia de 0 a 9.
É por meio da associação destes números às cores impressas no resistor que determinamos sua
resistência. Veja a figura 20. A seguir, descrevemos como ler este código de cores.

20
Figura 20 – Código de cores utilizado para determinar a resistência de um

Exemplo 1 - Inicialmente é preciso definir a primeira faixa, a partir da qual se inicia a leitura. A
primeira faixa fica mais próxima a uma das extremidades do resistor. Para o exemplo acima a
primeira faixa é a marrom. Segundo a tabela a cor marrom está associada ao algarismo 1.
Repita o passo anterior para a segunda faixa colorida. No nosso exemplo a segunda faixa é
vermelha, que corresponde ao algarismo 2. Junte estes dois números, colocando o primeiro ao
lado do segundo: 12 (não some os números, apenas coloque um ao lado do outro). Agora
multiplique este número (12) pelo fator multiplicador adequado. Para descobrir qual é o fator
multiplicador olhe a cor da terceira faixa: verde para o nosso exemplo. Nesse caso o
multiplicador é 105 ou 100000. Portanto, multiplique 12 por 100000 e você obterá o valor da
resistência do resistor em ohms (Ω). Para o exemplo acima a resistência do resistor tem um
valor de 1200000 Ω ou, de modo mais simples, usando a potência de 10 apropriada, 1,2 MΩ (M
= mega = 106).
Para determinar o valor da incerteza da resistência desse resistor você deve olhar para a cor
relativa à tolerância, que é a última faixa colorida. No exemplo acima a cor é dourada e,
portanto, a tolerância é de 5% de 1,2 MΩ, o que dá 60000 Ω ou 0,06 MΩ. A expressão correta
do valor da resistência do resistor do exemplo acima é, portanto: R = (1,20 ± 0,06) MΩ.
Exemplo 2 - Para você praticar, a resistência do resistor
mostrado na figura 21, cujas faixas coloridas são laranja,
branca, laranja e dourada é R = (39 ± 2) kΩ (k = kilo = 103).
Figura 21

21
OBJETIVO
Determinar a resistência elétrica de dois resistores, e suas respectivas incertezas, por meio de
três maneiras distintas:
I – consultando o código de cores;
II – utilizando o ohmímetro de um multímetro digital;
III – calculando a resistência com base na equação (1).

MATERIAL
• 2 resistores de diferentes valores (100 e 220 ohms);
• 2 multímetros;
• 1 fonte de tensão variável;
• placa para montagem de circuitos;
• 4 cabos banana/jacaré.

PROCEDIMENTOS

I - Determinando o valor da resistência por meio da consulta ao código de cores

1 – Consultando o código de cores da figura 20, determine o valor das resistências dos dois
resistores, com suas respectivas incertezas.

II – Determinando o valor da resistência com o uso do ohmímetro


1 – Configure um dos multímetros como ohmímetro, girando a chave seletora de funções para
a posição correta (nº na figura 6 da prática 1). Conecte os cabos banana/jacaré aos terminais
e do multímetro.
2 – Conecte os cabos do multímetro a cada um dos resistores. Faça a leitura da resistência de
cada um e anote o valor, com a respectiva incerteza.

22
III – Determinando o valor da resistência com base na equação (1)
1 – Configure um dos multímetros como miliamperímetro, girando a chave seletora de
funções/escala para a função miliamperímetro DC (nº na figura 6 da prática 1) com um fundo
de escala para correntes até 200 mA.
2 – Configure o outro multímetro como voltímetro DC, girando a chave seletora para a faixa nº
da figura 6 da prática 1, escolhendo um fundo de escala de 20 V. Conecte dois cabos
banana/jacaré aos terminais e do voltímetro.
3 – Certifique-se que o potenciômetro que controla a tensão de saída da fonte esteja
totalmente girado no sentido anti-horário, ou seja, que o display da fonte mostre o valor 0 V.
4 – Monte um circuito como representado na figura 22, em que R é o resistor. Para isso, use um
cabo banana/banana para ligar o terminal negativo da fonte ao terminal do amperímetro
(terminal COM). No terminal (mA) do amperímetro, conecte um cabo banana/jacaré.
Conecte a garra jacaré deste cabo a um dos terminais do resistor. Usando outro cabo
banana/jacaré, conecte o terminal positivo da fonte ao outro terminal do resistor.
5 – Conecte as garras jacaré dos cabos do voltímetro aos terminais do resistor, como mostra a
figura 22.

Figura 22

6 – Varie a tensão da fonte de 0,5 em 0,5 volts, partindo de 0 e chegando a um valor máximo de
6 V. Anote, na tabela 4, os pares de valores da tensão e da corrente indicados pelo voltímetro e
pelo miliamperímetro. Faça isso para cada um dos resistores, separadamente.
7 – Com os dados desta tabela faça um gráfico da tensão (V) em função da corrente (I) para
cada resistor (V no eixo y e I no eixo x). Utilize o programa Excel para isso.
8 – Utilizando o programa Excel, obtenha a equação da curva do gráfico, fazendo uma
regressão linear. Com os coeficientes da curva e com a equação (1) determine o valor da
resistência de cada resistor.
9 – Compare os valores das resistências encontradas para os dois resistores pelos três
métodos aqui utilizados. Todos possuem o mesmo nível de precisão e confiabilidade? É
possível dizer se algum desses métodos é mais confiável que outros? Há alguma vantagem na
utilização de um método ou outro? Procure pensar sobre as potencialidades/limitações de se
utilizar um código padrão de cores e sobre a forma como um multímetro digital faz leituras de
resistências elétricas ao tecer seus comentários sobre a precisão dos métodos.

23
Corrente (A)
Tensão (V)
Resistor R1 Resistor R2

Tabela 4 – Dados de Tensão e


Corrente medidos através do
multímetro

24
Prática 4 – Resistência e resistividade elétrica

INTRODUÇÃO
Como visto na prática anterior, se um resistor for conectado aos polos de uma bateria uma
corrente elétrica será estabelecida nesse elemento. O valor dessa corrente depende da tensão
da bateria e da capacidade do resistor em se opor à passagem da corrente elétrica. Esta
capacidade é o que se define por resistência elétrica. Isso se aplica não apenas aos resistores,
como aqueles utilizados na prática anterior, mas a todo e qualquer material que apresente uma
resistência R: para certa tensão aplicada, quanto maior o valor da resistência de um material,
menor a corrente que circulará por esse material.
A resistência elétrica de um elemento é definida pelo quociente entre a diferença de potencial
V aplicada a ele e a corrente I que o percorre:

V
R= (2)
I
A resistência elétrica de um corpo qualquer depende do tipo de material, das dimensões deste
corpo, da temperatura e do valor da tensão aplicada. Diz-se, deste modo, que a resistência é
uma grandeza macroscópica, uma vez que depende das características macroscópicas deste
material. Há, no entanto, outra grandeza relacionada à resistência que não depende das
dimensões do material: a resistividade elétrica.
A resistividade elétrica é uma propriedade específica dos materiais e depende de características
microscópicas intrínsecas. Isto significa que duas peças de diferentes dimensões, de um mesmo
material, apresentarão resistências elétricas distintas, embora possuam a mesma resistividade.
É fácil mostrar (veja o capítulo 25, seção 25.3, do seu livro-texto) que para um condutor
homogêneo de comprimento L e área da seção reta uniforme A, a resistência elétrica R se
relaciona com a resistividade ρ por meio da expressão:

L
R=ρ (3)
A
A unidade de medida da resistividade elétrica é Ω·m. A tabela 5 mostra os valores da
resistividade de alguns materiais.

25
Tabela 5 – Valores da resistividade de várias substâncias na temperatura ambiente (20 °C).
Substância Resistividade ρ (Ω·m) Substância Resistividade ρ (Ω·m)
Prata 1,47 x 10-8 Carbono (grafita) 3,5 x 10-5
Cobre 1,72 x 10-8 Silício puro 2300
Ouro 2,44 x 10-8 Vidro 1010 a 1014
Alumínio 2,75 x 10-8 Mica 1011 a 1015
Aço 20 x 10-8 Enxofre 1015
Ni-Cr 100 x 10-8 Madeira 108 a 1011
Fonte: YOUNG e FREEDMAN, 2009, p. 140.

OBJETIVOS
Verificar a dependência da resistência com o comprimento e com a área de diferentes
condutores; determinar a resistividade desses condutores.

MATERIAL
• Placa com fios de diferentes diâmetros e bornes para conexão;
• 1 multímetro digital;
• cabos banana/banana.

PROCEDIMENTOS
Os condutores com os quais você irá trabalhar nesta prática estão fixados em uma placa. A
figura 23, a seguir, mostra uma representação da placa com fios condutores de diferentes
diâmetros e materiais (a letra grega fi - φ - é utilizada para denotar o diâmetro do fio). São três
fios de uma liga de níquel e cromo, denominada Ni-Cr, e um fio de aço. Os fios de Ni-Cr
possuem diâmetros diferentes e, portanto, áreas da seção reta diferentes. Esses fios possuem
um comprimento total de 1m, mas são divididos em cinco pedaços de 20 cm por meio de
bornes. Esses bornes permitem que se conecte o ohmímetro a diferentes posições, variando o
comprimento. Por exemplo, se o multímetro estiver conectado como na figura 23, o
comprimento do fio de aço cuja resistência está sendo medida é de apenas 20 cm. Se o cabo do
ohmímetro for retirado do borne b e conectado sucessivamente aos bornes c, d, e e f, então os
comprimentos serão respectivamente 40 cm, 60 cm, 80 cm e 1,0 m.

26
Figura 23 – Placa com fios de diferentes diâmetros e materiais, com bornes para conexão.

I - Verificando a variação da resistência com o comprimento


1 – Incialmente, configure o multímetro como um ohmímetro para medir pequenas resistências
elétricas com um fundo de escala de 200 Ω.
2 – Conecte um dos cabos do ohmímetro ao borne de um dos fios da placa, que se encontra na
extremidade da placa. Veja a figura 23.
3 – Conecte o outro cabo do ohmímetro ao borne subsequente. Leia o valor da resistência e
anote-o na tabela 6. Vá mudando sucessivamente o cabo do ohmímetro de modo a variar o
comprimento do fio cuja resistência está sendo medida. Anote todos os valores na tabela 6.
4 – Repita os passos 1 e 2 para todos os fios. Preencha toda a tabela 6 com os valores das
medidas.
Tabela 6 – Resultados obtidos
Resistência (Ω)
Comprimento (m) Fio de Ni-Cr de φ Fio de Ni-Cr de φ Fio de Ni-Cr de φ Fio de Fe de φ
= 0,36 mm = 0,50 mm = 0,72 mm = 0,50 mm

5 – Utilizando o programa Excel, faça os gráficos da resistência (R) em função do comprimento


(L) para todos os fios (R no eixo y e L no eixo x). Que tipo de relação você pode dizer que existe
entre R e L? Isso era esperado?
6 – Escolha qualquer um dos fios de Ni-Cr da tabela acima e faça um gráfico de R em função de
L (agora, apenas um fio). Utilizando o programa Excel, obtenha a equação da curva do gráfico
por meio de uma regressão linear. Com os coeficientes da curva e com a equação (2) determine
o valor da resistividade do Ni-Cr.
7 – Repita o que foi feito no passo 6 para o fio de ferro.

27
8 – Compare os valores encontrados por você nos itens 6 e 7 para as resistividades com os
valores apresentados na tabela 5.

II - Verificando a variação da resistência com a área


Nesta parte do experimento você manterá fixo o valor do comprimento do condutor e irá variar
a área do condutor. Para isso, utilize o comprimento máximo de 1 m.
1 – Conecte os cabos do ohmímetro às extremidades dos fios de Ni-Cr. Anote os valores
encontrados para a resistência para cada um dos três fios. Registre as medidas na tabela 7.
Tabela 7 – Medidas de resistência
φ do fio (mm) Área (m2) 1/A (m-2) Resistência (Ω)
0,36
0,50
0,72

2 – Utilizando o programa Excel e os dados da tabela 7, faça um gráfico da resistência (R) em


função da área da seção reta do fio (A). Coloque os valores de R no eixo y e os valores de A no
eixo x. Pela análise do gráfico, que tipo de relação você pode dizer que existe entre R e A? Esta
relação era esperada?
3 – Você irá determinar o valor da resistividade do Ni-Cr a partir do gráfico feito no item 2, mas
para isso será necessário linearizar este gráfico. Um processo de linearização possível é calcular
os inversos das áreas da tabela acima. Faça isso e escreva os valores no espaço indicado na
tabela acima.
4 – Faça um gráfico de de R em função de 1/A (R no eixo y e 1/A no eixo x). Este gráfico é linear.
Utilizando o programa Excel, obtenha a equação da curva do gráfico por meio de uma
regressão linear. Com os coeficientes da curva e com a equação (3) determine o valor da
resistividade do Ni-Cr. Lembre-se que agora a equação 3 deve ser modificada para:

1
R = ρL 
 A

5 – Você sabe dizer o porquê dessa modificação na equação?


6 – Compare o valor da resistividade obtido no item 4 com o valor obtido no item 6 da parte I.

28
Prática 5 – Elementos ôhmicos e não-ôhmicos

INTRODUÇÃO
Os resistores com os quais você lidou na prática 2 e os fios metálicos com os quais você
trabalhou na prática 3 podem ser considerados, para aquelas situações, elementos ou materiais
ôhmicos. Isso porque eles obedecem à lei de Ohm. Um elemento obedece à lei de Ohm quando
a sua resistência elétrica (ou resistividade) permanece constante, independente da tensão
elétrica aplicada aos seus terminais (ou campo elétrico aplicado). Para esses elementos, pode-
se dizer que corrente elétrica que os percorre é proporcional à tensão aplicada a seus terminais
ou, de modo equivalente, que a densidade de corrente pelo material é proporcional o campo
elétrico aplicado:

V = RI E = ρJ
(4) (5)

Há, contudo, dispositivos ou materiais para os quais isto não se aplica. Estes dispositivos,
denominados elementos não-ôhmicos, não obedecem à lei de Ohm: sua resistividade ou
resistência elétrica variam em função do campo elétrico aplicado. Nesses casos não há uma
relação linear entre a tensão e a corrente no elemento. A expressão R=V/I continua válida, mas
para cada valor de V e de I haverá um valor diferente para R.

OBJETIVO
Observar o comportamento de elementos ôhmicos e não-ôhmicos em um circuito elétrico.

MATERIAL
• 1 resistor de 100 Ω;
• 1 fonte de tensão variável;
• 2 multímetros;
• Cabos;
• lâmpada incandescente de 6V;
• placa para montagem de circuitos;
• diodo semicondutor.

PROCEDIMENTOS
Como o objetivo da prática é observar o comportamento de diferentes dispositivos, este
procedimento será divido em três partes. Em cada parte vamos tratar do comportamento de
um dispositivo: I - resistor; II - diodo semicondutor; III - lâmpada incandescente.

29
1 – Configure um dos multímetros como miliamperímetro, girando a chave seletora de
função/escala para a função miliamperímetro DC, com um fundo de escala para correntes até
200 mA.
2 – Configure o outro multímetro como voltímetro DC, escolhendo um fundo de escala de 2 V.
Conecte dois cabos banana/jacaré aos terminais do voltímetro.
3 – Certifique-se que o potenciômetro que controla a tensão de saída da fonte esteja
totalmente girado no sentido anti-horário, ou seja, que o display da fonte mostre o valor 0 V.

I - Resistor
1 – Monte um circuito como o representado na figura 24. Para
isso, use um cabo banana/banana para ligar o terminal negativo
da fonte ao terminal do amperímetro. Use cabos banana/jacaré
para ligar o outro terminal da fonte e do amperímetro ao resistor.
2 – Conecte as garras jacaré do voltímetro aos terminais do
resistor, como mostra a figura 24.
3 – Varie a tensão da fonte de 0,2 em 0,2 volts, partindo de 0 e
chegando a um valor máximo de 1,4 V.
Figura 24
ATENÇÃO: NÃO EXCEDA 1,5 V.
Anote, na tabela 8 os pares de valores da tensão e da corrente indicados pelo voltímetro e pelo
miliamperímetro.
4 – Para cada par de valores de tensão e corrente calcule o valor da resistência do resistor, em
ohms, utilizando a equação (4). Anote esses valores no local apropriado na tabela 8. Lembre-se,
como você mediu a corrente em miliampères (mA), deve passar esses valores para ampères (A).
5 – Com os dados da tabela 8 faça um gráfico da tensão (V) em função da corrente (I) (V no eixo
y e I no eixo x). Utilize o programa Excel para isso.

Tabela 8 – Resultados obtidos


Tensão (V) Corrente (A) Resistência (Ω)

30
II - Diodo semicondutor
1 – Monte um circuito como o representado na figura 25, em
que você irá substituir o resistor do circuito da montagem I por
um diodo semicondutor. Lembre-se de zerar a tensão na fonte
girando o potenciômetro totalmente para o sentido anti-horário.
O diodo semicondutor é um dispositivo comumente utilizado em
circuitos eletrônicos para permitir a passagem da corrente em
apenas um sentido. Um conjunto de diodos semicondutores é Figura 25
utilizado para transformar a corrente alternada em corrente
contínua na fonte de tensão variável que você utiliza nas práticas.
O diodo possui polaridade e deve ser conectado ao circuito da
maneira correta. Veja na figura 26 o aspecto físico desse
componente. A extremidade do componente que possui uma
faixa cinza corresponde ao traço mostrado no símbolo do diodo
no circuito da figura 25. O terminal mais próximo a essa faixa
cinza, como mostra a figura 25, deve estar conectado mais
próximo ao polo negativo da fonte e o terminal oposto deve
estar conectado ao polo positivo da fonte. Figura 26

Para montar o circuito corretamente use um cabo banana/banana para ligar o terminal
negativo da fonte ao terminal do amperímetro (terminal COM). No terminal (mA) do
amperímetro, conecte um cabo banana/jacaré. Conecte a garra jacaré deste cabo ao terminal
do diodo mais próximo da faixa cinza. Usando outro cabo banana/jacaré, conecte o terminal
positivo da fonte ao outro terminal do diodo.
2 – Conecte as garras jacaré dos cabos do voltímetro aos terminais do diodo, como mostra a
figura 25.
3 – Varie a tensão da fonte de 0,2 em 0,2 volts, partindo de 0 e chegando a um valor máximo de
1,4 V.
ATENÇÃO: NÃO EXCEDA 1,5 V. Tabela 9
Anote, na tabela 9 os pares de valores da tensão e da Tensão Corrente Resistência
corrente indicados pelo voltímetro e pelo miliamperímetro. (V) (A) (Ω)

4 – Para cada par de valores de tensão e corrente, calcule o


valor da resistência do diodo, em ohms, utilizando a equação
(4). Anote esses valores no local apropriado na tabela 9.
Lembre-se, como você mediu a corrente em miliampères
(mA), deve passar esses valores para ampères (A).
5 – Com os dados da tabela 9 faça um gráfico da tensão (V)
em função da corrente (I) (V no eixo y e I no eixo x). Utilize o
programa Excel para isso.

31
III - Lâmpada incandescente
1 – Monte um circuito como o representado na figura 27, em que você irá substituir o diodo do
circuito da montagem II por uma lâmpada incandescente. A lâmpada se encontra na placa para
montagem de circuitos. Os terminais da lâmpada são as duas molinhas que se encontram ao
lado do soquete. Como a lâmpada não possui polaridade basta desconectar as garras jacaré do
diodo e conectá-las às molinhas ao lado da lâmpada. Veja a figura 28.
2 – Varie a tensão da fonte de 0,2 em 0,2 volts, partindo de 0 e chegando a um valor máximo de
1,4 V.
ATENÇÃO: NÃO EXCEDA 1,5 V.
Anote, na tabela 10, os pares de valores da tensão e da corrente indicadas pelo voltímetro e
pelo miliamperímetro, respectivamente.

Figura 27 Figura 28 – Lâmpada com garras jacaré

3 – Para cada par de valores de tensão e corrente, Tabela 10


calcule o valor da resistência da lâmpada, em ohms, Tensão (V) Corrente Resistência
utilizando a equação (4). Anote esses valores no local (A) (Ω)
apropriado na tabela 10. Lembre-se, como você mediu
a corrente em miliampères (mA), deve passar esses
valores para ampères (A).
4 – Com os dados da tabela 10 faça um gráfico da
tensão (V) em função da corrente (I) (V no eixo y e I no
eixo x). Utilize o programa Excel para isso.
5 – Observe os três gráficos produzidos e as três tabelas
que mostram o comportamento da resistência dos três
elementos em função da tensão aplicada a eles.

32
QUESTÕES:

1) O que ocorre com a resistência do resistor à medida que a tensão aplicada a ele
aumenta?
2) O que ocorre com a resistência do diodo à medida que a tensão aplicada a ele aumenta?
E com a resistência da lâmpada?
3) Quais desses elementos podem ser considerados ôhmicos e quais podem ser
considerados não-ôhmicos?
4) A lâmpada é um material metálico e, portanto, assim como os fios da prática 3, deveria
se comportar como um elemento ôhmico. Como você explica o fato de ela se comportar
como um elemento não-ôhmico?

33
Prática 6 – Circuitos simples: associação de resistores em série e em paralelo
INTRODUÇÃO
Suponha que você possua duas lâmpadas, cujas resistências elétricas sejam R1 e R2, e uma
bateria cuja fem (força eletromotriz) seja igual a . Existem pelos menos duas maneiras de
conectá-las à bateria: em série ou em paralelo.

Figura 29 – Associação em série (1) e em paralelo (2)


Em uma ligação em série (veja a figura 29-1) os elementos do circuito estão ligados em
sequência e a corrente elétrica possui apenas um caminho para circular, de modo que cada
elemento experimentará a mesma corrente elétrica I. Note que se um dos elementos do
circuito deixar de funcionar, todos os outros também deixarão, uma vez que a corrente que
passa por um elemento do circuito passa, necessariamente, pelo outro. A queda de potencial
entre os terminais de cada resistor do circuito tem um valor dado por V = RI, de modo que o
ganho de potencial na fonte (Vab) é igual à soma das quedas de potencial nos resistores R1 (Vbc)
e R2 (Vca) – equação (1) da figura 29.
Em uma ligação em paralelo (veja a figura 29-2), cada elemento está conectado diretamente à
fonte de fem e, portanto, cada elemento estará submetido à mesma diferença de potencial Vab.
Note que, diferentemente do circuito em série, se um dos elementos do circuito em paralelo
deixar de funcionar, os outros continuarão funcionando normalmente, pois cada elemento
oferece um caminho alternativo para a corrente elétrica. Nesse caso os valores da corrente em
cada elemento do circuito podem ser diferentes, mas a soma das correntes em cada resistor (I1
e I2) deve ser igual à corrente total I produzida pela fonte – equação (2) da figura 29.
Você saberia dizer se os equipamentos elétricos em sua casa (geladeira, lâmpadas, rádio, TV,
etc) estão ligados em série ou em paralelo?
Para o caso em que vários resistores estão associados em um circuito é possível encontrar um
resistor equivalente capaz de substituir uma associação particular de vários resistores. Esse
resistor equivalente (Req) produz a mesma queda de potencial e a mesma corrente no circuito
cuja associação de resistores ele substitui.
Para encontrar a resistência equivalente Req de uma associação de vários resistores em série
basta somar os valores de cada um dos resistores, conforme equação (6).

34
Req = R1 + R2 + R3
(6)

Figura 30
Para uma associação em paralelo, a resistência equivalente Req é encontrada pela equação (7)
(veja os argumentos que levam às equações (3) e (4) no Capítulo 26, seção 1 do seu livro-texto):

1 1 1 1
= + +
Req R1 R2 R3 (7)

Figura 31

OBJETIVO
Estudar o comportamento da tensão e da corrente em associações de resistores em circuitos
em série e em paralelo.

MATERIAL
• 3 resistores de valores diferentes 100, 150 e 220 ohms;
• 1 fonte de tensão variável;
• fios para ligação;
• 2 multímetros;
• 4 cabos banana/jacaré;
• 1 cabo banana/banana.

PROCEDIMENTOS

I - Circuito em série
ATENÇÃO: antes de proceder a montagem de qualquer circuito, certifique-se que o
potenciômetro que controla a tensão de saída da fonte esteja totalmente girado no sentido
anti-horário, ou seja, que o display da fonte mostre o valor 0 V para a tensão de saída.

35
1 – Configure um dos multímetros como ohmímetro e meça o valor da resistência de cada um
dos resistores. Anote estes valores com suas respectivas incertezas.
2 – Monte um circuito como o representado na figura 32, em que os resistores se encontram
em série com a fonte de tensão. Para ligar os resistores em série, faça a conexão ligando o
terminal de um resistor ao terminal do outro da maneira mostrada na figura 31.
3 – Configure o multímetro como voltímetro para medir tensões contínuas com um fundo de
escala de 20 V. Conecte os cabos do voltímetro aos terminais dos resistores ligados à fonte
(veja a figura 34) e ajuste a tensão de saída da fonte para 6 V. Essa será a tensão V aplicada aos
resistores. Anote esse valor na tabela 11.

Figura 32 Figura 33 Figura 34

Tabela 11

Tensão na Tensão em R1 Tensão em R2 Tensão em R3 Corrente no


fonte V V1 V2 V3 circuito I

4 – Meça o valor das tensões V1, V2, V3, respectivamente nos resistores R1, R2 e R3 (veja a
figura 35). Anote os valores na tabela 11.
5 – Configure o multímetro como amperímetro para medir correntes contínuas com um fundo
de escala de 200 mA. Meça a corrente no circuito. Anote o valor encontrado na tabela 11.

Figura 35

36
6 – Com os valores de V e de I da tabela acima, calcule o valor da resistência equivalente do
circuito em série utilizando a equação (6).
7 – Calcule também o valor da resistência equivalente do circuito com os valores das
resistências medidos com o ohmímetro no item 1. Compare com os valores obtidos no item 6.
8 – Verifique se a soma das quedas de potencial nos resistores é igual ao aumento do potencial
produzido pela fonte, ou seja, veja se a equação (1) é satisfeita para o circuito montado por
você.

II - Circuito em paralelo
ATENÇÃO: antes de proceder a montagem de qualquer circuito, certifique-se que o
potenciômetro que controla a tensão de saída da fonte esteja totalmente girado no sentido
anti-horário, ou seja, que o display da fonte mostre o valor 0 V para a tensão de saída.
1 – Desmonte o circuito em série do item I e remonte-o como mostrado na figura 36, em que os
elementos se encontram em paralelo com a fonte. Para ligar os resistores em paralelo com a
fonte, use os pedaços de fio desencapado nas extremidades (veja a figura 35).
2 – Configure o multímetro como voltímetro para medir tensões contínuas com um fundo de
escala de 20 V. Conecte os cabos do voltímetro aos terminais dos resistores ligados à fonte
(veja a figura 36) e ajuste a tensão de saída da fonte para 6 V. Essa será a tensão V aplicada a
todos resistores (se tiver dúvidas sobre isso, meça a tensão em cada resistor). Anote esse valor
na tabela 12.

Figura 36
Figura 37 Figura 38
Tabela 12
Tensão na fonte Corrente total Corrente em R1 Corrente em R2 Corrente em R3
V no circuito I I1 I2 I3

3 – Retire o voltímetro do circuito e configure-o como amperímetro para medir correntes


contínuas com um fundo de escala de 20 mA. Insira o amperímetro em locais apropriados para
medir o valor da corrente total I no circuito (figura 39a) e também as correntes I1, I2 e I3 nos
ramos dos resistores R1, R2 e R3, respectivamente (figuras 39b, 39c e 39d). Anote esses valores
na tabela 12.

37
Figura 39
4 – Com os valores de V e de I da tabela 12, calcule o valor da resistência equivalente do
circuito em paralelo utilizando a equação (7).
5 – Calcule também o valor da resistência equivalente do circuito com os valores das
resistências medidos com o ohmímetro no item 1 da parte I. Compare os resultados obtidos
neste item com os resultados obtidos no item 4.
6 – Verifique se a soma das correntes em cada resistor é igual à corrente total produzida no
circuito pela fonte, ou seja, veja se a equação (2) é satisfeita para o circuito montado por você.

38
Prática 7 – Determinação da resistência interna de uma bateria

INTRODUÇÃO
Observe o circuito representado na figura 40 em que uma lâmpada
está conectada a uma pilha. Quando percorrida por uma corrente
elétrica I a lâmpada transforma energia elétrica em luz e calor. A
energia elétrica é fornecida pela pilha, que, em um circuito, é
denominada fonte de força eletromotriz (fonte de fem) ou gerador. A
fonte de fem é o agente que faz a corrente fluir no circuito, permitindo
que haja transformações de energia.
Toda fonte de fem transforma algum tipo de energia não elétrica
(química, nas baterias e pilhas; luz, nos painéis fotovoltaicos;
mecânica, nos geradores hidroelétricos, termoelétricos e eólicos) em Figura 40
energia potencial elétrica e transferem essa energia para o circuito no qual a fonte está ligada
por meio da corrente elétrica.
Uma fonte de fem ideal mantém uma diferença de potencial constante entre seus terminais (a
e b, na figura 40), seja ela percorrida por uma corrente elétrica ou não. Quantitativamente, o
valor da fem de uma fonte ideal é igual ao módulo da diferença de potencial entre seus
terminais conforme a equação (8):

Fonte de fem ideal: Vab = ε (8)

Figura 41
Contudo, na prática, não existem fontes ideais. Toda e qualquer fonte de fem é constituída por
materiais que apresentam resistência elétrica e, portanto, apresentam certa resistência interna
à passagem de corrente. Ora, sempre que uma corrente circula por um elemento com
resistência elétrica há uma queda de potencial entre os terminais desse elemento. Para uma
fonte de fem real essa queda de potencial ocorre no interior da fonte e, portanto, a diferença
de potencial entre os terminais de uma fonte de fem com resistência interna é sempre menor
que ε. Para uma fonte de fem real com resistência interna r:

Fonte de fem real: Vab = ε - rI (9)

Figura 42
A equação (9) permite concluir que o valor da fem de uma fonte real será igual a ε somente
quando não houver corrente circulando pela fonte.

39
OBJETIVO
Determinar a resistência interna de uma bateria

MATERIAL
• 1 pilha de 1,5 V;
• 2 multímetros;
• placa para circuitos;
• 1 resistor de 10 ohms.

PROCEDIMENTOS

1 – Configure um dos multímetros como ohmímetro com um fundo de escala de 200 Ω e meça
o valor do resistor. Anote esse valor.
2 – Configure o multímetro do item anterior como um voltímetro para medir tensões contínuas
com um fundo de escala de 2 V.
3 – Configure o outro multímetro como um amperímetro para medir correntes contínuas com
um fundo de escala de 20 mA.
4 – Monte um circuito como o representado na figura 43, em que o resistor R possui resistência
aproximadamente igual a 10Ω e a fonte de fem ε, com resistência interna r é a pilha. Utilize a
placa para montagem de circuitos. Atente para a forma correta de ligar o voltímetro e o
amperímetro ao circuito. Veja na fotografia mostrada na figura 44 uma forma de montar o
circuito.

Figura 43 Figura 44

O potenciômetro, mostrado em destaque na figura 45, é um resistor variável. No circuito da


figura 43, se o cursor 2 estiver totalmente voltado para o terminal 1, então o valor da
resistência do potenciômetro no circuito é zero. À medida que o cursor 2 é deslocado para a
direita, aumenta a resistência do potenciômetro no circuito. Na prática, isso é obtido girando o
knob do potenciômetro (veja a figura 45). Ao fazê-lo, você faz com que a resistência entre os
terminais 1 e 2 (ou 2 e 3) varie. A resistência entre os terminais 1 e 3 é sempre constante.

40
5 – Gire o knob do potenciômetro de modo que sua resistência no circuito seja máxima. Basta
girar o knob para uma das extremidades e observar o menor valor indicado para a corrente.
6 – Agora vá girando o knob no sentido oposto e, para cada posição do knob, anote os valores
da tensão e da corrente indicadas, respectivamente, pelo voltímetro e pelo amperímetro.
Anote os valores na tabela 13. Tome pelo menos, 10 pares de valores.
Tabela 13

Tensão (V) Corrente (A)

Figura 45

7 – Com os dados da tabela 13 faça um gráfico da tensão (V) em função da corrente (I) (V no
eixo y e I no eixo x). Utilize o programa Excel para isso.
8 – Utilizando o programa Excel, obtenha a equação da curva do gráfico por meio de uma
regressão linear. Com os coeficientes da curva e com a equação (9) determine o valor da
resistência interna da bateria. Lembre-se que para fazer a tomada de dados o resistor R estava
em série com o resistor r, logo a equação 9 seria reescrita como: Vab = ε – (r+R)I .

41
Prática 8 – Circuitos complexos – Leis de Kirchhoff

INTRODUÇÃO
Há casos em que desejamos analisar um circuito elétrico, mas ele não pode ser reduzido a uma
mera associação de resistores em série ou em paralelo, como os circuitos com os quais você
lidou na prática 5. Nessas situações é necessário utilizar as Leis de Kirchhoff na análise.
Contudo, para compreender as Leis de Kirchhoff são necessárias as definições de nós e de
malhas de um circuito:
i) nó: um nó é um ponto do circuito onde se encontram dois ou mais condutores
ii) malha: uma malha é um caminho condutor fechado do circuito
Veja exemplos de nós e malhas no circuito representado na figura 46.

Figura 46
1ª Lei de Kirchhoff ou lei dos nós: a soma algébrica de todas as correntes elétricas que entram
ou saem de um nó é igual à zero, ou seja, a corrente que entra tem que ser igual à corrente que
sai (o nó não consome nem cria carga – conservação da carga elétrica). Se você atribuir sinal
positivo para a corrente que entra no nó, então deve atribuir sinal negativo para a corrente que
sai do nó.
2ª Lei de Kirchhoff ou lei das malhas: a soma algébrica de todas as diferenças de potencial
através de uma malha, incluindo os elementos resistivos e a fem de todas as fontes, é
necessariamente igual à zero, ou seja, o aumento do potencial em um ou mais elementos é
igual à queda de potencial nos demais elementos de uma malha (conservação da energia).
Para aplicar as Leis de Kirchhoff de maneira correta a um circuito é preciso estar atento a
algumas regras e convenções de sinais:
1 – escolha um sentido para as correntes elétricas no circuito (se você atribuir um sentido
incorreto para a corrente, o resultado aparecerá com um sinal negativo, indicando que o
sentido escolhido por você não é o correto, contudo, isto não altera o valor da corrente).
2 – escolha um sentido para percorrer uma malha qualquer (o sentido escolhido para percorrer
a malha não precisa ser o mesmo escolhido para a corrente).
3 – Quando percorrer uma malha, ao atravessar uma fonte de fem do pólo negativo para o pólo
positivo, a fem deve ser considerada positiva (está aumentando o potencial da carga); se a

42
fonte de fem for atravessada do pólo positivo para o pólo negativo, a fem deve ser considerada
negativa (está diminuindo o potencial da carga).
4 – Quando percorrer uma malha, ao atravessar um resistor no mesmo sentido escolhido para a
corrente elétrica, o termo Ri deve ser considerado negativo; Se atravessar um resistor no
sentido oposto ao escolhido para a corrente, o termo Ri deve ser considerado positivo.
Podemos sintetizar, graficamente, as regras acima da seguinte forma:

Figura 47

OBJETIVO
Aplicar as Leis de Kirchhoff na análise de um circuito elétrico

MATERIAL
• 1 Multímetro;
• Cabos;
• 1 fonte de tensão variável;
• 1 placa para montagem de circuitos;
• 2 pilhas de 1,5 V;
• 2 resistores de 100 ohms;
• 1 resistor de 47ohms.

PROCEDIMENTOS
1 – Observe a figura 48, que representa um circuito elétrico. Não é necessário montar o
circuito, ainda. Primeiramente você fará apenas algumas medidas.
2 – Ajuste a tensão da fonte variável para 5 V. Anote esse valor ao lado de ε2 na figura 48.
3 – Configure o multímetro como ohmímetro e meça os valores das resistências dos três
resistores sobre sua bancada. Pelo código de cores esses resistores deveriam ser de 47 e 100Ω,
mas os valores medidos podem ser um pouco diferentes, por isso, anote os valores medidos no
circuito da figura 48. Veja que foram deixados espaços na figura para isso.
4 – Meça o valor da tensão nas pilhas e anote o valor ao lado de ε1.
5 – Utilizando as Leis de Kirchhoff e os valores medidos anteriormente, calcule o valor da
corrente I no circuito e os valores das diferenças de potencial Vab, Vbc, Vcd e Vda.
6 – Qual o sentido da corrente no circuito: horário ou anti-horário? Por quê?
43
Figura 48

7 – Agora monte o circuito representado na figura 48 e faça as medidas da corrente I e das


diferenças de potencial Vab, Vbc, Vcd e Vda. Lembre-se de mudar a configuração do multímetro
para cada medida. Muita atenção quanto à polaridade das fontes de tensão e à posição dos
resistores que você definiu como R1 e R3. A fotografia mostrada na Figura 49 mostra uma
maneira de montar o circuito acima.
8 – Compare os valores calculados teoricamente com os valores medidos. Há divergências?

Figura 49

44
9 – Suponha agora que a polaridade da fonte ε2 no circuito da Figura 49 fosse invertida (ao
inverter os cabos da fonte), como no diagrama abaixo.

Figura 50

10 – Utilizando as leis de Kirchhoff, refaça os cálculos teóricos da corrente e das diferenças de


potencial Vab, Vbc, Vcd e Vda nessa nova configuração do circuito.
11 – Inverta a conexão dos cabos da fonte do circuito e refaça as medidas da corrente I e das
diferenças de potencial Vab, Vbc, Vcd e Vda.
12 – Novamente, compare os valores calculados teoricamente com os valores medidos. Há
divergências?

QUESTÕES
Ao conectar mais de uma fonte em série em um circuito, podemos fazê-lo de dois modos:
conectando os polos iguais ou conectando os polos diferentes.
a) Uma dessas situações é utilizada para “carregar uma bateria”. Qual delas?
b) Ao observar o circuito montado da segunda maneira (veja a figura 50), como determinamos
qual bateria está sendo “carregada”?
c) Qual o principal objetivo de se conectar mais de uma fonte em série pelos polos diferentes?

45
Prática 9 – Circuito RC – Resistência interna de um voltímetro

INTRODUÇÃO
Em sua vasta maioria, as teorias e conceitos estudados em sala são trabalhados como situações
ideais e, em função disso, sofrem consideráveis simplificações. Esse procedimento, inerente ao
estudo das ciências, ainda que seja crucial para compreender o mundo fenomenológico, precisa
ser revisto quando nos aproximamos das situações reais. Um exemplo são os aparelhos de
medida que supomos ser ideais ao tratarmos da resolução de alguns problemas e medidas
realizadas até aqui. Porém, sabemos que estes aparelhos não são ideais. Por exemplo, no
circuito I da prática 5, você deve ter encontrado uma pequena diferença entre a tensão da
fonte e a soma das quedas de potencial nos três resistores em série. Parte dessa diferença se
deve ao fato de desconsiderarmos a resistência interna do amperímetro, que embora pequena,
não é igual a zero e, portanto, o amperímetro provoca uma pequena queda de potencial no
circuito. O mesmo ocorre para um voltímetro, que assumimos possuir uma resistência infinita,
mas, na verdade, apresenta uma resistência finita, ainda que muito alta. Precisamos, então,
considerar as propriedades do aparelho com o qual lidamos para saber como essas interferem
nas medidas que estamos realizando. Nessa prática vamos tratar da resistência interna de um
voltímetro digital.
Os voltímetros digitais são aparelhos altamente eficazes para a medida de tensões elétricas por
possuírem uma resistência interna muito alta, de modo que pouquíssima corrente elétrica
passa por eles. Na verdade o termo resistência de um voltímetro digital não é muito
apropriado. O termo correto seria impedância de entrada de um voltímetro digital, devido às
características do circuito eletrônico que funciona como medidor de voltagem nesse aparelho.
Contudo, a impedância tem a ver também com a oposição à passagem de corrente elétrica e
sua unidade é o ohm (Ω), a mesma unidade de resistência. Portanto, em vez de ligarmos um
ohmímetro diretamente ao voltímetro (o que poderia causar dano ao ohmímetro) vamos
utilizar um circuito RC para determinarmos a impedância do voltímetro.
Um circuito RC é composto por um resistor e um capacitor. O resistor é um elemento que você
já conhece bastante, portanto, vamos discorrer um pouco sobre o capacitor.
Um capacitor é um dispositivo constituído por duas placas metálicas e um dielétrico (um
material isolante) entre elas, que permite o armazenamento de carga nas placas. O capacitor
isolado, obviamente, não possui carga líquida, porém, quando ligado a uma fonte de tensão,
suas placas, isoladamente, ficam carregadas de acordo com os polos da bateria. Veja a
sequência de a a d da figura 51.

Figura 51 – Processo de carga de um capacitor.

46
Em (a) a chave está desligada e o capacitor totalmente descarregado. Porém, quando a chave é
fechada (b), elétrons são retirados da placa ligada ao polo positivo da bateria e levados para a
placa ligada ao polo negativo da bateria. Esta corrente elétrica existirá até que a tensão entre
as placas do capacitor seja igual à tensão nos polos da pilha. Quando isso ocorrer, cessa a
corrente (c). Se nesse momento os fios da bateria forem retirados do circuito, o capacitor
permanecerá carregado com certa quantidade de cargas dada pela equação (11):
Q = CV (11)
onde Q é a quantidade de cargas no capacitor, C é a capacitância do capacitor, medida em
Farads (F) e V é a tensão entre as placas (posto de modo simples, a capacitância de um
capacitor é uma medida da quantidade de cargas que ele pode armazenar e depende da
geometria do capacitor e do dielétrico entre as placas).
Estando o capacitor carregado há uma tensão elétrica entre suas placas e, portanto, ele pode
produzir uma corrente elétrica um elemento de um circuito. Considere o circuito da figura 52
que contém um motor e um capacitor carregado.

Figura 52 – Processo de descarga de um capacitor.


A chave estando aberta (a) não há corrente no circuito. Quando a chave é fechada (b) as cargas
presentes nas placas do capacitor irão constituir uma corrente, que existirá enquanto houver
diferença de cargas entre as placas. Esta corrente é muito intensa no início, mas vai diminuindo
com o passar do tempo, pois a tensão elétrica entre as placas diminui (c). Quando o equilíbrio
for atingido, isto é, quando não houver mais placas com excesso de cargas, a corrente cessa (d).
Os processos de carga e descarga de um capacitor podem ocorrer de modo muito abrupto, se o
capacitor for ligado diretamente a uma fonte (figura 51) e a um motor de baixa resistência
(figura 52), ou podem ser mais lentos se o capacitor for ligado a estes elementos por meio de
um resistor.
Considere um circuito RC formado por um capacitor C, um resistor R, uma chave S e uma
bateria ε, como o representado na figura 53a.

Figura 53 – Processos de carga e descarga de um capacitor em um circuito RC.

47
Se a chave S for ligada em a (veja a figura 53b) então o capacitor será carregado e o voltímetro
V mostrará um aumento gradativo da tensão entre as placas do capacitor à medida que o
tempo passa. A variação da tensão é semelhante ao gráfico mostrado na figura 54. Quando o
capacitor estiver totalmente carregado a corrente cessará e não haverá mais acúmulo de cargas
nas placas do capacitor. A tensão entre as placas terá atingido o valor ε. Nesse momento, se a
chave S for mudada para a posição b (veja a figura 53c) então o capacitor irá se descarregar
sobre o resistor. Agora o voltímetro indica uma queda no valor da tensão nas placas do
capacitor com o passar do tempo, de acordo com o gráfico da figura 55.

Figura 54 Figura 55

Para o caso mostrado no gráfico da figura 55, em que um capacitor está sendo descarregado
sobre um resistor, a tensão nas placas do capacitor varia com o tempo da seguinte forma:
t

τC (12)
V = V0 e

Na expressão (12) V é a tensão nas placas do capacitor, que varia à medida que o tempo passa;
V0 é a tensão inicial nas placas do capacitor; t é o tempo e τC é a constante de tempo capacitiva
do circuito RC e é igual ao produto do valor da resistência R pela capacitância C:
τC = RC (13)

OBJETIVO
Determinar o valor da resistência interna de um voltímetro

MATERIAL
• 1 multímetro digital;
• 1 capacitor de 470 mF;
• 1 capacitor de 1000 mF;
• Cabos;
• fonte de tensão fixa.
48
PROCEDIMENTOS
1 – Configure o multímetro como voltímetro para medir tensões contínuas com um fundo de
escala de 20 V
2 – Conecte o plugue da fonte de tensão ao plugue que se encontra na placa para montagem
de circuitos. Esta fonte que você está a utilizar possui um valor fixo para a tensão de saída, que
deve ficar em torno dos 6V DC.
3 – Conecte os terminais do voltímetro às molinhas conectadas ao plugue da fonte. Determine,
pelo sinal que aparece no display do voltímetro, qual é a molinha positiva e qual é a molinha
negativa.
4 – Conecte os terminais do voltímetro às molinhas, mas preste atenção: o capacitor com o
qual você está trabalhando possui polaridade. Note que na lateral de um dos lados do capacitor
aparecem vários símbolos “-”, de negativo. O terminal mais próximo desta lateral deve ser
conectado à molinha negativa e o outro terminal à molinha positiva. Veja as fotografias na
Figura 56.

Figura 56
5 – Espere cerca de 2 minutos para que o capacitor esteja totalmente carregado. Após os dois
minutos, leia o valor da tensão indicada pelo voltímetro. Este é o valor da tensão V0 da eq. (12).
6 – Depois de ter anotado o valor de V0, retire o plugue da fonte do plugue da placa de circuito
e dispare o cronômetro imediatamente. O capacitor começará a se descarregar sobre o
voltímetro. Você pode verificar isso observando a diminuição da tensão mostrada no
voltímetro.
7 – Anote os valores da tensão no capacitor à medida que o tempo passa. Para isso, se oriente
pelos valores de tempo indicados na tabela 14. Para cada tempo marcado na tabela (que você
está medindo com o cronômetro) anote o valor da tensão indicada pelo voltímetro. Isso é um
tanto difícil de fazer pela primeira vez. Sugerimos que você pratique algumas vezes antes de
efetuar as medidas que serão inseridas na tabela.
8 – Com os dados da tabela acima, faça um gráfico, para cada um dos capacitores, usando o
programa Excel. Coloque os valores de tempo (t) no eixo x e os valores da tensão (V) no eixo y.

49
Tabela 14 – Tensão observada no capacitor
Tempo (s) Tensão (V) Tensão (V)
Capacitor 470 μF Capacitor 1000 μF
0
10
20
30
40
50
60
90
120
150
180
210
240

9 – Utilizando o programa Excel, obtenha a equação da curva do gráfico. Lembre-se agora que a
equação cujo modelo teórico você está utilizando não é linear, mas exponencial - equação (12).
Portanto, faça um ajuste exponencial no Excel. Com os coeficientes da curva, com o valor da
capacitância do capacitor e com a equação (13), determine o valor da resistência interna do
voltímetro.
10 – O resultado encontrado por você era esperado?

50
Prática 10 – Fenômenos magnéticos

INTRODUÇÃO
Ímãs são capazes de gerar, no espaço ao seu redor, um campo magnético. A interação entre
imãs e destes com matérias ferro magnéticos pode ser determinada pelas linhas de indução
destes ímãs.

OBJETIVOS
Analisar o comportamento de ímãs e o campo magnético gerado por eles; estudar várias
situações nas quais condutores retilíneos e/ou espiras interagem com ímãs permanentes.

PROCEDIMENTOS
I – Ímãs e polos magnéticos

MATERIAL

• 2 ímãs cilíndricos;
• 1 bússola.

1 – Tome os dois ímãs cilíndricos e aproxime as extremidades com cores iguais (polos iguais).
Observe e descreva o observado. Faça uma ilustração representando a força que age em cada
ímã.
2 – Vire um dos ímãs e aproxime agora as extremidades com cores diferentes (polos opostos).
Observe e descreva o observado. Faça uma ilustração representando a força que age em cada
ímã.
3 – Aproxime da bússola um ímã com o polo pintado de azul. Observe qual dos lados da bússola
é atraído pelo ímã.
4 – Repita o procedimento com o outro polo do ímã.
5 – A partir do norte geográfico da Terra determine os polos norte e sul magnético da bússola.
Com essa conclusão identifique os polos do ímã.

II – Amortecedor magnético

MATERIAL: Figura 57
• 1 suporte para amortecedor magnético;
• 5 ímãs em anel com polos identificado.

51
1 – Encaixe no suporte um ímã em anel com face de cor vermelha voltada para cima.
2 – A seguir, coloque outro ímã com a face vermelha voltada para baixo. Observe e descreva o
observado.
3 – Encaixe os demais ímãs, seguindo o mesmo procedimento. Descreva o que você observa.

III – Campo magnético

Material Figura 58

• 4 ímãs em barra;
• limalha de ferro;
• placa acrílica.
• Folha de papel branco

Atenção: ao realizar os experimentos a seguir, use sempre a placa de acrílico sobre os ímãs,
para evitar que a limalha de ferro caia diretamente sobre os mesmos.

1 – Coloque a folha de papel sobre a placa de acrílico e em seguida posicione dois ímãs em
forma de barra abaixo da placa, conforme a figura 58. Espalhe um pouco de limalha de ferro
sobre a folha de papel.
2 – Observe a disposição assumida pela limalha e faça uma ilustração da situação observada.
3 – Agora repita o item 1, porém com quatro ímãs em forma de barra de tal modo a formar dois
polos opostos e ligeiramente afastados (cerca de 3 cm), conforme indicado na figura 59.
4 – Observe a disposição assumida pela limalha e faça uma ilustração da situação observada.

Figura 59

QUESTÕES
1. O que se pode concluir dos experimentos realizados na PARTE I?
2. O que você pode afirmar sobre os pólos magnéticos da Terra em relação aos pólos
geográficos?

52
3. O que são as linhas de campo magnético? Como essas linhas podem indicar a direção,
sentido e intensidade do campo magnético em um determinado ponto?
4. Qual o sentido das linhas de indução na região externa dos ímãs?

53
Prática 11 – Fenômenos eletromagnéticos

INTRODUÇÃO
Ímãs são capazes de gerar, no espaço ao seu redor, um campo magnético. Observa-se ainda
que uma corrente elétrica percorrendo um condutor também gera um campo magnético. Este
fato foi observado pela primeira vez pelo físico dinamarquês Hans Christhian Oersted. Mais
tarde, o físico inglês Michael Faraday observou que, da mesma forma que uma corrente é capaz
de gerar um campo magnético, um campo magnético variável também produz corrente
elétrica.
Por outro lado, quando uma partícula carregada se move imersa em um campo magnético,
sofre a ação de uma força magnética. Por analogia, podemos então concluir que uma corrente
de partículas carregadas deve também experimentar uma força quando estiver na presença de
um campo magnético. Se as partículas estiverem confinadas ao interior do fio enquanto
experimentam essa força, então o próprio fio, como um todo, sofrerá a ação de uma força.
O sentido da força é determinado pela “regra do tapa”, sempre aplicada com a mão direita. O
polegar deve ser posicionado na direção e sentido da velocidade v da carga (ou no sentido da
corrente I, no caso de um fio). Os demais dedos devem ser dispostos na direção e sentido do
campo magnético. A força magnética que atuará sobre a carga ou fio será dada pela palma da
mão.
Obs.: Nesta regra, estamos considerando o movimento de cargas positivas (ou uma corrente
convencional no fio). Se carga for negativa, o sentido da força será oposto ao indicado.

Figura 60
A regra do tapa mostra a direção da força magnética exercida sobre uma carga em movimento
ou condutor imerso em um campo magnético.

OBJETIVO
Estudar várias situações nas quais condutores retilíneos e/ou espiras interagem com ímãs
permanentes.

54
PROCEDIMENTOS

I – Experiência de Oersted

MATERIAL
• Montagem Oersted com três bornes;
• Cabos de Conexão;
• Montagem para conexão de pilhas;
• Bússola ou agulha magnética;
Figura 61

1 – Monte o equipamento conforme a fotografia da figura 61.


2 – Ligue a chave na posição 2 pilhas. Anote o observado e explique, de acordo com a
polaridade das pilhas, o sentido de circulação da corrente e o campo magnético B dentro da
espira (use a regra da mão direita).
3 – Mude a posição do cabo de ligação de maneira que a corrente inverta o seu sentido e repita
o item anterior.

II – Campo magnético no interior de uma bobina

MATERIAL
• Cabos de ligação;
• circuito fonte com dois soquetes para pilha;
• bobina com 22 espiras;
• solenóide com 3 bobinas de 22 espiras;
• limalha de ferro.
• Folha de papel branco
Figura 62
1 – Monte o equipamento conforme a figura 62 colocando a placa sobre a folha de papel.
2 – Espalhe a limalha de ferro sobre a placa, em torno da bobina e observe a sua distribuição.
Faça um desenho e explique a configuração das linhas usando a regra da mão direita.
3 – Repita o item anterior para o solenóide.
4 – Nos dois casos tente prever a direção do campo magnético B dentro da bobina. Use uma
bússola para confirmar sua previsão.

55
III – Força magnética

MATERIAL
• Base de acrílico para força magnética;
• duas hastes com apoios;
• balanço;
• bobina para motor de corrente continua;
• ímã em forma de “U”;
• circuito fonte com dois soquetes para pilha.

1 – Monte o equipamento conforme a figura 63.

Figura 63 - Balanço Figura 64 - motor

2 – Usando o ímã com o polo sul apoiado na placa ligue o circuito e observe o movimento do
balanço. Use a regra da mão direita para explicar o observado.
3 – Repita o item anterior mudando a orientação do ímã e o sentido de circulação da corrente.
4 – Monte o circuito do motor de corrente contínua conforme mostra a figura 64.
5 – Ligue o circuito e explique o movimento observado. Observe que parte do fio de apoio é
lixada.

IV – Lei de Lenz

MATERIAL

• bobina conjugada 200-400-600 espiras;


• ímã cilíndrico emborrachado;
• amperímetro de zero central;
• cabos de ligação. Figura 65

56
1 – Monte o equipamento conforme a figura 65.
2 – Coloque o ímã a 1 metro da bobina. Observe se há corrente no amperímetro.
3 – Deixe o ímã em repouso dentro da bobina. Observe se há corrente no amperímetro.
4 – Movimente o ímã para dentro e para fora da bobina e observe a leitura no amperímetro.
Explique o que foi observado nas situações possíveis (ímã entrando e saindo) usando a lei de
Faraday-Lenz..

QUESTÕES
1. Na parte III, porque parte do fio de apoio é lixada?
2. Na parte IV, o que acontecerá com a leitura do amperímetro se o número de espiras for
aumentado para 200 e 400?

57
ANEXO A– Uso de recursos computacionais
Sempre que fazemos um experimento científico obtemos um resultado numérico que
representamos em uma tabela, sendo este resultado “função” da variação de um parâmetro. O
parâmetro que variamos é chamado variável independente e aquele que medimos, variável
dependente.
Se os resultados obtidos com as medidas forem representados em um gráfico, a visualização do
experimento será muito mais clara e poderemos obter informações importantes do mesmo.
Observe o exemplo a seguir.
Para averiguar a dependência do tempo de escoamento em relação ao tamanho do orifício, foi
escoada através de orifícios circulares de diferentes diâmetros, relativamente pequenos, a água
contida em quatro grandes recipientes cilíndricos de igual tamanho. Para verificar-se a
dependência do tempo de escoamento em relação à quantidade de água, verteu-se este líquido
para os mesmos recipientes de três alturas diferentes. Observe a tabela 15.
Tabela 15 – Exemplo do tempo de escoamento em relação ao tamanho do orifício
Tempo de Escoamento
Diâmetro do orifício
h=30cm h=10cm h=4cm
d (cm)
t (s) t (s) t (s)
1,5 73,0 43,5 26,7
2 41,2 23,7 15,0
3 18,4 10,5 6,9
5 6,8 3,9 2,2

As colunas de tempo de escoamento são para as seguintes alturas de líquido: 30cm, 10cm e
4cm. Observe na Figura 66 que, em um gráfico, é muito mais fácil visualizar o comportamento
do fenômeno observado.

80

70

60

50 h = 30 cm
40 h = 10 cm
30 h = 4 cm

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6

Figura 66 - Gráfico do tempo de escoamento em relação ao tamanho do orifício.

58
O gráfico da Figura 66 foi construído utilizando o programa Excel, que é prático para fazer
traçados simples de gráficos. Outro programa que pode ser utilizado é o SciDavis, disponível
nos computadores dos laboratórios de Física. Também disponível para download gratuito no
site http://scidavis.sourceforge.net

1. USANDO O PROGRAMA ORIGIN (EXEMPLO)


No exemplo abaixo iremos utilizar o programa Origin, que além de desenhar os gráficos, nos
permite obter informações do mesmo através da determinação da função matemática que
descreve o experimento.
1. Abra o ORIGIN;
2. Na janela DATA1 acrescente uma coluna e preencha com os dados:
Tabela 16 – Exemplo de tempo gasto (coluna A) para percorrer uma determinada distância
(coluna B) e a suposta distância ideal (coluna C)
A [t (s)] 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75
B [d (m)] 1,40 2,10 2,65 2,86 3,45 4,06 4,40
C [d id (m)] 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50

A coluna A representa o tempo gasto para percorrer a distância representada na coluna B.


3. Faça o gráfico “distância x tempo” com os dados DATA1 da seguinte forma:
a) escolha plot e depois scatter
b) transfira tempo para x e altitude para y
c) mude os nomes (dos eixos), x para t(s) e y para h(m).
4. Explore as opções dos eixos e símbolos.
5. Imprima o gráfico. Um bom gráfico deve apresentar um layout claro e informativo, além de
conter as seguintes informações (necessárias para sua interpretação):
Título: com nome da experiência e dos alunos
Legenda: com o nome do gráfico e os parâmetros de ajuste
Eixos: com unidades e algarismos significativos adequados
6. Faça um novo gráfico utilizando a coluna C ao invés da B. Esta coluna representa a distância
ideal. Você nota alguma diferença entre os gráficos?
7. Refaça o gráfico da introdução, apresentando-o de maneira correta, conforme descrito no
item 5.

59
2. USANDO O PROGRAMA Excel (EXEMPLO)
Considere um corpo que desce por um plano inclinado com aceleração constante. A variação da
velocidade desse corpo em função do tempo pode ser determinada pela equação v = v0 + at,
onde v é a velocidade, v0 é a velocidade incial, a é a aceleração e t é o tempo. Suponha que a
velocidade desse corpo tenha sido medida ao longo de 35 segundos do movimento. Os
resultados obtidos com as medições se encontram na tabela abaixo.
Tabela 17 – valores da velocidade em função do tempo para um corpo em um plano inclinado.
Tempo (s) 5 10 15 20 25 30 35
Velocidade 10,55 18,9 27,8 35,6 44,5 52,7 61,5
(m/s)

Para construir o gráfico que representa esse movimento siga o seguinte procedimento:
1 - Abra o programa Excel e digite a tabela. Tenha o cuidado de digitar os valores da variável
independente (X) na primeira coluna. Para o nosso exemplo, a variável independente é o
tempo.
2 – Selecione as duas colunas com o mouse.

Figura 67
3 – Clique na aba Inserir e escolha, no menu Gráficos, a opção Dispersão. No sub-menu que
será aberto, escolha a primeira opção, que permite inserir um gráfico de dispersão sem
conectar os pontos.

60
Figura 68

4 – O gráfico será criado.

Figura 69

61
5 – Você pode editar o título e inserir caixas de texto com as grandezas representadas no eixo.
Está pronto o gráfico.
Se você desejar obter a equação da curva do gráfico, realizando uma regressão linear ou outro
tipo de regressão, proceda da seguinte maneira:
1 – Coloque o cursor do mouse bem em cima de um dos pontos do gráfico e clique com o botão
direito do mouse sobre o ponto. Um menu será aberto. Escolha a opção Adicionar Linha de
Tendência.

Figura 70
2 – Uma caixa de diálogo será aberta (figura 71). Nesta caixa você terá que escolher o tipo de
Tendência/Regressão que se aplica ao seu experimento. Se a equação que descreve o
fenômeno observado por você for linear (como a equação do nosso exemplo: v = v0 + at) então
escolha a opção Linear. Caso não seja linear, escolha um das outras opções. Lembre-se de
marcar a caixa Exibir Equação no gráfico, para que a equação da curva seja mostrada no
gráfico. Clique no botão Fechar.
Uma linha de tendência será adicionada aos pontos do seu gráfico e uma equação aparecerá na
área do gráfico também (veja a figura 72 na próxima página).
Agora você precisará extrair o significado físico dos coeficientes mostrados na equação.
1 – Primeiro escreva a equação do gráfico: y = 1,6939x + 2,0571 (veja a figura 72 na próxima
página).
2 – Escreva a equação que descreve o fenômeno observado por você: v = v0 + at (para o nosso
exemplo).
3 – Compare membro a membro as duas equações: y equivale a v, pois os valores de v foram
plotados no eixo y. O termo 1,6939x equivale ao termo at, pois a variável tempo foi plotada no
eixo x. Dessa comparação você pode extrair a aceleração do corpo, que é igual a 1,6939: a =
1,6939 m/s2. Por fim, o termo que não é acompanhado por uma variável, 2,0571, equivale à
velocidade inicial v0.

62
Figura 71

Figura 72

63
Resumindo graficamente:

Figura 73

VEJA QUE A ANÁLISE GRÁFICA NOS PERMITIU DETERMINAR O VALOR DA ACELERAÇÃO E DA


VELOCIDADE INICIAL DO MOVIMENTO DO CORPO.

64
ANEXO B– SISTEMAS DE MEDIDAS, CONVERSÃO DE UNIDADES E ALGARISMOS
SIGNIFICATIVOS

GRANDEZAS FÍSICAS
INTRODUÇÃO
Por que estudar Física? Por duas razões. Primeiro, porque a Física é uma das Ciências mais
fundamentais. Os cientistas de todas as disciplinas usam ideias da Física, desde os químicos que
estudam a estrutura das moléculas até os paleontólogos que tentam reconstruir como os
dinossauros caminhavam. A Física é também a base de toda Engenharia e tecnologia. Nenhum
engenheiro pode projetar qualquer tipo de dispositivo prático sem que primeiro entenda os
princípios básicos nele envolvidos. Para projetar uma nave espacial ou uma ratoeira mais
eficiente, você deve entender as leis básicas da Física.

A NATUREZA DA CIÊNCIA
A Ciência tenta encontrar padrões e princípios que relacionam fenômenos naturais
exaustivamente observados. Esses padrões denominam-se teorias científicas ou, quando bem
estabelecidas e de largo uso, leis e princípios. O desenvolvimento de uma teoria científica
requer criatividade em todos os estágios. O cientista deve aprender a fazer perguntas
pertinentes, projetar experimentos para tentar responder a essas perguntas e tirar conclusões
apropriadas dos resultados.
De acordo com a lenda, Galileu (Galileo Galilei / 1564-1642), por exemplo, deixava cair objetos
leves e pesados do topo da Torre Inclinada de Pisa para verificar se a taxa de queda livre era
constante ou não. Afirmava que somente a investigação experimental poderia responder a essa
pergunta. Esta ideia (experimentação) foi mais tarde ampliada para uso geral na Ciência.
O desenvolvimento de uma teoria científica é sempre um processo com duas etapas que
começa e termina com experimentos ou observações. Esse desenvolvimento normalmente
segue caminhos indiretos, com becos sem saída, suposições erradas e o abandono de teorias
mal sucedidas em favor de teorias mais promissoras. A ciência não é simplesmente uma
coleção de fatos e de princípios; é também o processo pelo qual chegamos a princípios gerais
que descrevem como o universo físico se comporta.
Nunca se encara uma teoria como uma verdade final e acabada. Existe sempre a possibilidade
de novas observações exigirem a revisão ou o abandono de uma teoria. Faz parte da natureza
da teoria científica podermos desaprovar uma teoria ao encontrarmos um comportamento que
não seja coerente com ela, porém nunca podemos provar que uma teoria seja sempre correta.
A essência da relação entre a teoria e a experiência é evidenciada aprendendo-se como aplicar
os princípios físicos a uma variedade de problemas práticos. Em diversos pontos de nossos
estudos discutiremos uma estratégia sistemática para a solução de problemas que auxiliará
você a resolver problemas de modo eficiente e preciso. Aprender a resolver problemas é
fundamental; você não sabe Física enquanto não for capaz de fazer Física. Isso significa não só
aprender os princípios gerais, mas também aprender como usá-los em situações específicas.

65
PADRÕES E UNIDADES
A Física é uma ciência experimental. Os experimentos exigem medidas, e normalmente usamos
números para descrever os resultados das medidas. Qualquer número usado para descrever
quantitativamente um fenômeno físico é uma grandeza física. Por exemplo, duas grandezas
físicas para descrever você são seu peso e sua altura. Algumas grandezas físicas são tão
fundamentais que podemos defini-las somente descrevendo como elas são medidas. Tal
definição denomina-se definição operacional. Alguns exemplos: medir uma distância usando
uma régua e medir um intervalo de tempo usando um cronômetro.
Em outros casos, definimos uma grandeza física descrevendo como calculá-la a partir de outras
grandezas que podemos medir. Portanto, poderíamos definir a velocidade média de um objeto
em movimento como a distância percorrida (medida com uma régua) dividida pelo intervalo de
tempo do percurso (medido com um cronômetro).
Quando medimos uma grandeza, sempre a comparamos com um padrão de referência. Quando
dizemos que um Porsche 944 possui comprimento de 4,29 metros, queremos dizer que ele
possui comprimento 4,29 vezes maior do que uma barra de um metro, a qual por definição
possui comprimento igual a um metro. Tal padrão define uma unidade da grandeza.
O metro é uma unidade de distância, e o segundo é uma unidade de tempo. Quando usamos
um número para descrever uma grandeza física, precisamos sempre especificar a unidade que
estamos usando; descrever uma distância simplesmente como "4,29" não significa nada.
Para fazer medidas confiáveis e precisas, precisamos de medidas que não variem e que possam
ser reproduzidas por observadores em diversos locais. O sistema de unidades usado pelos
cientistas e engenheiros em todas as partes do mundo denomina-se normalmente "sistema
métrico", porém, desde 1960, ele é conhecido oficialmente como Sistema Internacional, ou SI
(das iniciais do nome francês Système International).

PREFIXOS DAS UNIDADES


Uma vez definidas as unidades fundamentais, é fácil introduzir unidades maiores e menores
para as mesmas grandezas físicas. No sistema métrico, elas são relacionadas com as unidades
fundamentais (ou, no caso da massa, com o grama) através de múltiplos de 10 ou de 1/10. Logo,
um quilômetro (1 km) é igual a 1000 metros e um centímetro é igual a 1/100 do metro.
Normalmente escrevemos múltiplos de 10 ou de 1/10 usando notação exponencial: 1000 = 103,
1/1000 = 10-3. Usando esta notação, 1 km = 103 m e 1 cm = 10-2 m.
Os nomes das demais unidades são obtidos adicionando-se um prefixo ao nome da unidade
fundamental. Por exemplo, o prefixo "quilo", abreviado por k, significa sempre um múltiplo de
1000; portanto:
1 quilômetro = 1 km = 1000 metros = 103 m,
1 quilograma = 1 kg = 1000 gramas = 103 g,
1 quilowatt = 1 k W = 1000 watts =10 3 W.
Apresentamos aqui diversos exemplos do uso dos prefixos que designam múltiplos de 10 para
unidades de comprimento, massa e tempo.

66
COMPRIMENTO
1 nanômetro = 1 nm = 10-9 m (algumas vezes maior do que o maior átomo)
1 micrômetro = 1 μm = 10-6 m (tamanho de uma bactéria e de células vivas)
1 milímetro = 1 mm = 10-3 m (diâmetro do ponto feito por uma caneta)
1 centímetro = 1 cm = 10-2 m (diâmetro de seu dedo mínimo)
1 quilômetro = 1 km =10 3 m (percurso em uma caminhada de 10 minutos)
MASSA
1 micrograma = 1 μg =10 -6 g = 10-9 kg (massa de urna partícula muito pequena de
poeira)
1 miligrama = 1 mg = 10-3 g = 10-6 kg (massa de um grão de sal)
1 grama = 1 g = 10-3 kg (massa de um clipe de papel)
TEMPO
1 nanossegundo = 1 ns = 10-9 s (tempo para a luz percorrer 0.3 m)
1 microssegundo = 1 μs =10 -6 s (tempo para um satélite percorrer 8 mm)
1 milissegundo = 1 ms = 10-3 s (tempo para o som percorrer 0.35 m)

COERÊNCIA E CONVERSÃO DE UNIDADES


Usamos equações para relacionar grandezas físicas representadas por símbolos algébricos. A cada
símbolo algébrico sempre associamos um número e uma unidade. Por exemplo, d pode
representar uma distância de 10 m, t um tempo de 5 s e v uma velocidade de 2 m/s.
Uma equação deve sempre possuir coerência dimensional. Você não pode somar automóvel
com maçã; dois termos só podem ser somados caso eles possuam a mesma unidade. Por
exemplo, se um corpo se move com velocidade constante v e se desloca uma distância d em um
tempo t, essas grandezas podem ser relacionadas pela equação
d = vt (14)
Caso d seja medido em metros, então o produto vt também deve ser expresso em metros.
Usando os valores anteriores como exemplo, podemos escrever
 m
10 m =  2 (5s )
 s
Como a unidade m/s do membro direito da equação é cancelada com a unidade s, o produto vt
possui unidade de metro, como esperado. Nos cálculos, as unidades são tratadas do mesmo
modo que os símbolos algébricos na divisão e na multiplicação.

ATENÇÃO: antes de resolver um problema ou iniciar qualquer operação com números, verifique
se as unidades (se for o caso) são todas coerentes entre si. Por exemplo, se estão todas no SI ou
se são compatíveis. Por exemplo, não é possível somar diretamente 15,3 m com 12 cm!!!

67
CONVERSÃO DE UNIDADES
O sistema métrico é o sistema decimal de pesos e medidas. No sistema métrico, o metro é a
unidade principal de comprimento, o litro de volume e o grama de massa. Múltiplos e sub-
múltiplos decimais destas unidades principais, seus valores relativos e seus prefixos
correspondentes são demonstrados na Tabela 18.
Tabela 18 - Múltiplos e submúltiplos decimais de unidades principais

Neste sistema com base decimal, o valor de um número pode ser alterado por um fator de 10,
mediante o deslocamento de uma posição da vírgula. Para alterar uma unidade métrica para a
próxima denominação menor, a vírgula é deslocada uma casa à direita. Para alterar uma
unidade métrica para a próxima denominação maior, a vírgula é deslocada uma casa à
esquerda, conforme demonstrado na Figura 74.
As unidades métricas de peso e volume e seus equivalentes mais comuns utilizadas em
laboratórios são as seguintes:
1 miligrama (mg) = 1000 microgramas (µg ou mcg)
1 grama (g) = 1000 miligramas = 1.000.000 microgramas
1 quilograma (kg) = 1000 gramas
1 litro (L) = 1000 mililitros (mL)
1 decilitro (dL) = 100 mililitros
Adicionalmente o centímetro cúbico (cm3 ou cc) costuma encontrar aplicações específicas. O

68
mililitro é tão próximo do volume de um centímetro cúbico que, para fins práticos, são
considerados unidades equivalentes.

Figura 74

Embora o sistema métrico seja fácil de usar, erros experimentais ocorrem devido à má
colocação da vírgula decimal, às conversões de unidade incorretas ou à má interpretação das
unidades. Para evitar erros, deve-se estar alerta e verificar a colocação da vírgula. A má
colocação da mesma leva a um erro mínimo de um décimo ou a 10 vezes a quantidade
desejada! A escolha das dimensões para expressar uma quantidade está geralmente baseada
naquela que resulta em um valor numérico de 1 a 1000. Por exemplo: 500 g é usado no lugar de
0,5 kg; 1,96 kg no lugar de 1960 g; 750 mL no lugar de 0,75 L; 75 cm no lugar de 0,75 m, e 1 g ou
1000 mg no lugar de 1.000.000 µg.
Para adicionar ou subtrair quantidades no sistema métrico, as mesmas devem ser reduzidas a
uma denominação comum (a mesma unidade) antes de se realizar o cálculo aritmético.

INCERTEZA E ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS


As medidas sempre envolvem incertezas. Se medir a espessura da capa de um livro de capa
grossa com uma régua comum, sua medida será confiável até o milímetro mais próximo.
Suponha que você meça 3 mm. Seria errado expressar este resultado como 3,00 mm; por causa
das limitações do dispositivo de medida, você não pode afirmar se a espessura real é 3,00 mm,
2,85 mm ou 3,11 mm. Contudo, se você usasse um dispositivo de maior precisão, o resultado
poderia ser expresso como 2,91 mm. A distinção entre essas duas medidas corresponde a suas
respectivas incertezas. A segunda medida possui uma incerteza menor; ela é mais precisa. A
incerteza corresponde ao erro da medida, visto que ela indica a maior diferença esperada entre
o valor real e o valor medido. A incerteza ou erro no valor da grandeza depende da técnica
usada na medida.

69
Em muitos casos, a incerteza de um número não é indicada indiretamente pelo número de
dígitos confiáveis, ou algarismos significativos, do valor da medida. Dizemos que a medida da
espessura da capa de certo livro que forneceu o valor 2,91 mm, possui três algarismos
significativos. Com isto queremos dizer que os dois primeiros algarismos são corretos,
enquanto o terceiro dígito é incerto, duvidoso ou avaliado. O último dígito está na casa dos
centésimos, de modo que a incerteza é aproximadamente igual a 0,01 mm. Dois valores com o
mesmo número de algarismos significativos podem possuir incertezas diferentes; uma distância
de 137 km também possui três algarismos significativos, porém a incerteza é aproximadamente
igual a 1 km.
Quando você usa números com incertezas para calcular outros números, os resultados obtidos
também são incertos. É especialmente importante entender isto quando você compara um
resultado experimental com um valor previsto pela teoria. O valor obtido experimentalmente
deve levar em conta as regras de operações com algarismos significativos, definidas mais
adiante. Esta é a maneira científica de se fazer operações e indicar seus resultados.
Escrever uma medida em notação cientifica ou mudá-la de unidade não pode alterar sua
incerteza. Se você executou uma medida de massa e obteve 0,0250 gramas, este valor possui 3
algarismos significativos. No sistema internacional este valor deve ser expresso em quilogramas
que seria 0,0000250 kg ou em notação cientifica 2,50 x 10-3 kg. Não é correto escrever
0,000025 ou 2,5 x 10-3, pois, nestes casos, existem apenas dois algarismos significativos.

Adição e subtração com algarismos significativos


Quando você adiciona ou subtrai números, o que importa é a localização da vírgula indicadora
da casa decimal e não o número de algarismos significativos. O resultado deve indicar sempre o
menor número de casas decimais entre as parcelas envolvidas. Por exemplo, 123,62 + 8,9 =
132,5 e não 132,52.
Observe que, quando você reduz a resposta ao número apropriado de algarismos significativos,
deve arredondar e não truncar a resposta. Usando a calculadora para dividir 525 m por 311 m
você encontrará 1,688102894; com três algarismos significativos o resultado é 1,69 m e não
1,68 m.
Quando você trabalha com números muito grandes ou muito pequenos, pode mostrar os
algarismos significativos mais facilmente usando notação científica, algumas vezes denominada
de notação com potências de 10. A distância entre a Terra e a Lua é aproximadamente igual a
384.000.000 m. Como este número é muito grande, o representamos na forma: 3,84 x 108 m.
O número escrito na forma 3,84 x 108 m, possui três algarismos significativos; já na forma
384.000.000 m ele possui 9 algarismos significativos. Note que, em notação científica, toda
quantidade deve ser expressa através de um número entre 1 e 10 seguido da multiplicação pela
potência de 10 apropriada.
Quando um inteiro e uma fração ocorrem em uma equação, consideramos o inteiro como se
não tivesse nenhuma incerteza. Por exemplo, na equação:
v2 = v02+ 2a(x - x1) (15)

70
o fator 2 vale exatamente 2. Podemos supor que este fator possua um número infinito de
algarismos significativos (2,000000...). A mesma observação é válida para o expoente 2 em v2 e
v 02.
Exemplo: algarismos significativos na multiplicação
A energia de repouso de um corpo de massa m é dada pela equação de Einstein
E = mc2 (16)
em que c é a velocidade da luz no vácuo.
Determine E para um corpo que possui massa m = 9,11 x 10-31 kg (a massa de um elétron).
A unidade SI para energia E é o joule (J) e 1 J = 1 kg.m2/s2:.
O valor exato da velocidade da luz no vácuo é = 299.792.458 m/s = 2,99792458 x 108 m/s.
SOLUÇÃO: Substituindo os valores de m e de c na equação de Einstein, encontramos:
E = (9,11 x 10-31 kg)(2,99792458 x 108 m/s)2
= (9,11)(2,99792458)2(10-31)(108)2 kg-m2/s2
= (81,87659678)(10-31)(1016) kg-m2/s2
= 8,187659678 x 10-14 kg-m2/s2.
Como o valor de m foi dado com três algarismos significativos, devemos aproximar o resultado
para
E = 8,19x10-14 kg-m2/s2 = 8,19x 10-14 J.
Em geral, as calculadoras usam notação científica e somam automaticamente os expoentes,
porém você deve ser capaz de realizar esses cálculos manualmente quando necessário.

QUESTÕES
1) Das unidades citadas a seguir, quais pertencem ao SI? Metro, centímetro, hora, segundo,
litro, Angstron, micrômetro, miligrama, quilograma. Identifique as grandezas relacionadas a
cada uma das unidades citadas.
2) Faça as conversões de unidades indicadas:
a) 16 Km m b) 0,02 mm m c) 157 min h
2 2 3 3 3
d) 2 Km m e) 5 cm m f) 4L mm g) 8g Kg
3) Arredonde as medidas seguintes de modo a expressá-las com apenas 3 algarismos
significativos:
a) 422,32 cm2 b) 3,428 g c) 16,15 s
4) Quantos algarismos significativos existe em cada medida? (conta-se a partir do primeiro
algarismo diferente de zero).
a) 702 cm b) 36,00 Kg c) 0,00815 m d) 0,05082 L

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