Você está na página 1de 13

UNIVERSIDADE TÉCNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

ANÁLISE E GERENCIAMENTO DE RISCOS

Cauê Vieira
Gabriel Gontijo Piantino
Miguel Michalouski Santos Lima
Prof. Dr. Marcelo Rodrigues

ANÁLISE DE RISCOS ENVOLVENDO CONFIABILIDADE HUMANA EM


SUBESTAÇÕES MÓVEIS

Curitiba
Setembro de 2023
1 – CONTEXTUALIZAÇÃO DO AMBIENTE QUE AS TAREFAS SERÃO EXECUTADAS

A WEG é uma empresa multinacional brasileira que fornece soluções para


diversas áreas do setor elétrico. Fornecendo equipamentos e soluções nas áreas de
geração, transmissão e distribuição, com desde geradores, transformadores, até a
subestação fixa como um todo.
Dentre as suas especialidades, há a área de subestações móveis. Uma
subestação convencional, também chamada de fixa, é responsável pelo recebimento de
energia em determinado valor de tensão e através de seu principal equipamento, o
transformador de força, faz a conversão desse valor de tensão para outro. Por exemplo,
numa subestação abaixadora, faz a conversão pelo transformador do nível de tensão de
138 kV para 34,5 kV.
Os principais equipamentos de uma subestação fixa são as seccionadoras,
disjuntores, transformadores de força, transformadores de potencial, transformadores de
corrente, transformadores de serviços auxiliares, para-raios e para fazer o controle e
comando desses equipamentos, se utilizam painéis elétricos.
Como pode ocorrer falhas numa subestação convencional, a subestação móvel
pode ser aplicada para permitir a continuidade do fornecimento da energia, reduzindo o
tempo da interrupção, desernegizando o equipamento afetado e conectando em seu
lugar, a subestação móvel, para possibilitar o reparo e depois o retorno do equipamento
da subestação fixa.
Além disso, como a subestação móvel está instalada num semirreboque, o cliente
pode de maneira rápida, fazer sua preparação para tansporte, levar o equipamento para
o novo local, fazer a preparação para energização e iniciar sua utilização. Sendo
bastante aplicada para manutenção de equipamentos de forma corretiva e preditiva.
Como também, é aplicada para suprir a necessidade do aumento da demanda
sazonal, sem a necessidade de um alto investimento numa obra completa (como no
período das férias, em que ocorre o aumento da demanda das cidades litorâneas).
Sendo assim, como a subestação é uma área de perigo, pois a energia que circula
pode causar perigo a vida humana, os operadores precisam de treinamento,
equipamentos de proteção individual e seguir várias regras para poder operar uma
subestação e circular no interior de uma.
Já para fazer a conexão da subestação móvel numa fixa, há um manual que os
operadores precisam seguir para sua segurança e tem todo um preparo para fazer o
transporte dela pelas vias públicas, pois precisa seguir as leis de trafegabilidade da
região.
A partir disso, neste trabalho será abordado a preparação da subestação móvel
para sua energização e a análise dos riscos envolvendo a confiabilidade humana nesse
processo.

2 – DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES A SEREM ANALISADAS

Cada vez que a subestação móvel for transportada, é necessário realizar a


preparação dela para poder realizar o transporte, para poder transportá-la com
segurança, respeitando as leis de trafegabilidade e garantir o transporte dos
equipamentos sem danificá-los.
Chegando ao destino e posicionando ela de forma correta, seguindo a
recomendação do manual, é necessário preparar a subestação móvel para poder
energizá-la.
As etapas que serão analisadas são a de preparação do transformador de força
e preparação do módulo de manobra AT – HYPACT para sua primeira energização.
Para isso, antes de ocorrer a primeira energização, a WEG realiza um treinamento
teórico, que por recomendação, é destinado para os operadores do cliente que irão
operar a subestação móvel. Na sequência, a WEG entrega a subestação móvel para o
cliente e supervisiona a primeira energização do cliente, para tirar eventuais dúvidas.
Como essa primeira energização é um ponto de maior dificuldade enfrentado pela
equipe de testes, este trabalho irá analisar essa primeira energização, analisando os
operadores do cliente que irão realizar a energização da subestação móvel pela primeira
vez e encontrar os principais desafios que precisam ser abordados.
Com relação aos equipamentos, foram escolhidos os equipamentos de maior
investimento e maior complexidade para entrarem em operação.

2.1 - Preparação do transformador de força para energização

Preparação do
Ligar sistema de
Posicionamento da transformador de
sinalização para
Subestação Móvel força para
isolamento da área
energização

Abertura das Selecionar a tensão Selecionar a tensão


válvulas do de entrada pelo de saída pelo
transformador de comutador sem comutador sem
força TR1 tensão AT tensão BT

Verificar o Verificar o
Realizar teste no
funcionamento das funcionamento do
sistema de
proteções analisador de gás e
refrigeração
intrínsecas do TR1 umidade

Verificar o Prosseguir para


funcionamento do preparação do
registrador de módulo de manobra
impacto AT – HYPACT
2.2 - Preparação do módulo de manobra AT – HYPACT para energização

Para contextualizar, esse módulo de manobra AT – HYPACT é um sistema


composto de um disjuntor de alta tensão e uma seccionadora com aterramento imersos
em hexafluoreto de enxofre (SF6). O fluxo de preparação para poder entrar em operação
é apresentado na sequência:

Fazer o enchimento e
Inspeção visual da Verificar sinalização de
verificar a pressão do
unidade estado e de alarmes
gás SF6

Verificar se o seletor
Realizar o teste de Realizar ensaio de
está ajustado para
ligar e desligar resistência de contato
comando
3 – APLICAÇÃO DA ETAPA 01 DA PLANILHA SHERPA

Informações Básicas de Análise

Sistema Analisado: Subestação Móvel 30 MVA

Local: Subestação Móvel 30 MVA


Operador - Cliente
Operador - Cliente
Supervisor de Operação - Cliente
Responsável Controle - Cliente
Responsável Proteção - Cliente
Equipe Técnica:
Responsável Supervisório - Cliente
Supervisor de Operação - WEG

Data da Análise: Domingo, 24 de setembro de 2023.

Insira o número de tarefas que serão analisadas para este sistema (de 1 à
2 15), e pressione o botão abaixo
4 – APRESENTAÇÃO DA AVALIAÇÃO DA PLANILHA SHERPA – ETAPA 1 DE CADA
TAREFA AVALIADA

4.1 - Preparação do transformador de força para energização

Nome da Tarefa 1
Preparação do transformador de força para energização
Código do Plano de Trabalho
TR1 - PREPARAÇÃO 01

sHERpa - Modelo Rennó-Baschta

Qual a complexidade de atuação no equipamento? Alto, equipamento importado e de uso específico

Qual a criticidade do equipamento? Classe A: Prioridade Alta

Qual o nível de concentração necessário durante a realização da


Alto, foco é extremamente necessário durante a atividade
atividade?

Há supervisão durante realização da atividade? Se sim, esporádica


Há supervisão constante durante a atividade
ou constante?

Há distrações no local da atividade? Há pouca distração no local da atividade

Com qual frequência a atividade é realizada pela mesma equipe? Trimentral, Semestral, Anual ou mais

Qual o atual estado das Instruções / Procedimentos relacionados à


Há instruções / procedimentos disponíveis, atualizados e completos
esta atividade?

Equipe realiza treinamentos relacionados à atividade? Não, a empresa não fornece treinamentos deste tema

Procedimentos e/ou Manuais estão no idioma natural do


Sim, documentação em português
mantenedor?

Equipe possui todos os recursos materiais necessários para a


Sim, porém os materiais são de qualidade inferior ao necessário
realização da atividade?

Local de realização da atividade é adequado? Local é apropriado para realização das atividades

Atividade realizada em qual turno? 1° Turno

Atividade realizada durante troca de turno? Não, atividade realizada durante um turno só

Qual a qualidade da comunicação entre as equipes? Médio, equipe se comunica mas há falhas no entendimento

Qual a experiência da equipe na execução da atividade? Baixo, equipe precisa seguir instruções durante toda a atividade

A equipe é consciente com os possíveis impactos decorrentes de


Sim, porém o conhecimento dos impactos é parcial
uma falha no sistema?
4.2 - Preparação do módulo de manobra AT – HYPACT para energização

Nome da Tarefa 2
Preparação do módulo de manobra AT – HYPACT para energização
Código do Plano de Trabalho
MÓDULO HYPACT - PREPARAÇÃO 01

sHERpa - Modelo Rennó-Baschta

Qual a complexidade de atuação no equipamento? Médio, equipamento com uso em diversas indústrias

Qual a criticidade do equipamento? Classe A: Prioridade Alta

Qual o nível de concentração necessário durante a realização da


Alto, foco é extremamente necessário durante a atividade
atividade?

Há supervisão durante realização da atividade? Se sim, esporádica


Há supervisão constante durante a atividade
ou constante?

Há distrações no local da atividade? Há pouca distração no local da atividade

Com qual frequência a atividade é realizada pela mesma equipe? Mensal ou Bimestral

Qual o atual estado das Instruções / Procedimentos relacionados à


Há instruções / procedimentos disponíveis, atualizados e completos
esta atividade?

Equipe realiza treinamentos relacionados à atividade? Sim, porém o último foi há mais de 6 meses atrás

Procedimentos e/ou Manuais estão no idioma natural do


Sim, documentação em português
mantenedor?

Equipe possui todos os recursos materiais necessários para a


Sim, porém os materiais são de qualidade inferior ao necessário
realização da atividade?

Local de realização da atividade é adequado? Local é apropriado para realização das atividades

Atividade realizada em qual turno? 1° Turno

Atividade realizada durante troca de turno? Não, atividade realizada durante um turno só

Qual a qualidade da comunicação entre as equipes? Médio, equipe se comunica mas há falhas no entendimento

Qual a experiência da equipe na execução da atividade? Alto, equipe possui experiência e conhece os passos da atividade

A equipe é consciente com os possíveis impactos decorrentes de


Sim, equipe possui total consciência dos impactos que podem ocorrer
uma falha no sistema?
5 – APRESENTAÇÃO DA MATRIZ DO ICR (ÍNDICE DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO)
APRESENTANDO A CLASSIFICAÇÃO DAS TAREFAS

Relatório Final - Sistema Subestação Móvel 30 MVA

Local: Subestação Móvel 30 MVA Data: 24/09/2023

Equipe Técnica Responsável pela Análise:


Operador - Cliente; Operador - Cliente; Supervisor de Operação - Cliente; Responsável Controle - Cliente;
Responsável Proteção - Cliente; Responsável Supervisório - Cliente; Supervisor de Operação - WEG;

ICR - Índice de Classificação de Risco


Probabilidade

Tarefa 1

Tarefa 2

Severidade

ICR. Baixo Médio Alto Extremo

Plano de Trabalho Fator Probabilidade Fator Severidade Observação


Tarefa 1 TR1 - PREPARAÇÃO 01 Médio Alto Ponto de Atenção!
MÓDULO HYPACT -
Tarefa 2 Baixo Médio
PREPARAÇÃO 01
6 – APLICAÇÃO DA AVALIAÇÃO DA PLANILHA PSF – ETAPA 3 (PARA AS ATIVIDADES
CLASSIFICADAS COMO ALTO OU EXTREMO)

Dentre as duas atividades avaliadas, a preparação do transformador de força para


energização foi classificada como risco alto, já a preparação do módulo de manobra AT
– HYPACT para energização foi classificada como risco médio.
Embora ambas as atividades sejam de complexidade, criticidade e haja a
necessidade de concentração alta, elas receberam diferentes classificações, pois a
equipe de energização também faz operação com o módulo de manobra AT – HYPACT
em subestações fixas, já o transformador de força, é um modelo específico para poder
ser utilizado na subestação móvel, portanto, sendo a primeira vez que eles irão operar
um, tendo várias diferenças, principalmente nos sistemas de proteção e refrigeração
deste.
Além disso, ambos possuem manuais em português atualizados, equipe com
treinamento realizado a mais de 6 meses para o módulo de manobra e para o
transformador será o primeiro treinamento.
Na teoria, era para a equipe ter todos os equipamentos necessários para as
atividades, mas na prática, tem certas atividades que os operadores possuem
ferramentas antigas para exercer as atividades.
Portanto, como a atividade envolvendo o transformador de força foi classificada
como risco alto, sendo um ponto de atenção e correspondendo a tarefa 1, ela será
analisada na planilha PSF.
ANÁLISE PSF (PERFORMANCE SHAPE FACTORS) Preencher /
selecionar

Data 24/09/2023
Nome da Tarefa 1 Preparação do transformador de força para energização
Código do Plano de Trabalho TR1 - PREPARAÇÃO 01
Nome de quem respondeu às perguntas: Marcio Borges
Cargo de quem respondeu às perguntas: Supervisor de Operação - WEG
Qual é atividade? Operação

VARIÁVEIS ANALISADAS PESO-PSF


TEMPO DISPONÍVEL Tempo nominal / suficiente ( Nominal time) 0.08
ESTRESSE Alto (High) 0.22
COMPLEXIDADE Altamente complexa (Highly complex) 0.55
EXPERIÊNCIA / TREINAMENTO Baixa (Low) 0.80
PROCEDIMENTOS Existe e completo / Nominal (Nominal) 0.01
ERGONOMIA/ INTERAÇÃO HOMEM-MÁQUINA Normal / Nominal (Nominal) 0.02
APTIDÃO/PREPARO FÍSICA(O) PARA EXECUTAR O TRABALHO Nominal (Nominal) 0.13
PROCESSOS DE TRABALHO Ruim / Deficiente/Fraco (Poor) 0.42

RESULTADO-CRITICIDADE
TEMPO DISPONÍVEL 3.438%
ESTRESSE 10.017%
COMPLEXIDADE 24.767%
EXPERIÊNCIA / TREINAMENTO 36.060%
PROCEDIMENTOS 0.582%
ERGONOMIA/ INTERAÇÃO HOMEM-MÁQUINA 0.721%
APTIDÃO/PREPARO FÍSICA(O) PARA EXECUTAR O TRABALHO 5.634%
PROCESSOS DE TRABALHO 18.781%
7 – APRESENTAR AS ORIENTAÇÕES DADAS PARA O SUPERVISOR /
COORDENADOR REPASSAR A EQUIPE

Conforme a análise PSF (Performance Shape Factors), foi verificado que a


experiência e treinamento da equipe para a atividade é o principal ponto que precisa de
mais atenção para a preparação do transformador de força para a sua energização,
atingindo 36,060% de criticidade.
Como explicado anteriormente, foi a primeira vez que a equipe passou por um
treinamento para energizar o transformador de força, portanto, é necessário sempre que
for ocorrer a primeira energização e a equipe não possui treinamento para transformador
de subestação móvel, juntar toda a equipe e pedir atenção na execução da atividade,
qualquer ponto que surgir dúvida na execução, pedir para parar e explicar, para toda a
atividade ocorrer de forma segura e correta, seguindo os passos que estão detalhados
no manual em português.
O segundo ponto que o gestor precisa repassar para a equipe é com relação a
complexidade da atividade, que atingiu 24,767% de criticidade. Como o ambiente em
questão, mesmo que seja um ambiente bem estruturado para poder realizar todos os
procedimentos da tarefa 1, exige atenção constante e é perigoso, portanto, essa
porcentagem ficou alta, pois a tarefa é bastante complexa para ser executada.
Como ela é muito complexa, possui uma maior chance de ocorrer erro humano,
quando comparada a uma tarefa de complexidade mais baixa. A complexidade se deve
a várias proteções e sistemas que são conectados no transformador, possuindo vários
sensores para verificar temperatura do óleo, dos enrolamentos, o fluxo de óleo que vai
para o sistema de refrigeração e vários dispositivos que atuam de forma a proteger o
equipamento e os operadores para caso ocorra alguma anormalidade.
Portanto, são apresentadas a seguir algumas medidas específicas que podem ser
adotadas para auxiliar a equipe para sua primeira energização e reduzir a complexidade
da preparação do transformador de força para sua energização:

• Verificar possíveis atualizações e fazer uma leitura cuidadosa dos procedimentos


de energização antes de executar a tarefa. Isso garante que o processo seja
realizado de forma estritamente correta e segura.
• Sugere-se fazer os testes de forma remota, na sala de operações. Isso elimina a
necessidade de um operador estar presente no local para realizar a energização.
• Uso de transformadores de teste que permitem a energização do transformador
com tensão reduzida. Isso reduz o risco de danos ao transformador e à rede.
• Utilização de chaves seccionadoras automáticas que permitem a energização do
transformador sem a necessidade de intervenção humana.
• Utilização de dispositivos de proteção e controle integrados. Isso pode simplificar
o processo de energização, pois elimina a necessidade de conectar dispositivos
de proteção e controle externos ao transformador.

O terceiro e último ponto de atenção para o gestor são os processos de trabalho,


que atingiu 18,781% de criticidade. O gestor para melhorar a comunicação interna da
equipe e os processos de trabalho durante a tarefa deve ser capaz de estabelecer uma
linha de comando clara, em que ele ou um supervisor de operação é responsável por dar
as ordens durante a energização, garantir uma comunicação tanto verbal quanto visual,
pois a comunicação verbal é importante para transmitir informações importantes, mas a
comunicação visual também pode ser útil, por exemplo, usando sinais de mão ou placas.

O gestor também precisa se atentar ao registro de todas


as comunicações (pode ser feito usando um diário de trabalho) e realizar as verificações
de segurança antes de iniciar a energização, o que ajudará a garantir que todos os
membros da equipe estejam cientes dos riscos envolvidos.

Você também pode gostar