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Prof.

Lindomar Rodrigues

Forças de Dipolo Induzido


As interações ou forças de dipolo induzido são as únicas que ocorrem com as moléculas
apolares e com os gases nobres. Elas representam o tipo de interação intermolecular mais
fraco.

Selo impresso na Holanda, por volta de 1993, mostra Van der Waals,
o cientista que desenvolveu importantes estudos sobre as forças
intermoleculares*

As moléculas apolares são aquelas que não apresentam diferença de


eletronegatividade entre seus átomos e, por isso, não possuem
dipolos ou partes com diferentes densidades de carga eletrônica.
Tendo em vista somente essa informação, todas as substâncias
apolares e os gases nobres que são formados por átomos isolados,
como o hélio, deveriam apresentar-se somente no estado gasoso, em
que as moléculas e átomos ficam bem afastados e sem praticamente
nenhuma interação. No entanto, como a imagem a seguir mostra, o
iodo (I2) é um exemplo de substância apolar sólida em temperatura
ambiente. Além disso, os hidrocarbonetos que compõem a gasolina
são líquidos. Como, então, isso é possível?
O iodo é apolar e apresenta-se no estado sólido

Isso é possível graças a um tipo de interação intermolecular que


ocorre com todo tipo de susbstância, mas que é a única que ocorre
com as substâncias apolares, que são as interações ou forças de
dipolo induzido.

Quando as moléculas apolares ou os átomos dos gases nobres


aproximam-se, há uma repulsão entre os seus elétrons (pois possuem
carga negativa), que se acumulam em uma determinada região da
eletrosfera, o que leva a uma polarização momentânea da molécula,
ou seja, cria-se um dipolo no qual uma região fica parcialmente
negativa (com maior quantidade de elétrons) e a outra fica
parcialmente positiva (com deficiência de elétrons). Outras moléculas
da vizinhança, que são atraídas pela parte negativa da molécula,
também são induzidas a formar um dipolo.
Força de dipolo induzido entre moléculas de iodo

A força de atração intermolecular do tipo dipolo induzido-dipolo


induzido pode receber outras denominações, tais como: dipolo
instantâneo-dipolo induzido, interações ou forças de Van der
Waals (em homenagem ao cientista holandês Johannes Diederik van
der Waals (1837-1923), que desenvolveu importantes estudos sobre
os três tipos de interações intermoleculares entre as moléculas)
e interações ou forças de London (em homenagem ao físico alemão
Fritz Wolfgang London (1900-1954), que relacionou essa força
intermolecular com o movimento dos elétrons).

As forças de dipolo induzido são as mais fracas. Veja a ordem a


seguir:

Dipolo induzido < Dipolo permanente < Ligações de hidrogênio

Por essa razão, a maioria delas apresenta-se no estado gasoso em


condições ambientes. Alguns exemplos são H2, O2, N2, F2, Cl2, CO2,
CH4, C2H6.

Além disso, no caso das que não se encontram no estado gasoso, é


muito fácil transformá-las em gases porque não é necessária muita
energia para romper suas interações. Por exemplo, o próprio iodo
sublima, ou seja, passa diretamente do estado sólido para o gasoso,
conforme pode ser observado nas paredes do recipiente que o contém
na imagem mais acima. Outro exemplo é o dióxido de carbono (CO 2),
que, no estado sólido, é conhecido como gelo-seco, mas que também
sublima a -37 ºC.

No entanto, a facilidade de mudança de estado físico depende


também de outro fator: a massa molar. Quanto maior a massa molar,
maior é a força de interação, pois as forças de dipolo induzido
dependem da superfície de contato. Quanto maior a superfície de
contato entre as moléculas, maior é a indução que uma exerce sobre
a outra e maior é a atração entre ambas. É por isso que os
hidrocarbonetos da gasolina, como o octano a seguir, apresentam-se
na forma líquida (ponto de fusão = -56,8 ºC e ponto de ebulição =
125,6 ºC).

H3C — CH2 — CH2 — CH2 — CH2 — CH2 — CH2 — CH3

Na natureza existem exemplos da utilização das forças de Van der


Waals. Um deles é a capacidade das lagartixas (ou gecos) de subirem
em paredes e andarem nos tetos, mesmo quando as superfícies são
bem lisas. As patas desses animais possuem milhares de
cerdas — estruturas minúsculas e bem finas como fios de cabelo —
com moléculas que aumentam a área de superfície com a parede e
que fazem uso da força de dipolo induzido-dipolo induzido para vencer
a força da gravidade. É por essa razão que as largatixas conseguem
sustentar-se sobre essas estruturas.

Cientistas estudam esse fenômeno com o objetivo de produzirem


materiais que possam realizar esse tipo de interação, o que permitirá
que as pessoas subam em paredes, além do desenvolvimento de uma
alternativa ao velcro e de materiais que poderão ser usados como
adesivos químicos em aplicações médicas.
As patas da lagartixa possuem milhares de filamentos que realizam uma força de atração do tipo dipolo induzido

com as moléculas da superfície

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