07 - Cinética Química

Você também pode gostar

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 6

Obs.

: a variação da quantidade deverá ser


CINÉTICA QUÍMICA sempre um valor positivo, então ela deverá ser
em módulo.
1. Introdução
EXERCÍCIO RESOLVIDO 1: Para a reação
O Conhecimento e o estudo da velocidade das
reações, além de ser muito importante em termos 𝑁2 + 3𝐻2 → 2𝑁𝐻3
industriais, também está relacionado ao nosso dia-a-
dia, verificamos que há algumas mais lentas e outras A proporção que a reação caminha, os reagentes N 2 e
mais rápidas. Veja: H2 são consumidos e o produto NH3 vai sendo
produzido. Se a reação for completa e em quantidades
estequiométricas, a representação gráfica do
andamento dessa reação será a seguinte:

Neste caso, a equação da velocidade média é:

∆[𝑁𝐻3 ]
𝑉𝑚 =
∆𝑡
1.1. Velocidade Média da reação Nessa expressão, ∆[𝑁𝐻3 ] é a diferença entre a
molaridade final e a molaridade inicial do 𝑁𝐻3 no
Em Física o estudo da velocidade diz respeito ao intervalo de tempo ∆𝑡 . Supondo que a reação 𝑁2 +
deslocamento de um corpo na unidade de tempo. Se 3𝐻2 → 2𝑁𝐻3 forneça os seguintes resultados
um automóvel percorre 160 km em duas horas, experimentais:
dizemos que sua velocidade média é 80 km/h.
Tempo de Variação da molaridade do
reação (min) 𝑁𝐻3 (𝑚𝑜𝑙/𝐿)
0 0
5 20,0
10 32,5
15 40,0
20 43,0
Significa medir a quantidade de reagente que
desaparece ou a quantidade de produto que se forma, Utilizando os dados da tabela, obtemos de acordo
por unidade de tempo. Não existe uma com a definição, as seguintes velocidades médias:
obrigatoriedade com relação as unidades, no entanto
a melhor maneira de medir a quantidade de uma  No intervalo de 0 a 5 min:
substância é usando a unidade mol, diremos que, no
estudo da cinética química é interessante o emprego 20 − 0
da quantidade de mols da substância por litro de 𝑉𝑚 = = 4,0 𝑚𝑜𝑙 ⁄𝐿 . 𝑚𝑖𝑛
5−0
mistura de reagente, a qual é denominada molaridade.

 No intervalo de 5 a 10 min:
A velocidade média de uma reação química è o
quociente da variação da molaridade de um dos 32,5 − 20
𝑉𝑚 = = 2,5 𝑚𝑜𝑙 ⁄𝐿 . 𝑚𝑖𝑛
reagentes (ou produtos) da reação pelo intervalo de 10 − 5
tempo em que essa variação ocorre [2].
 No intervalo de 15 a 20 min:
Assim:
43 − 40
(𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒) 𝑉𝑚 = = 0,6 𝑚𝑜𝑙 ⁄𝐿 . 𝑚𝑖𝑛
20 − 15
𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑎 =
(𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜)

1.2. A velocidade e a estequiometria das


reações
1
entanto, nem todos os choques entre as partículas
Assumindo os dados do Exemplo 1 percebemos que que compõem os reagentes dão origem a produtos
para as duas primeiras linhas da tabela conclui-se que (choques não-eficazes). Os choques que resultam em
nos primeiros 5 min, essa reação produziu 20 mol/L de quebra e formação de novas ligações são
𝑁𝐻3 – quantidade esta que, pelos cálculos já denominados eficazes ou efetivos. No momento em
apresentados corresponde a uma velocidade média que ocorre o choque em uma posição favorável,
de 4,0 mol/L.min de 𝑁𝐻3 . Acontece que o 𝑁𝐻3 é forma-se uma estrutura intermediária entre os
produzido a partir de N2 e H2, logo pela estequiometria reagentes e os produtos denominada complexo
ativado.

𝟏 𝑁2 + 𝟑 𝐻2 → 𝟐 𝑁𝐻3  Complexo ativado é o estado intermediário


(estado de transição) formado entre reagentes e
10 mol/L 30 mol/L 20 mol/L produtos, em cuja estrutura existem ligações
enfraquecidas (presentes nos reagentes) e
Concluímos portanto, que são necessários 10 mol/L formação de novas ligações (presentes nos
de 𝑁2 e 30 mol/L de 𝐻2 , para produzir os citados 20 produtos). Conforme ilustrado abaixo:
mol/L de 𝑁𝐻3 . Sendo assim, naqueles 5 min iniciais da
reação, teríamos as seguintes velocidades médias:

 Em relação ao N2:

10
𝑉𝑚 = = 2,0 𝑚𝑜𝐿/𝐿. 𝑚𝑖𝑛
5

 Em relação ao H2:
𝑉𝑚 = ? Para que ocorra a formação do complexo ativado, as
moléculas dos reagentes devem apresentar energia
Para evitar essa confusão, convencionou-se dividir suficiente, além da colisão em geometria favorável.
cada um desses valores pelo coeficiente Essa energia denominamos energia de ativação (Ea).
estequiométrico da substância na equação química
considerada, ou seja:
3. Energia de Ativação
Em relação ao N2:
Energia de ativação (Ea) é a menor quantidade de
1 10 energia necessária que deve ser fornecida aos
𝑉𝑚 = . = 2,0 𝑚𝑜𝐿/𝐿. 𝑚𝑖𝑛
𝟏 5 reagentes para a formação do complexo ativado e,
consequentemente, para a ocorrência da reação.
Em relação ao H2:

1 30 4. Fatores que alteram a velocidade da reação


𝑉𝑚 = . = 2,0 𝑚𝑜𝐿/𝐿. 𝑚𝑖𝑛
𝟑 5
4.1. Concentração
Em relação ao NH3:
Concentração está relacionado à quantidade de soluto
1 20 e de solvente de uma substância. Se aumenta a
𝑉𝑚 = . = 2,0 𝑚𝑜𝐿/𝐿. 𝑚𝑖𝑛 concentração de reagentes, aumenta o número de
𝟐 5
moléculas dos reagentes, aumentando o número de
colisões e aumentando também a velocidade da
reação. Está associada à Lei Cinética (Lei de Guldber-
Com isso, a equação geral, utilizando por convenção
Waage). Quando se aumenta a concentração de
os sinais (-) para o coeficiente dos reagentes uma vez
oxigênio numa queima, a combustão acontece mais
que suas concentrações diminuem com o tempo e (+)
rápido.
para o coeficiente dos produtos, pois a concentração
do produto aumenta ao longo da reação.

1 ∆[𝑁2 ] 1 ∆[𝐻2 ] 1 ∆[𝑁𝐻3 ] 4.2. Temperatura


𝑉𝑚 = − . = − . = + .
𝟏 ∆𝑡 𝟑 ∆𝑡 𝟐 ∆𝑡 A temperatura está ligada à agitação das moléculas.
Quanto mais calor, mais agitadas ficam as moléculas.
Se aumenta a temperatura, aumenta a energia
2. Teoria das Colisões cinética das moléculas (movimento). Se as moléculas
se movimentam mais, elas se chocam mais e com
Em todas as reações, os átomos que formam os mais energia, diminuindo a energia de ativação e em
reagentes se rearranjam, originando os produtos. No
2
consequência, aumenta o número de colisões efetivas durante o processo. Quando a substância diminui a
e portanto a velocidade da reação também aumenta. velocidade de uma reação, é denominada de inibidor.
5. Reação exotérmica

4.3. Superfície de Contato


A área de contato entre os reagentes também interfere
na velocidade das reações químicas. Quanto maior a
superfície de contato, maior o número de moléculas
reagindo, maior o número de colisões eficazes e
portanto, aumenta a velocidade da reação.

Uma substância em pó
reage mais rápido do que uma
substância inteira porque
possui maior superfície de
contato.
Onde:
4.4. Pressão E1 = energia dos reagentes (r)
E2 = energia do complexo ativado
Pressão é a razão entre força e área, ou seja, fazer E3 = energia dos produtos (p)
força sobre uma determinada área. Com o aumento b = energia de ativação da reação direta
da pressão em um recipiente, diminui o volume e c = variação de entalpia (∆H= Hp – Hr)
desta forma aumenta a concentração dos reagentes.
As moléculas se chocam mais, aumentando o número 6. Reação endotérmica
de colísões e portanto, aumenta a velocidade da
reação.

4.5. Presença de Luz


Algumas reações químicas ocorrem com maior
velocidade quando estão na presença de luz. A luz
influencia na velocidade das reações porque é uma
energia em forma de onda eletromagnética que ajuda Onde:
a quebrar a barreira da energia de ativação. E1 = energia dos reagentes (r)
E2 = energia do complexo ativado
4.6. Inibidores E3 = energia dos produtos (p)
b = energia de ativação da reação direta
São substâncias, que ao contrário dos catalisadores,
c = variação de entalpia (∆H= Hp – Hr)
aumentam a energia de ativação e como
consequência diminuem a velocidade da reação
7. Lei Cinética da velocidade das reações
química. Pode ser chamado também de veneno de
catalisador ou anti-catalisador. Antigamente era
Considere a reação:
chamado de catalisador negativo.
𝑎𝐴 + 𝑏𝐵 → 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠

A velocidade da reação será dada pela fórmula:


4.7. Catalisadores
𝑣 = 𝑘. [𝐴]𝑥 . [𝐵]𝑦
Os catalisadores são substâncias que aumentam a
velocidade de uma reação, sem ser consumido Sendo:
3
Obs: o valor de k e da ordem de reação são obtidos
v = velocidade de reação experimentalmente. Para fins didáticos, em alguns
k = constante de velocidade casos diz-se que a lei da velocidade pode ser obtida a
[A] = concentração molar de A partir da equação elementar e diante desta situação,
[B] = concentração molar de B os expoentes usados na equação correspondem aos
x e y = valores determinados experimentalmente coeficientes estequiométricos.

Esta fórmula traduz, então, a conhecida Lei de


Guldberg e Waage: 9.1. Reação de Ordem Zero

“A velocidade de reação é proporcional ao produto “A reação é de zero ordem quando a velocidade da


das concentrações molares dos reagentes, estando reação química é independente da concentração do
cada concentração elevada a um expoente igual a um reagente. ”
valor determinado experimentalmente”
Lei da velocidade integrada para a reação de zero
Obs.: ordem:
 Esta lei se aplica a velocidade instantânea e não a
uma velocidade média. [𝑀] = [𝑀]0 − 𝑘𝑡

 Para cada reação, k depende somente da


temperatura. A forma integrada da lei de velocidade mostra que a
reação de zero ordem dá uma linha reta em uma
 A lei de Guldberg e Waage também foi figura se os valores medidos das concentrações do
denominada de Lei da Ação das Massas. reagente [M], forem colocados na figura em função do
tempo. A inclinação da reta será a constante da
 A etapa mais lenta é a que comandará a velocidade de zero ordem aparente. Esta constante de
velocidade total. velocidade de zero ordem deve ter a mesma unidade
que a velocidade da reação, a qual é em mol. m -3 s-1.
8. Os mecanismos da reação

As reações químicas não ocorrem em apenas uma


etapa, porém em duas ou mais. Cada etapa é
denominada reação elementar e ocorre pelo choque
direto das moléculas participantes.

Mecanismo de uma reação: é o conjunto das


reações elementares pelas quais passa a
reação global. A lei de velocidade de zero ordem para uma reação
química significa que a velocidade da reação é
independente da concentração de qualquer reagente.
9. Ordem das reações A lei de velocidade de zero ordem pode ser observada
apenas se as concentrações atuais dos reagentes não
Ordem de uma reação é a soma dos expoentes que puder variar à medida que a reação se desenvolve, o
aparecem na fórmula da velocidade. que é incomum, e estas reações não são encontradas
EXEMPLO RESOLVIDO 2: facilmente.

Para a reação: 9.2. Reação de Primeira Ordem

𝑁𝑂2(𝑔) + 𝐶𝑂(𝑔) → 𝑁𝑂(𝑔) + 𝐶𝑂2(𝑔) “Reações de primeira ordem são aquelas nas quais a
velocidade da reação química é proporcional à
concentração de um reagente.”
Sua lei de velocidade:
A lei da velocidade de primeira ordem é uma das
𝑣 = 𝑘. [𝑁𝑂2 ]2 formas mais comuns da lei da velocidade, sendo ela
descrita a seguir:
Dizemos que:
ln([𝑀] − [𝑀]0 ) = −𝑘. 𝑡
 A ordem em relação ao NO2 é dois;
 A ordem em relação ao CO é zero ou
 A ordem global da reação é 2 + 0 = 2.
[𝑀]
ln ( ) = −𝑘. 𝑡
[𝑀]0
4
Uma reação de primeira ordem apresenta uma linha Para qualquer outro tipo de reação que não seja a de
reta se valores medidos tanto de ln[M] ou ln([M]/[M]0) primeira ordem, a meia vida não é constante, porém
forem colocados em uma figura em função do tempo se altera dependendo da extensão na qual a reação
como mostrado na figura abaixo. tenha ocorrido. Devido a isto, meia vida geralmente é
usada para descrever apenas reações de primeira
A figura fornece uma linha reta porque [M]0 é uma ordem.
constante. A inclinação da reta será a constante da
velocidade de primeira ordem aparente k, a qual tem a
unidade em s-1 (ou mol0 s-1). 9.3. Reação de Segunda Ordem

“Reações de segunda ordem são aquelas nas quais a


velocidade da reação química é proporcional ao
produto das concentrações de dois reagentes”

Para uma reação envolvendo apenas um tipo de


reagente, a lei da velocidade integrada para uma
reação de segunda ordem será:

1 1
= 𝑘𝑡 +
[𝑀] [𝑀]0
Observa-se pela figura que a concentração do
reagente, M, diminui à medida que a reação se
desenvolve. Quando se trabalha com reações de Uma reação de segunda ordem envolvendo dois
primeira ordem, é mais conveniente o uso de meia reagentes idênticos, os quais neste caso significa o
vida em vez de constante de velocidade. mesmo reagente duas vezes, irá dar uma linha reta se
tanto 1/[M] ou [M]0/[M] for colocado em função do
A meia vida de uma substância reagente é tempo, como mostrado na figura a seguir
simplesmente o tempo necessário para que metade
da quantidade original presente reaja. Ao final de uma
meia vida, 50% dos átomos ou moléculas originais
permanecem.

A meia vida está diretamente relacionada com a


constante da velocidade para uma reação de primeira
ordem. Através da equação geral:

[𝑀]
ln ( ) = −𝑘𝑡
[𝑀]0

ln(0,5) = −𝑘𝑡1⁄
2

ln(0,5) 0,693
𝑘=− = A inclinação da reta será a constante da velocidade de
𝑡1⁄ 𝑡1⁄
2 2 segunda ordem aparente k, o qual tem unidade em
mol-1 m3 s-
0,693
𝑡1⁄ =
2 𝑘

5
Tabela com as fórmulas integrais e meia vida de cinética química

Você também pode gostar