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CINÉTICA QUÍMICA E

EQUILÍBRIO QUÍMICO

Curso de Engenharia do Ambiente


UEM - Departamento de Química 2

Objectivos
• conceituar reacção elementar e velocidade de reacção

• escrever e interpretar expressões de velocidade instantânea e

velocidade média

• conceituar ordem de reacção, molecularidade, energia de activação e

catalisador

• relacionar a constante de velocidade com a energia de activação e

temperatura

• enumerar os factores que afectam a velocidade de uma reacção


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Conteúdos
• Velocidade de reacção

• Factores que afectam a velocidade de uma reacção

• Efeito da concentração na velocidade de reacção

• Mecanismo de reacção

• Equilíbrio Químico

• Constante de Equilíbrio

• Deslocamento do Equilíbrio. Princípio de Le Chatellier

• Equilíbrio Químico na Indústria


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Introdução
• cinética química - estudo das velocidades das

reacções químicas e seus mecanismos


• velocidade de uma reacção - rapidez com que um

processo ocorre, ou seja


• a rapidez com que os produtos são formados ou

os reagentes são consumidos


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duas partes:
Velocidades das reacções – análise a nível
macroscópico
Mecanismos de reacção – análise a nível
microscópico

• O principal objectivo

• obter uma explicação da razão da ocorrência de


reacções e
• controlar o seu decurso
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Velocidade de uma Reacção


• Variação da concentração por unidade de tempo. Pode

ser medida
• Pela diminuição da concentração dos reagentes ou

• Pelo aumento da concentração dos produtos

• Isto significa que devemos controlar o tempo e a


concentração, ou seja
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• Vários métodos podem ser usados para determinar a


velocidade de uma reacção
• Medição directa das concentrações – pH
• Medindo a absorvância, o peso, variação da
pressão, etc.
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• Consideremos o exemplo da reacção seguinte


A+BC+D
• Admitamos que A e B são misturados no tempo t = 0 e a
concentração inicial de A é 10M
• Variação da concentração de A com o tempo

t, min [A], M t, min [A], M


0 10,00 10 1,34
2 6,69 12 0,90
4 4,48 14 0,60
6 3,00 16 0,40
8 2,00
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Variação da concentração de A com o tempo


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• À medida que a reacção decorre a concentração de A


decresce
• como pode ser visto no gráfico
• Determinar as velocidades instantâneas - não é simples
• a determinação da variação de concentração após um
intervalo de tempo é menos complicado
• velocidade média da reacção

• sinal negativo indica que a concentração dos


reagentes diminui
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• Assim no intervalo t = 0 a t = 16 teremos

• velocidade instantânea é determinada pela inclinação da

recta tangente à curva no instante desejado,


• com sinal negativo

• Para a velocidade instantânea no lugar do símbolo  usa-se o

símbolo d

• que significa derivada, ou seja


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• Consideremos agora a seguinte equação de reacção

A + 3B  2C + 4D
• A velocidade da reacção pode ser expressa usando
qualquer um dos intervenientes da reacção

(velocidade de decréscimo de [A])


(velocidade de decréscimo de [B])
(velocidade de aumento de [C])
(velocidade de aumento de [D])
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• estas velocidades são diferentes


• De acordo com a reacção
• o reagente B é consumido a uma velocidade três vezes mais que o
reagente A,
• uma mole de A reage com três moles de B

• Para generalizar
aA + bB  cC + dD
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• Ex.: Dê as velocidades relativas de desaparecimento dos


reagentes e formação de produtos para a reacção

4 PH3(g) → P4(g) + 6H2(g)


• De acordo com a reacção
• 4 mol de PH3 são consumidas sempre que se forma 1 mol

P4 e 6 de H2
• Para igualar estas velocidades temos que dividir as
velocidades pelos coeficientes estequiométricos
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Factores que afectam a velocidade


• Para uma reacção ocorrer

• as moléculas dos reagentes devem estar em

contacto de tal modo que possam trocar


posições e rearranjar-se
• Isto é possível no estado gasoso e no estado líquido,

• as moléculas têm mobilidade

• Muitas reacções ocorrem nestes estados


• Poucas são as reacções que ocorrem no estado sólido
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• O decurso destas reacções pode ser afectado por:


• Concentração dos reagentes – é directamente
proporcional a velocidade
• Temperatura – a velocidade aumenta com a
temperatura
• Catalisadores – são substâncias que aceleram a
reacção sem sofrer transformação
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Efeito da Concentração

• No geral a velocidade altera com a concentração


• Em muitos casos quando a concentração aumenta a

velocidade aumenta também


• A relação pode assumir equações matemáticas diferentes

Equações de Velocidade
• A relação entre a concentração dos reagentes e

velocidade da reacção é denominada


• equação de velocidade ou lei de velocidade
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• Para a reacção

aA + bB → Produtos
• A velocidade será

• k é a constante de velocidade

• A velocidade é proporcional a concentração dos

reagentes levantadas a determinados expoentes,


• estes não necessariamente iguais a relação
estequiométrica
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• Os expoentes são determinados experimentalmente


• São geralmente positivos,
• mas podem ser iguais a zero, negativos ou
• assumir valores fraccionários
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Ordem de Reacção
• A ordem de reacção em relação a um dado reagente é o expoente da

sua concentração na lei de velocidade

• A ordem total é a soma dos expoentes de todos os termos da equação

de velocidade
• exemplo

2 NO(g) + Cl2(g) → 2 NOCl(g)

• A reacção é
• de segunda ordem em relação a NO

• de primeira em relação a Cl2

• Na globalidade a reacção é de terceira ordem


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Determinação da lei de Velocidade de uma


reacção
• É feita de forma experimental
• Um método muito usado é o da velocidade inicial
• que consiste na medição da velocidade
instantânea no início da reacção (t = 0)
• Compara-se as velocidades a diferentes
concentrações
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• Ex.: A determinação da velocidade de reacção de hidróxido


de sódio com acetato de metil para produzir ião acetato e
álcool metílico
CH3COOCH3 + NaOH (aq) → CH3COO- + CH3OH
• Os dados na tabela a seguir foram colectados em várias
experiências a 25 °C
Concentração Inicial Velocidade
[CH3COOCH3] [NaOH] inicial (mol/L.s) a
Experiência 25 °C

1 0.050 M 0.050 M 0.00034


2 0.050 M 0.10 M 0.00069
3 0.10 M 0.10 M 0.00137
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• Quando a concentração inicial de um dos reagentes é


dobrada e a outra mantida constante a
• velocidade da reacção dobra.
• Esta relação mostra que a concentração de cada um dos
reagentes é directamente proporcional a velocidade da
reacção.
• A equação de velocidade será

• k é determinado substituindo os valores de uma das


experiências na equação de velocidade

K = 0.14 L/mol.s
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Leis de Velocidade Integradas


• Estas equações permitem prever a quantidade dos reagentes

ao longo do tempo
• Pode se determinar o tempo que irá durar até a reacção se

completar
Reacção de 1ª Ordem
A  Produtos
• Tratando-se de uma reacção do primeira ordem a equação
da lei de velocidade será
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• Integrando esta equação teremos

• Sendo C a constante de integração


• Sendo que a constante de integração C é determinada
fazendo t = 0,

• Reescrevendo a equação de velocidade teremos

• Ou
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Ex.: Na hidrólise da sacarose, C12H22O11, em solução aquosa, a 23C,


obtiveram-se as seguintes molaridades em função do tempo

Tempo (min) 0 60 130 180


[C12H22O11], M 1,000 0,807 0,630 0,531
Verifique se a reacção é de primeira ordem e calcular a constante
de velocidade da reacção.
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Resolução:
Calculemos os Ln[C12H22O11], para a construção do gráfico da
dependência da concentração pelo tempo
[C12H22O11] 1,000 0,807 0,630 0,531

Ln[C12H22O11] 0 - 0,214 - 0,462 - 0,633

• O gráfico obtido é linear, por 0.6

isso mesmo a reacção é de

12H22O11]
0.4
1ªordem
-Ln[C

• A constante de velocidade da 0.2

reacção é obtida determinando


o coeficiente angular da recta 0
0 30 60 90 120 150 180
Tempo, min
– 3.5×10 min
-3 -1
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Reacções de 2ª ordem
• Seu tratamento é mais complexo
• Caso mais simples
2 A→ Produtos
• A lei cinética será

• Integrando esta equação teremos


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Reacções de Ordem Zero


• A velocidade da reacção é independente da concentração dos

reagentes

• Na forma integral

Meia Vida, t1/2


• Tempo requerido para que a concentração dos reagentes se

reduza até a metade do valor inicial


• É uma medida da rapidez da reacção

• Quanto maior t1/2 mais lenta é a reacção


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• Em t1/2 temos a relação das concentrações

• Ou seja

• Substituindo na equação integral de 1ª ordem


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Ou

Isolando t1/2 temos


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Visão Microscópica da Velocidade das Reacções

• visão do que ocorre a nível atómico e

molecular durante a reacção


• Análise cada factor que afecta a velocidade a

nível microscópico

• Uma das mais importantes teorias para

explicar estes efeitos é a teoria das


colisões
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Teoria de Colisões
• As moléculas reagentes devem colidir umas com as

outras
• Para que as colisões sejam efectivas as moléculas

deverão ter suficiente energia


• Durante as colisões as moléculas deverão estar

orientadas para produzir um rearranjo adequado de


átomos
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A frequência das colisões depende da


Temperatura
Orientação das moléculas
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Temperatura e Energia de Activação


• Numa amostra as moléculas não possuem todas a mesma

energia
• A distribuição de energia nas moléculas é dada pela equação

de Boltzmann
• Numa amostra de um gás ou de um líquido parte das

moléculas
• tem uma energia baixa,

• outras intermédias e

• ainda outras uma energia alta


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Energia de Activação
• De acordo com a teoria das colisões as
moléculas precisam de
• uma energia mínima para poderem produzir colisões efectivas

• Colisões efectivas são aquelas que conduzem a


formação do produto
• Quando duas moléculas colidem parte da sua energia é
convertida em energia vibracional
• Se as vibrações forem enérgicas o suficiente culminarão com
a quebra das ligações
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• Esta energia pode ser visualizada como uma


barreira que as moléculas precisam transpor para
poder reagir
• Esta energia é chamada energia de activação, Ea

ou Eact

Curva de distribuição da energia


cinética das moléculas
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• Ao colidir as moléculas formam um complexo


activado (ou estado de transição, AB‡)
• Uma espécie temporária formada pelos reagentes
como resultado da colisão

A + B  AB‡ C + D

Energia potencial
Energia potencial

Reacção
Reacção
endotérmica
exotérmica
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Efeito da Temperatura

• O aumento da temperatura leva a um aumento


• na proporção de moléculas com energia
suficiente para produzir colisões efectivas
• da energia cinética média das moléculas
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Número de moléculas
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Efeito da Orientação das moléculas

• As moléculas devem também ter uma orientação

adequada
• Uma colisão com energia suficiente mas com orientação

não adequada não produz o efeito desejado


• Não é efectiva

• O efeito da orientação, o factor estérico, determina

quão rápida será a reacção


• afecta o valor de k, a constante de velocidade
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Equação de Arrhenius
• A velocidade de uma reacção depende

• da frequência das colisões,

• da temperatura e

• do factor estérico

• Onde

• Ea é a energia de activação,

• k a constante de velocidade da reacção,

• R a constante universal dos gases,

• T a temperatura em Kelvin e

• A o factor de frequência ou factor pré-exponencial


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• O factor pré-exponencial é o produto

• da frequência das colisões (z) e

• do factor estérico (p) que reflecte a fracção de

colisões com orientação efectiva – sempre inferior a 1

• A parte representa a fracção de colisões com


energia suficiente para produzir a reacção
• A equação de Arrhenius pode ser linearizada o

que permite obter os chamados parâmetros de


Arrhenius (k, A e Eact)
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• De acordo com esta equação linear () podemos extrair todos

os parâmetros
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Efeito da orientação durante as colisões

Para introduzir este efeito (orientação) a equação de


Arrhenius é alterada para
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Exemplo: as constantes de velocidade da reacção de


decomposição de acetaldeído

CH3CHO(g)  CH4(g) + CO(g)

Foram medidas a diferentes temperaturas e colocados na


Tabela. Determine o valor da energia de activação da reacção
e A.
K (M1/2-s) T(K)
0.011 700
0.055 750
0.105 760
0.343 790
0.789 810
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Solução: da equação de Arrhenius vamos calcular Ln k e !/T


K (M1/2-s) T(K) 1000/T(K-1) Ln K
0.011 700 1.4286 - 4.5099
0.035 730 1.3333 - 2.9004
0.105 760 1.3158 - 2.2538
0.343 790 1.2658 - 1.0700
0.789 810 1.2346 - 0.2370
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Catalisadores
• Algumas reacções são influenciadas na sua

velocidade pela presença de substâncias que não


são consumidas ao longo da reacção
• catalisadores

• Actuam reduzindo a energia de activação do

processo
• Distinguem se três tipos de catálise,

• a catálise homogénea, onde o catalisador e os reagentes

se encontram na mesma fase e


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• a catálise heterogénea, aqui o catalisador encontra se na

fase sólida e a reacção decorre na superfície de contacto


deste
• Vários processos industriais pertencem a esta classe

• Um outro tipo de catálise ocorre nos seres vivos –

catálise enzimática
• As enzimas são proteínas que catalisam as reacções

que ocorrem nos seres vivos


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Mecanismo de Reacção
• Sequência de etapas de quebra e formação de

ligações na conversão de reagentes em produtos


• Usando a equação de velocidade é possível deduzir o

mecanismo da reacção
• Algumas reacções ocorrem numa única etapa, ou

seja,
• a reacção ocorre como resultado de uma única colisão

entre os reagentes
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• Muitas reacções ocorrem como uma sequência de


etapas
• Reacções com mais de duas moléculas ocorrem em
etapas
• É muito pouco provável que três ou mais
moléculas colidam na orientação desejada
• ocorrem em etapas múltiplas
• Cada uma dessas etapas é denominada etapa
elementar
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• Exemplo:

Br2(g) + 2 NO(g) → 2BrNO(g)


• Esta reacção envolve 3 moléculas

• Decorrerá em etapas

• Na primeira etapa Br2 liga-se a NO e

• na segunda O intermediário Br2NO reage com NO formando BrNO, o

produto da reacção

• Etapa 1 Br2(g) + NO(g) → Br2NO(g)

• Etapa 2 Br2NO(g) + NO(g) → 2 BrNO(g)

• Reacção global Br2(g) + 2 NO(g) → 2 BrNO(g)


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• Uma etapa elementar descreve um evento único


tal como
• a quebra de uma ligação ou
• o deslocamento de um átomo como resultado
de uma colisão
• Cada etapa tem a sua energia de activação e sua
constante de velocidade
• A soma das etapas produz a equação global e o
tempo de reacção é a soma dos tempos de todas
etapas
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Molecularidade e Etapas Elementares


• As etapas elementares são classificadas pelo número

de moléculas (átomos, iões, ou radicais livres)


reagentes
• A molecularidade é representada por um número

positivo inteiro que indica o número de moléculas


que reagem
• Quando uma reacção envolve uma única molécula é dita

unimolecular
• E quando envolve duas é denominada bimolecular
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Equações de Velocidade para Reacções Elementares


• a ordem em relação a um dado reagente, na equação elementar, é

representada pelo coeficiente estequiométrico

• A equação de velocidade é definida pela equação estequiométrica

• ou seja

• A molecularidade e a ordem de uma reacção elementar são os mesmos

Etapa elementar Molecularidade Equação de


velocidade
A → produto Unimolecular V = K[A]
A + B → Produto Bimolecular V = K[A][B]
A + A → Produto Bimolecular V = K[A]2
2 A + B → Produto Trimolecular V = K[A]2[B]
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Mecanismo de Reacção e Equação de Velocidade


• Num processo com múltiplas etapas a etapa mais lenta é

que determina a velocidade do processo


• Se uma reacção envolve duas etapas e sendo que a

primeira é lenta e a segunda rápida


• Etapa 1 A+B X+M
Lenta, grande Ea, 0.0001 reacções/s

• Etapa 2 M+A Y
Rápida, pequena Ea, 1000 reacções/s

• Equação global: 2A+B X+Y


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Mecanismo de Reacção (cont.)


• Na primeira etapa A e B reagem lentamente para formar X e

um intermediário M
• Logo que M é formado e é rapidamente consumido para

produzir o segundo produto Y


• A etapa determinante é a primeira e é bimolecular.

• A sua equação de velocidade é

V = k1[A][B]

• Sendo k1 a constante de velocidade para esta etapa

• A equação global terá um comportamento similar, será de 2ª

ordem
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Mecanismo de Reacção: exemplo 1


• experiências mostram que a reacção de NO2 com flúor é de

segunda ordem e tem a seguinte equação de velocidade


2 NO2(g) + F2(g) 2FNO2(g) V = k[NO2][F2]

• A equação de velocidade da reacção elimina logo a hipótese

de uma reacção numa única etapa

• Se a reacção ocorresse numa única etapa seria de 2ª ordem

em relação a NO2
• Logo existem no mínimo duas etapas no mecanismo
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• A etapa mais lenta envolverá NO2 e F2 na razão de

1:1
• Etapa 1 NO2(g) + F2(g) FNO2 (g) + F(g)

• Etapa 2 NO2(g) + F(g) FNO2 (g)

• Eq. Global 2 NO2(g) + F2(g) 2FNO2(g)


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Mecanismo de Reacção: exemplo 2


• Um outro caso de reacções de duas etapas é aquele

em que a primeira etapa é rápida e a segunda lenta


• Um exemplo é a reacção de óxido nítrico com

oxigénio

2 NO(g) + O2(g) → 2 NO2(g)


V = k[NO]2[O2]

• A lei de velocidade mostra que a reacção é de 2ª

ordem em relação a NO e de 1ª em relação a O 2


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• Embora esta lei mostre que a reacção é de ordem 3, existe

evidencia de um intermediário
• Isto indica que temos um processo em duas etapas

• As duas possíveis etapas são

• Etapa 1: NO (g) + O2(g) OONO(g) (rápida,


equilíbrio)
• Etapa 2: NO(g) + OONO(g) 2 NO2(g) (lenta)

• Eq. global 2 NO(g) + O2(g) 2 NO2(g)

• A 2ª etapa é determinante da velocidade do

processo
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• A equação de velocidade da 2ª etapa é

V = k2[NO][OONO]

• Como a velocidade de consumo de OONO é muito

baixa,

• existe a possibilidade de este reverter a NO e O 2

• a velocidade desse processo será

V = k-1[OONO]

• Com a formação de OONO a [NO] e de [O 2]

diminui,
UEM - Departamento de Química 63

• diminuindo também a velocidade da reacção

directa
• A [OONO] aumenta e a reacção inversa aumenta

de intensidade

• Eventualmente as velocidades de k +1 e de k-1 se

igualam, atinge-se o equilíbrio


• as duas equações são muito rápidas - atingem o

equilíbrio antes que significantes quantidades de OONO

tenham sido consumidas para produzir NO2, a 2ª reacção


UEM - Departamento de Química 64

De acordo com a condição de equilíbrio podemos

escrever

K+1[NO][O2] = k-1[OONO]

• Rearranjando temos

• k+1 e k-1 são constantes, só alteram com a temperatura, a sua

razão será uma outra constante K


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• Então a concentração de OONO será

[OONO] = K[NO][O2]

• Esta expressão pode ser introduzida na lei de velocidade da

etapa lenta, a determinante


V = k2[NO][OONO] = k2[NO]K[NO][O2]

• De novo, produto de constantes é uma cst

V = k[NO]2[O2]

• Esta é a expressão determinada experimentalmente

• Exemplo 3: Mostre que a reacção com um intermediário

N2O2 leva também a mesma lei de velocidade.


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Resumo
• Velocidade de reacção

• Factores que afectam a velocidade de uma

reacção
• Concentração dos reagentes

• Lei de velocidade de uma reacção

• Ordem de reacção

• Lei de velocidade integrada


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• Temperatura
• Teoria das colisões
• Equação de Arrhenius

• Catalisadores
• Mecanismo de reacção

• Molecularidade e equações de velocidade elementares

• Etapa determinante
UEM - Departamento de Química 68

EQUILÍBRIO QUÍMICO
UEM - Departamento de Química 69

Estado de Equilíbrio
• Todas as reacções químicas são, em princípio,

reversíveis
• P.e. quando dissolvemos CaHCO3 em água,

• inicialmente são formados iões de Ca2+ e de HCO3-

• Se este processo for levado em ambiente

fechado,
• vamos ter a libertação de CO2 que permanece em

contacto com a solução


UEM - Departamento de Química 70

• Estas espécies, Ca2+, HCO3-, CaCO3, CO2 e H2O,

coexistem na solução como mostra reacção seguinte


Ca2+(aq) + 2 HCO3-(aq) CaCO3(s) + CO2(g) + H2O(l)

• A partir de uma dada altura não se observa qualquer

mudança a nível macroscópico, embora a reacção


continue
• a nível microscópico o processo continua

• Os produtos combinam-se

• a medida que sua concentração aumenta a velocidade desta

reacção (inversa) também aumenta


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Estado de Equilíbrio (cont.)


• A certa altura as velocidades se igualam

• é nesta altura que, aparentemente, nada ocorre

• Temos nesta altura um equilíbrio dinâmico

• Onde Vdirecto = Vinverso

• O processo de equilíbrio tem é independente

do lado em que for considerado


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Constante de Equilíbrio
• Para um processo genérico em equilíbrio

aA + bB cC + dD
• A posição do equilíbrio pode ser caracterizada pelas

concentrações das espécies intervenientes


• Uma forma de expressar esta relação de concentrações é

através da constante de equilíbrio


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• Exemplo

H2(g) + I2(g) = 2HI(g) ⇒


• Tratando-se de gases podemos também exprimir a K através

das pressões
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Equilíbrio em Sistemas Heterogéneos


• na relação de equilíbrio não aparecem as substâncias que

não se distribuem homogeneamente como sejam os sólidos e


líquidos puros
• Exemplo:

CuO(s) + CO(g) = Cu(s) + CO2(g)

• A constante de equilíbrio será


UEM - Departamento de Química 75

Cálculos
• Exemplo 1: Calcule Kc do equilíbrio indicado na equação,

se no equilíbrio a concentração de N2 gasoso é 0.2 mol/l,

de O2 gasoso é 0.4 mol/l e de NO 0.6 mol/l, à uma dada


temperatura.

N2(g) + O2(g) = 2NO(g)


• Resolução
UEM - Departamento de Química 76

• Exemplo 2: Calcule Kc da reacção de nitrogénio e

hidrogénio, se as massas iniciais de N2 e de H2 são


respectivamente 5.6 e 0.60 gramas, sendo a massa de
amoníaco no equilíbrio igual a 0.85 gramas. O volume do
recipiente é 1dm3.
• Resolução

N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)


• Cálculo de concentrações iniciais e em equilíbrio
UEM - Departamento de Química 77

Deslocamento do equilíbrio químico. Princípio de Le


Chatelier

• Se um sistema em equilíbrio é perturbado em consequência

dos processos que nele ocorrem, o equilíbrio deslocar-se-á


no sentido da diminuição do efeito dessa perturbação, ou
seja o sistema reage de modo a contrariar essa perturbação,
para tal sua composição modifica-se.
• Este princípio permite fazer previsões de natureza

qualitativa.
UEM - Departamento de Química 78

Factores que afectam o estado de equilíbrio


• Variação da concentração de qualquer substância que participa na

reacção;
• variação da pressão (para gases);

• variação da temperatura;

• variação de quantidades de solvente (para soluções).

Efeito da variação da concentração


• Sempre que se dá um aumento da concentração de qualquer das

substâncias que participam no equilíbrio,


• o equilíbrio deslocar-se-á no sentido do consumo desta substância.

• Se se dá uma diminuição da concentração de qualquer das

substâncias,
• o equilíbrio deslocar-se-á no sentido da formação desta substância
UEM - Departamento de Química 79

Efeito da pressão
• Se se diminuir o volume do sistema e portanto aumentar-se

a pressão o equilíbrio deslocar-se-á no sentido da redução


do número de partículas do gás, isto é,
• no sentido do diminuição da pressão.

Efeito da variação da temperatura


• para processos exotérmicos

• o aumento da temperatura favorece a reacção inversa e

• a diminuição favorece a reacção directa


UEM - Departamento de Química 80

Efeito da variação do solvente


• reacções em solução são alteradas pelas variações

da quantidade do solvente de maneira análoga à


alteração provocada pela pressão em reacções de
gases
• A diluição (aumento da quantidade do solvente) desloca o

equilíbrio no sentido de maior número de partículas


dissolvidas.
• O aumento do soluto, ou seja, diminuição do solvente faz

deslocar o equilíbrio no sentido de menor número de


UEM - Departamento de Química 81

Presença de catalisador
• Consideremos a reacção reversível

2 SO2(g) + O2(g) → 2 SO3(g)

• Este equilíbrio pode estabelecer-se na presença de platina ou

pentóxido de vanádio, V2O5, que catalisam a reacção,


• mas pode estabelecer-se, também, na ausência de catalisadores.

• Na presença de um catalisador (positivo) o equilíbrio é estabelecido

mais rapidamente,
• mas a posição do equilíbrio não varia

• o catalisador afecta de igual modo a velocidade da reacção directa e a

velocidade da reacção inversa.

• Os catalisadores são importantíssimos na indústria química e não só.


UEM - Departamento de Química 82

Equilíbrio na indústria
• Muitas substâncias de uso industrial e em outras

áreas obtém-se na indústria química usando


equilíbrios químicos e tendo como base a lei de Le
Chatelier
• Exemplos

• o ácido sulfúrico (H2SO4)

• o amoníaco (NH3),

• o ácido nítrico

• o CaO (óxido de cálcio)


UEM - Departamento de Química 83

Síntese de ácido sulfúrico (H2SO4). Método de contacto


• H2SO4 é um líquido bastante viscoso de densidade 1.83 e absorve

bastante humidade, por isso é um bom excicante


• A síntese faz-se em três etapas

• 1ª Produção de SO2 a partir de enxofre ou sulfuretos e oxigénio (do ar)

FeS2(s) + 5/2O2(g) → FeO(s) + SO2(g)

S(s) + O2(g) → SO2(g)

ZnS(s) + 3/2O2 → ZnO(s) + SO2(g)

• 2ª conversão de SO2 em SO3 na presença de um catalisador


2SO2 + O2(g) = 2SO3(g) ∆H = -196 kJ

• Este equilíbrio pode ser forçado para a direita usando a lei de Le

Chatelier do seguinte modo:


1. Juntando um excesso de O2
UEM - Departamento de Química 84

2. Elevando a pressão

3. Baixando a temperatura

4. Retirando SO3 da mistura de reacção

5. Usando um catalisador para estabelecimento rápido do equilíbrio.

• Na prática procede-se de seguinte modo:

• Junta-se ar em excesso em vez de O2 - ar não custa absolutamente nada e

contém O2.

• À temperatura baixa a pressão é favorável (pois o processo é exotérmico),

• mas a velocidade da reacção será muito lenta e

• o processo não será económico nessas condições.

• Assim trabalha-se 400ºC ou seja 673K.

• Para evitar-se maiores temperaturas usam-se catalisadores, neste

caso V2O5.
UEM - Departamento de Química 85

• Assim o equilíbrio estabelece-se mais rapidamente à essa

temperatura que não é muito alta.


• Não se aumenta a pressão pois a 400 ºC o rendimento é de

98%.
• 3º Passo

SO3(g) + H2O(l) → H2SO4(g)


• Dissolve-se o SO3 depois de arrefecido em H2SO4 e junta-se

água para manter uma composição perto de 100% de H2SO4


UEM - Departamento de Química 86

Aplicações do H2SO4

• O ácido sulfúrico é importante na produção de:

• ácidos, bases, sais e cloro

• adubos minerais

• síntese orgânica

• produção de explosivos, importantes na construção e na

indústria militar
• rectificação da querosene, óleos de petróleo, produção de

benzeno, fabrico de tintas


UEM - Departamento de Química 87

Síntese do amoníaco, NH3


• O NH3 obtém-se a partir de N2 e H2 segundo o equilíbrio

N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)


• N2 obtém-se através da destilação do ar líquido, o H2 a partir

do carvão ou gás natural e água.


• Teoricamente e segundo a lei de Le Chatelier força-se o

equilíbrio para a direita


• elevando a pressão

• baixando a temperatura

• diminuindo NH3 da mistura da reacção


UEM - Departamento de Química 88

• No fabrico do amoníaco, no chamado processo de Haber-

Bosch procede-se do seguinte modo:


1. Efectua-se o processo sob pressão elevada (100-1000 atm = 10 7-108
Pa)
2. Utiliza-se um catalisador para permitir o estabelecimento do
equilíbrio a temperaturas mais baixas (500-600 ºC).

• O catalisador é uma mistura de óxidos de ferro, alumínio e

potássio.
• Sob as condições de reacção o óxido de ferro é reduzido e

assim fica uma massa de catalisador poroso essencialmente


de ferro.
UEM - Departamento de Química 89

• Nestas condições a mistura de equilíbrio ainda

contém quantidades consideráveis de N2 e H2


• Não é possível tirar o NH3 formado durante a reacção.

• aplica-se a descompressão da mistura que sai do reactor

que resulta na queda da temperatura que permite a


condensação do NH3 (o pto. eb. de NH3 é -33 ºC).

• A mistura de N2 e H2 que fica é reciclada

• Atinge-se assim um rendimento de 100%.


UEM - Departamento de Química 90

Aplicações do amoníaco
• Aplica-se na produção de adubos para a agricultura

(sulfato de amónia e nitrato de amónia)


• Como matéria prima na preparação de ácido nítrico

• Como líquido refrigerante em grandes instalações

frigoríficas.
• Nas pequenas não se usa amoníaco mas sim compostos

orgânicos de flúor.
UEM - Departamento de Química 91

Síntese de ácido nítrico, HNO3


• A síntese de ácido nítrico dá-se em três passos

• A síntese de NO a partir de O2 e N2 (ar)

• conversão de NO em NO2

• reacção entre NO2 e H2O

• Destes três passos os dois últimos dão-se espontaneamente sob condições

normais de pressão e temperatura


• O problema reside na síntese de NO

• Para a sua produção usa-se a combustão catalítica do NH 3

• Passa-se uma mistura de NH 3 e ar através duma rede de platina cuja

temperatura é de 900 °C

4 NH3(g) + 5 O2(g) → 4 NO(g) + 6H2O(g)


UEM - Departamento de Química 92

• A reacção é completa.

• O NO reage com o excesso de O2 formando NO2

2 NO(g) + O2(g) → 2 NO2(g)

• e depois o NO2 reage com água

3 NO2(g) + H2O(l) → 2 HNO3(g) + NO(g)

• O NO formado neste último passo reage com mais O 2, de maneira

que no fim cada molécula de NO formada no primeiro passo é


convertido em HNO3

Aplicações do ácido nítrico


• Produção de nitrato de amónia

• Produção de corantes

• Produção de explosivos como dinamite e TNT (trinitrotolueno)


UEM - Departamento de Química 93

Síntese de óxido de cálcio (cal viva)

• O óxido de cálcio pode ser sintetizado a partir do giz

(carbonato de cálcio) através da reacção


CaCO3(s) → CaO(s) + CO2(g) ΔH = + 177 kJ

• Aplicando o princípio de Le Chatelier, o equilíbrio

pode ser forçado para o lado direito


1. Elevando a temperatura

2. Tirando o CO2
UEM - Departamento de Química 94

• Na prática aquece-se o giz (mármore) num forno até uma

temperatura de cerca de 900°C e passa-se uma corrente de ar

que arrasta o CO2 formado.

Aplicações do óxido de cálcio (CaO)


• Construção como cimento, betão e emboço.
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Resumo
• Conceito de equilíbrio

• Aspecto dinâmico do equilíbrio

• Constante de equilíbrio

• Equilíbrio homogéneo

• Equilíbrio heterogéneo

• Aplicações

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