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AULA 6
META DA AULA
OBJETIVOS
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
1. Definir e calcular a velocidade de uma reação;
2. Definir e determinar a lei de velocidade e a constante de velocidade de uma
reação;
3. Definir e determinar a meia vida de uma reação.
INTRODUÇÃO
A cinética é a área da química que trata das velocidades das reações químicas. Quando se
inicia o estudo de um sistema reacional, é comum fazer uma análise termodinâmica para
determinar se, nas condições em que se pretende trabalhar, o processo será espontâneo.
Contudo, encontramos vários casos em que uma reação química, mesmo sendo espontânea,
parece não ocorrer. Embora a análise termodinâmica possa dar informações sobre a
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espontaneidade, não é capaz de dizer qual é a velocidade com que o sistema, sob certas
condições de pressão, temperatura e concentrações iniciais de reagentes e produtos, vai
alcançar o estado de equilíbrio. Em muitos casos, esta velocidade é tão reduzida que,
mesmo em um tempo muito longo, não se observa a formação de produtos.
Nosso objetivo, nesta aula e nas próximas, será não apenas entender os métodos
empregados para determinar as velocidades nas quais as reações se passam, mas também
analisar os fatores que influenciam estas velocidades.
Temperatura
A elevação da temperatura quase sempre leva ao aumento da velocidade de uma reação
química. O aumento da temperatura aumenta a energia cinética das moléculas, fazendo
com que elas se movam mais rapidamente. Consequentemente, elas irão se chocar com
mais freqüência e com energia mais alta, o que aumenta a velocidade da reação.
Presença de um catalisador
Catalisadores são agentes que alteram, geralmente aumentando, a velocidade com que um
sistema reacional alcança o equilíbrio, sem serem consumidos na reação. Este efeito é
conseqüência de alterações no mecanismo da reação, que diminuem a energia mínima
necessária em um choque entre moléculas para que a reação ocorra.
Velocidade de reação
Antes de prosseguirmos em nossos estudos sobre cinética, vamos definir de maneira mais
formal o que é a velocidade de uma reação.
O termo velocidade, no dia a dia, é geralmente associado à medida da variação da posição
de um objeto em um determinado intervalo de tempo. Por exemplo, um automóvel que se
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desloca à velocidade de 80 km/h irá percorrer, em 15 minutos, a distância de 20
quilômetros.
Por analogia, podemos determinar a velocidade de uma reação medindo a variação da
concentração de um reagente, ou de um produto, em um dado intervalo de tempo. A
velocidade de reação é, então, comumente expressa como variação do número de moles de
uma determinada espécie, por unidade de volume, por unidade de tempo, sendo a unidade
mais comum o mol.L-1.s-1.
Seja, por exemplo, uma reação hipotética simples, em que um reagente A se transforma no
produto B.
A B
A velocidade desta reação pode ser expressa como a taxa de consumo do reagente A, ou
como a taxa de aparecimento do produto B. A taxa média de produção de B durante um
dado intervalo de tempo é calculada dividindo-se a variação na concentração de B pela
variação no tempo:
A concentração de A diminui com o tempo, já que esta espécie é consumida, ou seja, [A]
em t2 é menor que [A] em t1, fazendo com que a expressão no numerador tenha um valor
negativo (A < 0). Como a velocidade de reação é, por definição, uma grandeza positiva,
coloca-se, então, um sinal negativo na expressão sempre que a variação da concentração de
um reagente for utilizada, para inverter seu sinal.
Outro caso que precisa ser considerado é quando um ou mais dos coeficientes
estequiométricos dos componentes de uma reação química são diferentes de um. Tomemos
como exemplo a formação de água a partir de hidrogênio e oxigênio:
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Neste caso, para cada mol de O2 que reage, dois moles de H2 são consumidos, ou seja, se
utilizássemos a mesma expressão do exemplo anterior para o cálculo da velocidade média,
teríamos que a velocidade em relação ao H2 seria o dobro da velocidade em relação ao O2.
O mesmo aconteceria no caso da água, cuja velocidade de produção seria o dobro da
velocidade de consumo do O2. Para que a velocidade média de uma reação seja
numericamente a mesma, independentemente do componente do meio reacional utilizado
para o cálculo, é preciso levar em conta a estequiometria da reação. Assim, se dividirmos a
variação da concentração de cada componente por seu coeficiente estequiométrico,
chegaremos ao mesmo valor numérico de velocidade média, seja qual for a substância
empregada para o cálculo:
aA+bB cC+dD
ATIVIDADE 1 (objetivo 1)
A decomposição do N2O5 ocorre conforme a seguinte reação:
RESPOSTA COMENTADA
Δ[N 2 O 5 ]
(a) Sabemos que: 5,0 106 mol.L1 .s 1 (o valor é negativo porque o
Δt
reagente é consumido).
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(b) As velocidades de produção do NO2 e do O2 podem ser calculadas através desta
expressão:
Δ[NO 2 ]
Δt
2 5,0 106 1,0 105 mol.L1 .s 1
Δ[O 2 ] 1 Δ[N 2 O 5 ] 1
(5,0 106 ) 2,5 106 mol..L1 .s 1
Δt 2 Δt 2
FIM DA REPOSTA COMENTADA
Leis de velocidade
Uma lei de velocidade é uma equação que mostra a dependência entre a velocidade de uma
reação e as concentrações dos reagentes. Consideremos, por exemplo, a seguinte reação
genérica:
a A + b B produtos
Para transformar esta expressão numa igualdade, é preciso introduzir uma constante de
proporcionalidade. Neste caso, definimos a constante de velocidade, k, que é função da
natureza da reação e da temperatura. O valor de k é independente das concentrações. A
expressão da velocidade de reação será:
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Se o valor de m for igual a 1, dizemos que a reação é de primeira ordem em relação a A, ou
seja, sua velocidade é diretamente proporcional à concentração de A. Se o valor de [A] for
dobrado, dobra-se a velocidade da reação. Se o valor de n também for igual a 1, ou seja, a
reação também for de primeira ordem em relação a B, temos que a ordem global da reação
é 2 (m+n = 1+1 = 2).
Se o valor de m for igual a 2, dizemos que a reação é de segunda ordem em relação a A, ou
seja, sua velocidade é proporcional ao quadrado da concentração de A. Se o valor de [A]
for dobrado, multiplica-se a velocidade de reação por quatro.
Se a ordem da reação em relação a um dado componente for zero, isto significa que a
variação da concentração desta substância não afeta a velocidade da reação, pois o valor de
qualquer grandeza elevada a zero é constante e igual a um ([A]0 = 1).
No caso de a ordem de reação em relação a uma determinada substância ser negativa, isto
significa que um aumento da concentração desta substância irá diminuir a velocidade da
reação.
ATIVIDADE 2 (objetivo 2)
Os seguintes dados foram obtidos para a velocidade de consumo do NO na reação:
Qual é a lei de velocidade para esta reação? Qual é o valor médio da constante de
velocidade, calculado a partir dos três conjuntos de dados?
RESPOSTA COMENTADA
Comparando os experimentos 3 e 2, observa-se que [NO] foi mantida constante, enquanto
que [O2] foi dobrada do experimento 3 para o 2. Calculando a razão entre as velocidades
obtidas nestes experimentos:
velocidade 2 1,13101
2,00
velocidade 3 5,64102
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velocidade 3 5,64 102
4,00
velocidade 1 1,41102
Velocidade = k [NO]2[O2]
velocidade 2 1,13101
8,01
velocidade 1 1,41102
velocidade 1,4110-2
k Por exemplo, k1 2
7,22 103
[NO] 2 [O 2 ] [0,0125] [0,0125]
(mol.L-1.s-1)
1 0,0125 0,0125 1,4110-2 7,22103
2 0,0250 0,0250 1,1310-1 7,23103
3 0,0250 0,0125 5,6410-2 7,22103
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Δ[A] Δ[A]
Velocidade k [A] k Δt
Δt [A]
Integrando a expressão anterior, entre o momento inicial da reação, ou seja, t=0 (quando a
concentração do reagente é a concentração inicial, [A]0), e um tempo t qualquer (que
corresponde a uma concentração de reagente [A]t):
[A] 0
ln kt ln[A] 0 ln[A] t kt ln[A] t ln[A] 0 kt
[A] t
Em termos de logaritmo na base 10, estas equações podem ser reescritas como:
[A] 0 kt kt
log log[A] t log[A] 0
[A] t 2,303 2,303
Estas equações podem ser utilizadas para verificar se uma reação é de primeira ordem e
para determinar sua constante de velocidade. Se a reação for de primeira ordem, ao
colocarmos em um gráfico os valores de ln[A]t (ou log[A]t) em função do tempo, vamos
obter uma reta cujo coeficiente angular, em módulo, é a constante de velocidade k (ou
k/2,303).
Δ[A] Δ[A]
Velocidade k[A] 2 k Δt
Δt [A] 2
1 1 1 1
kt kt
[A] t [A] 0 [A] t [A] 0
[A] 0
Outra forma desta equação é: [A] t
1 kt [A] 0
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Se a reação for de segunda ordem, um gráfico de 1/[A]t em função do tempo irá produzir
uma reta cujo coeficiente angular é a constante de velocidade k.
Podemos concluir que, no caso de uma reação do tipo A produtos, uma maneira simples
de distinguir entre reações de primeira e segunda ordem é fazer gráficos de ln [A] e de
1/[A] em função do tempo. Aquele que apresentar uma dependência linear, é o que
indicará a ordem da reação, primeira, se for o de ln [A], e segunda, se for o de 1/[A]. A
constante de velocidade será dada pelo coeficiente angular da reta.
ATIVIDADE 3 (objetivo 2)
A decomposição em fase gasosa do NO2 é estudada a 383°C, fornecendo os seguintes
dados:
2 NO2 (g) 2 NO (g) + O2 (g)
RESPOSTA COMENTADA
Com os dados disponíveis, podemos fazer os gráficos de ln [NO2] e de 1/[NO2] em função
do tempo, e verificar se algum deles mostra uma dependência linear:
Podemos concluir, a partir dos gráficos obtidos, que a reação é de segunda ordem em
relação ao NO2, pois o gráfico de 1/[ NO2] tempo é uma reta. Temos que:
Velocidade = k [NO2]2
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250,00
200,00
150,00
1/[NO2]
y = 10,107x + 10
100,00
50,00
0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
Tem po (s)
-1
-2
ln [NO2]
-3
-4
-5
-6
Tem po (s)
Meia-vida
A meia-vida (t½) de uma reação é o tempo necessário para que a concentração de um
reagente se reduza à metade de seu valor inicial. A meia-vida dá uma idéia sobre a rapidez
com que uma reação se passa. Quanto mais rápida for uma reação, mais curta é a meia-
vida.
No caso de reações de primeira ordem do tipo A produtos, podemos facilmente
determinar a meia-vida, substituindo os valores adequados (t = t½ e [A]t = [A]0/2) na forma
integrada da lei de velocidade:
[A] 0 [A] 0
ln kt ln k t 1/2 ln 2 k t 1/2
[A] t [A] 0
2
10
ln 2 0,693
t 1/2 t 1/2
k k
Podemos concluir que, para uma reação de primeira ordem deste tipo, a meia-vida tem um
valor constante a uma dada temperatura, independente da concentração inicial do reagente.
1 1 1 1 2 1
kt k t 1/2 k t 1/2
[A] t [A] 0 [A] 0 [A] 0 [A] 0 [A] 0
2
1 1
k t 1/2 t1/2
[A] 0 k [A] 0
Observa-se que, para uma reação de segunda ordem deste tipo, ao contrário do resultado
obtido no caso da reação de primeira ordem, a meia-vida varia com a concentração inicial
do reagente.
ATIVIDADE 4 (objetivo 3)
A decomposição do iodeto de hidrogênio, HI, é de segunda ordem. A 600°C, a meia-vida
do HI é de 1,5 min, quando a concentração inicial de HI é de 0,10 mol.L-1. Qual será a
meia-vida se, à mesma temperatura, se a concentração inicial de HI for de 0,020 mol.L-1?
RESPOSTA COMENTADA
Como a reação é de segunda ordem, a meia-vida depende da concentração inicial, segundo
a expressão: t½ = 1/k[HI]0. Fazendo a razão entre as meias vidas nas duas situações:
1 1
t 1/2 k[HI] 0 k[0,020] k[0,10]
'
'
5,0 t1/2 5,0 t1/2
'
5,0 1,5 7,5 min
t 1/2 [HI] 0 1 k[0,020]
k[0,10]
FIM DA RESPOSTA COMENTADA
REFERÊNCIAS
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BRADY, James E. e HUMISTON, Gerard E. Química Geral, vol. 1. 2ª Edição. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1986. 410 pg.
BROWN, Theodore L., LE MAY JR., H. Eugene e BURSTEN, Bruce E. Química, a Ciência
Central. 9ª Edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 972 pg.
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