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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE TECNOLOGIA

Alana Maria de Oliveira


Antônio Gustavo da Silva Moura
José Henrique Azevedo Nunes
Manoel Barroso da Silva Moura
Nilo Rodrigues Alves Filho

INVERSOR DE TENSÃO PONTE COMPLETA DE TRÊS NÍVEIS

Teresina, PI
2024
2

SUMÁRIO
SUMÁRIO--------------------------------------------------------------------------------------------------2
LISTA DE FIGURAS------------------------------------------------------------------------------------- 4
LISTA DE TABELAS------------------------------------------------------------------------------------ 5
1. RESUMO------------------------------------------------------------------------------------------------ 7
2. INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------------8
3. OBJETIVO---------------------------------------------------------------------------------------------10
4. METODOLOGIA------------------------------------------------------------------------------------- 11
4.1. INVERSOR PONTE COMPLETA SEM TEMPO MORTO----------------------------- 11
4.1.1. SEMICICLO POSITIVO---------------------------------------------------------- 11
4.1.2. SEMICICLO NEGATIVO--------------------------------------------------------- 13
4.2. INVERSOR PONTE COMPLETA COM TEMPO MORTO---------------------------- 15
4.2.1. SEMICICLO POSITIVO---------------------------------------------------------- 15
4.2.2. SEMICICLO NEGATIVO--------------------------------------------------------- 18
4.3. MODULAÇÃO SPWM----------------------------------------------------------------------- 21
4.3.1. CHAVEAMENTO UNIPOLAR-------------------------------------------------- 25
4.3.2. DEFINIÇÕES DE PWM-----------------------------------------------------------27
4.3.3. HARMÔNICAS PARA O CHAVEAMENTO UNIPOLAR------------------ 28
4.3.4. ANÁLISE DO CIRCUITO INVERSOR PONTE COMPLETA COM SÉRIE
DE FOURIER------------------------------------------------------------------------------- 30
4.3.5. EXEMPLO NUMÉRICO---------------------------------------------------------- 31
5. SIMULAÇÕES---------------------------------------------------------------------------------------- 35
5.1. SIMULAÇÕES SEM TEMPO MORTO---------------------------------------------------- 35
5.1.1. CARGA RL SEM TEMPO MORTO---------------------------------------------36
5.1.2. CARGA RLC SEM TEMPO MORTO-------------------------------------------38
5.1.3. CARGA R SEM TEMPO MORTO---------------------------------------------- 40
5.2. SIMULAÇÕES COM TEMPO MORTO--------------------------------------------------- 42
5.2.1. CARGA RL COM TEMPO MORTO-------------------------------------------- 43
5.2.2. CARGA RLC COM TEMPO MORTO------------------------------------------ 44
5.2.3. CARGA R COM TEMPO MORTO---------------------------------------------- 46
6. CONCLUSÃO-----------------------------------------------------------------------------------------48
7. REFERÊNCIAS--------------------------------------------------------------------------------------- 49
3

LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Conversor CC-CA ponte completa............................................................................ 7
Figura 2 - Primeira etapa de operação sem tempo morto (semiciclo positivo)...........................9
Figura 3 - Segunda etapa de operação sem tempo morto (semiciclo positivo).........................10
Figura 4 - Terceira etapa de operação sem tempo morto (semiciclo positivo)......................... 10
Figura 5 - Quarta etapa de operação sem tempo morto (semiciclo positivo)...........................11
Figura 6 - Primeira etapa de operação sem tempo morto (semiciclo negativo)........................11
Figura 7 - Segunda etapa de operação sem tempo morto (semiciclo negativo)........................12
Figura 8 - Terceira etapa de operação sem tempo morto (semiciclo negativo)........................ 12
Figura 9 - Quarta etapa de operação sem tempo morto (semiciclo negativo)...........................13
Figura 10 - Primeira etapa de operação com tempo morto (semiciclo positivo)...................... 14
Figura 11 - Segunda etapa de operação com tempo morto (semiciclo positivo)...................... 14
Figura 12 - Terceira etapa de operação com tempo morto (semiciclo positivo).......................15
Figura 13 - Sexta etapa de operação com tempo morto (semiciclo positivo)........................... 16
Figura 14 - Sexta etapa de operação com tempo morto (semiciclo positivo)........................... 16
Figura 15 - Primeira etapa de operação com tempo morto (semiciclo negativo).................... 17
Figura 16 - Segunda etapa de operação com tempo morto (semiciclo negativo)..................... 17
Figura 17 - Terceira etapa de operação com tempo morto (semiciclo negativo)...................... 18
Figura 18 - Sexta etapa de operação com tempo morto (semiciclo negativo).......................... 19
Figura 19 - Sexta etapa de operação com tempo morto (semiciclo negativo).......................... 19
Figura 20 - Sinal de entrada e sinal de saída do modulador SPWM.........................................20
Figura 21 - Circuito modulador unipolar, sem tempo morto.................................................... 21
Figura 22 - Circuito modulador unipolar, com tempo morto....................................................22
Figura 23 - Formas de onda de acionamento de S1 e S2, sem tempo morto............................ 22
Figura 24 - Pico de corrente da fonte de entrada, sem tempo morto........................................ 22
Figura 25 - Formas de onda de acionamento de S1 e S2, com tempo morto............................23
Figura 26 - Pico de corrente da fonte de entrada, com tempo morto........................................ 23
Figura 27 - PWM com modulação unipolar..............................................................................24
Figura 28 - Controle de voltagem variando ma........................................................................ 26
Figura 29 - Espectro de frequência para um PWM unipolar com ma = 1................................ 29
Figura 30 - Tensão vAB sobre as cargas................................................................................... 33
Figura 31 - Espectro de frequência de vAB.............................................................................. 33
Figura 32 - Circuito de ponte completa com carga RL.............................................................34
Figura 33 - Formas de onda para carga RL...............................................................................34
Figura 34 - Espectro de frequência de io para carga RL...........................................................36
Figura 35 - Circuito de ponte completa com carga RLC.......................................................... 36
Figura 36 - Formas de onda para carga RLC............................................................................ 37
4

Figura 37 - Espectro de frequência de io para carga RL...........................................................38


Figura 38 - circuito de ponte completa com carga RLC........................................................... 39
Figura 40 - Espectro de frequência de io para carga RL...........................................................40
Figura 41 - Formas de onda para carga RL, com tempo morto................................................ 41
Figura 42 - Formas de onda para carga RLC, com tempo morto..............................................43
Figura 43 - Formas de onda para carga R, com tempo morto...................................................44
5

LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Harmônicas Generalizadas para um valor grande de mf...........................................28
Tabela 2: Valores das séries de Fourier para carga RL............................................................. 31
Tabela 3: Valores das séries de Fourier para carga RLC...........................................................32
Tabela 4: valores das séries de Fourier para carga R................................................................ 32
Tabela 5: Valores das séries de Fourier para carga RL simulados............................................ 37
Tabela 6: Valores das séries de Fourier para carga RLC simulados..........................................39
Tabela 7: Valores das séries de Fourier para carga R simulados...............................................41
Tabela 8: Valores das séries de Fourier para carga RL simulados com tempo morto...............43
Tabela 9: Valores das séries de Fourier para carga RLC simulados com tempo morto............ 45
Tabela 10: Valores das séries de Fourier para carga R simulados com tempo morto............... 46
6

1. RESUMO
O presente trabalho apresenta o estudo, os métodos aplicados e a implementação do
projeto de um conversor CC-CA (inversor) ponte completa de modulação SPWM unipolar
(três níveis), no qual é analisado separadamente com e sem tempo morto e, junto a isso, são
mostradas suas vantagens e desvantagens nos circuitos em questão. Para o estudo sobre o
respectivo inversor, são realizadas algumas fundamentações teóricas de forma separada,
abordando cada semiciclo (positivo e negativo) com e sem a presença do tempo morto para
um melhor entendimento de suas funcionalidades e alterações no circuito. Além disso,
baseando-se no estudo da teoria, são feitas algumas demonstrações tanto por meio de imagens
ilustrativas dos circuitos, como também através de simulações feitas a partir de softwares
como o Psim e LTspice, no qual podemos fazer as comparações necessárias entre os
resultados obtidos pelos gráficos de sinais gerados e a teoria abordada no decorrer do
trabalho. E para o entendimento da modulação por largura de pulso com onda senoidal
(SPWM) ainda foi abordado sobre as harmônicas e a série de Fourier, pois desempenham
papéis cruciais no entendimento dessa técnica, tendo que o controle e minimização dessas
harmônicas são essenciais para garantir um sinal de saída de qualidade e eficiência no
inversor. E não menos importante, a série de Fourier foi aplicada para analisar a forma de
onda resultante da modulação.
7

2. INTRODUÇÃO
Os circuitos de Eletrônica de Potência desempenham a função de transformar a
energia elétrica de uma forma para outra mediante o uso de dispositivos eletrônicos. Esses
circuitos operam por meio de dispositivos semicondutores, agindo como interruptores que
controlam ou modificam, assim, os valores de tensão ou corrente em um determinado
circuito. As aplicações dos circuitos eletrônicos de potência abrangem uma variedade de
contextos, desde equipamentos de conversão de alta potência, como linhas de transmissão de
potência CC, até situações do dia a dia, como ferramentas elétricas portáteis, fontes de
alimentação para computadores, carregadores de bateria de celulares e sistemas de bateria
para veículos automotivos híbridos (Hart, 2012).
Inversores são dispositivos eletrônicos que convertem corrente contínua (CC) em
corrente alternada (CA). Eles desempenham um papel fundamental em sistemas de energia
elétrica, permitindo a utilização de dispositivos que operam com corrente alternada, mesmo
quando a fonte primária de energia é corrente contínua, como em sistemas de energia solar ou
baterias. O funcionamento básico de um inversor envolve a transformação da corrente
contínua em uma forma de onda alternada, geralmente senoidal, para que os dispositivos
alimentados pelo inversor possam operar normalmente. Existem diferentes tipos de
inversores, cada um com características específicas, e desta forma, é possível classificá-los
por vários fatores, como por exemplo, pelo número de fases; frequência de comutação das
chaves; número de níveis; modulação empregada; tensão ou corrente, e outras inúmeras
formas de classificação (Mohan, Undeland, Robbins, 1989).
Para os inversores de fonte de corrente, mantêm uma corrente de entrada proveniente
de uma fonte alternada com valores constantes durante todo o período, mesmo quando a
tensão de entrada sofre variações. Para garantir essa constância em aplicações específicas, um
indutor com grande reatância é utilizado em série com a fonte de tensão contínua (CC). Esse
indutor tem a responsabilidade de evitar flutuações na corrente, assegurando uma operação
estável e eficiente na malha de alimentação do sistema. Por outro lado, o inversor de fonte de
tensão, que é o mais prevalente, mantém a tensão proveniente da fonte de entrada de corrente
contínua (DC) praticamente constante e independente da corrente exigida pela carga. Essa
fonte de entrada DC pode ser proveniente de uma fonte independente, como uma bateria, ou
ser resultante da saída de um retificador controlado (Ahmed, 2011).
No que diz respeito à classificação por fontes de tensão, existem inversores
monofásicos, bifásicos e trifásicos. Inversores com apenas uma fonte de tensão são nomeados
de monofásicos, os quais são comumente utilizados em aplicações residenciais e comerciais
de menor porte. Inversores com duas fontes de tensão são chamados de inversores bifásicos, e
embora sejam menos comuns, podem ser encontrados em aplicações específicas que exigem
um maior controle de potência. E por fim, inversores com três fontes de tensão são nomeados
de inversores trifásicos, e são amplamente utilizados em sistemas industriais e comerciais de
médio e grande porte devido à sua capacidade de fornecer uma potência mais equilibrada e
eficiente (Rashid, 2017).
Dentre os diversos tipos de inversores, merecem destaque os inversores de tensão
configurados em ponte completa. Esses inversores requerem apenas uma fonte de tensão na
entrada, o que representa uma vantagem em comparação com os conversores em
8

configuração de meia ponte. Outra vantagem dos inversores ponte completa em relação aos
de meia ponte é que toda a tensão da fonte fica sobre a carga e também não é preciso o uso de
um barramento com dois capacitores ou duas fontes iguais para formar uma fonte simétrica, o
que os tornam preferíveis na escolha do tipo de inversor. A topologia ilustrada na Figura 1
corresponde a um conversor de ponte completa, que possui dois braços, cada um equipado
com 4 interruptores bidirecionais em corrente e unidirecionais em tensão (S1/D1, S2/D2,
S3/D3 e S4/D4). Esses conversores também são conhecidos como ponte H (Petry, 2020).

Figura 1 - Conversor CC-CA ponte completa.

Fonte: Lou, Ye, Rashid (2005).

O funcionamento desse tipo de inversor está intrinsecamente ligado ao controle por


chaveamento dos dispositivos utilizados. É crucial ressaltar que essas chaves não são
operadas mecanicamente, mas sim por dispositivos de comutação controlados, como
MOSFET ou IGBT, conhecidos por seu desempenho superior. Através da comutação desses
dispositivos, a tensão oscila entre um valor positivo, zero e um valor negativo, o que resulta
na geração de uma forma de onda alternada na saída (Pomilio, 1998).
Vale ressaltar que a versatilidade dos inversores de ponte completa permite sua
aplicação em uma variedade de sistemas elétricos e eletrônicos, como por exemplo: sistemas
de energia solar residencial; sistemas de alimentação ininterrupta (UPS); controle de
velocidade de motores elétricos; equipamentos eletrônicos sensíveis; veículos elétricos e
eletrodomésticos.
9

3. OBJETIVO
O trabalho tem como objetivo principal de analisar, compreender e explicar o
funcionamento de um conversor CC-CA (inversor) ponte completa de modulação unipolar
(com três níveis), tendo como base algumas fundamentações teóricas, partindo para a parte de
dimensionamento e, por fim, comparando as propostas teóricas apresentadas com os gráficos
obtidos por meio de softwares de simulação. Além disso, apresentar as diferenças entre o
inversor ponte completa de três níveis com e sem tempo morto.
10

4. METODOLOGIA

4.1. INVERSOR PONTE COMPLETA SEM TEMPO MORTO

4.1.1. SEMICICLO POSITIVO


O inversor de tensão de ponte completa, operando em modo de condução contínua e
sem tempo morto, com modulação PWM senoidal unipolar é composta por oito etapas de
operação, sendo elas: quatro para o ciclo positivo da tensão de saída em um período de
comutação, e quatro para o ciclo negativo da tensão de saída.
As etapas do semiciclo positivo são dadas por:

● PRIMEIRA ETAPA
Nesta etapa de operação, as chaves S1/D1 e S4/D4 estão habilitadas, como é
observado na Figura 2, enquanto S2/D2 e S3/D3 estão desabilitadas. Desse modo, a carga e o
filtro LC são conectados diretamente à fonte de alimentação, resultando na tensão de saída
igual a tensão de entrada (Vi), pois a corrente de barramento CC é positiva. O término da
etapa ocorre quando o interruptor S4 é desligado.

Figura 2 - Primeira etapa de operação sem tempo morto (semiciclo positivo).

Fonte: Autor, 2024.

● SEGUNDA ETAPA
Nesta etapa de operação, a chave S4/D4 é bloqueada e a S3/D3 é a responsável por
conduzir, como é observado na Figura 3. S1/D1 permanece conduzindo e a corrente que
circula pelo indutor mantém a sua direção, o que resulta na polarização do diodo em
antiparalelo do interruptor. Dando início à segunda etapa de operação. O interruptor S3/D3
não consegue conduzir, devido ao sentido da corrente na carga, apesar de ser comandado em t
= t2. A corrente no indutor diminui, uma vez que a energia armazenada nele é liberada para a
fonte e a carga. A tensão de saída V é zero nesta fase. Isso faz com que a S4/D4 seja
conduzida de novo, finalizando esta etapa.
11

Figura 3 - Segunda etapa de operação sem tempo morto (semiciclo positivo).

Fonte: Autor, 2024.

● TERCEIRA ETAPA
Nesta etapa de operação, a chave S2/S2 é bloqueada e a S4/D4 retorna a conduzir,
como é observado na Figura 4, conectando a carga e o filtro LC à fonte de tensão. Na segunda
etapa, a corrente no indutor aumenta e a tensão de saída V volta a ser o valor do barramento
CC. A etapa é finalizada quando a chave S1/D1 é aberta
.

Figura 4 - Terceira etapa de operação sem tempo morto (semiciclo positivo).

Fonte: Autor, 2024.

● QUARTA ETAPA
Esta é a última etapa para o semiciclo positivo. A chave S1/D1 é bloqueada e a
corrente no indutor não muda de direção imediatamente, passando a circular no diodo em
antiparalelo da chave S2/D2, como é observado na Figura 5. A corrente diminui, uma vez que
a energia armazenada no indutor é liberada para a carga. Apesar de ser operada em t=t6, a
chave S2/D2 não chega a conduzir devido ao sentido da corrente.
12

Figura 5 - Quarta etapa de operação sem tempo morto (semiciclo positivo).

Fonte: Autor, 2024.

4.1.2. SEMICICLO NEGATIVO


Assim como no semiciclo positivo, pela ausência do tempo morto, ao prosseguir para
a etapa seguinte, no semiciclo negativo, temos que o acionamento das respectivas chaves
mencionadas a seguir também será feito de forma simultânea ao desligamento da chave que
anteriormente encontrava-se ligada no mesmo braço do circuito.
Da mesma forma que o semiciclo positivo, no semiciclo negativo do inversor ponte
completa unipolar existem 4 etapas de operação, as quais são dadas por:

● PRIMEIRA ETAPA
Nesta etapa, estão habilitadas as chaves S2/D2 e S3/D3, à medida que S1/D1 e S4/D4
encontram-se desabilitadas. Desse modo, a carga é conectada à fonte de alimentação,
resultando em uma tensão de saída no valor da fonte, porém negativa (-Vi). Esta etapa será
finalizada quando ocorre o desligamento da chave S3/D3. O circuito nesta etapa é observado
na Figura 6.

Figura 6 - Primeira etapa de operação sem tempo morto (semiciclo negativo).

Fonte: Autor, 2024.

● SEGUNDA ETAPA
13

Esta etapa é iniciada quando a chave S3/D3 desliga e a chave S4/D4 é habilitada para
conduzir juntamente com a S2/D2 que continua ligada. Logo, a chave S2/D2 irá conduzir
juntamente com a chave S4/D4. A condução entre as chaves e diodos diferentes S2/D2 e
S4/D4 será dada de acordo com o sentido da corrente no indutor, conforme mostram as
imagens abaixo. Com a fonte de alimentação desconectada da saída, ocasionará a
desmagnetização do indutor L e resultará em uma tensão de saída igual a zero. Desse modo,
esta etapa será finalizada quando a chave S3/D3 for ligada novamente. O circuito desta etapa
é observado na Figura 7.

Figura 7 - Segunda etapa de operação sem tempo morto (semiciclo negativo).

Fonte: Autor, 2024.

● TERCEIRA ETAPA
Esta etapa é iniciada quando a chave S3/D3 é habilitada novamente, voltando a
conduzir como na primeira etapa, juntamente com a chave S2/D2, onde as chaves S1/D1 e
S4/D4 permanecem desabilitadas. Desse modo, com a fonte ligada ao circuito gerado, o
indutor L volta a ser magnetizado e o circuito terá uma tensão de saída no valor da fonte de
alimentação novamente, porém negativa (-Vi). Esta etapa será finalizada quando a chave
S2/D2 for desabilitada. O circuito nesta etapa é observado na Figura 8.

Figura 8 - Terceira etapa de operação sem tempo morto (semiciclo negativo).

Fonte: Autor, 2024.


14

● QUARTA ETAPA
A última etapa é iniciada quando a chave S2/D2 é desabilitada, e simultaneamente a
chave S1/D1 é habilitada e começa a conduzir junto com a chave S3/D3 que permanece
habilitada da etapa anterior. A condução entre as diferentes chaves e diodos S1/D1 e S3/D3 é
dada de acordo com o sentido da corrente no indutor L, conforme mostram as imagens
abaixo. Com a fonte de alimentação desconectada da saída, ocasionará a desmagnetização do
indutor L e resultará em uma tensão de saída igual a zero. Lembrando que ao finalizar essa
quarta etapa, todo o ciclo volta a se repetir, iniciando novamente da primeira etapa. O circuito
desta etapa é observado na Figura 9.

Figura 9 - Quarta etapa de operação sem tempo morto (semiciclo negativo).

Fonte: Autor, 2024.

4.2. INVERSOR PONTE COMPLETA COM TEMPO MORTO


A mudança de estado dos transistores é de fato muito rápida, com comutações na casa
dos µs, mas esse pequeno tempo na mudança de estado também significa que durante esse
intervalo de tempo todos os transistores estão ligados simultaneamente. Esses pequenos
pulsos de curto circuito levam ao desgaste dos transistores ao longo do tempo, reduzindo o
tempo de vida útil dos mesmos, assim, levando ao surgimento de ruídos que irão atrapalhar os
demais componentes ligados ao circuito do inversor. Uma forma de se evitar esse efeito é
fazendo com que os transistores pertencentes ao mesmo braço da ponte H não operem de
maneira simultânea, impondo que ambos não sejam acionados simultaneamente, o tempo
entre a mudança de transistor é denominado tempo morto (FERRONI, 2018).
As mesmas etapas de operação dos inversor sem tempo morto estão presentes com o
tempo morto, a diferença é que entre cada etapa é adicionada uma etapa de tempo morto,
onde a principal característica é o fato de haver apenas um único transistor acionado.

4.2.1. SEMICICLO POSITIVO


Um inversor de tensão de ponte completa, com modulação unipolar, operando com
tempo morto e operando no modo de condução contínua irá apresentar oito etapas de
operação, sendo 2 deles etapas de tempo morto com apenas a chave S1/D1 está acionada e 2
etapas de tempo morto com apenas a chave S4/D4 acionada.
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Estas etapas são dadas por:

● PRIMEIRA ETAPA
Nesta etapa, os transistores das chaves S1/D1 e S4/D4 serão acionados enquanto os
transistores das chaves S2/D2 e S3/D3 permanecem desativados. Com isso, é observado a
conexão da fonte com a carga, logo a tensão sobre a carga será igual a tensão da fonte de
entrada +Vi. Essa circulação de corrente proporciona também a magnetização do indutor L. O
circuito nesta etapa é observado na Figura 10.

Figura 10 - Primeira etapa de operação com tempo morto (semiciclo positivo).

Fonte: Autor, 2024.

● SEGUNDA ETAPA
Nesta etapa, o transistor da chave S1/D1 permanece acionado enquanto o transistor da
chave S4/D4 é desativado juntamente com os transistores da chave S2/D2 e S3/D3,
caracterizando uma etapa de tempo morto. Com apenas um único transistor acionado e o
sentido da corrente permanecendo o mesmo (com relação ao semiciclo positivo), é observado
uma circulação de corrente, devido ao diodo da chave S3/D3. Não há tensão sobre a carga
devido a desconexão com a fonte de entrada Vi e há a desmagnetização do indutor L. O
circuito nesta etapa é observado na Figura 11.

Figura 11 - Segunda etapa de operação com tempo morto (semiciclo positivo).

Fonte: Autor, 2024.


16

● TERCEIRA ETAPA
Nesta etapa, há o acionamento do transistor da chave S3/D3, ou seja, os transistores
das chaves S1/D1 e S3/D3 permanecem acionados enquanto os transistores das chaves S2/D2
e S4/D4 permanecem desativados. Com isso, a fonte de tensão Vi permanece desconectada,
mesmo se houver a inversão do sentido da corrente, logo, a tensão sobre a carga é 0. Portanto,
o indutor L continua desmagnetizando. O circuito nesta etapa é observado na Figura 12.

Figura 12 - Terceira etapa de operação com tempo morto (semiciclo positivo).

Fonte: Autor, 2024.

● QUARTA ETAPA
Esta etapa é idêntica à segunda etapa, pois há o desligamento do transistor da chave
S3/D3, permanecendo apenas o transistor da chave S1/D1 acionado. O circuito nesta etapa é
observado na Figura 11.

● QUINTA ETAPA
Esta etapa é idêntica à primeira etapa, pois há o acionamento do transistor da chave
S4/D4 novamente, juntamente com o transistor da chave S1/D1. O circuito nesta etapa é
observado na Figura 10.

● SEXTA ETAPA
Nesta etapa, o transistor da chave S4/D4 permanece acionado enquanto o transistor da
chave S1/D1 é desativado juntamente com os transistores das chaves S2/D2 e S3/D3,
caracterizando uma etapa de tempo morto. Com apenas um único transistor acionado e o
sentido da corrente permanecendo o mesmo (com relação ao semiciclo positivo), é observado
uma circulação de corrente, devido ao diodo da chave S2/D2. Não há tensão sobre a carga
devido a desconexão com a fonte de entrada Vi e há a desmagnetização do indutor L. O
circuito nesta etapa é observado na Figura 13.
17

Figura 13 - Sexta etapa de operação com tempo morto (semiciclo positivo).

Fonte: Autor, 2024.

● SÉTIMA ETAPA
Nesta etapa, há o acionamento do transistor da chave S2/D2, ou seja, os transistores
das chaves S2/D2 e S4/D4 permanecem acionados enquanto os transistores das chaves S1/D1
e S3/D3 permanecem desativados. Com isso, a fonte de tensão Vi permanece desconectada,
mesmo se houver a inversão do sentido da corrente, logo, a tensão sobre a carga é 0. Portanto,
o indutor L continua desmagnetizando. O circuito nesta etapa é observado na Figura 14.

Figura 14 - Sexta etapa de operação com tempo morto (semiciclo positivo).

Fonte: Autor, 2024.

● OITAVA ETAPA
Esta etapa é idêntica à sexta etapa, pois há o desligamento do transistor da chave
S2/D2, permanecendo apenas o transistor da chave S4/D4 acionado. O circuito nesta etapa é
observado na Figura 13.

4.2.2. SEMICICLO NEGATIVO


Um inversor de tensão de ponte completa, com modulação unipolar, operando com
tempo morto e operando no modo de condução contínua irá apresentar oito etapas de
18

operação, sendo duas delas etapas de tempo morto com apenas a chave S2/D2 está acionada e
duas etapas de tempo morto com apenas a chave S3/D3 acionada.
Etapas essas que são dadas por:

● PRIMEIRA ETAPA
Nesta etapa, as chaves S2 e S3 serão acionadas enquanto S1 e S4 permanecem
desativados. Com isso é observado a conexão da fonte com a carga, logo a tensão sobre a
carga será igual a tensão da fonte de entrada invertida -Vi. Essa circulação de corrente
proporciona também a magnetização do indutor L. O circuito nesta etapa é observado na
Figura 15.

Figura 15 - Primeira etapa de operação com tempo morto (semiciclo negativo).

Fonte: Autor, 2024.

● SEGUNDA ETAPA
Nesta etapa, a chave S2/D2 permanece acionada enquanto a chave S3/D3 é desativada
juntamente com S1/D3 e S4/D4, caracterizando uma etapa de tempo morto. Com apenas uma
única chave acionada e o sentido da corrente permanecendo o mesmo (com relação ao
semiciclo negativo), é observado uma circulação de corrente, devido ao diodo da chave
S4/D4. Não há tensão sobre a carga devido a desconexão com a fonte de entrada Vi e há a
desmagnetização do indutor L. O circuito nesta etapa é observado na Figura 16.

Figura 16 - Segunda etapa de operação com tempo morto (semiciclo negativo).

Fonte: Autor, 2024.


19

● TERCEIRA ETAPA
Nesta etapa, há o acionamento da chave S4/D4, ou seja, as chaves S2/D2 e S4/D4
permanecem acionadas enquanto S1/D1 e S3/D3 permanecem desativadas. Com isso, a fonte
de tensão Vi permanece desconectada, mesmo se houver a inversão do sentido da corrente,
logo, a tensão sobre a carga é 0. Portanto, o indutor L continua desmagnetizando. O circuito
nesta etapa é observado na Figura 17.

Figura 17 - Terceira etapa de operação com tempo morto (semiciclo negativo).

Fonte: Autor, 2024.

● QUARTA ETAPA
Esta etapa é idêntica à segunda etapa, pois há o desligamento da chave S4/D4,
permanecendo apenas a S2/D2 acionada. O circuito nesta etapa é observado na Figura 16.

● QUINTA ETAPA
Esta etapa é idêntica à primeira etapa, pois há o acionamento da chave S3/D3
novamente, juntamente com o S2/D2. O circuito nesta etapa é observado na Figura 15.

● SEXTA ETAPA
Nesta etapa, a chave S3/D3 permanece acionada enquanto o S2/D2 é desativada
juntamente com S1/D1 e S4/D4, caracterizando uma etapa de tempo morto. Com apenas uma
única chave acionada e o sentido da corrente permanecendo o mesmo (com relação ao
semiciclo negativo), é observado uma circulação de corrente, devido ao diodo D1. Não há
tensão sobre a carga devido a desconexão com a fonte de entrada Vi e há a desmagnetização
do indutor L. O circuito nesta etapa é observado na Figura 18.
20

Figura 18 - Sexta etapa de operação com tempo morto (semiciclo negativo).

Fonte: Autor, 2024.

● SÉTIMA ETAPA
Nesta etapa, há o acionamento da chave S1/D1, ou seja, as chaves S1/D1 e S3/D3
permanecem acionadas enquanto S2/D2 e S4/D4 permanecem desativadas. Com isso, a fonte
de tensão Vi permanece desconectada, mesmo se houver a inversão do sentido da corrente,
logo, a tensão sobre a carga é 0. Portanto, o indutor L continua desmagnetizando. O circuito
nesta etapa é observado na Figura 19.

Figura 19 - Sexta etapa de operação com tempo morto (semiciclo negativo).

Fonte: Autor, 2024.

● OITAVA ETAPA
Esta etapa é idêntica à sexta etapa, pois há o desligamento da chave S1/D1,
permanecendo apenas a S3/D3 acionada. O circuito nesta etapa é observado na Figura 18.

4.3. MODULAÇÃO SPWM

O processo de comutação dos transistores é feito através de um sistema de modulação,


com o objetivo de garantir uma maior eficiência quanto ao funcionamento do inversor. A
modulação por largura de pulso (PWM) tem como objetivo gerar pulsos de amplitude e
frequência constante mas com a duração de cada pulso variável, de acordo com o ciclo de
trabalho desejado, onde para cada momento há uma largura de pulso diferente. O tipo de
21

modulação adotado foi o SPWM, devido a sua simplicidade em comparação com outros
métodos de modulação. Esse método consiste na comparação de uma onda senoidal, como
sinal de referência, com uma onda triangular, como sinal portador, através de um comparador,
como demonstrado na Figura 20 (SANTOS, 2017).

Figura 20 - Sinal de entrada e sinal de saída do modulador SPWM.

Fonte: (FERRERONI, 2018) Modificado.

A frequência de comutação dos transistores corresponde a mesma frequência do sinal


portador, logo, é possível alterar a frequência de comutação das chaves apenas alterando a
frequência do sinal portador. A frequência do sinal de referência corresponde a mesma
frequência dos sinal de saída sobre a carga, mas esse sinal de saída também é afetado pela
frequência de chaveamento, logo haverá a presença de harmônicos no sinal de saída,
provenientes da frequência de chaveamento. Esses harmônicos estão presentes com uma
maior amplitude em frequências de chaveamento mais baixas, que estão mais próximas da
frequência de saída e presente em múltiplos dessa frequência, assim sendo mais fácil a
filtragem desses harmônicos, garantindo uma senóide de saída com menos distorções
(MAHESHRI; KHAMPARIYA, 2014).
O modulador SPWM possui dois tipos de comutação, a bipolar e a unipolar. A
comutação unipolar é mais complexa, pois será necessário utilizar dois comparadores para o
controle da comutação. Cada comparador é conectado a um braço da ponte H, onde deve ser
utilizado uma porta lógica inversora em um transistor de cada braço, para que não seja
possível o acionamento de dois transistores do mesmo braço simultaneamente. Cada um
desses comparadores terão o mesmo sinal portador triangular, mas o sinal senoidal de
referência dos mesmos devem ser defasados 180 graus entre si. A Figura 27 (a) apresenta os
sinais dos comparadores.
A lógica de acionamento das chaves consiste em: quando o sinal de referência for
maior que o sinal portador, o comparador irá emitir um pulso que irá perdurar enquanto a
condição anterior for satisfeita. Quando o sinal portador passar a ser maior que o sinal de
referência, a saída do comparador vai para zero. Logo, é possível observar que quanto maior
for a frequência da onda triangular, menor será a duração dos pulsos, mas também haverá um
22

maior número de pulsos dentro de um semiciclo. Essa lógica de modulação juntamente com
um filtro capacitivo e indutivo será capaz produzir uma onda senoidal com apenas algumas
distorções causadas por harmônicos de baixa frequência, que são capazes de passar pelos
filtros. A Figura 21 apresenta a imagem do circuito de modulação SPWM unipolar.

Figura 21 - Circuito modulador unipolar, sem tempo morto.

Fonte: Autor, 2024.

Para uma modulação SPWM com a implementação do tempo morto, na saída do


comparador é adicionado um filtro passa baixa do tipo RC de primeira ordem. Na Figura 22 é
observado o circuito que gera o tempo morto, os sinais de saída dos comparadores, e seus
inversores, recebem um circuito de filtro. O seu funcionamento consiste em: o porta lógica
AND necessita que suas duas entradas sejam diferentes de 0 para atuar, o pulso de sinal vindo
do comparador chega as duas entradas da porta lógica, mas em uma destas entradas há a
presença de um resistor em antiparalelo com um capacitor, devido ao atraso de condução e de
bloqueio do capacitor, o pulso irá demorar um certo tempo para chegar a porta AND, com
isso haverá um atraso de tempo entre o sinal que sai do modulador e o sinal que chega a
chave.
23

Figura 22 - Circuito modulador unipolar, com tempo morto.

Fonte: Autor, 2024.

A Figura 23 apresenta as formas de onda de acionamento da chave S1/D1 e S2/D2,


pertencentes ao mesmo braço do inversor, nessa figura é observado que em um certo
momento as duas chaves estão acionadas ao mesmo tempo, isso provoca um pico
extremamente elevado na corrente de entrada, como observado na Figura 24, isto não causa
uma falha imediata do equipamento, mas ao longo do tempo vai gerando um certo desgaste.

Figura 23 - Formas de onda de acionamento de S1 e S2, sem tempo morto.

Fonte: Autor, 2024.

Figura 24 - Pico de corrente da fonte de entrada, sem tempo morto.

Fonte: Autor, 2024.


24

A Figura 25 apresenta as mesmas formas de onda de acionamento das chaves S1/D1 e


S2/D2 mas com a implementação do tempo morto, que gera um certo atraso na comutação
das chaves, é possível observar que em nenhum momento as duas chaves estarão ligadas
simultaneamente, assim evitando os picos indesejados na corrente de entrada, como
observado na Figura 25.

Figura 25 - Formas de onda de acionamento de S1 e S2, com tempo morto.

Fonte: Autor, 2024.

Figura 26 - Pico de corrente da fonte de entrada, com tempo morto.

Fonte: Autor, 2024.

4.3.1. CHAVEAMENTO UNIPOLAR


O chaveamento SPWM unipolar é o utilizado neste trabalho. Nele, os braços do
inversor ponte completa são controlados separadamente pela comparação da onda triangular (
𝑣𝑡𝑟𝑖) com as ondas senoidais (𝑣𝑠𝑖𝑛 e − 𝑣𝑠𝑖𝑛). A comparação entre a 𝑣𝑡𝑟𝑖 e 𝑣𝑠𝑖𝑛 resulta na
seguinte lógica de controle para o braço A:

𝑣𝑠𝑖𝑛 > 𝑣𝑡𝑟𝑖: 𝑆1 ativo e 𝑣𝐴𝑁 = 𝑉𝑖 (1)


𝑣𝑠𝑖𝑛 < 𝑣𝑡𝑟𝑖: 𝑆2 ativo e 𝑣𝐴𝑁 = 0

Para o controle do braço B − 𝑣𝑠𝑖𝑛 é comparado com forma de onda triangular, seu
funcionamento segue:
25

(− 𝑣𝑠𝑖𝑛) > 𝑣𝑡𝑟𝑖: 𝑆3 ativo e 𝑣𝐵𝑁 = 𝑉𝑖 (2)


(− 𝑣𝑠𝑖𝑛) < 𝑣𝑡𝑟𝑖: 𝑆4 ativo e 𝑣𝐵𝑁 = 0

Por causa dos diodos em antiparalelo com as chaves a tensão descrita pelas equações
(1) e (2) são independentes do sentido da corrente na carga.
As formas de onda na Figura 27 (𝑣𝑟𝑒𝑓1 e 𝑣𝑟𝑒𝑓2 são respectivamente 𝑣𝑠𝑖𝑛 e − 𝑣𝑠𝑖𝑛)
resultam de quatro combinações das chaves em estado ativo e seus correspondentes níveis de
voltagem:

1. S1 e S4 ativos: 𝑣𝐴𝑁 = 𝑉𝑖, 𝑣𝐵𝑁 = 0, 𝑣𝐴𝐵 = 0


2. S2 e S3 ativos: 𝑣𝐴𝑁 = 0, 𝑣𝐵𝑁 = 𝑉𝑖, 𝑣𝑜 =− 𝑉𝑖
3. S1 e S3 ativos: 𝑣𝐴𝑁 = 0, 𝑣𝐵𝑁 = 0, 𝑣𝐴𝐵 = 0 (3)
4. S2 e S4 ativos: 𝑣𝐴𝑁 = 0, 𝑣𝐵𝑁 = 0, 𝑣𝐴𝐵 = 0

Percebemos que quando as chaves de cima estão ativas, a tensão de saída é zero. A
corrente circula em loop por S1 e D3 ou S3 e D1 dependendo do sentido da corrente na carga.
O comportamento das chaves de baixo é semelhante.
Neste tipo de PWM, quando ocorre o chaveamento, a tensão de saída pode alternar
entre + 𝑉𝑖 e zero ou entre − 𝑉𝑖 e zero. Por essa razão esse tipo de PWM é chamado de
PWM com modulação unipolar, em oposição com o PWM com modulação bipolar (em que
𝑣𝑜 pode variar entre + 𝑉𝑖 e − 𝑉𝑖 ).
Com a modulação PWM podemos realizar a redução dos requisitos de filtro para
redução de harmônicos e controle da amplitude da tensão de saída. Como desvantagem os
circuitos de controle são mais complexos e existem mais perdas devido aos chaveamentos
mais frequentes.

Figura 27 - PWM com modulação unipolar.

(a)
26

(b)

(c)

(d)
Fonte: Autor, 2024.

4.3.2. DEFINIÇÕES DE PWM

Para continuarmos nossa análise da da modulação do SPWM unipolar e depois


realizarmos algumas análises a aplicando ao inversor ponte completa precisamos de algumas
definições.

● Taxa de modulação de frequência 𝑚𝑓: de acordo com Hart (2012), as séries de Fourier
para a saída de tensão do PWM (𝑣𝐴𝐵) possuem uma frequência fundamental que é a
mesma do sinal senoidal. Algumas dessas harmônicas são maiores que a da
fundamental. Entretanto, essas harmônicas estão localizadas em altas frequências, um
filtro passa baixas simples pode ser eficiente para sua remoção. A Taxa de modulação
de frequência é definida como:

𝑓𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎𝑑𝑜𝑟𝑎
𝑚𝑓 = 𝑓𝑠𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑎𝑙
(4)
27

● Taxa de modulação de amplitude 𝑚𝑎: ainda segundo Hart (2012), a taxa de modulação
de amplitude é definida como a razão entre as amplitudes do sinal senoidal e do sinal
da portadora:

𝑉𝑚,𝑠𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑎𝑙
𝑚𝑎 = 𝑉𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎𝑑𝑜𝑟𝑎
(5)

Se 𝑚𝑎 ≤ 1, a amplitude da frequência fundamental da tensão na saída 𝑉1 é


linearmente proporcional a 𝑚𝑎, ou seja:

𝑉1 = 𝑚𝑎𝑉𝑖 (6)

Caso 𝑚𝑎 > 1, 𝑉1 continua aumentando, mas não mais linearmente, veja a Figura
28. Esse conhecimento será importante para o controle da amplitude de tensão em
uma carga com filtro passa baixa e para projeto de inversores de ponte completa.

Figura 28 - Controle de voltagem variando 𝑚𝑎

Fonte: (Mohan, Undeland e Robbins, 1989) Modificado.

4.3.3. HARMÔNICAS PARA O CHAVEAMENTO UNIPOLAR


Para a modulação PWM as harmônicas na tensão de saída aparecem em bandas
laterais em torno das frequências de comutação e seus múltiplos, ou seja, 𝑚𝑓, 2𝑚𝑓, 3𝑚𝑓 e
28

assim por diante (para 𝑚𝑓 ≤ 9 a amplitude das harmônicas são quase independentes de 𝑚𝑓).
Teoricamente as frequências em que as harmônicas ocorrem (𝑓ℎ) podem ser calculadas por:

𝑓ℎ = (𝑛 𝑚𝑓 ± 𝑘)𝑣𝑠𝑖𝑛, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛 = 1, 2, 3... (7)

isso é, a harmônica de ordem h correspondente a k-ésima banda lateral de n vezes a taxa de


modulação de frequência é:

ℎ = 𝑛 𝑚𝑓 ± 𝑘 (8)

onde a frequência fundamental corresponde a h = 1.


Para valores ímpares de n, as harmônicas existem apenas para valores pares de k. Já
para valores pares de n, as harmônicas só existem para valores ímpares de k (MOHAN,
UNDELAND E ROBBINS, 1989). Na Tabela 1 as harmônicas normalizadas estão tabuladas
em função da taxa de modulação de amplitude 𝑚𝑎, assumindo 𝑚𝑓 ≥ 9.

Tabela 1: Harmônicas Generalizadas para um valor grande de mf.

Fonte: (Mohan, Undeland e Robbins, 1989) Modificado.

Especificamente para a modulação unipolar mf é escolhido como inteiro e par e as


harmônicas de ordem h podem ser escritas como

ℎ = 𝑛2𝑚𝑓 ± 𝑘 (9)
29

dessa forma não consideramos os múltiplos ímpares de 𝑚𝑓 na Tabela 1 para cálculos (


𝑚𝑓, 3𝑚𝑓, …). A figura 29 mostra o espectro de frequência para um chaveamento unipolar
com 𝑚𝑎 = 1.

4.3.4. ANÁLISE DO CIRCUITO INVERSOR PONTE COMPLETA COM


SÉRIE DE FOURIER

O desenvolvimento feito para a modulação SPWM unipolar feito até agora será útil
para encontrarmos algumas grandezas importantes em circuitos inversores de ponte completa.
As séries de Fourier são úteis quando a tensão sobre a carga é periódica e não senoidal, pois
com elas podemos encontrar as componentes harmônicas que estão sobre a carga e para cada
uma definir as correntes e potências usando análise fasorial. Após isso usamos superposição
para encontrar um valor aproximado das grandezas de circuito, já que usamos séries truncadas
para os cálculos.
A corrente em cada harmônica é determinada por:

𝑉ℎ 𝑉ℎ
𝐼ℎ = 𝑍ℎ
= (10)
2 2
𝑅 +𝑋 ℎ

em que 𝐼𝑛, 𝑉ℎ, 𝑅, 𝑋ℎ são respectivamente a corrente, a amplitude da tensão, a resistência e a


reatância para uma componente harmônica específica. A potência para cada frequência pode
ser encontrada usando
𝐼ℎ 2
2
𝑃ℎ = (𝐼ℎ,𝑟𝑚𝑠) 𝑅 = ( )𝑅 (11)
2

em que 𝐼ℎ,𝑟𝑚𝑠 é a corrente rms em cada frequência. A potência total absorvida é a soma das
potências absorvidas pelas harmônicas:

𝑃 = ∑ 𝑃ℎ (12)

Já a corrente rms na carga pode ser mensurada pela expressão:

𝐼ℎ 2
2
𝐼𝑟𝑚𝑠 = ∑ (𝐼ℎ,𝑟𝑚𝑠) = ∑ ( ) (13)
2

Além dessas grandezas, a distorção harmônica total (DHT) é importante no estudo


deste conversor, já que é usada para quantificar a propriedade não senoidal de uma forma de
onda. Supondo que não tenha componente CC na saída
30

2 2
𝑉𝑟𝑚𝑠 −𝑉
𝐷𝐻𝑇 = 𝑉1, 𝑟𝑚𝑠
1,𝑟𝑚𝑠
(14)

A DHT da corrente é determinada pela substituição da corrente pela tensão na


equação acima.

Figura 29 - Espectro de frequência para um PWM unipolar com 𝑚𝑎 = 1.

Fonte: (Hart, 2012) Modificado.

4.3.5. EXEMPLO NUMÉRICO


Neste tópico iremos realizar alguns cálculos com circuito de inversores, ponte
completa e diferentes tipos de carga, R, RL e RLC com modulação SPWM unipolar. Isso tem
como objetivo analisar diferentes tipos de circuitos e também fazer uma comparação com os
valores obtidos em simulações desses circuitos em seções seguintes.
O inversor de ponte completa é usado para produzir uma tensão de 60 Hz em uma
carga usando PWM unipolar. A entrada CC para a ponte é de 300V, a taxa de modulação da
amplitude é 𝑚𝑎 = 0, 8 e a taxa de modulação da frequência é 38 (
𝑓𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎𝑑𝑜𝑟𝑎 = (38)(60) = 2280 𝐻𝑧). Determine a amplitude da componente harmônica da
tensão de saída em 60Hz e a corrente na carga, a potência absorvida pelo resistor e a DTH na
carga para:

a) Cara RL com R = 10 Ω e L = 20 mH
b) Carga RLC com R = 10 Ω e L = 20 mH e C = 50 nF
c) Carga R com R = 10 Ω

Solução:
As componentes harmônicas de ordem h são dadas pela equação por (9) e a tensão
rms na entrada da ponte é 212.13 V, as voltagens rms para seguem:
Para a fundamenta ou 60 Hz: 𝑉1, 𝑟𝑚𝑠 = (0. 8)(212, 130) = 169, 7𝑉
31

Para ℎ = 2𝑚𝑓 − 1 = 75 𝑜𝑢 4500 𝐻𝑧: 𝑉75 = (0. 314)(212, 3) = 66. 6𝑉

Para ℎ = 2𝑚𝑓 + 1 = 77 𝑜𝑢 4620 𝐻𝑧: 𝑉77 = (0. 314)(212, 3) = 66. 6𝑉

a amplitude da freqûencia fundamental em 60 Hz para todas as cargas é:

𝑉1 = (0, 8)(300) = 240 𝑉

a) A Tabela 2 mostra os valores das séries de Fourier calculados por meio das séries das
equações da seção anterior e análise fasorial

Tabela 2: Valores das séries de Fourier para carga RL


ℎ 𝑓ℎ, 𝐻𝑧 𝑉ℎ(𝑉) 𝑍ℎ(Ω) 𝐼ℎ(𝐴) 𝐼ℎ, 𝑟𝑚𝑠(𝐴) 𝑃ℎ(𝑊)

1 60 240 12,52 19,17 13,55 1836

75 4500 94,2 565 0,167 0,118 0,139

77 4620 94,2 580 0,162 0,115 0,132

Veja que a impedância para as componentes harmônicas de maior frequência a


impedância cresce rapidamente por causa da presença da reatância indutiva (
2 2
𝑍= 𝑅 + [ℎ(60)𝐿] ). Por isso a fundamental domina para as correntes e potências.

𝑃 ≃ 𝑃1 = 1836
𝐼𝑟𝑚𝑠 ≃ 𝐼1,𝑟𝑚𝑠 = 13, 55

Como a corrente rms é próxima da corrente rms da primeira harmônica a distorção


DTH para corrente pode ser aproximada:

𝐷𝐻𝑇 ≃ 0

Se quisessemos um valor melhor teríamos que realizar os cálculos para as correntes


rms em muitas outras harmônicas.
b) A Tabela 3 mostra os valores das séries de Fourier calculados por meio das séries das
equações da seção anterior e análise fasorial
32

Tabela 3: Valores das séries de Fourier para carga RLC


ℎ 𝑓ℎ, 𝐻𝑧 𝑉ℎ(𝑉) 𝑍ℎ(Ω) 𝐼ℎ(𝐴) 𝐼ℎ, 𝑟𝑚𝑠(𝐴) 𝑃ℎ(𝑊)

1 60 240 11,23 21,37 15,11 2205

75 4500 94,2 565 0,167 0,118 0,139

77 4620 94,2 580 0,162 0,115 0,132

Novamente a corrente da fundamental domina em relação às demais harmônicas.


Outro fato interessante é que as impedância e correntes paras as harmônicas h = 75 e 77 são
as mesmas, já que a impedância indutiva é grande para maiores frequências. Não podemos
usar a corrente 𝐼ℎ, 𝑟𝑚𝑠 diretamente para o cálculo da potência média, já que é a corrente rms
que passa pelo indutor e vai se dividir entre o resistor e o capacitor. Como estamos lidando
com corrente senoidais podemos fazer um simples divisor de corrente por fasores e encontrar
a corrente rms no resistor:

𝐼𝑅,𝑟𝑚𝑠 = 14, 85 𝐴

Da mesmas forma que a letra (a) a potência média é:

𝑃 ≃ 𝑃1 = 2205 𝑊

A distorção harmônica também segue a mesma ideia da letra (a)

𝐷𝐻𝑇 ≃ 0

c) Na Tabela 4 estão presentes os dados para o circuito com carga resistiva

Tabela 4: valores das séries de Fourier para carga R


ℎ 𝑓ℎ, 𝐻𝑧 𝑉ℎ(𝑉) 𝑍ℎ(Ω) 𝐼ℎ(𝐴) 𝐼ℎ, 𝑟𝑚𝑠(𝐴) 𝑃ℎ(𝑊)

1 60 240 10 24 16,97 2879

75 4500 94,2 10 9,42 6,66 443,5

77 4620 94,2 10 9,42 6,66 443,5

Para o caso da de um circuito com carga R observamos que a impedância para todas
as harmônicas da tensão 𝑣𝑎𝑏 é a mesma, dessa forma não existe um efeito de filtragem ou
amortecimento das harmônicas para a corrente. Como resultado disso não podemos aproximar
33

as grandezas do nosso circuito como nas letras (a) e (b) pela fundamental.

𝑃 ≃ 𝑃1 + 𝑃75 + 𝑃77 = 3766 𝑊

pela equação 13 encontramos

𝐼𝑅,𝑟𝑚𝑠 = 19, 15 𝐴

A distorção harmônica:

𝐷𝐻𝑇 = 52, 3%

Como usamos apenas 3 harmônicas para os cálculos, sabemos que as grandezas


calculadas estão subdimensionadas. Para melhores aproximações devemos usar mais
componentes harmônicos.
34

5. SIMULAÇÕES

Nesta seção iremos realizar a simulação do exemplo numérico presente na subseção


4.3.5 sem tempo morto e com tempo morto por meio do software PSIM. A partir disso serão
mostradas formas de onda relevantes e Tabelas com as mesmas grandezas do exemplo.

5.1. SIMULAÇÕES SEM TEMPO MORTO

O circuito de controle possui ondas senoidais e triangulares semelhantes às da figura


27, mas com 𝑓𝑠𝑖𝑛 = 60 𝐻𝑧 e 𝑓𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎𝑑𝑜𝑟𝑎 = 2280 𝐻𝑧. A tensão 𝑣𝐴𝐵 , que está presente em
todos os tipos de carga sem tempo morto, é mostrada em um período na figura 30. Na figura
31 foi aplicada a transformada rápida de Fourier a 𝑣𝐴𝐵, observamos a distribuição das
harmônicas até 20 kHz, que a fundamental está localizada em 60 Hz e tem aproximadamente
240 V de amplitude. Após a fundamental podemos encontrar harmônicas em torno de 2𝑚𝑓,
que estão próximas de 5000 Hz, 4𝑚𝑓 e assim por diante, como previsto na seção 4.3.3.
Usando a função THD o software calcula a distorção harmônica total 𝐷𝐻𝑇 = 77, 1%. Para
os circuitos sem tempo morto foi utilizado o circuito de controle da figura 21.

Figura 30 - Tensão 𝑣𝐴𝐵 sobre as cargas

Fonte: Autor, 2024.

Figura 31 - Espectro de frequência de 𝑣𝐴𝐵

Fonte: Autor, 2024.


35

5.1.1. CARGA RL SEM TEMPO MORTO


Na figura 32 é mostrado o circuito com carga RL e na figura 33 algumas formas de
ondas relevantes. Na parte (a) da figura 33 é observado a tensão 𝑣𝐴𝐵 para um intervalo de
tempo de 100 ms a 200 ms (aproximadamente 6 períodos completos). Já em (b) observamos a
corrente na carga e seu aspecto semelhante ao senoidal, entretanto em (c), onde um período de
𝑖𝑜 é mostrado percebe-se ligeiramente a presença das demais componentes harmônicas. Por
fim em (d) é representada a corrente na fonte, mas em (e) é vista com mais detalhes em um
único período. Em (e) é notável os momentos em que a fonte fornece energia, recebe energia e
em que está desconectada.

Figura 32 - Circuito de ponte completa com carga RL

Fonte: Autor, 2024.

Figura 33 - Formas de onda para carga RL

(a)
36

(b)

(c)

(d)

(e)
Fonte: Autor, 2024.

Na figura 34 é mostrada as harmônicas da corrente na carga. O indutor fez o papel de


filtro para as maiores frequências da forma que a fundamental evidentemente domina sobre as
demais. Isso vai ao encontro da teoria e do exemplo numérico. Na Tabela 5 estão presentes
algumas grandezas retiradas da simulação para comparação com os valores teóricos. Por fim a
distorção harmônica simulada é 𝐷𝐻𝑇 = 1, 39% .
37

Figura 34 - Espectro de frequência de 𝑖𝑜 para carga RL

Fonte: Autor, 2024.

Tabela 5: Valores das séries de Fourier para carga RL simulados


ℎ 𝑓ℎ, 𝐻𝑧 𝑉ℎ(𝑉) 𝐼ℎ(𝐴) 𝐼ℎ, 𝑟𝑚𝑠(𝐴) 𝑃ℎ(𝑊)

1 60 240 19,16 13,55 1836

75 4500 94 0.167 0,118 0,139

77 4620 94 0,161 0,113 0,127

5.1.2. CARGA RLC SEM TEMPO MORTO

Na figura 35 é mostrado o circuito com a carga RLC e na figura 36 são mostradas as


formas de onda relevantes. Na figura 36 (a) é mostrado as correntes no indutor, no resistor e
no capacitor para 100 ms. Em (b) é mostrada as mesmas grandezas que (a), destaca-se a
corrente no resistor, que com a presença do capacitor tornou-a ainda mais próxima de uma
senóide. Nas partes (c) e (d) está representada a corrente na fonte.

Figura 35 - Circuito de ponte completa com carga RLC

Fonte: Autor, 2024.


38

Figura 36 - Formas de onda para carga RLC

(a)

(b)

(c)

(d)
Fonte: Autor, 2024.
39

Na figura 37 são mostradas as harmônicas de 𝑖𝑜. De maneira semelhante como para


carga RL o indutor funcionou como filtro passa baixa e a fundamental dominou sobre as
demais harmônicas. As distorções harmônicas totais para 𝑖𝑜 e 𝑖𝑅 são de respectivamente 1,24
% e 0,115 % .

Figura 37 - Espectro de frequência de 𝑖𝑜 para carga RL

Fonte: Autor, 2024.

Tabela 6: Valores das séries de Fourier para carga RLC simulados


ℎ 𝑓ℎ, 𝐻𝑧 𝑉ℎ(𝑉) 𝐼ℎ(𝐴) 𝐼ℎ, 𝑟𝑚𝑠(𝐴) 𝑃ℎ(𝑊)

1 60 240 21,38 15,11 2205

75 4500 94 0,167 0,118 0,139

77 4620 94 0,161 0,113 0,132

5.1.3. CARGA R SEM TEMPO MORTO

Na figura 38 é mostrado o circuito com carga R e na figura 39 as formas de onda


relevantes. Em (a) e em (b) está presente apenas um período, pois como a carga é R é
suficiente para se observar os detalhes importantes. Em corrente na carga segue a mesma
forma da tensão com intensidade dividida por R, visualmente ela não tem aspecto senoidal.
Isso acontece pois não existe a filtragem da carga indutiva e por consequência os harmônicos
com frequências mais altas não sofrem “amortecimento”. Dessa forma a fundamental não é
mais suficiente para se caracterizar o circuito e para se obter precisão deve-se usar mais
harmônicas. Em (b) vê-se que a corrente na fonte é a mesma na carga com a diferença que
para o semiciclo negativo refletimos (a) no eixo y. Outra característica de (b) é que
diferentemente das cargas R e RL a corrente não fica negativa, já que o resistor em nenhum
momento devolve corrente para fonte.
40

Figura 38 - circuito de ponte completa com carga RLC

Fonte: Autor, 2024.

Figura 39 - Formas de onda para carga R.

(a)

(b)
Fonte: Autor, 2024.

Na figura 40 mostra-se o resultado da transformada rápida para a corrente na carga,


observe que ela é semelhante a da tensão 𝑣𝐴𝐵. A distorção harmônica total simulada é de
𝐷𝑇𝐻 = 77, 1%. A Tabela 7 mostra algumas grandezas retiradas da simulação. Usando as
correntes rms das três componentes harmónicas da Tabela 7 obtemos 𝐼𝑜, 𝑟𝑚𝑠 = 19, 46 e pelo
41

simulador encontramos 𝐼𝑜, 𝑟𝑚𝑠 = 21, 47 o que corrobora com a ideia de que é preciso mais
harmônicas para caracterizar bem a carga R.

Figura 40 - Espectro de frequência de 𝑖 para carga RL.


𝑜

Fonte: Autor, 2024.

Tabela 7: Valores das séries de Fourier para carga R simulados


ℎ 𝑓ℎ, 𝐻𝑧 𝑉ℎ(𝑉) 𝐼ℎ(𝐴) 𝐼ℎ, 𝑟𝑚𝑠(𝐴) 𝑃ℎ(𝑊)

1 60 240 24.01 17,04 2903

75 4500 94 9,4 6,65 442

77 4620 94 9,37 6,63 440

5.2. SIMULAÇÕES COM TEMPO MORTO


O circuito utilizado foi o mesmo da simulação sem tempo morto, mas o circuito de
modulação foi alterado, onde o sinal de saída dos comparadores, e seus inversos, recebem um
filtro passa baixas, como demonstrado na figura 22. Usando a função THD o software calcula
a distorção harmônica total 𝐷𝐻𝑇 = 77, 1%. Para os circuitos sem tempo morto foi utilizado
o circuito de controle da figura 22.
O tempo morto é uma variável que pode ser controlada a partir da variação do valor da
capacitância do capacitor do circuito de modulação. A equação 15 pode ser utilizada para
estabelecer um período de tempo morto desejado.

𝑡
𝑅𝐶 = 0,636
(15)

Para as simulações foi desejado um tempo morto de 1µs e adotado um valor de


resistência de 1kΩ, logo, aplicando esses valores na equação 15, tem-se:
42

𝑡
𝐶 = 0,636*𝑅


𝐶 = 0,636*1𝑘


𝐶 = 0,636*1𝑘

𝐶 ≃ 1. 6𝑛𝐹

Para a validação desta equação, foi observado o período tempo morto imposto entre os
sinal de acionamento das chaves S1 e S2, que pode ser observado na figura 25. Nela é
observado que o tempo morto foi condizente com o valor desejado.

5.2.1. CARGA RL COM TEMPO MORTO

Na figura 41 mostramos as formas de ondas relevantes para análise do circuito.


Aparentemente da simulação sem tempo morto para com tempo morto os sinais não
apresentam modificações e os mesmos comentários feitos anteriormente para a carga RL
continuam válidos. Se observarmos a Tabela 8, contendo grandezas para a as séries de
Fourier, e compararmos com a Tabela 5 percebe-se que não existem modificações
significativas. Isso indica que a presença de tempo morto não invalida a teoria abordada para
as harmônicas e que ainda é uma ótima aproximação. A distorção harmônica total simulada
para a corrente é 𝐷𝐻𝑇 = 1, 39%, não modificou. Dessa forma, a fundamental ainda domina
sobre as demais harmônicas.

Figura 41 - Formas de onda para carga RL, com tempo morto.

(a)

(b)
43

(c)

(d)
Fonte: Autor, 2024.

Tabela 8: Valores das séries de Fourier para carga RL simulados com tempo morto
ℎ 𝑓ℎ, 𝐻𝑧 𝑉ℎ(𝑉) 𝐼ℎ(𝐴) 𝐼ℎ, 𝑟𝑚𝑠(𝐴) 𝑃ℎ(𝑊)

1 60 240 19,14 13,53 1830

75 4500 94,5 9,45 0,118 0,139

77 4620 94,5 9,45 0,115 0,132

5.2.2. CARGA RLC COM TEMPO MORTO

Na figura 42 é apresentado formas de ondas referentes ao circuito com carga RLC. É


possível observar que em comparação com o circuito sem tempo morto, não há diferenças
quanto ao funcionamento, logo as mesmas observações para o circuito sem tempo morto são
válidas. Comparando a Tabela 9 com a Tabela 6, contendo grandezas para a as séries de
Fourier, é possível observar que as mudanças não foram de forma significativa. A distorção
harmônica total simulada para a corrente é 𝐷𝐻𝑇 = 1, 25% e para a corrente no resistor é
0,089% . Concluímos novamente que a teoria usada para as harmônicas continua válida com
tempo morto e que a fundamental continua dominando sobre as demais.
44

Figura 42 - Formas de onda para carga RLC, com tempo morto

(a)

(b)

(c)

(d)
Fonte: Autor, 2024.
45

Tabela 9: Valores das séries de Fourier para carga RLC simulados com tempo morto

ℎ 𝑓ℎ, 𝐻𝑧 𝑉ℎ(𝑉) 𝐼ℎ(𝐴) 𝐼ℎ, 𝑟𝑚𝑠(𝐴) 𝑃ℎ(𝑊)

1 60 240 21,36 15,10 2280

75 4500 94,5 0,167 0,118 0,139

77 4620 94,5 0,163 0,115 0,132

5.2.3. CARGA R COM TEMPO MORTO

Na figura 43 é apresentado formas de ondas referentes ao circuito com carga R. É


possível observar que em comparação com o circuito sem tempo morto, não há diferenças
quanto ao funcionamento, logo as mesmas observações para o circuito sem tempo morto são
válidas. Comparando a Tabela 10 com a Tabela 7, contendo grandezas para a as séries de
Fourier, é possível observar que as mudanças não foram de forma significativa. A distorção
harmônica total simulada para a corrente na carga é 𝐷𝐻𝑇 = 77, 1% .

Figura 43 - Formas de onda para carga R, com tempo morto.

(a)

(b)
Fonte: Autor, 2024.
46

Tabela 10: Valores das séries de Fourier para carga R simulados com tempo morto
ℎ 𝑓ℎ, 𝐻𝑧 𝑉ℎ(𝑉) 𝐼ℎ(𝐴) 𝐼ℎ, 𝑟𝑚𝑠(𝐴) 𝑃ℎ(𝑊)

1 60 240 24.0 16,97 2879

75 4500 94 9,45 6,68 442

77 4620 94 9,45 6,68 446


47

6. CONCLUSÃO

Este artigo buscou analisar, compreender e explicar o funcionamento de um conversor


CC-CA (inversor) ponte completa de modulação unipolar, destacando a implementação com
três níveis. Iniciando com fundamentações teóricas, avançamos para o dimensionamento,
visando um entendimento teórico e uma aplicação prática.
Durante o trabalho, foram realizadas comparações entre as ideias teóricas e as
simulações feitas nos softwares LTspice e PSIM. Essa abordagem permitiu validar a teoria,
identificar desvios e otimizações na implementação prática do inversor, contribuindo para um
conhecimento mais robusto. Destacamos as diferenças significativas entre o inversor ponte
completa de três níveis com e sem tempo morto, fornecendo uma visão abrangente das
implicações dessas variações no desempenho do sistema.
Com relação da implementação do tempo morto, foi observado a sua suma
importância, pois o mesmo demonstrou corrigir problemas de micro curtos circuitos que, de
imediato, não causavam danos significativos ao dispositivo, mas que ao longo do tempo
levaria a falha precoce do mesmo. A sua implementação requer um processamento mais
detalhado do circuito por parte do simulador, assim sendo necessário um passo de cálculo
mais preciso, na casa da sétima potência, para que seja possível observar o tempo morto, que
corresponde ao atraso de 1µs na comutação das chaves. Mesmo sendo de magnitude
relativamente pequena, proporciona uma correção eficaz nos surtos de corrente de entrada.
Foi visto que o conhecimento em modulação SPWM é essencial para análise e projeto
do inversor de ponte completa pois permite ter conhecimento de grandezas importantes nas
frequências das harmônicas e na carga como um todo. Após a discussão sobre a modulação
unipolar fica evidente o porquê dos fabricantes usarem esse esquema como preferido. Essa
técnica se mostra mais proveitosa para redução das harmônicas que a modulação bipolar e a
com onda quadrada, já que como visto apresenta harmônicas em torno de 2𝑚𝑓. Isso tem como
consequência a redução dos requisitos de filtro e inversores com tamanho menor, mas com
circuitos de controle um pouco mais complicados. Quando analisamos tudo, as vantagens de
usar a modulação unipolar se sobrepõem porque, além do já mencionado, permitem um bom
controle das tensões e das frequências sobre as cargas, todas essas vantagens são importantes
por exemplo no acionamento de motores ou na ligação de uma geração distribuída de placas
solares na rede elétrica, em que o conteúdo harmônico deve ser o menor possível.
Por fim, este trabalho cumpriu seus objetivos, esclarecendo os fundamentos teóricos,
dimensionando e comparando com simulações, e estabeleceu uma base sólida para futuras
pesquisas e aplicações práticas no campo dos conversores CC-CA.
48

7. REFERÊNCIAS
[1] HART, Daniel W.. Eletrônica de Potência: análise e projeto de circuitos. Porto Alegre:
Bookman, 2012.
[2] MOHAN, Ned; UNDELAND, Tore M.; ROBBINS, William P.. Power Electronics:
converters, applications, and desing. 2. ed. Nova Jersey: John Wiley & Sons, 1989.
[3] MAHESHRI, Sachin; KHAMPARIYA, Prabodh. Simulation of single phase SPWM
(Unipolar) inverter. International Journal Of Innovative Research In Advanced
Engineering: IJIRAE, Hosur, v. 1, n. 9, p. 12-18, out. 1014.
[4] FERRONI, Felipe Martins. Inversor de Tensão Senoidal Microcontrolado por
Arduino. 2018. 75 f. Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia Elétrica,
Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2018.
[5] SANTOS, Wesley Baldin dos. Estudo, Reprodução e Análise de um Inversor de
Tensão em Ponte Completa Chaveado em Alta Frequência com Saída Senoidal Pura.
2017. 65 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Eletrônica, Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Campo Mourão, 2017.
[6] COSTA, Augusto Mendes da. Projeto e Análise de Desempenho de um Inversor Full -
Bridge Empregado em um Sistema UPS On-Line com Elevado Fator de Potência. 2019.
111 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, 2019.
[7] PETRY, Clovis Antonio. Curso básico de eletrônica de potência. [S. l.: s. n.]. E-book.
Disponível em:
https://www.professorpetry.com.br/Ensino/Eletronica_Potencia/Capitulo_22.pdf
[8] RASHID, Muhammad H. (ed.). Power Electronics Handbook. Flórida: Academic Press,
2017. 1522 p.
[9] POMILIO, José Antenor. Eletrônica De Potência - Introdução Ao Curso. Campinas, 1998.
14 slides, color.

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