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Nota editorial da 6.

a edição do Vocabulário Ortográfico da


Língua Portuguesa

Nesta 6.a edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), acreditamos


ser importante reforçar a função deste tipo de obra. Diversamente dos dicionários, que
se ocupam de definir os vocábulos neles consignados ou, no caso dos bilíngues, de dar o
equivalente de cada palavra em outra língua, um vocabulário ortográfico, obra de
escopo distinto – mas nem por isso menos útil –, destina-se a visualizar, por assim dizer,
o sistema ortográfico vigente e também, até certo ponto, a prosódia e a ortoépia das
palavras de um idioma. Outra função é dar a classe gramatical dos vocábulos que arrola
e, em alguns casos, formas mais ou menos irregulares do feminino de substantivos e
adjetivos, plurais de muitos compostos, homônimos e parônimos.

A 5.ª edição do Volp, publicada em 2009, incorporou as Bases do Acordo Ortográfico


da Língua Portuguesa aprovado em Lisboa aos 12 de outubro de 1990 pela Academia
das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e por delegações de Angola,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, com adesão da
delegação de observadores da Galiza. Os princípios metodológicos seguidos na
elaboração da obra, em consonância com o que dispõe o Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa de 1990 e a nota explicativa que lhe serve de adendo como Anexo II,
aprovado em Lisboa no mesmo ano, foram apresentados na “Nota explicativa” da 5.ª
edição deste vocabulário pela Comissão de Lexicologia e Lexicografia da Academia
Brasileira de Letras, formada à época pelos Acadêmicos Eduardo Portella (Presidente),
Alfredo Bosi e Evanildo Bechara (Relator).

Esta nova edição do Volp reafirma os princípios metodológicos e norteadores contidos


na “Nota explicativa” supracitada, assim como os procedimentos técnicos indicados na
“Nota editorial da 5.a edição” pela Comissão de Lexicologia e Lexicografia e equipe
lexicográfica. Igualmente reafirma a preocupação em refletir, na medida do possível,
os variados registros da norma culta do português contemporaneamente falado e
escrito no Brasil, buscando atender às necessidades cotidianas e práticas dos nossos
utentes da língua portuguesa no que tange à grafia das palavras, a dúvidas de
prosódia, ortoépia e morfologia, eventualmente com remissivas para marcar aspectos
semânticos. Neste sentido, continuamos com o propósito de fazer um registro o mais
completo possível dos vocábulos de uso comum, além da terminologia técnica e
científica, respeitando as Bases do Acordo Ortográfico de 1990.

Desde a publicação da 5.ª edição do Volp, a equipe de Lexicologia e Lexicografia da


Academia Brasileira de Letras vem reunindo novas palavras colhidas em textos
literários, científicos e jornalísticos ou recebidas como sugestão por consulentes do
Volp.
Pouco mais de uma década depois, com o grande volume de palavras que passaram a
fazer parte do cotidiano da língua e a necessidade de corrigir falhas tipográficas e inserir
informações adicionais, a equipe viu-se no dever de atualizar a nominata para oferecer
ao público uma nova edição, disponível a todos na versão on-line no site da ABL,
aumentada em seu universo lexical e em dia com a evolução da língua.

Desta forma, a 6.a edição conta com 382 mil entradas, mil palavras novas, incluindo os
estrangeirismos, além de correções e informações complementares nos verbetes, como
acréscimos de ortoépia (com indicação dos casos de metafonia), plural e, apenas em
alguns casos, para desfazer dúvidas e ambiguidades, a indicação de homonímia,
paronímia e significado.

Muitos acréscimos de vocábulos estão relacionados aos novos termos originados do


desenvolvimento científico e tecnológico, às palavras surgidas no contexto da pandemia
do novo coronavírus, ao registro mais abrangente de nomes de povos indígenas, língua e
família linguística, assim como termos técnicos das diversas áreas do conhecimento,
medicina, psiquiatria, psicologia, sociologia, direito, botânica, zoologia, arquitetura e
urbanismo, gastronomia, cinema, esportes, etc. Houve também adição de novos
vocábulos de uso comum, muito divulgados na mídia impressa e em textos acadêmicos,
sempre de acordo com os critérios de formação de palavras da língua-padrão. Assim
tivemos a inclusão das entradas telemedicina, teleinterconsulta, laudar, biopsiar,
bucomaxilofacial, ciberataque, cibersegurança, aporofobia, gerontofobia, feminicídio,
sororidade, decolonialidade, judicialização, infodemia, covid-19, pós-verdade,
negacionismo, necropolítica, homoparental, gentrificação, ciclofaixa, astroturismo,
mocumentário, docussérie, apneísta, entre muitas outras. Em relação aos
estrangeirismos, podemos citar o registro de botox, bullying, compliance, coworking,
crossfit, delay, home office, live-action, lockdown, personal trainer, podcast, entre
muitos outros da língua inglesa. Também incluímos vocábulos que atestam a influência
de outras línguas, como emoji, shiitake, shimeji, do japonês, parkour, physique du rôle,
sommelier, do francês, paparazzo, cappuccino, do italiano, chimichurri, do espanhol, só
para citar alguns.

Destarte, mais uma vez reafirmamos e enaltecemos as palavras com que o Presidente
Austregésilo de Athayde, em 1977, na Apresentação da 1.a edição do Volp, descreve o
princípio vital da obra: “Dado o espírito com que é publicada – o de ver na língua um
bem comum, que será tanto mais de cada um quanto mais for de todos –, esta obra não
apenas está aberta a receber, senão que instantemente pede sugestões críticas de
aperfeiçoamento, de quantos nela queiram colaborar com ânimo construtivo.”

Comissão de Lexicologia e Lexicografia

Evanildo Bechara (Presidente)

Arnaldo Niskier

Domício Proença Filho


Equipe de Lexicologia e Lexicografia

Shahira Mahmud (Chefe de Lexicologia e Lexicografia)

Débora Garcia Restom

Feiga Fiszon

Cristiane Cardoso

Vania Maria da Cunha Martins Santos (in memoriam)

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