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em Medicina Veterinária
de Pequenos Animais
CASOS DE ROTINA
em Medicina Veterinária
de Pequenos Animais
Casos de Rotina em Medicina Veterinária de Pequenos Animais
Leandro Zuccolotto Crivellenti
Sofia Borin-Crivellenti
Editora MedVet, 211 edição, 2015
ISBN: 978-85-62451-36-2
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autorização escrita da Editora.
2ª EDIÇÃO
Editora
MedVet
Dedico este livro à memória do meu pai Lu.iz
e às três grandes mulheres da minha vida,
Regina, Adelina e Helena.
Sofia Borin-Crivellenti
MICHIKO SAKATE
Médica Veterinária pela Universidade Estadual Paulista
(Unesp), Câmpus de Botucatu, SP. Mestre em Medicina Ve-
terinária pela Unesp, Câmpus de Botucatu, SP. Doutora em
Patologia Experimental e Comparada pela Universidade de
São Paulo (USP), São Paulo, SP. Pós-doutorado em Toxicolo-
gia Animal pela Tokyo University of Agriculture and Technolo-
gy, Japão. Livre-docente em Toxicologia Animal pela Unesp,
Câmpus de Botucatu, SP. Professora Adjunto de Clínica Médi-
ca de Pequenos Animais da Unesp, Câmpus de Botucatu, SP.
Experiência na área de Medicina Veterinária, com ênfase em
Toxicologia Animal, atuando principalmente nos seguintes te-
mas: praguicidas, rodenticidas, animais peçonhentos, intoxi-
cação medicamentosa, plantas tóxicas, cães e gatos.
MIRELA TINUCCI-COSTA
Médica Veterinária graduada pela Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Universidade Estadual
Paulista (Unesp ), Câmpus de Jaboticabal, SP. Mestre em Me-
dicina, Área de Patologia Animal pela FCAV/Unesp, Câmpus
de Jaboticabal, SP. Doutora em Medicina, Área de Patologia
Experimental pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP. Pro-
fessora Assistente Doutora do Departamento de Clínica e Ci-
rurgia Veterinária da FCAV/Unesp, Câmpus de Jaboticabal,
SP. Responsável pelos Serviços de Dermatologia e Oncologia
Veterinária do Hospital Veterinário da FCAV/Unesp, Câm-
pus de Jaboticabal, SP. Tem experiência na área de Medicina
Veterinária, com ênfase em Clínica Veterinária, e desenvolve
pesquisas em Imunopatologia, nas áreas de Oncologia Veteri-
nária (relação tumor/hospedeiro) e Hemoparasitoses, princi-
paimente na relação Ehrlichia canis com o hospedeiro.
TATIANA CHAMPION
Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal
do Paraná, Curitiba, PR. Especialização Latu sensu em Clínica
de Animais de Companhia pela Pontifícia Universidade Cató-
lica do Paraná, Curitiba, PR. Residência em Clínica Médica de
Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Universidade Es-
tadual Paulista (Unesp ), Câmpus de Jaboticabal, SP. Mestrado
e Doutorado em Medicina Veterinária (Clínica Médica) pela
FCAV/Unesp, Câmpus de Jaboticabal, SP. Professora de Clí-
nica de Animais de Companhia da Universidade Federal da
Fronteira Sul, Campus Realeza, PR.
MENSAGEM DOS AUTORES (2ª edição)
Sofia e Leandro
PREFÁCIO DA SEGUNDA EDIÇÃO'
1 ANESTESIOLOGIA
Denise Tabacchi Fantonf
Denise Aya Otsuki
Cardiopatas .................................. .,.................................................. 1
Cardiomiopatia Arritmogênica do Ventrículo Direito .. . 1
Cardiomiopatia Dilatada···~· ............................................... 2
Cardiomiopatia Hipertrófica.............................................. 3
Distúrbios de Condução .................................................... . 4
Bloqueio Atrioventricular de Primeiro Grau
(BAV 1 Grau) ............................................................... . 4
Bloqueio Atrioventricular (BAVT) de Segundo
Grau e Terceiro Grau ... .... ... .. .. ... .. ... .. .. .. .. ... .. ........ .. ...... 5
Bloqueio de Ramo Direito (BRD ).................................. 6
Doença do Nó Sinoatrial (DNSA) ................................. 7
Doença Valvular Crônica de Mitral (DVCM) ................. 9
Patência de Dueto Arterioso (PDA) ................................. 11
Dilatação/Torção Vólvulo-Gástrica ...................................... 14
. fiunçao Respira
D 1s N . t'or1a . .......................................................... . 16
Bronquite e Asma ....... ......... ..... ....... .. .. .. ... ............. ... .......... 16
Colapso de Traqueia ... ..... .... ... ... .. .. ........ .. .. ......... ... .. .. ..... ... . 18
Pneumonia............................................................................ 18
Síndrome das Vias Aéreas dos Cães Braquicefálicos .. .... 19
. t'urbº1os N eurol'og1cos
D1s . ........................................................ . 21
Ep1·1eps1a· Pr1mar1a
· ' · ................................................................. 21
Estado Epiléptico ou Convulsões em Série .. ... .... .......... ... 22
Trauma Cranioencefálico .. .. ... .. .. ....... ... .. .... ....... ... ... .... ... .... 24
Trauma Medular ..... ... .. .. ... .. ..... ... .... .. .. ... ....... .. ... .... ....... ... ... 2 7
Distúrbios Reprodutivos......................................................... 28
Gestação............................................................ ........................... 28
Piometra .... .... .. ... .. ........... ....... ..... ... ... .. ..... ..... ... ... .... .. .. ... .. ... . 30
Doença Renal Crônica............................................................ 32
Endocrinopatas. ...... .. ... .. .. ... ..... .. .. ... .. ... .. ..... ... .... .. ... .. ...... .... .. ... 34
Diabetes Mellitus .. ..... .. ... .. ...... .... .. ..... ..... ........ .... ..... ... .. ... .. .. . 34
Feocromocitoma. ............ .. ..... .... ... .... ..... ........ .... ... .. ..... .. .. ... . 36
Hiperadrenocorticismo (HAC) ......................................... 38
Obesidade.............................................................................. 39
Geriátrico ( sem outras enfermidades).................................. 41
Hepatopatas .. .. .. ... .. ... .... ... .... ... ..... .. ... ... .... ..... ..... .......... .. ... ..... ... 42
Neonatos/Filhotes.................................................................... 44
Obstrução Urinária................................................................. 46
Pacientes com Neoplasias ... .. ... .. ..... .. ..... .. .. .................... .. ..... .. 48
Apêndices
Avaliação do Paciente Segundo a Associação
Americana de Anestesiologistas .. .. .. ... .. .. .. ... ....... .......... 50
AINEs - Seletividade por COX2 ....................................... 51
Choque Hemorrágico .... .. ....... .. .. ... ... .. .. ... .. .. ... .. .. ... .. .. ... .. .. .. 51
Critérios de Diagnóstico de Sepse e Choque Séptico .... 52
Escada de Dor e Analgesia ...... ... .. ..... .. ... .. ... .. .. ... ... .. .. ... .. .... 53
Fluidoterapia Transoperatória - Doses Recomendadas
de acordo com o Porte da Cirurgia .. ... ..... .. ... .. ..... .. ... .... 53
Sedação e Anestesia para Procedimentos Ambulatoriais
e/ou Pouco Invasivos (Mínimo Trauma Cirúrgico e
Sangramento) .... .. .. .. ..... ..... ....... ... .... .. ..... ..... .... ... ..... .... ... .. 54
Bibliografia............................................................................... 55
2 CARDIOLOGIA
João Paulo da Exaltação Pascon
Cardiomiopatia Arritmogênica do Ventrículo Direito...... 61
Cardiomiopatia Chagásica Canina .......... ...... .. .. ... ..... .... ..... .. 62
Cardiomiopatia Dilatada Canina (CMD) ... ... .. ...... .. ... .. .. ... .. 63
Cardiomiopatia Dilatada Felina ... ..... .... ... ............. ............ .. .. 65
Cardiomiopatia Hipertró:fica Felina...................................... 66
Cardiomiopatia Restritiva Felina ...... ........ .......... .. ..... ..... ... .. . 68
Comunicação Interventricular (CIV) ................................... 68
Dirofilariose .. ... .. ... ... .... .... .. .. .. ... .... ...... ... ..... ... .... ..... .. .. ... ... .... ... 69
Displasia de Valva Tricúspide .. ........ ... ......... ... ........... ... ......... 72
Efusão Pericárdica ... .... ......... .. ... .. ... .. ..... ..... ....... ..... ..... .. .. ..... ... 73
Endocardiose .. .. .. ... .. .. ... .. .. ..... ... .... ..... ... .. .. .. ... .. .. .. ... .. ... ......... ... 75
Endocardite Infecciosa ... .. .. .. ....... ..... ............... .... .. ... ... .... ... .. .. 77
Estenose Aórtica...................................................................... 77
Estenose Pulmonar............................................... :.................. 78
Hipertensão Arterial ... .. ... .. .. ... ..... ....... ............ .... .. .......... .... .. . 79
Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP)................................ 80
Persistência de Dueto Arterioso (PDA) ............................... 81
Tetralogia de Fallot.................................................................. 82
Tromboembolismo Arterial (Felinos) ... ........ ... ...... ... .. .. ..... .. 83
Apêndices
Classificação Funcional da ICC ......................................... 85
Classificação da Endocardiose Valvar Canina ... ..... .. .. .. .. 85
Classificação Clínica da Dirofilariose .. .. .. .. .. .. ... .. ... ... .. .. .... 86
Grau de Intesidade do Sopro (Ia VI)................................ 86
Focos de Auscultação Cardíaca .. .... ............ ... ....... ... .. .. .. ... . 86
Representação Gráfica do Registro Eletrocardiográfico
Normal em Pequenos Animais ..................................... 87
Valores Eletrocardiográficos de Referência .. .. ................. 87
Principais Ritmos e Arritmias de Cães e Gatos ....... .... ... 88
Bibliografia ..... ..... ... .. .. ... .. ... .. .. .......... ....... ..... .... .. .. ..... ....... .. .. .. .. 90
3 DERMATOLOGIA
Mariana Cristina Hoeppner Rondelli
Mirela Tinucci-Costa
Abscesso Cutâneo.................................................................... 91
Acne ou Foliculite ou Furunculose do Focinho.................. 92
Adenite Sebácea....................................................................... 93
Alopecia Psicogênica....... .. ... ... ..... ... ... ... .. .. ... .. .. ........ .... .... ... ... . 94
Atopia ou Dermatite Atópica ou Alergia Ambiental.......... 95
Bl-e.fa.:rite .........................,............................................__. ._. . . ................. -....................... .;9:g
Celulite Juv:erri.1 on .Piodemte Juvenil........................................ 99 1
4 DOENÇAS INFECCIOSAS
Marlos Gonçalves Sousa
Actinomicose ........................................................................... 145
Babesiose ..... ......... ... .. .. ... .. .. ... ................ ...... .... ........... ..... ..... .. .. 146
Bartonelose ................................................................................. 147
Blastomicose............................................................................. 148
Borreliose .................................................................................. 149
Botulismo ................................................................................. 150
Brucelose ................................................................................. 151
Cinomose.................................................................................. 152
Coccidioidomicose .................................................................. 153
Complexo Respiratório Felino ............................................... 155
Criptococose ............................................................................ 156
Cytauxzoonose ......................................................................... 157
Dirofilariose ............................................................................ 158
Erliquiose .................................................................................. 159
Esporotricose ........................................................................... 160
Hepatite Infecciosa Canina .................................................... 161
Hepatozoonose ........................................................................ 162
Herpesvirose Canina ............................................................... 163
Histoplasmose .......................................................................... 163
Imunodeficiência Viral Felina (FIV) .................................... 164
Leishmaniose ............................................................................ 166
Leptospirose ............................................................................. 167
Leucemia Virai Felina (FeLV) ................................................ 168
Micobacterioses ....................................................................... 169
Micoplasmose Hemotrópica Felina (Hemobartonelose) ... 170
Neosporose ............................................................................... 171
Nocardiose................................................................................ 172
Panleucopenia Felina .............................................................. 173
Parvovirose/Coronavirose Canina ........................................ 174
Peritonite Infecciosa Felina (PIF) .......................................... 175
Tétano........................................................................................ 176
Toxoplasmose ........................................................................... 178
Traqueobronquite Infecciosa Canina (Tosse dos Canis) .... 179
Tripanossomíase ...................................................................... 180
Apêndices
Diluição do Interferon a ..................................................... 181
Teste de Sensibilidade à Antitoxina Tetânica ................... 182
Bibliografia ............................................................................... 182
5 DOENÇAS MUSCULOESQUELÉTICAS
Mônica Vicky Bahr Arias
Paola Castro Moraes
Artrites (Alterações Articulares) .......................................... 183
Artrites Inflamatórias Infecciosas ...................................... 184
Artrite Infecciosa ............................................................. 184
Artrite Séptica................................................................... 185
Artrites Inflamatórias Não Infecciosas ............................. 187
Artrite Reumatoide (Artrite Imunomediada Erosiva) 187
Poliartrite Imunomediada Não Erosiva por Lúpus
Eritematoso Sistêmico (LES) ...................................... 189
Poliartrite Imunomediada Não Erosiva Idiopática...... 190
Contratura do Músculo Infraespinhoso ou
Supraespinhoso .................................................................... 191
Contratura do Quadríceps .................................................... 192
Displasia Coxofemoral (DCF) em Cães ............................... 193
Displasia Coxofemoral (DCF) em Gatos ............................. 196
Displasia do Cotovelo (DC) ................................................... 197
Distrofia Muscular................................................................... 198
Doença Articular Degenerativa (DAD) ou
Osteoartrite ........................................................................... 200
Fragmentação do Processo Coronoide Medial ,
da Ulna (FPCM) .................................................................. 201
Lesão Meniscal ......................................................................... 202
Luxação Coxofemoral ............................................................. 204
Luxação de Patela Medial ....................................................... 205
Luxação Traumática de Cotovelo .......................................... 207
Miosite dos Músculos Mastigatórios (MM) ........................ 208
Não União do Processo Ancôneo (NUPA) .......................... 210
Necrose Asséptica da Cabeça do Fêmur ou Necrose
Avascular da Cabeça do Fêmur ......................................... 211
Neoplasias Ósseas ................................................................... 212
Osteocondrite Dissecante do Ombro (OCD) ..................... 213
Osteodistrofia Hipertrófica (ODH) ...................................... 215
Osteomielite ............................................................................. 216
Osteopatia Hipertrófica ou Osteoartropatia Hipertrófica
Pulmonar ou Osteopatia Pulmonar .................................. 218
Panosteíte .................................................................................. 219
Polimiosite Idiopática ............................................................. 220
Polimiosite por Protozoários ................................................. 221
Ruptura do Ligamento Colateral ........................................... 222
Ruptura do Ligamento Cruzado Cranial (RLCC) .............. 223
Tenossinovite Bicipital ............................................................ 225
Apêndices
Artrografia ............................................................................ 226
Membros Acometidos por Alterações Locomotoras e
Neurológicas ..................................................................... 227
Bibliografia ............................................................................... 227
6 ENDOCRINOLOGIA
Sofia Borin-Crivellenti
Cetoacidose Diabética (CAD) ............................................... 231
Diabetes Insipidus (DI) ............................................................ 235
Diabetes Mellitus (DM) Canino ............................................. 237
Diabetes Mellitus (DM) Felino ............................................... 240
Hiperadrenocorticismo (HAC) Canino
(Hiperadrenocortisolismo/Síndrome de Cushing) ......... 242
Hiperparatireoidismo (HPT) ................................................. 250
Hipertireoidismo Felino (Tireotoxicose) ............................. 254
Hipoadrenocorticismo (Doença de Addison) ..................... 257
Hipotireoidismo Canino (HTC) ........................................... 260
Apêndices
Algorítmo da Abordagem Clínica do Paciente
Hipercalcêmico ................................................................ 262
Curva Glicêmica .................................................................. 264
Testes da Função Tireoidiana............................................. 264
Testes de Concentração Urinária ....................................... 266
Testes do Eixo Hipofisário-Adrenal .................................. 268
Tipos de Insulina e Cálculo das Unidades Terapêuticas 270
Bibliografia ............................................................................... 272
7 ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS
Tatiana Champion
'
Asma Felina .............................................................................. 275
Bronquite Crônica Canina ..................................................... 278
Colapso de Traqueia ................................................................ 280
Complexo Respiratório Felino ............................................... 282
Edema Pulmonar Cardiogênico ............................................ 282
Efusões Pleurais ....................................................................... 282
Piotórax ................................................................................. 284
Quilotórax............................................................................. 285
Fibrose Pulmonar Idiopática Canina .................................... 286
Hipertensão Pulmonar ........................................................... 288
Paralisia de Laringe ................................................................. 289
Pneumonia Aspirativa ............................................................ 290
Pneumonia Bacteriana............................................................ 292
Pneumopatias Intersticiais ..................................................... 293
Respiração Paroxística lnspiratória (Espirro Reverso) ....... 294
Rinite ......................................................................................... 295
Síndrome das Vias Aéreas dos Cães Braquicefálicos .......... 297
Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) ... 298
Traqueobronquite Infecciosa ................................................. 300
Tromboembolismo Pulmonar ............................................... 300
Apêndices
Lavado Broncoalveolar ....................................................... 302
Lavado Traqueal ou Traqueobrônquico ............................ 303
Bibliografia ............................................................................... 305
8 GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA
Carolina Franchi João
Cirrose/Fibrose Hepática ....................................................... 309
Coccidiose ................................................................................ 311
Colângio-Hepatite Felina ....................................................... 312
Colecistite .................................................................................. 314
Colite Bacteriana ....................................................................... 316
Coprofagia ................................................................................ 317
Corpo Estranho Gástrico ou Intestinal ................................ 317
Corpo Estranho Linear ........................................................... 318
Dilatação/Torção Vólvulo-Gástricas ..................................... 319
Doença Inflamatória Intestinal. ............................................. 321
Doença Periodontal ................................................................ 323
Encefalopatia Hepática (EH) ................................................. 325
Estenose Pilórica Hipertrófica ............................................... 326
Fístula Perianal ........................................................................ 327
Gastrite Aguda ......................................................................... 329
Gastrite Crônica....................................................................... 330
Gastroenterite Viral ................................................................. 331
Giardíase ............................................ n 332
• • • • • • • • • •. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
9 HEMATOLOGIA E IMUNOLOGIA
Sofia Borin-Crivellenti
Anemia Hemolítica ................................................................. 355
Anemia Hemolítica Imunomediada (AHIM) ..................... 356
Anemia Hemorrágica Aguda .......... ;...................................... 359
Anemia Hemorrágica Crônica .............................................. 361
Anemias Hipoproliferativas (Hipoplásicas) ......................... 362
Aplasia/Hipoplasia da Medula Óssea .................................... 364
Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) ................ 366
Hemofilias ................................................................................ 369
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) ...................................... 370
Policitemia Absoluta ............................................................... 372
Policitemia Relativa ............................................... ,................. 374
Trombocitopenia Imunomediada (TIM) ............................. 375
Apêndices
Fluidoterapia Parenteral...................................................... 376
Hemogasometria.................................................................. 379
Transfusão Sanguínea ......................................................... 380
Bibliografia ............................................................................... 385
10 INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTOS
Michiko Sakate
Paulo César Jark
Acidente com Abelhas ............................................................ 389
Acidente Botrópico ................................................................. 391
Acidente Crotálico ................................................................... 392
Acidente Elapídico (Gênero Micrurus) ................................ 394
Acidente Laquético (Gênero Lachesis) ................................. 395
Araneísmo ................................................................................ 396
Aranha-Marrom (Loxosceles spp.) ..................................... 396
Aranha Armadeira (Phoneutria spp.) ............................... 397
Escorpionismo ......................................................................... 398
Intoxicação por Acetoaminofeno
(Paracetamol®, Tylenol®) ..................................................... 400
Intoxicação por Ácido Acetilsalicílico
(Aspirina, AAS, Melhoral Infantil) ................................... 401
Intoxicação por Amitraz (Triatox®- Bayer) .......................... 403
Intoxicação por Avermectinas e Milbemicinas ................... 404
Intoxicação por Bufotoxina (Veneno de Sapo) .................... 405
Intoxicação por Cumarínicos e Idandiônicos
(Rodenticidas) ...................................................................... 406
Intoxicação por Estricnina ..................................................... 408
Intoxicação por Fenazopiridina (Pyridium®) ...................... 409
Intoxicação por Fluoroacetato de Sódio ............................... 410
Intoxicação por Organofosforados e Carbamatos .............. 411
Intoxicação por Piretrinas e Piretroides ............................... 413
Apêndice
Organogramas das Intoxicações e Envenenamentos .. 415
Bibliografia ............................................................................... 417
11 NEFROLOGIA E UROLOGIA
Leandro Zuccolotto Crivellenti
Cistite Bacteriana..................................................................... 419
Cistite Idiopática dos Felinos (Cistite Intersticial Felina) .. 419
Divertículos Vesicouracais ..................................................... 421
Doença do Trato Urinário Inferior dos Felinos (DTUIF)
- Gatos Não Obstruídos ..................................................... 422
Doença do Trato Urinário Inferior dos Felinos (DTUIF)
- Gatos Obstruídos .............................................................. 423
Doença Renal Congênita ........................................................ 426
Doença Renal Crônica (DRC) em Cães ............................... 428
Doença Renal Crônica (DRC) em Gatos ............................. 436
1
Apêndices
Biópsia Renal ........................................................................ 476
Diálise Peritoneal (DP) ....................................................... 477
Estadiamento do Doente Renal Crônico .......................... 477
Estimativa da Taxa de Filtração Glomerular. ................... 479
Hemodiálise (HD) ............................................................... 480
U-P/C (Razão Proteína/Creatinina Urinária) .................. 480
Uretrocistografia Retrógrada ............................................. 481
Orografia Excretora ............................................................. 481
Variação do Volume Urinário e da Frequência de
Micção ............................................................................... 482
Bibliografia ............................................................................... 482
12 NEONATOLOGIA
Camila Infantosi Vannucchi
Maria Lúcia Gomes Lourenço
Anasarca Congênita ................................................................ 487
Anencefalia, Lisencefalia e Hidrocefalia .............................. 488
Atresia Anal/Fístula Retovaginal.. ......................................... 490
Brucelose Canina ..................................................................... 491
Conjuntivite Neonatal. ............................................................ 493
Fenda Palatina/Lábio Leporino ............................................. 494
Herpesvirose Canina............................................................... 496
Hipoxemia Neonatal ............................................................... 497
Isoeritrólise Neonatal Felina .................................................. 499
Onfaloflebite Neonatal ............................................................ 500
Septicemia Neonatal ............................................................... 501
Síndrome do Filhote Nadador ............................................... 503
Síndrome do Leite Tóxico ....................................................... 504
Síndrome Hemorrágica do Neonato ..................................... 506
Tríade Crítica do Recém-Nascido ou Síndrome do
Definhamento ...................................................................... 507
Vírus Minuto Canino (VMC) ................................................ 510
Apêndices
Aleitamento Artificial do Neonato .................................... 511
Sondagem Orogástrica ........................................................ 512
Via de Acesso lntraóssea (I O) ............................................ 513
Terapêutica Neonatal.. ......................................................... 514
Bibliografia ............................................................................... 515
13 NEUROLOGIA
Mónica Vicky Bahr Arias
Acidente Vascular Cerebral .................................................... 517
Avulsão das Raízes do Plexo Braquial .................................. 518
Convulsão ................................................................................. 520
Discoespondilite ...................................................................... 524
Disfunção Cognitiva (DC) ou Síndrome da Disfunção
Cognitiva Canina (SDCC) ................................................. 525
Doença do Disco Intervertebral do Tipo I
- DDIV Tipo 1...................................................................... 528
Doença do Disco Intervertebral do Tipo II ......................... 530
1
14 NUTROLOGIA
Márcio Antonio Brunetto
Sandra Prudente Nogueira
Sofia Borin-Crivellenti
Leandro Zuccolotto Crivellenti
Manejo Nutricional das Cardiopatias (geral) ...................... 607
Manejo Nuticional da Colangite e
Colângio-Hepatite Felina.................................................... 613
Manejo.Nutricional da Colite ................................................ 614
Manejo Nutricional da Constipação, Obstipação e
Megacólon Felino ................................................................ 615
Manejo Nutricional do Paciente com
Diabetes Mellitus (DM) ....................................................... 617
Manejo Nutricional da Dilatação
Vólvulo-Gástrica (DVG) ..................................................... 619
Manejo Nutricional da Doença Inflamatória
Intestinal (DII) ..................................................................... 621
Manejo Nutricional da Doença Renal Crônica (DRC) ...... 623
Manejo Nuticional da Encefalopatia Hepática (EH) .......... 627
Manejo Nutricional da Gastrite Aguda ............................... 631
Manejo Nutricional da Gastrite Crônica ............................. 634
Manejo Nuticional da Hepatite Crônica e
Cirrose Hepática ................................................................. 63 5
Manejo Nutricional das Hepatopatias .................................. 637
Manejo Nutricional da Insuficiência Pancreática
Exócrina (IPE) ........................................................................ 642
'
Manejo Nuticional da Lipidose Hepática Felina (LHF) ..... 644
Manejo Nutricional do Megaesôfago .................................... 649
Manejo Nutricional do Paciente com Neoplasia ................. 650
Manejo Nutricional da Pancreatite ....................................... 652
Obesidade ................................................................................. 655
Apêndices
Avaliação Nutricional (Escore de Condição
Corporal) ........................................................................... 663
Como Prescrever e Calcular a Dieta ................................. 668
Dietas Caseiras ..................................................................... 671
Fluidoterapia Microenteral. ................................................ 6 72
Nutrição Enteral. .................................................................. 673
Nutrição Parenteral (NP) .................................................... 676
Tubos Alimentares ............................................................... 678
Bibliografia ............................................................................... 679
1:5 OFTAL'MOLOGIA
Alexandre Pinto Ribeiro
Atrofia de Retina Hereditária................................................. 683
Atrofia de Retina por Enrofloxacino ..................................... 684
Atrofia de Retina por Ivermectina ........................................ 684
Catarata ..................................................................................... 685
Catarata Diabética ................................................................... 687
Ceratite Superficial Crônica (Panus Oftálmico) .................. 689
Ceratoconjuntivite Seca (CCS) .............................................. 690
Conjuntivite Folicular ............................................................. 691
Conjuntivite Neonatal. ............................................................ 692
Degeneração Corneal.............................................................. 692
Distiquíase ................................................................................. 693
Distrofias Corneais .................................................................. 694
Ectrópio ...................................................................................... 695
Entrópio .................................................................................... 695
Episclerite/Esclerite ................................................................. 697
Esclerose Lenticular ................................................................. 698
Everção da Cartilagem da Terceira Pálpebra ....................... 698
Flórida Spots ou Ceratopatia da Flórida .............................. 699
Glaucoma Primário ................................................................. 699
Glaucoma Secundário ............................................................. 701
Laceração Palpebral ................................................................ 702
Lágrima de Má Qualidade ...................................................... 703
Manifestação Ocular do Complexo Respiratório
dos Felinos ............................................................................ 704
Obstrução do Dueto Nasolacrimal ....................................... 705
Olho Azul/Ceratopatia Bolhosa ............................................ 706
Proptose Traumática do Bulbo do Olho ............................... 707
Protrusão da Glândula da Terceira Pálpebra ....................... 708
Sequestro Corneal .................................................................. 709
Subluxação/Luxação da Lente................................................ 71 O
Triquíase ................................................................................... 712
úlcera de Córnea com Destruição do Limbo ...................... 713
Úlcera de Córnea Indolente
(Ceratite Superficial Espontânea Crônica) ....................... 714
Úlcera de Córnea Profunda ................................................... 715
úlcera de Córnea Superficial ................................................. 716
Uveíte Anterior ........................................................................ 718
Uveíte Posterior e Panuveíte .................................................. 720
Apêndices
Eletrorretinografia em Flash .............................................. 721
Teste da Lágrima de Schirmer............................................ 722
Bibliografia ............................................................................... 722
16 ONCOLOGIA
Andrigo Barboza De Nardi
Carcinoma de Células Transicionais ..................................... 727
Carcinoma Espinocelular ....................................................... 728
Carcinoma Inflamatório ......................................................... 730
Hemangiossarcoma (HSA) .................................................... 731
Insulinoma ............................................................................... 733
Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) ................ '. ................. 735
Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) .................................... 738
Linfomas em Cães ................................................................... 739
Linfomas em Gatos ................................................................. 744
Mastocitomas ........................................................................... 7 49
Melanoma .................................................................................. 751
Mesotelioma ............................................................................. 752
Mieloma Múltiplo.................................................................... 754
Neoplasias Mamárias Malignas em Cadelas ........................ 756
Neoplasias Mamárias Malignas em Gatas ............................ 758
Neoplasias Prostáticas ............................................................. 759
Neoplasias Testiculares ........................................................... 760
Osteossarcoma ......................................................................... 760
Sarcoma Histiocítico (SH) ...................................................... 762
Sarcomas de Aplicação ........................................................... 763
Sarcomas de Tecidos Moles (STM) ....................................... 765
Tumor Venéreo Transmissível (TVT) .................................. 766
Apêndices
Cuidados com os Animais em Quimioterapia
Antineo.plásica .................................................................. 767
Cuidados na Manipulação de Quimioterápicos
Antineoplásicos ............................................................... 768
Tabelas de m 2 ........................................................................ 770
Bibliografia ............................................................................... 771
17 TERIOGENOLOGIA
Tathiana Ferguson Motheo
Abscessos Prostáticos .............................................................. 775
Cistos Foliculares (CF) ........................................................... 778
Cistos Paraprostáticos ............................................................. 780
Cistos Prostáticos .................................................................... 782
Criptorquidismo ...................................................................... 783
Dermatite Escrotal. .................................................................. 784
Distoeia ou Parto Anormal .................................................... 784
Eclâmpsia, Febre do Leite ou Hipocalcemia Pós-Parto ...... 787
Fimose ....................................................................................... 789
Hidrocele .................................................................................. 790
Hiperplasia e Prolapso Vaginal. ............................................. 791
Hiperplasia Fibroadenomatosa Mamária Felina (HFMF). 792
Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) ................................. 794
Mastite....................................................................................... 797
Metaplasia Escamosa Prostática ............................................ 798
Metrite ...................................................................................... 799
Neoplasia Prostática ................................................................ 800
Neoplasias Testiculares ........................................................... 801
Orquite e Epididimite ............................................................. 803
Parafimose ............................................................................... 804
Piometra - Complexo Hiperplasia Endometrial Cística.... 805
Piometra de Coto..................................................................... 808
Prolapso Uterino ...................................................................... 808
Prostatite Aguda ...................................................................... 809
'
Prostatite Crônica .................................................................... 811
Pseudogestação (Pseudociese ou Gravidez Psicológica) .... 811
Síndrome do Ovário Remanescente ..................................... 812
Subinvolução dos Sítios Placentários (SSP) ......................... 813
Torção Testicular ..................................................................... 813
Vaginite ..................................................................................... 814
Apêndices
Bactérias e Antibióticos na Doença Prostática ................ 816
Citologia Vaginal ................................................................. 816
Determinação do Volume Prostático em Cães ................ 817
Perfil Hormonal do Ciclo Estral de Cadelas .................... 818
Bibliografia ............................................................................... 818
18 VACINAÇÃO E IMUNIZAÇÃO
Alexandre Gonçalves Teixeira Daniel
Paulo Sérgio Salzo
Cães Adultos Saudáveis .......................................................... 821
Cães Adultos Saudáveis Não Imunizados Anteriormente . 822
Cães Imunossuprimidos ou Portadores de Doenças
Crônicas ................................................................................ 822
Filhotes de Cães Saudáveis ..................................................... 823
Filhotes de Cães Que Não Tiveram Acesso ao Colostro .... 824
Filhotes de Gatos Saudáveis ................................................... 824
Filhotes de Gatos Originários ou Mantidos em
Ambientes Superpopulosos ................................................ 825
Gatos Adultos ........................................................................... 826
Gatos Adultos em Ambientes Superpopulosos ................... 827
Gatos Imunossuprimidos ....................................................... 828
Giardíase ................................................................................... 829
Leishmaniose ........................................................................... 829
Traqueobronquite Infecciosa Canina.................................... 830
Apêndices
Tipos e Classificação de Vacinas para Gatos .................... 831
Vacinas Disponíveis no Mercado Brasileiro ..................... 833
Bibliografia .............................................................................. 83 7
CARDIOPATAS
CARDIOMIOPATIA ARRITMOGÊNICA
DO VENTRÍCULO DIREITO
DESCRIÇÃO: Cardiomiopatia com predisposição racial
para o Boxer e que está relacionada a infiltração de teci-
do gorduroso no ventrículo direito e esquerdo gerando
focos de arritmia, geralmente, batimentos ventriculares
prematuros (VPC) e taquicardia ventricular, podendo
causar síncope, fraqueza, morte súbita, ou evoluir para
insuficiência cardíaca congestiva (vide «Cardiomiopatia
arritmogênica do ventrículo direito': cap. 2. Cardiologia).
AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: O ECG recente deno-
tará a presença de arritmia e sua gravidade. Exames labo-
ratoriais de rotina devem ser solicitados para se excluir
qualquer outra alteração, assim como os distúrbios hi-
droeletrolíticos devem ser descartados.
PROTOCOLOS/MONITORAÇÃO: Os Boxers, assim
como os demais cães braquicefálicos, são especialmen-
te sensíveis aos fenotiazínicos, que no entanto podem
ser utilizados em doses baixas - acepromazina 0,02-
0,03 mg/kg, IM. É sempre importante relembrar que no
animal com estado de alerta normal, e excetuando-se
aqueles de idade avançada, quando se restringe o uso da
MPA, certamente as doses dos fármacos de indução se-
rão invariavelmente mais elevadas, ou seja, deve-se pesar
1
2 CAPÍTULO 1
CARDIOMIOPATIA DILATADA
DESCRIÇÃO: Doença do miocárdio caracterizada por
disfunção sistólica com dilatação do ventrículo esquer-
do ou de ambos os ventrículos. Algumas raças são pre-
dispostas dentre elas o Dobermann, o Cocker Spaniel e
o Boxer. Os animais podem evoluir para insuficiência
cardíaca congestiva e podem apresentar arritmias como
fibrilação atrial (FA), taquicardia ventricular, bloqueio
de ramo esquerdo, entre outras (vide "Cardiomiopatia
dilatadà: cap. 2. Cardiologia).
AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: Exames laboratoriais
de rotina, ECG, ecocardiograma recente e RX de tórax
são fundamentais para a avaliação da gravidade do qua-
dro. Valores da fração de ejeção (FE) inferiores a 35%
refletem doença grave. A FA pode ocasionar trombo,
tornando o exame ecocardiográfico recente essencial nos
animais com esta arritmia, assim como a necessidade de
terapêutica anticoagulante.
PROTOCOLOS/MONITORAÇÃO: O objetivo nesta
anestesia é evitar a depressão miocárdica induzida por
AN ESTESIOLOGIA 3
CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA
DESCRIÇÃO: Enfermidade mais prevalente em gatos e
que cursa com hipertrofia do ventrículo esquerdo, obs-
trução dinâmica da via de saída do VE, regurgitação mi-
tral, disfunção diastólica e arritmias.
AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: À auscultação de ga-
tos, a presença de sopro pode ser indicativa da doença.
Exames ecocardiográfico e eletrocardiográfico são de
fundamental importância para se analisar a gravidade da
doença. Medicações como betabloqueadores ou inibido-
res de canais de cálcio devem ser mantidos até o dia da
. . ..
cirurgia, mesmo em JeJum.
PROTOCOLOS/MONITORAÇÃO: A MPA pode ser reali-
zada com opioides fracos (meperidina 2-3 mg/kg outra-
mado! 2-4 mg/kg) e/ou acepromazina. Evitar uso de fár-
4 CAPÍTULO 1
DISTÚRBIOS DE CONDUÇÃO
Cada dia se torna mais frequente a anestesia de pacientes
com distúrbios da condução, tanto para serem submeti-
dos a procedimentos não relacionados a doença, como
para seu tratamento (vide "Principais ritmos e arritmias",
Apêndice, cap. 2. Cardiologia).
Classe Descrição
Com risco de doença cardíaca, mas sem alteração
A
estrutural do coração ou sinais clínicos (sopro)
Bl DVCM, assintomáticos, sem remodelamento cardíaco
PROTOCOLOS/MONITORAÇÃO
• A escolha da MPA pode ser baseada no binômio tran-
quilizante (acepromazina 0,03 mg/kg) e opioide fra-
co (meperidina 2 mg/kg ou tramado! 2 mg/kg) para
animais com função diastólica preservada (Classe 1 e
eventualmente 2), levando-se em conta que, em ani-
mais de idade avançada, a dose, sobretudo dos opioi-
des, deve ser diminuída em no mínimo 30%. O feno-
tiazínico deve ser suprimido para os quadros mais
graves (Classes 3 e 4).
• Para a indução da anestesia o propofol 2-3 mg/kg, IV
(administrado lentamente e em doses baixas), associa-
do ou não a benzodiazepínico (BZD), como por exem-
plo o midazolam (0,2-0,4 mg/kg), pode ser utilizado em
animais com DVCM estágio Bl/B2. Nos quadros avan-
çados com maior risco de descompensação, o etomida-
to 1-2 mg/kg, IV, é a melhor opção podendo ser asso-
ciado aos opioides ou BZD. Os anestésicos inalatórios
como o isofluorano, sevofluorano e desfluorano podem
ser utilizados tendo-se em vista que contribuem para
a diminuição da resistência vascular sistêmica (RVS)
que pode aumentar por conta da estimulação cirúrgi-
ca, aumentam a frequência cardíaca e, em concentra-
ANESTESIOLOGIA 11
DISFUNÇÃO RESPIRATÓRIA
BRONQUITE E ASMA
DEFINIÇÃO: Asma - doença inflamatória das vias aéreas
de causa possivelmente alérgica, com acúmulo de muco
e contração da musculatura bronquial, causando limita-
ção da passagem de ar (vide 'i\sma felina: cap. 7. Enfer-
AN ESTESIOLOGIA 17
COLAPSO DE TRAQUEIA
DEFINIÇÃO: Obstrução da traqueia causada por dege-
neração progressiva da cartilagem traqueal, levando ao
achatamento dorsoventral da traqueia (vide "Colapso de
traqueia: cap. 7. Enfermidades respiratórias).
AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: Além de exames de ro-
tina como ECG, hemograma e painel bioquímico, devem
ser realizados exames radiográficos ou fluoroscópico
para avaliação do colapso. Também deve ser avaliada a
presença de outras alterações nas vias aéreas superiores
como colapso laríngeo, eversão de sáculos laríngeos.
PROTOCOLOS/MONITORAÇÃO: A escolha do proto-
colo anestésico depende do estado geral individual. Os
animais devem ser sedados para diminuir o estresse e a
agitação, que podem agravar a disfunção respiratória, e
aqueles muito dispneicos devem receber suplementação
de oxigênio antes da indução. A indução e a intubação
devem ser realizadas de forma rápida para evitar a dessa-
turação. A intubação deve ser realizada com sonda com
comprimento suficiente para ultrapassar a entrada do
tórax, tomando-se o cuidado para não realizar uma intu-
bação seletiva de um dos brônquios.
A monitoração deve incluir ECG, pressão arterial não
invasiva (PANI), oximetria e capnografia.
A analgesia
, pós-operatória deverá ser realizada de acor-
do com o grau de dor do procedimento cirúrgico (vide
Apêndice "Escala de dor e analgesia'').
PNEUMONIA
DEFINIÇÃO: Inflamação nos pulmões causada por agen-
tes bacterianos, virais ou fúngicos (vide "Pneumonias':
cap. 7. Enfermidades respiratórias).
AN ESTES IOLOGIA 19
DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS
EPILEPSIA PRIMÁRIA
DEFINIÇÃO: Epilepsia primária ou idiopática é a condi-
ção clínica de convulsões crônicas recorrentes sem causa
definida (ausência de alterações neurológicas estruturais
ou alterações metabólicas) e idade de início entre 1 e 5
anos. Embora menos frequente, pode ser observada tam-
bém em gatos (vide "Epilepsià: cap. 13. Neurologia).
AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: Exames de tomografia
computadorizada ou ressonância magnética e avalia-
ção do líquido cerebroespinhal (LCE) podem ajudar a
excluir outras condições neurológicas. Os exames pré-
-anestésicos dependerão da condição geral do paciente,
idade e comorbidades.
PROTOCOLOS/MONITORAÇÃO: Os efeitos dos agen-
tes anestésicos na atividade elétrica cerebral deverão ser
considerados para a escolha do protocolo anestésico, evi-
tando a administração de fármacos potencialmente epi-
leptogênicos. Fármacos como alfentanil, cetamina, enflu-
rano, isoflurano e sevoflurano podem causar atividades
22 CAPfTULO 1
ESTADO EPILÉPTICO
OU CONVULSÕES EM SÉRIE
DEFINIÇÃO: Condição de risco caracterizada por ativi-
dade convulsiva prolongada por mais de 5 minutos ou
ocorrência de dois ou mais episódios convulsivos sem
recuperação de consciência completa entre eles. O tra-
tamento rápido é extremamente necessário, pois trinta
ANESTESIOLOGIA 23
~---·--
____
máximo 3 doses; 0,5 mg/kg/h infusão contínua
..
TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO
DEFINIÇÃO: O trauma cranioencefálico (TCE) decor-
rente de diferentes causas, como acidentes automobilísti-
cos, queda, mordidas, tem um alto índice de mortalidade
em cães e gatos. As lesões decorrentes do TCE podem
ser primárias (lesão mecânica direta das estruturas in-
tracranianas) ou secundárias (lesão posterior, resultan-
te de alterações físicas e bioquímicas intracranianas e
agravadas por alterações sistêmicas como hipotensão,
hipóxia, hipo/hipercapnia, hipo/hiperglicemia e hiper-
termia). Para um melhor manejo clínico e/ou anestésico
do paciente com TCE, é necessário conhecimento da fi-
siologia cerebral. A manutenção da oxigenação cerebral
depende do fluxo sanguíneo cerebral (FSC), que pode
ser avaliada pela pressão de perfusão cerebral (PPC). A
PPC é calculada como a diferença entre a pressão arte-
rial média (PAM) e a pressão intracraniana (PIC). Fa-
tores como hipotensão ou aumento da PIC resultam em
diminuição da PPC e consequentemente da oxigenação
cerebral. Além disso, a própria lesão intracraniana leva
à perda de mecanismos protetores de autorregulação do
FSC, fazendo com que pequenas alterações na PAM ou
na oxigenação tenham efeitos deletérios (vide "Trauma
cranioencefálico: cap. 13. Neurologia).
AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: Realizar uma completa
avaliação clínica, corrigindo quadros de hipovolemia, hi-
poxemia e anemia, que levam ao agravamento do quadro
por aumento da PIC. Muitas vezes, o paciente com TCE
pode apresentar diferentes graus de perda de sangue e
choque hemorrágico (vide Apêndice "Choque hemorrá-
gico',). A gravidade do quadro neurológico e o prognós-
tico podem ser avaliados pela escala de coma de Glasgow
modificada (vide "Trauma cranioencefálico - escala de
coma de Glasgow modificada para cães e gatos': cap. 13.
Neurologia). A análise da PIC sem medidas diretas pode
AN ESTESIOLOGIA 25
TRAUMA MEDULAR
DEFINIÇÃO: A lesão medular traumática pode envolver
luxação ou fratura vertebral, protrusão traumática de
disco intervertebral, contusão de parênquima medular e
hemorragia extra-axial. As causas relatadas são acidente
automobilístico, queda, esmagamento, mordidas, projé-
til balístico. A lesão do tecido nervoso pode ser classi-
ficada em primária (rompimento resultante do impacto
traumático) ou secundária (resultante de mediadores in-
flamatório e radicais livres, agravada por alterações sis-
têmicas como hipotensão, hipóxia, hiper/hipocapnia, hi-
per/hipoglicemia, hipertermia e distúrbio eletrolíticos)
(vide ((Trauma vertebromedular': cap. 13. Neurologia).
AVALIAÇÃO PRÉ-A;N·ESTÉSlCA: Deve ser realizada uma
completa avaliação sistêmica e neurológica, além dos
exames de rotina, como hemograma, perfil bioquímico e
ECG. Alterações como hipotensão, hipovolemia e hipo-
xemia podem não só dificultar a avaliação neurólogica
como também agravar as lesões secundárias.
:PROTOCOLOS/MONITORAÇÃO: A manipulação do
animal deve ser realizada com cuidado para não provo-
car maior desestabilização e piora do quadro. Deve-se
tomar cuidado especial durante a intubação nas lesões
cervicais. Além disso, as alterações causadas por danos
nesse segmento medular podem ainda levar a hipoten-
são, bradicardia e alterações respiratórias, agravando
ainda mais a abordagem do paciente.
28 CAPÍTULO 1
DISTÚRBIOS R·EPRODUTlVOS
GESTAÇÃO
DEFINIÇÃO: A anestesia em um animal gestante ocorre
não só em procedimentos obstétricos, mas também em
gestantes submetidas a diversos procedimentos durante
1
PIOMETRA
DEFINIÇÃO: Afecção multissistêmica que afeta-cadelas e
gatas, na qual o útero enfermo leva à endotoxemia com
comprometimento de vários órgãos, como fígado e rins,
e até mesmo ao choque séptico, com alterações hemodi-
nâmicas e hidroeletrolíticas importantes (vide "Piome-
trà: cap. 17. Teriogenologia).
AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: Os exames pré-anes-
tésicos devem incluir hemograma, proteína total, perfil
bioquímico, ECG e, nos casos mais graves, eletrólitos
e hemogasometria. São frequentemente encontrados
anemia, comprometimento hepático e renal. O quadro
clínico deve ser avaliado com cuidado, identificando os
diferentes graus de sepse e choque séptico (vide Apêndi-
ce «Critérios de diagnóstico de sepse e choque séptico").
ENDOCRIN,QPATAS
DIABETES MELLITUS
DESCRIÇÃO: Diabetes mellitus (DM) é uma das endocri-
nopatias mais frequentes no cão, e a forma mais comum
observada é a insulinodependente, semelhante ao diabe-
tes tipo I humano. Sua incidência é maior em cães acima
de 8 anos e frequentemente está associado a doenças in-
tercorrentes como hiperadrenocorticismo e pancreatite
(vide "Diabetes mellitus': cap. 6. Endocrinologia).
AVALIAÇÃO PRÉ·ANESTÉSICA: Pesquisar histórico de
diab'etes, controle glicêmico, presença de doenças inter-
correntes, dieta habitual e medicações em uso. Exames
pré-operatórios devem incluir avaliação cardiológica e
exames laboratoriais de rotina (hemograma, função re-
nal e hepática, triglicérides, colesterol, exames de urina).
Cães diabéticos podem apresentar elevações em enzimas
hepáticas FA, ALT e GGT. A adequação do controle gli-
cêmico deve ser verificada com medidas de glicemia, au-
sência de poliúria e polidipsia importantes, além da ava-
AN ESTESIOLOGIA 35
FEOCROMOCITOMA
DESCRIÇÃO: Tumores secretores de catecolaminas lo-
calizados geralmente na glândula adrenal, cujo principal
sintoma é a hipertensão arterial.
AN ESTESIOLOGIA 37
HIPERADRENOCORTICISMO (HAC)
DESCRIÇÃO: Hiperadrenocorticismo é uma endocri-
nopatia comum em cães idosos, que se caracteriza pelo
aumento da produção de cortisol pela adrenal. Pode ser
causado pela secreção aumentada de ACTH pela glându-
la pituitária (ACTH dependente) (85% dos casos) ou por
tumor primário de adrenal (15%). Os sinais são variados
e podem incluir poliúria/polidipsia, alterações derma-
tológicas, abdômen pendular e fraqueza muscular (vide
"Hiperadrenocorticismo': cap. 6. Endocrinologia).
OBESH1lA,D:E
DESCRIÇÃO: A obesidade é um verdadeiro desafio para
o anestesista. Inicialmente é muito difícil se avaliar o im-
pacto do sobrepeso na dosagem de anestésicos e adju-
vantes. A ventilação é a maior prejudicada pois em face
da compressão do tórax pelo maior peso do abdômen
e da própria caixa torácica, ocorre diminuição da capa-
cidade residual funcional (CRF), do volume pulmonar
total e do volume expirado resultando em hipoxemia
e shunts, distúrbios agravados pela anestesia. Ainda, o
obeso apresenta menor tolerância à apneia fazendo com
que na indução seja comum a dessaturação arterial de
. " .
ox1gen10.
AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: Exames clínicos de
rotina e laboratoriais são fundamentais, sobretudo para
serem descartadas alterações de função hepática e renal,
40 CAPÍTULO 1
HEPAifi.OPATAS
DESCRIÇÃO: A hepatite crônica/cirrose pode ser defi-
nida como alteração hepática importante com duração
superior a 6 meses. Várias são as .causas, entre elas, pode-
-se citar as infecções fqngicas, bacterianas, virais, desor-
dens imunomediadas, fármacos (acetaminofeno), além
de causas desconhecidas. O fígado 'é um órgão com uma
reserva importante, assim, ~par~ ·que haja comprometi-
mento de sua função, mais de 75% de seu parênquima
precisa estar comprometido; porém nesse estágio o ani-
mal se encontrará em um quadro grave e, para a aneste-
sia, este paciente é problemático pois grande parte dos
fármacos empregados é metaboliiada pelo fígado (vide
'(Cirrose/fibrose hepática': cap. 8. Gastroenterologia e
hepatologia).
AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: Dimensionar a magni-
tude do comprometimento do órgão é o princípio desta
anestesia e, como o fígado é responsável por diferentes
funções no organismo, uma avaliação global é funda-
mental. Enzimas hepáticas (ALT, AST) aumentadas in-
dicam lesão hepatocelular, enquanto a fosfatase alcalina,
ANESTESIOLOGIA 43
NEONATOS/FllHOTES
DEFINIÇÃO: Para cães e gatos, o período neonatal se es-
tende até 6 semanas de idade e é caracterizado por gran-
de imaturidade dos sistemas respiratório, cardiovascu-
lar, hepático e renal, além de diferenças na composição
corporal e na termorregulação, o que resulta em pouca
reserva cardiopulmonar, por exemplo pouca tolerân-
ANESTESIOLOGIA 45
OBSTRUÇÃO URINÁRIA
APÊNDICES
COX1
CHOQUE HEMORRÁGICO
, Grau I i Grau li Grau Ili ., Grau IV
1 1
Débito
Normal Diminuído Olígúría Anúria
urinário
PERDA OE SANGUE
VI
N
CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DE SEPSE E CHOQUE SÉPTICO
Infecção+ Manifestações sistêmicas de inflamação
• Febre ou hipotermia
• Taquicardia
• Taquipneia
• Hiperglicemia sem diabetes
• Leucocitose/leucopenia
• Hipotensão arterial (PAS <90 mmHg ou PAM <70 mmHg ou PAD <40 mmHg)
SEPSE • Hipoxemia (PaO/Fi02 <300)
• Oligúria
• t creatinina
• Trombocitopenia
• Coagulopatias
• Hiperbilirrubinernia
• Hiperlactatemia
•t tempo de refil capilar
Sepse + Disfunção orgânica ou Hipoperfusão tecidual (hipotensão, t lactato,
SEPSEGRAVE
oligúria) n
)>
"'tJ
CHOQUE SÉPTICO Sepse + Hipotensão persistente após fluidoterapia adequada (PAM <65 rnmHg) ~
e
...5
·QC:,(J l91t'f:~~~,.,t; · ; ·.•··. :•:.
ESCADA DE DOR E ANALGESIA AINEs + .opioid~s fortes + >
z
m
bloqueio~tegjonais* .· V\
-t
Hérnia de disco m
DOR INTENSA ·. . V\
FLUIDOTERAPIA TRANSOPERATÓRIA -
DOSES RECOMENDADAS DE ACORDO COM O PORTE DA CIRURGIA -
f RX, retirada de pontos, colocação de sonda Punção de medula óssea, lavado traqueal, Mielografia, punção de liquor, tomografia
I
uretra!, biópsia cutânea com punch redução de fraturas/imobilização
!Acepromazina (0,05 mg/kg, IM) + opioides i Acepromazina (O,OS mg/kg, IM)+ opioides Acepromazina (0,05 mg/kg, IM) + opioides
I
fracos como tramado! (2-4 mg/kg, IM), I fracos como tramadol (2-4 mg/kg, IM}, fracos como tramado! (2-4 mg/kg, IM),
I e li
butorfanol (0, 1~0,2 mg/kg, IM), codeína
(1-2 mg/kg, IM)
l butorfanol (O, 1-0,2 mg/kg, IM), codeína butórfanol (O, 1-0,2 mg/kg, IM), codeína
r (1-2 mg/kg, IM) (1-2 mg/kg, IM)
ou + propofol após 15 min (~-5 mg/kg, IV) + propofol após 15 min (3-Smg/kg, IV)
Dexmedetomidina (5-10 mcg/kg, IM} + anestesia inalatória
Tramado! (2-4 mg/kg, IM) ou opioides fortes Tramado! (2-4 mg/kg, IM) ou opioides
·1 Tramado! (2-4 mg/kg, IM) ou opioides
I em baixas doses como morfina (0,2-0,5 mg/ fortes em baixas doses como metadona i fortes em baixas doses como metadona
Ili I kg, IM), metadona (0,2-0,5 mg/kg, IM) j {0,2-0,5 mg/kg, IM} (0,2-0,5 mg/kg, IM)
· + propofol + propofol
+ anestesia inalatória
Opioides como morfina (0,2-0,5 mg/kg, IM}, l Opioides como morfina {0,2-0,5 mg/kg, Opioides como morfina (0,2-0,5 mg/kg,
IV I metadona (0,2-0,3 mg/kg, IM) 1IM}, metadona (0,2-0,3 mg/kg, IM} IM), metadona (0,2-0,3 mg/kg, IM)
+ propofol + propofol ('\
1 l>
! 1+ anestesia inalatória "ti
A morfina não deve ser empregada em animais sem jejum adequado ou em animais deprimidos e que serão submetidos a anestesia inalató-
=r
e
ria, devido ao risco de êmese e aspiração. 5
...
ANESTESIOLOGIA 55
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ANESTESIOLOGIA 59
CARDIOMIOPATIA ARRITMOGÊNlCA
DOVENTRÍCUlO DIREITO
DESCRIÇÃO: Cardiomiopatia caracterizada pela subs-
tituição fribroadiposa do miocárdio ventricular direito
atrofiado e desequilíbrio do cálcio intracelular, respon-
sáveis pela gênese das arritmias ventriculares de origem
direita e, menos frequente, disfunção sistólica. Maior in-
cidência em cães da raça Boxer (hereditário) e gatos. Os
sinais variam de assintomático à síncope e morte súbita.
DIAGNÓSTICO: Auscultação de batimentos prematu-
ros (déficit de pulso), taquicardia, sinais de insuficiência
cardíaca congestiva (vide "Cardiomiopatia dilatada ca-
nina''). RX: Sem alterações ou leve cardiomegalia. ECG:
Taquiarritmias ventriculares de origem direita, fibrilação
atrial e ventricular, taquicardia atrial, bloqueio de ramo
direito e bloqueio atrioventricular de primeiro grau.
Indica-se o Holter (> 1.000 contrações ventriculares pre-
maturas - CVPs, em 24 horas). ECO: Sem alterações ou
com sinais de disfunção sistólica (vide «Cardiomiopatia
dilatada canina'). Histopatologia.
TRATAMENTO
• Paciente assintomático
Avaliar risco (pró-arritmia) e benefício da terapia an-
tiarrítmica (não confirmado).
61
62 CAPÍTULO 2
• Paciente Illb
Tratamento do paciente IIIa, porém:
Inotrópico positivo: dobutamina 5-10 µg/kg/minuto,
IV (infusão contínua).
Sedação: usada apenas em casos de agitação extrema,
morfina o, 1-0,25 mg/kg, se, ou butorfanol 0,2-0,25
mg/kg, IV ou IM, e/ou acepromazina 0,01-0,2 mg/kg,
IM/IV (não utilizar na raça Boxer).
• Paciente com arritmias
Fibrilação atrial: diltiazem 0,5-2 mg/kg, VO, TID.
Ventriculares: sotalol 1-2 mg/kg, VO, BID, principal-
mente para cães da raça Boxer.
• Alternativas terapêuticas
Cardiomioplastia cirúrgica (plicatura da parede livre
do ventrículo esquerdo), terapia com células-tronco
(resultados promissores em modelos experimentais
induzidos com doxorrubicina). Carvedilol (betablo-
queador) dose inicial O, 1 mg/kg, VO, SID ou BID,
acrescida em 25% a cada 7 a 14 dias até dose máxi-
ma de 1 mg/kg, evitando efeitos adversos ou piora da
ICC (fraqueza e taquicardia associadas a hipotensão
arterial).
TRATAMENTO
• Paciente Ia, Ih e II (vide Apêndice ((Classificação fun-
cional da ICC,,)
Inotrópico positivo: digoxina 0,03 mg/ gato, VO, a
cada 48 horas.
Dilatador: enalapril 2,5 mg/ gato, VO, SID.
Nutracêutico: taurina 125-250 mg/gato, VO, SID/BID.
Diurético: furosemida 0,5 mg/kg, SID, a cada 48 horas
(tentar manter com a menor dose - gatos são mais sen-
síveis).
• Paciente Ilia e Illb
Tratamento do paciente II, porém:
lnotrópico positivo: dobutamina 2-5 µg/kg/minuto,
IV (infusão contínua).
Diurético: furosemida 1-2 mg/kg, IV, a cada 1 ou 2 horas.
Venodilatador: nitroglicerina a 2% 0,3-0,6 cm - apli-
cação dérmica.
Oxigenoterapia.
Sedação: vide "Cardiomiopatia dilatadà:
• Pacientes com efusão pleural
Drenagem do líquido pleural (toracocentese).
TRATAMENTO
• Paciente Ia (vide Apêndice <'Classificação funcional da
ICC,,)
Orientação e reavaliação a cada 6 meses.
• Paciente Ih
Inotrópico negativo: betabloqueador: atenolol 5-6
mg/ gato, VO, TID, ou bloqueador de canal de cálcio:
diltiazem 6-7 mg/gato, VO, TID, amlodipina 0,05-1
mg/kg, VO, SID/BID.
• Paciente II
Inotrópico negativo: paciente Ih.
Diurético: furosemida 0,5 mg/kg, VO, SID/DA.
Dilatador: enalapril 0,25-0,5 mg/kg, VO, SID/BID.
• Paciente Ilia e Illb
Tratamento do paciente II, porém:
Diurético, venodilatador e oxigenoterapia: vide
«Cardiomiopatia dilatada felinà' (paciente IIIa e IIIb).
68 CAPÍTULO 2
DlROFllARlOSE
DESCRIÇÃO: Parasitismo arterial pulmonar e do cora-
ção direito (mais de 50 vermes adultos) de cães e gatos
(hospedeiros definitivos), provocado pelo nematódeo
Dirofilaria immitis, transmitido pela picada de mos-
quitos dos gêneros Anopheles, Aedes e Culex infectados
(hospedeiros intermediários), podendo resultar em in-
júria vascular arterial, hipertensão e tromboembolismo
pulmonar, insuficiência da valva tricúspide e ICC direita.
70 CAPÍTULO 2
• Classe IV
Remoção cirúrgica das formas adultas do parasita as-
sociada a terapia posterior, semelhante à classe III.
EFUSÃO P'ERICARDICA
DESCRIÇÃO: Coleção de líquido no saco pericárdico, de
origem não neoplásica (idiopática benigna, cistos, trau-
ma, infecção, uremia, ICC direita) e neoplásica (heman-
giossarcoma, quemodectoma, mesotelioma, linfoma). O
tamponamento cardíaco (disfunção diastólica) ventricu-
lar direito e, em casos severos, esquerdo resulta em sinais
'
de ICC direita e esquerda, respectivamente. Podem-se
observar sinais de ascite, edema de membros, taquip-
neia, dispneia e morte súbita.
DIAGNÓSTICO: Sons cardíacos abafados, taquicardia
compensatória, ascite e efusão pleural seguidos de sinais
de ICC esquerda. Sinais não cardíacos podem estar pre-
sentes (etiologia de base). RX: Silhueta cardíaca globoi-
de, efusão pleural, abdominal e edema pulmonar. ECG:
Alternância elétrica e/ou supressão de milivoltagem de
onda R. ECO: Efusão pericárdica e possíveis etiologias
cardíacas (massas). Análise do líquido é indicada para
auxílio diagnóstico (etiologia).
TRATAMENTO
Pericardiocentese (drenagem do líquido pericárdico)
Procedimento diagnóstico e terapêutico (reverter o
tamponamento cardíaco):
1Q Tricotomia e antissepsia cirúrgica do local a ser pun-
cionado (7º espaço intercostal direito, altura costo-
condral ou com base na radiografia).
2º Sedação e anestesia local paracostal ou botão anesté-
sico (caso animal agitado).
3º Acoplar eletrocardiograma e, caso disponível, realizar
punção guiada por ultrassonografia (contrações pre-
maturas caso encoste agulha no miocárdio - VPC).
Posicione o animal em decúbito esternal (mantenha a
posição do animal durante todo o procedimento com
auxílio de ajudantes).
CAPÍTULO 2
74
ENDOCAROIOSE
• Estágio C 1 e D 1 (hospitalar)
Diurético: furosemida (3 a 4 mg/kg, IV, BID/QID). In-
fusão contínua 1 mg/kg/h até melhora do quadro res-
piratório, no máximo 4 horas (casos graves).
Sedação: vide "CMD':
Oxigenoterapia.
Vasodilatadores: nitroprussiato de sódio 1-5 µg/kg/
min, IV (monitorar pressão arterial), ou hidralazina
0,5-2,0 mg/kg, VO, ou amlodipina 0,05-0,1 mg/kg, VO,
ou nitroglicerina transdérmico (vide "CMD").
Inotrópico positivo (estágio D 1): vide "CMD':
Drenagem da aseite (abdominocentese) e/ou efusão
pleural (toracocentese) quando houver prejuízo respi-
ratório.
Manutenção da terapia iniciada no estágio B2 e terapia
de suporte.
• Estágio C2 e D2 (domiciliar)
Dilatador: enalapril 0,25-0,5 mg/kg, VO, SID/BID, ou
benazepril 0,5 mg/kg, VO, SID (nefropatas). Sildena-
fil ou amlodipina (vide "Hipertensão pulmonar") para
controle da hipertensão pulmonar (edema pulmonar
recidivante).
Diurético: furosemida 1-4 mg/kg, VO, SID/QID (bus-
car menor dose efetiva). Associar espironolactona 2-4
mg/kg, VO, TID no estágio D2 ou em cães C2 com
ascites (tricúspide envolvida) ou edemas pulmonares
recidivantes. Bumetanida 0,06-0,15 mg/kg, VO, SID -
cães refratários à furosemida, hidroclortiazida 2-4 mg/
kg, VO, SID a BID - associado à furosemida e espiro-
nolactona - "bloqueio sequencial de néfrons':
lnotrópico positivo: pimobendam 0,25-0,3 mg/kg,
VO, BID (efeito inodilatador). Digoxina pode ser utili-
zada nos casos de fibrilação atrial (vide "CMD").
• Alternativas cirúrgicas
Cirurgia: anuloplastia mitral, valvoplastias reparató-
rias, etc. Novas técnicas com resultados promissores.
CARDIOLOGIA 77
ENDOCARDITE INFECCIOSA
ESTENOSE AÔRTICA
ESTEf'IOSE PULMONAR
DESCRIÇÃO: Estreitamento e/ou obstrução do fluxo de
saída ventricular direito (VD) de cães e gatos, de origem
congênita poligênica e apresentação valvar (comum),
subvalvar ou supravalvar (raras), resultando em hiper-
trofia concêntrica infundibular do VD, associada ou não
a displasia de valva tricúspide. Intolerância ao exercício,
síncope e ICC direita são os principais sinais clínicos
relacionados.
CARDIOLOGIA 79
HIPERTENSÃO ARTERIAL
82 CAPfTUL02
TETRALOGIA DE FALLOT
DESCRIÇÃO: Cardiopatia congênita complexa de cães e
gatos composta pela associação de quatro anormalidades
anatômicas: estenose pulmonar, hipertrofia do ventrícu-
lo dire~to, comunicação interventricular e dextroposição
aórtica. A severidade dos sinais clínicos é dependente
da magnitude do defeito predominante, porém, quase
sempre, cursa em cianose, subdesenvolvimento em re-
lação aos irmãos de ninhada, dispneia, intolerância ao
exercício e convulsão em casos de policitemia grave
(HT >70%).
DIAGNÓSTICO: Sopro sistólico em foco pulmonar e cia-
nose de mucosa são os achados clínicos mais frequentes,
CARDIOLOGIA 83
APÊNDICES
CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DA ICC
Classificação funcional da insuficiência cardíaca congestiva>
proposta pelo Conselho Internacional da Saúde Cardíaca de
Pequenos Animais (International Small Animal Cardiac Health
Council)*.
Classe
Paciente assi ntomático
la Doença cardíaca, mas sem cardiomegalia (radiografia)
lb Doença cardíaca com evidências de compensação
(cardiomegalia)
li Insuficiência cardíaca de discreta a moderada (sintomático)
Presença de sinais clínicos de insuficiência cardíaca, em repouso
ou exercício de intensidade leve
Ili Insuficiência cardíaca avançada
Sinais clínicos muito evidentes de insuficiência cardíaca
llla Passível de ser tratado em casa
lllb Necessária terapia hospitalar e internação
* Adaptado do lnternational Small Animal Cardiac Health Council: Recommen-
dations for the diagnosis of heart disease and the treatment of heart failure in
small animais. ln: Miller, M.S.;Tilley, L.P. Manual of Canine and Feline Cardiology.
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CLASSIFICAÇÃO DA ENDOCARDIOSE
VALVAR CANINA
Estágios
A Sem doença cardíaca, porém sob risco de desenvolvimento (raças
predispostas, cães geriatras, etc., ex.: King Charles Cavalier Spaniel)
81 Sem sinais clínicos ou cardiomegalia, porém com regurgitação
mitral (sopro)
82 Sem sinais clínicos, porém com regurgitação mitral (sopro) e car-
diomegalia (remodelamento cardíaco)
(1 Com sinais clínicos agudos de ICC, com necessidade de hospitali-
zação
C2 Com sinais clínicos de ICC, passíveis de tratamento domiciliar (pós-
-hospitalização)
D1 ICC refratária ao tratamentó, com necessidade de hospitalização
D2 ICC refratária, porém passível de tratamento domiciliar (pós-
-hospitalização)
* Adaptado do consenso do Colégio Americano de Cardiologia Veterinária
{ACVIM): Atkins C. et ai. Guideline for the diagnosis and treatment of canine ch-
ronic valvular heart disease. J. Vet. lntern. Med., v.23, p.1142-1150, 2009.
86 CAPÍTUL02
DIREITO ESQUERDO
T - tricúspide, M - mitral, A - aórtico, P - pulmonar
CARDIOLOGIA 87
1
Cães 1
Gatos
Duração s::0,04s s::0,04s
OndaP
Amplitude s::0,4 mV ::;;0,4mV
Intervalo P-R Duração 0,06-0,13 s 0,05-0,09 s
Raças pequenas :::;0,05 s
Duração 0,04s
Complexo Raças grandes s::0,06 s
QRS Amplitude Raças pequenas s::2,5 mV 0,9mV
{onda R) Raças grandes s::3,0 mV
Segmento Supressão :s;0,2mV
S-T Elevação >0,15 mV
Positiva, negativa
OndaT <25% da onda R :S0,3 mV
ou bifásica
Intervalo Q-T Duração o, 15-0,25 s 0,12-0,18 s
* Derivação 02.
00
00
PRINCIPAIS RITMOS E ARRITMIAS DE CÃES E GATOS
Ritmo sinusal Intervalo RR regular (< 20% em 50 mm/s), sempre precedido por I Fisiológico
onda P
Arritmia sinusal respiratória Variação cíclica do intervalo RR (>20% em 50 mm/s), menor na inspi- 1 Fisiológico (mais comum em cães)
ração e maior na expiração, precedido por onda P
Bradicardia sinusal Complexos QRS precedidos por ondas P, em frequência de despolari- 1 Fisiológico (mais comum em cães)
zação inferior ao padrão da espécie (ex.: cão pequeno 80 bpm)
Taquicardia sinusal Complexos QRS precedidos por ondas P, em frequência de despolari- 1 Fisiológico (mais comum em gatos)
zação superior ao padrão da espécie (ex.: cão pequeno 160 bpm)
Marcapasso migratório Variação da forma e/ou duração e/ou amplitude da onda P, sempre IFisiológico (mais comum em cães)
sucedida por complexo QRS. Normalmente associada a arritmia
sinusal respiratória
Sinus arreste bloqueio sinusal I Variação do intervalo RR maior que o dobro·do intervalo anterior, Mais comum em raças braquice-
decorrente do bloqueio do impulso elétrico sinusal gerado ou não fálicas
geração de impulso (sinus arrest)
Complexo atrial prematuro Despolarização atrial ectópica prematura (onda P'), sucedida por Arritmia supraventricular
("'\
complexo QRS normal, seguido por pausa compensatória )>
"ti
Complexo ventricular Despolarização ventricular ectópica prematura {complexo bizarro), Arritmia ventricular =i'
prematuro não precedida por onda P e
5
"'
">o
;o
Taquicardia atrial Complexos atriais prematuros sucessivos de forma paroxística ou IArritmia supraventricular
sustentada ~
oG"I
Taquicardia ventricular Complexos ventriculares prematuros sucessivos de forma paroxística I Arritmia ventricular grave )>
ou sustentada
Ffutter/fibrilação atrial IDespolarização de um ou mais focos ectópicos atriais, resultando em Arritmia supraventricular potencial-
ausência de ondas P associada a despolarização ventricular irregular mente grave
Flutter!fibrilação ventricular IDespolarização de um ou mais focos ectópicos ventriculares, resul- Arritmia ventricular quase sempre
tando em desorganização da despolarização ventricular, ausência de fatal
complexos QRS, com graves consequências hemodinârnicas
I
Complexo ou ritmo de escape Despolarização ectópica com origem atrial, juncional (nodo AV), feixe Mecanismo fisiológico de manuten-
de Hiss ou ventricular, não prematura, normalmente precedida por ção do ritmo em casos de pausas ou
longo período de pausa elétrica bradiarritmias
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WARE W.A. Cardiovascular Disease in Small Animal Medicine. Lon-
don: Manson, 2007. 400p.
DERMATOLOGIA
ABSCESSO CUTÂNEO
DESCRIÇÃO: Coleção de secreção oriunda de reações
inflamatórias e infecciosas, limitada por cápsula fibrosa.
Em geral, as bactérias mais isoladas em culturas de secre-
ções de abscessos em cães e gatos são Streptococcus sp. e
Staphylococcus sp. Os sinais clínicos envolvem aumento
de volume de consistência macia, flutuante ou não, cujo
conteúdo da drenagem é semelhante a pus ou sangue,
macroscopicamente.
DIAGNÓSTICO: Pode haver sinais sistêmicos (febre, leu-
cocitose ora inflamatória ora com presença de bastone-
tes), mas não é o esperado. O diagnóstico pode ser reali-
zado pela manifestação clínica (dor, aumento de volume,
eritema e rubor na área afetada) e pela análise de punção
do conteúdo (piogranulomatoso séptico). Exames de
imagem (ultrassonografia) podem ajudar a evidenciar o
conteúdo e assegurar a punção.
TRATAMENTO: Lancetagem: pode ser realizada em
condições assépticas, utilizando-se material estéril. Há a
possibilidade de tratamento sem a lancetagem, com óti-
mos resultados.
Antibioticoterapia: optar por dois tipos de antibióticos,
por exemplo: cefalexina 25-30 mg/kg, VO, BID de 15 a
30 dias+ metronidazol 15-20 mg/kg, VO, BID por 7-10
dias, ou amoxicilina clavulanada 15-22 mg/kg, VO, BID
por 15 dias+ metronidazol 15-20 mg/kg, VO, BID por
91
92 CAPÍTULO 3
ACNE ou FOLICULITE ou
FURUNCULOSE DO FOCINHO
DESCRIÇÃO: Doença inflamatória em gatos e cães jo-
vens que se caracteriza por foliculite e furunculose pro-
fundas, acometendo o mento e área pilosa adjacente aos
lábios. Os sinais clínicos observados são pápulas proemi-
nentes, inicialmente, evoluindo para pústulas, vesículas e
nódulos firmes. Pode haver presença de comedões.
DIAGNÓSTICO: Pode ser realizado pela história clínica,
diferenciando-se de demodiciose localizada, dermatofitose,
dermatite alérgica de contato e piodermites estéreis juvenis.
DERMATOLOGIA 93
TRATAMENTO
Antibioticoterapia: cefalexina 30 mg/kg, VO, BID de
15-30 dias, ou amoxicilina clavulanada 15-22 mg/kg,
VO, BID por 15-30 dias, ou cefovecina (Convenia®-Pfi-
zer) 8 mg/kg, SC, a cada 15 dias, de uma a quatro aplica-
ções, conforme necessário.
Limpeza da região com xampu de clorexidina a 2-3%,
SID até a melhora.
Uso tópico de pomadas contendo mupirocina (Bac-
troban pomada dermatológica®-GlaxoSmithKline), ou
clindamicina (em gel a 1%) SID /BID até melhorar.
Álcool isopropílico tópico SID/DA até melhorar.
ADENITE SEBÁCEA
DESCRIÇÃO: Doença de etiologia incerta, incomum em
cães e rara em gatos. Há predisposição genética em Poo-
dle e Akita Inu, podendo acometer também outras raças.
Ocorre a inflamação e destruição das glândulas sebáceas,
e tem caráter crônico. Os sinais clínicos são: descamação,
hipotricose generalizada, ou marcada em orelhas, mem-
bros, dorso e cauda Ccauda de rato,,), pelame seco, opaco
e quebradiço, de forma bilateral e simétrica. O prurido
não é habitual, exceto quando houver infecção bacteria-
na secundária.
DIAGNÓSTICO: Avaliação histopatológica de áreas le-
sionadas (vide Apêndice ((Guia de coleta de amostras em
dermatologia veterinárià,).
TRATAMENTO
Imunossupressor: ciclosporina 5-7 mg/kg, VO, SID/
BID, podendo ser administrada em DA, em fase de re-
dução, ANR.
Suplementação vitamínica: vitamina E 400 UI/20 kg,
VO, SID, ANR.
94 CAPÍTULO 3
ALOPECIA PSICOGÊNICA
DESCRIÇÃO: Caracterizada por alopecia induzida por
autotraumatismo, arrancamento, lambedura e mastiga-
ção de pelos excessivas, devido a distúrbios comporta-
mentais obsessivo-compulsivos. Os sinais clínicos são:
alopecia localizada, multifocal ou generalizada, em qual-
quer parte do corpo, mais observada na face medial dos
membros, períneo e área ventral abdominal. Em geral,
não há lesões na pele, mas eritema leve ou hiperquerato-
se nos ca~os crônicos podem ocorrer.
DIAGNÓSTICO: História clínica de lambedura ou groo-
ming excessivos, podendo ser relacionados a eventos
estressantes. Diferenciar de dermatofitose, presença de
ectoparasitas e de complexos alérgicos. O tricograma
evidencia pelos quebradiços. O exame histopatológico
pode ser útil na diferenciação e deve ser feito na área
com máxima perda de pelo.
DERMATOLOGIA 95
TRATAMENTO
Identificar a causa do estresse e corrigi-la, quando pos-
sível.
Promover enriquecimento ambiental.
Controlar ectoparasitas (vide "Dermatite alérgica à pi-
cada de ectoparasitas").
Impedir lambedura, por meio do uso do colar elisabe-
tano ou de roupas.
Administração de fármacos que modificam o compor-
tamento:
• Amitriptilina: 1 a 2 mg/kg, VO, SID/BID.
• Fluoxetina: 1 a 2 mg/kg, VO, SID/BID.
Controlar prurido, se houver.
• Anti-histamínicos: hidroxizina 2-3 mg/kg, VO, BID/
TID, ou fumarato de clemastina 0,05-0, 1 mg/kg, VO,
BID, cetirizina 0,5-1 mg/kg, VO, SID, ANR, ou fexofe-
nadina 18 mg/kg, VO, SID, ANR.
• Corticosteroides: dexametasona 0,25-0,5 mg/kg,
VO/SC/IM/IV, SID, 3 dias, ou prednisona 0,5-2 mg/
kg, VO, SID/BID, de 7-30 dias, ou por mais tempo, se
necessário.
Controlar o prurido:
• Anti-histamínicos: hidroxizina 2-3 mg/kg, VO, BID/
TID, ou fumarato de clemastina 0,05-0, 1 mg/kg, VO,
BID, cetirizina 0,5-1 mg/kg, VO, SID, ANR, ou fexofe-
nadina 18 mg/kg, VO, SID, ANR. Pode-se associar aos
antimicrobianos, antifúngicos e imunossupressores.
• Ácidos graxos: óleo de peixe (ômegas 3 e 6) 1 g/5 kg,
VO, SID.
• Corticosteroides: prednisona ou prednisolona 0,5-1
mg/kg, VO, SID/BID por 15 dias, depois reduzir pela
metade por mais 7 dias e assim por diante. Objetivar
encontrar a dose-efeito ideal (exemplo: 0,5 mg/kg em
DA) ou Imunossupressores: ciclosporina 5-7 mg/kg,
VO, SID/BID por 30-50 dias (ou ANR). Tentar redu-
zir para DA, ANR, ou azatioprina 1-2 mg/kg, VO, SID
(não em gatos). Como monoterapia, a azatioprina não
controla o prurido adequadamente. Pode ser associada
a prednisona ou ciclosporina, em dias alternados.
Tópicos: xampu de clorexidina a 2-3% (reduzir a concen-
tração após controlada a infecção secundária, pois pode
ressecar a pele), com fluocinolona a 0,01 % ou hidrocorti-
sona a 2% e ureia a 2-5% a cada 5-7 dias. Xampus comer-
ciais de manutenção: Vetriderm Hipoalergênico®-Bayer,
Allercalm®ou Allermyl Glyco Virbac ou Hypcare® ou
®-
BLEFARITE
DESCRIÇÃO: Inflamação da pálpebra, causada por pro-
cessos alérgicos, infecção bacteriana ou rrialasseziose
secundárias,
, dermatites parasitárias (demodiciose, leish-
maniose) ou autoimunes (pênfigo). Os sinais clínicos
mais observados são: hipotricose ou alopecia, eritema,
prurido ausente ou de moderado a intenso, blefaredema,
hiperpigmentação ou despigmentação, presença de cros-
tas e pústulas, liquenificação nos casos crônicos.
DIAGNÓSTICO: Por meio da história clínica, citolo-
gia, cultura bacteriana, histopatologia da pele e testes
alérgicos.
DERMATOLOGIA 99
COMPLEXO PÊNFIGO
DESCRIÇÕES
Pênfigo foliáceo: doença autoimune bolhosa, comum
em cães e gatos, que afeta derme e folículo piloso. Os lo-
cais mais acometidos são porção dorsal do focinho, pla-
no nasal, pinas, pele periorbitária e coxins.
Pênfigo eritematoso: é uma variante rara do pênfigo fo-
liáceo observada no cão e no gato. É caracterizada como
uma forma benigna do pênfigo ou como uma síndrome
cruzada entre pênfigo foliáceo e lúpus eritematoso sistê-
mico. Os sinais clínicos são semelhantes aos do pênfigo
foliáceo, mas não tão graves. Collies e Pastores Alemães
apresentam predisposição.
Pênfigo vulgar (pênfigo suprabasal): doença autoimu-
ne ulcerativa e vesicobolhosa grave e rara, descrita em
cães e gatos. As lesões estão presentes na cavidade oral e
102 CAPÍTULO 3
CRIPTOCOCOSE
- ., f
DEMODICIOSE
DESCRIÇÃO: Provocada por parasita folicular do gêne-
ro Demodex sp., acomete cães (Demodex canis) e gatos
(Demodex cati e Demodex gatoi), jovens (demodiciose
juvenil) ou adultos. Pode ser focal ou generalizada. Con-
duz à piodermite secundária e consequente prurido. A
demodiciose podal e a periocular são as mais difíceis de
controlar. Pode haver alopecia ou hipotricose, pústulas,
vesículas, hiperqueratose, hiperpigmentação, descama-
ção, edema, eritema ou exsudação como sinais clínicos.
DIAGNÓSTICO: A observação microscópica do parasita
em diferentes fases de desenvolvimento (ovos, jovens e
adultos) em amostras de raspado cutâneo ou de imprints
com a fita adesiva de acetato é o método empregado no
diagnóstico. A fita adesiva de acetato é útil em áreas di-
fíceis de serem raspadas (periocular, peribucal e inter-
digital). O exame histopatológico pode ser necessário
quando há liquenificação (vide Apêndice «Guia de coleta
de amostras em dermatologia veterinárià') .
•
TRATAMENTO
Combater a piodermite secundária: Antibioticotera-
pia - cefalexina 30 rng/kg, VO, BID de 15-30 dias ou até
60 dias, conforme necessário, ou amoxicilina clavulana-
da 15-22 mg/kg, VO, BID por 15 a 30 dias, ou cefovecina
( Convenia®- Pfizer) 8 mg/kg, SC, a cada 15 dias, de uma
a quatro aplicações, conforme necessário, ou enrofloxa-
cina 5-1 O mg/kg VO, BID por 15 a 30 dias.
DERMATOLOGJA 105
DERMATITE ACTÍNICA
ou DERMATITE SOLAR
DESCRIÇÃO: Lesões cutâneas caracterizadas por erite-
ma, ceratose, comedões, furunculose e piodermite que
se iniciam e agravam-se com a exposição solar. Acomete
cães de pelame curto e pele clara, e gatos. Os cães são
atingidos na face (focinho, orelhas, pálpebras), abdômen
e dorso, enquanto os gatos são mais atingidos na face. O
processo é bastante doloroso.
DIAGNÓSTICO: Firmado com avaliação histopatológica.
Evolução das lesões actínicas: 1. Eritema actínico: eri-
tema; 2. Ceratose actínica: espessamento da epiderme e
108 CAPÍTUL03
TRATAMENTO
Impedir contato com o sol (nos períodos mais quentes)
e, sempre que houver exposição solar, utilizar protetor
solar comercial para cães e gatos ou manipulado (FPS 30
em gel ou creme oil free).
Banhos com xampus antissépticos/hidratantes/emo-
lientes/umectantes (clorexidina a 2%, ureia a 3 a 8%,
glicerina a 2-4% em xampu base) a cada 3-7 dias, ANR,
ou antisseborreicos (Hexadene Spherulites®-Virbac ou
Vetriderm Seborreia®-Bayer, Skin Balance®-Pet Society,
Sebotrat S®-Agener União, Dermogen®-Agener União,
Hypcare®-Pet Society) (vide banhos em 'Atopia'').
Tatuagem
Tratar piodermite secundária (vide piodermite em
"Atopia'').
Suplementação vitamínica: vitamina E 400 UI/20 kg,
SID.
AINEs: piroxicam 0,4 mg/kg, VO, SID ou O,7 mg/kg,
VO, DA; ou firocoxib (Previcox®-Merial) 5 mg/kg, VO,
SID, ANR; ou carprofeno (Carproflan®-Agener União)
DERMATOLOGIA 109
2,2 mg/kg, VO, BID, ou 4,4 mg/kg, VO, SID até 15 dias,
com protetor gástrico.
Spray com corticoide SID nas lesões não contaminadas
(Cortavance®spray-Virbac), SID ou spray manipulado
de hidrocortisona a 2%, SID ou Vetriderm Spray Anti-
-pruriginoso®-Bayer (opção sem corticoide).
Nos casos de dermatites actínicas que evoluírem para
neoplasias, o tratamento deve ser ajustado (vide "Carci-
noma espinocelular': cap. 16. Oncologia).
TRATAMENTO
Eliminar pulgas adultas, larvas, casulos e ovos presentes
no ambiente e no animal.
Aspirar frequentemente carpetes, tapetes e sofás onde o
animal dorme.
A cama deve ser tratada com Fipronil, talcos à base de
Piretrinas ou Fleegard spray®-Bayer, MyPet Aerosol para
Ambientes®-Ceva.
Os ambientes interno e externo devem ser tratados com
Piretrinas (Butox®-Coopers ), enfatizando áreas de fen-
das, rachaduras e rodapés, solo úmido, casinhas, gara-
gens, varandas, áreas sob árvores e arbustos. Deve-se rea-
plicar o adulticida dentro de 1-2 semanas para supressão
da população de adultos emergentes dos casulos ("janela
pupal"). Repetir esse tratamento a cada 1-3 meses.
O animal deve receber tratamento pour-on: Frontli-
ne®-Merial, Effipro®- Virbac, Fiprolex®-Ceva, Neopet®-
Ouro Fino (cães), Revolution®-Bayer, Advantage Max
.3®-Bayer, Practic®-Novartis (cães), ProMeris Duo®-Fort
Dodge (cães), ProMeris®-Fort Dodge (gatos), Certifect®-
Merial (cães), Protetor Pet®-Ouro Fino, Activyl®-MSD a
.cada 21-30 dias, ANR, ou Bravecto®-MSD Saúde Animal
(comprimido VO a cada 3 meses) (cães).
Cães
---·--·--·--------·---------1··---------- ,____,,______ --·--·-
Peso ! Dosagem (VO DOSE UNICA)
Cães
Peso ! Dosagem (milbemicina/lufenuron)
até4,5 kg 1 comprimido de 2,30 / 46 mg
5 a 11 kg l comprimido de 5,75 / 115 mg
12 a 22 kg '
1 comprimido de 11,5 / 230 mg
-·a
23 45 kg 1 comprimido de 23 / 460 mg
Cães
"" ".,. ·•- •-- •••• ,.,_,_,,_,_••---"-"--""--·-··o-.. 1••• --•~-"~•-••-, ""--"_,____"'__ _,_,___ --..•- -·-· -_._,
Peso Dosagem
'
até 11,4 kg 1 comprimido de 11,4 mg
--- ·---
11,4 a 57 kg , comprimido de 57 mg
Gatos 1 comprimido de 11,4 mg
Controle do prurido:
• Anti-histamínicos: hidroxizina 2-3 mg/kg, VO, BID/
TID, ou fumarato de clemastina 0,05-0,1 mg/kg, VO,
BID, cetirizina 0,5-1 mg/kg, VO, SID, ou fexofenadina
18 mg/kg, VO, SID, de 7-30 dias ou ANR; ou Corticos-
teroides: prednisona ou prednisolona 0,5-1,0 mg/kg,
VO, SID/BID por 5-7 dias.
Banhos (vide banhos em «Atopià').
112 CAPITULO 3
TRATAMENTO
Retirar a causa base quando possível (rever o que possa
estar provocando a irritação, que pode ser algo antigo ou
que foi introduzido recentemente ao ambiente).
Controle do prurido: Anti-histamínicos: hidroxizina
2-3 mg/kg, VO, BID/TID, ou fumarato de clemastina
0,05-0,1 mg/kg, VO, BID; cetirizina 0,5-1 mg/kg, VO,
SID, ou fexofenadina 18 mg/kg, VO, SID, de 7 -30 dias,
ou ANR ou Corticosteroides: prednisona 0,5-1,0 mg/
kg, VO, SID/BID por 5-7 dias. Se a causa base não for
e
retirada o problema continuar, considere tratamento
prolongado.
Banhos (vide banhos em «Atopià').
Spray com corticoide SID nas lesões não contaminadas
(Cortavance® spray-Virbac) ou spray manipulado de hi-
drocortisona a 2%, ANR ou Vetriderm Spray Anti-pruri-
ginoso®-Bayer (opção sem corticoide).
DERMATOLOGIA 113
DERMATITE TROFOAlÉRGICA ou
HlPE:RSENSIBlLIDADE ALIMENTAR
DESCRIÇÃO: Reação de hipersensibilidade a antígenos
ingeridos, pruriginosa e não sazonal. Acomete comu-
mente cães e é menos frequente em gatos. É a terceira
dermatopatia alérgica em frequência dos cães, depois
de DAPE e atopia, e nos gatos, é mais frequente que a
dermatite atópica. Os sinais cutâneos normalmente in-
cluem prurido e eritema, podendo afetar qualquer parte
do corpo do animal. Frequentemente, observa-se otite
externa e, em casos graves, otite média. Piodermite se-
cundária, queda de pelos, hiperpigmentação, liqueni-
ficação, escoriação e ulceração comumente ocorrem.
Acomete animais entre 6 meses e 8 anos de idade, sendo
que o início do quadro clínico é notado nos primeiros
anos de vida.
DIAGNÓSTICO: Feito pela história clínica, por exclusão
de DAPE e atopia, e pelo teste dietético de eliminação
(alimentação hipoalergênica).
TRATAMENTO
Primeira etapa
• Tratar piodermite e malasseziose secundárias (vide
"Atopià').
• Controlar prurido (vide (J\.topià'). Evitar usar corti-
costeroides nesta fase.
Segunda etapa
• Dieta de eliminação hipoalergênica restrita com ra-
ção comercial (Hypoallergenic®- Royal Canin, Equi-
líbrio Veterinary Hypoallergenic®- Total Alimentos,
Hypoallergenic Vet Life®-Farmina - vide «Manejo
nutricional da doença inflamatória intestinar: cap. 14.
Nutrologia), ou dieta caseira contendo uma fonte de
carboidrato e outra fonte de proteína inédita. Sugere-se
114 CAPITULO 3
DERMATOFITOSE
DESCRIÇÃO: É uma dermatopatia comum em cães e
gatos, causada por um fungo ceratinofílico. Temperatu-
ras elevadas e umidade ambiental favorecem a infecção.
CAPÍTULO 3
116
TRATAMENTO
Hidratação das orelhas com spray (Humilac®- Virbac,
Hydra T®-Pet Society, Ureoderm®-Labyes ou Revipel
Creme®-Agener União), SID/BID, ANR.
Lavar as orelhas com xampu manipulado contendo gli-
cerina a 2% + ureia a 4 a 8% ou xampus hidratantes (vide
banhos em «Atopià') SID, ANR.
Vasodilatador periférico: pentoxifilina 200' mg/ animal,
VO, SID ou 400 mg/animal, VO, DA, ANR ou 10-25 mg/
kg, VO, SID/BID, ANR.
Evitar exposição solar e usar protetor solar (vide "Der-
matite actínicà').
ESCABIOSE CANINA
ESCABIOSE FELINA
DESCRIÇÃO: Doença altamente contagiosa e prurigi-
nosa causada pelo ácaro Notoedres cati, podendo causar
doença em cães e humanos. O prurido intenso é o sinal
principal, acompanhado de erupções, eritema, crostas
e alopecia, em margem das pinas, pálpebras, pescoço e
membros torácicos.
DIAGNÓSTICO: Vide ((Escabiose caninà:
TRATAMENTO: Vide "Escabiose caninà:
DERMATOLOGIA 121
FARMACODERMIA ou REAÇÃO
URTICARlFORME A MEDICAÇÕES
DESCRIÇÃO: Doença reativa (reação de hipersensibili-
dade) da pele que se manifesta por eritema, pápulas eri-
tematosas, vergões ou edema até ulceração, em função
de medicações administradas por via oral ou parenteral.
Medicações que podem estar envolvidas: fluconazol,
'
sulfadiazina+trimetoprim, levotiroxina, cefalexina, va-
cinas, entre outras. O eritema multiforme é uma farma-
codermia, entretanto, um tanto mais grave e que pode
conduzir ao óbito rapidamente.
DIAGNÓSTICO: Pela história clínica e avaliação histopa-
tológica.
TRATAMENTO
Retirar as medicações que o animal esteja recebendo
por via oral e/ou parenteral, quando possível (extrema-
mente recomendado).
Tratamento com corticosteroides: prednisona 1-2,2 mg/
kg, VO, SID/BID, por 7-30 dias, ou dexametasona 0,1-
0,5 mg/kg, VO/SC/IV, SID, 7-10 dias. Realizar retirada
gradual.
Imunoglobulina G humana IV, em solução NaCl a
0,9% a 5%, em seguida, administrar 0,5-1 g/kg, IV, ao
longo de 4-6 horas, uma ou 2x, em 24 horas.
Banhos com xampus neutros e hipoalergênicos (vide
'~topià').
Evitar exposição solar (vide "Dermatite actínicà').
FÍSTULA PERIANAL
DESCRIÇÃO: Processo inflamatório ulcerativo crôni-
co que acomete tecidos perianal, anal e perirretal. Pode
estar associada a processos alérgicos (dermatite trofoa-
lérgica) ou imunomediados, comuns no Pastor Alemão.
122 CAPÍTULO 3
FOLICULITE BACTERIANA
SUPERFICIAL ou PROFUNDA
TRATAMENTO
Combater a piodermite secundária (vide ((Piodermite
bacteriana secundárià' em 'i\.topià').
Banhos (vide banhos em 'i\.topià').
Controlar prurido com anti-histamínicos: fumarato de
clemastina 0,05-0,1 mg/kg, VO, BID, ou hidroxizina 2-3
mg/kg VO, BID/TID de 7-30 dias, ou cetirizina 0,5-1 mg/
kg, VO, SID, 7-30 dias, ou fexofenadina 18' mg/kg, VO,
SID, de 7-30 dias, ou por quanto for necessário. Pode ser
necessária corticoterapia com prednisona ou prednisolo-
na 0,5-1 mg/kg, VO, SID/BID 5-7 dias.
FOLICULITE EOSINOFÍLICA ou
FURUNCULOSE EOSINOFÍLICA
IMPETIGO ou DERMATITE
·PUSTULAR SUPERFICIAL
INTERTRIGO ou DERMATITE
DAS DOBRAS CUTÂNEAS
perioculares.
Pode ser necessário tratamento sistêmico com antibióti-
cos ou antifúngicos, quando houver piodermite bacteria-
na ou malasseziose secundárias (vide 'J\topià').
MALASSEZIOSE ou
DERMATITE POR MALASSEZIA
TRATAMENTO
Limpeza das lesões (debridar no caso de miíase secun-
dária) com solução salina a 0,9% acrescida de iodopovi-
dona ou clorexidina (vide "Abscesso cutâneo,,). Pode ser
necessária anestesia.
Retirada das larvas manualmente.
Antibioticoterapia sistêmica (vide piodermite secundá-
ria em "Atopià').
Controle do parasita: Capstar® (Nitempiram-Novartis)
1 mg/kg, VO, em animais com mais de 4 meses de idade
(dose única, podendo ser repetida quando necessário).
Cães
< - , < ''" L \ < '.\ ~· o , O e 1 , ~o • • -
J
OTO-HEMATOMA
DESCRIÇÃO: Processo caracterizado por formação de
coleção de conteúdo sanguinolento na pina (em uma ou
em ambas), decorrente da ruptura dos vasos sanguíneos
auriculares externos, devido, em geral, ao trauma ou por
meneios cefálicos motivados pelo prurido, marcado por
aumento de volume das faces medial (mais comum) e/ou
lateral das orelhas.
DIAGNÓSTICO: Pela história clínica de incômodo, me-
neios cefálicos e prurido ótico intenso e pela evidência
do aumento de volume auricular.
TRATAMENTO: Sempre investigar a causa base. As oti-
tes e o parasitismo das pinas por moscas hematófagas
figuram como fatores importantes para a ocorrência do
oto-hematoma. Em gatos, a dermatite trofoalérgica pode
ser uma causa de otites recidivantes que culminam no
oto-hematoma (vide tratamento de "Otites': '~topia" e
"Dermatite trofoalérgicà'). O oto-hematoma deve ser
corrigido cirurgicamente. A cartilagem auricular pode
se danificar e a orelha pode permanecer caída e/ou enru-
gada, configurando uma alteração estética.
DERMATOLOGIA 135
QUEIMADURA
DESCRIÇÃO: Lesão provocada por exposição a água ou
gordura quentes, a fogo, fios elétricos ou cercas elétricas.
O processo, muito doloroso, pode ser classificado como:
Grupo I ou de primeiro grau: superficial, envolve toda
a epiderme; há eritema e pode ou não haver formação
de vesículas. O pelo pode estar chamuscado, mas está
firmemente aderido. Uma vez que ocorra a' descamação
epitelial, a cicatrização é rápida.
Grupo II ou de segundo grau: dano maior que o ante-
rior. O pelo está firmemente aderido. Desenvolve-se ede-
ma subcutâneo grave. A cicatrização é lenta, depois que
ocorre o descolamento da pele.
Grupo III ou de terceiro grau: toda a pele é destruída,
há queda de pelos e a pele pode estar branca ou negra. A
cicatrização é lenta e pode ser necessário enxerto de pele~
É uma emergência. O paciente deve ser tratado em UTI.
TRATAMENTO
Várias abordagens devem ser realizadas, como avaliar o
grau de consciência do paciente, o grau de comprome-
timento respiratório e, então, a extensão das lesões da
queimadura, incluindo olhos e cavidades nasal e oral.
Hidratação parenteral com cristaloides é indicada (vide
Apêndice ((Fluidoterapia parenteral", cap. 9. Hematolo-
gia e imunologia). Não administrar coloides ou soluções
hipertônicas.
Se o paciente for atendido em até 3 horas após o acidente,
resfriar as lesões por imersão ou com auxílio de com-
pressas molhadas ou spray com água ou solução salina,
por no mínimo 30 minutos. Monitorar a temperatura
do paciente (evitar hipotermia).
136 CAPÍTULO 3
SEBORREIA
DESCRIÇÃO: Distúrbios da cornificação, da descamação
e do engorduramento, que pode ser primária ou associa-
da a diversas doenças cutâneas (processos alérgicos, es-
cabiose, demodiciose), ao hipotireoidismo, desnutrição.
Pode ser seca ou oleosa. Caracteriza-se por descamação,
crostas, ressecamento ou engorduramento da pele, pele
ressecada com pelo oleoso e prurido secundário.
DIAGNÓSTICO: Por avaliação clínica e/ou histopato-
lógica.
TRATAMENTO
Identificar e corrigir a causa base, quando possível.
Banhos com xampus hipoalergênicos (Allercalm®-Vir-
bac ou Vetriderm Hipoalergênico®-Bayer, Hypcare®-Pet
Society, Dermogen®-Agener União), antisseborreicos
(Skin Balance®-Pet Society, Hexadene Spherulites®-Vir-
bac, Vetriderm Seborreia®-Bayer, Sebotrat O®-Agener
União, para seborreia oleosa, ou Sebotrat S®-Agener
DERMATOLOGIA 137
V:ITILIGO
;
APÊNDICE
BIOPSIA CUTÂNEA
METODOLOGIA: Tricotomize a área selecionada para o proce-
dimento, com margem para a sutura. Limpe a região com clo-
rexidina e álcool. Se necessário, desengordure com éter. Escolha
3-4 pontos para a biopsia, considerando aspectos e tempo de
evolução. Realize a incisão com o punch ou bisturi, de forma
a obter amostra de todas as camadas da pele. Com auxílio do
bisturi ou de tesoura, retire o fragmento. Deposite-o sobre um
pedaço de madeira (abaixador de língua) ou de cartão de papel.
Em seguida, coloque a amostra virada para baixo no pote cole-
tor contendo formalina tamponada. Realize a sutura que de-
sejar (em geral, sutura simples separada é suficiente) e curativo
adequado. Envie os fragmentos para avaliação histopatológica,
enriquecendo com o histórico clínico anexo. Descreva as lesões,
a evolução, os tratamentos empregados e as respostas, assim
como as suspeitas clínicas.
CITOLOGIA
• Preparação com fita adesiva de acetato (observar bactérias,
leveduras e ácaros) em lesões secas ou levemente úmidas.
METODOLOGIA: Utilize um pedaço de fita adesiva de acetato,
não maior que uma lâmina de microscopia, e pressione sobre a
pele. Não coloque a fita em fixador que contenha álcool. Core
com hematoxilina e eosina e enxágue em água. Cole a fita con-
tra uma lâmina de microscopia. Observe sob imersão (objetiva
com aumento de lOOx). Conte bactérias (bastonetes e cocos),
leveduras, polimorfonucleares e ácaros, caracterizando a quan-
tidade em cruzes (++ ).
2. CULTURA FÚNGICA
• Em lesões conhecidas: obtenha pelos quebrados da periferia
da lesão ativa ou pelos positivos na observação sob lâmpada
de Wood. Retire os pelos gentilmente, obtendo também a raiz
destes. Deposite no meio DTM ou na placa de Petri estéril.
Limpe gentilmente com álcool 70% para reduzir contamina-
ção e espere secar.
• Em gatos assintomáticos: escove o gato vigorosamente (todo
o gato) com uma escova de dentes estéril. Remova os pelos da
escova (com uso de luva estéril) e deposite no meio DTM ou
na placa de Petri estéril.
Coloque os pelos nas duas partes do meio DTM. Mantenha
em temperatura ambiente. Examine diariamente por 3 sema-
nas. Preparação de lâminas do meio de cultura fúngica.
Dobre um pedaço de fita adesiva de acetato e segure com os
dedos. Delicadamente, coloque a borda adesiva da fita sobre a
colônia fúngica positiva (observar mudança de cor no DTM).
Coloque uma gota de azul de lactofenol sobre uma lâmina de
vidro e cole a fita (com a borda adesiva voltada para a lâmina)
e observe ao microscópio sob imersão.
RASPADO CUTÂNEO
• Procedimentos para Demodiciose
METODOLOGIA: Coloque óleo mineral ou base (NaOH ou
KOH) na lâmina. Comprima uma prega de pele e raspe na dire-
ção do crescimento dos pelos, perpendicularmente, até obter pe-
quena quantidade de sangue. Não corar. Deposite a lamínula so-
bre a amostra. Examine sob objetiva com aumento de lOx. Conte
os indivíduos adultos, jovens e os ovos. Marque as regiões dos
raspados no diagrama da ficha clínica e repita os raspados sempre
nos mesmos lugares, a não ser que novas lesões apareçam.
• Procedimentos para Escabiose
METODOLOGIA: Como a anterior. Entretanto, evite áreas com
escoriações severas. Obtenha raspado mais longo e alterne pro-
fundo com superficial.
SWABS DE SECREÇÕES
METODOLOGIA: Obtenha secreção com auxílio do swab, de-
licadamente. Em casos de swabs óticos, apenas gire o swab no
CAPÍTULO 3
142
TRICOGRAMA
INDICAÇÕES: Avaliar a qualidade do pelo, evidência traumá-
tica de perda de pelo, alopecia por diluição de cor (agrupa-
mentos anormais de melanina), esporos em dermatofitose,
demodiciose.
METODOLOGIA: Arranque os pelos. Pode ser necessário auxí-
lio de uma pinça hemostática, com a ponta coberta por bor-
racha. Deposite os pelos sobre uma lâmina de vidro, contendo
óleo mineral ou base de potássio ou sódio. Observe ao micros-
cópio, sob aumento de 1Ox.
ANIMAIS JOVENS:
Instituir tratamento
DERMATOFITOSE -1-----• ANIMAIS ADULTOS:
Investigar causa base
Instituir tratamento
PRIMÁRIA: Instituir
.---------,_/
PIODERMITE SUPERFICIAL
tratamento
.__ _ _ _ _ _ ___.
OU PROFUNDA
~ SECUNDÁRIA: Investigar
complexos alérgicos/
Endocrinopatias. Instituir
tratamento
DERMATOLOGIA 143
ANIMAIS JOVENS:
Instituir tratamento
DEMODICIOSE (FOCAL OU
1----- ANIMAIS ADULTOS:
GENERALIZADA)
Investigar causa base
Instituir tratamento
DERMATITE ALÉRGICA
A PICADA DE
ECTOPARAS ITAS
COMPLEXOS ALÉRGICOS (-. DERMATITE
TRO FOALÉRG ICA
ALERGIA AMBIENTAL
(ATO PIA)
BIBLIOGRAFIA
Belmonte, E.A.; Nunes, N.; Thiesen, R.; Lopes, P.C.F.; Costa P.F.; Bar-
bosa, V.E; Moro, J.V.; Batista, P.A.C.S.; Borges, P.A. Infusão contínua
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cão e do gato: diagnóstico clínico e histopatológico. 2.ed. São Paulo:
Roca, 2009.
144 CAPÍTULO 3
ACTINOMICOSE
DESCRIÇÃO: Doença causada por bactérias anaeróbicas
ou microaerófilas do gênero Actinomyces spp. e Arcano-
bacterium spp., as quais integram a flora normal da oro-
faringe e dos tratos gastrointestinal e genital. Normal-
mente não são patogênicas, exceto quando inoculadas
em tecidos, podendo desencadear enfermidade piogra-
nulomatosa em praticamente qualquer local. Eventual-
mente podem se disseminar por via hematógena. As
apresentações clínicas mais comuns em cães incluem
infecções cervicofaciais ou cutâneas, além de piotórax.
Embora menos frequentes, também podem ocorrer
pneumonia, lesões intra-abdominais e retroperitoniais,
assim como meningoencefalite. Nos gatos, a manifesta-
ção mais comum é o piotórax.
DIAGNÓSTICO: Testes laboratoriais de rotina apresen-
tam resultados variáveis conforme o sítio de infecção.
Nos casos crônicos é frequente observar anemia não
regenerativa, leucocitose com desvio à esquerda e mo-
nocitose, hipoalbuminemia e hiperglobulinemia. A aná-
lise de material oriundo de abscessos, efusões, líquido
cefalorraquidiano ou lavados bronquiais/transtraqueais
normalmente evidencia resposta inflamatória piogranu-
lomatosa, com abundância de neutrófilos (>75%). Even-
tualmente é possível identificar bastonetes filamentosos
145
146 CAPÍTUL04
BABESIOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade causada pelos protozoários
Babesia canis e Babesia gibsoni, transmitidos ao cão du-
rante o repasto do carrapato Rhipicephalus sanguineus.
Ao infectar o hospedeiro, o parasita destrói seus eritróci-
tos, causando apatia, perda de peso, febre e icterícia.
DIAGNÓSTICO: A identificação de parasitas piriformes
intraeritrocitários em esfregaços sanguíneos confirma
o diagnóstico (preferencialmente sangue capilar - pon-
ta de orelha, por exemplo). O hemograma geralmente
mostra anemia regenerativa, com elevada contagem de
reticulócitos, além de trombocitopenia. A dosagem séri-
ca de bilirrubina poderá evidenciar hiperbilirrubinemia,
DOENÇAS INFECCIOSAS
00149
~
......
enquanto na urinálise será constatada bili
Encontram-se disponíveis testes sorológicos
TRATAMENTO: Se necessário, deve-se estabilizar o pa-
ciente, lançando mão de fluidoterapia e transfusão san-
guínea.
Antiparasitário: dipropionato de imidocarb 5,0-6,6 mg/
kg, se, IM e repetir após 14 dias; aceturato de diminaze-
no 3,5 mg/kg, SC, IM. IMPORTANTE: o paciente deve
receber sulfato de atropina 0,044 mg/kg, se, 10-15 mi-
nutos antes da aplicação de imidocarb ou diminazeno;
atovaquona 13,3 mg/kg, VO, SID, em associação a azitro-
micina 1O mg/kg, VO, SID, ambos por 1O dias.
Antibiótico: considerando-se que tanto erliquiose
quanto babesiose são transmitidas ao cão pelo mesmo
vetor, se o diagnóstico de babesiose foi firmado apenas
valendo-se de exames convencionais, como hemograma
e esfregaço sanguíneo, é prudente instituir terapia contra
erliquiose com doxiciclina 5-10 mg/kg, VO, SID/BID,
por 21-28 dias.
Esteroides: em casos severos pode ser necessário utilizar
prednisona 1 mg/kg, VO, BID, ou dexametasona 0,3 mg/
kg, se, SID, para barrar a anemia hemolítica instalada.
Antieméticos: se necessário, deve-se prescrever meto-
clopramida 0,4 mg/kg, VO/SC, TID.
BARTONELOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade causada pela bactéria he-
motrópica gram -negativa Bartonella henselae. Quando
o gato se coça, as bactérias contidas nas fezes de pulga
depositadas sobre sua pele são transferidas para as unhas
e eventualmente inoculadas durante arranhões (esta
condição é conhecida em seres humanos como «doen-
ça da arranhadura do gato'). Atualmente se sabe que os
DOENÇAS INFECCIOSAS 147
BARTONELOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade causada pela bactéria he-
motrópica gram-negativa Bartonella henselae. Quando
o gato se coça, as bactérias contidas nas fezes de pulga
depositadas sobre sua pele são transferidas para as unhas
e eventualmente inoculadas durante arranhões (esta
condição é conhecida em seres humanos como "doen-
ça da arranhadura do gato"). Atualmente se sabe que os
CAPÍTUL04
148
BLASTOMICOSE
DESCRIÇÃO: Infecção sistêmica causada pelo fungo di-
mórfico, Blastomyces dermatitidis, o qual é encontrado
em solos arenosos, ácidos e próximos da água. O con-
tágio ocorre por inalação de esporos oriundos do cres-
cimento micelial no ambiente, estabelecendo a infecção
primária nos pulmões, de onde há disseminação por
todo o corpo, incluindo narinas, linfonodos, olhos, pele,
tecido subcutâneo, ossos e sistema nervoso. Os animais
infectados costumam apresentar letargia, anorexia, per-
da de peso, tosse, dispneia, lesões oculares e/ou cutâneas.
DOENÇAS INFECCIOSAS 149
BORRELIOSE
DESCRIÇÃO: Também conhecida como doença de
Lyme, é causada pela Borrelia burgdorferi, uma espiro-
queta alongada e detentora de múltiplos flagelos peri-
plasmáticos, praticamente invisível sob microscopia de
luz. É transmitida aos cães e seres humanos pelo car-
rapato Ixodes spp. Uma vez inoculadas, as bactérias se
replicam e migram pela pele e tecidos conectivos, che-
150 CAPÍTUL04
BOTULISMO
BRUCELOSE
Vide "Brucelose canina': cap. 12. Neonatologia.
CINOMOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade multissistêmica de cará-
ter agudo a subagudo, causada por um Morbillivirus
da família Paramyxoviridae cujo contágio se dá por via
j
COCCID,IOIDOMICOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade causada por duas espécies
distintas do fungo dimórfico Coccidioides spp., que é
encontrado no solo arenoso e alcalino e pode infectar
CAPÍTUL04
154
CRIPTOCOCOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade causada pelo fungo Crypto-
coccus neoformans, que é encontrado nas fezes de pom-
bos ou em matéria orgânica e geralmente infecta cães e
gatos por via aerógena, se instalando na cavidade nasal.
A partir daí, a infecção pode se estender para tecidos ad-
jacentes ou se disseminar por via hematógena para ou-
tras áreas, incluindo olhos, sistema nervoso, linfonodos,
pulmões e órgãos abdominais (vide "Meningoencefalites
inflamatórias infecciosas", cap. 13. Neurologia). Os sinais
clínicos incluem apatia, anorexia, linfadenomegalia, se-
creção nasal, alterações cutâneas (ulceração, áreas enrije-
cidas, massas), alterações neurológicas e oftálmicas.
DIAGNOSTICO: Avaliações citológicas de secreção nasal,
líquido cerebroespinhal e aspirados de massas cutâneas
ou linfonbdos podem demonstrar o microrganismo. A
cultura do material também pode ser útil. O antígeno
capsular do C. neoformans pode ser detectado no sangue
ou liquor (teste de aglutinação em látex). Geralmente
não há alteração nos exames laboratoriais de rotina.
TRATAMENTO: Se necessário, deve-se estabilizar o pa-
ciente, lançando mão de fluidoterapia. Deve-se dar espe-
cial atenção à alimentação.
DOENÇAS INFECCIOSAS 157
CYTAUXZOONOSE
OIROFILARIOSE
Vide "Dirofilariose - alterações cardíacas': cap. 2. Cardiologia.
ERLIQUIOSE
DESCRIÇÃO: Síndrome multissistêmica causada pelas
bactérias cocoides gram-negativas Ehrlichia canis, Ana-
plasma phagocytophilum (ex-Ehrlichia equi) e Anaplas-
ma platys (ex-Ehrlichia platys), transmitidas ao cão pela
picada do carrapato. Tais agentes parasitam monócitos,
granulócitos ou plaquetas, desencadeando sinais clínicos
variáveis, que incluem principalmente apatia, anorexia,
perda de peso, desordens da coagulação, alterações of-
tálmicas e neurológicas (vide "Meningoencefalite infla-
matórias infecciosas': cap. 13. Neurologia). Também é
relativamente frequente o desenvolvimento subdínico
da doença.
DIAGNÓSTICO: O diagnóstico clínico deve incluir evi-
dência de carrapatos no animal enfermo, localização em
área endêmica e os sinais inespecíficos da erliquiose. Sua
confirmação, no entanto, depende de teste sorológico
ou PCR. Embora inespecífico, o hemograma pode ser
útil para o diagnóstico clínico, sendo comum encontrar
trombocitopenia ou pancitopenia. Em alguns poucos ca-
sos também é possível encontrar mórulas em esfregaços
'
sangu1neos.
TRATAMENTO: Se necessário, deve-se estabilizar o pa-
ciente.
Antibiótico: doxiciclina 5-10 mg/kg, VO, SID/BID, por
21-28 dias.
Antiparasitário: dipropionato de imidocarb 5 mg/kg,
SC, e repetir após 14 dias. IMPORTANTE: o paciente
CAPÍTULO 4
160
ESPOROTRICOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade localizada ou sistêmica cau-
sada pelo fungo dimórfico Sporothrix schenckii cuja in-
fecção se dá a partir de lesões penetrantes. É mais co-
mum em gatos de vida livre ou cães de caça e os sinais
clínicos mais frequentes incluem nódulos cutâneos ex-
sudativos, linfadenomegalia, além de apatia, anorexia e
febre na forma generalizada da doença.
DIAGNÓSTICO: Avaliação citológica do exsudato das
lesões ou de material aspirado de nódulos cutâneos,
preferencialmente após coloração com ácido periódi-
co de Schiff (PAS). É possível cultivar o fungo a partir
do exsudato ou amostras mais profundas das lesões, ou
detectar anticorpos específicos no soro sanguíneo via
RIFI. Provas laboratoriais de rotina geralmente estão
inalteradas.
TRATAMENTO: É importante alertar o proprietário so-
bre o potencial zoonótico da enfermidade.
Antifúngico: iodeto de potássio 40 mg/kg, VO, TID
(cão), ou 20 mg/kg, VO, BID (gato); itraconazol 10 mg/
DOENÇAS INFECCIOSAS 161
HEPATOZOONOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade parasitária que acomete
principalmente cães, causada pela ingestão de carrapatos
contendo esporozoítos infectantes de Hepatozoon ,canis
ou Hepatozoon americanum. Tais agentes causam condi-
ções clínicas distintas, sendo a infecção por H. america-
num mais severa (até o momento inexistente no Brasil).
Os sinais clínicos incluem apatia e caquexia (H. canis) ou
mio site e alterações locomotoras (H. americanum).
'
DIAGNÓSTICO: Identificação de gamontes de Hepa-
tozoon spp. em neutrófilos ou monócitos no esfregaço
sanguíneo (mais comum na infecção por H. canis). A
parasitemia é rara na infecção por H. americanum, sen-
do muitas vezes necessário demonstrar o parasita em
biópsias musculares. Também é possível diagnosticar a
enfermidade valendo-se de testes sorológicos (RIFI) ou
moleculares (PCR).
DOENÇAS INFECCIOSAS 163
HERPESVIROSE CANINA
Vide "Herpesvirose canina': cap. 12. Neonatologia.
HISTOPLASMOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade sistêmica causada pelo fungo
Histoplasma capsulatum, a partir da inalação de esporos
produzidos por micélios contidos em fezes de aves, mor-
164 CAPÍTULO 4
LEISHMANJOSE
DESCRIÇÃO: Enfermidade causada por protozoários
pertencentes ao gênero Leishmania spp., transmitidos
ao hospedeiro pelo mosquito-palha. Pode-se manifestar
sob as formas cutânea ou visceral e, embora bastante va-
riáveis, os sinais clínicos geralmente incluem apatia, ano-
rexia, perda de peso, lesões cutâneas e linfadenomegalia.
Eventualmente também podem ser encontradas altera-
ções renais, articulares, neurológicas e gastrointestinais,
além de onicogrifose. Muitos animais positivos são com-
pletamente assintomáticos.
LEPTOSPIROSE
DESCRIÇÃO: Causada por bactérias do gênero Leptospi-
ra, o qual possui diversos sorovares antigênica e imuno-
genicamente distintos, sendo os mais comuns na infecção
canina L. icterohaemorragiae, L. canicola, L. grippotypho-
sa e L. pomona. Geralmente desencadeia lesões hepáticas
e renais (vide ''Injúria renal agudà: cap. 11. Nefrologia e
urologia), resultando em apatia, febre, desidratação, ic-
terícia, hematêmese, diarreia, melena e petéquias/equi-
moses. Costuma ser transmitida pelo contato com urina
de animais enfermos ou de reservatórios (como o rato).
É rara em gatos.
DIAGNÓSTICO: Pode haver leucocitose/leucopenia e
trombocitopenia. A urinálise costuma evidenciar isos-
tenúria, proteinúria, piúria, cilindrúria, bilirrubinúria e
hemoglobinúria (urina cor de "Coca-cola"). Muitas ve-
zes o animal apresenta azotemia, aumento de ALT, FA,
AST e bilirrubina. A sorologia é o meio mais fidedig-
no para confirmação, sendo necessário títulos elevados
para diferenciar infecção ativa de reação vacinal (> 1:300
- sugestível; >1:1.000 - altamente indicativo). Embora
o PCR possa ser utilizado para identificar e diferenciar
entre isolados patogênicos e não patogênicos, nenhuma
técnica de PCR permite diferenciar consistentemente os
vários sorovares da Leptospira.
TRATAMENTO: Deve-se lançar mão de medidas de
suporte para estabilizar o paciente, caso seja necessá-
rio. É importante atentar para o controle de roedores no
ambiente.
168 CAPÍTULO 4
MlCOBACTERIOSES
DESCRIÇÃO: Enfermidades clinicamente heterogêneas
causadas por bactérias pertencentes ao gênero Mycoba-
terium spp. A origem da tuberculose quase sempre é o
convívio de cães com humanos enfermos ou, no caso dos
gatos, a ingestão de leite não pasteurizado oriundo de
bovinos infectados. Geralmente há sinais sistêmicos, in-
cluindo apatia, perda de peso, febre, alterações respirató-
rias, gastrointestinais e ósseas. A lepra felina é diagnosti-
cada em gatos de vida livre e suas manifestações clínicas
incluem linfadenomegalia e placas cutâneas ulceradas ou
não. Casos de micobateriose atípica apresentam lesões
cutâneas ou subcutâneas exsudativas que não cicatrizam
e, eventualmente, alterações respiratórias.
DIAGNÓSTICO: É necessário identificar o bacilo ál-
cool-ácido resistente (BAAR) em amostras de secreção
(swabs) ou aspirados (nódulos cutâneos ou subcutâ-
neos). Embora não seja possível confirmar o diagnóstico
valendo-se apenas de exames laboratoriais convencio-
nais, o hemograma, por exemplo, costuma evidenciar
leucocitose e anemia. Radiografias torácicas podem re-
velar padrão pulmonar alterado.
170 CAPÍTULO 4
hemolítica instalada.
Controle de pulgas: uma vez que o M. haemofelis é
transmitido a partir de pulgas infectadas, é fundamental
aniquilá-las tanto do animal quanto do ambiente. Pro-
dutos pour-on à base de fipronil ou selamectina ou subs-
tâncias para uso oral, como o lufenuron 30 mg/kg, VO, a
cada 30 dias, são satisfatórios.
NEOSPOROSE
DESCRIÇÃO: Doença neuromuscular causada pelo coc-
cídeo Neospora caninum. Sua transmissão pode ocorrer
por via transplacentária e normalmente os sinais clíni-
cos incluem paralisia ascendente, hiperextensão dos
membros posteriores, atrofia muscular, polimiosite com
mialgia, ataxia, fraqueza generalizada, além de, eventual-
mente, crises convulsivas entre 3 e 9 semanas de idade,
ou através da ingestão de cistos em tecidos de animais
infectados, normalmente herbívoros. Não há predileção
por raça, sexo ou idade (vide "Polimiosite por proto-
zoários': cap. 5. Doenças musculoesqueléticas e cap. 13.
Neurologia).
DIAGNÓSTICO: Embora a microscopia convencional
não possibilite distinguir morfologicamente o N. cani-
num do T. gondii, não há reações sorológicas cruzadas
entre ambos, de modo que a determinação do título de
anticorpos por RIFI é o método de escolha para o diag-
172 CAPÍTULO 4
NOCARDIOSE
PANLEUCOPE.NIA FELINA
DESCRIÇÃO: Causada por um Parvovírus, caracteriza-
-se por diarreia, vômito, desidratação, febre e apatia.
Também é chamada de enterite viral felina, sendo mais
frequente em filhotes e animais não vacinados. Como o
vírus afeta células em rápida divisão, é comum ocorrer
atrofia tímica e panleucopenia severa. Pode afetar cere-
belo e retina, gerando hipoplasia cerebelar e displasia de
retina. Também é possível natimortalidade ou aborta-
mento quando houver infecção intrauterina.
DIAGNÓSTICO: Embora inespecífico, o achado de pan-
leucopenia no hemograma é bastante consistente com a
infecção. Não há testes sorológicos específicos disponíveis
comercialmente, mas pode-se tentar utilizar testes rápidos
para parvovírus canino, com resultados variáveis.
174 CAPÍTUL04
PARVOVIROSE/CORONAVIROSE CANINA
TÉTANO
DESCRIÇÃO: Enfermidade neuromuscular causada pela
toxina tetanospasmina produzida pela bactéria anaeró-
bia Clostridium tetani, habitante normal da flora intes-
DOENÇAS INFECCIOSAS 177
TOXOPLASMOSE
TRlPANOSSOMÍASE
DESCRIÇÃO: Enfermidade causada pelo protozoário
hemoflagelado Trypanosoma cruzi, popularmente co-
nhecida como doença de Chagas. É transmitida por
triatomíneos que, após se alimentarem, defecam ma-
terial contendo tripomastigotas que, então, penetram
pela pele. Também pode haver contágio pela ingestão de
insetos infectados, por via transplacentária ou transma-
mária. O ciclo da enfermidade se divide nas fases agu -
da, indeterminada (ou latente) com apresentação clínica
normal, e crônica, com lesão cardíaca. As principais ma-
nifestações clínicas incluem arritmias, colapso, palidez
de mucosas, TPC prolongado e pulsos fracos. Também
pode ocorrer anorexia, linfadenomegalia, ascite, hepa-
DOENÇAS INFECCIOSAS 181
APÊNDICES
DILUIÇÃO DO INTERFERON a
DESCRIÇÃO: O interferon a encontra-se disponível comercial-
mente na concentração de 3 ou 9 milhões de UI/ampola (Ro-
feron ® A). Dilua 0,25 mL do produto (com concentração de 3
milhões de UI/ampola) em 500 mL de NaCl a 0,9% e congele
182 CAPÍTULO 4
BIBLIOGRAFIA
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DOENÇAS
MUSCULOESQUELÉTICAS
183
184 CAPÍTULO 5
• ARTRITE SÉPTICA
DESCRIÇÃO: Resultante de infecção por via hematogê-
nica ou de inoculação direta de microrganismos na arti-
culação (ex.: pós-cirurgia, trauma ou migração de corpo
estranho). Se houver várias articulações envolvidas si-
multaneamente, pode indicar bacteremia proveniente de
186 CAPÍTULO 5
TRATAMENTO
Conservador: deve-se identificar e tratar as fontes de
infecção e administrar antibióticos de amplo espectro
como cefalexina 30 mg/kg, VO, TID, ou amoxicilina +
ácido clavulânico 12-25 mg/kg, VO, TID, até que haja
o resultado da cultura e antibiograma. O tempo de tra-
tamento varia de 6-8 semanas. Associar analgésicos de
acordo com a necessidade, tramadol 2-4 mg/kg, VO,
TID/QID, dipirona 25 mg/kg, VO, TID, codeína 0,5-2
mg/kg, VO, BID/TID/QID. Dependendo da gravidade
dos sinais sistêmicos, o antibiótico inicialmente deve ser
ministrado por via parenteral.
Cirúrgico: nas articulações gravemente afetadas, a ar-
trotomia deve ser realizada para lavagem abundante
com solução salina e debridamento cirúrgico, visando
à remoção do material purulento e fibrina, sendo con-
siderada uma emergência cirúrgica. Caso o resultado
da cultura seja diferente do antibiótico que está sendo
administrado, esse antibiótico deve ser trocado. O prog-
nóstico depende da gravidade da lesão articular, sendo
comum a ocorrência de doença articular degenerativa
secundária.
• ARTRITE REUMATOIDE
(ARTRITE IMUNOMEDIADA EROSIVA)
DESCRIÇÃO: A etiologia da doença é desconhecida,
mas fatores reumatoides são direcionados contra a IgG
alterada do hospedeiro, levando a uma poliartrite erosi-
va com destruição articular progressiva, sendo as raças
mais comumente afetadas as miniaturas. A idade de aco-
metimento varia entre 9 meses e 13 anos, mas a maio-
ria dos animais é jovem ou de meia-idade. No início, a
doença pode ser similar à poliartrite idiopática, mas após
188 CAPÍTULOS
kg, IM, uma vez por semana, por 1O semanas ou até re-
missão. Este medicamento pode causar efeitos adversos
como febre, trombocitopenia, leucopenia, entre outros.
Podem ser associados analgésicos, tramadol 2-4 mg/kg,
VO, TID/QID, dipirona 25 mg/kg, VO, TID, codeína 0,5-
2 mg/kg, VO, BID/TID/QID, mas não se deve associar
anti-inflamatórios não esteroides à prednisona. O prog-
nóstico é reservado, principalmente se já houver lesão
'
articular grave antes do diagnóstico, pois é uma doença
" .
. cronica.
progressiva
Cirurgia: a artrodese pode ser útil nos casos em que o
suporte ligamentar tenha sido afetado de forma grave.
CONTRATURA DO MÚSCULO
INFRAESPINHOSO OU SUPRAESPINHOSO
DESCRIÇÃO: A contratura muscular é o encurtamento
do músculo em decorrência de trauma, inflamação, is-
quemia e imobilização prolongada, que ocasiona reestru-
turação dos componentes do tecido muscular resultando
em aderência e desenvolvimento de fibrose. A causa é
desconhecida. Acomete animais jovens muito ativos. De
origem traumática, uni ou bilateral, pode ser observada
em animais que sofreram lesão previamente. A maioria
afeta o músculo infraespinhoso. Há história de claudi-
cação aguda após atividade física exagerada, em geral 3
semanas previamente à consulta. Pode ocorrer edema de
partes moles na articulação do ombro. Ocorre resolução
da claudicação por 3-4 semanas, reiniciando a anorma-
lidade locomotora, devido à progressão da fibrose e con-
tratura, e há rotação externa do ombro e deslocamento
do cotovelo em direção medial.
DIAGNÓSTICO: Baseado no histórico clínico e sinais,
em que se observa leve abdução do membro torácico
acometido. A flexão é reduzida durante o exame físico e
há desvio lateral do antebraço durante a manobra. Pode
ser notada atrofia do músculo supraescapular e altera-
ções na musculatura circunvizinha. Nas radiografias bi-
laterais mediolateral pode ser notada redução no espaço
articular e caudocranial, havendo diminuição da distân-
192 CAPÍTULO 5
CONTRATURA DO QUADRÍCE.PS
DESCRIÇÃO: O quadríceps é formado pelos músculos
vasto lateral, vasto medial, vasto intermédio e reto femo-
ral, e atua como mecanismo extensor do joelho. A con-
tratura do quadríceps decorre de fibrose muscular que
acomete animais de qualquer idade, raça e sexo, sendo
mais comum em pacientes imaturos após fraturas fe-
m orais distais. Outras causas são o tratamento cirúrgico
tardio de fraturas femorais, dissecação extensa de tecido
mole durante a cirurgia, não realização imediata da rea-
bilitação pós-operatória, alteração congênita, polimiosi-
te por neosporose, imobilização do membro em exten-
são antes ou após a estabilização cirúrgica e trauma ao
grupo muscular quadríceps. Em filhotes a imobilização
do membro por 5-7 dias já pode causar a contratura.
DIAGNÓSTICO: Cães de qualquer raça, idade ou sexo
podem ser afetados, mas é mais comum em animais
imaturos, com história de fratura de fêmur. No exame
DOENÇAS MUSCU LO ESQUELÉTICAS 193
DISTROFIA MUSCULAR
DESCRIÇÃO: Doença primária musculoesquelética que
provoca degeneração progressiva e regeneração limita-
da dos músculos, semelhante às distrofias musculares
em seres humanos. É uma miopatia hereditária ligada
ao sexo, sendo transmitida, na maioria das vezes, por
fêmeas assintomáticas portadoras ou que apresentam
manifestações clínicas leves. As principais raças afetadas
são Golden Retriever e Labrador Retriever. As manifes-
tações clínicas se iniciam a partir de 8 semanas de idade,
ocorrendo intolerância ao exercício. Depois de algumas
semanas ocorre atrofia muscular, fraqueza generalizada
e alargamento da base da língua. Ocorre ainda sialorreia
e megaesôfago. Os cães doentes apresentam cansaço fá-
cil, passadas rígidas e curtas, redução na capacidade de
DOENÇAS MUSCULOESQUELÉTICAS 199
FRAGMENTAÇÃO DO PROCESSO
CORONOIDE MEDIAL DA ULNA (FPCM)
DESCRIÇÃO: Separação de uma pequena porção do pro-
cesso coronoide medial da ulna, resultando em claudi-
cação e DAD. Pode ocorrer também como osteonecrose
do coronoide ou fissuras dentro do coronoide medial.
Acomete cães jovens de raças grandes, com crescimento
rápido, iniciando-se quando o animal está imaturo. Os
sinais clínicos se tornam aparentes entre 5 e 7 meses de
idade. Entretanto, cães de qualquer idade podem apre-
sentar osteoartrite secundária à FPCM e displasia do co-
tovelo. Há história de claudicação do membro torácico
. , , .
que piora apos o exerc1c10.
DIAGNÓSTICO: Baseado no histórico, sinais clínicos e
radiografias dos dois cotovelos, pois, apesar de os sinais
clínicos se manifestarem em um membro, os dois podem
ter alterações. Durante o exame físico pode ser eviden-
ciada sensibilidade na hiperextensão do cotovelo e na
palpação da porção medial da articulação. Pode haver
atrofia muscular devido à dor crônica. A diminuição da
202 CAPÍTULO 5
LESÃO MENISCAL
.1.
DESCRIÇAO: Meniscos são fibrocartilagens semilunares
que promovem a congruência e estabilidade da articu-
lação do joelho com função de transmissão de cargas,
absorção de choques e auxílio na lubrificação da arti-
culação. A lesão raramente ocorre de forma primária e,
na maioria dos casos, um ou mais ligamentos do joelho
estão rompidos ou distendidos. A lesão isolada ocorre
devido à trauma por queda, na qual ocorra torção, com-
DOENÇAS MUSCULOESQUELÉTICAS 203
LUXAÇÃO COXOFEMORAL
NEOPLASIAS ÓSSEAS
DESCRIÇÃO: Representam aproximadamente 5% dos
tumores que acometem cães e gatos. São geralmente ma-
lignos, sendo o osteossarcoma (OSA) o mais frequente.
Outras neoplasias são condrossarcomas, osteocondro-
mas, hemangiossarcomas, fibromas, mieloma múltiplo e
lipossarcomas (vide cap. 16. Oncologia).
DIAGNÓSTICO: O diagnóstico diferencial são os tumo-
res metastáticos em ossos, micoses sistêmicas com lo-
calização óssea e osteomielite bacteriana. O diagnóstico
definitivo é realizado por meio da cito e/ou histopato-
logia. No exame radiográfico observam-se lesões líticas
e proliferativas na região metafisária dos ossos longos,
aumento d~ volume dos tecidos moles com calcificação
formando espículas periosteais (aspecto de explosão so-
lar). Pode haver a presença do <'triângulo de Codmau>:
uma reação óssea entre o periósteo e o córtex. Essa neo-
plasia raramente atravessa a cápsula articular. Devem ser
realizadas radiografias torácicas em três posições (lateral
direita e esquerda e ventrodorsal) para avaliar a presença
de metástase, porém a TC é mais eficaz no diagnóstico.
A elevação da fosfatase alcalina está associada com so-
DOENÇAS MUSCULOESQUELÉTICAS 213
OSTEOMIELITE
DESCRIÇÃO: Inflamação do osso, dos elementos da
medula óssea, do endósteo, do periósteo e dos canais
vasculares, associada a processos infecciosos, em geral
de origem bacteriana, mas também pode ocorrer por
fungos. Os microrganismos podem ser veiculados por
corpos estranhos, feridas abertas, cirurgias, ferimentos
por mordedura, ou se disseminarem por via hematóge-
na. As bactérias Staphylococcus spp. e Streptococcus spp.
são as mais frequentes em animais com osteomielite
decorrente de fratura exposta. Escherichia coli, Proteus
spp. e Pseudomonas spp. também podem estar associa-
dos aos processos de osteomielite e, em alguns casos,
a infecção é polimicrobiana. Qualquer raça, sexo ou
idade de cão ou gato pode ser acometida, e pode haver
DOENÇAS MUSCULOESQUELÉTICAS 217
OSTEOPATIA HIPERTRÔFICA ou
OSTEOARTROPATIA HIPERTRÔFICA
PULMONAR ou OSTEOPATIA PULMONAR
PANOSTEÍTE
DESCRIÇÃO: Causa comum de claudicação e dor óssea
em cães jovens de raça média ou grande, especialmen-
te o Pastor Alemão. Autolimitante e de causa indeter-
minada, ocorre formação óssea endosteal e invasão da
medula óssea por trabéculas ósseas. Pode ou não haver
envolvimento periosteal. Os filhotes, mais frequente os
machos, entre 5 e 12 meses de idade são mais acometidos
e apresentam histórico agudo de claudicação com piora
intermitente ou que muda de um membro para outro.
Podem estar presentes sinais sistémicos como anorexia
e pirexia. Há sensibilidade dolorosa na palpação do osso
longo acometido.
DIAGNÓSTICO: Os diferenciais importantes são outras
condições ortopédicas de raças grandes em crescimen-
to, como OCD (vide "Osteocondrite dissecante"), FPC
(vide "Fragmentação do processo coronoide"), NUPA
(vide '(Não união do processo ancôneo") e displasia co-
xofemoral. Os sinais radiográficos de panosteíte são pro-
gressivos, sendo inicialmente normais, ou seja, os sinais
clínicos precedem os sinais radiográficos em mais ou
menos 1O dias. Os sinais consistentes são alargamento
do foram e nutrício e aumento do padrão trabecular, se-
guido por maior radiopacidade da medula óssea.
TRATAMENTO: A afecção é autolimitante, devendo-se
eliminar a dor do paciente com o uso de anti-inflama-
tórios - cetoprofeno 1 mg/kg, VO, SID, por 7 -14 dias,
220 CAPÍTULOS
POLIMIOSITE IDIOPÁTICA
TENOSSINOVITE BIICIPITAL
DESCRIÇÃO: Inflamação do tendão do músculo bici-
pital e da bainha sinovial circundante. É relacionada a
traumas diretos ou indiretos de natureza repetitiva ao
tendão bicipital, ou ainda pode ser secundária a doenças
articulares como a osteocondrite dissecante da cabeça do
úmero. Cães de qualquer tamanho ou idade podem ser
acometidos, sendo os animais ativos os mais comumente
afetados. O tendão pode estar parcial ou completamen-
te rompido, podendo haver tecido fibroso proliferativo
e aderência. Em alguns animais a condição pode ser
bilateral.
DIAGNÓSTICO: Os sinais de claudicação do membro
torácico, intermitente ou progressiva, variam de leve a
grave e tendem a melhorar com o repouso. Há sensibili-
dade dolorosa durante a manipulação da articulação do
ombro, na palpação do tendão bicipital, especialmente se
for realizada a flexão do ombro e extensão do cotovelo.
Os exames laboratoriais em geral não têm alterações, e
na análise do líquido sinovial pode haver inflamação leve
e DAD (vide "Doença articular degenerativa"). Deve-se
radiografar ambos os ombros sob anestesia ou tranqui-
lização. Observa-se calcificação do tendão do bíceps e
osteofitos no sulco intertubercular. Na artrografia pode
haver irregularidade de preenchimento sugestivo de hi-
perplasia sinovial e ruptura. Os exames de ultrassono-
grafia e ressonância magnética (RM) fornecem ótima
imagem do tendão e adjacências. A artroscopia permite
226 CAPÍTULO 5
APÊNDICES
ARTROGRAFIA
DESCRIÇÃO: A artrografia de contraste positivo consiste na
introdução do agente de contraste no espaço articular, para de-
limitação das margens articulares. São utilizados contrastes à
base de iodo estéreis, por exemplo, o ioexol, diluído 1: 1 com
água estéril. A quantidade varia de acordo com o tamanho do
animal e a indicação do exame. A artrografia de contraste nega-
tivo envolve a injeção de ar na cavidade articular, mas não tem
aplicação na ortopedia de pequenos animais.
DOENÇAS MUSCULOESQUELÉTICAS 227
MEMBRO(s) PÉLVICO(s) ;
Contratura do quadríceps
Displasia coxofemoral
Lesão meniscal
Luxação coxofemoral
Luxação de patela medial
Necrose asséptica da cabeça do fêmur
Ruptura do ligamento cruzado cranial (RLCC)
Síndrome da cauda equina
TORÁCICOS e PÉLVICOS j
Botulismo
Distrofia muscular
lnstabilidade/subluxação atlante-axial
Miastenia grave
Polirradiculoneurite idiopática
Síndrome de Wobbler
Trauma cranioencefálico (TCE)
BIBLIOGRAFIA
BAHR ARIAS, M.V.; LIMA, J.G. de; VIANNA, C.G.; MENDES, D.S.
Mandibulectomia rostral, bilateral para correção de limitação de
abertura bucal causada por miosite dos músculos mastigatórios: re-
228 CAPÍTULO 5
Sofia Borin-Crivellenti
TRATAMENTO
Fluidoterapia parenteral: solução de Ringer lactato ou
NaCl a 0,9%. A velocidade e o volume dependerão do grau
de desidratação do paciente (vide Apêndice "Fluidotera-
pià'). Na ausência de ICC grave e IRA recomenda-se o uso
de 15-20 mL/kg/hora ou 20% do cálculo total de reposição
de fluido na primeira hora, seguido de 30% do cálculo nas
próximas 4-5 horas. Os 50% restantes devem ser adminis-
trados nas 18 horas seguintes, a fim de corrigir o déficit
em 24 horas. No caso de hiperosmolaridade optar pela so-
lução de NaCl a 0,45% (dado obtido na hemogasometria).
Após a correção, instituir fluidoterapia de manutenção.
Insulinoterapia inicial: diversas modalidades utilizan-
do insulina regular são descritas para cães e gatos. Des-
taca-se que a vias mais eficazes são a intramuscular e a
intravascular, sendo a subcutânea indicada apenas após
estabilização do paciente, com completa hidratação e
controle glicêmico (manutenção). Seguem os protocolos.
• Protocolo intramuscular: insulina regular conforme
tabela 6.1 ( cães e gatos).
[K+] Sérico
Ii mdEqflK+/r.ditro !j mEqK+/
500 ml de
j
I;
mEqK+/
250 ml de
i e UI O 1 • •
TRATAMENTO
Em todos os casos, sugere-se avaliação cuidadosa dos si-
nais clínicos, dos parâmetros hematológicos e bioquími-
cos sérieos, mensuração da ingestão hídrica diária, aferi-
ção da pressão arterial sistêmica, urinálise e avaliação da
proteinúria previamente a instituição de qualquer terapia.
1. HAC iatrogênico
Identificar a causa base da terapia com corticoide. Ava-
liar a necessidade de manutenção da terapia com corti-
coides. Pesquisar a possibilidade da troca da medicação
ou redução gradual da dose e intervalo de administração.
2. HAC adrenal-dependente (HACAD)
Adrenalectomia cirúrgica: é o tratamento de escolha
para o HACAD, a não ser que a avaliação pré-operatória
evidencie lesões metastáticas, invasão de outros órgãos
ou vasos, ou exista risco iminente de tromboembolismo
(proteinúria acentuada e redução da antitrombina III). O
tratamento prévio com mitotane ou trilostane é recomen-
dado por alguns autores, a fim de se tentar controlar os
sinais da hipercortisolemia antes da cirurgia (vide item
«Tratamento do HAC hipófise-dependente" a seguir).
Contraindica-se a suplementação com glicocorticoides
antes da adrenalectomia, pois pode haver piora dos si-
nais clínicos, hipertensão, retenção hídrica e tromboem-
bolismo. A suplementação só deve ser iniciada no trans-
cirúrgico. ~ssim que o tumor adrenal for identificado,
deve-se iniciar a administração de dexametasona O, 1-0,2
mg/kg, IV, em 6 horas de infusão contínua, a qual deve
ser reduzida para 0,02 mg/kg por dia, IV, BID, até que
o animal possa receber a medicação por via oral (tipi-
camente 48-72 horas após a cirurgia). A dexametasona
deve ser substituída pela prednisona0,25-0,5 mg/kg, VO,
BID, assim que possível. Essa dose deve ser reduzida gra-
dualmente num intervalo de 3-4 meses. Se a adrenalecto-
ENDOCRINOLOGIA 245
HIPERPARATIREOIDISMO (HPT)
DESCRIÇÃO: É o aumento contínuo na secreção do pa-
ratormônio (PTH), que pode ser resultado de resposta
fisiológica normal à diminuição da concentração sérica
de cálcio ionizado (HPT secundário nutricional ou re-
nal), ou da secreção anormal de PTH pela paratireoide
(HPT primário), gerando hipercalcemia. Doença de
maior incidência em animais idosos, o HPT primário
(HPTP) é incomum em cães e raro em gatos. Tem como
principais sinais PU/PD, apatia, incontinência urinária,
constipação, fraqueza e intolerância ao exercício.
DIAGNÓSTICO: O HPTP apresenta-se como hipercal-
cemia persistente associada a normofosfatemia a hi-
pofosfatemia, além de redução de DU, eventualmente
ENDOCRINOLOGIA 251
!1 Ca tota 1 i" • Ca
• d p j Creatinina ! PTH
1 ! 1omza o j
"
!
!
HPT t t n/i t
n!"'-
___
-.primário
___._
----- !.---·--·---
HPT
secundário i1n i1n t/n t t
renal
··--, -- -
HPT
secundário n/t/t n/t/t 1/n n t
nutricional
Ca = cálcio; P = fósforo; PTH = paratormônio; i =aumentado;"'-= diminuí-
do e n =normal.Levar em consideração os valores de referência oferecidos
pelo laboratório.
TRATAMENTO
1. HPT primário
Remoção do tecido anormal da paratireoide: o pro-
cedimento cirúrgico é considerado o tratamento de
252 CAPÍTUL06
Injetável {IV)
HIPERTIREOIDISMO FELINO
(TIREOTOXICOSE)
DESCRIÇÃO: Doença multissistêmica resultante da
produção excessiva dos hormônios tireoidianos ativos
T3 e/ou T4. É uma desordem comum em gatos idosos,
e decorre principalmente de adenoma ou hiperplasia
adenomatosa de uma ou ambas as tireoides, e em menor
frequência de carcinoma tireoidiano. Os sinais clássicos
são perda de peso, polifagia, polidipsia, diarreia, vômito,
hiperatividade, fezes volumosas e mal-cheirosas. Cerca
de 10% dos gatos podem apresentar letargia, fraqueza
muscular, anorexia e anormalidades cardíacas.
DIAGNÓSTICO: Sinais clínicos frequentemente asso-
ciados a tireoide uni ou bilateralmente aumentada são a
elevação de HT e azotemia pré-renal/renal (desidratação
ENDOCRINOLOGIA 255
HIPOADRENOCORTICISMO
(Doença de Addison)
HIPOTl:REOI.DISMO CANINO·(H:TCJ
DESCRIÇÃO: Deficiência dos hormônios tireoidianos
decorrente de anormalidade funcional ou estrutural das
tireoides. O HTC primário é forma mais comum e de-
corre de tireoidite linfocítica ou atrofia idiopática da ti-
re oide. O secundário decorre da deficiência na produção
de TSH pela hipófise, e o terciário, da produção de TRH
ENDOCRINOLOGIA 261
,.$ub:çUri'iç9(~nill'lçiJ semsinais-díniCúsHTC) ,
,_,...;,;_.,..;;.. ', .' .·, -.......;..-.·----
Estádio 1 Normal Normal Normal
TRATAMENTO
Investigar e excluir causas não tireoidianas antes de
realizar os testes endócrinos e qualquer tratamento
(eutireóideos doentes).
262 CAP(TUL06
APÊNDICES
o
,.....
• Aumento da ligação com outros
complexos (DR()
.Ay1U~ç~o}io t~lçí·qipryj#doji<aJ: o
• Desidratação (aguda ou subaguda)
PTH elevado ou terço superior do
"
l>
PTH ~~ ~
valor de referência
Não exclui neoplasia Ãvali~'d>PTH •.· <') 1
Paratireoide dependente
Vit D aumentada
• Intoxicação por ergo ou colecalciferol Âv~liar25:(0H) Vitamina D · Avaliar<>PfHrP
HPTPouOCR
•;
(Calcitriol pode estar baixo, normal
ou elevado)
CURVA GLICÊMICA
DESCRIÇÃO: É um teste utilizado para avaliar o controle glicê-
mico de pacientes sob terapia insulínica. Para avaliar o controle
da glicemia, a insulina e o esquema de alimentação utilizados
pelo proprietário devem ser mantidos, além de se manter a roti-
na diária do animal a fim de reduzir os riscos de resultados im-
precisos. A glicemia deve ser aferida a cada 1 ou 2 horas durante
todo o dia, podendo-se utilizar glicosímetros laboratoriais ou
portáteis. Através da curva deverão ser avaliados e corrigidos os
seguintes pontos: a) se a insulina é eficaz, b) o horário de pico
da insulina, e) a duração do efeito da insulina, d) a gravidade da
flutuação da glicemia (picos de hipoglicemia e efeito Somogyi).
INDICAÇÕES: Para cães e gatos diabéticos, em tratamento, que
manifestarem hipo ou hiperglicemia, a fim de explicar por que
o animal está mal controlado e avaliar a margem de ajuste da
dose.
COMPLICAÇÕES: A principal complicação é o desenvolvimen-
to de hiperglicemia induzida por estresse. Além disso, diante
dos inúmeros fatores que afetam a concentração da glicose
sanguínea (locais de aplicação da insulina, absorção, exercício
físico, estresse, emoção, etc.), as curvas podem variar drastica-
mente no dia a dia ou no mês a mês.
Resultados* 1
,
Interpretação
i
i Tempo para atingir
j Densidade urinária a desidratação
Distúrbio !
-r
r--,nício Des~~~;~ção.. --M~~Ja v1J7~t .
4 3,7
1
de5%
Polidipsia
1,002-1,020 >1,030 13 8-20
psicogênica
Distúrbio OU pós-dDAVP
.:..i:......i-.·
... pós..ACTH
C:on(entraçõesdecortisol................. .
fêmea inteira ou
Fortemente sugestivo de HAC atípico
>1,62 ng/ml em
fêmea castrada**
! -
Resultados* 1 lnterpretaçao
~
HACHD
<50% do basal
--· - - -----·--·-·--·
> 1,4 µg/dl e >50% do basal > 1,4 µg/dl HACHD ou HACAD
Resultados* i Interpretação
Concentrélções de cortisolpôs-dexamêtasona e.ntCães (8h)
·-- -«---.. .- -·.. . . _._. _ ·. .- ·... . . . . . --~--·.-.: -~-
~ -~ ·- ~«:i>·=·...Ã-....,-- --·-
s + - .M - ·-~4%.... d ,....
Insulina Protamina
Comercialmente indisponível no Brasil
Zincada (PZI)
(Produção descontinuada)
(longa ação)
BIBLIOGRAFIA
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rison of precision and accuracy of ulOO and u40 insulin syringes. ln:
2014 ACVIM FORUM, 2014, Nashville. Journal ofVeterinary Inter-
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FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 2 vol. 4
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FINDLING, J.W.; ADAMS, N.D.; LEMANN, J.JR.; GRAY, R.W.; THO-
MAS, C.J.; TYRRELL, J.B. Vitamin D metabolites and parathyroid
ENDOCRINOLOGIA 273
Tatiana Champion
ASMA FELINA
DESCRIÇÃO: Resposta alérgica após exposição a aeroa-
lérgenos, com estímulo de linfócitos T helper 2 e produ-
ção de citocinas que causam modificações patológicas
das vias aéreas. Encontram-se inflamação e remodela-
mento das vias aéreas, acúmulo de muco e contração
da musculatura lisa bronquial, que causam limitação à
passagem de ar. A mucosa e submucosa bronquiais estão
infiltradas por vários tipos de células inflamatórias e tor-
nam-se edematosas. A tosse resulta do estímulo de me-
canorreceptores localizados na musculatura lisa. A pato-
gênese é multifatorial, porém a interação entre linfócitos
Te eosinófilos é primordial na geração da inflamação e
hiper-reatividade das vias aéreas. Ocorre em gatos adul-
tos, de qualquer raça e alguns estudos relatam predileção
por Siameses. Os sinais variam de assintomáticos, tosse
esporádica ou contínua até sibilos e dispneia.
DIAGNÓSTICO: A radiografia pode demonstrar hiperin-
suflação pulmonar, padrão bronquial ou broncointersti-
cial e deslocamento caudal do diafragma. Radiografia
pode estar normal em até 23% dos casos. A tomografia
computadorizada demonstra espessamento da parede
bronquial, bronquiectasia e padrão alveolar. Pode haver
aumento de eosinófilos no hemograma e no lavado tra-
275
276 CAPÍTULO 7
Em casos refratários:
Associação de broncodilatador e glicocorticoide: sal-
meterol e fluticasona (Seretide® 25/125 mcg), diretamen-
te na máscara, SID/BID.
Novas terapias experimentais: há estudos recentes com
utilização de imunoterapia, ômega 3, lidocaína por via
inalatória 2 mg/kg, em nebulização, TID, ou inibidores
da tirosina quinase (masilato de masitinib - Masivet®)
50 mg/gato, VO, SID.
Terapias ineficazes: Antileucotrienos: leucotrienos não
são mediadores inflamatórios importantes na asma feli-
na, diferentemente de seres humanos. Anti-histamíni-
cos: ciproeptadina e cetirizina não reduziram a inflama-
ção e a eosinofilia em gatos asmáticos. No entanto ainda
são necessários estudos para avaliarem a responsividade
das vias aéreas e a dose necessária de anti-histamínicos
para exercerem propriedades broncodilatadoras.
Mucolítico/antioxidante: nebulização com N-acetilcis-
teína pode induzir broncoespasmo e aumento de aproxi-
madamente 150% da resistência das vias aéreas de gatos
asmáticos e, portanto, não deve ser administrada sob a
via inalatória.
278 CAPÍTULO 7
TRATAMENTO
Anti-inflamatórios esteroides: após descartar infecções,
prednisona 0,5 mg/kg, VO, BID, por 5-7 dias, seguido
por diminuição gradativa da dose até a menor dose efi-
caz. Não usar dexametasona, triancinolona ou acetato de
metilprednisolona. De forma alternativa, pode-se utili-
zar fluticasona (Flixotide spray®) por via inalatória, na
dose de 10-20 µg/kg, BID.
Broncodilatadores: Metilxantinas: aminofilina 6-1 Omg/
kg, VO, TID, ou teofilina 1O-20 mg/kg, VO, BID; ou Beta-
-agonistas: terbutalina 1,25-5 mg/cão, VO, SID/BID/TID,
ou albuterol 50 mcg/kg, VO, TID. Teoftlina é mais eficaz
que a terbutalina e pode ser indicada para reduzir a fadiga
diafragmática e aumentar o clearance mucociliar.
Antitussígenos: podem ser deletérios, pois prejudicam
a eliminação de secreções. Quando não há secreções,
pode-se usar hidrocodona 0,22 mg/kg, VO, TID, ou bu-
torfanol 0,5-1 mg/kg, VO, BID, ou dropropizina (Vibral
pediátrico®) cão pequeno 3 mL; cão médio 5 mL e cão
grande 7 mL, VO, TID/QID (empírico). Opioides como
butorfanol e hidrocodona são mais eficazes que antitus-
sígenos não opioides como gabapentina e metocarbamol.
Antibióticos: devem ser lipofílicos, como doxiciclina
5 mg/kg, VO, BID, ou enrofloxacina 2,5-5 mg/kg, VO,
BID, por 5-10 dias (toxicidade se uso concomitante de
teofilina, se for necessário, reduzir a dose da teofilina em
30%). Se houver pneumonia ou bronquiectasia, antibio-
ticoterapia por 3-6 semanas. A doxiciclina e a azitromi-
cina também possuem propriedades anti-inflamatórias.
Quinolonas em uso crônico estão associadas a resistên-
cia bacteriana.
Umidificação: com inalador ultrassônico para que as
gotículas cheguem às vias aéreas inferiores.
Manejo de fatores precipitantes: redução do peso em
animais obesos, evitar alérgenos ou substâncias irritantes.
280 CAPÍTULO 7
COLAPSO DE TRAQUEIA
• Na manutenção:
Antitussígenos: após o controle de inflamações e in-
fecções: hidrocodona 0,22 mg/kg, VO, TID, ou codeína
0,5-2 mg/kg, VO, BID, ou butorfanol 0,5 mg/kg, BID/
TID, ou dropropizina (Vibrai pediátrico®) cão pequeno
3 mL; cão médio 5 mL e cão grande 7 mL, TID/QID (em-
pírico).
Broncodilatadores: não indicados quando o colapso for
apenas cervival. Aminofilina 6-1 O mg/kg, IM/IV, TID;
teofilina 10-20 mg/kg VO, BID; terbutalina 1,25-5 mg/
cão, VO, SID/BID/TID.
Ansiolítico/calmante: Passiflora incarnata (Passiflori-
ne®) 5-10 mg/kg, VO, BID, por 10 dias.
Antibióticos: doxiciclina 5 mg/kg, VO, BID, 15 dias,
pode tratar infecções por Mycoplasma sp. e possui ação
anti-inflamatória conjunta.
Manejo de fatores precipitantes: redução do peso em
animais obesos, tratamento da insuficiência cardíaca,
evitar alérgenos ou substâncias irritantes, evitar coleiras
cervicais e tratar infecções respiratórias com antibióticos
por 14 dias, baseado na cultura e antibiograma do lavado
traqueal.
Tratamento cirúrgico: próteses ou colocação de stents
em cães que permanecerem sintomáticos (ficar atento às
complicações, indicações e peristência dos sinais clínicos).
282 CAPÍTULO 7
EFUSÕES PLEURAIS
DESCRIÇÃO: Condição comum em cães e gatos em que
o acúmulo de líquidos no espaço pleural prejudica a ex-
pansão pulmonar levando à insuficiência respiratória.
Aumento da pressão hidrostática capilar, diminuição da
pressão coloidosmótica e aumento da permeabilidade
capilar geralmente associados a diversas etiologias, como
neoplasias torácicas, cardiopatias, traumas torácicos, hi-
poproteinemia, peritonite infecciosa felina (gatos), coa-
gulopatias, hérnia diafragmática e outras menos comuns
como torção de lobo pulmonar, tromboembolismo pul-
monar e obstrução linfática ou trombose de veia cava.
DIAGNÓSTICO: Sinais clínicos de dispneia expiratória,
tosse não produtiva, padrão respiratório restritivo, as-
sociados à hipofonese de sons pulmonares e cardíacos,
indicam fortemente a presença de efusão pleural. Análise
da efusão coletada por toracocentese é fundamental, in -
clicando-se citologia e em alguns casos análise bioquími-
ca (colesterol, triglicérides, proteína, albumina, fatores
de coagulação), cultura e antibiograma ou coloração de
Gram. A diferenciação em transudato simples, transu-
dato modificado, exsudato séptico e não séptico auxilia
no diagnóstico da causa base. Radiografias e tomografia
computadorizada estão indicadas apenas para animais
estáveis.
TRATAMENTO
Toracocentese (vide também "Pericardiocentese - efu-
sões pericárdica': cap. 2. Cardiologia).
ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS 283
PIOTÓRAX
O diagnóstico de piotórax ocorre pela identificação de ex-
sudato séptico na toracocentese, a não ser que o pacien-
te tenha recebido antibióticos antes da análise da efusão.
Neste caso, o exsudato pode ser não séptico. Geralmen-
te a infecção é mista, por bactérias anaeróbicas e aeróbi-
cas. Pode ser oriunda de ferimentos perfurantes no tórax
como mordeduras, corpos estranhos, pneumonia bacte-
riana, perfuração esofágica, disseminação hematógena,
progressão de discoespondilite, neoplasias com formação
de abscessos, secundário a cirurgia torácica ou toracocen-
teses, migração parasitária ou pode ser idiopática. Cultu-
ra negativa não exclui o diagnóstico de piotórax. Cultura
positiva para Actinomyces spp. pode associar-se a corpo
estranho como gramíneas.
Toracocentese e colocação de drenos torácicos. A dre-
nagem deve ser feita inicialmente a cada 2-4 horas e o
intervalo é aumentado assim que diminuir a quantidade
de efusão. Lavagem do espaço pleural com solução fisio-
lógica aquecida ( 1O mL/kg) ajuda na drenagem. Não há
benefícios do uso de antibióticos, heparina, fibrinolíti-
cos ou antissépticos locais. O dreno deve ser removido
quaato o volume de efusão for inferior a 3 mL/kg/dia,
1
QUILOTÓRAX
Acúmulo de quilo no espaço pleural, secundário ao
prejuízo ou obstrução da drenagem linfática pleural.
Associa-se com insuficiência cardíaca direita, massas
mediastínicas, pericardiopatias, dirofilariose, linfangiec-
tasia, granulomas fúngicos ou ruptura do dueto torácico
por trauma. A maioria dos animais apresenta quilotórax
idiopático.
Tratamento da causa base. Tratar insuficiência cardíaca,
dirofilariose e pericardiopatias. A diminuição da massa
mediastínica (com quimioterapia, radioterapia ou cirur-
gia, dependendo do diagnóstico) reduz a compressão da
veia cava e consequentemente reduz a formação de qui-
lotórax.
Modificação na dieta: baixo teor de gordura, triglicerí-
deos de cadeia média, no caso de quilotórax.
Flavonoides benzopirênicos: rutina 50-100 mg/kg, VO,
TID (quilotórax) - eficácia relatada em gatos, não há re-
latos em cães.
Análogos da somatostatina: octreotida (Sandostatin® -
Novartis) 10 µg/kg, SC, TID, por 2-3 semanas (formação
de cálculos biliares se administrado por mais de 30 dias).
Baixa taxa de sucesso, oneroso e com baixa adesão devi-
do à aplicação parenteral.
286 CAPÍTULO 7
HIPERTENSÃO PULMONAR
DESCRIÇÃO: Aumento sustentado da pressão arterial
pulmonar. Os valores limítrofes para o diagnóstico são:
pressão arterial sistólica acima de 30 mmHg, diastólica
maior que 15 mmHg e média maior que 20 mmHg. Pode
ser primária ou secundária a doenças cardíacas (ICC
esquerda), pulmonares ou respiratórias que causem hi-
poxemia ou êmbolos/trombos (dirofilariose, neoplasias,
corpos estranhos). Resulta de desequilíbrio de fatores
vasodilatadores (óxido nítrico e prostaciclinas) e vaso-
constritores (serotonina, endotolina-1, tromboxano),
causando aumento do tônus vasomotor, proliferação da
musculatura lisa e remodelamento vascular. Os sinais
clínicos variam de assintomáticos a sinais respiratórios
(tosse, dispneia, intolerância ao exercício) até síncopes.
DIAGNÓSTICO: Ecodopplercardiografia permite a esti-
mativa das pressões do átrio direito e artéria pulmonar
caso não haja estenose de artéria pulmonar. Regurgita-
ção da tricúspide acima de 2,8 m/ s indica hipertensão
pulmonar sistólica e regurgitação pulmonar acima de
2 mi s reflete hipertensão pulmonar diastólica. O índi-
ce de Tei, medida ecocardiográfica de função cardíaca,
pode ser utilizado para graduar a hipertensão pulmonar.
Radiografias são inespecíficas de alterações intersticiais
ou bronquiais. Eletrocardiografia pode demonstrar indí-
cios de sobrecarga atrial e ventricular direita nos casos
moderad9s a graves.
TRATAMENTO
Inibidor 'da fosfodiesterase 5: sildenafil (Viagra®-Pfi-
zer) 1 mg/kg, VO, TID.
Vasodilatadores sistêmicos iECA ou bloqueadores de
canais de cálcio (vide cap. 2 Cardiologia), cuidado com
hipotensão sistêmica, pois pode haver prejuízo da circu-
lação coronariana.
ENFERMIDAOES RESPIRATÓRIAS 289
PARALIS.IA OE LARINGE
DESCRIÇÃO: Afeta cães idosos, de grande porte, comum
em Labrador e Golden Retrievers ou em cães que sofre-
ram trauma, polineuropatia, polimiopatia ou neoplasias
intra ou extratorácicas. Cães apresentam estridor, ciano-
se, intolerância ao exercício, síncope, colapso, e podem
ter disfonia, tosse, engasgas e disfagia. Sinais exacerbam
após exercício e aumento da temperatura.
TRATAMENTO
• Tratamento emergencial
Ventilação, repouso e controle da temperatura: ani-
mais braquicefálicos dispneicos apresentam dificulda-
de de realizar a termorregulação e fazem hipertermia
(resfriamento lento).
290 CAPÍTUL07
PNEUMONIA ASPIRATIVA
DESCRIÇÃO: Ocorre por aspiração de corpo estranho,
sendo as principais causas: iatrogênicas (sondas de ali-
mentação nasogástricas mal posicionadas, adminis-
tração por via oral de medicamentos ou alimentos) ou
secundariamente a distúrbios como megaesôfago ou
esofagite, fenda palatina, anormalidades faringianas as-
sociadas à síndrome braquicefálica e neuropatias perifé-
ricas. Ainda, aspiração secundária às alterações de nível
de consciência, sobretudo associada a quadros eméticos
e em animais anestesiados que não estavam em jejum
alimentar. Pode haver lesão química resultante do efei-
to do ácido gástrico no parênquima pulmonar, lesões
obstrutivas ou infecção bacteriana devido à inalação de
materiais contaminados. Além de necrose, hemorragia,
edema pulmonar, há inflamação e broncoconstrição e
ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS 291
TRATAMENTO
Oxigenoterapia e, se necessário, ventilação com pressão
positiva. Fluidoterapia intravenosa, evitando a super-
-hidratação.
Remoção do material inalado por sucção ou broncos-
copia, se for possível.
Broncodilatadores: aminofilina 10 mg/kg, VO/IV, TID
(cães), e 6,6 mg/kg, VO, BID (gatos). Teofilina 10-20 mg/
kg, VO, BID; terbutalina 1,25-5 mg/cão, VO, SID/BID/
TID.
Glicocorticoides: uso controverso, porém a prednisona
0,5-1 mg/kg, VO, SID/BID, pode auxiliar nas primeiras
24-48 horas.
Antibioticoterapia: amoxicilina + ácido clavulânico
15 mg/kg, VO, BID ou enrofloxacina 5 mg/kg, VO/IM,
BID, ou outras opções de acordo com o antibiograma.
PROGNÓSTICO: Depende do conteúdo e da quantidade
do material inalado e da ausência de complicações como
abscessos, granulomas e consolidação pulmonar.
292 CAPÍTULO 7
PNEUMONIA BACTERIANA
DESCRIÇÃO: Inflamação adquirida das vias aéreas infe-
riores e parênquima pulmonar, associada à colonização
bacteriana. Proteínas (invasinas) produzidas pelas bacté-
rias quebram as barreiras de defesa e facilitam a dissemi-
nação e lesão tecidual. Fatores de risco são diminuição
da imunidade, distúrbios congênitos (megaesôfago, dis-
cinesia ciliar), ambiental (higiene e ventilação inadequa-
das) e coinfecção (calicivírus - gatos, cinomose - cães).
DIAGNÓSTICO: A tosse não ocorre em todos os animais,
geralmente há letargia, intolerância ao exercício, inapetên-
cia, taquipneia e secreção nasal. À ausculta pulmonar, pode
haver estertores úmidos, indicando a presença de muco,
ou hipofonese de sons, indicando consolidação lobar. Há
leucocitose no hemograma. Radiografias torácicas são
fundamentais, porém radiografias normais não excluem
o diagnóstico. Em casos resistentes, indicam-se citologia
com coloração de Grame cultura e antibiograma do la-
vado traqueal ou broncoalveolar (vide Apêndice "Lavado
broncoalveolar''). Pode haver hipoxemia leve a moderada.
TRATAMENTO
Oxigenoterapia: se hipoxemia (Pa02 <85 mmHg ou
SaO2 <90%). Fornecer oxigênio umidificado. Recorrer
à ventilação mecânica se PaO 2 <60 mmHg mesmo com
oxigenoterapia.
Broncodilatadores: Metilxantinas: aminofilina 6-1 O
mg/kg, VO, TID, ou teofilina 10-20 mg/kg, VO, BID; ou
Beta-agonistas: terbutalina 1,25-5 mg/cão, SID/BID/
TID, ou albuterol 50 mcg/kg, VO, TID.
Antibióticos: podem ser feitos empiricamente ou
guiados pelos resultados dos exames complemen-
tares. Pacientes com sinais brandos podem receber
sulfametoxazol+trimetoprim 30 mg/kg, VO, BID, doxi-
cidina 5 mg/kg, VO, BID, cefalexina 30 mg/kg, VO, BID,
ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS 293
PN.EUMOPATIA-S INTERSTICIAIS
DESCRIÇÃO: Inflamação difusa do parênquima pulmo-
nar, envolvendo estruturas intersticiais e tecidos adjacen-
tes, como parede alveolar. As pneumopatias infiltrativas
mais comuns são a broncopneumonia eosinofílica (BEP)
e a fibrose pulmonar idiopática. Parasitas pulmonares
contribuem para a eosinofilia (Aerulostrongylus sp.; Ca-
pillaria sp.; Filaroides spp.; Angiostrongylus vasorum e
Dirofilaria immitis).
DIAGNÓSTICO: Sinais clínicos de dispneia, com crepita-
ção à ausculta pulmonar. Radiografias torácicas devem ser
interpretadas com cautela, pois podem variar de normais
a padrões intersticiais nodulares ou reticulares. Exames
hematológicos raramente fornecem alterações específicas
como eosinofilia ou basofilia. A broncoscopia é útil, assim
294 CAPÍTULO 7
RINITE
DESCRIÇÃO: Doença caracterizada por espirros e se-
creção nasal. Alguns cães apresentam secreção posterior
manifestada por respiração nasal obstrutiva. As princi-
pais doenças associadas à rinite crônica são neoplasias
ou pólipos sinonasais, rinite linfoplasmocítica idiopáti-
ca, corpo estranho, doença dental e rinite fúngica/bac-
teriana. Filhotes podem apresentar secreção nasal rela-
cionada à fenda palatina (vide "Fenda palatina': cap. 12.
Neonatologia). Observar se a descarga é uni ou bilateral.
296 CAPÍTULO 7
2. Neoplasias e pólipos
Diagnóstico da neoplasia para direcionar o tratamento.
Não é rara a ocorrência de tumor venério transmissível.
A radioterapia é indicada na maioria dos tumores malig-
nos nasais, em combinação ou não com quimioterapia.
No caso de pólipos, indica-se a rinotomia, com possibili-
dade de recidiva em 1-2 anos.
SÍNDROME DO DESCONFORTO
RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)
TRATAMENTO
Suporte ventilatório: oxigenoterapia por máscara, ca-
teter ou sedar/anestesiar, intubar e ventilar o pacien -
te. Ventilação com pressão positiva ao final da expira-
ção (PEEP) age sobre alvéolos colapsados, sendo útil
na SDRA pela diminuição da complacência pulmonar.
Lembrar que concentrações maiores que 50% de oxigê-
nio fornecidas por mais de 12 horas podem causar lesões
como atelectasia pulmonar.
Antibióticos: para evitar infecções secundárias (vide an-
tibióticos em «Pneumonias bacterianas").
Fluidoterapia: evitar fluidoterapia em excesso, sendo
que cristaloides podem aumentar a pressão hidrostática
e coloides podem extravasar pela membrana endotelial e
agravar o edema pulmonar.
Diuréticos: furosemida 2 mg/kg, IV (em bolus), TID/
QID, se não houver hipotensão ou diminuição da per-
fusão tecidual.
Não há tratamentos farmacológicos com comprovada
eficácia, anti-inflamatórios esteroides não parecem con-
trolar a infecção. Corrija o fator predisponente.
300 CAPÍTULO 7
TRA'QUEOBRONQUITE INFECClOS.A
Vide "Traqueobronquite infecciosa canina': cap. 4. Doenças
Infecciosas.
TROMBOEMBOLISMO PULMONAR
DESCRIÇÃO: Obstrução dos vasos pulmonares por coá-
gulo sanguíneo, que se forma localmente ou em outros
lugares. Lesão endotelial, estase sanguínea e alterações
nos constituintes do sangue (hipercoagulabilidade) pre-
dispõem à trombose. Ocorre prejuízo da ventilação-per-
fusão, broncoconstrição, hipoxemia, perda de surfactan -
te local, atelectasia, edema e efusão. Associa-se a outras
doenças como nefropatia ou enteropatia com perda de
proteínas (vide "Síndrome nefrótica", cap. 11. Nefrologia
e urologia), neoplasias, doenças cardíacas, pancreatite,
anemia hemolítica imunomediada, hiperadrenocorti-
cismo, diabetes mellitus, aterosclerose, sepse, traumas e
grandes procedimentos cirúrgicos.
DIAGNÓSTICO: Os sinais clínicos são inespecíficos de
distúrbio de
, vias aéreas inferiores e variam de leves a gra-
ves. Podem ocorrer dispneia, tosse, hemoptise, cianose,
colapso e óbito. O diagnóstico baseia-se na suspeita clí-
nica e exames complementares (não específicos), como
radiografia torácica, ecodopplercardiografia, hemogaso-
metria arterial e perfil hematológico completo.
TRATAMENTO
Oxigenoterapia.
ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS 301
APÊNDICES
LAVADO BRONCOALVEOLAR
DESCRIÇÃO: O lavado broncoalveolar consiste em um exame
complementar primariamente utilizado para fins diagnósticos
de distúrbios do trato respiratório inferior, por meio do qual
se obtêm amostras para citologia e avaliação microbiológica de
brônquios, bronquíolos e alvéolos. Difere-se de lavado traqueal
e traqueobrônquico, pois por meio deste exame é possível cole-
tar amostras de vias aéreas inferiores e geralmente é realizado
durante o procedimento de broncoscopia. O paciente deve per-
manecer sob anestesia geral, com monitoração de parâmetros
vitais, oximetria e, se possível, hemogasometria. Os cães devem
permanecer em decúbito dorsal e gatos ou cães pequenos em
decúbito lateral com o pulmão afetado posicionado ventral-
mente. Indica-se administração de broncodilatador aminofi-
lina 5 mg/kg, IV (gatos) e 11 mg/kg, IV (cães) 1- 2 horas antes da
anestesia, para evitar broncoespasmo e em pacientes extrema-
mente comprometidos, pré-oxigenação. Consiste na introdução
de um broncoscópio estéril de 4 a 8 milímetros de diâmetro por
meio da sonda endotraqueal, possibilitando a visibilização dos
lobos pulmonares afetados. A intubação deve ser cuidadosa e
com sonda endotraqueal estéril, evitando-se contaminação oro-
faríngea. Injeta-se nos brônquios solução salina isotônica (NaCl
a 0,9%) em volume suficiente para alcançar os alvéolos. Imedia-
tamente após a instilação, deve-se sugar a seringa para obtenção
do líquido do lavado broncoalveolar, evitando-se aparelhos de
sucção que podem promover dano celular. Se houver pressão
negativa, deve-se realizar a sucção da seringa delicadamente
para evitar colapso das vias aéreas. Pode-se repetir a instilação
e sucção até obter amostra suficiente para os exames citológicos
e microbiológicos. Não há padronização do volume de solução
salina, no entanto, geralmente, injeta-se dois bolus de 20 mL
em cada lobo pulmonar em cães de grande porte e 4-5 bolus de
1O mL em cães de pequeno porte. Em gatos, o procedimento
deve ser mais rápido e indica-se o volume de 5 mL/kg em no
máximo três bolus. Geralmente o material sugado dos alvéolos
é de aspecto espumoso e objetiva-se recuperar no mínimo 50%
do líquido injetado. De forma alternativa ao uso do broncoscó-
ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS 303
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306 CAPÍTULO 7
CIRROSE/FIBROSE HEPÁTICA
DESCRIÇÃO: Processo irreversível, difuso, caracterizado
por fibrose e conversão da arquitetura hepática normal
em nódulos regenerativos estruturalmente desorganiza-
dos que levam a hipertensão portal. É secundária a di-
versas etiologias que causam agressão crônica ao fígado
e levam à insuficiência hepática. Principais sinais: ascite,
icterícia, vômito, diarreia, desidratação, perda de peso, po-
liúria, polidipsia, coagulopatias e encefalopatia hepática.
DIAGNÓSTICO: Aumento sérico de ácidos biliares, hi-
poalbuminemia; aumento de ALT e FA no início, e nor-
mal em estágios terminais; hiperbilirrubinemia; coleste-
rol baixo; hiperamonemia; hipoglicemia. Urinálise com
baixa densidade e cristais de biurato de amônio. Líquido
asdtico é transudato. Testes de hemostasia e tempo de
coagulação podem estar alterados. Radiografias e ultras-
sonografias mostram fígado diminuído (cães) e normal
ou aumentado (gatos). Confirmado com biópsia hepática.
TRATAMENTO: Quando possível, descobrir a causa da
agressão hepática que levou ao quadro de cirrose. Por
exemplo, o uso crônico de anticonvulsivantes, acúmu-
lo de cobre hepático ou causas imunomediadas. Tratar
a causa de base (vide "Hepatite crônicà'). Além disso, é
indicado tratamento de suporte de acordo com os sinais
clínicos apresentados.
309
310 CAPÍTULOS
COCCIDIOSE
DESCRIÇÃO: Infecção intestinal por coccídios como:
Isospora e Cryptosporidium. Infectam cães e gatos princi-
palmente pela ingestão de oocistos esporulados. Animais
jovens, que vivem em condições de pouca higiene, em
superpopulações ou imunossuprimidos são predispos-
tos. Sinais de diarreia, que pode ser mucoide ou hemor-
rágica, vômito, letargia, perda de peso e desidratação.
Alguns animais podem ser assintomáticos e eliminarem
oocistos no ambiente.
DIAGNÓSTICO: Baseado em sinais clínicos e identifica-
ção dos oocistos em fezes recentes, por meio de esfrega-
ço fresco com salina, flutuação em sulfato de zinco ou
flutuação em solução saturada de açúcar.
TRATAMENTO: A doença pode ser autolimitante em al-
guns animais.
• lsospora
Antibióticos: sulfadiazina+trimetoprim 15-30 mg/kg,
VO, SID/BID, 5-1 O dias, ou sulfadimetoxina 55 mg/
kg, VO, SID, dose inicial, seguida por 27,5 mg/kg, VO,
BID, 1O dias ou 50-60 mg/kg, VO, SID, 5-20 dias.
312 CAPÍTULO 8
• Cryptosporidium
Antibióticos: azitromicina 1O mg/kg, VO, SID, até a
resolução dos sinais clínicos, ou tilosina 10-15 mg/kg,
VO, TID/BID, 21 dias.
Alguns animais podem necessitar de tratamento sinto-
mático, como hidratação.
COLÂNGIO-HEPATITE FELINA
DESCRIÇÃO: Inflamação dos hepatócitos peribiliares,
canalículos biliares, duetos coletores e vesícula biliar.
Etiologia controversa, suspeita de infecção bacteriana na
forma supurativa (aguda) ou imunomediada na forma
linfoplasmocitária (crônica) ou, ainda, por presença de
trematódeos (Platynosomurn sp.). Pancreatite e duodeni-
te podem estar associadas. Sinais de hiporexia, letargia,
vômito, diarreia, perda de peso, icterícia, hepatomegalia,
ascite e febre (forma aguda).
TRATAMENTO
• Forma supurativa
Antibióticos: de preferência selecionado a partir de
cultura e antibiograma do tecido hepático ou bile. Am-
picilina 22 mg/kg, VO/SC, TID, ou amoxicilina-ácido
clavulânico 11-22 mg/kg, VO, BID/TID, ou cefalexina
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 313
• Platinossomíase
Gatos com platinossomíase podem ter obstrução do
dueto biliar e devem ser encaminhados para tratamen-
to cirúrgico.
Praziquantel para gatos com até 1,8 kg, 6,3 mg/kg, VO,
em dose única e com mais de 1,8 kg, 5 mg/kg, VO, em
dose úniça. Repetir após 15 dias. Outra forma é usar
5-20 mg/kg, VO, SID/BID, 3 dias (a dose de 20 mg/kg,
SID, não é recomendada na bula, ter consentimento
do proprietário antes de prescrever). Outra droga que
pode ser usada é nitroscanato (Lopatol®) 100 mg/kg,
dose única.
COLECISTITE
COLITE BACTERIANA
DESCRIÇÃO: Invasão de bactérias enteropatogênicas no
colón, causando inflamação da mucosa, principalmente:
Salmonella sp., Campylobacter jejuni, Yersinia sp., Bacil-
lus piliformes e Clostridium sp. Os sinais clínicos incluem
diarreia com características de intestino grosso (vide
Apêndice "Classificação das diarreias»), tenesmo, febre,
vômitos, anorexia, dores abdominais e desidratação.
DIAGNÓSTICO: Baseado em sinais clínicos, o diagnós-
tico definitivo depende do isolamento da bactéria en-
volvida em amostras fecais, ou hemocultura, se houver
bacteremia. No hemograma, pode haver neutrofilia com
desvio à esquerda.
TRATAMENTO
Hidratação: corrigir desequilíbrios hidroeletrolíticos e
acidobásicos, com base na tabela de fluidoterapia.
Antibióticos: sulfadiazina+trimetoprim 15 mg/kg, VO,
BID, ou ampicilina 22 mg/kg, VO/SC/IV, TID, ou enro-
floxacina 5 mg/kg, VO/SC, BID. Pode-se associar metro-
nidazol 15 mg/kg, VO/IV, BID.
Antieméticos: metoclopramida 0,5 mg/kg, se, BID, ou
clorpromazina 0,5 mg/kg, Se/IM, TID (não usar em
animais desidratados), ou ondasentrona 0,5-1 ,O mg/kg,
TID, IV, se houver vômitos.
Antagonistas de receptor H 2: ranitidina 2 mg/kg, VO/
Se, BID/TID, ou cimetidina 5,5-11 mg/kg, VO/IM/Se,
BID, ou Inibidor da bomba de prótons: omeprazol (Pet-
prazol®) ü,5-1,0 mg/kg, VO, SID (oral, apenas se não es-
tiver vomitando).
Antitérmico: dipirona 25 mg/kg, IM/VO, BID/TID, se
houver febre.
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 317
COPROFAGIA
DESCRIÇÃO: Ingestão de fezes. Comportamento apre-
sentado tipicamente pelo cão, que pode ingerir suas pró-
prias fezes ou de outros animais, inclusive de gatos. Este
fato pode ser apenas comportamental, ou estar relacio-
nado a distúrbios metabólicos ou a fatores ambientais. A
halitose decorrente é um dos fatores de maior incômodo
aos proprietários.
DIAGNÓSTICO: Situações de má higiene e estressantes,
falta de atividade e confinamento em local pequeno po-
dem gerar esse comportamento. Além disso, deficiência
nutricional (como parasitismo, dieta desequilibrada, in-
suficiência pancreática exócrina, má absorção intestinal)
ou a polifagia (hiperadrenocorticismo, diabetes mellitus)
também são predisponentes.
TRATAMENTO: Em animais nos quais o hábito é apenas
comportamental: Coprovet® (Coveli) 500 mg: 1 compri-
mido/ 5 kg, SID, por 2 semanas (deve ser administrado
ao animal cujas fezes são ingeridas).
Além disso, é importante a modificação do manejo do
animal, como incentivar a prática de exercícios e brinca-
deiras. Manter o ambiente sempre limpo.
Em animais com deficiências nutricionais ou polifagia, a
causa base deve ser tratada.
DILATAÇÃO/TORÇÃO VÓLVULO-GÁSTRICAS
DESCRIÇÃO: Dilatação gástrica e possível rotação sobre
seu eixo. Pode estar relacionada com hipomotilidade gás-
trica, grandes quantidades de comida nas refeições, exer-
cícios após alimentação e alongamento dos ligamentos he-
pático e gastroduodenal. Raças de cães de grande porte e
tórax profundo apresentam maior predisposição. Esta sín-
drome pode comprometer o sistema respiratório, circula-
tório, renal e gastrointestinal. Ocorre hipotensão, hipóxia
e isquemia dos tecidos, podendo progredir para choque,
coagulação intravascular disseminada e morte do animal.
DIAGNÓSTICO: Sinais clínicos de vômito improduti-
vo, hipersalivação, sensibilidade e distensão abdominal,
timpanismo sugerem o diagnóstico. Os animais podem
apresentar taquipneia e taquicardia no início do quadro
que evolui rapidamente para choque. Radiografias abdo-
minais em decúbito lateral direito mostrando o estôma-
go compartimentalizado ajudam a fechar o diagnóstico.
TRATAMENTO: Depende do estado geral. É necessária a
estabilização do paciente antes da laparotomia.
Animais que estão em choque devem receber terapia
agressiva - solução salina hipertônica e tluidoterapia
apropriada (vide Apêndice "Fluidoterapia parenteral':
cap. 9. Hematologia e imunologia).
Corticoides: dexametasona 6-15 mg/kg ou succinato só-
dico de prednisolona 10-30 mg/kg devem ser usados em
caso de choque.
A infecção e a endotoxemia causadas pela congestão me-
sentérica devem ser tratatadas:
320 CAPÍTULO 8
DOENÇA PERIODONTAL
FÍSTULA PERIANAL
FÍSTULA PERIANAL
GASTRITE AGUDA
DESCRIÇÃO: Inflamação da mucosa gástrica, que pode
se estender para a submucosa e até causar ulceração. Pode
ser causada por medicamentos (como AINE), alimenta-
ção, substâncias químicas irritantes, agentes infecciosos,
corpo estranho ou reação imune. Os sinais clínicos são
crise aguda de vômito ( alimento, bile e ocasionalmente
sangue), pode haver inapetência e dor abdominal. A gas-
trite pode ser causada por um distúrbio sistêmico, como
insuficiência renal (gastrite urêmica).
DIAGNÓSTICO: Além do histórico e sinais clínicos, ra-
diografias abdominais mostrando mucosa gástrica es-
pessada e endoscopia podem ajudar no diagnóstico. Em
caso de ulceração pode haver anemia e melena.
TRATAMENTO: Eliminar a causa predisponente.
Jejum hídrico-alimentar por 24 horas. Após isso, se os vô-
mitos cessaram, iniciar a alimentação com pequenas quan-
tidades de água fria. Se o animal não vomitar, fornecer pe-
quenas quantidades de alimento leve, várias vezes ao dia.
Hidratação: corrigir desequilíbrios hidroeletrolíticos e
acidobásicos, com base na tabela de fluidoterapia, com
solução fisiológica ou Ringer lactato. A suplementação
de potássio deve ser feita se o vômito for frequente e per-
sistir por mais de 24 horas (forma impírica 20 mEq de
KCl em 1 L de salina a 0,9% - não passar de 0,5 mEq de
potássio/kg/h, IV, diluído no soro. Se a concentração de
potássio sérico for conhecida, usar a tabela de suplemen-
tação (vide Apêndice "Fluidoterapia parenteral': cap. 9.
Hematologia e imunologia).
Antieméticos: metoclopramida 0,5 mg/kg, SC, BID (não
usar em animais com suspeita de corpo estranho ou obs-
trução), ou clorpromazina 0,5 mg/kg, SC/IM, TID (não
usar em animais desidratados), ou ondasentrona 0,5-1,0
mg/kg, IV, TID.
330 CAPÍTULO 8
GASTRITE CRÔNICA
GASTROENTERITE VIRAL
Gi:ARDÍASE
DESCRIÇÃO: Infecção do intestino delgado por Giardia
spp. (protozoários flagelados) de cães e gatos. As maiores
fontes de infecção são água e fezes. O principal sinal clí-
nico é a diarreia por má absorção intestinal, de coloração
clara e consistência aquosa a pastosa, fétida, podendo ser
aguda, crônica ou autolimitante. Alguns animais podem
apresentar sinais de inapetência e perda de peso. Em cer-
•
tos casos, se observa diarreia mucoide e hematoquezia.
DIAGNÓSTICO: Identificação dos cistos (ovais: 8-12 x
7-10 µm) ou trofozoítos flagelados (piriformes: 9-21 x
5-15 x 2-4 µm) nas fezes. Técnica de centrifugação-flu-
tuação em sulfato de zinco em pelo menos três amostras.
O parasito pode ser mascarado por sulfato de bário, al-
guns antibióticos, antiácidos, laxantes e enemas. O resul-
tado do exame negativo não exclui o diagnóstico.
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 333
TRATAMENTO
Fembendazol (Panacur@ 500 mg) 50 mg/kg ( 1 compri-
mido para 10 kg), VO, SID, durante 3 dias, e repetir após
21 dias ou
Metronidazol 25-30 mg/kg, BID, por 7-10 dias ou
Albendazol 25 mg/kg, VO, BID, por 2 dias ou
Furazolidona 4 mg/kg, VO, BID, por 5-10 dias, (princi-
paimente para gatos).
HEPATITE CRÔNICA
DESCRIÇÃO: Grupo de doenças que causam lesões
inflamatórias-necrosantes no fígado, como doenças de
armazenamento de cobre, predisposição familiar, tóxica,
infecciosa ou idiopática (essa forma tem predisposição
em fêmeas da raça Dobermann Pinscher). Nem sempre
a doença de base está bem definida. Sinais de poliúria,
polidipsia, perda de peso, hiporexia, icterícia, ascite, coa-
gulopatias, podendo evoluir para cirrose e encefalopatia
hepática. Alguns cães podem ser assintomáticos.
DIAGNÓSTICO: Aumento da atividade das enzimas he-
páticas, ALT, AST, FA e GGT, aumento da bilirrubina
e hipoalbuminemia. Pode haver aumento de amômia
plasmática, de ácidos biliares e do tempo de coagulação
e diminuição da ureia plasmática e glicemia. A biópsia
confirma a presença de doença inflamatória e colorações
para cobre mostram sua deposição no fígado. Dependen-
do da evolução, a biópsia pode mostrar sinais de cirrose.
TRATAMENTO
Vide tratamento para "Cirrose/fibrose hepáticà:
• Doença de armazenamento de cobre
Quelante de cobre: D-penicilamina 10-15 mg/kg, VO,
BID, 30 minutos antes das refeições, por toda a vida.
Pode causar anorexia e vômitos.
334 CAPÍTULOS
• Doença infecciosa
Os animais podem apresentar febre e sinais de perito-
nite, além de leucocitose por neutrofilia.
Antibióticos: devem ser baseados em cultivos e an-
tibiogramas da bile ou tecido hepático. Ampicilina +
ácido clavulânico 12,5-22 mg/kg, VO/SC, TID, ou ce-
falexina 22-30 mg/kg, VO, BID, ou enrofloxacina 2,5-
5 mg/kg, VO, BID, associados ao metronidazol 7,5-15
mg/kg, VO/IV, BID, por 6 semanas.
Importante diagnóstico diferencial de leptospirose e
hepatite infecciosa canina.
• Doença idiopática
Drogas imunossupressoras: prednisolona, início: 1, 1-
2,2 mg/kg, VO, SID, associada a azatioprina 50 mg/ m 2,
VO, SID, 4 semanas, após esse período reduzir grada-
tivamente, inicialmente a prednisolona e depois a aza-
tioprina até a retirada completa (se possível).
A prednisolona 1 mg/kg, VO, SID, pode ser benéfica
no tratamento da doença idiopática, principalmente
para controle das coagulopatias.
• Todas as'formas
Antioxidante: N-acetikisteína (Fluimucil®) 140 mg/
kg, VO, na 1ª dose e depois 70 mg/kg, VO, TID.
Vitaminas: vitamina E 1O UI/kg, VO, SID; vitamina
Kl 0,5-2,0 mg/kg, SC, BID (em animais com alterações
de coagulação).
Protetor hepático: silimarina 1O mg/kg, VO, TID (Le-
galon®).
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 335
TRATAMENTO
Enzimas pancreáticas: pancreatina pó 1O g/20 kg, VO,
administrada junto com os alimentos. Se o tratamento
não obtiver sucesso, pode-se fornecer 30 minutos antes
da administração das enzimas: ranitidina 2 mg/kg, VO,
BID (evita que as enzimas sejam destruídas no estôma-
go). Outra forma de suplementação das enzimas é o
fornecimento de pâncreas cru de bovino ou suíno 85-
11 O g/20 kg em cada refeição.
Dieta de alta digestibilidade e pobre em gordura (vide
«Manejo da insuficiência exócrina': cap. 14. Nutrologia).
Suplementação vitamínica: tocoferol (vit. E) 400-500
UI, SID, durante 1 mês, e cobalamina (vit. B12) 250 mg,
336 CAPÍTULOS
INTUSSUSCEPÇÃO
MEGAESÔFAGO
TRATAMENTO
Suporte: corrigir desequilíbrios hidroeletrolíticos e aci-
dobásicos, com base na tabela de tluidoterapia. De prefe-
rência usar Ringer lactato.
Manejo alimentar: importante para o equilíbrio nutri-
cional e para evitar aspiração do alimento. A alimenta-
ção deve ser administrada em pequenas quantidades e
várias vezes ao dia. A dieta formulada deve ser rica em
calorias, apresentar consistência líquida a pastosa e ser
fornecida com o animal em posição vertical (patas dian-
teiras elevadas) (vide "Manejo nutricional do megaesôfa-
go'', cap. 14. Nutrologia).
Pró-cinéticos: metoclorpramida (Plasil®) 0,5 mg/kg,
VO, BID, ou ranitidina 2 mg/kg, VO, BID, ou bromopri-
da 5 mg/kg, VO, BID.
Tratamento da pneumonia (vide "Pneumonia bacteria-
nà: cap. 7. Enfermidades respiratórias).
PANCREATITE AGUDA
PANCREATITE CRÔNICA
DESCRIÇÃO: Inflamação contínua do pâncreas, cau-
sando alterações morfológicas irreversíveis e deficiência
permanente da função endócrina ou exócrina. Insufi-
ciência pancreática exócrina ou diabetes melittus podem
ser sequelas da doença. Os sinais clínicos são semelhan-
tes aos da pancreatite aguda.
342 CAPÍTULO 8
PARASITISMO INTESTINAL
SHUNT PORTOSSISTÊMICO
DESCRIÇÃO: Comunicações vasculares, com passagem
de sangue do sistema venoso portal para a circulação
sistêmica, antes de sua metabolização hepática. Pode ser
congênito ou adquirido (devido à hipertensão portal),
único ou múltiplo e ainda intra ou extra-hepático. A alta
concentração de amônia e outras toxinas entéricas na cir-
culação levam à encefalopatia hepática. Os sinais clínicos
podem ser exacerbados depois das refeições. Também po-
dem apresentar poliúria, polidipsia e maior sensibilidade a
anestésicos. Na forma congênita, os sinais clínicos surgem
perto de 6 meses de idade e os animais podem ser meno-
res que os outros da ninhada. Atrofia hepática e cálculos
de urato podem ser consequências deste distúrbio.
DIAGNÓSTICO: Identificação do desvio por radiografia
contrastada (portografia mesentérica operatória) (vide
descrição de técnica), cintilografia portorretal (vide des-
crição de técnica), ultrassonografia ou laparotomia ex-
ploratória. Pode haver microcitose no hemograma e pre-
sença de cristais de urato na urinálise. A concentração
de ácidos biliares pós-pradial é elevada. Hiperamonemia
é um achado comum e o teste de tolerância a amônia é
anormal (vide descrição da técnica).
344 CAPÍTULO 8
TORÇÃO VÓLVU.LO-GÁSTRICA
Vide "Dilatação/torção vólvulo-gástricas'~
VERMINOSE
APÊNDICES
ANTIEMÉTICOS (opções)
• Clorpromazina 0,5 mg/kg, SC/IM, TID (não usar em ani-
mais desidratados) - ação estabilizadora no sistema nervoso
central e periférico e ação depressora seletiva sobre o SNC,
permitindo, assim, o controle dos mais variados tipos de ex-
citação.
• Ondasentrona 0,5-1,0 mg/kg, IV/VO, TID - bloqueador da
serotonina.
• Metoclopramida 0,5 mg/kg, SC/VO, BID - antagonista da
dopamina, estimula a motilidade muscular lisa do trato gas-
trointestinal superior, sem estimular as secreções gástrica,
biliar e pancreática. Seu mecanismo de ação é desconhecido,
parecendo sensibilizar os tecidos para a atividade da acetilco-
lina, aumentar o tônus e amplitude das contrações gástricas
(especialmente antral) e relaxar o esfíncter pilórico, duodeno
e jejuno, resultando na aceleração do esvaziamento gástrico
e do trânsito intestinal e aumentando o tônus de repouso do
esfíncter esofágico inferior.
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 345
CINTILOGRAFIA PORTORRETAL
Método não invasivo, porém há necessidade de equipamentos
especiais para sua realização. Instila-se, via retal, o radioisóto-
po pertecnetato de tecnécio-99m, que é rapidamente , absorvido
pela mucosa colônica. Em animais normais, a radioatividade é
observada inicialmente na veia porta e fígado, já em animais
com desvios, a radioatividade será primeiramente observada no
coração.
ÊMESE (FORÇADA)
DESCRIÇÃO: Forçar o vômito após ingestão de substância in-
desejada, como veneno. É importante lembrar que essa opção
só deve ser usada se a substância ingerida não for irritante ou
corrosiva e se o paciente não estiver inconsciente. Tem efeito
benéfico apenas se for realizado rapidamente após a ingestão da
substância indesejada.
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 347
CAUSAS DE VÔMITO
• '"" ••• ,, ,.,,_.. C• - '""'='- ""', -·• U•- ,,_,_,,,, "-W"""-•=•••" '"' -••i••" -" _, '• -• '" "'" ,_,_, •--•••-•-•• '""' •••-• ••"' ''•" '.,,_.,
Doenças gastrointestinais Não gastrointestinais
Alimentar: intolerância ou alergia Medicações: xilazína,
alimentar quimioterapia, antibióticos,
anti-inflamatórios, etc.
·----------·--------+------------------
Pancreatite, doença inflamatória Alterações endógenas: uremia,
intestinal sepse, acidose, hipercalcemia, etc.
--·--·----.--·-------·--·---...- ·--·---·----·-------·...·--·-·
-........
Obstrução: corpo estranho, Doenças endócrinas: cetoacidose
hipertrofia de piloro, diabética, hipoad renocorticismo,
1
intussuscepção, neoplasia, hipertireoidismo
dilatação, vólvulo, torção
~~·..·-·-·------ -------------------·--·--·--·....--
Compressão; intra ou extraluminal Doenças do SNC: lesões
intracranianas (neoplasia, infecção,
inflamação, trauma), doenças
vestibulares
--· ·- ------·-----·-·----·-·----·
Infecciosa: parvovirose, cinomose, Piometra, peritonite
bacteriana
----- -------------------·-·------·-·-----
Parasites: ascaridíase Insuficiência cardíaca congestiva
---------------~---·---·---------
Enjoo de movimentação (cinetose)
TRATAMENTO:
Morfina 0,5-1 mg/kg, IM/IV
Xilazina 0,4-0,5 mg/kg, IV (principalmente em gatos).
Xarope de ipeca 1-2 mL/kg, VO.
Peróxido de hidrogênio (água oxigenada a 10%) diluído 1: 1 em
água, 1-5 mL/kg, VO.
Depois do vômito, pode-se administrar:
Adsorvente: carvão ativado (Enterex~) diluir cada 100 g em
40 mL de água, administre 80 mL até 20 kg, a cada 4 a 6 horas.
ENEMA CONTRASTADO
DESCRIÇÃO: Avaliação radiográfica do intestino grosso usando
o sulfato de bário.
• Preparo do animal: jejum alimentar de 24-36 horas e realiza-
ção de enemas de limpeza do colón antes de 2 horas da reali-
zação da técnica.
• Realização de radiografias simples no tempo zero (antes da
administração do contraste).
348 CAPÍTULOS
LAXANTES
1. Formadores de massa são polissacarídeos indigeríveis (ce-
lulose), com propriedades hidrofílicas. Aumentam o volume
das fezes, ideal para manutenção em pacientes com fezes res-
secadas. Ex.: farelo de trigo grosso 1-3 colheres das de sopa
para cada 454 g de alimento, ou psyllium 1-2 colheres (chá)
para cada 454 g de alimento. Animal deve estar hidratado.
2. Lubrificantes recobrem, deslizam e retardam a absorção de
água, não aumentam peristaltismo. Ex.: óleo mineral 10-25
mL, SID, ,e petrolatum 1-5 mL, SID. Não administrar com
alimentos, pois interferem na absorção de vitaminas liposso-
lúveis.
3. Emolientes atuam como detergentes, facilitando a entrada de
água e lipídeos. Ex.: dioctilsulfossuccinato de sódio 50 mg/gato
e 10-200 g/cão, SID/BID. Não usar em animais desidratados.
4. Osmóticos são parcialmente absorvidos, causam a atração da
água, deixando as fezes pastosas. Ex.: sais de magnésio (sulfa-
to e citrato); lactulona 0,5-1 mL/kg, BID/TID.
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 349
TRÂNSITO GASTROINTESTINAL
(ESTUDO CONTRASTADO)
DESCRIÇÃO: Avaliação radiográfica do trato intestinal superior
e seu trânsito usando sulfato de bário.
• Preparo do animal: de preferência, jejum alimentar de 24 ho-
ras e realização de enema 2-4 horas antes do exame.
• Realização de radiografias simples no tempo zero (antes da
administração do contraste).
• Administração do contraste: suspensão de sulfato bário 6-12
mL/kg (cães) e 12-16 mL/kg (gatos), VO. Outros contrastes
podem ser usados em caso de suspeita de ruptura gástrica,
como iodo orgânico iônico (2-3 mL/kg) ou iodo orgânico não
iônico 240-300 mg (10 mL/kg, na diluição 1:2).
• Trânsito: estruturas observadas após a administração do
contraste em radiografias seriadas em paciente normal es-
tão apresentadas na tabela 1. Em pacientes com alteração de
trânsito pode ser necessária a realização de radiografias em
diferentes tempos.
INDICAÇÕES: Para melhor observação de anomalias muco-
sas, extensão intestinal afetada, espessura da parede intestinal,
atividade peristáltica e tempo de trânsito intestinal, tamanho,
conteúdo e abertura luminal. São candidatos para o estudo pa-
cientes que apresentam: vômitos persistentes sem causa conhe-
cida, suspeitfl de massa abdominal/corpo estranho sem indícios
de obstrução intestinal, dor abdominal sem causa conhecida,
perda de peso com diarreia intermitente ou recorrente, melena
e hematêmese.
CONTRAINDICAÇÕES: O sulfato de bário não deve ser usado
em pacientes com suspeita de obstrução intestinal, pacientes
com suspeita de perfuração intestinal ou que apresentam qual-
quer evidência de peritonite secundária a perfuração gastroin-
testinal.
GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA 351
BIBLIOGRAFIA
ALLENSPACH, K. et al. Pharmacokinetics and clinical efficacy of
cyclosporine treatment of dogs with steroid-refractory inflammatory
bowel disease. J Vet Intern Med. 20:239-244, 2006.
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CAPAK, D. et al. Treatment of the foreign body induced occlusive
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352 CAPÍTULOS
Sofia Borin-Crivellenti
ANEMIA HE'MOLÍTICA
DESCRIÇÃO: Anemia regenerativa decorrente de he-
mólise que tem como causas comuns eritroparasitoses
(Mycoplasma haemofelis, M. haemocanis, Babesia sp.),
intoxicações causadoras de oxidação da hemoglobina
(paracetamol, azul de metileno, fenazopiridina, benzo-
caína e opioides - felinos), leptospirose, glomerulone-
frite, CIVD, hemangiossarcoma e uremia. Os principais
sinais clínicos são mucosas hipocoradas ou ictéricas, in-
tolerância ao exercício, apatia e ocasionalmente vômitos
e dor abdominal.
DIAGNÓSTICO: Redução do hematócrito, hemoglobi-
nemia e consequente hemoglobinúria, eventual achado
de corpúsculos de Heinz (oxidação da hemoglobina),
excentrócitos e eritroparasitas. Sinais de ativação da eri-
tropoese como policromasia, anisocitose e presença de
eritroblastos circulantes.
TRATAMENTO
Tratar a doença ou causa subjacente.
Corticosteroides: prednisona 1-2 mg/kg, VO, SID/BID
(cães) e 2-4 mg/kg, VO, SID/BID (gatos). Os corticoste-
roides podem ser utilizados para suprimir a atividade do
sistema monocítico-fagocitário (SMF) enquanto o agen-
te etiológico está sendo eliminado, embora isso não seja
sempre benéfico.
355
356 CAPÍTULO 9
ANEMIA HEMOLÍTICA
lMUNOMEDIADA (AHIM)
DESCRIÇÃO: Anemia regenerativa ou arregenerativa de-
corrente de destruição ou remoção acelerada de hemácias
devido a anticorpos IgG antieritrocitários ocasionando
hemólise intra e/ou extravascular. AHIM primária tem
como principais causas anemia hemolítica autoimune,
LES, isoeritrólise neonatal (gatos) e idiopática. De outra
parte, erliquiose, leishmaniose, FeLV, vasculite e linfoma
figuram entre as principais causas de AHIM secundária.
Os sinais são semelhantes aos da anemia hemolítica.
DIAGNÓSTICO: Anemia regenerativa/arregenerativa
evidente (providenciar contagem de reticulócitos para
diferenciação), leucocitose neutrofílica com desvio à es-
querda e monocitose, hemácias nucleadas (eritroblaste-
mia), policromasia e esferocitose são achados típicos de
AHIM. Sugere-se que se realize o teste de aglutinação em
solução salina a 0,9% e/ou teste de Coombs para maior
acurácia diagnóstica. Pode ser encontrada hemoglobine-
mia e consequente hemoglobinúria.
HEMATOLOGIA E IMUNOLOGIA 357
TRATAMENTO
Identificar e, se possível, tratar a causa subjacente.
Corticosteroides: doses imunossupressoras de corticoi-
des constituem o tratamento de escolha para a AHIM.
Pode-se optar pela prednisona 2-4 mg/kg, VO/IM/IV,
SID/BID (cães) e 2-5 mg/kg, VO/SC/IM, SID/BID (ga-
tos), pelo tempo que for necessário (alta porcentagem de
animais exibe melhora acentuada em 24-99 horas após
início do tratamento). A dexametasona 2,2-4,4 mg/kg,
IV, dose única (aplicar lentamente), pode ser utilizada
como terapia inicial, mas não deve ser mantida, devido a
risco de ulceração gástrica.
Em geral, caninos e felinos requerem tratamento imu-
nossupressor prolongado, muitas vezes, por toda a vida.
Sugere-se, portanto, que o tratamento seja empregado
por 2-3 semanas e o paciente seja reavaliado clínica e he-
matologicamente. Se o hematócrito voltar à normalida-
de ou houver melhora do quadro clínico, ou o paciente
apresentar estabilidade clínica, a dose de corticoide deve
ser reduzida para 25-50%. Esse procedimento de redu-
ção da dosagem deve ser paulatino até que a droga seja
descontinuada ou o paciente tenha uma recaída. Neste
último caso, a dose benéfica previamente usada deve ser
retomada.
Recomenda-se o uso de protetor gástrico: ranitidina
2 mg/kg, VO, BID, 30 minutos antes das medicações, ou
inibidor da bomba de prótons: omeprazol O, 7 mg/kg,
VO, SID, pela manhã e em jejum.
Eventualmente, faz-se necessário a associação de imu-
nossupressores e quimioterápicos.
Associação de imunossupressores e quimioterápicos:
nos casos de anemias não responsivas à monoterapia
com glicocorticoides, recomenda-se para gatos cloram-
bucil 2-4 mg/m2, VO, DA ou 20 mg/m2, VO, a cada 2
semanas (dose mais utilizada na manutenção) e para
358 CAPÍTULO 9
TRATAMENTO
Identificar e tratar a causa subjacente.
Suplementação de ferro: sulfato ferroso 100-300 mg/
cão, VO, SID e 50-100 mg/gato, VO, SID, ou ferro-dex-
trano (Lectron 20%®-Pfizer) 10-20 mg/kg, IM, seguido
por suplementação oral. A posologia VO pode ser alte-
rada para dias alternados para os animais que apresenta-
rem náusea.
Minimizar sangramento gastrointestinal: fazer uso do
antiulceroso sucralfato 30 mg/kg, VO, BID, duas horas
antes da administração do sulfato ferroso.
Sangramento crônico por DRC: vide "Doença renal
crônicà: cap. 11. Nefrologia e urologia.
Suplementação de vitaminas: ácido fólico (vitamina
B9) 0,1 mg/kg, VO, SID, e cobalamina (vitamina B12)
100-200 mg/cão, VO, SID e 50-100 mg/gato, VO, SID.
362 CAPÍTULO 9
ANEMIAS HIPOPROLIFERATIVAS
(HIPOPLÁSICAS)
COAGULAÇÃOINTRAVASCULAR
DISSEMINADA {CIVD)
DESCRIÇÃO: síndrome na qual a excessiva coagulação
intravascular resulta em microtrombose em múltiplos
órgãos e sangramento paradoxal causado pela inativação
ou consumo excessivo das plaquetas e dos fatores de coa-
gulação secundário à fibrinólise aumentada. Tem como
principais causas hemangiossarcoma, linforna, anemia
hem olítica e/ou trombocitopenia imunemediada, vas-
culite, reações transfusionais, intermação/eletrocussão,
síndrome nefrótica, pancreatite, lipidose hepática, PIF,
sepse e gastroenterite hemorrágica. Na forma silenciosa
crônica (subclínica) não há evidência de hemorragia es-
pontânea, enquanto, na aguda e superaguda, verificam-
-se petéquias, equimoses, sangramentos excessivos em
venopunturas, hematúria e hematoquesia repentinas.
Rara em felinos.
DIAGNÓSTICO CLÍNICO-PATOLÓGICO: Verificam-se
anemia hemolítica regenerativa, esquisócitos, trombo-
citopenia, neutrofilia com desvio à esquerda, tempo de
protrombina (TP) e/ou tempo de tromboplastina parcial
HEMATOLOGIA E IMUNOLOGIA 367
TRATAMENTO
Tratar a condição subjacente quando possível.
Interromper a coagulação intravascular: heparina
sódica 5-10 UI/kg (minidose) ou 50-100 UI/kg (baixa
dose), SC, TID, combinada a transfusão sanguínea de
sangue total ou derivados (plasma fresco congelado ou
armazenado) (vide Apêndice "Transfusão sanguíneà').
A primeira dose de heparina deve ser adicionada ao san-
gue ou plasma a ser transfundido e mantido em repouso
por 30 minutos, para permitir a ativação do complexo
"heparina-ATnr: Se houver evidências de microtrom-
bose grave (ex., azotemia acentuada com isostenúria,
aumento da atividade de enzimas hepáticas, comple-
xos ventriculares prematuros), dispneia ou hipoxemia,
368 CAPÍTULO 9
HEMOFILIAS
DESCRIÇÃO: São coagulopatias que se diferenciam na
origem e nos fatores de coagulação em que afetam. A he-
mofilia A, caracterizada pela deficiência do fator VIII, é
uma doença congênita recessiva ligada ao cromossomo
X, que afeta predominantemente machos cujas mães se-
jam portadoras. É a hemofilia mais comum em cães e
tem como principal raça acometida os Pastores Alemães.
As hemofilias B e C, ou deficiências dos fatores IX e XI,
respectivamente, apesar de raras, já foram relatadas em
várias raças de cães. A hemofilia B se origina na muta-
ção do gene do fator IX, e a hemofilia C é uma doença
de herança autossômica recessiva. Os sinais clínicos das
hemofilias são variáveis e dependem da magnitude da
deficiência. Podem estar presentes sangramento inten-
so após trauma, hemartroses, sangramento muscular ou
subcutâneo, hemorragia umbilical persistente quando fi ..
lhotes e sangramento gengival na troca de dentes.
DIAGNÓSTICO: O diagnóstico das hemofilias é baseado
na documentação do TTPA prolongado, associado à sele-
tiva redução da quantidade e/ou concentração dos fatores
VIII (hemofilia A), IX (hemofilia B) ou XI (hemofilia C).
TRATAMENTO
Tratamento conservador: de maneira geral, a restrição
de movimentos é uma recomendação para todos os tipos
de hemofilias.
Reposição dos fatores de coagulação:
• Fator VIII: a reposição do fator VIII é recomendada
nos episódios hemorrágicos nos pacientes hemofílicos
A. Dentre os hemoderivados, o mais indicado é o plas-
ma crioprecipitado 1 unidade/10 kg, IV, SID/BID (a t 112
do fator VIII é de 10-12 horas), porém o plasma fresco
congelado e o sangue total fresco também podem ser
utilizados (vide Apêndice "Transfusão sanguíneà').
370 CAPÍTULO 9
TRATAMENTO
Protetor solar FPS30 à prova de água para os pacientes
que apresentarem lesões cutâneas.
Corticosteroides: prednisona ou prednisolona 1-2 mg/
kg, VO, BID para cães e até 8 mg/kg, VO, BID para gatos,
até a remissão dos sinais clínicos e laboratoriais, e en-
372 CAPÍTUL09
POLICITEMIA ABSOLUTA
POLICITEMIA RELATIVA
DESCRIÇÃO: Define-se como aumento no número de
eritrócitos circulantes decorrente da diminuição do vo-
lume plasmático, decorrente, geralmente, da desidrata-
ção. Pode ocorrer de maneira transitória após contração
esplênica, como resposta momentânea à adrenalina. Os
sinais associados à desidratação são turgor cutâneo posi-
tivo, apatia, mucosas ressecadas e congestas. Neste caso,
é de bom alvitre avaliar histórico de vômitos e/ou diar-
reia concomitante.
DIAGNÓSTICO: Hematócrito elevado associado à pro-
teína total plasmática moderadamente aumentada, sem
alteração na saturação de 0 2 • Avaliar função renal, es-
tado ácido-base e equilíbrio eletrolítico para estabeleci-
mento da causa de fundo.
TRATAMENTO
Identificar e tratar a causa base.
Reidratação intravascular com soluções, cujos volume
e velocidade devem estar apropriados para a causa pri-
mária e grau de desidratação (vide Apêndice "Fluidote-
rapia parenteral").
HEMATOLOGIA E IMUNOLOGIA 375
APÊNDICES
FLUIDOTERAPIA PARENTERAL
DESCRIÇÃO: É o emprego da fluidoterapia intravascular uti-
lizando soluções cristaloides para reposição e manutenção da
hidratação dos pacientes.
INDICAÇÕE~: É indicada para todos os pacientes que necessi-
tem de correções hidroeletrolíticas.
1
1
j
-,
Peso (kg) ;
1
(ml)
"A" Reidratação
(perdas já 40 a 100 X =
ocorridas)
11
8" Manutenção diária
Vômito e diarreia
50
-----......-··---------· .....---------·-
60
___
X
X
,_,_.,_ __
---·--·-·--..--.. . ---·- ---·--q --.-·-· . . , . ,. ___. ,. _ . .
_
---:-,q;y
=
=
. - - - . ~ - .· ·. v.;;:r---«
3. CÁLCULO DA VELOCIDADE
DE ADMINISTRAÇÃO DO FLUIDO
A velocidade de administração de fluidos depende de vários fa-
tores, que vão desde a via até a composição e osmolalidade do
fluido, o tipo de hidratação (reposição ou manutenção), grau
de desidratação e estado cardiovascular e renal do paciente. Os
fluidos de reposição podem ser administrados rapidamente e de
acordo com a necessidade de cada caso, já os de manutenção, não.
HEMATOLOGIA E IMUNOLOGIA 379
Volume em mL/hora
Número de gotas por minuto =
Quantidade de gotas/mL
HEMOGASOMETRIA
DESCRIÇÃO: É uma avaliação que compreende, respectiva e ba-
sicamente, a leitura do pH, e das pressões parciais de 0 2 (pO)
e de C02 (pC02), e do bicarbonato (HCO;). Ressalta-se que a
leitura deve ser realizada comparando-se os valores obtidos na
amostra analisada e os valores padrões preestabelecidos pelo
aparelho utilizado. A amostra pode ser tanto de sangue arterial
quanto venoso, porém a origem da amostra é importante para
a interpretação do resultado. Vale ressaltar que se o objetivo da
análise é a avaliação do desempenho pulmonar ou de pacientes
mantidos sob anestesia geral, a amostra deve ser, preferencial-
mente, arterial. As diferenças básicas entre os resultados gaso-
métricos de amostras arteriais e venosas são valores maiores de
pH e p02 nas amostras arteriais, e valores maiores de pCO 2, bi-
carbonato e TCO2 nas venosas.
INDICAÇÕES: Em todas as situações em que se considerar ava-
liar o equilíbrio ácido-base, a ventilação alveolar, a oxigenação
e a função metabólica.
1 i
CÃES Sangue arterial Sangue venoso
i
1 l
pH 7,,407 (7,,351-7,463} 7,397 (7,351-7,443)
·- -
pC02 (mmHg) 36,8 (30,8-42,8} 37,4 (33,6-41,2)
-
p02 (mmHg) 92,1 (80,9-103,3) 52, 1 (47,9-56,3)
_.
....... ,,_
---
so
HCO; (mEq/L}
2
f%)
22,2 (18,8-25,6)
>95%
22,5 (21-25)
-
TRANSFUSÃO SANGUÍNEA
DESCRIÇÃO: Tem como objetivo a reposição temporária, efe-
tiva e segura de componentes do sangue, e deve ser instituída
somente quando os benefícios esperados forem maiores que os
riscos oferecidos pelo procedimento. Pode ser realizada utili-
zando-se sangue total ou seus derivados (p.ex., concentrado ou
papa de hemácias, plasma fresco congelado, plasma armazena-
do, plasma rico em plaquetas, etc.).
INDICAÇÕES: Está indicada quando a contagem de hemácias
for inferior aos valores de referência, de forma a comprome-
ter a capacidade do sangue em carrear oxigênio e, desse modo,
causar hipóxia tecidual. Deve ser realizada em animais que
perderam >30% da volemia, de forma aguda, ou em animais
com quadro de anemia crônica com sinais clínicos de compro-
metimento da oxigenação (dispneia, taquipneia, desorientação,
hipotensão, síncopes, pulso fraco, aumento do TPC, extremida-
des frias, aumento da TC0 2 e 0 2 arteriais (hemogasometria) e
hiperlactatemia (>4,8 mmol/L). A avaliação eletrocardiográfica
de pacientes anêmicos pode também ser utilizada como parâ-
metro para realização da terapia transfusional. Arritmias ven -
i
1. MODALIDADES DE TRANSFUSÕES
a) Sangue Total Fresco (STF) fornece hemácias, leucócitos,
proteínas plasmáticas, todos os fatores de coagulação e pla-
quetas, sendo um bom componente nos casos de sangramen-
to agudo.
HEMATOLOGIA E IMUNOLOGIA 381
BIBLIOGRAFIA
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.,
386 CAPÍTUL09 1
i
i
l
Michiko Sakate
Paulo César Jark
389
390 CAPÍTULO 10
TRATAMENTO
• Reações tóxicas e alérgicas locais
Retirada dos ferrões: não é indicado comprimir ou
puxar os ferrões, e alguns estudos mostram que, 60 se-
gundos após a picada, todo o veneno é inoculado.
Compressas frias.
Anti-histamínicos tópicos: creme de prometazina.
Anti-histamínicos sistêmicos: prometazina 0,2-1,0 mg/
kg, IV/IM, ou difenidramina 1-2 mg/kg, IV.
ACIDENTE B.OTRÓPICO
DESCRIÇÃO: Acidente causado por serpentes do gênero
Bothrops, Bothriopsis, Bothropoides, Bothrocophias (jara-
raca, jararacuçu, urutu). São serpentes muito agressivas
e responsáveis por 89% dos acidentes ofídicos. O veneno
apresenta ações proteolítica (necrosante), vasculotóxica
(hemorrágica) e nefrotóxica. Os sinais clínicos são: ede-
ma local marcante, equimose, dor, prostração, e graus
variáveis de hemorragia em gengiva, hematúria, epista-
xe~, bematêmese, hemorragias genitais. A mortalidade é
baixa, porém em casos graves podem ocorrer hemorra-
gjas extensas devido a CID (vide "Coagulação intravas-
cnlar disseminadà: cap. 9. Hematologia e imunologia)
evoluindo ao choque.
DIAGNÓ;STICO: Às vezes podem-se observar dois pon-
tos; de hemorragia no local da picada. Pode haver au-
mento dos tempos de coagulação (TC), tromboplastina
pa;rcial ativada (TTPA), protrombina (TP) e produtos de
degradação da fibrina (PDF). Trombocitopenia, leucoci-
tose- por neutrofilia e linfopenia são achados do hemo-
gµma. Aumento de ureia e creatinina pode ser observa-
do nos casos de comprometimento renal. Vide também
Apêndice "Organograma do acidente ofídico':
TRATAMENTO
Soroterapia: soro antibotrópico ou soro polivalente que
contenha soro antibotrópico - 5 a 1O ampolas (em que
1 mL neutraliza 2 mg do veneno) preferencialmente por
via intravenosa, aplicado lentamente em bolus. Admi-
nistração de metade da dose inicial pode ser necessária
12 h@ras após o início do tratamento, se não houver a me-
392 CAPÍTULO 10
ACIDENTE CROTÃLICO
TRATAMENTO
Soroterapia: 5 ampolas de soro anticrotálico ou soro po-
livalente que contenha soro anticrotálico (em que 1 mL
neutralize 1 mg do veneno), preferencialmente por via
intravenosa, aplicadas lentamente em bolus. A dose do
soro pode variar dependendo da gravidade do quadro.
Administração de metade da dose inicial pode ser ne-
cessária 12 horas após o início do tratamento se o ani-
mal não apresentar melhora do quadro e o TC continuar
prolongado.
Reações à soroterapia (vide '~cidente botrópicd').
Fluidoterapia: para restabelecer a função renal, corrigir
os distúrbios hidroeletrolíticos (vide '~cidente com abe-
lhas").
Bicarbonato de sódio: para corrigir a acidose metabóli-
ca quando esta estiver presente, e também evitar apre-
cipitação de mioglobina nos túbulos renais. Só deve ser
realizada quando houver possibilidade de realização de
hemogasometria para correto cálculo de dose e avaliação
do grau de acidose.
Antibioticoterapia: utilizar antibióticos de amplo es-
pectro para evitar infecções secundárias (vide '~cidente
botrópico").
394 CAPÍTULO 10
1. ,
ARANEÍSMO
TRATAMENTO
Analgésicos: locais ou sistêmicos de acordo com a inten-
sidade da dor no local da picada. Infiltração com lido-
caína sem vasoconstritor no local da picada, ou agentes
como opioides e anti-inflamatórios não esteroides são
recomendados quando a dor for muito intensa (vide
"Acidente com abelhas,,).
Benzodiazepínicos: diazepam 0,5 mg/kg, IV, em ani-
mais com convulsão.
Monitoração cardiorrespiratória e hemodinâmica nos
casos muito graves, essa monitoração deve ser realizada
de modo qµe a intervenção terapêutica seja realizada de
acordo com as alterações apresentadas pelo animal.
ESCORPI.QNISMO
DESCRIÇÃO: No Brasil temos três principais espécies de
escorpião que podem causar problema. Tityus serrulatus
- conhecido como escorpião-amarelo é o responsável
INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTOS 399
TRATAMENTO
Soroterapia: soro antiescorpiônico - não há disponível
em Medicina Veterinária, portanto o tratamento dos ani-
mais acometidos é de suporte e alívio dos sintomas.
Analgesia: AINEs: meloxicam O, 1 mg/kg, SC, SID, ou
carprofeno 2,2 mg/kg, VO, BID. Evitar analgésicos nar-
cóticos (morfina e meperidina), pois têm efeitos sinér-
gicos com o veneno do escorpião. Alguns autores reco-
400 CAPÍTULO 10
TRATAMENTO
Indução de êmese: quando a ingestão for recente e o
animal estiver em condições clínicas de receber o produ-
to e apresentar êmese (vide "Êmese forçadà', Apêndice
do cap. 8. Gastroenterologia e hepatologia).
Carvão ativado: 2 g/kg, VO, caso a ingestão tenha sido
em um período de até 4-6 horas.
N-acetilcisteína: 280 mg/kg VO, seguida por'140 mg/kg,
VO, após 4, 12 e 20 horas, ou 140 mg/kg, IV ou VO, se-
guida por 70 mg/kg, IV, a cada 6 horas, durante 36 horas.
Ácido ascórbico: 150 mg/kg, VO, ou 30 mg/kg, SC, QID.
Cimetidina: 10 mg/kg, depois 5 mg/kg, IM/SC, QID, nas
primeiras 24 horas.
S-adenosilmetionina (SAMe): estudos recentes suge-
rem que o SAMe apresenta efeito protetor em relação ao
dano oxidativo no eritrócito e a longo prazo apresenta
efeito benéfico no controle da injúria hepática causada
pela intoxicação.
Oxigenoterapia: importante no tratamento de animais
dispneicos.
Transfusão de sangue ou de hemoderivados: nos casos
graves, pode ser necessária a transfusão de sangue para
manter o transporte de oxigênio (vide Apêndice "Trans-
fusão sanguíneà: cap. 9. Hematologia e imunologia).
TRATAMENTO
Banhar o animal: lavar o animal com água ligeiramente
morna (a água fria é contraindicada, pois os animais po-
dem estar hipotérmicos; a água quente aumenta a absor-
ção do amitraz e também não é indicada).
Fluidoterapia: preferencialmente com solução fisioló-
gica ou solução de Ringer. As soluções glicosadas são
totalmente contraindicadas, pois geralmente os animais
apresentam hiperglicemia.
Ioimbina: utilizada nos casos de depressão acentuada e
bradicardia, funciona como antagonista alfa-2 adrenér-
gico, na dose de O, 1 mg/kg, IV/IM lento para cães e 0,25
mg/kg, IV/IM lento para gatos.
Atipamazole: antagonista alfa-2 adrenérgico seletivo, é
considerado mais potente e seletivo que a ioimbina, indi-
404 CAPÍTULO 10
TRATAMENTO
• Fase inicial
Lavagem gástrica, carvão ativado (vide «Intoxicação
por dicumarínicos").
INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTOS 409
INTOXICAÇÃO POR
FLUOROACETATO DE SÓDIO
DESCRIÇÃO: Também conhecido como Mão Branca® ou
1080, o tl.uoroacetato de sódio é um composto hidros-
solúvel, inodoro, incolor e insípido usado como roden-
ticida. Devido ao seu alto potencial de letalidade nos
casos de intoxicação no homem é atualmente proibido
no Brasil, porém ainda adquirido ilegalmente. Nos cães,
os sinais neurológicos como excitabilidade, alucinações,
fasciculações musculares, convulsões são mais impor-
tantes, mas também são observados hipertermia, sialor-
reia, midríase bilateral não responsiva, êmese e diarreia
e em menor grau alteração cardíaca. Nos gatos, os sinais
são semelhantes, porém as alterações cardíacas são mais
evidentes que as neurológicas e a hipotermia é uma alte-
ração importante.
DIAGNÓSTICO: O aumento nos níveis de citrato tanto
no sangue como nos tecidos é o achado mais importan-
te da intoxicação por fluoroacetato. Além disso, podem
ocorrer hiperglicemia e acidose metabólica. A avaliação
toxicológica pode ser realizada com conteúdo gástrico,
sangue ou órgãos como fígado e rins. Fazer diferenciais
com outros fármacos (vide Apêndice "Organograma das
intoxicações e envenenamentos").
TRATAMENTO
Indução de êmese somente, na fase precoce, se o animal
não apresentar convulsão (vide «Intoxicação por cuma-
rínicos e idandiônicos").
Lavagem gástrica na fase precoce.
Carvão ativado 2 g/kg, VO, caso a ingestão tenha sido
em um período de 4-6 horas.
Controle das convulsões (vide "Intoxicação por estric-
ninà').
INTOXICAÇÕES E ENVENENAMEN,TOS 411
Oxigenoterapia.
Monoacetato de glicerol (Monoacetin®-ICN Biomedi-
cal) 0,55 mg/kg, IM, a cada 30 minutos, por 12 horas.
Gluconato de cálcio a 10% 50-100 mg/kg, IV, muito len-
tamente, a cada 30 minutos. Repetir três vezes, se neces-
sário (de acordo com o nível de hipocalcemia).
Succinato de sódio 240 mg/kg, a cada 30 minutos a
1 hora. Repetir três vezes, se necessário.
Diurese forçada: furosemida ou manitol (vide «Intoxi-
cação por estricninà').
Fluidoterapia: solução de Ringer lactato conforme ne-
cessário. Evitar o uso de solução glicosada, pois o animal
pode se encontrar em hiperglicemia.
Controle da temperatura nos cães, realizar o resfria-
mento do animal e, nos gatos, é importante aquecê-los
bem com uso de colchões térmicos, fonte de luz ou bol-
sas de água quente.
TRATAMENTO
Indução de êmese: a indução de êmese não é consenso
entre os autores, porém, quando indicada, deve ser rea-
lizada apenas se a ingestão for recente e os animais não
apresentarem convulsões (vide "Intoxicação por cuma-
rínicd').
Lavagem gástrica no caso da ingestão recente.
Carvão ativado 2 g/kg, VO, caso a ingestão tenha sido
em um período de 4-6 horas. Manter a administração de
carvão ativado por pelo menos 2 dias. Podem ser admi-
nistrados catárticos (caso o paciente não esteja apresen-
tando diarreia), porém deve-se evitar produtos oleosos
pois estes aumentam a absorção e pioram o quadro. Ca-
tárticos contendo magnésio devem ser evitados caso os
INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTOS 413
INTOXICAÇÃO POR
PIRETRINAS E PIRETROIDES
DESCRIÇÃO: Inseticidas amplamente utilizados, poden-
do ser absorvidos pelo TGI, pele e pulmão. Pertencem a
este grupo substâncias como Deltamentrina, Ciperme-
trina, Permetrina, Aletrina, Dacametrina. Em Medicina
Veterinária os piretroides são bastante utilizados no con-
414 CAPÍTULO 10
1
Depressão Nervosa
1 1
Excitação Nervosa
1
m
m
z
1
I
f~ t• •
<
m
z
m
1
Midríase
1 1
Pupilas Normais J Pupilas Normais 1 1
Midríase
1 [ Miose
z
)>
s:
•
1 1 m
I Hiperglicemia I •
Depressão
acentuada+
Ausência de
sialorreia +
t
Sialorreia
intensa
1~
Pouca
sialorreia +
t
Ausência de
sialorreia +
t t
Midríase não
responsiva +
Sialorreia +
Bradicardia
z
-1
o
VI
~
Pode ser [;] ,.,......
J Bothrops
90,5%
Lachesis
0,4%
Ptose palpebral, faces
miastênicas neurotóxicas,
é venenosa l
Micrurus oftalmoplegia, sialorreia,
* Corais verdadeiras
1: venenosa I Não
·
J t
Necrose Sinais vagais:
dificuldade de deglutição
Bothrops Insuficiência
Crotalus respiratória generalizada, aumento
* Jararacas; aguda de rápida do tempo de coagulação, ,,"'
~
j
INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTOS 417
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CISTITE BACTERIANA
DIVERTÍCULOS VESl·COURACAIS
DESCRIÇÃO: Anomalia caracterizada por divertículos
macroscópicos no vértice da bexiga, de origem congêni-
ta ou adquirida, frequentemente associada ao aumento
422 CAPÍTULO 11
Lhasa Apso
ShihTzu
ChowChow
Displasia renal Schnauzer ·
miniatura
Malamute
'
Golden Retriever
vide
Glomerulopatia familia! e
"Glomerulopatia
amiloidose
familia!"
--- ------ -·- - - -··
Cães Buli Terrier
Rins policísticos (vide "Doença renal Carin Terrier
policística") West Highland
White Terrier
Nefropatia de refluxo Boxer
I
com hipoplasia I Basenji
segmentar j Pastor Alemão
Miscelânia Síndrome de Fanconi I Corgi
1
1
Multifocal
cistoadenocarcinoma
Telangiectasia
-----·- .-- --
Rins policísticos (vide "Doença renal Persa
Gatos
policística11)
GLOMERULONEFRITE
GLOMERULOPATIA FAMILIAL
DESCRIÇÃO: São doenças glomerulares que apresentam
predisposição racial específica que podem levar a insu-
ficiência renal.
HIDRONEFROSE
DESCRIÇÃO: Ocorre pela obstrução em qualquer pon-
to do sistema urinário, desde a junção ureteropiélica até
a uretra, e pode ser devida à compressão extrínseca ou
secundária a um processo intraluminal. Pode ser unila-
teral secundária principalmente a obstruções totais ou
parciais do ureter (urólitos, neoplasia, ureter ectópico,
traumatismo~ ligadura acidental); ou bilateral, geralmen-
te secundária a doenças trigonais, prostáticas ou uretrais
(vide ((Carcinoma de células transicionais de bexigà) e
"Neoplasias prostáticas,: cap. 16. Oncologia).
DIAGNÓSTICO: Ocorrerão anormalidades sanguíneas
caso ambos os rins estejam acometidos ou o rim con-
tralateral apresente-se comprometido (>75% da perda
funcional). À radiografia pode-se observar renomegalia
NEFROLOGIA E UROLOGIA 449
INCOMPETÊNCIA DO M··ECANISMO
DO ESFÍNCTER URETRAL (IMEU)
DESCRIÇÃO: Apresenta como sinal clínico incontinên-
cia urinária que pode ocorrer após castração, constante
ou mais comumente intermitente, que acontece em mo-
mentos de relaxamento, especialmente quando o animal
está dormindo. É .mais observada em raças grandes e de
médio porte (Pastor Alemão, Doberman, Boxer, Labra-
dor são raças de maior frequência), porém o Poodle mi-
niatura apresenta altos índices. As fêmeas são mais aco-
metidas que os machos.
DIAGNÓSTICO: Devem ser excluídas as outras causas de
incontinência (vide "Incontinência urinárià'). Pode-se
450 CAPÍTULO 11
INCONTINÊNCIA URINÁRIA
DESCRIÇÃO: É um problema muito comum entre os
animais de estimação e pode ser decorrente de proble-
mas relacionados ao armazenamento ou esvaziamento
vesical. É definida como a passagem involuntária da uri-
na pela uretra, sendo a causa de origem neurológica, da
bexiga e/ou da uretra.
DIAGNÓSTICO: O diagnóstico diferencial pode ser divi-
dido de acordo com a distensão da bexiga. Sempre ava-
liar quanto à poliúria e polidipsia. (Vide Quadro 11.3).
Para a diferenciação dos diferentes tipos de incontinên-
cia urinária deve-se realizar perguntas sobre histórico do
processo (Quando se iniciou? Quando ocorre? Animal é
castrado? Existe polidipsia? etc.), seguido do exame neu-
rológico minucioso (vide "Incontinência urinárià', cap.
13. Neurologia), palpação digital retal e vaginal, urinálise
e cultura, raio-X (contraste simples e duplo), US (avaliar
volume residual >0,1-3 mL/kg) e cistoscopia. Exames
urodinâmicos podem ser realizados nos casos de incon-
tinência refratária.
TRATAMENTO: Avaliar a causa base e/ou diagnosticar
o tipo de incontinência (p.ex., diminuição da resistência
uretra!) para tratamento adequado.
• Instabilidade do detrusor ou bexiga hiper-reativa
É uma doença rara em animais e deve ser suspeitada
em casos de incontinência refratária. O uso de antico-
Quadro 11.3 - Diagnóstico diferencial da incontinência urinária.
~
U1
N
- - - - - - - -·- ---------1---- - - ~ - - - - - -
.cefalosporinas Enterobacter spp., E. coli,
Cefalexina/Cefazoli na Klebsiella spp., Proteus,
20-30 mg/kg,VO, BID Pseudomonas, Staphylococcus
Ceftiofur 2,2-4,4 mg/kg, se, SID in termedius, Streptococcus
- - - - - - - - - - - - - - + - - - - - - - - - - - -·-
Betalactâmicos Proteus, Staphylococcus
Ampicilina 10-20 mg/kg, VO/IV, TIO intermedius, Streptococcus
Amoxicilina 6,6-20 mg/kg, VO, BIO/
TIO
Tetraciclinas ' Mycoplasma, Ureap/asma,
Ooxiciclina 5-7 mg/kg, VO/IV, 810 Pseudomonas
PIELONEFRITE
(INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO SUPERIOR)
DESCRIÇÃO: É a colonização microbiana do trato uriná-
rio superior, geralmente por infecção ascendente, resul-
tando na inflamação da pelve e parênquima renal. A via
hematógena, apesar de incomum, pode ser incriminada
por levar à colonização de microrganismos de origem
intestinal ou cutânea. Os sinais, geralmente, estão rela-
cionados com PU/PD, dor lombar/abdominal e febre,
associados com infecção do trato urinário inferior (vide
((Infecção do trato urinário inferior").
DIAGNÓSTICO: Histórico anterior de infecção do trato
urinário inferior. O exame de sangue pode revelar leuco-
citose e azotemia, além de outros achados compatíveis
com a diminuição da função renal (vide "Injúria renal
agudà'). Podem ser encontrados, na urinálise, piúria,
hematúria, proteinúria, bacteriúria e cilindros leucocitá-
rios. Ao US e RX pode-se verificar renomegalia e altera-
ções na morfologia, bem como pelves renais e divertícu-
los dilatados. Nesse caso, pode-se optar pela realização
da nefropielocentese e cultura do aspirado e, ainda, da
pielografia para diferenciação das uropatias obstrutivas
(vide '<Hidronefrose"). Deve-se realizar urocultura e an-
tibiograma em todos os casos.
NEFROLOGIA E UROLOGIA 463
TRATAMENTO
Antibioticoterapia: evitar terapia empírica com antibió-
ticos. O tratamento é geralmente longo (4-8 semanas),
sendo que a repetição da urocultura ao final do trata-
mento é uma maneira importante para se certificar da
resolução do quadro.
Seguir os mesmos tratamentos para a infecção do trato
urinário inferior (vide "Infecção do trato urinário infe-
rior',), porém sugere-se que as drogas sejam administra-
das inicialmente pela via IV.
Fluidoterapia parenteral: deve ser realizada de acordo
com a função renal. Avaliar a possibilidade de ocorrên-
cia de IRA e DRC, e tratá-las adequadamente, confor-
me descrito anteriormente (vide "Injúria renal aguda" e
"Doença renal crônicà').
Casos mais graves requererão internamento e monito-
ração intensiva do paciente.
UROABDÔMEN
DESCRIÇÃO: É uma condição comumente associada
com trauma abdominal, porém também pode estar rela-
cionada a desordens obstrutivas (urolitíase, DTUIF, neo-
plasia) e causas iatrogênicas (cateterização uretra!, palpa-
ção agressiva de bexiga, cistocentese). Ocorre o acúmulo
de urina livre na cavidade abdominal, levando aos sinais
de anorexia~ vômitos, dor abdominal e desidratação.
DIAGNÓSTICO: Avaliar histórico de trauma anterior.
Observa-se inicialmente leucocitose inflamatória que
evolui para desvio à esquerda regenerativo. Ocorrem au-
mentos de creatinina, ureia e potássio, além de acidose
metabólica. Os valores da mensuração da creatinina e
potássio do fluido abdominal apresentar-se-ão superio-
res aos séricos (vide Organograma 11.1 logo a seguir).
NEFROLOGIA E UROLOGIA 467
CREATININA SÉRICA
aumentada
t
Avaliação da Creatinina no FLUIDO ABDOMINAL
'+'
Uroabdômen Não indicativo de
uroabdômen*
t t
Uroabdômen Não indicativo de
(quanto maior a concentração de uroabdômen*
potássio no fluido abdominal
maior a credibilidade do diagnóstico)
Organograma 11.1
UROLITÍASE CANINA
TRATAMENTO
Estimular a ingestão de água é de suma importância,
devendo-se facilitar o acesso a vasilhas de água (trocar
no mínimo 2 vezes ao dia e disponibilizá-las em diferen-
tes cômodos da casa). Não adicionar sal à alimentação,
uma vez que pode aumentar a excreção de cálcio predis-
pondo à formação do oxalato de cálcio.
Tratamento da obstrução: caso o animal esteja obstruí-
do deve-se primeiramente avaliar e melhorar as condições
sistêmicas do paciente antes da tentativa de desobstrução.
470 CAPÍTULO 11
U.ROLIT(ASE FEllNA
DESCRIÇÃO: A maioria dos urólitos é composta de fos-
fato amônio magnesiano (estruvita) ou por oxalato de
cálcio, porém urato, cistina, sílica e xantina são descritos.
É a segunda causa mais comum de doença do trato uriná-
rio inferior dos felinos (DTUIF). Podem ser assintomá-
ticos dependendo da localização e número de urólitos.
474 CAPÍTULO 11
APÊNDICES
BIÓPSIA RENAL
DESCRIÇÃO:' É a retirada de um fragmento do rim para histo-
logia. Pode ser realizada de forma percutânea guiada por US,
laparoscopia ou laparotomia, sendo as duas últimas mais indi-
cadas para cães menores que 5 kg ou que apresentem alterações
renais (p.ex., abscessos). Pode ser obtido fragmento dos polos
caudais e craniais e da região medial (sendo a última de prefe-
rência do autor). Após a realização da biópsia, deve-se estimu-
lar a diurese com fluidos isotônicos e monitorar o paciente por
24 horas quanto a possíveis hemorragias.
NEFROLOGIA E UROLOGIA 477
Valor DE U-P/C I
...·---·~-,~. ~.." "':-·--..-·. ·..,....,..,, "-~· ,........ "'.... ·-·"""'' ...... -··""""-, SUB ESTÁDIO
CAO j GATO
<0,2 <0,2 Não proteinúrico (NP)
0,2-0,5 0,2-0,4 Proteinúria limítrofe (PL)
1----------------
>0,5 >0,4 Proteinúrico (P)
onde:
cr = creatinina
Ucr = concentração urinária de creatinina
Uv = volume de urina
Ser = concentração sérica de creatinina
T = tempo (geralmente pode-se realizar em 4, 6 ou 24 horas,
dependendo dos valores de normalidade do laboratório)
p.c. = peso corporal
480 CAPJtULO 11
HEMODIALISE (HD)
DESCRIÇÃO: Semelhante à diálise peritoneal (vide Apêndice
"Diálise peritoneai»), porém o movimento dos solutos e o da
água sanguíneos são realizados pela passagem em membranas
semipermeáveis em uma máquina. Deve-se realizar acesso vas-
cular com a utilização de cateter específico ou fístulas arteriove-
nosas. Deve ser realizado 3x/semana durante 4 horas em felinos
e 5 horas em cães.
INDICAÇÃO: A aplicação da HD na veterinária apresenta bene-
fícios em 3 categorias: 1. animais com severa azotemia (creati-
nina > 10 mg/dL), intratáveis com a terapia convencional (p.ex.,
IRA, obstrução uretral, doença renal crônica agudizada ou ter-
minal em que o transplante seja uma opção); 2. hiper-hidrata-
ção não tratável (p.ex., oligúria, ICC), e 3. intoxicações.
CONTRAINDICAÇÃO: Animais doentes renais crônicos estáveis
e/ou que respondam às terapias convencionais ou que já estejam
em estado hipercatabólico.
COMPLICAÇÕES: Infecções bacterianas no cateter, toxicose por
alumínio, resistência a insulina, alterações ósseas, hipovolemia,
hipotensão, náusea, vômito e síndrome do desequilíbrio pela
diálise, que, apesar de rara, pode causar demência, convulsão
e morte.
UPt (mg/dL)
U-P/C =
Ucr (mg/dL)
onde:
U-P/C = razão proteína/creatinina urinária
UPt = concentração urinária de proteína
Ucr = concentração urinária de creatinina
UR.ETROCISTOGRAFIA RETRÓGRADA
DESCRIÇÃO: É um procedimento simples que raramente neces-
sita de sedação do paciente. Assim como a urografia excretora, é
interessante realizar enema 2 horas antes do procedimento para
minimizar artefatos reproduzidos pelo cólon. Inicialmente, es-
vaziar por completo a bexiga, escolher a técnica. Pode-se optar
em realizar o contraste positivo (Pielograr-Darrows) diluído
em solução fisiológica a 10-20%, contraste negativo ou pneu-
mocistografia (com adição ar ou CO) ou ainda duplo contras-
te (contraste puro 0,2-1 mL/kg, e o restante com ar). Em todas
as opções, a distensão vesical deve ser de 5-8 mL/kg.
INDICAÇÃO: Auxilia na investigação de doenças de trato uriná-
rio inferior, importante na diferenciação de neoplasias, ruptu-
ras, infecções, urolitíases radiolucentes, deformidades da vesí-
cula urinária e uretra.
COMPLICAÇÕES: Ruptura de bexiga, embolismo gasoso. Todo
paciente deve ser avaliado previamente quanto a sua capacidade
de armazenamento.
UROGRAFIA EXCRETORA
DESCRIÇÃO: Imagens radiográficas em conjunto com meios de
contraste intravenoso para explorar os rins e as estruturas do
trato urinário inferior. O paciente deve estar em jejum alimen-
tar de 12-24 horas e água pode ser fornecida até 4 horas antes
da avaliação. Em muitos casos, se faz necessária a realização de
enemas 1-2 horas antes do procedimento. Assim que o paciente
estiver preparado, deve-se canular um vaso de grande calibre
(p.ex., veia jugular) e proceder com sedação ou anestesia geral.
Administra-se, pela via intravascular, 400-800 mg/kg de iodo
(Pielograr-Darrows) e iniciam-se as tomadas radiográficas (la-
teral e ventrodorsal) nos tempos 5-20 segundos e 5, 15, 20 e 40
minutos. Aos 20 minutos pode-se fazer tomadas em projeções
oblíquas para facilitar a localização da inserção dos ureteres na
bexiga, quando necessário. Após o exame, o paciente deve ser
mantido na fluidoterapia para diurese.
INDICAÇÃO: Permite a estimativa da função renal e avalia as es-
truturas dos rins e ureteres (tamanho, forma, posição, densida-
de, inserção). Caso o exame seja para visibilização das inserções
ureterais pode-se realizar simultaneamente a pneumocistogra-
482 CAPÍTULO 11
Ausência de produção
ANÚRIA ~ O, 1 ml/kg/h
de urina
-·---·- ----·----·--
Diminuição da produção
OLIGÚRIA O, 1-0,25 ml/kg/h
de urina
---·- --~---
Aumento da produção
POLIÚRIA >2 ml/kg/h
de urina
BIBLIOGRAFIA
ASANO, T.; TSUKAMOTO, A; OHNO, K.; OGIHARA, K.; KAMIIE,
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young cat. J. Vet. Med. Sei. 70(12):1373-1375, 2008.
NEFROLOGIA E UROLOGIA 483
ANASARCA CONGÊNITA
DESCRIÇÃO: A anasarca, também conhecida como sín-
drome da morsa, edema congênito ou síndrome do cão
d'água, é caracterizada por edema generalizado em filho-
tes nascidos mortos ou debilitados, normalmente provo-
cando distocia fetal. É uma enfermidade de transmissão
hereditária, autossômica dominante, com predisposição
racial em cães Bulldog Inglês e Bulldog Francês. Também
há relatos de ocorrência nas raças Bichon Frise, Schnau-
zer, Chow-chow, Pequinês, Golden Retriever, Pug, Shih
Tzu, Rottweiler, Malamute do Alaska, Fox Terrier e La-
brador, bem como na espécie felina.
DIAGNÓSTICO: As manifestações clínicas da anasarca
caracterizam-se por ascite, derrame pleural e/ou pericár-
dico e edema de partes moles, sendo o peso dos filho-
tes com anasarca 1,5-5 vezes superior ao de um neonato
saudável. Além do edema, o filhote exibe sinais de insu-
ficiências cardíaca e hepática, evoluindo para óbito rapi-
damente. Por meio da anamnese, pode-se confirmar ou
descartar algumas hipóteses. Durante a gestação, o diag-
nóstico pode ser feito durante o acompanhamento pré-
-natal pelo exame ultrassonográfico, pelo qual se detecta
bradicardia fetal (<164 bpm), tamanho diferenciado do
feto com anasarca em relação aos demais fetos e presença
de líquido livre em cavidades abdominal e torácica.
487
488 CAPÍTULO 12
ANENCEFALIA, LISENCEFALIA E
HIDROCEFALIA
BRUCELOSE CANINA
Vide também "Brucelose': cap. 4. Doenças infecciosas.
DESCRIÇÃO: A brucelose canina é uma das zoonoses
com maior dificuldade para o controle epidemiológico e
é, atualmente, endêmica no Brasil. Causada pela Brucella
canis, ou mais raramente por outras bactérias do gênero
Brucella, a transmissão ocorre por meio transplacentário,
ingestão bacteriana ou contato sexual. Embora de ocor-
rência assintomática, os sinais clássicos da endemia popu-
lacional é o abortamento, perda gestacional, natimortos e
alta mortalidade neonatal nos primeiros dias de vida.
DIAGNÓSTICO: Embora a história clínica e epidemioló-
gica tenha importância para o diagnóstico, a definição da
brucelose é um desafio ao clínico. Os testes sorológicos
são os mais frequentemente utilizados, embora possa ha-
ver falso-negativos no caso de infecção recente (anterior a
8-12 semanas) e falso-positivos por reação cruzada a antí-
492 CAPÍTULO 12
CONJUN.TIVITE NEONATAL
DESCRIÇÃO: A conjuntivite neonatal, também conheci-
da como ophtalmia neonatorum, compreende a infecção
da conjuntiva ou da córnea antes ou imediatamente após
a abertura das pálpebras do neonato. Acredita-se que a
fonte de infecção seja a passagem pelo canal do parto ao
nascimento ou ambientes mal higienizados (caixa ma-
ternidade). Os principais agentes bacterianos envolvidos
nesta infecção são Stafilococcus, Micoplasma e Clamidia.
DIAGNÓSTICO: A conjuntivite neonatal (ophtalmia neo-
natorum) é caracterizada por tumefação e corrimento
purulento nas pálpebras inferiores antes mesmo da aber-
tura, manifestando-se desde o nascimento até 2 semanas
de idade aproximadamente ( 10-16 dias). As pálpebras
ainda apresentam-se fechadas (anquilobléfaro fisioló-
gico) e observa-se tumefação pelo acúmulo de debris
e secreção purulenta dentro do saco conjuntiva!, entre
a córnea e as pálpebras. O diagnóstico é realizado pela
apresentação clínica (sinais) e cultura bacteriana da se-
creção. A conjuntivite não tratada evolui para simbléfaro
(aderência da conjuntiva à córnea), ulceração e perfura-
ção de córnea com prolapso de íris e perda ocular.
494 CAPÍTULO 12
HERPESVIROSE CANINA
DESCRIÇÃO: Causada pelo herpesvírus canino tipo l, a
herpesvirose neonatal é de ocorrência aguda e, geralmen-
te, fatal (morte em 24-48 horas). A infecção viral é adqui-
rida ainda in utero, durante a passagem pelo canal vaginal,
por exposição a contactantes (secreção oronasal) ou fô-
mites. A inabilidade dos neonatos em manter a tempera-
tura corpórea e a imunodeficiência favorecem a viremia,
especialmente em filhotes nos primeiros dias de vida. A
infecção viral generalizada acarreta em necrose multifocal
(glândulas adrenais, rins, pulmão, baço e fígado).
HIPOXE.MIA NEONATAL
TRATAMENTO
Assistência imediata ao recém-nascido: caso os neona-
tos tenham idade inferior a 1 dia, devem ser imediata-
mente separados de sua mãe, pois ainda possuem capa-
cidade de absorção intestinal dos anticorpos maternos.
Para tal situação, deve-se proceder com o aleitamento
artificial durante 2-3 dias. Após este período, os filhotes
podem novamente ser inseridos à ninhada.
A transfusão sanguínea total poderá ser considerada,
utilizando-se doador compatível (10-20 mL/kg duran-
te um período total de 4 horas) por via intravenosa ou
intraóssea (vide Apêndice "Via de acesso intraósseà').
Alternativamente, pode-se realizar a transfusão apenas
do concentrado de hemácias da própria mãe como doa-
dora, uma vez que não haverá possibilidade de reação
antigênica.
Prevenção: por se tratar de uma afecção de alta morta-
lidade, estratégias de prevenção devem ser adotadas. Os
reprodutores devem ser previamente testados por tipa-
gem sanguínea. Após o nascimento dos filhotes, deve-se
verificar o grupo sanguíneo da ninhada para que, anteci-
padamente, não haja ingestão de colostro materno.
ONFALOFLEBITE NEONATAL
DESCRIÇÃO: A onfaloflebite e/ou onfalite é definida
como inflamação da região umbilical, frequentemente
provocada por infecção, envolvendo os vasos umbilicais.
A falha de assepsia na cicatriz umbilical, juntamente
com a ausência de higiene ambiental, são fatores pre-
disponentes para o desenvolvimento das. onfalites e/ou
onfaloflebites. A onfaloflebite normalmente é provocada
por agentes como o Streptococcus e aparece nos primei-
ros 5 dias de vida, evoluindo para quadros de septicemia.
NEONATOLOGIA 501
SEPTICEMIA NEONATAL
APÊNDICES
SONDAGEM OROGÁSTRICA
DESCRIÇÃO: A alimentação neonatal por sondagem não é um
procedimento de difícil execução, porém requer alguns critérios
técnicos. Na dependência do tamanho do neonato, é possível
usar sondas de 5 ou 8 Fr. É preciso fazer, externamente, a men-
suração do comprimento da sonda a ser introduzido; por meio
da distância entre o focinho e o sétimo espaço intercostal. A
posição de flexão cervical do filhote, a sonda deve ser introdu-
zida pela boca em direção ao palato duro, seguindo o caminho
de menor resistência. Para assegurar a adequada localização da
sonda, é preciso verificar sua inserção até a marca inicialmente
realizada. O desvio da sonda para a traqueia pode gerar reflexo
de tosse, além de não haver coincidência entre a marcação da
sonda e a distância introduzida. A administração do alimento
deve ser feita por seringas acopladas à sonda, observando apre-
sença de pressão positiva quando em posição correta.
INDICAÇÃO:' A sondagem orogástrica está indicada para os
casos de definhamento neonatal (ausência de ganho de peso
diário) ou orfandade, sem que o neonato apresente reflexo
adequado de sucção (vide "Tríade crítica do recém-nascido ou
síndrome do definhamento"). Ainda, pode ser preconizada em
ninhadas numerosas, por maior facilidade de manejo, além da
precisão do volume administrado.
CONTRAINDICAÇÃO: Embora rapidamente executado, não
deve ser o procedimento de eleição para o aleitamento artifi-
NEONATOLOGIA 513
TERAPÊUTICA NEONATAL
DESCRIÇÃO: O tratamento dos neonatos representa sempre um
desafio ao clínico de pequenos animais, particularmente em
função da anatomia e fisiologias particulares do paciente. O co-
nhecimento acerca da farmacologia durante o período neonatal
é crucial para a adequada escolha terapêutica.
INDICAÇÃO: Antibioticoterapia em neonatos requer ajuste de
doses, com diminuição de 30 a 50%, ou aumento do intervalo
entre dosagens, entre 2 a 4 horas. Recomendam-se os seguintes
protocolos: amoxicilina (6-20 mg/kg, VO, 12 horas); amoxici-
lina ácido clavulânico (12,5-25 mg/kg, IV, 12 horas); ampicili-
na (22 mg/kg, IV, 8 horas); cefalexina (10-30 mg/kg, VO, 8-12
horas). Evitar o uso de fluoroquinolonas, aminoglicosídeos e
cloranfenicol em neonatos, e proceder com a redução da dose
e prolongamento do intervalo de administração das sulfonami-
das associadas ao trimetoprim.
CONTRAINDICAÇÃO: Os seguintes fármacos devem ser evi-
tados durante a gestação: glicocorticoides, aminoglicosídeos,
quimioterápicos, organofosforados e tetraciclinas. Durante a
j
BIBLIOGRAFIA
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516 CAPÍTULO 12
CONVULSÃO
DISCOESPONDILITE
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO
SISTEMA NERVOSO CENTRAL
DESCRIÇÃO: A avaliação de doenças inflamatórias do
sistema nervoso central pode ser um desafio e, muitas
vezes, o diagnóstico definitivo é difícil, pois existem
inúmeras ~tiologias e sinais clínicos semelhantes. As
definições corretas são: meningoencefali te, que denota
inflamação do encéfalo associada à inflamação das me-
ninges, meningoencefalomielite quando ocorre também a
inflamação da medula espinhal, meningite quando ocor-
re inflamação da meninge, e meningomielite quando há
inflamação da medula espinhal e meninge. As doenças
inflamatórias podem ser infecciosas e não infecciosas
(Quadro 13.3).
NEUROLOGIA 533
INFLAMATÓRIAS i I
MENINGOENCEFALITES
INFLAMATÓRIAS INFECCIOSAS
.
• CINOMOSE (FORMA NEUROLOGICA)
,
• CRIPTOCOCOSE NEUROLÓGICA
DESCRIÇÃO: Doença infecciosa fúngica considerada
incomum e potencialmente fatal (vide "Criptococose':
cap. 4. Doenças infecciosas). Na infecção do SNC ob-
serva-se principalmente desorientação, diminuição da
consciência, dor cervical, espasticidade, andar em cír-
culos, ataxia vestibular, pressão de cabeça, anisocoria,
dilatação pupilar, cegueira, surdez, perda de olfato, ata-
xia progredindo para paresia, paraplegia e convulsões.
A síndrome ocular manifesta-se por um complexo de
sinais incluindo uveíte anterior, coriorretinite, neurite
óptica, fotofobia, blefarospasmo, opacidade de córnea,
edema inflamatório da íris e/ou hifema.
DIAGNÓSTICO: Outras afecções, de origem infecciosa
e inflamatória, podem causar o mesmo quadro clínico,
como, por exemplo, encefalite virai (cinomose), bacte-
riana, meningoencefalite por protozoário (toxoplasmo-
se, neospora e hepatozoose) e riquétsia, meningoencefa-
lite granulomatosa ou neoplasias, e devem fazer parte do
diagnóstico diferencial. Para o diagnóstico da criptoco-
cose são usados diferentes métodos dependendo da ma-
nifestação clínica. Na suspeita de criptococose no SNC,
a infecção é diagnosticada após identificação do agente
no LCE por microscopia direta com coloração de Gram
ou tinta nanquim, isolamento fúngico a partir de cultura
do LCE ou detecção de antígenos capsulares com o teste
de aglutinação em látex. O resultado da análise do LCE
é variável.
538 CAPÍTULO 13
• TOXOPLASMOSE
DESCRIÇÃO: Doença causada pelo protozoário Toxo-
plasma gondii que pode afetar animais imunossuprimi-
dos como, por exemplo, cães com cinomose e gatos com
peritonite infecciosa felina. Pode causar vários distúr-
bios sistêmicos (vide "Toxoplasmose': cap. 4. Doenças
infecciosas). Nas alterações neurológicas podem ocorrer
convulsões: tremores, ataxia, paresia, paralisia, miosite,
tetraplegia (NMI) e em gatos morte súbita (neonatos),
hiperestesia muscular, ataxia, alterações de comporta-
mento e tremores.
DIAGNÓSTICO: (vide "Toxoplasmose'', cap. 4. Doenças
infecciosas). O LCE pode ser normal ou há pleocitose
mononuclear mista, às vezes com eosinófilos. Na biópsia
muscular pode haver infiltração linfoistiocitária severa
NEUROLOGIA 539
• M·ENINGITE BACTERIANA
DESCRIÇÃO: Nos seres humanos a meningite bacteriana
é causada por bactérias que apresentam tropismo pelo
SNC, mas em cães e gatos isto não existe. A meningite
bacteriana nessas espécies é muito rara e em geral está
associada à migração de bactérias provenientes de alguns
focos, como endocardite bacteriana, piometra, prostati-
te, gengivite, ou então por extensão direta de feridas na
região do pescoço, infecção de seios nasais ou orelha
interna e após trauma craniano perfurante. Quando as
infecções bacterianas do SNC ocorrem em animais, os
organismos mais comuns são o Streptococcus spp., Sta-
phylococcus spp. e gram-negativos entéricos como a Es-
cherichia coli e Klebsiella pneumoniae. Os sinais clínicos
são rigidez cervical, febre, vômito, convulsões, hipoglice-
mia (se houver sepse), e outros sinais de meningomielite
ou meningoencefalomielite. Pode haver bradicardia se
houver aumento da PIC.
540 CAPÍTULO 13
• ERLIQUIOSE (Meningoencefalite)
DESCRIÇÃO: É uma doença infecciosa causada por bac-
térias do gênero Ehrlichia (vide "Erliquiose': cap. 4. Doen-
ças infecciosas). Pode ocorrer meningoencefalite em até 1h
dos animais afetados, e os sinais mais comumente descri-
tos são convulsões, paraparesia, tetraparesia, sinais vesti-
bulares, hiperestesia, febre e alterações oculares.
DIAGNÓSTICO: Histórico de infestação por carrapatos,
sinais clínicos e identificação direta de estruturas mor-
fologicamente compatíveis com mórulas de E. canis em
amostras de sangue periférico aliados aos exames hema-
tológicos compatíveis. Pode haver anemia, trombocitope-
nia e hiperproteinemia. A técnica de PCR tem alta sensi-
bilidade e especificidade em animais infectados, mesmo
em baixas concentrações do microrganismo na circulação
sanguínea. Na análise de LCE pode haver elevação mo-
derada de proteína e pleocitose mononuclear. Entretanto,
em cães com anemia e trombocitopenia não se recomenda
a coleta de LCE devido ao risco de sangramento no espaço
subaracnoide podendo causar óbito do paciente.
TRATAMENTO: Os antibióticos são o tratamento de es-
colha e/ou imidocarb (vide "Erliquiose", cap. 4. Doenças
infecciosas). Para o tratamento dos sinais clínicos ence-
fálicos e medulares a prednisona 0,5-1 mg/kg, VO, SID,
por 7-14 dias, associada ao antibiótico pode auxiliar no
tratamento.
542 CAPÍTULO 13
MENINGOENCEFALITES INFLAMATÓRIAS
NÃO INFECCIOSAS
'
DESCRIÇÃO: As meningoencefalites/meningomielites
não infecciosas são uma causa muito comum e impor-
tante de distúrbios neurológicos em cães. As três primei-
ras doenças que serão descritas pertencem a um grupo
de encefalites de início abrupto, em geral fatais, não ha-
vendo ainda o conhecimento sobre a causa exata e pa-
togenia, mas aparentemente vários fatores associados a
uma predisposição genética desencadeiam resposta imu-
NEUROLOGIA 543
EPILEPSIA
DESCRIÇÃO: ,Condição caracterizada por crises epilép-
ticas recidivantes, de origem intracraniana. A epilepsia
idiopática (primária, verdadeira ou hereditária) acomete
0,5-5,7% da população canina, principalmente de raças
puras (Pastor Alemão, São Bernardo, Collie, Setter, La-
brador, Golden Retriever, Husky, Cocker, Poodle e Bea-
gle) e o início ocorre entre 1 e 5 anos de idáde. Geral-
mente o período interictal (entre os episódios epiléticos)
é longo (>4 semanas) e não apresentam alterações. A epi-
lepsia secundária decorre de lesão estrutural, ocasionada
por doença intracraniana progressiva ou não, acomete
cães e gatos de qualquer raça ou idade e frequentemente
estão presentes lesões multifocais. Pode ser ativa, devido
a encefalite, hidrocefalia ou tumores; ou ainda inativa,
decorrente de sequela de trauma craniano, hipóxia ou
encefalite. No caso da epilepsia criptogênica ou sinto-
mática não se pode estabelecer a etiologia, mesmo tendo
sido realizados todos os exames complementares.
DIAGNÓSTICO: Resenha (idade, raça, etc.), anamnese
(descrição completa do episódio, início, frequência, pa-
drão, duração, comportamento do animal entre as crises,
exposição a drogas ou toxinas, cio, doenças anteriores,
ocorrência de trauma craniano recente ou antigo, se o
quadro ocorre durante ou após o sono, exercício, alimen-
tação ou jejum, obter informações sobre os parentes do
animal, etc.), em caso de dúvida, solicitar um vídeo. Ten-
tar identificar os estágios: pródromo (alterações compor-
tamentais que ocorrem horas a dias antes da convulsão,
ansiedade, se esconder, seguir o proprietário); aura (ma-
nifestação inicial - minutos a horas antes da convulsão,
andar compulsivo, salivar, urinar, vomitar, latir muito).
Período ictal - convulsão propriamente dita, alteração do
tônus ou presença de movimentos involuntários, perda da
consciência, sialorreia, micção; pós-ictal - imediatamente
550 CAPÍTULO 13
• Terapia específica
Diazepam 0,5-1,0 mg/kg, IV, a cada 15 a 30 minutos
(dose máxima 20 mg/cão), máximo de três aplicações.
Fenobarbital 3 mg/kg, IM, simultaneamente à aplicação
de diazepam. Lembrar que o fenobarbital demora 15-20
minutos para atuar, e o diazepam 1-2 minutos e que os
níveis séricos de diazepam declinam rapidamente em
cães, mas o fenobarbital se mantém estável. Em animais
com suspeita de epilepsia e que não estavam sendo tra-
tados, iniciâr a administração de fenobarbital em doses
fracionadas de 3 mg/kg, IM, a cada hora, até que uma
dose total de 15 mg/kg tenha sido administrada. Após
o controle do EE e término deste protocolo, administrar
fenobarbital 2,0-4,0 mg/kg, IM, BID, até que o paciente
esteja apto a receber a medicação pela via oral.
Considerar a aplicação de manitol a 20% 1-2 g/kg, IV,
em 1Ominutos, e corticoides dexametasona 0,25 mg/kg,
NEUROLOGIA 555
HIDROCEFALIA
DESCRIÇÃO: Caracterizada pelo acúmulo excessivo de
LCE nos ventrículos cerebrais. Ocasionada pelo dese-
quilíbrio entre produção e absorção do LCE, havendo
subsequente dilatação do sistema ventricular e atrofia do
tecido nervoso. A forma congênita é mais comum, sendo
as raças mais predispostas o Maltês, Yorkshire, Bulldog
inglês, Chihuahua, Lhasa Apso, Pomerania, Poodle toy,
Boston terrier e Pug. A forma congênita é considerada
uma forma obstrutiva ou não comunicante, provavel-
mente decorrente da obstrução do aqueduto mesen-
cefálico, por inflamações no período pré ou pós-natal.
Malformações do cerebelo também podem ocasionar
hidrocefalia congênita. A forma adquirida decorre de
obstrução direta ou indireta da passagem do LCE por
neoplasias, cistos, inflamação ou hemorragia, ou rara-
mente por aumento da produção de LCE devido à neo-
plasia de plexo coroide. Pode ocorrer também o prejuízo
da absorção do LCE devido a processos inflamatórios ou
infecciosos, sendo neste caso a hidrocefalia classificada
como comunicante. A perda de parênquima encefálico
na disfunção cognitiva, com subsequente aumento dos
556 CAPÍTULO 13
INCONTINÊNCIA URINÁRIA
INFARTO FIBROCARTILAGINOSO ou
EMBOLISMO FIBROCARTILAGINOSO (EF)
INSTABILIDADE/SUB LUXAÇÃO
ATLANTOAXIAL
DESCRIÇÃO: É a instabilidade da articulação que con--
duz ao deslocamento dorsal do áxis (C2) em relação ao
atlas (C 1) levando à lesão medular traumática devido
a concussão e compressão da medula espinhal. Não há
disco intervertebral entre Cl e C2 e estas vértebras se
mantêm unidas por ligamentos relacionados principal-
562 CAPÍTULO 13
TRATAMENTO
• Conservador: indicado para cães com déficits neuro-
lógicos leves, imaturidade vertebral ou sinais clínicos
com início agudo. Utiliza-se uma tala cervical que
deve ir das orelhas, caudalmente à mandíbula, até o
início do tórax, atrás das axilas, com objetivo de imobi-
lizar a articulação atlantoaxial gerando uma fusão por
meio de fibrose. A tala deve ser revisada serp.analmente
e trocada quando necessário. O paciente deve receber
ainda analgésicos tramadol 2-4 mg/kg, VO, TID, por
10-14 dias, relaxante muscular diazepam 0,3 mg/kg,
VO, TID, por 1-2 semanas, e ficar em confinamento
por 6 semanas. As complicações são recidiva após a
retirada da imobilização, úlcera de córnea, úlcera de
decúbito, hipertermia, otite externa e dermatite.
• Cirúrgico: objetivo de realinhar e estabilizar a junção
atlantoaxial e promover descompressão da medula
espinhal, indicado em casos crônicos, sinais clínicos
recidivantes ou insucesso no tratamento conservati-
vo. Existem técnicas de estabilização dorsal e ventral,
sendo as ventrais mais recomendadas. Há alta taxa
de complicações· trans e pós-operatórias, incluindo o
óbito.
MIASTENIA GRAVE
MIELOMALACIA HEMORRÁGICA
PROGRESSIVA (MHP)
DESCRIÇÃO: Desordem neurovascular fatal, cujo meca-
nismo é desconhecido, mas que pode ocorrer após a ex-
:trusào do disco intervertebral, trauma medular e embo-
Jismo fibrocartilaginoso. A MHP tem início no local da
lesão ou trauma inicial, progredindo em direção ascen-
dente e descendente. Os sinais clínicos iniciam-se com
paraplegia aguda e reflexos espinhais aumentados nos
,membros pélvicos. Em exame tardio, após 48-72 horas,
a paraplegia torna-se flácida, com atonia dos músculos
dos membros pélvicos, flacidez da cauda e dilatação do
ânus_) com ausência do refilexo perineal. À medida que a
lesão progride cranial e caudalmente, há tetraplegia, fla-
cidez de musculatura abdominal e de membros toráci-
cos e presença de dor .à manipulação em região torácica
ou cervical. A respiração torna-se diafragmática e pode
ocorrer síndrome de Horner bilateral. A síndrome me-
dular identificada inicialmente se altera, sendo que uma
568 CAPÍTULO 13
NEOPLASIAS ENCEFÁLICAS
DESCRIÇÃO: Tumores encefálicos primários se~ origk
nam do parênquima do tecido nervoso, sendo, OS' me-
ningiomas, astrocitomas e oligodendrogliomas, os mais
frequentes. As raças mais acometidas sào B:oxer,_ Go}den
Retriever, Schnauzers miniatura, Bulldog, francês; e in-
glês. Os tumores secundários, mais frequentes, são os
que chegam por via hematógena até o encéfalo, devido a
metástases de neoplasias localizadas em outro ponto do
organismo (ex., neoplasias mamárias ou cutâneas). As
1
SÍNDROME DE WOBBLER ou
ESPONDILOMIELOPATIA CERVICAL (EMC)
•
SÍNDROME VESTIBULAR
1. DEFICIÊNCIA DE TIAMINA
Descrição: É uma degeneração do sistema nervoso que
ocorre em felinos alimentados com peixe cru e em cães
alimentados somente com comida cozida ou alimentos
processados, devido à deficiência de tiarnina. Manifesta-
-se inicialmente por inapetência, perda de peso, vômi-
to e diarreia com discreta ataxia, que evolui para ataxia
vestibular, convulsões, ventroflexão do pescoço, pupilas
NEUROLOGIA 583
2. DOENÇA C.E:REB;R'O·VASCULAR
Raramente descrita (vide c~cidente vascular cerebral").
4. ME.N;INGOENCEFALITES INFLAMATÓRIAS
Vide "Menigoencefalites inflamatórias':
5. NEOPLASIAS
Descrição: Podem estar localizadas no ângulo cerebelo-
-medular causando sinais neurológicos progressivos. Os
586 CAPÍTULO 13
4. OTITE MÉDIA/INTERNA
Descrição: É a causa mais comum de doença vestibular
periférica, e animais predispostos à otite externa crôni-
ca apresentam alta incidência de otite média e interna.
Além da infecção bacteriana, outras causas de otite são
os parasitas, corpos estranhos, infecção fúngica e presen-
ça de pólipos no ouvido médio e faringe dos gatos. Os
sinais podem ser agudos ou crônicos e, além dos sinais
comuns da síndrome vestibular, pode ocorrer síndrome
de Horner e paralisia facial ipsilateral à lesão devido ao
comprometimento dos nervos simpáticos e nervo facial,
respectivamente, que podem ser afetados por extensão
do processo inflamatório da orelha interna. A otite pode
588 CAPÍTUL013
5. INTOXICAÇÃO
Descrição: O tratamento com agentes ototóxicos pode
levar à degeneração dos receptores vestibulares e/ ou au-
ditivos. A ototoxicidade pode resultar da administração
de fármacos orais, parenterais ou tópicos, sendo que a
intoxicação por produtos tópicos pode ocorrer quando a
membrana timpânica está rompida. Todos os aminogli-
cosídeos, diuréticos de alça e agentes tópicos cujo veículo
seja propilenoglicol ou clorexidina podem levar a uma
590 CAPÍTULO 13
TETRAPARESIA/TETRAPLEGIA
BOTULISMO
Vide também "Botulisma1: cap. 4. Doenças infecciosas.
POLIRRADICULONEURITE IDIOPÁTICA
DESCRIÇÃO: Condição inflamatória das raízes nervo-
sas, comum e pouco entendida. São descritos três tipos
principais: 1. polirradiculoneurite aguda ou "paralisia
do Coonhound': pois nos Estados Unidos é transmitida
pela mordida do guaxinim, sugerindo-se que o distúrbio
resulte de resposta imune contra algum componente da
saliva do guaxinim. Acomete animais de qualquer idade,
raça e sexo, o início dos sinais em geral ocorre 7 -1 O dias
após a mordida, ocorrendo fraqueza, ou pode iniciar
com andar rígido, o som do latido fica rouco e progride
para tetraplegia flácida em 1-7 dias. Os reflexos ficam di-
minuídos a ausentes, a função da bexiga e reto é normal,
não acomete mastigação/ deglutição, mas pode acometer
o nervo facial. Ocorre paralisia respiratória e morte em
alguns animais; 2. polirradiculoneurite idiopática, mui-
to semelhante à polirradiculoneurite aguda, quanto ao
início de sinais clínicos e evolução, porém ocorre em
animais sem contato com o guaxinim. Os sinais iniciam
pelos membros posteriores, mas ocasionalmente pode
começar pelos torácicos, podendo haver hiperestesia,
o que não ocorre no botulismo; 3. polirradiculoneurite
pós-vacinai, relatada esporadicamente em cães após va-
cinação rotineira.
DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é realizado com base nos
sinais clínicos e neurológicos. No exame neurológico há
594 CAPÍTULO 13
ATIVIDADE MOTORA
-~º~~al~-~~~~~~~-~~!~~~~----:·-------····· -·-----·------·----·-·--·----·--·-·1-------~·--·--·-
Hemiparesia, tetraparesia 5
·-·-··---...,-.... ...-- --,-·--···-...·-··-·-·.......--·-·-·--...,--,............
,.....- .... , - ,...._,..,,_,,_..,,,_,...,,_,,........,._,_,, ,_,....................,-.,...........,,_
j
. ,
Decúbito,
___,,_. __
................ ..._.
rigidez extensora constante e opistótono
, _________ _____
.... ..............____.... ...........-,..............................
,_, , , ,_, ,,_,,_, ,
2 _,,______
__ ____ __ ..... ....--. ··-·--.......................
, --,,-
T.RÔN'C() ·EN.ÇEFÃ"'ICO .
Reflexo pupilar (RP) normal, reflexo oculocefálico (RO)
6
normal
---,-·- --·--·--·-·-·--·-··--..·-·-·-·-.-------,--..-·--·- . ----·-.. . . .,_ __,__. _ ._. ,_,__,_._, __,_.____,,l_,,___, __._.__._.
RP diminuído, RO normal ou diminuído 5
Miose bilateral, RO normal ou diminuído 4
Pupilas puntiformes, RO diminuído ou ausente 3
-,-·- ·-·--..- ·- ·- ·-. --,·- - -·-·- --..-·---·-- -··- -"'"·- ·- --··=·-·-·--.-·- ·- -·- ..·-·- -·- --··- -·- --..--·-·-"
Midríase unilateral não responsíva, RO diminuído ou
2
ausente
Midríase bilateral não responsiva, RO diminuído ou
l
ausente
Nf\lÊL ôtcóNscu~N·c1A
Períodos alerta ou responsivo ao meio / 6
··--·-·------.- -..--·--·- ·- ·--..·--·- ·-·-··--·- ---·-·-···--·-. -·-.-·-·--·--..---·--·---..---···-··1··-.-·--..,. .,. '_,._. . . .
Depressão ou delírio, responde inapropriadamente ao
ambiente l 5
-~~.~!~9-~~-~.<?~º'.-~~:?e:~~=-~-::!i~~~~~-~~~~ is---·-----------·-·-·--L...--..-~-----·-·
Semicomatoso, responde a estímulos auditivos L 3
Se~ic~matoso, responde somente aos estímulos . 1
2
dolorosos repetitivos
Comatoso, não responde aos estímulos dolorosos
l
repetitivos
15-18 Bom
598 CAPÍTULO 13
BIBLIOGRAFIA
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terinária. Sa ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 20Ô4.
NEUROLOGIA 605
607
......
608 CAPÍTULO 14
Classificação ! _ i . . _ : Teor de Na
. d : Recomendaçao I Dieta de prescnçao i (ºl MS
f unc1ona 1 a , d. , . d . d. : . d. d · 70 ou
. ICC . 1etet1ca e so 10 i ,n ica a I mg/l 00 kcal)
" ' '
--"*'···~. .-..---~·
.1
-- __,, ,-..-·~-·-·--"··--·-d -· d
i (úmida)
..· - · - · · -..- , - - · - · ·..- -....... _ _ · ·- · -..· - · - - · - · -.........- ,. . . . . . . . .
1
1---..-·-·-.. ·. . . , _..,-.. ,. _,, _, _,_
lllb Até 50 mg/100 kcal !. Royal Canin Cardiac 1 0,09% ou
ICanine (seca) !
j 19 mg/100 kcal
Hill's Prescription \ 0,08% ou
MANEJO NUTICIONAL DA
COLANGITE E COLÃNGIO-HEPATITE FELINA
DESCRIÇÃO: O complexo colangite/colângio-hepatite
são as hepatopatias mais frequentes nos gatos e, quando
associado à anorexia, pode levar também ao aparecimen-
to da lipidose hepática felina, podendo em muitos casos
ser fatal se o tratamento terapêutico associado ao supor-
te nutricional não for instituído o mais precoce possível
(vide "Colângio-hepatite felinà' cap. 8. Gastroenterolo-
gia e hepatologia).
INDICAÇÃO: Gatos com colangite ou colângio-hepatite.
TRATAMENTO
• Aguda: vide ((Manejo nutricional da lipidose hepática
felina':
• Crônica: vide "Manejo nutricional das hepatopatias':
614 CAPÍTULO 14
MANEJO NUTRICIONAL DA
CONSTIPAÇÃO, OBSTIPAÇÃO E MEGACÓLON
FELINO
DESCRIÇÃO: A disfunção do cólon pode estar relacio-
nada a diferentes etiologias muitas vezes desconhecidas.
Alguns casos de constipação respondem com dietas com
teores elevados de fibras. As fontes de fibras devem ser se-
lecionadas de acordo com suas propriedades fisiológicas.
INDICAÇÃO: Gatos com dificuldade para defecar, pre-
sença de fezes duras e ressecadas, ou gatos com diagnós-
tico de constipação, obstipação e megacólon.
TRATAMENTO
Água: o proprietário deverá estimular seu animal a inge-
rir água. A constipação pode ocorrer como resultado de
616 CAPÍTULO 14
MANEJO NUTRICIONAL DA
DILATAÇÃO VÓLVULO-GÁSTRICA (DVG)
MANEJO NUTRICIONAL DA
DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL (DII)
DESCRIÇÃO: Causa mais frequente de vômito crônico
e diarreia em cães e gatos. Esta se caracteriza pela infla-
mação crônica do intestino e é acompanhada pela in-
filtração de células inflamatórias na lâmina própria do
trato gastrointestinal. Podem ser observados pelo menos
três tipos de substâncias antigênicas no lúmen do trato
gastrointestinal: ingredientes alimentares, microbiota
intestinal residente e agentes patógenos ocasionais (vide
"Doença inflamatória intestinar: cap. 8. Gastroenterolo-
gia e hepatologia).
INDICAÇÃO: Cães e gatos com perda de peso, diarreia
e vômito crônico, com diagnóstico confirmado de DII.
TRATAMENTO
Hidratação: a desidratação é frequentemente observa-
da nos animais com DII devido à perda de fluidos pelo
vômito e diarreia, sendo a fluidoterapia parenteral a pri-
meira recomendação (vide Apêndice ((Fluidoterapia pa-
renteral': cap. 9. Hematologia e imunologia).
622 CAPÍTULO 14
MANEJO NUTRICIONAL DA
DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC)
DESCRIÇÃO: Os principais objetivos do suporte nutri-
cional destes pacientes são garantir a adequada inges-
tão energética e dos demais nutrientes; aliviar os sinais
624 CAPÍTULO 14
MANEJO NUTICIONAL DA
ENCEFALOPATIA HEPÁTICA (EH)
MANEJO NUTRICIONAL DA
GASTRITE AGUDA
TRATAMENTO
Hidratação: fluidoterapia parenteral deve ser utilizada
para a correção da desidratação (vide Apêndice, "Flui-
doterapia parenteral': cap. 9. Hematologia e imunologia).
Gordura: alimentos com teores mais elevados de gordu-
ra são esvaziados mais lentamente do estômago do que
os alimentos com menos gordura. Gordura no duodeno
estimula a liberação de colecistoquinina, o que atrasa o
esvaziamento gástrico.
Proteína: excesso de proteína deve ser evitado nos ali-
mentos para pacientes com gastrite aguda. Produtos da
digestão proteica aumentam liberação de gastrina e se-
creção de ácido gástrico.
Nutrição parenteral: em alguns casos, o uso da nutri-
ção parenteral (vide Apêndice ((Nutrição parenteral") é
necessário até que os episódios eméticos sejam cessados.
Dieta comercial: a dieta comercial Gastro Intestinal Low
Fat (Royal Canin) pode ser uma boa opção, por causa
do seu baixo teor de gordura. Outra opção são as die-
tas Gastro Intestinal Canine e Gastro Intestinal Feline
(Royal Canin) ou Equilíbrio Veterinary Intestinal Cães
e Equilíbrio Veterinary Intestinal Gatos (Total Alimen-
tos), que possuem alta energia e proteína, sem exceder a
•
quantidade de proteína necessária (tabela 14.8). Os pro-
cedimentos de cálculo das necessidades e da quantidade
de alimento (comercial ou caseiro) estão descritos no
apêndice (vide Apêndice "Como prescrever e calcular a
dietâ').
Dieta caseira: se o animal não apresentar episódios
eméticos, deve-se oferecer dieta com reduzido teor de
gordura, em pequenas quantidades, várias vezes ao dia,
NUTROLOGIA 633
MANEJO NUTRICIONAL DA
GASTRITE CRÔNICA
TRATAMENTO
•
Proteínas: devido ao fato de os antígenos dietéticos se-
rem suspeitos de apresentar envolvimento na gastrite
crônica, deve-se evitar o excesso de proteína (cães= 18-
22% e gatos= 24-28%), oferecer dietas de alta digestibi-
lidade proteica (>85%) e formuladas com fonte protei-
ca não usual. As dietas comerciais recomendadas para
o manejo alimentar da hipersensibilidade alimentar são
recomendadas para esta situação.
NUTROLOGIA
635
MANEJO NUTICIONAL DA
HEPATITE CRÔNICA E CIRROSE HEPÁTICA
DESCRIÇÃO: Nesta situação, os animais necessitam in-
gerir quantidade energética diária adequada para a ma-
nutenção da síntese proteica e prevenir a degradação te-
636 CAPÍTULO 14
TRATAMENTO
Adequação nutricional geral: o uso de fontes calóricas
não proteicas é importante para prevenir a mobilização
de aminoácidos como fonte energética. As dietas devem
apresentar alta densidade energética para atender as ne-
cessidades calóricas e para diminuir a quantidade de ali-
mento a ser fornecida.
Proteínas: auxiliar na regeneração hepatocelular através
do fornecimento de quantidade suficiente de nutrientes,
principalmente proteínas, L-carnitina e vitaminas do
complexo B. Quantidade adequada de proteína com alta
digestibilidade favorece a regeneração do parênquima
hepático. Os quadros de cirrose que apresentam encefa-
lopatia hepática são mais difíceis de serem conduzidos,
pois esses animais necessitam de aporte proteico para
manutenção do balanço nitrogenado, porém a ingestão
de proteína pode resultar em encefalopatia hepática. Por
outro lado, o balanço nitrogenado negativo pode resul-
tar em desnutrição e hipoalbuminemia, com piora da
função hepática e estado geral. A manutenção do balan-
ço nitrogenado pode apresentar efeitos positivos sobre
a encefalopatia hepática, pois facilita a regeneração do
fígado. A restrição só deve ser realizada nos casos de en-
cefalopatia hepática (EH) (vide "Manejo nutricional da
encefalopatia hepática" e "Encefalopatia hepáticà', cap. 8.
Gastroenterologia e hepatologia). A restrição de proteí-
nas prescrita de forma incorreta pode induzir ou agravar
o estado de subnutrição, piorar as funções hepáticas de
síntese proteica e resultar em balanços energético e ni-
trogenado negativos. O objetivo é proporcionar ao ani-
mal doente a quantidade máxima de proteína sem exce-
der a tolerância antes das manifestações da EH.
Suplementação de vitaminas: as concentrações anor-
mais de ácidos biliares e o acúmulo de metais pesados,
como cobre e ferro, promovem o aumento da produção
NUTROLOGIA 639
CAPÍTULO 14
642
MANEJO NUTRICIONAL DA
INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA EXÓCRINA (lPE)
DESCRIÇÃO: Caracterizada por deficiência parcial ou
total das enzimas pancreáticas, é uma causa relativamen-
te comum de má digestão em cães, sendo rara em gatos.
Diante disso, pode tornar-se necessária a suplementação
de enzimas pancreáticas exócrinas, junto às refeições
(vide "Insuficiência pancreática exócrinà: cap. 8. Gas-
troenterologia e hepatologia). Pode ocorrer diminuição
da absorção de vitaminas lipossolúveis A, D, E e K. Defi-
ciência de cobalamina (vitamina B12) em cães com IPE
é agravada pelo supercrescimento bacteriano intestinal.
O prognóstico da IPE em cães é bom, se o paciente apre-
sentar boa resposta ao tratamento inicial.
INDICAÇÃO: Animais que apresentam os sinais de perda
de peso, polifagia, má digestão e fezes em quantidades
volumosas.com presença de alimentos pouco ou não di-
geridos. As raças Pastor Alemão, Collie pelo longo, Chow
Chow e Cocker Spaniel Inglês apresentam predisposição
genética ao desenvolvimento desta doença.
TRATAMENTO
Alta digestibilidade: um ponto importante no manejo
nutricional do paciente com IPE é a digestibilidade da
dieta, portanto é fundamental que seja fornecido um
NUTROLOGIA 643
MANEJO NUTICIONAL DA
LIPIDOSE'HEPÁTICA FELINA {LHF)
Composição(% MS) 1
1
Fórmula (% MO)
Proteína bruta 45,00 Arroz cozido 32,00
Carboidrato 27,82 Carne de frango 36,00
Extrato etéreo 23, 12 ! Fígado 8,00
Fibra bruta 1,48 Cenoura 15,00
Matéria minerõl 3,70 ICarbonato de cálcio 0,60
Umidade 53,14 . Levedura de cerveja 1,00
Cálcio
Fósforo
0,80 ISuplem:nto mineral e 0,60
0,50 v1tamm1co
Potássio
Sódio
0,60 I Sal light* 0,20
0,60
0,22 óleo de soja
Magnésio 0,05
I! Energia metabolizável 2,34 kcal/g
MA:NEJO NUTRICIONAL DO
MEGAESÔFAGO
TRATAMENTO
Manejo alimentar: a dieta deve apresentar alta densidade
energética (superior a 3.800 kcal/kg) e teores elevados de
gordura. Esses pacientes geralmente estão debilitados por
causa da ingestão inadequada de alimento e pneumonia
por aspiração. A alimentação deverá ser fornecida na po-
sição bipedal, a qual deve ser mantida pelo menos 20 mi-
nutos após a alimentação. O alimento deve ser oferecido
em pequenas porções, várias vezes ao dia (4-6x dia), na
forma líquida ou pastosa. As dietas apresentadas nas ta-
belas 14.9, 14.11 e 14.15 possuem perfil nutricional ade-
quado para o manejo alimentar e nutricional destes casos.
Tubo alimentar: a alimentação na posição bipedal pode
ser difícil e, em algumas situações, pode não controlar
os episódios de regurgitação. Nestes casos recomenda-se
a colocação de um tubo gástrico (vide Apêndice "Tubos
alimentares))). Esta técnica tem sido utilizada com su-
cesso por longos períodos, demonstrando-se como uma
ótima opção para alguns animais e proprietários. Os pro-
cedimentos de cálculo das necessidades e da quantidade
de alimento (comercial ou caseiro) para alimentação bi-
pedal ou via tubos estão descritos na lista de apêndices
(vide Apêndice "Como prescrever e calcular a dieta").
650 CAPÍTULO 14
Carboidrato
45,00
27,82
I Arroz cozido
Carne de frango
32,0
36,0
Extrato etéreo 23,12 j Fígado 8,0
Fibra bruta 1,48 Cenoura 15,0
Matéria mineral 3,70 I Carbonato de cálcio 0,6
Umidade 53,14 Levedura de cerveja 1,0
Cálcio 0,80 Suplemento mineral e 0,6
Fósforo 0,50 vitamínico
Potássio 0,60 Sal light** 0,2
Sódio 0,22 Óleo de soja 0,6
1
Magnésio 0,05
j Energia metabolizável 2,34kcal/g
OBESIDADE
Cães: NEPP
- 70 x (peso meta) 0•75 kcal/dia
(para atingir peso meta)
(vide Quadro 14.1)
Gatos: NEPP .
. . ) = 85 x (peso meta) 0•4 kcal/d1a
(para atingir peso meta
(vide Quadro 14.2)
NUTROLOGIA 657
APÊNDICES
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
(escore de condição corporal)
DESCRIÇÃO: Para escolher a abordagem nutricional mais ade-
quada e eficaz, é fundamental realizar a avaliação nutricional
sistemática dos pacientes. Com isto é possível identificar não só
os desnutridos, que necessitam de intervenção nutricional ime-
diata, mas também os 1acientes nos quais a terapia nutricional
pode prevenir a desnutriçã@ e a obesidade.
INDICAÇÃO: A identifícaçã(i) dos animais que necessitam de su-
porte nutricional baseia...,,se no histórico (qualidade, adequação
e consumo diário da dieta ,empregada; fármacos: corticosteroi-
des, antibióticos, diuréticos, agentes quimioterápicos), exame
físico e laboratorial. No ,quadro l encontram-se as principais
situações que determinam a necessidade de suporte nutricional
imediato e intensivo.
A determinação do escore de condição corporal (ECC) de-
monstra-se como um método bastante útil na avaliação do esta-
do nutricional, devido a sua simplicidade. A figura 1 demonstra
os pontos que devem ser considerados no momento da avalia-
ção de um cão e ilustra a escala de 9 pontos, a mais empregada
atualmente. A figura 2 ilustra a mesma escala para gatos.
664 CAPÍTULO 14
' '·••,·t.,
Perda moderada de massa
muscular;
/.:.:. '.:,
Subalimentado Ideal Sobrealimentado
·.3 2
Costelas perceptíveis ao
toque sem nenhuma Concavidade do
dificuldade; abdômen visível
quando em
Em vista dorsal a cintura é
observação lateral;
adequada; Costelas perceptíveis
recobertas por delgada
Concavidade do abdomên camada de gordura;
bem visível.
Costelas,
recobertas por
Em vista dorsal, a cintura é
espessa camada
percebida, mas não é de gordura,
marcante; Cintura e são de diflcil
concavidade palpação
Concavidade do abdomên
abdominal
visfvel.
inaparentes;
666 CAPÍTULO 14
As costelas, com
Presença de sutil panículo adiposo cobertura moderada
abdominal.
A cintura não é
facilmente
r \ de gordura, são de
difícil palpação;
identificável; Presença de
Abdômen distendido moderado panículo
A cintura não é facilmente e arredondado;
identificável;
~7~/ adlp= abdomlnal
Abdômen distendido e arredondado;
As costelas, com cobertura mediana
de gordura, são de difícil palpação; Subalimentado Ideal Sobrealimentado
Presença de mediano panículo
adiposo abdominal.
2 3 4 r~ .~'::.Ji:ri j;kg::~z:.·.- f:;;@mmmj füt]
Subalimentado Ideal Sobrealimentado
2 3 4 :;L~dl;,/.ç;:';~1
·~fi·:.
As costelas, com cobertura mediana gordura presente
de gordura, são de difícil palpação; na face, membros
Presença de mediano panículo e na região lombar.
adiposo abdominal.
As costelas, com
, · · cobertura densa de
O abdômen é expandido
gordura, não são
e não existe cintura.
perceptíveis ao toque,
As costelas, com cobertura densa de Amplos depósitos
gordura, não são perceptíveis ao toque; abdominais de gordura.
Grossa cam.ada de gordura presente na
face, membros e na região lombar.
O abdômen é expandido e não existe
cintura. Subalimentado Ideal Sobrealimentado
Amplos depósitos abdominais de 2 3
4 .········~···.. M\'6)\,ii:fü:i@üj;füifíjl[[~._}j .
gordura.
Peso (kg) 1
NEM i Peso (kg) : NEM NEM
95,0 21 931,9 41 1539,3
2 159,8 22 965,0 42 1567,3
3 216,6 23 997,7 43 1595,2
4 268,7 24 1030,1 44 1623,0
5 317,7 25 1062,1 45 1650,6
6 364,2 26 1093,8 46 1678,0
7 408,8 27 1125,2 47 1705,3
8 451,9 28 1156,4 48 1732,4
9 493,6 29 1187,2 49 1759,4
10 534,2 30 1217,8 50 1786,3
11 573,8 31 1248, 1 51 1813,0
12 1 612,5 32 1278,2 52 1839,6
13 650,4 33 1308,0 53 1866,1
14 687,6 34 1337,6 54 1892,4
15 724,1 35 1367,0 55 1918,6
16 760,0 36 1396,2 56 1944,8
17 795,4 37 1425,2 57 1970,7
18 830,2 38 1454,0 58 1996,6
19 864,5 39 1482,6 59 2022,4
20 898,5 40 lSJ 1;0 60 2048,0
NUTROLOGIA 669
Gatos: NEM (kcal por dia)= 100 x (peso corporal, em kg) 0 ,67
(vide Quadro 3)
DIETAS CASEIRAS
DESCRIÇÃO: Em alguns casos podem apresentar custo inferior
aos alimentos industrializados e, às vezes, melhor palatabilida-
de (principalmente cães acostumados à dieta caseira).
INDICAÇÃO: O estabelecimento de uma dieta caseira, no en-
tanto, é mais complexo do que o uso de um alimento industria-
lizado. Deve-se sempre conversar e instruir adequadamente o
proprietário para que este esteja consciente da necessidade de
manter o mais próximo possível a receita original prescrita para
o animal. É sempre importante que exista o conhecimento da
energia metabolizável (EM) do alimento.
Modo de preparo: se possível, cozinhar o arroz, as carnes, o
fígado e a cenoura separadamente. A formulação foi feita con-
siderando o ingrediente cozido. Como alternativa, pode-se
refogar as carnes, o fígado e os legumes juntos e misturá-los
posteriormente ao arroz, que foi preparado em separado. Sal e
óleo podem ser incorporados durante o preparo do alimento,
as quantidades indicadas de sal podem ser empregadas como
um guia e alteradas de acordo com a necessidade de preparo
da dieta. O fígado e a levedura de cerveja entram como fontes
naturais de vitaminas e minerais. O fígado pode ser oferecido,
alternativamente, em dias intercalados. Por exemplo, em vez de
se incluir fígado e carne ao mesmo tempo, pode-se empregar
apenas fígado duas vezes por semana e apenas as carnes nos
demais dias.
Pesar cada ingrediente na quantidade calculada para a fórmula
após o cozimento. A levedura de cerveja e os minerais (fosfato
bicálcio, carbonato de cálcio e suplemento vitamínico e mine-
ral) não devem ser cozidos, e sua pesagem deve ser realizada
em balança de precisão ou farmácia de manipulação. Devem
ser adicionados após o alimento esfriar. Misturar todos os in-
672 CAPÍTULO 14
FLUIDOTERAPIA MICROENTERAL
DESCRIÇÃO: A tluidoterapia microenteral consiste na adminis-
tração de pequenas quantidades de água, eletrólitos e nutrientes
facilmente absorvíveis (glicose, aminoácidos e pequenos peptí-
deos) por via digestiva, em bolus ou infusão constante através
de sondas (vide Apêndice "Tubos alimentares"). O intuito desta
prática é manter o trato gastrointestinal funcional e compensar
os possíveis efeitos deletérios do não uso desta via.
INDICAÇÃO: A fluidoterapia microenteral deve ser empregada
como terapia nutricional auxiliar, a ser utilizada em pacientes
que não toleram maiores quantidades de alimento. O objetivo
principal é fornecer nutrientes às células que compõem a bar-
reira intestinal sem estimular o reflexo de vômito. Esta deve ser
associada à nutrição parenteral para que pelo menos parte das
necessidades nutricionais do paciente seja atendida.
PROTOCOLO: A solução pode apresentar diversas composições:
1. Opção: glicose (5-25%) enriquecida com um quarto de so-
lução de Ringer lactato (250 mL), adicionada de soluções co-
merciais de polímeros e peptídeos, as mesmas utilizadas para
nutrição parenteral (vide Apêndice ((Nutrição parenteral").
2. Opção: utilizar 20 mL de Glicopan Energy® em 480 mL de
Ringer lactato ou 80 mL Glicopan Pet® em 420 mL de Ringer
lactato. Outras opções comercias que podem ser empregadas
são Nutralife®, Nutrifull Pet® e Energy Pet®.
Administração: a solução deve ser administrada em pequenos
volumes e em intervalos ou infusão constante (preferencial-
mente). Inicia-se com 0,05 mL/kg/hora e, se o paciente apre-
sentar boa tolerância, o volume pode ser aumentado para 1 a 2
mL/kg/hora por 24-48 horas. Se não ocorrer nenhum sinal de
intolerância, pode-se transferir para a nutrição enteral.
NUTROLOGIA 673
NUTRIÇÃO ENTERAL
DESCRIÇÃO: A nutrição enteral constitui a via preferencial de su-
porte nutricional em pacientes críticos, mas com o trato gastroin-
testinal funcional. A nutrição enteral é preferível a parenteral por
ser mais próxima do fisiológico, uma via natural e mais segura de
administrar nutrientes, além de garantir o aporte de nutrientes
no lúmem intestinal, o que previne a translocação bacteriana. Os
tubos mais utilizados são nasoesofágico, esofágico e gástrico.
INDICAÇÃO: Utilizada em pacientes com ingestão alimentar
inadequada há 3 dias, animais caquéticos, que apresentem hi-
poalbuminemia e/ ou com perda de peso superior a 10% num
curto período de tempo. Pacientes caninos e felinos submetidos
a qualquer tipo de estresse ou portadores de alguma enfermida-
de que apresente quadro de anorexia, sem comprometimento
do trato gastrointestinal.
Dieta: devem ser administradas somente dietas líquidas'~ pois os
tubos possuem calibre pequeno e são facilmente obstruídos, o
que dificulta o suprimento proteico-energético.
1. Determinar a necessidade energética basal ou em repouso
(NER) de cães e gatos (Quadro 5):
Cães e gatos NER* = 70 x (peso meta) 0 •75 kcal/dia
*necessidade energética basal (de repouso)
Quadro S - Exemplos de cálculo da necessidade energética de repou-
so (NER) em relação ao peso de cães e gatos.
1 '
Peso (kg) NER , Peso (kg) ' NER , Peso (kg) , NER
1 70,0 16 560,0 31 919,6
2 117,7 17 586,1 32 941,8
3 159,6 18 611,7 33 963,8
4 198,0 19 637,0 34 985,6
5 234,1 20 562,0 35 1007,3
6 268,4 21 686,7 36 1028,8
7 301,2 22 711, 1 37 1050, 1
8 333,0 23 735,2 38 1071,4
9 363,7 24 759,0 39 1092,4
10 393,6 25 782,6 40 1113,4
11 422,8 26 806,0 41 1134,2
12 451,3 27 829,1 42 1154,9
13 479,2 28 852,1 43 1175,4
14 .506,6 29 .874,8 44 1195,9
15 533,5 30 897,3 45 1216,2
674 CAPÍTULO 14
Modo de uso
• Bater em liquidificador, permanecendo em geladeira até o
momento de uso.
• Dividir o alimento em 6 refeições ao dia. Administrar o ali-
mento em temperatura ambiente.
• Injetar água potável para limpar a sonda de resíduos alimen-
tares após seu uso (vide item 8).
NUTROLOGIA 675
TUBOS ALIMENTARES
DESCRIÇÃO: Os objetivos do suporte nutricional incluem su-
prir as necessidades nutricionais do paciente, prevenir ou corri-
gir deficiências nutricionais, minimizar alterações metabólicas
e prevenir o catabolismo do tecido muscular. Desta forma, o
suporte nutricional, como fator independente, influencia o
prognóstico e deve ser considerado como parte integral do tra-
tamento do paciente.
INDICAÇÃO: O uso de tubos de alimentação é o método ideal
de suporte nutricional em animais que apresentam o trato gas-
trointestinal funcional.
Esofagostomia: apresenta as vantagens de ser rápida, pouco in-
vasiva e permite a colocação de tubos de maior calibre, o que
facilita a administração de dietas com perfil nutricional mais
próximo ao que o animal está adaptado a se alimentar.
Sonda nasoesofágica: indicada para pacientes que possuem
prognóstico de voltar a se alimentar em até uma semana e que
estejam conscientes.
Sonda esofágica: indicada para pacientes com prognóstico de
voltar a se alimentar em período superior a 7-1 Odias. Devido ao
maior diâmetro da sonda podem ser administradas dietas com
NUTROLOG~A 679
BIBLIOGRAFIA
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BRUNETTO, M.A.; TESHIMA, E.; NOGUEIRA, S.P. et al. Manejo
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n.2, p.s233-s235, 2007.
680 CAPÍTULO 14
683
684 CAPÍTULO 15
CATARATA
DESCRIÇÃO: Desorganização das fibras lenticulares que
culmina em perda da transparência. Uveíte anterior é
concomitante observada, visto que o placódio do crista-
lino se forma anteriormente ao trato uveal. É de ordem
genética e comumente se desenvolve em idade avançada,
mas pode se manifestar precocemente. Pode ser secundá-
ria à inflamação. Gatos raramente desenvolvem a afecção,
quando o fazem, as opacidades são focalizadas e sutis.
686 CAPÍTULO 15
CATARATA DIABÉTICA
CONJUNTIVITE FOLICULAR
DESCRIÇÃO: Hiperplasia de folículos linfáticos da con-
juntiva. Pode estar relacionado à atopia, mas geralmente
se manifesta como reação imunomediada local em algu-
mas épocas do ano. Acomete cães e gatos. Oftalmorreia
( secreção ocular) em graus variados. Geralmente não é
pruriginosa e a conjuntiva pode não estar hiperêmica.
Os folículos podem se localizar na conjuntiva palpebral
e bulhar e na face anterior da terceira pálpebra.
DIAGNÓSTICO: Observação de folículos que podem
não ser evidentes até o examinador levantar a terceira
pálpebra com auxílio de uma pinça.
TRATAMENTO
Antissepssia da superfície ocular com PVPI diluído (1:50).
Colírio anestésico: instila-se uma gota de colírio anes-
tésico (Anestalcon® ou Anestésico®), acrescido de uma
gota de colírio de fenilefrina a 10% ® ou % de ampola de
epinefrina diluída em 3 mL de solução salina a 0,9%,
692 CAPÍTULO 15
CONJUNTIVITE NEONATAL
Vide "Conjuntivite neonatal': cap. 12. Neonatologia.
DEGENERAÇÃO CORNEAL
DESCRIÇÃO: Alterações secundárias, caracterizadas pelo
acúmulo de lipídeos e/ou cálcio. Ela não possui caráter
hereditário e relaciona-se com hiperlipoproteinemia en-
sejada ou não pelo diabetes mellitus, hipotireoidismo ou
hiperadrenocorticismo (vide cap. 6. Endocrinologia). As
lesões são de coloração esbranquiçada densa ou modera-
da, com bordas demarcadas e há sempre vascularização
corneal. Podem ser uni ou bilaterais e, frequentemente,
ocorrem geralmente na periferia da córnea (região mais
quente).
DIAGNÓST~CO: Sinais clínicos oftálmicos. Histopato-
logia revela epitélio corneal com espessura variável, po-
dendo apresentar um excedente de camadas celulares em
algumas áreas, bem como ausência delas em outras. No
estroma, observam-se grânulos de depósito de cálcio e,
em sua porção anterior, podem estar presentes fendas
de colesterol (vacúolos) e fibroblastos necróticos. Nem
todos os animais cursam com hiperlipoproteineamia no
momento do diagnóstico oftálmico.
OFTALMOLOGIA 693
TRATAMENTO
Ceratectomia superficial: nos casos de degeneração
progressiva e perda da qualidade da visão, a ceratectomia
superficial pode ser efetiva.
Naqueles em que houver calcificação corneal, prepara-
ções tópicas de EDTA dissódico (0,35-1,38%) logram
resultados satisfatórios, em substituição ou como com-
plementar às ceratotomias.
Dieta: as dietas restritivas de colesterol parecem não re-
duzir a afecção. Entretanto, suplementação dietética com
oligofrutossacarídeos de cadeia curta podem reduzir a
severidade dos sinais de forma variável.
Prognóstico: bom na maior parte dos casos, visto que as
degenerações tendem a se formar na região mais quente
da córnea (periferia).
DISTIQUÍASE
DESCRIÇÃO: Cílios emergindo a partir de orifícios das
glândulas de meibômio no tarso palpebral. Shih-Tzu,
Lhasa Apso, Cocker Spaniel e Bulldog Inglês são raças
predispostas. Em felinos a ocorrência é menos comum.
Hiperemia conjuntiva! e sinais de descompensação cor-
neal são comumente observados de forma concomitan-
te. Ceratoconjuntivite seca e úlcera de córnea superficial
podem se originar como complicações.
DIAGNÓSTICO: Vizibilização do(s) cílio(s) emergindo
do(s) tarso(s) palpebral(is) por magnificação.
TRATAMENTO
Intervenção cirúrgica: ressecção em bloco de porção do
tarso palpebral acometido. O pós-operatório consiste da
aplicação tópica de AINEs e antibióticos, assim como de
anti-inflamatórios sistêmicos (vide "Protusão da glându-
la da terceira pálpebrà'). Salienta-se que distúrbio quali-
694 CAPÍTULO 15
DISTROFIAS CORNEAIS
ECTRÓPIO
ENTRÓPIO
EP:ISCLERIT:ElESCLERITE
DESCRIÇÃO: Episclerite é condição benigna, autolimi-
tante, em que há a inflamação do tecido episcleral super-
ficial. A esclerite é doença grave, progressiva de caráter
imunomediado, com inflamação dos tecidos episcleral
superficial, profundo e da esclera. Massas de coloração
rósea, cruentas ou elevadas, que crescem a pa,rtir do lim-
bo e provocam ingurgitamento de vasos episclerais são
observadas. Pode ser primária ou secundária a doenças
intra ou extraoculares e a infecção por Erlichia canis.
DIAGNÓSTICO: Baseia-se na constatação dos sinais clí-
nicos, na histopatologia (reação do tipo granulomato-
sa com o predomínio de macrófagos, linfócitos, alguns
plasmócitos, vasculite e graus variáveis de degeneração
do colágeno e afinamento escleral). Pela imunoistoquí-
mica não há diferença no quantitativo de células marca-
das para CD18 (histiócitos), CD79a (linfócitos B) e CD3
(linfócitos T). Deve-se proceder ao diagnóstico diferen-
cial de neoplasia.
TRATAMENTO
Corticoides tópicos 4-6 vezes/dia tendem a controlar a
maioria dos casos (vide "Uveíte").
Imunossupressores tópicos: casos refratários podem
ser associados à ciclosporina a 0,2% ou ao tacrolimus a
0,03%, TID (manipulados pela Ophthalmos®).
Intervenção cirúrgica: casos recidivantes e irresponsí-
vos ao tratamento clínico são candidatos à enucleação.
Prognóstico: nos casos em que a porcentagem de célu-
las positivas para o anticorpo CD79a for extrema, geral-
mente exige tratamento mais prolongado. A maioria dos
casos que apresentam resolução e remissão com o trata-
mento são unilaterais.
OFTALMOLOGIA 697
EPISCLERITE/ESCLERITE
DESCRIÇÃO: Episclerite é condição benigna, autolimi-
tante, em que há a inflamação do tecido episcleral super-
ficial. A esclerite é doença grave, progressiva de caráter
imunomediado, com inflamação dos tecidos episcleral
superficial, profundo e da esclera. Massas de coloração
rósea, cruentas ou elevadas, que crescem a partir
, do lim-
bo e provocam ingurgitamento de vasos episclerais são
observadas. Pode ser primária ou secundária a doenças
intra ou extraoculares e a infecção por Erlichia canis.
ESCLEROSE LENTICULAR
DESCRIÇÃO: Opacidade devido à compactação do nú-
cleo da lente (cristalino) pela proliferação de células epi-
teliais da cápsula anterior. Doença senil que se manifesta
na maior parte dos cães e dos gatos com idade superior
aos 7 anos.
DIAGNÓSTICO: Firmado pela constatação de opacidade
axial ao se incidir feixe luminoso após dilatação pupilar
farmacológica. Observa-se a formação de um halo na
região central da pupila e o feixe de luz é refletido pelo
Tapetum lucidum em todos os casos. Pela biomicrosco-
pia, observa-se a formação de fendas na região anterior
e posterior do núcleo do cristalino; quanto maior o grau
de esclerose, maior o número de fendas visíveis no nú-
cleo do cristalino.
TRATAMENTO: Desnecessário, uma vez que não inter-
fere na visão.
O uso tópico de N-acetilcarnosina a 2% TID (Ocluvet®-
Practivet, USA) foi capaz de reduzir significativamente o
grau de opacidade lenticular em cães com esclerose lenti-
cular. A medicação não se encontra disponível no Brasil.
Prognóstico: bom para visão em todos os casos em que
não houver formação de catarata.
EVERÇÃO DA CARTILAGEM DA
TERCEIRA PÁLPEBRA
DESCRIÇÃO: A membrana nictitante (terceira pálpebra)
se dobra expondo sua face bulhar e parte de sua glân-
dula. Ocorre por provável crescimento desordenado en-
tre a face anterior e a posterior da membrana nictitante.
Acomete cães de grande porte, mas pode ser observada
em cães de pequeno porte e em felinos. Geralmente vem
acompanhada pela protrusão da glândula da terceira pál-
OFTALMOLOGIA 699
FLÔRIDA SPOTS ou
CERATOPATIA DA FLÓRIDA
1
Vide "Distrofias corneais :
GLAUCOMA PRIMÁRIO
DESCRIÇÃO: Grupo de doenças que acometem o ân-
gulo iridocorneal, podendo esse estar aberto ou fecha-
do. Ocorre goniodisgenesia e displasia dos ligamentos
pectíneos, ensejando elevação da pressão intraocular e
degeneração retiniana progressiva com escavação do
disco óptico e cegueira. Geralmente se desenvolve em
cães adultos jovens, mas pode se desenvolver em filhotes
(congênito); em gatos é raro. Infiltração de melanócitos
no ângulo iridocorneal pode ser responsável pelo desen-
volvimento da doença em algumas raças.
DIAGNÓSTICO: Na fase aguda, observa-se edema cor-
neal, midríase, injeção episcleral, pressão intraocular
(PIO) acima de 25 mmHg e dor, que pode passardes-
percebida pelo proprietário. Na fase crônica, mantêm-se
a injeção episcleràl e a dor, ocorre buftalmia, fraturas na
membrana de Descemet, "estrias de Haab': luxação da
700 CAPÍTULO 15
GLAUCOMA SECUNDÁRIO
TRATAMENTO
Instituir tratamento da causa base, em casos de uveíte
secundária a agentes infecciosos, aliado ao tratamento
de uveíte anterior e glaucoma (vide "Uveíte anterior" e
"Glaucoma primário").
Enucleação deve ser realizada em casos de formações
neoplásicas que cursem com glaucoma.
Glaucomas secundários geralmente não respondem a te-
rapia de ciclofotocoagulação ou aquelas que aumentam a
drenagem (gonioimplante). Pois o conteúdo inflamató-
rio tende a obstruir a ponta do gonioimplante.
Ablação química do corpo ciliar pode ser utilizada nos
casos em que não houver neoplasia intraocular (vide
"Glaucoma primário").
LACERAÇÃO PALPEBRAL
LÁGRIMA DE MÁ QUALIDADE
DESCRIÇÃO: Distúrbio na secreção de lipídeos (produ-
zido por glândulas de meibômio) e mucina (produzida
por células caliciformes), facilitando a evaporação e a não
aderência da lágrima na superfície corneal. Frequente
em cães e gatos com meibonite, protrusão da glândula da
terceira pálpebra, distiquíase, entrópio e ectrópio. Porta-
dores de diabetes, atopia, felinos acometidos por herpes
vírus do tipo 1 e cães com cinomose são candidatos.
DIAGNÓSTICO: TLS é normal (acima de 15 mm/minuto
em cães e 7 mm/minuto em gatos) com tempo de rup-
tura do filme lacrimal reduzido (menor que 13 segundos
em cães e 12 segundos em gatos), associado aos sinais
clínicos (hiperemia conjuntiva} e oftalmorreia variável).
Densidades de células caliciformes reduzidas em bióp-
sias de conjuntiva bulhar coradas pelo PAS diagnosticam
deficiência de mucina. Meibometria e quantificação de
lipídeos lacrimais são promissores no diagnóstico espe-
cífico de deficiência na secreção de lipídeos.
704 CAPÍTULO 15
Espirros +++ + +
•
Descarga nasal +++ ++ +
.
Úlceras orais - +++ .....
Pitialismo + +++ ±
Descarga ocular +++ + ++
Conjuntivite +++ - +++
Ceratite ulcerativa +++ - -
OFTALMOLOGIA 705
OBSTRUÇÃO DO DUCTO·NASOLACRIMAL
DESCRIÇÃO: Obstrução que ocorre nas vias de drena-
gem do filme lacrimal. Entrópio de canto nasal, estenose
pós-inflamatória, tortuosidade anatômica do dueto em
706 CAPÍTULO 15
PROPTOSE TRAUMÁTICA DO
BULBO DO OLHO
DESCRIÇÃO: Protrusão do bulbo do olho com encar-
ceramento palpebral, que ocorre por ruptura de alguns
músculos extraoculares e retrobulbares. Traumas e bri-
gas são as principais causas. Raças braquiocefálicas são
predispostas. Geralmente a conjuntiva está hemorrágica
e a pupila irresponsiva à luz. Adjunto, pode-se observar
laceração da esclera, úlcera de córnea e sinais de uveíte
(vide "úlcera de córnea superficial" e «uveíte anterior").
DIAGNÓSTICO: Sinais clínicos aliados ao histórico de
traumatismo.
TRATAMENTO
Caráter emergencial para o olho, mas pode ser retarda-
do devido a existência de complicações concomitantes
(pneumotórax, contusão pulmonar e hérnia diafragmá-
tica). Nesses casos a proptose pode ser manejada em ad-
junto as demais afecções.
708 CAPÍTULO 15
PROTRUSÃO DA GLÂNDULA DA
TERCEIRA PÁLPEBRA.
DESCRIÇÃO: Condição que se caracteriza pela protru-
são e exposição da glândula lacrimal da terceira pálpe-
bra. Acredita-se que a afecção ocorra devido à perda da
força tênsil çxistente entre o retináculo do tecido con-
juntivo periglandular e o periósteo periorbital. Acomete
cães com menos de 1 ano, existindo predisposição para
Beagles, Cocker Spaniel Americano e Inglês, Boston Ter-
riers, Pugs, Bulldog Inglês e Francês, Bloodhounds, Di-
namarquêses e gatos Persas.
DIAGNÓSTICO: Por inspeção direta, observa-se a glân-
dula protraída. O teste da lágrima de Schirmer e o tempo
OFTALMOLOGIA 709
SEQUESTRO CORNEAL
DESCRIÇÃO: Doença degenerativa do colágeno es-
tromal com acúmulo de pigmento; ferro e melanina já
foram identificados nas lesões. Os felinos são a espécie
acometida, mas há um relato em equino e em um cani-
710 CAPÍTULO 15
SUBLUXAÇÃO/LUXAÇÃO DA LENTE
DESCRIÇÃO: Subluxação é o estágio precoce da luxação.
Nela ocorre ruptura ou degeneração parcial das zônu-
las ou ligamentos da lente. Na luxação, ocorre ruptura
OFTALMOLOGIA 711
TRATAMENTO
Emergencial em luxações anteriores superagudas e na-
quelas que se instalaram em poucos dias.
Procede-se tratamento hipotensor local com análogos
das prostaglandinas (Xalatan®, Travatan® ou Lumigan®),
seguido da instilação de AINEs tópicos diclofenaco
(Still®) ou cetorolaco a 0,5% (Acular®), por uma hora an-
tes da realização da cirurgia para provocar miose e evitar
que a lente volte para o vítreo.
Intervenção cirúrgica: a lente luxada anteriormente,
que representa risco de glaucoma secundário, pode ser
empurrada ao corpo vítreo, mediante anestesia geral. O
procedimento é bem-sucedido em 85% dos casos, quan-
do não houver sinéquia e expansão vítrea, com resulta-
dos similares a extração intracapsular.
No pós-operatório, os mesmos medicamentos podem
ser utilizados (análogos das prostaglandinas), SID e
AINEs ou corticoides 5-6x/dia, até a resolução da uveíte
(vide c'Uveíte").
712 CAPÍTULO 15
TRIQUÍASE
TRATAMENTO
Intervenção cirúrgica: técnica de Stades.
Pós-operatório similar ao entrópio (vide "Entrópid').
Prognóstico: bom quando manejado corretamente.
UVEÍTE ANTERIOR
APÊNDICES
ELETRORRETINOGRAFIA EM FLASH
DESCRIÇÃO: O exame avalia apenas os potenciais elétricos pro-
duzidos por cones (células retinianas responsáveis pela visão
diurna) e bastonetes (células retinianas responsáveis pela visão
noturna). Três eletrodos são conectados no animal, um deles
serve para atenuação de ruídos e é inserido na crista do osso
occipital (eletrodo terra). O segundo é inserido a 5 cm do canto
lateral do olho, acima do arco zigomático (eletrodo referência) e
um terceiro, consiste de uma lente de contato que é preenchida
com solução de metilcelulose e acoplada na córnea (eletrodo
córnea). Estímulos luminosos são disparados por uma cúpula e
os valores captados e amplificados por aparelho específico (ele-
trorretinógrafo). As alterações nos potenciais elétricos se ex-
pressam, primeiramente, por deflexão negativa (onda a), gera-
da nos fotorreceptores (cones e bastonetes), seguida de deflexão
positiva (onda b), gerada nas células de Müller. Protocolos com
o animal adaptado ao escuro por 20 minutos e flash de baixa
intensidade (1O microcandelas) avaliam bastonetes. Ainda em
ambiente escuro,flash padrão (intensidade de 3 candeias) é dis-
parado e avalia a resposta mista de cones e de bastonetes. A re-
tina é adaptada ao claro por 1O minutos, os cones são avaliados
com flash padrão em diferentes frequências.
INDICAÇÃO: Retinopatias degenerativas de origem em cones
ou bastonetes, que se manifestem de caráter agudo ou crônico e
no pré-operatório de cirurgia de catarata.
COMPLICAÇÕES: Relativamente ao olho e seus anexos, o exa-
me é isento de complicações, além de ser indolor. Entretanto,
deve-se considerar o estado geral do paciente antes de sua rea-
722 CAPÍTULO 15
BIBLIOGRAFIA
ALLGOEWER, I.; HOECHT, S. Radiotherapy for canine chronic su-
perficial keratitis using soft X-rays (15 kV). Veterinary Ophthalmo-
logy, v.13, n.1 1 p.20-25, 2010.
ALLGOEWER, I.; McLELLAN, G.J.; AGARWAL, S. A keratoprosthe-
sis prototype for the dog. Veterinary Ophthalmology, v.13, n.l, p.47-
52, 2010.
BREAUX, C.B.; SANDMEYER, L.S.; GRAHN, B.H. Immunohisto-
chemical investigation of canine episclerites. Veterinary Ophthalmo-
logy, v.10, n.3, p.168-172, 2007.
BRUNELLI, A.T.J.; VICENTI, F.A.M.; ORIÁ, A.P.; CAMPOS, C.F.;
DÓREA-NETO, F.A.; LAUS, J.L. Excision of sclerocorneal limbus in
dogs and resulting clinicai events. Study of an experiD1ental model.
OFTALMOLOGIA 723
727
728 CAPÍTULO 16
CARCINOMA ESPINOCELULAR
DESCRIÇÃO: É uma neoplasia cutânea maligna prove-
niente dos .queratinócitos localizados na camada espi-
nhosa da epiderme. Geralmente é induzido pela exposi-
ção solar e as lesões localizam-se com maior frequência
no plano nasal, pálpebras, orelhas e lábios. Estes tumores
se desenvolvem, preferencialmente, em áreas de pele com
pouca pigmentação e desprovidas de cobertura pilosa.
Normalmente, quando estas lesões estão localizadas na
pele, são pouco metastáticas, diferente dos tumores loca-
lizados no interior da cavidade oral.
ONCOLOGIA 729
TRATAMENTO
Retirar o paciente do sol (vide também "Dermatite actí-
nica': cap. 3. Dermatologia).
Ressecção cirúrgica sempre que for possível.
A criocirurgia também pode ser indicada, principal-
mente para o tratamento das lesões localizadas em
cabeça.
Quimioterapia intralesional: carboplatina 1,5 mg/cm3,
a cada 7 dias, ou bleomicina 1 UI/cm3, a cada 7 dias, até a
remissão completa das lesões. Neste contexto vale ressal-
tar que os melhores resultados são alcançados utilizando
a eletroquimioterapia.
Quimioterapia sistêmica: carboplatina 250-300 mg/m2 ,
IV, a cada 21 dias, num total de 4-6 sessões, ou doxorru-
bicina 30 mg/m2, IV (cães >10 kg) ou 1 mg/kg, IV (gatos
ou cães <10 kg) associada a bleomicina 0,3-0,5 UI/kg,
se, conforme tabela 16.1.
Tabela 16.1 - Sugestão de esquema quimioterápico para carcino-
ma espinocelular.
Dia i1
Doxorrubicina Bleomicina
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222 j Reiniciar o ciclo, num total de 3 a 5 vezes
730 CAPÍTULO 16
CARCINOMA INFLAMATÓRIO
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HEMANGIOSSARCOMA (HSA)
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22º , Repetir todo ciclo, num total de 6 vezes
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222 Repetir todo ciclo, num total de 6 vezes
INSULINOMA
DESCRIÇÃO: Tumor funcional das células Bpancreáti-
cas, cuja característica é a excessiva secreção insulínica,
independente de efeitos supressores. Aproximadamente
40% dos casos são metastáticos para fígado, duodeno,
jejuno, linfonodos mesentéricos, omento e baço. Os si-
nais clínicos são cíclicos, nos quais se pode observar a
ocorrência de convulsões, fraqueza, colapso, fascicula-
ção muscular, letargia, depressão e ataxia.
DIAGNÓSTICO: Os exames de rotina normalmente es-
tão dentro dos parâmetros normais, entretanto, anemia,
leucocitose neutrofílica, aumento da atividade da ALT e
da fosfatase alcalina e hipoproteinemia podem ser obser-
vados. A constatação de hiperinsulinemia concomitante
a hipoglicemia (mesma amostra) sugere o diagnóstico.
Mas, de modo geral, o diagnóstico é firmado por meio
de laparotomia exploratória e exame histopatológico.
A tomografia computadorizada ou a ressonância mag-
nética são úteis na identificação de lesões pequenas. A
734 CAPÍTULO 16
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23º em Prednisona
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738 CAPÍTULO 16
LINFOMAS EM CÃES
DESCRIÇÃO: São neoplasias caracterizadas pela prolife-
ração clonal de linfócitos malignos. É a principal neo-
plasia hematopoiética e corresponde a cerca de 24% de
todas os tumores que acometem os cães. Originam-se
principalmente de órgãos linfoides como medula óssea,
timo, baço, fígado e linfonodos. Contudo, podem apre-
sentar diferentes localizações anatômicas (multicêntrico,
mediastinal ou tímico, alimentar, cutâneo e extranodal).
Os sinais clínicos de animais com linfoma dependem de
sua localização.
DIAGNÓSTICO: O plano diagnóstico deve incluir o exa-
me citológico e o histopatológico, sempre que possível, do
IV
1I Aumento generalizado de linfonodos
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Envolvimento do fígado e/ou baço, com ou sém
estádios 1, li ou Ili
Envolvimento do sangue, medula óssea, com ou
V
sem estádios I, li, Ili ou IV
I
Subestádios Parâmetros
a Paciente sem sinais sistêmicos (assintomático)
b Paciente com sinais sistêmicos
*Adaptado de Daleck, De Nardi e Rodasky (2009).
ONCOLOGIA 741
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Tabela 16.8- Protocolo quimioterápico de Madison-Wisconsin utilizado no tratamento do linfoma canino. o
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*2 mg/kg, VO, SID na primeira semana; 1,5 mg/kg na segunda; 1 mg/kg na terceira; 0,5 mg/kg na quarta semana.
**Caso apresente remissão completa, substituir ciclofosfamida por clorambucil, na dose de 1,4 mg/m 2, IV, na 13i! e 21 il semana.
744 CAPÍTULO 16
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22ª X X X
LINFOMAS EM GATOS
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*Se o paciente estiver em remissão completa na nona semana, o tratamento deve ser continuado até a 1 P· semana. Se a remissão completa for observada
apenas na 25ª semana, o tratamento pode ser interrompido e o paciente deve ser reavaliado mensalmente.
**Administrar na dose de 2 mg/kg, diariamente na primeira e segunda semana; 1 mg/kg na terceira semana e a cada 24 horas a partir da quarta semana.
***Administrar na 13ª e 21 ª semana somente se não tiver alcançado remissão completa. '-l
~
No caso de linfoma renal ou em SNC, substituir por cita rabi na a partir da sétima semana, na dose de 600 mg/m2, se, que deve ser dividida em quatro '-l
administrações, a cada 12 horas.
Tabela 16.11 - Protocolo CHOP para tratamento de !infama felino. ~
~
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1
1 ~~~~~~~~~~~~~~~~
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X
3ª __!•
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1• 1 rng/kg
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4ª ! J l l mg/kg* 1 1 X
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6A I X I i '
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7ª ! l l • X i
82 ; X I f ~------~~;---~--~----
···--------------------------}--- . i
92 ! f ! ! j X
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1P i X l 1 _ i I
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13ª 1 1 l X I
15ª 1 X 1 1 1
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17ª ! l ' i X
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23ª
25ª
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e
*Administrar na dose de 2 mg/kg, SID, na primeira e segunda semana; e 1 mg/kg na terceira e quarta semana, a partir da quarta semana administrar 1 mg/kg, VO, DA.
**Se o paciente estiver em remissão completa na 9ª semana, o tratamento deve ser continuado até a 11 ª semana. Se a remissão completa for observada apenas na 5
""'"
25ª semana, o tratamento pode ser interrompido e o paciente deve ser reavaliado mensalmente.
°'
ONCOLOGIA 749
Prednisona
Semana de Ciclofosfamida Vincristina
. . t -
a d mm1s raçao
2 mg/kg, VO,
SID
300 mg/m2, IV 0,75 mg/m 2, IV
Indução
X X X
·--··-·-..·-·--·---·-..-·-·--..-·--"-1 ,_,__. _.._ ..._.•..,---·----· ·-..-·-·-·-··-·-·--·-··-..·-..----·-.. ..- -·--·---..·-·-..·-·-- ·-··"-·--"··-···-"""'
. . . --·--··-..· ----~~---·--..-·--..·-· ·-· !. .-·-·-· ·-.-·-·-~·-·-·--·-·-· · '·-·-·-·--..·-· ·-·-·-.. . . _,,_, ,__, _, ___.,_. J-...-.. . . ,. . . . . . . . _,_,____, _. _,______,_
3ª X X I X
MASTOCITOMAS
DESCRIÇÃO: São neoplasias oriundas da transformação
maligna de mastócitos. Podem apresentar-se nas formas
cutânea e extracutânea, e representam o segundo tu-
mor mais comum em cães. Apresentam características
clínicas extremamente variadas, e comportamento que
pode variar de pouco agressivo a extremamente malig-
no. Além da pele, esta neoplasia também pode ocorrer
em conjuntiva, glândula salivar, nasofaringe, laringe, ca-
vidade oral, trato gastrointestinal e coluna. A ocorrência
de vômitos, hematêmese, melena e hematoquesia pode
750 CAPÍTULO 16
1ª X 1 mg/kg
-·--·-------·-·-..-------·-
2ª X , mg/kg
----·-·---------~~-··---- ---·------·----..--·-- ·------·--·-·--·..~--·-·-
3ª- X
4ª- X
Sª
X
7ª
0,5 mg/kg
8ª- X
MELANOMA
MESOTELIOMA
MIELOMA MÚLTIPLO
NEOPLASIAS PROSTÁTICAS
DESCRIÇÃO: São relativamente incomuns compreen-
dendo cerca de 0,2-0,6% dos tumores que acometem o
cão, destas o adenocarcinoma é o mais frequente. Geral-
mente é diagnosticado em cães mais idosos, tanto cas-
trados como inteiros. A presença de disúria e hematúria
pode ocorrer em virtude do desenvolvimento deste tu-
mor. Sinais gastrointestinais como constipação e tenes-
mo e sistêmicos como astenia, perda de peso, dor abdo-
minal também podem ser observados.
DIAGNÓSTICO: A próstata, no exame físico, comumen-
te encontra-se aumentada, palpável, de dimensões va-
riadas, nodular, assimétrica e cística. A ultrassonografia
proporciona informações importantes que podem suge-
rir a presença da neoplasia. A punção biópsia aspirativa
com agulha fina guiada por ultrassom pode ser realiza-
da. Contudo, o diagnóstico definitivo deve ser dado pela
realização da biópsia excisional ou incisional.
TRATAMENTO
Cirurgia: o tratamento de eleição para as neoplasias
'
prostáticas em cães é a excisão cirúrgica total ou parcial,
no entanto, nenhum destes procedimentos está associa-
do com um prognóstico favorável, porque comumente
as metástases ocorrerem antes do diagnóstico. Uma das
complicações da prostatectomia é a elevada incidência
de incontinência urinária.
Quimioterapia antineoplásica: em relação à quimio-
terapia ainda não há relatos mostrando sua real efetivi-
O~COLOGIA 761
NEOP'LASIAS r ·EsTICULARES
Vide "Neoplasias testiculares'~ cap. 17. Teriogenofogia.
OSTEôSSARCOMA
DESCRIÇÃO: Tumor ósseo primário mais comum em
cães. Acomete tipicamente o esqueleto apendicular de
cães de raças de grande porte ou gigantes. Neoplasia
altamente metastática, em 90% dos casos os pacientes
apresentam metástases pulmonares no momento do
diagnóstico. Em gatos este tumor é menos comum e o
comportamento biológico é menos agressivo quando
comparado aos cães.
DIAGNÓSTICO: Ao exame radiográfico da lesão primá-
ria pode-se observar lise ou proliferação óssea, no entan-
to, a tomografia é mais sensível para detectar áreas de lise
óssea, precocemente. Sempre é recomendada a avaliação
radiográfica do tórax em três incidências em virtude da
agressividade desta neoplasia. A punção biópsia aspira-
762 CAPÍTULO 16
SARCOMAS DE APLICAÇÃO
TRATAMENTO
O procedimento cirúrgico deve ser o tratamento de es-
colha para os STM. A intervenção cirúrgica, respeitando
margens de 3 centímetros, ao redor do tumor e um pla-
no tecidual de profundidade pode ser curativa em casos
STM de baixo grau, dispensando algumas vezes a neces-
sidade de terapias adicionais.
A radioterapia associada à cirurgia para o controle lo-
cal da doença nos casos de pacientes com margem ci-
rúrgica exíguas ou em pacientes com margens cirúrgi-
cas incompletamente excisadas proporciona resultados
promissores.
A eficácia da quimioterapia em STM em cães não está
bem estabelecida em relação ao aumento de so~revida e
tempo livre de doença dos pacientes. A taxa de metás-
ONCOLOGIA 767
TRATAMENTO
Quimioterapia parenteral com sulfato de vincristina
0,5-0,75 mg/m2, IV. Repetir a cada 7 dias, até a completa
regressão do tumor. Realizar mais duas sessões de vin-
768 CAPÍTULO 16
APÊN'DICES
CUIDADOS NA MANIPULAÇÃO DE
QUlMIOTERÁPICOS ANTI NEOPLÃSICOS
1. Médicos veterinários
As normas para a preparação dos agentes antiblásticos devem
ser estabelecidas e afixadas nos locais de manipulação dos citos-
táticos. Todas as pessoas que preparam ou manipulam esses fár-
macos devem ser adequadamente treinadas e conscientizadas
sobre a toxicidade dos quimioterápicos antineoplásicos.
A dispersão de gotículas ou partículas no ambiente, durante a
manipulação dos citostáticos, é a principal forma de exposição
ocupacional. Sendo assim, para que o operador não seja con-
taminado através da inalação ou contato direto com a pele ou
mucosas, faz-se necessário que toda a manipulação dos fárma-
cos antineoplásicos seja efetuada em capela de fluxo laminar
vertical classe II. Esse tipo de equipamento evita a contamina-
ção pessoal e ambiental, pois o ar incide verticalmente sobre a
superfície de trabalho e, na sequência, é totalmente absorvido
por aberturas laterais e frontais da bancada. Além disso, um an-
teparo frontal impede a saída do ar para o ambiente. Os fluxos
laminares do tipo II são dotados de filtros com alta eficiência
para ar particulado, também chamados filtros absolutos. Dentre
os equipamentos da classe II, os do tipo B2 são os mais indica-
dos, pois são dotados de exaustão externa. Os aparelhos de clas-
se III são totalmente fechados, e todo o ar admitido ou expelido
é filtrado.
O operador deve estar adequadamente protegido durante a
preparação dos medicamentos antineoplásicos. As pessoas en-
volvidas devem usar paramentação apropriada, como avental
longo, de material descartável com baixa permeabilidade. Para
conferirem maior proteção ao operador, os aventais devem ser
fechados frontalmente e ter mangas longas com punhos elásti-
cos, evitando-se, assim, o contato dos citostáticos com a pele.
770 CAPÍTULO 16
2. Proprietários
É de responsabilidade do médico veterinário a orientação dos
proprietários sobre a gravidade das contaminações com os me-
dicamentos antineoplásicos. Todos os procedimentos que pre-
vinem a quimiotoxicidade devem ser claramente explicados aos
clientes, enfatizando a necessidade de todas as normas serem
rigorosamente seguidas.
Cabe ao oncologista veterinário solicitar ao proprietário para
que aja com precaução nas seguintes situações:
• armazenar os quimioterápicos antineoplásicos em locais se-
guros, fora do alcance de crianças e animais, separados de
outros medicamentos;
• evitar abrasões e fragmentações de comprimidos;
• impedir que gestantes, lactantes e crianças administrem os
fármacos e manipulem os resíduos e dejetos;
• utilizar luvas de látex para administração oral dos fármacos;
• com o uso de luvas, recolher os dejetos e acondicioná-los em
pacotes plásticos seguramente fechados;
• todo o material e resíduos procedentes da administração oral
dos fármacos devem ser devidamente acondicionados em
embalagens plásticas fechadas e encaminhadas ao hospital
veterinário para proceder a incineração;
• lavar as mãos após as atividades relacionadas com a adminis-
tração dos fármacos e com a manipulação dos dejetos e do
material contaminado.
TABELAS DE m 2
DESCRIÇÃO: Tradicionalmente a posologia dos medicamen -
tos era descrita em miligramas por quilograma (mg/kg). A pa-
dronização moderna mais confiável para a administração dos
fármacos é em superfície corpórea, descrita em miligramas por
metro quadrado (mg/m2 ). Existem muitos nomogramas de fácil
consulta para converter kg em m 2•
'1
'1
N
0,2 0,034 1,6 0,137 3,8 0,244 6,0 0,330 8,2 0,407
0,3 0,045 1,8 1 0,148 4,0 0,252 6,2 0,337 8,4 0,413
1
1
0,4 0,054 2,0 0,159 4,2 0,260 6,4 1 0,345 8,6 0,420
0,6 0,071 2,4 0,179 4,6 0,277 6,8 1 0,360 9,0 0,433
0,7 0,079 2,6 1 0,189 4,8 0,285 7,0 1 0,366 9,2 0,439
1
0,8 0,086 2,8 0,199 5,0 0,292 7,2 ! 0,373 9,4 0,445
0,9 0,093 3,0 1 0,208 5,2 0,300 7,4 1 0,380 9,6 0,452
í •
1 5,4 0,307 7,6 0,387_ 9,8 0,458
1,0 0,100 3,2 1 0,217 1
!
1
1,2 0,113 3,4 1 0,226 5,6 0,315 7,8 1
1 0,393 10,0 1 0,464
'-]
'-]
w
774 CAPÍTULO 16
BIBLIOGRAFIA
DALECK, C.R.; DE NARDI, A.B.; RODASKI, S. Oncologia em cães e
gatos. São Paulo, Editora Roca, 2009.
MORRIS, J.; DOBSON, J. Oncología en pequenos animales. Buenos
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guide to compassionate care. New Jersey: Veterinary Learning Sys-
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RODASKI, S.; DE NARDI, A.B. Quimioterapia antineoplásica em
cães e gatos. Curitiba: Bio Editora, 2006.
WITHROW, S.J.; VAIL, D.M.; PAGE, R.L. Small animal clinical onco-
logy. Sth ed. St. Louis: Missouri: Elsevier Saunders, 2013.
TERIOGEN 0LOGIA 1
A.BSCESS,OS· P·ROSTÃTl:COS
DESCRIÇÃO: Cavidades. preend:tidas cum conteúdo pu-
rulento no interior do parênquima prostático•. Resultam
de infecção bacteriana ascendente ou prostatite bacte-
tríana supurativa. Frequentemente o paciente apresenta
sinais de anorexia, depressão, letargia, tenesmo, disúria e
estrangúria, descarga metral sanguinolenta ou purulen -
ta, dificuldade locomotora, distensão· e dor abdominal,
abdômen agudo, choque· e morte.
DIAG.NÓSTICO: Histórico e sinais clínicos. À palpação
retal ou abdominal pode~se constatar aumento e assime-
tria dos lobos prostáticas,. áreas de «flutuação,, no parên-
quima e presença ou não. de dor ao toque. Muitas vezes,
a palpação retal pode ser inviabilizada devido ao desloca-
mento cranial da glândula. Ao exame hemab>lógico, po-
de-se constatar leucocitose com desvio à esquerda. Alte-
rações bioquímicas diversas (ex., aumento:de· creatinina)
podem ser constatadas devido ao acometimento secun-
dário de outros órgãos. À urinálise nota-se a ocorrência
de hematúria, proteinúria pós-renal, bacteriúria e piúria.
Na radiografia pode-se observar prostatomegalia e na US
pode-se constatar aumento das dimensües e·ecogenicida-
de prostática, assim como a presença, de estruturas císti-
cas com conteúdo hipoecogênico. A realização de análise
citológica e bacteriológica da terceira fraçãn d.o sêmen via
colheita de sêmen ou massagem prostática é'imprescindí-
775
776 CAPÍTULO 17
c,s,ros PARAPROSTATICOS
DESCRIÇÃO: Cistos localizados fora do parênquima
prostático, geralmente craniodorsal ou caudal à prósta-
ta. Não apresentam comunicação com a próstata, porém
podem estar ligados a esta por meio de pedúnculo ou
aderências. Sua etiologia é controversa, embora sejam
descritos como resquícios embrionários dos duetos pa-
ramesonéfricos (ou de Müller). Usualmente ocorrem em
raças de grande porte e com idade média de 8 anos. O
animal pode ser assintomático ou apresentar sinais de
anorexia, l~targia, dor, tenesmo, disúria, dor e distensão
abdominal.
DIAGNÓSTICO: Histórico e sinais clínicos. À palpação
abdominal constata-se distensão abdominal, com presen-
ça de estrutura de consistência flutuante em região meso
e/ou hipogástrica. Já à palpação retal pode-se constatar
aumento da glândula e presença de áreas de flutuação. À
radiografia pode-se observar uma estrutura radiopaca
craniodorsal ou caudal à próstata. Já à US pode-se notar a
TERIOGENOLOG IA 781
CISTOS PROSTÁTICOS
DESCRIÇÃO: Caracterizam-se por estruturas cavitárias
repletas de fluido que se desenvolvem no interior do pa-
rênquima prostático e apresentam comunicação com a
uretra. Frequentemente estão associados ao quadro de
hiperplasia prostática benigna (HPB). Usualmente ocor-
rem em raças de grande porte e em animais com idade
média de 8 anos. O paciente pode ser assintomático ou
apresentar sinais de anorexia, letargia, dor, distensão e
desconforto abdominal, tenesmo, disúria e secreção ure-
tra! serossanguinolenta intermitente.
DIAGNÓSTICO: Histórico e sinais clínicos. A palpação
retal ou abdominal pode-se constatar aumento e assime-
tria dos lobos prostáticos e presença de áreas de flutua-
ção no parênquima. Em alguns casos, a palpação retal
pode ser inviabilizada devido ao deslocamento cranial
da glândula. À urinálise pode-se observar hematúria e
proteinúria. À radiografia pode-se constatar prostato-
megalia com deslocamento da próstata para a cavidade
abdominal. Já na US, além do aumento do volume pros-
tático, pode-se constatar a presença de estruturas císticas
com conteúdo hipoecoico ou anecoico, sedimentos eco-
gênicos e septos em seu interior.
TRATAMENTO
Conservador: consiste na drenagem percutânea do cisto
guiada por US. O proprietário deve ser alertado sobre a
•
ocorrência de recidivas do quadro, devido à permanên-
cia da cavidade cística. Em casos crônicos deve-se optar
pelo tratamento cirúrgico.
Cirúrgico: antes de qualquer procedimento cirúrgico
deve-se avaliar o estado geral do animal. As técnicas ci-
rúrgicas empregadas para cistos de retenção são as mes-
mas descritas para abscessos prostáticas (vide c~bscessos
prostáticas,,). A orquiectomia deve ser realizada sempre
TERIOGENOLOGIA 783
CRIPTORQUIDISMO
DERMATITE ESCROTAt
Vide "Dermatite
, de contato': "Dermatite úmida aguda" ou "lm-
petigd: cap. 3. Dermatologia.
FlMOSE
DESCRIÇÃO: Incapacidade do macho de expor o pênis
do prepúcio devido ao estreitamento do óstio prepucial
(edema, neoplasia, inflamação, processo cicatricial, etc.).
Pode ser congênita ou adquirida, sendo que a primeira
é rara e de origem desconhecida. Os sinais clínicos são
bem variáveis e dependentes do grau de estreitamento do
óstio prepucial. Sendo assim, os animais podem ser as-
sintomáticos ou vir a óbito devido à obstrução completa
das vias urinárias.
TRATAMENTO
Cirúrgico: preconiza-se a realização de técnicas cirúr-
gicas destinadas ao alargamento do óstio prepucial. Em
casos de fimose atrésica congênita deve-se proceder à
remoção de uma porção triangular do prepúcio em cães
ou em forma de cunha na região dorsal do prepúcio
em gatos.
HIDROC.ELE
TRATAMENTO
Conservador:
Remoção do estímulo estrogênico (regressão espontâ-
nea após o estro, ou por meio de OH).
Limpeza e hidratação do tecido exteriorizado.
Recolocação da mucosa vaginal evertida. Dependente
do grau do prolapso.
HIPERPLASIA FIBROADENOMATOSA
MAMÁRIA FELINA (HFMF)
TRATAMENTO
Conservador: indicado como alternativa ao tratamento
•
cirúrgico em gatas destinadas a reprodução, em pacien-
tes em que o estado clínico do animal contraindica a rea-
lização da OH e em casos em que não há a presença de
tecido necrótico, inflamado ou infecções secundárias.
Antiprogestágenos: aglepristone (Alizin® -Virbac) 10-
15 mg/kg, SC, SID, por 5 dias, ou 10-15 mg/kg, SC, SID,
nos dias 1, 2 e 7, na face interna da coxa. A remissão
dos sinais clínicos ocorre 4 semanas após o início do
tratamento. Pode ocorrer irritação da pele no local da
aplicação, assim como descoloração do pelo. Contrain-
dicado em casos de gestação (fármaco abortivo). Em ga-
tas tratadas com progestágenos de longa duração (ex.,
medroxiprogesterona), muitas vezes se faz necessária a
repetição do protocolo para a remissão completa dos si-
nais clínicos.
Antibioticoterapia: na presença de lesões, úlceras e fís-
tulas recomenda-se a realização de curativo local asso-
ciado à antibioticoterapia sistêmica à base de cefalospo-
rinas cefalexina 20-25 mg/kg, VO, BID, por no mínimo
10 dias.
• Curativo local: deve ser realizado na ocorrência de
abscedação da glândula. A lesão deve ser tratada como
ferida aberta.
• Cirúrgico:
Ovário-histerectomia (OH).
Mastectomia uni ou bilateral: indicada em casos de
abscesso e lesões muito extensas, no entanto, deve-se
794 CAPÍTULO 17
• Conservador
Inibidores da enzima Sa-redutase: finasterida (Pros-
ear®, Merck) 0,1-1 mg/kg, VO, SID, ou uma cápsula de
5 mg/cão (entre 5 e 50 kg), VO, SID, uso contínuo. Pode
haver uma redução no volume de sêmen a partir da oita-
va semana de tratamento. A descontinuidade do mesmo
resulta em novo aumento do volume prostático, assim
como reaparecimento dos sintomas clínicos {em média
2 meses). Deve-se fazer uma pausa de 1-2 meses em ani-
mais reprodutores tratados com finasterida no período
previsto para acasalamentos ou inseminações artificiais.
Antiandrógenos: acetato de osasterona 0,2-0,5 mg/kg,
VO, SID, por 7 dias (recidiva do quadro após 6 meses de
tratamento), ou flutamida 5 mg/kg, VO, SID, por 7 se-
manas (pode causar ginecomastia).
Progestágenos: acetato de megestrol (Preve-gest® -
Biovet) 0,5 mg/kg, VO, SID, por 4-8 semanas ou aceta-
to de medroxiprogesterona (Promane-E® -Zoetis-Pfizer)
3-4 mg/kg, SC, administrados em duas aplicações com
intervalos de 4 semanas. O uso contínuo pode acarretar
em aumento de apetite e predispor o desenvolvimento de
diabetes mellitus e hipotireoidismo. Acetato de clormadi-
nona (CMA) 2 mg/kg, VO, SID, por 7 dias, ou 2 mg/kg,
VO, BID, por 3-4 meses. Este fármaco pode causar dimi-
nuição da motilidade, número total de espermatozoides
e aumento de patologias espermáticas.
Estrógenos: dietilestilbrestrol (DES) 0,2-1 mg/cão, VO,
SID, por 5 dias, ou 0,2-1 mg/kg, VO, a cada 2-3 dias,
durante 3-4 semanas. Cipionato de estradiol (ECP) 0,1
mg/kg, IM (máx. 2 mg/cão), aplicação única. Salienta-se
que a utilização de estrógenos é contraindicada devido à
ocorrência de metaplasia escamosa e aplasia de medula
óssea quando em altas doses.
Agonista de GNRH (hormônio liberador de gona-
dotrofina): desorelina (Suprelorin® -Virbac) 4,7 mg ou
796 CAPÍTULO 17
MASTI TE
DESCRIÇÃO: Infecção bacteriana da glândula, mamária.
Resulta de uma infecção ascendente pelo teto ou por via
hematógena e trauma. Os principais agentes etiológicos
são a Escherichia coli, Streptococcus spp. e Staphylococcus
spp. Usualmente ocorre no período puerperal e na ocor-
rência de pseudogestação. O animal pode apresentar si-
nais de anorexia, letargia) descaso com os filhotes, febre,
desidratação, abscedação e necrose da mama, septicemia
e choque. A glândula apresenta-se inflamada e pode ha-
ver a presença de secreção hemorrágica ou purulenta.
DIAGNÓSTICO: Histórico de trauma, má higiene e infec-
ção sistêmica secundária. Pode-se observar leucocitose
com desvio à esquerda, leucopenia e aumento da concen-
tração de proteína sérica. À análise bioquímica e citológi-
ca do leite pode-se constatar alteração do pH e presença
de bactérias e neutrófilos. Preconiza-se a realização de
cultura e antibiograma do leite. O diagnóstico diferencial
deve ser feito de galactoestase e neoplasia mamária.
TRATAMENTO
• Conservador
Internamento: em casos graves recomenda-se o inter-
namento da paciente até a estabilização do quadro. Os
filhotes devem ser imediatamente separados da mãe e
colocados sob cuidados específicos e intensivos, prin-
cipalmente na ocorrência da síndrome do leite tóxico
(vide "Síndrome do leite tóxicd', cap. 12. Neonatologia).
Filhotes hígidos devem ser amamentados por meio de
"amas de leite'' da mesma espécie ou com sucedâneos
798 CAPÍTULO 17
METRITE
DESCRIÇÃO: Ocorre no pós-parto imediato causando
inflamação severa do endométrio e miométrio. Ocorre
devido à contaminação ascendente por organismos pre-
sentes na flora vaginal e pode estar associada à retenção
de placenta e retenção, maceração e decomposição fetal.
Na forma aguda, a fêmea pode apresentar sinais de letar-
gia, anorexia, hipertermia, desidratação, secreção vaginal
purulenta ou piossanguinolenta fétida, desinteresse pelos
filhotes, diminuição da produção de leite e choque séptico
(casos mais severos). Já a metrite crônica, geralmente, é
subdínica e está associada a casos de infertilidade.
DIAGNÓSTICO: Histórico e sinais clínicos. À palpação
abdominal pode-se constatar útero flácido com a presen-
ça (ou não) de fetos retidos. À citologia vaginal pode-se
observar a presença de neutrófilos e neutrófilos degene-
800 CAPÍTULO 17
NEOPLASIA PROSTÁTICA
Vide "Neoplasia prostática': cap. 16. Oncologia.
TERIOGENOlOGIA 801
NEOPtASIAS TESTICU:LARES
DESCRIÇÃO: As neoplasias testiculares podem ser clas-
sificadas em: de células germinativas (seminomas), gô-
nado-estromais (sertoliomas e tumor de células intersti-
ciais ou de Leydig) ou mistas. São comumente descritas
em cães (raras em gatos) idosos, particularmente em in-
divíduos criptorquidas. Podem ser uni ou bilaterais.
r
ORQUITE E EPIDIDIMITE
DESCRIÇÃO: É a inflamação do testículo e do epidídi-
mo, respectivamente. Podem ocorrer separadamente ou
em conjunto. Podem ser causadas por traumas, infec-
ções ou reação autoimune. Acometem cães jovens que
podem apresentar a forma aguda ou crônica da doença.
Na fase aguda pode-se constatar edema do conteúdo es-
crotal, dor, febre, letargia e anorexia. Já na forma crônica
observa-se aumento não doloroso do conteúdo escrotal,
seguido de degeneração, fibrose ou atrofia.
DIAGNÓSTICO: Histórico, sinais clínicos, palpação e
inspeção da região escrotal, biópsia aspirativa por agulha
fina, avaliação seminal (quando possível) e US. Deve-se
fazer sorologia para Brucella canis em todos os animais
que apresentem aumento testicular. O diagnóstico dife-
rencial deve ser feito de hérnia escrotal, torção do cordão
espermático, neoplasia testicular, hidrocele e granuloma
espermático.
TRATAMENTO: Dependente da causa base.
Causas NÃO infecciosas
• Conservador:
Antibioticoterapia: raramente curativa e frequente-
mente deve ser associada à orquiectomia uni ou bila-
teral. Usualmente preconiza-se a utilização de antibió-
ticos com alta solubilidade e amplo espectro de ação.
804 CAPÍTULO 17
• Cirúrgico:
Orquiectomia uni ou bilateral. A orquiectomia uni-
lateral deve ser considerada somente em casos de ani-
mais de alto valor zootécnico e reprodutores nos quais
haja o acometimento de um único testículo. Deve-se
realizar o procedimento o mais rápido possível de for-
ma a prevenir a atrofia do testículo contralateral.
Causas infecciosas
A brucelose é uma zoonose; portanto, cães soropositi-
vos para B. canis devem ser imediatamente isolados e
tratados. O tratamento de animais infectados é indica-
do particularmente em cães de estimação e de alto va-
lor zootécnico, principalmente na ausência de crianças
e pessoas imunossuprimidas. A erradicação de B. canis
por meio de antibióticos é difícil e altamente imprevisí-
vel (vide "Brucelose,: cap. 4. Doenças infecciosas).
Em canis, além do isolamento e tratamento de animais
reprodutores, devem-se instaurar medidas que contro-
lem a disseminação da B. canis no plantel. Ainda, em
casos em que a doença não pôde ser controlada, a iden-
tificação e eliminação dos animais positivos é o único
método eficaz de prevenção e controle em canis, uma
vez que medidas sanitárias e antibioticoterapia não pre-
vinem a transmissão para animais não infectados.
PARAFIMOSE
TRATAMENTO
• Tratamento de eleição
Cirúrgico: trata-se de uma emergência clínico-cirúrgica
e o tratamento de eleição é a OH. Deve-se estabilizar o
paciente previamente ao procedimento e deve-se insti-
tuir fluidoterapia intravenosa de acordo com o quadro
e a condição renal do animal, não somente no período
transoperatório, mas também no pós-operatório. Tratar,
se necessário, peritonite e choque séptico. Em casos de
ruptura uterina e extravasamento de conteúdo para a ca-
vidade abdominal recomenda-se a lavagem e aspiração
desta com solução fisiológica estéril ( 100-500 mL/kg)
pré-aquecida (morna).
Antibioticoterapia: quinolonas: ciprofloxacino (clori-
drato) 10-20 mg/kg, VO/IV, SID; enrofloxacino 2,5-5 mg/
kg, VO/SC/IM, BID; norfloxacino 15-20 mg/kg, VO, BID;
penicilinas: amoxicilina/clavulanato de potássio 12-25
mg/kg, VO/IV, BID/TID, ou ampicilina 15-25 mg/kg, VO/
IM/SC/IV, TID. Em casos de ruptura uterina recomenda-
-se a associação de um destes antibióticos ao metronidazol
10-15 mg/kg, VO/IV, BID. Sugere-se a realização de cultu-
ra e antibiograma para escolha do antibiótico.
TERIOGENOLOGIA 807
PIOMETRA DE COTO
TRATAMENTO
Cirúrgico: ressecção do coto uterino e do ovário rema-
nescente.
Antibioticoterapia: quinolonas: ciprofloxacino (clo-
ridrato) 10-20 mg/kg, VO/IV, SID; enrofloxacino 2,5-5
mg/kg, VO/SC/IM, BID; norfloxacino 15-20 mg/kg, VO,
BID; penicilinas: amoxicilina/clavulanato de potássio
12-25 mg/kg, VO/IV, BID/TID, ou ampicilina 15-25 mg/
kg, VO/IM/SC/IV, TID. Sugere-se a realização de cultura
e antibiograma para escolha do antibiótico.
PROLAPS,O UTERINO
PROSTATITE AGUDA
DESCRIÇÃO: Inflamação séptica ou asséptica da prósta-
ta. Pode ocorrer devido à infecção uiretral ascendente ou
por via hematógena. A prostatite bacteriana é a mais pre-
valente. Cães machos, não castrados, com idades de 7-11
anos são mais acometidos. O animal pode apresentar si-
nais clínicos de hipertermia, letargia, vômito, anorexia e
dor à palpação retal da próstata.
DIAGNÓSTICO: Histórico e sinais clínicos. Pode-se ob-
servar leucocitose com desvio à esquerda. Já à urinálise
810 CAPÍTULO 17
PROSTATITE CRÔNICA
DESCRIÇÃO: Pode ser decorrente da resolução incom-
pleta da prostatite aguda e pode estar associada à infec-
ção do trato urinário, cistolitíase e exposição crônica a
glicocorticoides. Frequentemente é mais comum em
cães machos não castrados, entre 7 e 11 anos de idade.
Animais acometidos podem ser assintomáticos ou apre-
sentar sinais de hematúria, letargia, anorexia, disquesia e
diminuição da qualidade do sêmen.
DIAGNÓSTICO: A prostatite crônica diferencia-se da
aguda apenas pelo tempo de evolução e sinais clínicos
apresentados pelo paciente. Ainda, o diagnóstico é feito
da mesma forma que na prostatite aguda (vide "Prosta-
tite agudà'). Entretanto, animais com prostatite crônica
podem apresentar exames hematológicos e de bioquími-
ca sérica dentro da normalidade para a espécie, assim
como tamanho prostático normal à avaliação radiográ-
fica e ultrassonográfica.
TRATAMENTO: Vide «Prostatite agudà'.
PSEUDOGESTAÇÃO
(PSEUDOCIESE ou GRAVIDEZ PSICOLÓGICA)
DESCRIÇÃO: Ocorre devido a uma queda abrupta nos
níveis séricos de progesterona e aumento concomitante
dos níveis séricos de prolactina. É observada em média
60 dias após o estro ou 3-4 dias após a OH quando esta
é realizada durante o diestro. A fêmea apresenta desen-
volvimento das glândulas mamárias, secreção láctea, de-
pressão, anorexia, vômito e comportamento materno.
812 CAPÍTULO 17
TORÇÃOTESTICULA.R
DESCRIÇÃO: Patologia rara, com maior incidência em
cães criptorquidas. Ocorre pela torção súbita do cordão
814 CAPÍTULO 17
VAGINITE
APÊNDICES
BACTÉRIAS E ANTIBIÓTICOS
NA DOENÇA PROSTÁTICA*
'
Bactérias Antibóticos
'
Staphylococcus Clindamicina
· ---·- -·------ ·-· ·-
··--- .. .
Enterobacter
Proteus mirabilis Tetraciclinas
Pseudomonas
*Além da realização de cultura e antibiograma, o antibiótico deve ser selecionado
pela capacidade em atingir concentrações adequadas no tecido prostático.
CITOLOGIA VAGINAL
DESCRIÇÃO: Pode ser utilizada para a caracterização das fases
do ciclo estral, identificação de processos inflamatórios e neo-
plásicos em região de vestíbulo vaginal e vagina, associada ao
histórico e avaliação clínica, comportamental e hormonal, per-
mite a determinação do momento exato da cópula e insemina-
ção artificial e possibilita estimar a data de parição em fêmeas
gestantes.
METODOLOGIA: Na ausência de secreções vaginais umedeça
previamente o swab antes de sua introdução no canal vaginal.
Introduza o swab no vestíbulo vaginal posicionando-o em sen-
tido craniodorsal com uma angulação de 45º. Reposicione-o em
sentido cranial ao atingir o canal vaginal. Escarifique o epitélio
vaginal da parede dorsal do canal vaginal. Role o swab sobre
uma lâmina previamente limpa. Deixe a lâmina secar e em se-
guida core-a com um corante específico de sua escolha (Panóti-
co Rápido®, Novo Azul de metileno, Papanicolau, Harris-Shorr,
entre outros). Deixe a lâmina secar e observe sob microscopia
de luz em aumento de lOx e 40x.
TERIOGENOLOGIA 817
(CC x T x VD) ]
VP (cm3 ) = [ + 1,8
2,6
_________4a6
_____ 2,8 ±-0,4
__.....____... --------·
. _, . -....... ·- -·--· ...........,
.--
0,3 _
1,95 ±...._-.....,_.
_____ _..,..,... ___
>7 2,3
*Adaptado de Gadelha et ai., 2008.
818 CAPÍTULO 17
15 a90
2,0 (pico
Progestero- < 1,0 (início) (início e
de LH) 4,0 <1,0
na (ng/ml} a 2,0 (final} meio)
(ovulação}
110-2,0 (final)
Estradiol
50-100 5,Q:-20 S:,0-20 5,0-20
(pg/ml)
LH 8-50
8,5 8,5 8,5
(ng/ml) (pico de, LH)
Prolactina
2 2 3-4 2
(ng/ml}
Testosterona
0,3-l,O <0,l <0,1 <0,1
(ng/ml}
BIBLIOGRAFIA
ATALAN, G; HOLT, P.E.; BARR, F.J. Ultrasonographic estimation of
prostate size in normal dogs and relationship to body- weight and
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cães com abscessos e cistos prostáticos: revisão. Clínica Veterinária,
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Dog and Tom. Topics in Companion Animal Medicine, v. 24(2), p.
64-70, 2009.
TERIOGENOLOGIA 819
821
822 CAPÍTULO 18
GATOS AQULTOS
DESCRIÇÃO: O ciclo vacinai de gatos adultos deve-se
iniciar naqueles que receberam vacinas ainda no ciclo
de filhotes, cerca de 12 meses após a última tentativa
de imunização. Consideram-se gatos adultos aptos à
imunização aqueles em bom estado geral, com apetite e
comportamento normais, sem febre ou quaisquer outras
alterações em exame físico. É recomendado o teste para
VACINAÇÃO E IMUNIZAÇÃO 827
GATOS IMUNOSSUPRIMIDOS
GIARDÍASE
LEISHMANlOSE
ftl Avaliação
·2 doses, com um ano após sobre necessi-
cu
a. 8 semanas de intervalo de o primeiro dade de nova
o
""cu
:li idade, e após, 3-4 semanas. ciclo vacinai; imunização
e a cada 3-4 após, nova deve ser
ftl
D. semanas, até dose a cada avaliada indi-
~ cerca de 16-18 2 a 3 anos. vidualmente.
...
::,
·--~ semanas de
idade.
·-""
-u
ftl
·-.
~
:li
>
"'a.
cu
...a,
:e
·- --- --
Uma dose Um ano após a Anual.
-~a:
ftl
.
Canigen R
-~-~~
Rabisin-i
. .
----==r=
Vírbac
Merial
"---··-
Vírus da raiva inativado
-·--- --· -
Vírus da raiva inativado
--·- -
____________ ___ .,.. ,,.....,.
~
icterohemorrhagiae}, coronavirose e
vírus da raiva (inativados}
-- -
Eurican CHPLR Merial I· ·. Cinomos·e.'. ade. novírus 2, parvovi-
rose, parainfluenza (atenuados),
leptospirose (cepas canicola e
I icterohemorrhagiae), coronavírose e
vírus da raiva (inativados)
..,_,_.,. . .- . -.. .-.. . . . . . -.-·--·-·---·... ·, - .--··-··-.. . --..---·---.-.-~· --·- · ·---·-··-·" "· . -·- . -----·--·---~. .<·- ·--·
Recombitek Merial Cinomose, parvovirose, adenovírus
C4/CV 2, parainfluenza. Vacina recombi-
nante.
-------·- ----1 ---·-- ·-- ----.---.----·---
Recombitek Merial Cinomose, parvovirose, adenoví-
C6/CV rus 2, para influenza, coronavírus
(atenuados) e leptospirose (cepas
canicola e icterohemorrhagiae),
Vacina recombinante.
Nobivac canine MSD Cinomose, parvovirose, adenovírus
1 e 2, parainfluenza (atenuados},
coronavírus (inatlvado) e leptospiro-
se (cepas canico/a e icterohemorrha-
giae} bacterinas inativadas.
(Continua na página seguinte)
VACINAÇÃO E IMUNrZAÇÃO 835
1
grippotyphosa e pomona) bacterinas
inativadas.
Bio Max Lema-lnjex Cinomose, parvovirose, adenovírus
2, parainfluenza (atenuados), coro-
navírus (inativado) e leptospirose
(cepas canicola e icterohemorrha-
giae) bacterinas inativadas.
Poly 10 Lema-lnjex Cinomose, parvovirose, adenovírus
2, parainfluenza (atenuados), coro-
navírus (inativado) e leptospirose
(cepas canico/a, icterohemorrhagiae,
grippotyphosa, copenhageni e pomo-
1
na) bacterinas inativadas.
-·-é---·---~----+·-···---------·--..-·
Tri B:yVac _J_'_Lema::ex-- Cinomose, parvovirose (atenuados)
e coronavírus (inativado)
Vencomax 8 ·1Vencofarma Cinomose, parvovirose, adenovír:us
2; parair,fluenza (atenuados), coro-
navírus (inativado) e leptospirose
(cepas canicola e icterohemorrha-
giae) bacterinas inativadas.
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ciation, v.47(5), p.1-42, 2011.
LISTA DAS PRINCIPAIS
ABREVIAÇÕES
HT ............... hematócrito
IA ................. intra-articular
IM ................ intramuscular
IO ................. intraóssea
IP .................. intraperitoneal
IV ................. intravenoso
kg ................. quilograma ou quilo
L ................... litro
839
840 LISTA DAS PRINCIPAIS ABREVIAÇÕES