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BULLYING E SEUS EFEITOS NA ADOLESCÊNCIA

Amanda Teodózio Ribeiro1

Rita Maria Silva Almeida1

Ana Ruth Macêdo Monteiro2

Natana Abreu de Moura3

Rodrigo Jácob Moreira de Freitas4

INTRODUÇÃO

A violência faz parte dos espaços de socialização dos adolescentes, podendo se


manifestar de várias maneiras, sendo o bullying uma forma desse fenômeno acontecer.
Esse é visto como um problema de relacionamento, tido por comportamentos violentos
entre crianças e adolescentes que acontece principalmente no ambiente escolar. O
bullying se caracteriza por atos repetidos e intencionais de opressão, humilhação,
discriminação e agressão (RIBEIRO et al, 2015). A Pesquisa Nacional de Saúde
Escolar - PeNSE, feita em 2012, com 109.104 estudantes, investigou fatos que
prejudicam a saúde dos alunos, sendo o bullying apontado como um dos aspectos. No
estudo, 20% dos alunos investigados realizam algum tipo de agressão contra outros
estudantes e 7,2% relataram já ter sofrido violência no ambiente escolar (SILVA et al,
2016). O quanto uma situação de violência afeta a saúde física e psíquica do
adolescente depende de fatores como a intensidade das agressões e apoio recebido ou
não diante da situação. O profissional de enfermagem deve entender melhor como esse
fato acontece e que efeitos pode causar no desenvolvimento do indivíduo. Há uma
necessidade imediata de compreender problemas sociais, como o bullying, que tornam
a saúde dos adolescentes vulnerável (PIGOZI; MACHADO, 2015).

OBJETIVO

Compreender os efeitos do bullying na adolescência e enfatizar algumas ações do


enfermeiro frente a esse fenômeno.
1
Acadêmicas de enfermagem da Universidade Estadual do Ceará. E-mail da autora: amandhateodozio@hotmail.com
2
Enfa. do Hospital do Coração de Messejana. Profa. Dr. de graduação em enfermagem da Universidade Estadual do Ceará e do
Programa de Pós-graduação Cuidados Clínicos Enfermagem e Saúde.
3
Enfa. Docente da Universidade Paulista. Profa. Substituta da Universidade Estadual do Ceará. Doutoranda do PPCCLIS.
4
Enf. Mestre pelo Programa de Pós-graduação Cuidados Clínicos Enfermagem e Saúde. Universidade Estadual do Ceará.
METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa que, tem o objetivo de reunir e sintetizar os estudos
realizados sobre um determinado assunto (POMPEO; ROSSI; GALVÃO, 2009), tendo a
revisão integrativa seguido os passos que foram propostos pelo autora Cristina Galvão.
Para guiar esta pesquisa formulou-se a seguinte questão: quais as consequências do
bullying na adolescência e quais as possíveis atuações de enfermagem diante desse
problema? A coleta de dados foi realizada no período de março e abril de 2017 por
meio eletrônico na base de dados LILACS, Scielo e MEDLINE utilizando os seguintes
descritores: bullying, enfermagem e sáude mental. Os critérios de inclusão foram:
artigos disponibilizados em textos completos, no idioma português e espanhol,
publicados no período de 2014 a 2016. Os critérios de exclusão foram: dissertações,
teses e monografias. Foram encontrados 8 artigos correspondentes ao assunto do
trabalho, sendo 3 encontrados em ambas as bases Scielo e Lilacs, 1 na base de dados
Medline e Scielo e os demais artigos apenas na base de dados Scielo, sendo todos
incluídos nesse estudo. Elaborou-se um instrumento para a coleta das informações, a
fim de responder a questão norteadora desta revisão. A análise dos dados se deu
através da leitura minuciosa dos artigos, buscando obter as informações mais
importantes que eles abordaram em relação ao bullying no convívio, principalmente
escolar, de adolescentes e as consequências geradas pela vivencia dessa violência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O bullying é um comportamento agressivo, intencional e ocorre durante um período


prolongado de tempo, sendo caracterizado por uma desigualdade de autoridade entre
pessoas que convivem no mesmo espaço social. O bullying possui muitas formas de se
tornar parte do convívio dos adolescentes. Através de comportamentos agressivos
físicos, verbais e psicológicos e as formas mais recentes como o cyberbullying feito pela
internet ou celular (SILVA et al, 2014). Os efeitos comportamentais e psicológicos que a
prática do bullying pode desencadear no adolescente que é vítima são variados e pode
leva-los a assumir a posição de agressor em outras situações de bullying. Os indivíduos
que sofrem bullying podem desenvolver quadros depressivos, dificuldade de se
relacionar com outras pessoas e passar a se comportar de forma agressiva
(TREVISOL; CAMPOS, 2016). É necessário que se tenha conhecimento sobre os sinais
de que esse tipo de violência está sendo praticada, dessa forma o enfermeiro estará
mais preparado para lidar com o acontecimento. Como em qualquer outra situação
durante o processo de desenvolvimento do adolescente, a participação familiar no
enfrentamento do bullying faz toda diferença para a superação da violência vivida.
Famílias que oferecem apoio aos filhos vítimas de bullying proporcionam o rompimento
do ciclo de violência, fazendo-os desenvolver mecanismos para o enfrentamento da
situação (OLIVEIRA et al, 2015). O conhecimento dos efeitos ocasionados nos
adolescentes pelo bullying, contribui para um maior envolvimento e colaboração da
família. As consequências a curto prazo da envoltura com o bullying são demonstradas
pelo jovem com ansiedade, baixa autoestima, diminuição no desempenho escolar e
falta de vontade de ir a escola (BRINO; LIMA, 2015). É importante perceber que
adolescentes que têm uma desenvoltura social com menor interação no ambiente
escolar possui maiores chances de se tronar vítima de bullying e ter um enfrentamento
ineficaz da situação. As dificuldades no desenvolvimento de habilidades sociais para
lidar com comportamentos agressivos é um fator que aumenta a vulnerabilidade de
estudantes em sofrer violência (CUERVO et al, 2016). A enfermagem pode
proporcionar a promoção da saúde e melhor convívio com as diferenças, identificando
sinais de risco e comportamentos que indiquem o envolvimento com o bullying e o
impacto dessa violência no aprendizado e qualidade de vida. O profissional de saúde
pode alertar as famílias sobre o que o bullying gera para o desenvolvimento do
indivíduo, orientando para a intervenção, colaborando com as escolas na
implementação de programas de conscientização e prevenção para redução da
violência (SILVA et al, 2014), através, por exemplo, do debate desse assunto em sala,
da dramatização e demonstração de situações de bullying e atividades educativas que
incentivem o convívio com as diferenças.

CONCLUSÃO

A partir dos estudos encontrados para realização desse trabalho pode-se concluir que o
bullying é um acontecimento que faz parte do convívio adolescente, principalmente no
meio escolar. Esse comportamento destrutivo gera consequências para a formação
psíquica da vítima e demonstra problemas sociais e morais no desenvolvimento dos
agressores. É essencial que a enfermagem, os familiares e os profissionais do meio
escolar tenham conhecimento sobre o impacto do bullying na vida dos adolescentes. O
enfermeiro pode oferecer apoio ao adolescente que sofre bullying através da escuta e
conversa sobre os sentimentos gerados com a situação vivenciada. A atuação da
enfermagem no ambiente escolar para promover sensibilização sobre o assunto e
prevenção do bullying, bem como a oferta de orientação para os familiares, são
atuações que podem modificar esse tipo de violência nas escolas e contribuir para o
melhor enfrentamento do bullying.

REFERÊNCIAS

BRINO, R.F.; LIMA, M.H.C.G. Compreendendo estudantes vítimas de bullying: para


quem eles revelam? Psico. Educ., São Paulo, n. 40, jun., 2015.
CUERVO, A.A.V. et al. Propiedades psicométricas de una escala para medir
dificultades en habilidades sociales relacionadas con la victimización. Pensam. psicol.,
Cáli, v.14, n. 2, 2016.
OLIVEIRA, W.A. et al. Interfaces entre família e bullying escolar: uma revisão
sistemática. Psico - USF, v. 20, n. 1, jan./abr., 2015.
PIGOZI, P.L.; MACHADO, A.L. Bullying na adolescência: visão panorâmica no Brasil.
Ciência e Saúde Coletiva, v.20, n. 11, 2015.
POMPEO, D.A.; ROSSI; L.A.; GALVÃO, C.M. Revisão integrativa: etapa inicial do
processo de validação de diagnóstico de enfermagem. Acta Paul Enferm., v. 22, n. 4,
2009.
RIBEIRO, I.M.P. et al. Prevalência das várias formas de violência entre escolares. Acta
Paul. Enferm., São Paulo, v. 28, n. 1, jan./fev., 2015.
SILVA, J.L. et al. Associações entre Bullying Escolar e Conduta Infracional: Revisão
Sistemática de Estudos Longitudinais. Psico.: Teoria e Pesquisa, v. 32, n. 1, 2016.
SILVA, M.A.I. et al. O olhar de professores sobre o bullying e implicações para a
atuação da enfermagem. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 48, n. 4, ago., 2014.
TREVISOL, M.T.C.; CAMPOS, C.A. Bullying: verificando a compreensão dos
professores sobre o fenômeno no ambiente escolar. Psicologia Escolar e
Educacional, v. 20, n. 2, mai./ago., 2016.

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