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Algumas das suas composições seguem na continuidade do lirismo português (muito influenciado por
Garrett, Camões, poesia trovadoresca, Cesário Verde…), com marcas do saudosismo; poemas de métrica
curta, abundam aliterações, linguagem sóbria e intimista mas de grande suavidade musical e rítmica.
Outras iniciam o processo de rutura (desde que começa a colaborar na revista Orpheu), que se concretiza nos
heterónimos ou nas experiências modernistas que vão desde o fingimento poético, intelectualização das
emoções, ao simbolismo, ao paulismo e ao interseccionismo, no Pessoa ortónimo.
Principais Temáticas
A noção de fingimento possui um importante papel na poética de Fernando Pessoa – “Isto” e “Autopsicografia”
constituem os poemas teorizadores da arte poética pessoana.
Para Pessoa, a expressão de arte superior pressupõe a capacidade de fingimento: não é no momento em que
experiencia uma emoção que o artista melhor exprime, mas posteriormente, quando a dor já se transformou
em experiência.
Fingir a dor não é mentir, é intelectualizar as emoções experienciadas – modelar artisticamente “a dor que
deveras sente” (dor sentida). Logo, quando escreve, o poeta distancia-se do que sentiu, não “usa” o coração,
sentindo apenas com a imaginação (dor fingida).