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Uma das principais características da lírica pessoana é a presença abundante de

dicotomias, das quais a dicotomia sentir/pensar, comum à ortonímia e à heteronímia.

Em primeiro lugar, na ortonímia, a dicotomia sentir/pensar está presente nas temáticas do


fingimento artístico e da dor de pensar. No que concerne ao fingimento artístico,
correspondente à capacidade que o sujeito poético tem de transformar as suas emoções
em matéria poética ao intelectualizá-las, esta dicotomia é evidenciada pela complexa
relação entre o “coração” e a “razão” em que se alicerça a criação artística, exemplificada
pela estrofe conclusiva do poema “Autopsicografia”. Relativamente à dor de pensar, o
sujeito poético encontra-se num estado de reflexão constante, o que torna a consciência de
si um “fardo”. Assim, o poeta passa a invejar aqueles que não intelectualizam a sua
condição humana, como a “ceifeira” no poema “Ela canta, pobre ceifeira”. Neste poema, o
“eu” lírico demonstra a dicotomia ao contradizer-se, desejando ser alegre e inconsciente
como a ceifeira (“Ter a tua alegre inconsciência”) e ao mesmo tempo ter “a consciência
disso!”.

Em segundo lugar, podemos também observar a dicotomia sentir/pensar na heteronímia.


Primeiramente, Alberto Caeiro, criador do sensacionismo e poeta do visualismo, recusa a
intelectualização das emoções (“Pensar é estar doente dos olhos”), advogando a primazia
das sensações. À semelhança de Caeiro, Álvaro de Campos, sobretudo na sua fase
sensacionista, emprega o sensacionismo na sua poesia, presente na obra “Ode Triunfal”, no
entanto não lhe basta a “sensação das coisas como são”: procura “sentir tudo de todas as
maneiras”. Finalmente, Ricardo Reis, contrariamente a Caeiro e Campos, rege-se por uma
filosofia de vida estoico-epicurista, vivendo as emoções com moderação (ataraxia), evitando
o sofrimento e dando importância ao momento presente (carpe diem), como evidencia o
poema “Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio”. Assim, a dicotomia sentir/pensar,
presente nas ideologias de cada heterónimo, demonstra a fragmentalidade de Fernando
Pessoa, justamente por serem partes de si e antagonistas.

Em suma, a dicotomia sentir/pensar é extremamente importante nas obras de Fernando


Pessoa, tanto na ortonímia como na heteronímia, pois reflete não só seus sentimentos
como também a sua fragmentalidade.
fragmentação reflete-se na dicotomia
alberto caeiro - sentir é fundamental (pensar é estar doente dos olhos)
ricardo reis- racionaliza as emoções
álvaro de campos - fase sensacionalista

Este heterônimo aprende de Caeiro a urgência de sentir, mas não lhe basta a «sensação
das coisas como são»: procura a totalização das sensações e das percepções conforme as
sente, ou como ele próprio afirma “sentir tudo de todas as maneiras”.
Distancia-se do objectivismo do mestre e percepciona as sensações distanciando-se do
objecto e centrando-se no sujeito, caindo, pois, no subjetivismo que acabará por enveredar
pela consciência do absurdo, pela experiência do tédio, da desilusão

1 alberto caeiro
2 alvaro de campos (a semelhança de alberto caeiro, alvaro de campos djdje
especialmente na sua fase sensacionalista que consiste em…sjsjw)
3 ricardo reis (contrariamente)

esta dicotomia demonstra a fragmentalidade de fernando pessoa

é importante realçar que

a “criação” de heterónimos com ideologias tão distintas mostra fragmentalidade de fernando


pessoa

o facto de alberto caeiro e ricardo reis serem opostos e partes de fernando pessoa mostra a
fragmentação do eu presente no sp

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